15 Thomas Sturm - Traducao Alterada
15 Thomas Sturm - Traducao Alterada
15 Thomas Sturm - Traducao Alterada
BÜHLER E POPPER:
TERAPIAS KANTIANAS PARA A CRISE NA PSICOLOGIA
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
RESUMO
Eu analiso os antecedents históricos e as considerações filosóficas de Karl Bühler e seu
aluno Karl Popper relativamente à crise da Psicologia. Eles compartilham certas questões e
métodos kantianos para refletir sobre o conhecimento de ponta na Psicologia. A Parte 1
resume o diagnóstico e a terapia de Bühler para a crise na Psicologia, de acordo como ele a
percebeu, levando à sua famosa teoria da linguagem. Eu mostro também como as
características kantianas da abordagem de Bühler ajudam a lidar com as objeções ao seu
diagnóstico da crise e aos aspectos de sua teoria linguística. A Parte 2 dedica-se à
dissertação de Popper, concluída em 1928 sob a orientação de Bühler. Eu analizo a rejeição
de Popper ao fisicalismo de Schlick na psicologia, bem como os esforços de Popper para
estender as estratégias kantianas de Bühler ao campo da psicologia do pensamento. Na
conclusão, eu indico como essas abordagens da crise na psicologia diferem das noções de
Thomas Kuhn sobre crise e revolução, as quais são, ainda, tão populares nas discussões
filosóficas atuais sobre psicologia.
PALAVRAS-CHAVE
Karl Bühler; Karl Popper; Crise; Psicologia do pensamento; Linguística; Kantianismo
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
1. Introdução
Contemporâneos de pensadores estelares são estudados, principalmente, em termos
de sua contribuição a essas mentes grandiosas. Nem sempre é esse o caso, naturalmente,
mas isto se aplica ao desenvolvimento de Karl Popper. O jovem Popper começou no
Instituto Pedagógico de Viena, trabalhando também no laboratório de psicologia da
universidade, tendo-se graduado em 1928 sob a oriendação de Karl Bühler (ver Hacohen,
2001). A dissertação Zur Methodenfrage der Denkpsychologie [Sobre a Questão do Método
na Psicologia do Pensamento], de Popper, discutia importantes trabalhos dos seus
avaliadores: Allgemeine Erkenntnislehre [Teoria Geral do Conhecimento] (1918; 2a ed.
1925), de Moritz Schlick, e Die Krise der Psychologie [A Crise da Psicologia] (1927;
1990), de Karl Bühler.
Este artigo concentra-se na relação entre Bühler e Popper, a qual exemplifica um
interessante capítulo na complexa história do relacionamento entre psicologia e filosofia.
Para esclarecer desde o começo minhas intenções, distinguo duas questões.
(A) Qual a relação entre o trabalho inicial de Popper em psicologia e seu
subsequente racionalismo crítico na filosofia da ciência?
(B) Quais as assunções filsóficas e quais os argumentos que Bühler e Popper
usam para reagir à percepção de uma crise na psicologia?
Atualmente (A) exerce claro domínio na literatura sobre a relação entre Popper e
Bühler, incluindo a discussão sobre a dissertação de Popper. Podem-se discernir três
direções principais. Primeiramente, alguns autores detectam distorções na autobiografia de
Popper onde ele alega ter desenvolvido seu racionalismo crítico, ainda que
desordenadamente, desde os anos 1920 (Popper, 1976, p. 29; ver Hacohen, 2001; Gattei,
2004; ter Hark 1993, 2003, 2004). Em segundo lugar, encontramos uma queixa de que,
mais tarde, como filósofo da ciência, Popper teria subestimado a influência de Bühler e de
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ordem superior, tais como pensamento, julgamento e volição, e que os resultados de seus
estudos desbancavam o sensacionismo e o associacionismo (Kusch, 1999; Mülberger,
1994). Mormente, não seria outro senão o próprio Bühler (1907, 1908) quem se viu
envolvido numa famosa disputa com Wundt sobre possíveis auto-relatos introspectivos de
tal atividade, em base experimental. Membros da escola de Würzburg viram seu trabalho, e
sua própria emergência, como uma ameça à escola de psicologia de Wundt. Alfred Binet
(1911), por exemplo, sentiu que a pesquisa de Würzburg sinalizava uma crise, talvez
mesmo uma “revolução” na psicologia (ver também Kostyleff, 1911; cf. Mülberger, no
prelo).
O diagnóstico de Bühler para a crise foi inicialmente publicado em 1926, como um
extenso artigo na revista Kant-Studien. Ele fora convidado a fazê-lo por Paul Menzer, então
co-editor daquele periódico e um importante estudioso de Kant . Não houve coincidência
nisso. Em suas aulas na Universidade de Viena, Bühler alternava entre filosofia e
psicologia (sendo a designação oficial de sua cadeira “Filosofia com especial consideração
sobre psicologia e pedagogia experimental”; Lebzeltern, 1969, 26). Em filosofia, ensinava
sobretudo lógica e epistemologia, frequentemente baseado em Kant. Nesse período,
colaborou com diversos artigos para a Kant-Studien (Bühler, 1926a, 1928, 1933, 1935),
alguns dos quais estando entre suas publicações mais importantes. Embora tivesse contato
com Schlick, Carnap e Neurath, Bühler não era membro do círculo de Viena, e certamente
não se filiara a nenhuma de suas doutrinas básicas. Ele cultivou sérias reservas ao
fisicalismo de Carnap (e outros). Porém, tais reservas serão encontradas apenas em suas
publicações dos anos 1930 (Toccafondi, 2004, ver seção 3.5 abaixo). Outra razão para isto,
presente já em 1926, era que Bühler se sentia incapaz de endossar a Lógica Empiricista em
sua rejeição às questões e metodologias kantianas e, talvez também, em sua rígida negação
do sintético a priori. Em todo caso, como devo demonstrar, sua resposta à afirmação da
crise tem características kantianas bem distintas.
A análise que Bühler faz da crise, tanto em seu artigo (1926a) como em seu livro
(1927), é complexa e cheia de nuances. Ele não tomou a alegação de crise na psicologia
como um valor aparente, tampouco negou completamente que houvesse algo a ser dito a
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
respeito de uma tal percepção. Ao contrário, seu trabalho reflete a própria noção de crise
ao apresentar um diagnóstico e uma sugestão de terapia. Suas observações conceituais
sobre a “crise” podem ser descritas através de quatro afirmações inter-relacionadas:
(1) Temporalidade da crise. Bühler discorda da assunção de permanência. Willy
(1897) havia diagnosticado uma crise “crônica” da psicologia causada pela psicologia
experimental de Wundt e pelas investigações de Franz Brentano, William James e outros,
escondendo-se por detrás de proposições metafísicas problemáticas.
(2) Âmbito da crise. Bühler não pensa que apenas certos ramos ou abordagens
intrínsecas à psicologia estejam em crise. Para ele, a psicologia como um todo estava em
estado de crise.
(3) Direcionamento da crise. Bühler nega que a psicologia de seu tempo sofra de
uma “dacadência” (Zerfall). Contrariamente, ele diz, ela mostra sinais de uma “crise
construtiva” (Aufbaukrise) resultando de diferentes abordagens teóricas ou metodológicas
que ainda precisavam ser unificadas: “O número de psicologias co-existentes que temos
hoje, o número de abordagens simultâneas baseadas em iniciativas isoladas, provavelmente
jamais tenha existido antes” (Bühler, 1927, p. 1). Psicólogos, diz ele, têm se deparado com
cum um “embarras de richesse” (ibid.) [“problema de riqueza”]. A isto ele contrasta a
psicologia que havia por volta dos anos 1890, quando o associacionismo era visto como a
abordagem legitimamente mais elevada, a qual, pelo menos, oferecia algo como “um
programa comum e uma esperança compartilhada” (ibid. p.1; cf. pp.2-9). Uma vez que os
limites dessa abordagem haviam sido esquadrinhados, a pesquisa psicológica se dividiu em
pelo menos três programas gerais, todos caracterizados basicamente por seus métodos de
preferência: havia o Erlebnispsychologie, comprometido com a “experiência subjetiva”, a
proposta behaviorista de enfocar o comportamento inter-subjetivamente observável e,
enfim, a psicologia geisteswissenschaftliche, adotada por Wilhelm Dilthey e Eduard
Spranger (1926). Os dois últimos afirmavam que, para um adequado entendimento da
mente, era necessário estudar “as formações mentais objetivas” (Gebilde des objektiven
Geistes) tais como a arte, a arquitetura e a ciência. Para Bühler, não apenas cada uma
dessas abordagens favorecia uma metodologia específica, frequentemente reivindicando
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representações, signos linguísticos têm que ser atribuídos a objetos ou situações de acordo
com certas regulamentações que não podem ser alcançadas pela observação dos aspectos
meramente físicos ou fonéticos daqueles signos. Mais positivamente, o entendimento do
significado de uma sentença requer que pelo menos algumas conecções lógicas sejam
estabelecidas entre pensamentos usuais e não-usuais. Bühler (p. ex. 1909, p. 117) cunhou
um jargão que se tornou parte da fala cotidiana na Alemanha, a chamada “ah-ha!-
experience” (Aha!-Erlebnis, significando “Saquei!” ou “Entendi!”) para descrever a
experiência do entendimento do significado de uma sentença. Embora a psicologia do
pensamento não houvesse explicado o processo interpretativo, ou as leis que governam a
atribuição de termos a coisas ou situações, esta já havia revelado que o processo e as leis
eram muito mais complicadas do que se assumia anteriormente.
Para instruir a discussão que se segue, é necessário esquematizar brevemente a
teoria linguística de Bühler. Eu restrinjo este esquema aos elementos já contidos nos
trabalhos sobre a crise. Bühler (p. ex., 1928, 1931, 1932, 1933) continuou a desenvolvê-los,
culminando em sua brilhante Sprachtheorie [Teoria da Linguagem] (1934; 1990). Hoje,
esta elaborada teoria figura entre os clássicos da linguística, ao lado de Saussure (1916) ou
Chomsky (1965), e é descrita como um passo definitivo em direção a registros pragmáticos
da liguagem (cf. Ströker, 1969; Graumann & Herrmann, 1984; Eschbach, 1984a, 1988;
Pleh, 1984; Friedrich & Samain, 2004; Mulligan, 1997).
O que, então, conecta, na linguagem, os aspectos de experiência subjetiva,
comportamento e as formações da mente objetiva? Como Bühler quer mostrar que é
possível unificar a psicologia, ele reivindica – não implausivelmente – que deve haver uma
“unidade, ainda desconhecida, à qual a experência, o comportamento e os produtos da
mente pertencem como partes constitutivas” (Bühler 1926a, p. 466). No caso da linguagem,
esta “unidade” é o signo linguístico ou, mais precisamente, o ato concreto da fala no qual
um signo linguístico é usado. Agora, atos de fala são ferramentas empregadas para certas
intenções ou funções (ver Figura 1). Em seu chamado “modelo organon” da linguagem,
Bühler identifica três dessas funções como básicas: expressar experiências (Kundgabe; em
Bühler (1934, p. 28): Ausdruck), induzir comportamentos em terceiros (Auslösung; em
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Bühler (1934, p. 28): Appell), e representar (Darstellung) objetos ou situações (ver Figura
1). Do ponto de vista do emissor, o signo é um “sintoma”, nominalmente, daquilo que ele
experiencia; considerado na relação entre o emissor e o receptor, o mesmo signo funciona
como um “sinal”. Usado em referência a um objeto ou situação, o signo deverá ser descrito
como um “símbolo”. Bühler diz que nenhuma das três funções pode ser reduzida a uma (ou
duas) das outras. Por exemplo, ele refuta Wundt (1926a, p. 466, 1927, p. 30f.) por
descrever a linguagem como uma mera ferramenta de expressão de experiências
individuais. Behavioristas, por outro lado, lutam para explicar a linguagem somente em
termos de comportamento, sem concatenar que, dentre todos os comportamentos, temos
que tentar selecionar aqueles que têm um significado ou uma intenção para o agente, p. ex.
quando usamos a linguagem para dirigir as ações de outros seres humanos (novamente,
aqueles que estudam a linguagem meramente como sistemas acústicos cometem o mesmo
erro: Bühler, 1927, p. 46f.). Outras reprovações se aplicam àqueles que consideram a
linguagem somente como um produto objetivo da mente. Logo, para estudar a linguagem
adequadamente, todos os três aspectos têm que ser levados em consideração. Além disso, as
três funções estão sistematicamente relacionadas. Em um caso simples, quando alguém vê
um incêndio expressa sua experência pela emissão das palavras que representam a situação;
mas as mesmas expressões linguísticas podem também ser usadas para dirigir as ações de
outrem em relação ao fogo.
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Figura 1: O modelo de Bühler das funções da linguagem: signos linguísticos (“Z”=“Zeichen”) são
ferramentas que relacionam o emissor (Sender), o receptor (Empfänger), e o mundo em que vivem
(Gegenstände und Sachverhalte; em Bühler 1934, p. 28).
Krise, de Bühler talvez tenha recebido mais atenção do que qualquer outra
contribuição ao debate. Inspirou a análise mais ampla de Husserl (1936) sobre a crise das
ciências (Feest, neste volume) e foi absorvida por alguns de seus alunos e outros psicólogos
em suas próprias reflexões acerca de questões fundamentais da psicologia, e da situação da
psicologia em geral (Hofstätter, 1941; ver Gundlach, neste volume; Lersch, 1953; Wellek,
1958, 1959). Além disso, desde os anos 1970, Krise tem sido usado em discursos
presidenciais nas conferências da Sociedade Germânica de Psicologia (Deutsche
Gesellschaft für Psychologie) que tentaram esclarecer se a falta de unidade na psicologia
foi superestimada ou subestimada e se uma tal unidade seria de todo desejável afinal
(Allesch, 2001). Não obstante a controvérsia, Krise tem sido descrito como a mais valiosa
contribuição para tal reflexão até hoje (p. ex. Allport, 1966, p. 201; Fritsche, 1981, p. 66;
Allesch, 2003; Münch, 2002).
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seguem este caminho. Buscando respostas para o mesmo tipo de perguntas, eles usam a
moderada concepção objetiva de um método ou dedução transcendental, aplicando-a ao
caso do conhecimento em psicologia. Por exemplo, supondo-se que haja um conhecimento
empírico da linguagem, então a pergunta é: como uma análise unificada da linguagem é
possível?
(iii) Bühler (p. ex. 1927, pp. 1, 32, 50f., 55; 1934, 12-24) anseia por “axiomas” para
a linguística, e está claro que a validade desses axiomas não repousa em território lógico ou
conceitual, tampouco deriva-se de obsevação e experimento. Enquanto ele cuidadosamente
ressalta que não se deve, de início, “dizer o que é a priori e o que é a posteriori em relação a
eles”, também afirma que os axiomas são “constitutivos” e que “definem o domínio”, ou
que são “ideias para a indução necessária em todo campo de pesquisa” (Bühler, 1934, p.
20f.). Logo, são condições não-triviais e necessárias para uma teoria empírica unificada da
linguagem. Além disso, claramente ecoam a ideia kantiana das categorias e princípios do
entendimento como sendo constitutivos dos objetos do conhecimento überhaupt, e dos
conceitos e princípios a priori específicos, igualmente constitutivos dos domínios de várias
ciências.
Bühler e Popper não se comprometem com assunções kantianas mais exigentes.
Eles não afirmam que pressuposições relevantes da pesquisa empírica não podem ser
revisadas, nem que sejam estritamente universais (cf. Ströker, 1969, p. 21). E eles
contornam, também, outras dificuldades. Por exemplo, eles não endossam o idealismo
transcendental acerca dos objetos do conhecimento – certamente não no sentido em que o
idealismo transcendental costuma ser compreendido, como a visão de que a mente “faz” a
natureza. Mas não é preciso concordar com tais suposições para ser um kantiano em
importantes aspectos.
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
(1) A conecção que Bühler traça entre sua teoria lingüística, anteriormente
desenvolvida, e a aplicação desta na solução da crise na psicologia não seria
uma duvidosa pós-justificação daquela teoria?
(2) A linguagem deve ser entendida através dos três aspectos de experiência
subjetiva, comportamento significativo e as formações da mente objetiva, e
através deles somente?
(3) A abordagem de Bühler pode ser aplicada a outros domínios da psicologia?
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Restam, porém, outros problemas. A teoria pode ser vista como um exemplo bem
sucedido de como superar a crise na psicologia apenas se concordarmos com o diagnóstico.
Há algumas razões para duvidar de que devamos concordar com isso. Pode-se argumentar
que a crise não se deve a uma fragmentação temporária de metodologia ou de aspectos da
disciplina, como descreve Bühler. Tal objeção pode assumir duas formas: primeiro, alguém
pode objetar a especificidade da caracterização que Bühler faz desta fragmentação na
psicologia, ou propor outras distinções para escolas ou métodos. Politzer (1928, p. 15f.),
por exemplo, achou a descrição do behaviorismo feita por Bühler excessivamente simplista.
Novamente, Vygotsky (1927; ver Hyman, neste volume), embora não em oposição
explícita a Bühler, distinguiu, na linha marxista, entre tradições idealistas (que ele
equiparou às subjetivas) e materialistas (objetivas) na psicologia. Neurath (1933, p.16f.)
negou que falar de “aspectos” fosse de todo razoável de um ponto de vista psicológico.
Como veremos também (3.2.), Popper (1928) achou insuficiente a discussão de Bühler
sobre o fisicalismo. Uma resposta completa a estes pontos iria requerer uma cuidadosa
comparação de diagnósticos alternativos, tanto os desenvolvidos por contemporâneos de
Bühler, quanto por historiadores posteriores. Basta, aqui, mencionar que existia uma séria
fragmentação entre as escolas de psicologia, que a descrição feita por Bühler dessa
frangmentação não era inteiramente errada, e que seu diagnóstico ocupava-se apenas da
psicologia daquele tempo. Uma segunda objeção é de que a crise pode ter se devido a
assunções metafísicas mais complicadas, implicadas na pesquisa e teorização psicológica.
Se fosse esse o caso, então a bordagem de Bühler fracassaria desde o começo, porque esta
não visa uma crise crônica ou permanente. No entanto, como vimos acima (2.1.), ele não
toma superficialmente qualquer reivindicação de que a crise é crônica. Isto é, até certo
ponto, apenas justo. Se alguém pode estar certo ou errado sobre o diagnóstico específico da
crise na psicologia, tais julgamentos dependem de pressuposições sobre uma forma mais
ideal da disciplina, e esses julgamentos devem, necessariamente, fazer uso de critérios
normativos. Assim sendo, nós temos que ser cuidadosos com esse discurso da crise. Ele se
baseia em referenciais que nada têm de inocentes, e que demandam reflexão e
argumentação. Comparada ao ceticismo implicado pelos clamores de uma crise permanente
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
“Sob esses três aspectos principais, Bühler… levanta questões seguindo o exemplo de
questionamentos de Kant: como a psicologia é possível como ciência? E assim como Kant
usou a ciência natural matemática, Bühler usa a ciência da linguagem, ou melhor: o
fenômeno da linguagem, de modo a explicar suas afirmações, um procedimento que é, no
entanto, não inteiramente desprovido de problemas. Em contraste com o sistema
Newtoniano que Kant achou e no qual ele – e não examinaremos aqui se isso foi ou não
correto! – apoiou-se de fato, o ‘sistema’ de Bühler de uma filosofia ou psicologia da
linguagem ainda não existe.”
Este ponto parece correto num primeiro relance, mas não é. Para começar,
Buchenau mescla a questão sobre como a psicologia é possível com a questão sobre como a
psicologia é possível como ciência, uma questão que o própro Kant (1900ff., vol. IV, p.
471) ilustremente propôs, mas sob circustâncias completamente diferentes (Sturm, 2006).
Bühler ignora o problema da cientificidade da psicologia; importa-lhe a unidade da
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disciplina. (Veremos adiante que havia, no entanto, outras razões para buscar a conexão
entre essas diferentes questões de fundação da psicologia; ver seção 3.2). Também é
enganoso questionar sua abordagem pela colocação de que esta não poderia se basear em
uma já completa teoria da linguagem. Basta que tenhamos diversos programas empíricos de
pesquisa competindo entre si; e como Bühler admite, seus axiomas podem ser revisados
sempre que os linguistas fizerem avanços.
(2b) O psicólogo de Praga, Franz Scola (1931) atacou a assunção de Bühler de que
se pode estudar a linguagem através dos três aspectos, o que determinaria que a linguística,
como um todo, tem que ser vista como uma parte da psicologia. Ao invés disso, deveríamos
ver a fonética, a gramática e a psicologia da linguagem como diferentes disciplinas.
Segundo Scola, teríamos uma visão melhor da psicologia da linguagem como sendo
devotada, total e unicamente, ao aspecto da “percepção interior” (innere Wahrnehmung), ao
passo que a fonética estudaria o ruído linguístico, publicamente audível, e a gramática, a
formação objetiva da mente. Portanto, a teoria linguística de Bühler não poderia oferecer
um exemplo convincente para a solução da crise na psicologia – assinalando, antes, a
fragmentação de diferentes áreas científicas. Scola adimitiu que esta teoria poderia ser
ocasionalmente útil para um psicólogo da linguagem observar o que pensam os gramáticos
ou os estudiosos da fonética; mas apenas numa perspectiva metodológica ou heurística,
não como algo a ser tomado como resultado de uma pesquisa psicológica.
Este raciocínio negligencia outro traço kantiano do modelo de Bühler: as três
funções são separadas, mas também são inter-relacionadas. Linguagem é uma ferramenta
para expressar pensamentos; mas, em casos básicos e típicos, dirige-se a um receptor e a
uma situação a qual ambos, emissor e receptor, têm acesso e da qual podem falar a respeito.
Pode-se tentar evitar o entendimento da linguagem tal como uma ferramenta para a
comunicação; mas então se perderia o objetivo da fértil ideia de Bühler sobre a linguagem.
Ele não evoca uma integração de diferentes escolas, ou mesmo disciplinas, com o propósito
de que aprendam umas com as outras, mas porque ele propõe a determinação do próprio
objeto de estudo de uma teoria da liguagem. Ele deseja fornecer axiomas que “constituem”
ou “definem o domínio” de uma tal teoria.
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(2c) Popper (1976, p. 74; 1972/1979, p. 160 fn. 9) reinvidica ter objetado, numa
defesa oral de sua dissertação, que afirmar um argumento ou oferecer uma crítica às
afirmações de outra pessoa, são ações irredutíveis a qualquer das três funções de Bühler.
Num âmbito mais geral, não está claro o que Searle (1969) nomeu de “atos
perlocucionários”– tais como ridicularizar ou persuadir alguém, ou provocar uma pessoa
com palavras – pode ser reduzido a qualquer dessas funções. Entretanto, Bühler (1934, pp.
21-22) reconhece espontaneamente que pode haver espaço para mais funções básicas. Outra
vez: a estratégia é apenas levemente kantiana: se Bühler se esforça para identificar
condições necessárias para reivindicações da psicologia com relação à linguagem, ele não
alega ter encontrado a lista completa de tais condições. Sobretudo, isto pode mesmo
fortalecer sua estratégia para superar a diversidade de abordagens na psicologia. Uma
descrição diferente da fragmentação entre essas abordagens poderia apontar para uma
função ainda não identificada da linguagem. Reconhecidamente, não está claro se a quarta
função de Popper ou os atos perlocucionários de Searle, pderiam ser rastreados até um
aspecto enfatizado por alguma abordagem psicológica que Bühler falhou em identificar.
Porém, não obstante estas limitações, sua estratégia para integrar diferentes tradições
psicológicas, pela busca de uma “unidade subreptícia” com respeito a qual, diferentes
aspectos ou métodos poderiam ser integrados, é promissora, e ele a desenvolve para o caso
da linguagem de um modo impressionante. Aos seus leitores mais benevolentes, portanto,
não deve ter parecido inatural considerar que a estratégia pudesse ser estendida também a
outras partes da psicologia.
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1928, pp. iii e v) ao tomar como certos determinados elementos empíricos da ciência e
analizar suas pressuposições. A epistemologia pode estar apta a, ocasionalmente, fornecer
sugestões críticas ou sugerir onde esta pode ser útil para transferir uma ideia metodológica
de uma ciência para outra, mas não pode ditar à ciência seus métodos (ibid. p. ii). Mas há
também diferenças básicas entre Bühler e Popper. O mais importante é que Popper não
adota simplesmente a estratégia kantiana de Bühler a respeito de tudo. Ele insiste desde
logo em sua dissertação (1928, p. v) que seus resultados não serão de forma alguma a priori
sintéticos. Logo, o kantianismo de Popper é ainda mais moderado do que o de Bühler.
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única consciência (Popper, 1928, pp. 20ff). Mas se essas possibilidades são reais, então tal
fisicalismo não pode ser um método útil ou uma hipótese “eficaz” (ibid., pp. 20ff.).
(3) A objeção mais importante de Popper ao argumento do conhecimento é, porém,
a que se segue: ainda que uma redução fisicalista do mental fosse possível, esta iria
requerer o desenvolvimento prévio da teoria psicológica. Não pode haver redução de um
conjunto de leis A a um outro conjunto B, sem que A já esteja sendo desenvolvido (ibid.
pp. 16-18). “Para a psicologia, as considerações psicofísicas estão muito atrás das
considerações psicológicas” (ibid. p. 22).
Isto completa a discussão do argumento do conhecimento de Schlick. Adiante,
Popper inclui dois outros pontos:
(4) Com relação aos requisitos para a unidade da ciência: contrariando as
aparências, Schlick não baseia este aspecto do seu fisicalismo em razões epistemológicas.
Afirmando-se de maneira diferente, o fisicalismo é tão dogmático quanto a tese de
Ignorabimus (ibid. pp. 39ff.).
(5) O fisicalismo não pode ser uma suposição a priori, mas tem que ser justificado
empiricamente. Esta justificativa ainda não foi alcançada, e deveria ser considerado um
ponto em aberto se será possível alcançá-la um dia (ibid. pp. 43ff.). Pensar de outro modo
significaria supor que o fisicalismo seja uma hipótese metafísica, algo que o próprio
Schlick claramente não intenciona fazer.
Para finalizar, Popper objeta que o fisicalismo metodológico leva a posicionamentos
inúteis, senão impossíveis, e que tende a tornar-se um dogma. Ele também enfatiza que
“considerações psicofísicas” devem ser agrupadas como um quarto aspecto de uma
psicologia unificada, indicando portanto, mais uma vez, que a análise de Bühler, de três
aspectos básicos, não era completa (Popper, 1928, p. 43).
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fácil transferir essa abordagem para outras partes da psicologia (ibid., p. 29). Seu
argumento faz uma distinção entre pensamento e linguagem que estará viva na mente de
Popper quando ele pergunta se a metodologia dos três aspectos pode ser extensível ao
domínio do pensamento. Este objeto de estudo provavelmente o mobilizou como o campo
mais interessante para o qual tranferir a abordagem de Bühler, tanto por causa da
centralidade do tópico do pensamento para qualquer um que fosse influenciado pela escola
de Würzburg, quanto pelo estudo emprírico anterior de Popper a respeito da memória, que
ele via como um componente natural da psicologia do pensamento.
Agora, Popper enfatiza que ele não tenta transferir os resultados de Bühler (as
funções da linguagem ou a axiomatização da teoria linguística) para o domínio do
pensamento. Isto, como ele argumenta, culminaria na construção de analogias que
poderiam não funcionar no novo domínio. A abordagem de Popper segue paralela à de
Bühler apenas no seu procedimento transcendental: a metodologia deveria “começar por
métodos já usados na ciência e investigá-los criticamente” (Popper 1928, p. 47). Suas
afirmações sobre por que os três aspectos de experiência, comportamento e formações da
mente objetiva são necessários no estudo do pensamento podem ser agrupadas como a
seguir.
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propositividade. Somente devido a uma distinção como esta, podem-se interpretar as ações
de um sujeito como “errônea” ou equívoca (Popper, 1928, p. 50f.: para uma análise de seu
uso da psicologia animal, ver Hark, 2004, pp. 119-125).
(II) Formações da mente objetiva. Em vez de enfocar a função das representações
externas para o estudo do pensamento – p. ex., representações tais como os signos
linguísticos – Popper pergunta, aqui, sobre a função do pensamento na representação. Ele
encontra uma visão comum na afirmação de que o pensamento confere significado, ou
sentido, a signos objetivos (ibid. p. 61f.). Ele argumenta que esta posição incorre em
dificuldades que dizem respeito à psicologia, à espistemologia e também à lógica. Se
atribuimos uma certa expressão linguística a um objeto particular, tal expressão é um
“nome”. Mas o que dizer sobre a classe de objetos? Como poderia um signo referir-se a um
número potencialmente infinito de objetos? Neste sentido, a que se refere uma frase? A um
pensamento, a uma situação concreta, ou a ambos? Popper reconhece que não pode resolver
estes problemas, mas que qualquer resposta iria requerer uma análise acurada das relações
entre as disciplinas mencionadas (ibid. p. 63). Tal investigação poderia ser chamada de
“semasiologia”, como exemplificado pelo trabalho de Heinrich Gomperz. Uma de suas
tarefas seria identificar as diferenças entre as regularidades empíricas do pensamento e as
leis da lógica (sendo a lógica uma formação objetiva da mente). Isto ajudaria a evitar o erro
de que a psicologia do pensamento deveria guiar-se pela lógica – um erro que poderia ser
dito o inverso do psicologismo na lógica (ibid. p. 65). Aqui, portanto, Popper argumenta
que, para estudar o pensamento adequadamente, deve-se levar em conta suas semelhanças e
diferenças em elação a um dos produtos objetivos da mente, qual seja, a lógica. Entretanto,
ele pensa que um outro caminho pode ser também possível, e inclusive potencialmente
mais rico. Haveria a opção por teorias biologicamente orientadas sobre o valor objetivo das
representações – por exemplo, teorias sobre a evolução desde as culturas primitivas até a
ciência natural, através de estágios tais como ritual mágico, especulação dogmática e
ciência crítica (ibid. 66-70). Popper, na realidade, não decide o caminho a seguir; ele
apenas aponta, basicamente, que tais caminhos existem.
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
(III) Experiência. Aqui, Popper (ibid. p. 70f.) pensa ser a justificação trivial porque
supõe que pensamentos são primariamente acessíveis através da experiência subjetiva. A
questão é mais como é ter pensamentos: como eles aparecem quando estudados
introspectivamente? Como associações de ideias? Sentimentos? Experiências de sentido?
Experiências de Gestalt? Julgamentos? Popper também defende a introspecção
experimental, especialmente do modo como Külpe ou Bühler a praticam, de objeções
largamente difundidas, tais como a respeito das diferenças individuais dos sujeitos, da
incompletude dos protocolos, e do viés teórico dos sujeitos (ibid. pp. 72-78).
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entre linguagem e pensamento, não podemos supor que seja encontrada na indução direta
de terceiros a determinados comportamentos – já que esta indução tem que ser feita por
meio da linguagem ou de gestos. Uma opção, aqui, seria usarmos atos de pensamento para
simular o apelo para uma outra pessoa, a fim de antecipar sua reação, e assim
sucessivamente. Isto pode, certamente, ser propositivo para desenvolver e implementar
planos de ação. Finalmente, a respeito do terceiro aspecto, o olhar de Popper para a lógica
ou a ciência como formações objetivas da mente é um bom ponto de partida. Isto é assim
porque tais “formações” desempenham um papel óbvio nas atividades do raciocínio,
conforme observadas sob o segundo e terceiro aspectos.
Note-se aqui que eu não defendo tal ideia. O ponto é, meramente, indicar o que na
verdade requer a extensão da estratégia de Bühler.
4. Conclusão
Enquanto a tentativa (de Popper), aqui examinada, de estender a abordagem de
Bühler sofria de sérios problemas, esta abordagem não estava fadada ao fracasso. O
conceito de crise de Bühler e sua abordagem kantiana andaram de mão dadas: se a crise da
psicologia fosse crônica, ou revelasse uma inerradicável fragmentação na psicologia, tanto
a questão de como a psicologia é possível quanto o método transcendental de identificação
de métodos, que sejam diferentes mas relacionados, seriam supérfluos. Mas Bühler não
acreditava que a crise fosse crônica e não havia nenhuma razão de princípio para pensar
que tal fragmentação não pudesse ser superada. É verdade que Bühler não alcançou uma
unificação da psicologia como um todo – uma tarefa que ele nunca fingiu alcançar e que
seria de toda forma por demais ambiciosa. No entanto, sua incorporação da pesquisa sobre
a da linguagem, através de uma reflexão acerca de quais métodos tem que ser usados em
um estudo abrangente da “unidade” fundamental (o signo em uso, o ato da fala), foi um
exemplo impressionante.
Além disso, Bühler e Popper tiveram boas razões para rejeitar a ideia de que a
psicologia deveria começar tudo de novo, do zero, uma tendência encontrada entre autores
tão diversos quanto Driesch, Vygotsky, ou os Empiristas Lógicos. Ao mesmo tempo,
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
Bühler não se furtou a abordar a crise – uma reação também comum na época (p. ex. Wirth,
1927, 108f.). Existe algo a respeito da percepção da crise que se deve lidar com
propriedade, através da reflexão crítica a respeito das pressuposições metodológicos e
teóricos nas pesquisas psicológicas correntes. A abordagem kantiana moderada permitiu
que Bühler e Popper usassem afirmações e teorias empíricas como pontos de partida para
suas “deduções transcendentais” de aspectos e metodologias.
Finalmente, comparemos suas noções e reações moderadas ao dramático discurso da
crise encontrado em autores tão diversos como Binet, Kostyleff e, posteriormente em Kuhn
(1962/1970). O conceito que Bühler faz de “crise” não é associado à suposição de que a
crise deva ser resolvida por uma “revolução” que substitua um paradigma por outro. Ao
invés disso, diferentes abordagens podem e devem ser integradas.
Deste modo, a “crise” pode ser uma categoria agente – ao contrário de Kuhn, que a
considerou primordialmente como uma categoria analítica. Cientistas que pensam que seu
campo está em crise podem reagir à situação aumentando o meta-nível; mas eles também
devem refletir sobre que método usar em que nível. As ideias de Kuhn pareciam, todavia,
quase inevitáveis para os psicólogos que refletiam sobre o desenvolvimento de sua
disciplina (p. ex., Weimer e Palermo, 1973; Staats, 1983; Westmeyer, 1994; Greenwood,
1999). Na medida em que Kuhn hesitava em ver a crise como um agente, não é sem ironia
que sua visão tenha se tornado tão influente na auto-caracterização dos psicólogos durante a
“revolução cognitiva” desde os anos 1960 (p. ex., Weimer e Palermo, 1973. Não é certo
que isso tenha tido muito efeito sobre a pesquisa psicológica concreta.
Agradecimentos
Muito obrigado ao John Carson, Uljana Feest, Horst Gundlach, Gary Hatfield, Annette
Mülberger, e a dois peritos anônimos pelas várias sugestões e críticas. Também sou grato
ao Vienna University Archive, especialmente a Kurt Mühlberger and Edwin Glassner, e ao
Forschungsstelle und Dokumentationszentrum für österreichische Philosophie (Graz),
especialmente to Alfred Schramm e Ulf Hoefer, pelos materiais do espólio literário de
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Cabeço: Bühler e Popper: Terapias kantianas
Bühler. Finalmente, recebi apoio do Max Planck Institute for the History of Science
(Berlin), e do Spanish Ministry for Science and Innovation (Madrid), número de referência
FFI 2008-01559/FISO.
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