Diretrizes Gerais para A Direção Espiritual

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Diretrizes Gerais para a Direção Espiritual

Luciano Mattar E. da Silva

Livro: Curso sobre Direção Espiritual - Pe. Manoel Augusto Santos

1- Sobre a Direção Espiritual em geral:

1. A direção é um caminho de progresso a nível humano e espiritual sob a guia de um


diretor espiritual. É sobretudo um auxílio para o discernimento no caminho da
santidade.

2. O objetivo consiste principalmente em ajudar a discernir os sinais da vontade de


Deus.

3. A direção deseja ser um auxílio para que o dirigido saiba cada vez mais ir a Deus e
tratar de modo familiar com Ele.

4. Direção espiritual supõe periodicidade regular, propósitos, conhecimento de si,


desejo de progredir nas virtudes e plano de vida de oração.

5. Ninguém pode guiar-se a si mesmo, ninguém é bom juiz em causa própria por
causa das influências que sofremos e inclinações que possuímos.

6. A Igreja recomenda a direção espiritual sobretudo para assegurar a boa formação


do fiel e para promover e sustentar uma contínua fidelidade a Deus.

7. O diretor deseja auxiliar na formação da consciência, para que o dirigido se torne


cada vez mais pessoa de critério, com pleno uso de sua liberdade.

8. Na vida espiritual não há estagnação, ou se progride ou se regride. A direção quer


ser um auxílio no caminho do progresso.

9. Assim, a direção espiritual não é um pronto socorro pontual, mas se assemelha


mais a uma academia de fortalecimento espiritual e aprendizado em que é preciso
constância e trabalho a longo prazo.

10. A ação santificadora do Espírito Santo na direção serve-se de todas as faculdades


do diretor (de seu modo de ser, de sua formação, etc.) , e ao mesmo tempo conta com
a colaboração do dirigido (docilidade, desejo de ser fiel aos propósitos, etc.).

11. A liberdade pessoal é chave na direção espiritual. O trabalho do diretor é o de


guiar, aconselhar, sugerir, não de mandar. Assim, é no reto uso da razão que o
dirigido será capaz de progredir nas virtudes.

12. Há dois suportes necessários para o êxito da direção por parte do dirigido:
liberdade e responsabilidade.
13. O essencial para a santificação é o desejo de amar a Deus fazendo o bem, tanto no
obrigatório como no que não o é.

14. Chama-se “espiritual” porque é o Espírito quem santifica, e porque a matéria da


direção é, sobretudo a vida espiritual do cristão.

15. O caminho ao qual o diretor deve buscar levar o dirigido é o de conhecer, amar e
imitar a Cristo.

2- O ser humano, chamado à vida sobrenatural:

1. Devido ao pecado original o homem está dividido em si mesmo. Conserva o desejo


do bem, mas sua natureza está ferida. Assim, toda a vida se apresenta como uma luta
entre o bem e o mal.

2. Santo e monstro moram no interior do homem. Vencerá aquele que for mais
alimentado. Alimenta-se o o santo com a graça dos sacramentos, com a vida de oração
e com as virtudes.

3. A conversão é um processo incessante, sempre inacabado, cujo lugar primordial


deve ser o da graça.

4. Assim, a direção espiritual deve consistir, principalmente, em orientar e ajudar o


dirigido a alimentar e aumentar a vida da graça;

5. As fontes da graça são principalmente três: os sacramentos; a oração; o amor


sobrenatural com que se praticam as virtudes e os deveres.

6. A meta da direção espiritual é a mesma da vida cristã: a santidade.

7. A graça é neste mundo a possibilidade da participação do homem na vida de Deus,


e é a isso que se deve almejar cada vez mais.

8. O caminho da santidade passa sempre pela via da Cruz. Toda a vida de Jesus está
orientada para o sacrifício da Cruz. Assim, a nossa vida não deve ser diferente.

9. A oração, grande meio para o aumento da graça, nada mais é que a elevação da
alma a Deus, e isso vai se desenvolvendo no homem segundo o crescimento
espiritual.

10. Contra o progresso da vida espiritual, sempre estará o inimigo vigilante.


Sobretudo através da tentação, ele deseja persuadir de forma enganosa a todo o tempo
aquele que se coloca no seguimento de Cristo.

3- Sobre o dirigido:

1. É fundamental construir um plano de vida. O plano de vida consiste em um elenco


de exercícios de piedade, de formação intelectual e de virtudes, prudentemente
distribuído durante certo período de tempo, planejado pelo dirigido sob orientação do
diretor.

2. Duas virtudes são decisivas para se começar a avançar junto à direção espiritual: a
ordem e o aproveitamento do tempo. O plano de vida ajudará nisso.

3. O cristão é chamado a ser um perpétuo convertido, consciente de que a vida cristã


está composta por sucessivas conversões.

4. Para o cristão, os meios para formar a consciência são: conhecer a doutrina cristã;
não agir precipitadamente, sem submeter a vontade ao critério da razão; e pedir
conselho a quem pode ajudar.

5. O grande mal da vida moral não está no pecado, mas sim em acostumar-se com ele
e não estar disposto a superar essa condição.

6. Ninguém é bom se não aspira ser melhor. Por isso, a virtude da magnanimidade é
uma auxiliar importante para quem almeja a santidade.

7. A leitura espiritual e doutrinal possui papel importante na vida do fiel cristão e a


escolha das mesmas pode também ser combinada ou sugerida pelo diretor:

8. A mortificação é também prática indispensável na vida do fiel que deseja progredir


nas virtudes e na união com Cristo.

9. As mortificações podem ser ativas (aquelas que me proponho a realizar) ou


passivas (aquelas contrariedades que me ocorrem e que ofereço a Deus de bom
grado).

10. Algumas atitudes básicas são esperadas do dirigido:

- Consciência de que necessita de ajuda;


- Sinceridade e abertura;
- Docilidade e disposição para seguir as indicações recebidas;
- Assiduidade e pontualidade na direção;
- Perseverança no combate espiritual.

11. Além das orações vocais, a prática da oração mental é fundamental para quem
deseja crescer na amizade e intimidade com Deus.

4- Sobre o diretor espiritual:

- Dirigir as almas é cooperar com o Espírito Santo para ajudar o outro a se comunicar
com Jesus Cristo;

- Quem orienta é somente um instrumento e deve esforçar-se por crescer na


humildade para que essa verdade lhe seja cada vez mais certa;

- Se o diretor acredita que a sua experiência pessoal é a única experiência válida e que
o seu caminho é único que deve ser percorrido nunca será um bom diretor espiritual;

- O bom diretor possui ciência, experiência e o dom do discernimento;

- Segundo Santa Teresa D´Ávila, circunspecção, inteligência e prudência são


qualidades necessárias para um diretor espiritual;

- É preciso ter senso de adaptação: dar a cada alma direção apropriada e progressiva;

- O diretor deve ainda, ter afã de santidade pessoal, buscar para si mesmo viver
conforme o modelo de Cristo de entrega aos demais;

- É preciso amar a liberdade de consciência de cada um, ensinar a administrar essa


liberdade, manifestar confiança e se obrigar a guardar estrito sigilo das direções
espirituais;

- O diretor dever ser Médico: Saber diagnosticar e prescrever os tratamentos


corretamente;

- O diretor dever ser Bom Pastor: Deve dar a vida dentro de suas possibilidades para o
crescimento espiritual de seu dirigido;

- O diretor dever ser Mestre: Saber indicar os meios e guiar o dirigido para a vontade
de Deus;

- O diretor dever ser Pai: Deve saber conjugar a compreensão e a misericórdia com a
exigência de quem deseja ver seu dirigido realizar todas as suas potencialidades.

5- Sobre a conversa de direção espiritual:

- Três aspectos práticos devem ser levados em conta seriamente para um bom
caminho de direção espiritual:
. Frequência: Mensal, quinzenal ou semanal, de acordo com o ajuste entre diretor e
dirigido;
. Duração: Aproximadamente meia hora, podendo até chegar a uma hora em situações
especiais;

. Local: Qualquer local honesmo e minimamente discreto pode ser utilizado;

- As primeiras conversas habitualmente sejam de apresentação e com o espaço para o


dirigido contar sua vida e seu itinerário espiritual até aquele momento;

- Sugestões práticas para o dirigido:

. Preparar bem cada conversa com um pouco de meditação prévia para isso;

. Não ir para a direção para gastar o tempo próprio ou o do diretor conversando


amenidades ou assuntos irrelevantes;

. Ao iniciar, priorizar os assuntos mais difíceis de serem ditos. Quanto mais se


posterga eles maior a chance de desistir de tratar dos mesmos;

. Em seguida importa falar do que lhe tem exigido grande esforço, seja na oração ou
na vida cotidiana;

. Importante também é comentar sobre como tem vivido as últimas orientações


passadas pelo diretor;

. Ainda é relevante falar sobre como tem vivido o plano de vida estabelecido,
comentar as boas inspirações e propósitos e levar as dúvidas de fé e dificuldades para
a direção.

- Nessas conversas não podem faltar as disposições de sinceridade e docilidade por


parte do dirigido;

- O grande inimigo do progresso espiritual é o orgulho, por isso deve-se sempre


vigiar, na medida em que se vai crescendo no caminho cristão, sobre a verdade de que
nada somos sem a graça de Deus.

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