A Importância Da Bioética e Do Biodireito para Os Direitos Do Nascituro
A Importância Da Bioética e Do Biodireito para Os Direitos Do Nascituro
A Importância Da Bioética e Do Biodireito para Os Direitos Do Nascituro
NASCITURO
Rafael Felix
1. BIOÉTICA
1.1. BIODIREITO
Segundo Soares, Soares e Marques (2010), o “Biodireito é o ramo do Direito que trata
da teoria, da legislação e da jurisprudência relativas às normas reguladoras da conduta
humana em face dos avanços da Medicina e da Biotecnologia”.
Pode-se dizer de forma mais concisa que Biodireito é o conjunto de leis positivas que
visam estabelecer a obrigatoriedade de observância dos mandamentos bioéticos, e, ao mesmo
tempo, é a discussão sobre a adequação sobre a necessidade de ampliação ou restrição desta
legislação.
2. A IMPORTÂNCIA DA BIOÉTICA E DO BIODIREITO
Bioética e biodireito, portanto podem ser consideradas duas disciplinas que estudam o
limite ético e jurídico da utilização da tecnologia e da ciência em relação à vida humana,
animal e vegetal. A Bioética como a disciplina que examina e discute os aspectos éticos
relacionados com o desenvolvimento e as aplicações da biologia e da medicina, indicando os
caminhos e o modo de se respeitar o valor da pessoa humana, como unidade e como um todo.
O biodireito como um processo de concretização normativa dos valores e princípios fixados
pela ética, tomando como paradigma o valor da pessoa humana.
3. CONCEITO DE NASCITURO:
B. Teoria natalista: Afirma que nascituro não é considerado pessoa, ele apenas tem, desde
sua concepção, uma expectativa de direitos, que está sob a condição do nascimento com
vida, assim como preceitua o art. 2º do Código Civil.
Nos termos do art. 2º do Código Civil de 2002, "A personalidade civil da pessoa
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro". Nos termos de nossa legislação surge um impasse, pois, embora não tenha
personalidade, que apenas começa com o nascimento com vida, o nascituro pode titularizar
direitos, como, por exemplo, a busca de alimentos gravídicos, saúde e vida.
Vida: O Direito primordial do ser humano é o direito à vida, por isso denominado direito
condicionante, já que dele dependem os demais. Respeito à vida e aos demais direitos
correlatos, decorre de um dever absoluto, por sua própria natureza, ao qual a ninguém é lícito
desobedecer. Ainda que o direito à vida não fosse tutelado pelo sistema jurídico, sua natureza
de Direito Natural legitimaria a imposição erga omnes". A Constituição Federal assegura no
"caput"do artigo - que define, não exaustivamente, os direitos e garantias fundamentais- a
inviolabilidade do direito à vida, sem definir, no entanto, a partir de que momento se daria
esta proteção. O inciso XXXVIII do mesmo artigo, reconhece a instituição do júri com
competência julgamento dos crimes dolosos contra a vida, entre os quais se inclui o aborto. A
definição expressa do início da vida, ficou, destarte, sob o encargo da legislação ordinária,
embora pareça-nos que a Constituição Federal protege inequivocamente o nascituro.
No âmbito do Direito Penal, tutelam o direito à vida, os artigos 121 a 127 que
incriminam o homicídio, o aborto e o infanticídio.
No Direito Internacional o direito à vida do nascituro é expressamente previsto pela
Convenção Americana dos Direitos Humanos, Pacto de S. José da Costa Rica.
Mesmo esta decisão reconhece que o aborto não é um direito absoluto pois devem ser
considerados outros interesses. Em nome destes têm sido autorizados hospitais a fazer
transfusões de sangue no feto, sem considerar as objeções religiosas dos pais. O direito à
saúde e à vida do nascituro, nessas circunstâncias, tornam-se superiores ao direito de
liberdade religiosa.
Direto Personalidade:
Imagem: Direito à imagem, do ponto de vista estritamente técnico e sem considerar o duplo
sentido que lhe confere a Constituição Federal de 1988, no artigo 5"ª- incisos V, X e 28, a, diz
respeito à reprodução fisica da pessoa, inteira ou parcialmente, através de qualquer meio de
captação: fotografia, vídeo, pintura. A ultrassonografia permite a reprodução do nascituro, o
que importa a necessidade de consentimento do titular da imagem, por seu representante
legal: o pai, ou a mãe ou o curador, conforme o caso (artigo 458 do Código Civil).
Honra: Direito à honra existe desde o momento da concepção e é violado por exemplo,
quando ao nascituro é imputada a bastardia.
Cumpre enfatizar, uma vez mais, que os Direitos da Personalidade não começam com o
nascimento nem terminam com a morte. Conforme vimos, iniciam-se desde a concepção e
ultrapassam a morte. Se assim não fosse, a memória e a intimidade dos mortos não seriam
protegidas. O Código Penal nos artigos 209 a 212 típica os crimes contra o respeito aos
mortos. O Código de Processo Penal admite, expressamente a revisão criminal em favor de
pessoa falecida. (art.623). O Projeto de Código Civil, acolhendo a lição da Doutrina quanto à
perpetuação dos Direitos da Personalidade, no artigo 12 expressamente consagra: "Pode-se
exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único - se tratando de morto, terá
legitimidade para requerê-la o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em linha reta, ou da
colateral, até o quarto grau.
Em análise da Lei 11.804/2008, que regula a matéria, o ministro relator, Marco
Aurélio Bellizze, esclareceu inicialmente que os alimentos gravídicos não se confundem com
a pensão alimentícia, pois, enquanto esta última se destina diretamente ao menor, os primeiros
têm como beneficiária a própria gestante.
Em seu voto, citou as lições de Patrício Jorge Lobo Vieira, para quem alimentos desse
tipo podem ser compreendidos como “aqueles devidos ao nascituro e recebidos pela gestante,
ao longo da gravidez, reconhecendo-se uma verdadeira simbiose entre os direitos da própria
gestante e do próprio nascituro, antes mesmo do seu nascimento”.
Tal conversão automática não enseja violação à disposição normativa que exige
indícios mínimos de paternidade para a concessão de pensão alimentícia provisória ao menor
durante o trâmite da ação de investigação de paternidade, nessa linha de raciocínio, o
nascimento ocasionará o fenômeno da sucessão processual, de maneira que o nascituro (na
figura da sua mãe) será sucedido pelo recém-nascido.
REFERENCIAS
BERTI, Silma Mendes. Os direitos do nascituro. In: TAITSON, Paulo Franco (Ed.) et al.
Bioética: vida e morte. Belo Horizonte: Ed. PUC Minas, 2008. P. 69-94.
Dicionário Michaelis.
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bioetica/
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juridico-brasileiro
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SÁ, Maria de Fátima Freire; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira. Bioética e Biodireito. 4.
Ed. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2018
SOARES, Saulo C.A; SOARES, Ivana Maria Mello; MARQUES, Herbert de Souza.
Reflexões em ética, bioética e biodireito. Rio Grande. Âmbito Jurídico. No. 75, 2010.
Disponível em:
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?artigo_id=7601&n_link=revista_artigos_lei
tura. Acesso em: 21 abr. 2019