Projetoarquitetonicoedificio Cysneiros 2014
Projetoarquitetonicoedificio Cysneiros 2014
Projetoarquitetonicoedificio Cysneiros 2014
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Dra. Bianca Carla Dantas de Araújo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________
Dra. Natália Miranda Vieira de Araújo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________
Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________
Dra. Maria Lúcia Gondin da Rosa Oiticica
Universidade Federal de Alagoas
AGRADECIMENTOS
With the main objective of developing the architectural project of a corporate building with
emphasis on environmental sustainability embodied in the application of criteria derived
from a performance evaluation method, three guiding principles to the design were defined:
sustainability, flexibility and connectivity. The project methodology consisted in identifying
environmental sustainability actions for this specific corporate building agenda and to follow
them through the stages of its design process. The Manual Selo Casa Azul was used as
reference to define sustainability actions. The universe of study was the Tirol district, in
Natal, Rio Grande do Norte, Brazil, where the implementation of the project shall take place.
The design exercise was developed as an end product of the draft proposal. This is so,
because the intention was not to achieve a high level of technical detail, but to represent the
draft proposal in order to be understood, detailing only the necessary matter to ensure the
understanding of the solutions employed. At the end of this process, it can be concluded
that there is neither a set path nor a formula to design a sustainable building, and that it fits
the architect to define the sustainability actions in relation to the type and characteristics of
the building, as well as to transform these actions in design solutions throughout the process
of architectural design.
6. CONDICIONANTES PROJETUAIS................................................................................. 76
Figura 3- Exemplo de torre corporativa do estilo internacional - Seagram Building (1958), Mies Van der Rohe,
Nova York, NY
1
Caracteriza-se pela inexistência de uma estação de trabalho individualizada e o trabalho não é necessariamente realizado dentro do
espaço físico da empresa(Andrade,2007).
2
Espaços Totalmente abertos, livres de paredes, divisórias e corredores. Não havia distinção entre as chefias e demais trabalhadores
através de salas fechadas ou semifechadas(Andrade, 2007).
3
O layout é reflexo de uma organização extremante rígida, baseada no modelo fabril.
22
mesmo tempo em que cria uma base segura para o desenvolvimento da proposta, mantém a
unidade do trabalho a ser desenvolvido.
A partir da revisão teórica-conceitual sobre o tema escolhido foram definidos alguns
princípios que servirão como elementos indutores do processo de projeto, que são:
sustentabilidade, flexibilidade e conectividade.
Para a escolha destes princípios, muitos outros foram elencados e estudados, porém,
foram esses três que melhor traduziram a intenção do projetista para uma edificação
corporativa vertical definida a partir do recorte teórico realizado.
Embora tenham sido definidos três princípios para o projeto aqui desenvolvido,
percebe-se que o principio de sustentabilidade se sobressai aos outros dois, uma vez que o
objetivo dessa dissertação é elaborar um projeto de uma edificação de uso corporativo com
ênfase na sustentabilidade ambiental.
2.2.1. Sustentabilidade
O desenvolvimento sustentável surgiu como resposta ao modelo de desenvolvimento
delineado após a Revolução Industrial nos países ocidentais, que embora tenha permitido
inúmeros ganhos em termos de qualidade e expectativa de vida aos seres humanos,
provocou alterações significativas no equilíbrio do planeta.
Segundo Lomardo (2001), em resposta ao modelo de desenvolvimento pós-
sociedade industrial, no ano de 1992, foi realizada a conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco-92, a qual teve como objetivo,
discutir o desenvolvimento dos países frente aos impactos causados ao meio ambiente.
Como produto final da conferência, foi elaborada a Agenda 21 e a Declaração do Rio,
documentos que endossaram o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável, que
combina as aspirações ao progresso econômico e material com a necessidade de uma
consciência ecológica.
Anterior à Eco-92, existiram algumas tentativas de modificar o modelo de
desenvolvimento pós-industrialização, como o conceito do ecodesenvolvimento4, formulado
4 A proposta do ecodesenvolvimento busca orientar os esforços humanos de crescimento para a satisfação das necessidades materiais e
imateriais de toda a população, sem submeter-se à lógica da produção como um fim em si mesma. Valoriza o planejamento participativo
para aplicação de políticas públicas de harmonização de interesses econômicos, sociais e ecológicos (LOMARDO, 2011)
23
5
O Relatório Nosso Futuro ecodesenvolvimento Comum criou o conceito de desenvolvimento sustentável, propondo aplicação dos termos
do, com ênfase no caráter sincrônico e diacrônico da solidariedade humana. Esta proposta baseia-se na autonomia da população na busca
de modelos apropriados para cada contexto histórico, cultural e ecológico, estabelecendo harmonia entre o homem e o ambiente, e
pretende que o progresso possa ser compartilhado entre todos os países do mundo. (LOMARDO, 2001)
24
2.2.2. Flexibilidade
Segundo D’Amore (2013, p.13), mudanças no cenário político-econômico mundial,
inovações tecnológicas e novas ideologias administrativas, afetam as culturas das empresas
e fazem surgir novas necessidades organizacionais e novas formas de trabalho, que geram
25
novas necessidades espaciais. Essas mudanças são traduzidas em novos padrões e diagramas
de trabalho dentro dos escritórios.
A tecnologia de informação aplicada ao setor corporativo ao mesmo tempo age como
combustível na busca de uma maior competitividade e promove mudanças na forma que o
usuário se apropria do local de trabalho. Segundo Andrade (2007), o uso contínuo de
tecnologia promoveu o nascimento de novas culturas, com novos padrões de atitude,
valores e relações organizacionais. Surge, então, a necessidade de propor espaços físicos que
possam ser facilmente modificados e adaptados, com a intenção de atender as diferentes
dinâmicas profissionais e portes de empresas.
Criado para atender determinadas atribuições, os espaços são projetados em função
das necessidades e condicionantes apresentadas no momento da concepção. Estes espaços
e suas funções deverão interagir por meio da ocupação dos usuários, podendo estar sujeito
a ter suas necessidades alteradas. Uma inovação tecnológica, um novo produto no mercado
ou uma política de desenvolvimento poderão estar entre as diversas causas de alterações
súbitas das necessidades. Segundo Hertzberger (1999, p 146): "O plano flexível tem seu
ponto de partida na certeza de que a solução correta não existe, já que o problema que
requer solução está em um estado de permanente fluxo".
Visando a flexibilidade das edificações, as técnicas construtivas têm evoluído
sobretudo com a descoberta de novos materiais, porém, esta flexibilidade desejada nos
ambientes requer, além de novas tecnologias, condições projetuais para serem alcançadas
com eficiência.
Uma arquitetura flexível seria então "uma forma que persiste a diversos usos sem
que ela própria tenha que sofrer mudanças" (Hertzberger, 1999, p.147).
Desta forma, o conceito de flexibilidade é inserido neste trabalho, como forma de
congregar a tecnologia de informações e da construção civil às soluções projetuais, na
intenção de criar uma edificação flexível e, por consequência, adequada a diferentes tipos e
tamanhos de empresas e que possa ser facilmente adaptada a modificações futuras.
2.2.3. Conectividade
O estudo “The Generative Officer” (SAILER, 2012), trabalho exposto no oitavo
simpósio mundial de sintaxe espacial, de autoria de seis pesquisadores britânicos, trata da
26
considerada, para este trabalho, a conectividade entre o espaço público (da calçada) e o
privado (o terreno), de forma a permitir a expansão do espaço público para dentro do lote,
com a intenção de minimizar o impacto do empreendimento na fração urbana e a integração
entre os espaços da edificação, viabilizando as inter-relações entre usuários e entre eles e os
visitantes.
Desta forma, o conceito de conectividade está relacionado diretamente com a
morfologia da edificação e busca estabelecer a conexão entre as suas partes e entre a
edificação e seu entorno.
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3.1. AQUA
O Sistema de Alta Qualidade Ambiental - AQUA foi criado por professores do
departamento de engenharia de produção da Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo (USP) em parceria com a Fundação Vanzolini no ano de 2007. Foi o primeiro sistema
de certificação de construções sustentáveis adaptados à realidade brasileira, e é baseado na
metodologia de certificação francesa Haute Qualité Envirnnemental - HQE.
O sistema de certificação avalia, a partir de diferentes referenciais técnicos, os
seguintes tipos de empreendimentos: habitacionais; edifícios de escritórios e escolares;
hospedagem, lazer, bem estar e cultura e bairros.
O sistema subdivide o empreendimento em cinco fases: programa; concepção;
realização; programação da operação e operação e usos. Ao final de cada etapa, a edificação
recebe um certificado parcial equivalente à fase analisada (FUNDAÇÂO VANZOLINI, 2007).
O processo de certificação AQUA está estruturado em dois documentos, o Sistema de
Gestão do Empreendimento – SGE - no qual é definida a qualidade ambiental pretendida, e a
Qualidade Ambiental do Edifício - QAE que avalia o desempenho arquitetônico e técnico da
construção de acordo com os parâmetros definidos no SGE.
O referencial da QAE está organizado em 14 categorias que representam os desafios
ambientais do empreendimento e se agrupam em quatro famílias como mostra a Tabela 1.
Tabela 1 - Sistema de avaliação do AQUA: famílias e categorias
PROCESSO AQUA - ALTA QUALIDADE AMBIENTAL
FAMÍLIAS CATEGORIAS
Categoria 01: Relação do edifício com o seu entorno
Eco-construção Categoria 02: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos
Categoria 03: Canteiro de obra de baixo impacto ambiental
Categoria 04: Gestão da energia
Categoria 05: Gestão da água
Gestão
Categoria 06: Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício
Categoria 07: Manutenção: permanência do desempenho ambiental
Categoria 08:Conforto higrotérmico
Categoria 09: Conforto acústico
Conforto
Categoria 10: Conforto visual
Categoria 11: Conforto olfativo
Categoria 12: Qualidade sanitária dos ambientes
Saúde Categoria 13: Qualidade sanitária do ar
Categoria 14: Qualidade sanitária da água
Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2007
30
3.2. LEED
O Sistema LEED (Leadership in Energy and Environmental Desing) é uma norma
nacional americana, de utilização voluntária, desenvolvida pelo U.S. Green Building Council
organização que reune reprepresentantes dos segmentos da insdústria da construção civil
Americana.
O sistema de avaliação LEED é constituído de checklist que atribui créditos para o
atendimento de critérios pré-estabelecidos, alguns voluntários e outros obrigatórios, em
ações de projeto, construção ou gerenciamento que contribuam para reduzir os impactos
ambientais dos edifícios (SILVA, V, G; SILVA, M, G; AGOPYAN, V, 2003). Os critérios são
divididos em categorias com estratégias para seu atendimento.
Para melhor atender às especificidades do que se pretende certificar, o LEED possui
nove tipos de certificação, para diferentes tipologias edilícias. Cada tipo de certificação
possui mesma base de avaliação e que se diferenciam pela pontuação dos créditos, dos
requisitos e das estratégias para alcançá-los. São elas: (1) novas construções; (2) edificações
existentes; (3) interiores comerciais; (4) envoltória e estrutura principal; (5) escolas; (6) lojas
de varejos; (7) residências; (8) desenvolvimentos de bairros e (9) hospitais.
Os critérios são divididos em 07 categorias:
• Sítio sustentável: encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema
durante a implantação da edificação e aborda questões de grandes centros urbanos,
como redução do uso do carro e da ilha de calor;
31
• Uso eficiente da água: promove inovações para o uso racional da água com foco na
redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento com reuso dos
recursos;
• Energia e atmosfera: promove eficiência energética nas edificações por meio de
estratégias simples e inovadoras;
• Materiais e recursos: encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental e reduz
a geração de resíduos;
• Qualidade ambiental interna: promove a qualidade interna do ar, conforto térmico,
controlabilidade de sistemas e priorização de espaços com vistas externas e luz
natural;
• Inovação no projeto: incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildingn,
assim como a criação de soluções projetuais não descritas nas categorias do LEED;
• Prioridade regional: Incentiva os créditos definidos como prioridades regionais para
cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes
em cada região.
Há hierarquia na certificação conforme a pontuação: 40 a 49 pontos, edificação é
apenas certificada; de 50 a 59 pontos, recebe selo/categoria prata. De 69 a 79 pontos,
selo/categoria ouro; e acima de 80 pontos, selo/categoria platina.
No Brasil a certificação LEED chegou em 2007, e atualmente, de acordo com a GBC
Brasil (2014) o LEED é o selo mais utilizado no Brasil com 143 empreendimentos já
certificados no país, e 840 em processo de análise ou construção. A certificação está na
quarta versão (LEED v4), sendo esta última apresentada oficialmente em 2012.
3.3. BREEAM
O primeiro e mais conhecido sistema de avaliação de desempenho ambiental no
mundo é o BREEAN, o BRE Environmental Assessment Method desenvolvido no Reino Unido
por pesquisadores do BER - Building Research Establishmente e do setor privado (SILVA, V,
G; SILVA, M, G; AGOPYAN, V, 2003). Apesar de ser o pioneiro entre os sistemas de
certificação ambiental o BREEAM ainda é pouco utilizado no Brasil.
32
3-Melhoria no entorno
4-Recuperação de áreas degradadas
5-Reabilitação de imóvel
6-Paisagismo obrigatório
7-Flexibilidade de projeto
8-Relação com a vizinhança
Projeto e Conforto
Gestão da
6
Para a classificação na categoria bronze, além de atender aos 19 critérios obrigatórios, os empreendimentos devem ter o valor da
unidade habitacional dentro do limite estabelecido que varia de R$ 80.000, (oitenta mil Reais) a R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais),
dependendo da localização deste no território Nacional.
36
Desta forma, o "Manual Selo Casa Azul" foi escolhido para a definição de quais ações
de sustentabilidade são adotadas no empreendimento por ser uma certificação
desenvolvida no Brasil e para a realidade e prática da construção do país e por apresentar
metodologia objetiva e direta, com clareza e simplicidade na apresentação dos critérios
sustentáveis e a sua forma de avaliação, apresentando, desta forma, facilidade de
assimilação dos seus critérios de avaliação como ações sustentáveis incorporadas à proposta
arquitetônica.
Como o Selo Casa Azul é uma certificação dirigida para classificar quanto à qualidade
ambiental apenas edificações habitacionais, a análise de outros sistemas de certificação
aplicados a edifícios corporativos, tipologia projetada neste trabalho, teve grande
aplicabilidade na proposta, uma vez que ratificou os critérios de avaliação relacionados à
arquitetura corporativa existentes no "Manual Selo Casa Azul", e identificou outros que não
foram apontados neste documento e que, por terem afinidade ao tipo de edificação
projetada, foram incorporados à proposta.
Segundo John e Prado (2010), uma forma de usar o método da certificação como
referência para o projeto de uma edificação sustentável é a elaboração da agenda
sustentável da edificação proposta. Isso se dá devido ao fato de que na elaboração da
agenda, os critérios de avaliação da certificação são analisados considerando as
características locais e regionais, como clima, água, sol, ventos, usuários, sítio, entre outros.
Desta forma, são escolhidos e registrados os critérios que efetivamente vão contribuir para o
caráter sustentável da edificação projetada.
No Capítulo 4 desta dissertação é apresentada a agenda sustentável do edifício
corporativo elaborada para o projeto aqui desenvolvido, além da análise dos critérios do
"Manual Selo Casa Azul" de forma justificar as decisões tomadas na concepção projetual do
edifício corporativo.
Cabe ainda destacar que os itens elencados para agenda são derivados diretamente
dos critérios de avaliação existentes no "Manual Selo Casa Azul", porém alguns desses
critérios foram analisados e complementados considerando os critérios de avaliação
existentes em outras certificações estuda.
38
obtenção do selo que tem forte correspondência com a tipologia residencial, e o objeto de
estudo deste trabalho é uma edificação de tipologia comercial.
Desta forma, quantos e quais critérios foram adotados na proposta projetual aqui
desenvolvida foram determinados pela capacidade de cada critério contribuir para o caráter
sustentável da edificação corporativa proposta.
Ao final deste capítulo e como resultado dele, ter-se-á a agenda sustentável do
edifício corporativo, que como já dito, fundamentou todas as etapas do processo de
projetação, desde a escolha dos estudos empíricos até as especificações técnicas do projeto.
No manual de obtenção do Selo Casa Azul, as informações referentes às categorias e
critérios são expostas obedecendo a uma estrutura única, o que facilita a compreensão e o
entendimento destas. Ao início de cada categoria é feita uma introdução sobre ela e logo
após são expostos os critérios de avaliação explanados, segundo os seguintes tópicos: (1)
objetivo, (2) indicador, (3) documentação, (4) ressalva, (5) avaliação, (6) benefícios
socioambientais,(7) recomendações técnicas e (8) bibliografia adicional.
O objetivo (1) trata do resultado que o atendimento do critério pretende alcançar no
empreendimento. O indicador (2) aponta como o objetivo aspirado pode ser alcançado; o
tópico documentação (3) informa ao proponente quais documentos entregues, durante a
etapa de avaliação, irão comprovar o atendimento daquele critério na proposta; a ressalva
(4) tem a função de informar, quando couber, algumas restrições na avaliação, como por
exemplo, se o atendimento de algum critério só será considerando na avaliação mediante o
atendimento de outro critério que tenha correlação direta com este; a avaliação (5) informa
se o critério é de atendimento obrigatório ou não; os benefícios socioambientais (6) são
objetivados com o atendimento do critério em questão; e as recomendações técnicas (7)
fazem um apanhado teórico e técnico para auxiliar o atendimento do critério por parte do
proponente que pode ser complementado com a bibliografia adicional (8).
Antes da elaboração da agenda propriamente dita, foi realizada uma discussão dos
critérios de avaliação do manual de obtenção do Selo Casa Azul para um melhor
entendimento destes e a justificativa da escolha ou não de cada um dos critérios de
avaliação como ações de sustentabilidade que compõe a agenda sustentável do edifício
corporativo. Essa discussão por ser muito extensa, tendo sido inclusive elaborada antes do
início da concepção projetual, encontra-se em sua totalidade no apêndice deste volume. No
40
corpo desta dissertação (item 4.1) foi apenas resumida a descrição de cada critério. Cabe
ressaltar a importância desta etapa de discussão dos critérios antes do início do processo
projetual, constituindo-se como uma etapa metodológica adotada e adaptada por esta
autora, e que teve rebatimento direto em todas as etapas e decisões do processo de
projeto.
Embora a concepção de uma edificação sustentável exija a compatibilização das
ações da equipe de projeto, gerenciadores, consultores, fornecedores, executores e
usuários, considerando as fases de projeto, obra e utilização da edificação, as ações de
sustentabilidade elencadas para a agenda sustentável do edifício corporativo foram
definidas considerando somente aquelas relacionadas ao projeto de arquitetura. Desta
forma, na agenda sustentável do edifício corporativo, dos critérios de avaliação contidos no
"Manual Selo Casa Azul" (JONH e PRADO, 2010) foram destacados aqueles que possuem
rebatimento direto na concepção projetual do arquiteto.
Os dois primeiros critérios são específicos de cada sítio e devem ser considerados
para a escolha do local do empreendimento. Os demais se relacionam com os elementos de
projeto do sítio e de seu entorno.
Qualidade do entorno - infraestrutura
Critério que almeja maior qualidade de vida aos usuários, a partir da existência, no
entorno imediato, de: a) infraestrutura básica (rede de abastecimento de água,
pavimentação, energia elétrica, iluminação pública, esgotamento sanitário com tratamento,
drenagem); b) serviços (transporte público regular com parada de ônibus em rota acessível,
c) equipamentos comunitários (escola pública de ensino fundamental, equipamento de
saúde e equipamento de lazer); e d) comércio.
A disponibilidade de infraestrutura básica, serviços, equipamentos comunitários e
comércio nas proximidades do empreendimento proposto, proporciona uma melhor
qualidade de vida aos usuários. Somando-se a proximidade de comércio e serviços com o
transporte público regular, cria condições para a redução dos impactos ao uso de transporte
individual e ao consumo de combustível e como consequência, a redução dos
congestionamentos, ruídos e emissão de gases tóxicos.
Verifica-se o atendimento desse critério pela apresentação de um mapa de
localização do empreendimento com a identificação das infraestruturas mais relevantes,
contendo as distâncias destas ao centro geométrico do terreno e o traçado de rotas
acessíveis entre este e os serviços, comércio e equipamentos existentes. Deve-se ainda
cumprir as exigências legais referentes ao parcelamento e à ocupação do solo.
O diagnóstico da fração urbana apontado nesse critério foi adotado de modo
simplificado, mas preciso, na escolha e análise da área de implantação. Ele possibilitou o
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conhecimento das características do local para minimizar (conter e/ou reduzir) os impactos
negativos do empreendimento na realidade existente.
Qualidade do entorno - impactos
O bem estar, a segurança e a saúde dos usuários é o que objetiva este critério através
da verificação da existência de fatores que possam ser prejudiciais aos usuários do
empreendimento. Portanto, recomenda-se descartar lotes em áreas: vulneráveis a desastres
naturais como inundações e escorregamentos de terra e/ou à contaminação do ar, da água e
do solo; com a presença de fontes de ruídos acima do permitido pela norma; próximas a
linhas de transmissão em alta tensão, subestação ou qualquer outro tipo de fonte emissora
de ondas eletromagnéticas; ou qualquer outro fator negativo.
A incorporação desse critério na agenda do empreendimento, além de permitir que a
escolha da área observe a segurança, o bem-estar e a saúde dos usuários, elimina fatores
que possam causar prejuízo ao seu funcionamento ou os mitiga (na fase de projeto).
Melhorias no entorno
Critério que procura incentivar ações para melhorias estéticas, funcionais,
paisagísticas e de acessibilidade ao entorno do empreendimento, com a intenção de
implementar a qualidade de vida, auto estima e identificação pessoal do usuário com o
espaço urbano.
Recuperação de áreas degradadas
Recuperar áreas degradadas por ocupações irregulares e/ou informais ou em áreas
de proteção ambiental é o objetivo deste critério.
Reabilitação de imóvel
Critério que incentiva a reabilitação de edificações e a ocupação de vazios urbanos
com a intenção de devolver ao meio ambiente, ao ciclo econômico e à dinâmica urbana,
uma edificação ou uma área antes em desuso ou subutilizada. Tratam-se de estratégias de
adensamento que otimizam o uso do solo e de infraestrutura, protegendo e preservando
habitats e recursos naturais.
Durante o estudo de viabilidade do empreendimento, deve ser elaborado o
mapeamento dos vazios urbanos e das edificações com potencial para recuperação, com a
intenção de considerar esses elementos na seleção de área definitiva para implantar o
empreendimento.
43
O Manual do Selo Casa Azul não traz uma definição clara de vazio urbano, portanto
será utilizada a de Magalhães (2005), que traz o vazio urbano em um conceito amplo que
envolve os terrenos vagos, terras especulativas, terras devolutas e terrenos
subaproveitados.
Este critério foi observado na agenda do empreendimento face à escolha de um lote
desocupado dentro da malha urbana consolidada da cidade e, desse modo, se fez uso da
infraestrutura existente e se evitou a sobrecarga de áreas ainda não estruturadas e o
espalhamento urbano.
Paisagismo
Critério que se propõe auxiliar no conforto térmico e visual do empreendimento,
mediante o controle da umidade, sombreamento vegetal e uso de elementos paisagísticos.
Desse modo, é imperativa a existência de cobertura vegetal e/ou demais elementos
paisagísticos que propiciem adequadas interferências às partes da edificação, onde se deseja
44
7
Embora Manual Selo Casa Azul permita que a separação seja feita de acordo com o sistema adotado pelo município em que o
empreendimento está localizado, utilizou-se o sistema definido pela resolução CONAMA (resolução no. 275), uma vez que a normatização
federal sobrepõe-se à municipal.
46
entorno da edificação e um efeito estético não desejado) e sua locação no subsolo. Adotou-
se esta última solução principalmente para poder atender o princípio da conectividade no
que diz respeito à relação da edificação com a fração urbana. Portanto, este critério não
constou na agenda.
Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do Selo Casa Azul
Dispositivos Economizadores
Também contribui para a redução do consumo de energia elétrica, a utilização de
dispositivos economizadores (sensores de presença e minuterias) e/ou lâmpadas eficientes
nas áreas comuns, que, em geral, são aquelas de curta permanência. O presente critério foi
adotado na agenda da edificação e se encontra aplicado nas especificações técnicas da
proposta..
Sistema de aquecimento solar
Critério que tem o objetivo de reduzir o consumo de energia elétrica ou de gás para o
aquecimento de água, a partir da adoção de um sistema de aquecimento solar de água. Nas
edificações residenciais, a observância deste critério é bastante justificável em virtude do
alto gasto de energia elétrica para aquecimento de água destinada ao banho. Entretanto,
como a edificação proposta neste trabalho é de uso comercial, esse critério não foi
incorporado à sua agenda sustentável do edifício corporativo.
Sistema de aquecimento a gás
Esse critério tem o objetivo de reduzir o consumo de gás, a partir da especificação de
aquecedores de água de passagem à gás, com selo Ence/Conpet ou classificados na
categoria “A” do Conpet/Inmetro. Pela mesma justificativa utilizada no item anterior, essa
medida não foi incorporada à agenda sustentável da edificação.
Medição individualizada - gás
O objetivo desse critério é permitir aos usuários o gerenciamento e, por
consequência, a redução do consumo de gás. Assim como os dois itens anteriores, este
critério se mostra eficiente para o uso residencial, porém, não há justificativa para a sua
adoção no projeto proposto uma vez que se trata de edificação de uso comercial.
Elevadores eficientes
O critério que estabelece a existência de sistema com controle inteligente de tráfego
ou outro sistema de melhor eficiência, tem como finalidade reduzir o consumo de energia
elétrica com a operação e manutenção dos elevadores.
No projeto, procurou-se observar este critério na especificação de um elevador cujo
sistema também constasse de controle tráfego (conexão com as catracas e autorização
prévia de deslocamento).
50
Equipamentos eficientes
Esse critério prevê que a edificação possua equipamentos que sejam eficientes
quanto ao consumo de energia. Esse critério traduzido em ação sustentável na agenda
sustentável da edificação foi utilizado quando da especificação e previsão de espaços
adequados para equipamentos de maior impacto no consumo energético final da edificação
(ar condicionado, elevadores, sistema de iluminação das áreas comuns e geradores para co-
geração de energia nos horários de pico).
Fontes alternativas de energia
Como a utilização de fontes alternativas de geração de energia, como painéis
fotovoltaicos e gerador eólico, não possuem eficiência comprovada para sua aplicação em
pequena escala no nordeste brasileiro, esse critério não foi considerado para a agenda
sustentável da edificação.
Coordenação modular
O objetivo desse critério é reduzir as perdas de materiais pela necessidade de cortes,
ajustes de componente e uso de material de enchimento. Como consequência do
atendimento deste critério tem-se o aumento da produtividade da obra bem como a
redução do volume de resíduo de construção e demolição.
A coordenação modular é uma ferramenta de organização espacial da construção.
Para cada componente modular é alocado um espaço e uma localização e nenhum
componente pode ocupar espaço maior que o número de módulos que lhe foi destinado.
Portanto, embutido no conceito de coordenação modular está o de montagem sem cortes,
viabilizado pela presença da junta modular entre dois componentes adjacentes.
A adoção desse critério como ação de sustentabilidade tem forte influência na
diminuição do impacto ambiental e econômico da edificação, porém a coordenação modular
é uma peça integrante do projeto executivo da edificação, e neste trabalho é apresentado o
anteprojeto da edificação, portanto apesar da sua eficiência caráter sustentável da
edificação aqui proposta, por se tratar de etapa posterior a que está sendo realizada, esse
critério não foi adotado na agenda sustentável da edificação.
Qualidade de materiais e componentes
Critério que exige a comprovação da utilização de produtos fabricados por empresas
classificadas como qualificadas pelo Ministério das Cidades através do Programa Brasileiro
de Qualidade e Produtividade no Hábitat (PBQP-H) com a finalidade de evitar o uso de
52
também contribui para a redução do volume de esgoto, preservando a qualidade das águas
da superfície o que também implica em redução de custos financeiros com o tratamento dos
efluentes.
Trata-se de medida simples e eficaz para diminuir o impacto ambiental da edificação
além de promover a economia de recursos financeiros, portanto esse critério foi
incorporado na agenda sustentável da edificação e atendido nas especificações técnicas.
Dispositivos economizadores - Arejadores
Esse critério estabelece a existência de torneiras com arejadores ou outros
dispositivos economizadores a fim de proporcionar a redução do consumo de água e maior
conforto aos usuários, propiciado pela melhor dispersão do jato em torneiras. Observa-se
ainda a diminuição do volume de esgoto gerado pelo empreendimento e redução dos custos
financeiros.
Trata-se de medida simples e eficaz para diminuir o impacto ambiental da edificação
além de promover a economia de recursos financeiros, portanto esse critério foi
incorporado na agenda sustentável da edificação e atendido nas especificações técnicas.
Dispositivos economizadores - Registro regulador de vazão
O uso de registros reguladores de vazão, proporcionam a redução do consumo de
água, principalmente nos pontos em que a rede de abastecimento apresenta alta pressão. A
especificação desses registros tem impacto no caráter sustentável da edificação, porém é
uma ação implementada pelo projeto hidráulico da edificação que não é objeto deste
trabalho, e portanto esse critério não foi incorporado à agenda sustentável da edificação.
Reaproveitamento de água pluvial
Esse critério tem como objetivo reduzir o consumo de água potável para
determinados usos tais como, em bacia sanitária, irrigação de áreas verdes, lavagem de
pisos e espelhos d'agua, através da adoção de sistemas de aproveitamento de águas pluviais,
independente do sistema de abastecimento de água potável, para coleta, armazenamento,
tratamento e distribuição de água não potável.
O aproveitamento de águas pluviais além de promover a redução de vazão de
descarga para o sistema de drenagem urbana, promove a redução do consumo de água
potável, portanto a agenda sustentável da edificação traz esse critério que foi atendido no
projeto quando da previsão de espaços para sua implementação.
56
Tabela 9- Quadro resumo da adoção dos critérios na agenda sustentável da edificação proposta
QUADRO RESUMO DA ADOÇÃO DOS CRITÉRIOS NA AGENDA SUSTENTÁVEL DA EDIFICAÇÃO PROPOSTA
ADOÇÃO ETAPA DA PROPOSTA
NO
PROJETO
CATEGORIA 01
AGENDA SUSTENTÁVEL
1-Qualidade do entorno - infraestrutura
2-Qualidade do entorno - impactos
3-Reabilitação de imóvel
4-Paisagismo
5-Flexibilidade de projeto
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE
5. ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Após a definição dos princípios e das ações de sustentabilidade incorporadas ao
projeto, foram realizados estudos empíricos em edificações preexistentes, também
chamados de estudos de referência. Esses estudos têm a intenção de identificar
características que possam ter influência na proposta arquitetônica desenvolvidas quanto
aos seguintes pontos: programa arquitetônico; funções e fluxos; soluções formais e
estéticas, definição de partido arquitetônico e materiais e sistemas construtivos, e ainda
observar, como a concepção arquitetônica dos projetos estudados absorveram as premissas
de sustentabilidade.
Os estudos de referência podem ser divididos em diretos e indiretos e funcionais e
formais. Os estudos ora apresentados serão os três estudos funcionais que mais tiveram
rebatimentos na proposta arquitetônica. Os dois primeiros são estudos indiretos e o terceiro
trata-se de um estudo direto. Frações dos outros estudos realizados serão apresentadas,
quando couber, durante explanação da evolução da proposta.
Ao final de cada estudo são apontadas quais as características do projeto analisado
foram assimilada no desenvolvimento da proposta. É também apresentada uma tabela na
qual são apontadas quais ações de sustentabilidade elencadas para a agenda sustentável
podem ser identificadas no projeto estudado na intenção de verificar como a edificação
estudada implementou estas ações.
edificação, tanto pela sua forma quanto pelos materiais utilizados, foram intencionalmente
projetados nas faces interior da edificação. Entre esses, elementos o de maior destaque é a
pele de vidro serigrafado na cor dourada (Figura 6), que além da função estética
desempenha importante papel no desempenho bioclimático da edificação.
Figura 5 Embaixada da França em Pequim. Vista do jardim central e da fachada sul
3-Reabilitação de imóvel X
4-Paisagismo X Presença do jardim central e das estufas
5-Flexibilidade de projeto X
6-Relação com a vizinhança X
7-Solução Alternativa de
X
Transporte
8-Local para Coleta seletiva X
9-Desempenho térmico - Definição das camadas e materiais de acordo
X
vedações com as diretrizes bioclimáticas para o local
10-Desempenho térmico - Posicionamento, definição dos materiais e
X
Orientação ao sol e ventos sombreamento seletivos das aberturas
11-Iluminação Natural X
12-Lâmpadas de baixo consumo X
13-Dispositivos Economizadores X
14-Elevadores eficientes X
15-Equipamentos eficientes X
16-Qualidade de materiais e
X
componentes
17-Competentes industrializados Utilização de estrutura em aço e elementos de
X
ou pré-fabricados vedação pré-fabricados
18-Facilidade de manutenção das
X
fachadas
19- Dispositivos economizadores -
X
Sistema de descarga
20-Dispositivos economizadores -
X
Arejadores
21-Reaproveitamento de água
X
pluvial
Fonte: Produção própria (2014)
65
O Jatobá Green Building dá a impressão que é formado por 2 blocos separados, mas é
um único bloco formado por dois volumes em formatos diferentes, um curvo e outro
retangular, interligados pela circulação vertical, que se comunica com o exterior, recebendo
iluminação natural (Figura 8).
A edificação tem como programa básico, oito pavimentos tipos flexíveis de 1.600m2,
podendo ser dividido em até quatro escritórios (Figura 8), e dois escritórios de 300m2 no
66
térreo. O pavimento tipo possui ainda sanitários, copas, escadas e elevadores. O prédio
ainda possui: recepção para o público, recepção para expedição (motoboys), auditório com
espaço para cofee break (pav. terreo), café (Cobertura), 350 vagas de garagem, distribuídas
em quatro subsolos, com acesso distinto para condôminos e visitantes, 54 vagas de
bicicletas com vestiário integrado, heliponto e praças.
O corpo de circulação vertical que interliga os dois volumes da edificação que se abre
para o exterior por um pano de vidro que é protegido pela projeção do heliporto e por brises
que se projetam por 10 m e são apoiados por uma coluna metálica recuada (Figura 8).
Figura 8 Jatobá green building. Pavimento tipo
Nas faces leste e oeste, que recebem maior incidência solar, as aberturas foram
limitadas a 1,4m de altura. As superfícies opacas ganharam revestimento de vidro branco
leitoso com alto poder reflexivo, aplicados sobre a alvenaria e estrutura (Figura 9).
Na fachada Norte, que recebe insolação durante todo o dia em menor intensidade, as
aberturas tem o dobro da altura. As faichas de vidro incolor se alternam com a de vidro
marrom ( Figura 9) e as aberturas são protegidas por duplos brises horizontais dispostos 70
cm a partir do piso e 70 cm abaixo do forro. A faixa superior dos brises se projeta para
dentro da edificação e por possuir pintura na face superior na cor branca, funciona como
uma bandeja de luz.
67
Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)
Os conceitos que balizaram a proposta arquitetônica foram: ser conectável, flexível,
ecologicamente correto e ter baixo custo de utilização.
Segundo o diretor de operações da Gafisa,
Gafisa inicialmente tinha-se
se a intenção apenas
ape de
se construir um prédio ecologicamente correto, mas à medida que a proposta arquitetônica
70
foi evoluindo houve o interesse pela certificação ambiental Leed. O prédio foi o primeiro a
ter a certificação Leed no Brasil, recebeu a classificação Platinum, que na época só havia sido
concedida a apenas dois prédios comerciais no mundo.
Figura 11 - Eldorado Bussines Tower - Implantação
Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)
O Prédio pode ser dividido em três setores: torre corporativa, edifício garagem e
auditório que se conectam pela denominada praça elevada. Esta por sua vez liga o complexo
às vias públicas e ao shopping (Figura 12).
Figura 12 - Eldorado Bussines Tower- Praça elevada e ponte de conexão ao shopping
Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)
O volume corporativo se destaca pela grade formada pelas aberturas que são
demarcadas pelo revestimento de vidro com pintura cerâmica branca. A grade é
71
Fonte: (http://www.arcoweb.com.br/)
Figura 15 - Eldorado Bussines Tower- Pavimento Tipo 15 º ao 19º
Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)
5.4. Resultados
Como resultado dos estudos de referência foi feita uma comparação entre os estudos
a partir das ações de sustentabilidade elencadas para a agenda sustentável da edificação
(Tabela 14). No estudo realizado no Eldorado Bussiness Tower pode-se identificar o maior
número de soluções projetuais associadas às ações da agenda, o que ressalta a importância
deste estudo para este trabalho.
Tabela 14- Ações de sustentabilidade nos edifícios estudados
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NOS EDIFÍCIOS ESTUDADOS
EMBAIXADA JATOBÁ ELDORADO
DA FRANÇA
1-Qualidade do entorno - infraestrutura X
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE DA AGENDA SUSTENTÁVEL DA
6. CONDICIONANTES PROJETUAIS
Esta etapa do processo aborda as limitações e características que influenciam o
projeto do edifício proposto. O capítulo foi dividido em cinco tópicos tratando dos diferentes
condicionantes para o projeto.
O primeiro tópico trata da escolha e análise da área de intervenção quanto à
infraestrutura e os impactos positivos e negativos existentes no entorno, que devem ser
aproveitados, mitigados ou atenuados no projeto. Esse tópico ainda contém a análise do
clima da região sob a ótica de duas escalas, a global e a local. Na escala global é estudada a
radiação solar incidente sobre o lote, a geometria solar, a altitude, e o regime de ventos. Na
escala local são identificados fatores que podem alterar o clima local, como as superfícies
que compõe o entorno, que podem influenciar tanto na temperatura quanto na umidade do
ar, obstáculos que possam obstruir ou mudar a direção ou velocidade dos ventos, a
topografia e o recobrimento do solo.
No tópico aspectos bioclimáticos é identificada em que zona bioclimática a edificação
projetada está inserida e apontadas as diretrizes projetuais para esta zona.
No terceiro tópico, a legislação e normas pertinentes à tipologia e ao local de
implantação da edificação foram compiladas.
No tópico aspectos financeiros, é traçado o perfil do público alvo e analisado os
custos da edificação na intenção de se comprovar a sua viabilidade econômica.
Por ultimo, nos aspectos funcionais, são definidos o programa de necessidades e o
pré-dimensionamento dos ambientes da edificação.
6.1.1. Infraestrutura
O terreno está inserido em malha urbana existente, é ligado à rede de abastecimento
de água, coleta de esgoto e drenagem das águas pluviais. Possui coleta de lixo regular, pode
receber, segundo a concessionária de energia local, abastecimento elétrico em baixa ou em
alta tensão e todas as vias do seu entorno são pavimentadas e iluminadas.
79
Para a análise do entorno imediato foi elaborado o mapa de uso e ocupação da área
(Figura 19),, na intenção de verificar quais os tipos de uso predominante e a infraestrutura
in
existente no local.
Figura 19 - Mapa de uso e ocupação do entorno do terreno (abaixo ampliação do trecho estudado)
6.1.2. Impactos
Como impactos positivos do entorno, além da infraestrutura existente apontada no
tópico anterior, pode-se
se citar a proximidade do parque das dunas, área de proteção
permanente formada por dunas vegetadas que divide a fração urbana do oceano,
proximidade do oceano, que pode ser visualizado tanto da face Sul quanto da face Norte
No do
terreno (Figura 20).
Figura 20 - Relação do terreno com o oceano e o Parque das Dunas
6.1.3. Clima
A cidade de Natal, que está à 49m de altitude média, possui clima quente e úmido
com temperatura de bulbo seco média entre 25,10C e 28,10C (Figura 21), umidade relativa
entre 69% e 92% e ventilação predominante (Figura 22), na direção Sul e Sudeste com
velocidade entre 3,6 à 5,7m/s (GOULART, LAMBERTS E FIRMINO, 1998, p. 155-184)
Figura 21 - Frequência de ocorrência das temperaturas de bulbo seco para Natal
Embora o terreno receba os ventos frescos e úmidos provindos do Parque das Dunas,
a existência no seu entorno de grande massa pavimentada no recobrimento do solo,
formada pelo asfalto das vias e da impermeabilização dos lotes, e a pouca vegetação,
existente somente nos canteiros centrais e em alguns lotes, faz com que haja o aumento na
temperatura do ar no entorno da edificação proposta.
Figura 25 - Entorno da edificação com predominância de superfícies pavimentadas
8
Transmitância térmica: fluxo de calor transferido por um sistema construtivo quando há diferenças de temperatura do ar
entre o ambiente interno e externo; Atraso térmico: tempo transcorrido entre uma variação térmica em um meio e a sua
manifestação na superfície oposta de um componente construtivo submetido a um regime periódico de calor; Fator solar:
razão entre o ganho de calor que entra em um ambiente através de uma superfície e a radiação solar incidente na
superfície.
9
FT: Fator de correção da transmitância relacionada com a altura dos beirais
85
10 Valor do CUB para edificações comerciais de alto padrão com plantas livres: 1210,00 (ref. Mar/2014) Sinduscon
RN
87
Referência
Recepção Térreo e 3 subsolos 10 Estudos de 4 40
Referência
Hall no pavimento 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 30 Estudos de 24 720
andares corporativos e pavimento Referência
técnico
Sala comercial 3 salas por pavimento, 1 sala no 100 Estudos de 54 5400
térreo e 1 no mezanino Referência
Espaço para 150 Estudos de 1 150
contemplação Referência
Auditório Capacidade para 160 pessoas 240 Meel, 1 240
2
considerando 1,5m por assento) Martense
Ree (2012)
SETOR DE EVENTOS
cicloviário
de Porto
Alegre
Administração 25 Estudos de 1 25
Referência
Drive Thru para 15 Estudos de 1 15
documentos Referência
Sala técnica para TI 25 Estudos de 1 25
Referência
Banheiro do setor de Femininos e masculinos 25 Estudos de 2 50
eventos Referência
Banheiro adaptado Térreo, mezanino e 18 andares 2,6 NBR 9050 20 52
corporativos
Vestiário Feminino e masculino 25 Estudos de 2 50
Referência
Elevador 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 6 NBR 119 750
andares corporativos e pavimento 5665/1983
89
técnico
(5 elevadores por andar)
Antecâmara 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 5 NBR 24 125
pressurizada andares corporativos e pavimento 9077/2011
técnico
Escada enclausurada 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 16 NBR 24 384
andares corporativos e pavimento 9077/2011
técnico
DML 2 Estudos de 6 12
Referência
Local para 2 Especificaçã 60 120
condensador o técnica
Plataforma de resgate Cada escritório tem capacidade para Código de
2
30 pessoas (1 pessoa à cada 4m ) Combate a
Área de resgate: 30% da capacidade incêndio e
da edificação 0,5 por pessoa pânico do
RN
Reservatório de água Inferiores e superiores 20 Especificaçã 3 60
o técnica
Subestação de energia 50 Estudos de 1 50
Referência
Gerador 50 Estudos de 1 50
Referência
Reservatório de água 20 Especificaçã 1 20
pluvial o técnica
Depósito 20 Estudos de 4 80
Referência
Centro de medição 50 Estudos de 1 50
Referência
Centro lógico 25 Estudos de 1 25
Referência
Casa de lixo Lixo comum e reciclável 6 Código de 2 12
Obras de
Natal
Fonte: Produção própria (2014)
90
7. PROPOSTA PROJETUAL
Após definidas as diretrizes do projeto, elaborada a agenda sustentável da edificação
e determinadas as condicionantes projetuais foi iniciada a concepção do projeto
arquitetônico do edifício vertical de uso corporativo.
O exercício projetual desenvolvido neste trabalho não apresenta o projeto básico ou
executivo da proposta, com todos os detalhamentos e especificações técnicas
correspondentes a essas etapas. Isso porque a intenção do trabalho não foi a de alcançar
um alto nível de detalhamento técnico de toda a proposta, mais sim representa-la de modo
a ser compreendida, detalhando os pontos necessários ao entendimento das soluções
empregadas. Desse modo, será apresentado, como produto final, o anteprojeto da proposta
desenvolvida.
Segundo a NBR 6492 (ABNT, 1994), entende-se como anteprojeto a representação
gráfica suficiente para representar o partido arquitetônico definido e os elementos
construtivos da proposta permitindo a compreensão geral da solução adotada.
Para melhor assimilação do processo de desenvolvimento do projeto, este será
exposto obedecendo a seguinte estrutura: inicialmente será apresentada a definição e
evolução do partido arquitetônico, "a síntese das características principais do projeto"
(SILVA, 1998, p.100); e, em seguida, será descrita a evolução da concepção do projeto. Esta
última foi dividida em tópicos com o propósito de obter mais clareza e objetividade na sua
exposição, quais sejam: pavimento tipo; torre corporativa e pavimentos tipo finais (1 e 2);
implantação e pavimento térreo; subsolos, pavimento técnico e heliponto; e especificações
técnicas. Essa divisão não obedeceu de forma precisa a setorização da edificação proposta,
ela buscou ser mais fiel a cronologia em que o desenvolvimento do projeto evoluiu.
elaborada a agenda sustentável para edificação (Capítulo 4) e a partir dela extraida diretrizes
para todas as etapas de projeto. Os demais princípios, flexibilidade e conectividade, têm
importância e influenciaram também a concepção e o desenvolvimento da proposta,
entretanto, seu emprego é secundário em comparação ao princípio da sustentabilidade.
Dos princípios foram retiradas premissas projetuais a serem cumpridas pelo partido
arquitetônico, são elas:
Premissa da sustentabilidade
O edifício deve contemplar soluções arquitetônicas passivas que impliquem na
redução de energia. Para tanto o partido arquitetônico procurou seguir as ações de
sustentabilidade elencadas na agenda sustentável da edificação (Capítulo 4). Desse modo, o
partido arquitetônico teve forte influência da observância das diretrizes projetuais
apontadas pelo zoneamento bioclimático brasileiro.
Os estudos de referência, que observaram as mencionadas diretrizes, também
contribuíram para a definição do partido observando a premissa da sustentabilidade,
principalmente o estudo da Embaixada da França em Pequim (Capítulo 5), onde se observa
propostas de ventilação e iluminação naturais.
Os aspectos bioclimáticos estudados no Capítulo 6 também atenderam essa premissa
e influenciaram a determinação do partido arquitetônico, mormente aqueles referentes às
estratégias para construir no Nordeste brasileiro, as quais, por sua vez, segundo Holanda
(1976), são sombrear e ventilar. Estas estratégias são ratificadas pela NBR 15220 (ABNT,
2005), quando elenca entre as suas diretrizes projetuais para Natal: aberturas grandes para
ventilação cruzada e sombreamento das aberturas. Contribuíram, neste sentido, os estudos
da trajetória solar e da direção dos ventos.
Premissa da flexibilidade
O edifício deve permitir que diferentes tipos e tamanhos de empresa possam se
adaptar com facilidade à morfologia proposta.
O partido foi influenciado pelo estudo constante no referencial teórico conceitual
(Capítulo 2) em que foram identificados diversos padrões de layouts para ambientes de
trabalho, os quais derivam das diferentes identidades organizacionais das empresas. Isto
posto, o partido considerou a facilidade da adaptação das salas às diferentes disposições de
mobiliário, bem como a possibilidade de expansão e divisão das mesmas.
92
Premissa da conectividade
Os ambientes e setores da edificação devem: a) facilitar e incentivar o fluxo das
pessoas; e b) promover a integração visual entre os ambientes.
A conectividade, segundo o estudo “The Generative Officer” (SAILER, 2012), aumenta
as inter-relações entre os usuários e, por consequência, a produtividade deles. Considerou-
se na adoção do partido a ligação entre volumes distintos, quer por um volume central, quer
por módulos conectores.
Como já dito, para descrição da proposta foi obedecida a cronologia em que as
decisões projetuais foram tomadas. Desta forma, será expostos nos tópicos seguintes a
definição e evolução do partido da torre corporativa, uma vez que foram essas as primeiras
decisões projetuais tomadas.
O partido arquitetônico definido para a implantação será apresentado
posteriormente, porém esse ultimo também teve como referência os mesmos princípios
arquitetônicos aqui apontados.
Optou-se por segregar os volumes periféricos com a finalidade de gerar vazios entre
eles. Esses vazios tem a função de aumentar a área da superfície da envoltória submetidas a
zonas de alta e baixa pressão de ventos, permitindo a ventilação cruzada e aumentando o
fluxo de ventilação no interior das salas.
O aumento do perímetro da envoltória também possibilita uma maior e mais
homogênea penetração da iluminação natural nos blocos das salas comerciais e circulação. A
iluminação natural homogênea nas salas permite que estas recebam diferentes layouts, sem
que seja necessário recorrer a sistemas de iluminação artificial, o que contribui para a
flexibilidade sem causar perdas no caráter sustentável da edificação.
O conjunto de blocos, como um todo, foi posicionado na direção leste-oeste,
independente da inclinação do terreno, e verificou-se que os recuos mínimos estavam
dentro das prescrições urbanísticas vigentes.
Figura 28 - Evolução do Partido
Como sistema estrutural principal, fez-se a opção pelo concreto armado com vigas,
pilares e laje portantes, deixando o sistema de vedação sem a função estrutural. Essa
decisão proporcionou uma maior liberdade na escolha dos materiais de vedação externa e,
por consequência, possibilitou que esta fosse pautada na adequação das propriedades
térmicas dos materiais que compõe a envoltória da edificação.
No que diz respeito aos módulos conectores, fez-se a opção pela estrutura metálica
por ser um sistema pré-fabricado com leveza e plasticidade (Figura 34), uma vez que estas
funcionam como módulos encaixados no corpo da edificação, que podem funcionar como
conectores horizontais, quando funcionam apenas como pontes, ou conectores verticais,
quando possuem escada acoplada a sua estrutura.
Figura 34 - Referencia formal de sistemas de pontes e escadas pré-fabricadas em estrutura metálica: Advice
House
Todos os blocos que compõem as salas possuem largura fixa de 6,11m. Foram
adotadas salas com pouca profundidade pois, segundo Brown e DeKay (2004), se a largura
do ambiente ultrapassa 2,5 vezes o seu pé direto não se obtém bons níveis e
homogeneidade de iluminação natural. Ainda com a intenção de possibilitar a utilização de
iluminação natural independente do layout de distribuição interna das salas, foram
colocadas janelas contínuas, que se prolongam, sem interrupção, ao longo de quase todo o
perímetro das salas. Desta forma é garantida uma iluminação homogenia para layouts sem
divisões internas e, caso a ocupação seja do tipo celular, todas as faces internas das salas
têm acesso às janelas.
Para testar a eficiência desta solução projetual, foram feitas proposições fortuitas de
diferentes tipos de layouts para os escritórios.
As janelas contínuas também permitem criar um maior número de pontos de entrada
e saída de ar, favorecendo a ventilação natural dentro das salas.
As salas possuem diferentes comprimentos (14,70 m, 17,30 m e 19,80 m), o que
resulta em diferentes áreas. Essa solução procurou assim oferecer diferentes tamanhos de
sala, para abrigar diferentes tamanhos de empresas.
Em cada sala existem dois lavabos. Os banheiros adaptados foram locados no bloco
central, uma vez que a NBR 9050 (ABNT, 2004) exige um banheiro adaptado por andar, não
sendo, desta forma, obrigatória a colocação de banheiros adaptados dentro das salas
comerciais.
99
Os módulos conectores entre as salas podem funcionar tanto como escadas, ligando
salas de um mesmo bloco situadas em pavimentos diferentes, ou como pontes, ligando as
salas adjacentes de um mesmo pavimento, aumentando assim a conectividade e
flexibilidade do projeto.
Para melhor entendimento de como seriam os dois tipos de solução para os módulos
conectores, na Figura 35, há uma ponte e uma escada, apenas a título de exemplificação,
pois o que irá determinar o tipo de conector é a necessidade da empresa que irá ocupar o
espaço.
Nos pavimentos em que os módulos conectores não funcionam como ligação entre
as salas de uma mesma empresa, devem funcionar com espaços ajardinados de
contemplação e descanso que servirão às duas salas adjacentes.
No volume central, foram locados os elementos de circulação vertical: uma escada,
quatro elevadores sociais e um elevador de segurança. Foram observadas as determinações
100
do Código de Combate a Incêndio e Pânico do RN (1974) e a NBR 9077 (ABNT, 2001), que
trata das saídas de emergência: a edificação deve possuir escada pressurizada e elevador de
segurança, ambos com acesso por antecâmara também pressurizada. A escada deve estar
posicionada de modo que, a maior distância percorrida a partir das portas das salas até a
antecâmara, deve ser inferior à 15 m.
Próximo aos elementos de circulação vertical, formando assim um setor de serviço no
pavimento, foram locados o banheiro adaptado, as áreas técnicas para as unidades
condensadores de ar-condicionado tipo split e os shafts para as tubulações das redes elétrica
e lógica.
A área do bloco central, que tem ligação com as salas comerciais, é ocupada por um
grande hall social, que é iluminado e ventilado naturalmente pelos vazios formados entre os
blocos. O mesmo pode servir de espera comum para as salas corporativas, ou assumir a
função de recepção quando todo o pavimento for ocupado por uma única corporação.
Foi então elaborado um estudo volumétrico com a finalidade de analisar como essa
movimentação se comportaria na fachada da edificação (Figura 38). A partir desse estudo,
percebeu-se que a movimentação de dois blocos da edificação proporcionou muita
irregularidade na volumetria desta. Em estudo posterior, foi feita a movimentação horizontal
dos pavimentos em apenas um dos blocos periféricos. Neste estudo chegou-se a resultados
estéticos mais interessante. Fez-se a opção por movimentar apenas o bloco Norte, por essa
solução aproximar-se mais do estudo formal realizado no Manchester Civil Justice Center.
Figura 38 -Estudos formais
locadas à longa distância das unidades condensadoras que passaram a ocupar áreas técnicas
na cobertura da edificação.
Quanto aos elementos de sombreamento, foram mantidas as soluções para os blocos
Leste e Sul. Para o bloco Norte, os elementos verticais rendilhados foram posicionados nas
faces Leste e Oeste e as faces Norte e Sul receberam brises horizontais e paredes cegas
espessas.
O novo pavimento tipo (segunda proposta) pode ser observado na Figura 41.
Figura 41 - Pavimento tipo – proposta 2
Definiu-se então que as vedações das aberturas dos pavimentos serão através de
janelas e peles de vidro locadas de acordo com a orientação das fachadas.
Nas paredes voltadas para o átrio (espaço vazio) formado pelas salas corporativas,
bloco de circulação vertical e os elementos conectores, por serem completamente
sombreadas pela própria edificação, foram locadas peles de vidro contínuas na fachada. As
outras paredes receberam janelas que tem a suas dimensões definidas pela quantidade de
radiação solar direta que recebem. Todas as salas possuem grandes janelas contínuas, na
intenção de permitir iluminação natural homogênea, para possibilitar liberdade na definição
do layout das salas. As janelas contínuas (Figura 46) tem peitoril de 70 cm, altura do plano de
trabalho, e altura de 2,00m, prolongando-se até o forro na intenção que a luz natural
penetre mais profundamente nas salas.
As janelas possuem na sua parte mais alta folhas fixas e na parte inferior folhas com
abertura guilhotina por contrapeso. Esse tipo de abertura foi escolhido por permitir
ventilação na altura do plano de trabalho e próximo ao forro, para garantir conforto térmico
aos usuários e promover a renovação do ar. A abertura por guilhotina ainda garante uma
distribuição homogênea e com menor velocidade, evitando sombras de ventos ou ventilação
excessiva.
Figura 46 - Detalhamento do sistema de abertura tipo guilhotina
Figura 48 - Dimensionamento dos elementos de sombreamento das janelas contínuas das faces Leste da
edificação
Figura 50 - Estudo do sombreamento da vedação externa envidraçada das faces Leste e Norte pelas
jardineiras e projeção do pavimento superior
Num primeiro estudo (Figura 56), o setor de eventos foi posicionado em prédio
segregado à torre corporativa e conectado à mesma por uma cobertura de estrutura
metálica e vidro. Nele foram abrigados um auditório, com foyer, as salas de múltiplos usos e
os banheiros que atendem a esses ambientes.
116
dos seus usuários, uma vez que foram previstas soluções para iluminação e renovação de ar
destes ambientes através de poços de iluminação e ventilação
Com a locação do setor de eventos no subsolo abriu espaço para o gerenciamento
dos recuos frontais do lote. Foi proposta uma praça na porção lindeira à Av. Hermes da
Fonseca, que tem a função de convidar o transeunte a cruzar o lote, pois este permite a
conexão pedonal entre aquela via e a Av. Afonso Pena, na porção oposta do lote. Com essa
nova configuração, o princípio da conectividade entre o espaço púbico e privado foi
incorporado ao projeto (Figura 58).
A praça possui aberturas que tem a função de iluminar e ventilar naturalmente o
subsolo. Quatro dessas aberturas também tem a função de integrar visualmente os subsolos
com o nível da rua. Essa solução partiu do estudo de referência realizado no setor de locação
de veículos do aeroporto de Amsterdam (Figura 58).
Um eixo de conexão entre as vias de acesso foi demarcado por jardineiras e bancos
na face Sul do terreno. O muro desta face foi afastado do limite do lote para criar um duto
de ventilação dos subsolos. Esse muro é formado por paredes curvas desencontradas que
abrigam jardineiras elevadas. Essa solução foi adotada para criar um jardim vertical que
rompe com a aridez da alvenaria do muro, criando uma solução estética interessante. Por
permitir a passagem de ventilação entre suas aberturas, a parede não cria uma sombra de
vento na passagem dos pedestres.
A pavimentação apresenta uma área de transição entre si e o jardim através da
alternância aleatória de módulos da paginação o que cria um efeito de dissolução entre os
elementos artificial e natural.
118
de jardim aumentada, ficando o pavimento somente nas regiões onde haverá o fluxo de
pedestres.
A área de jardim também foi aumentada para criar um microclima agradável à praça,
uma vez que, segundo Lamberts, Dutra e Pereira (p. 35, 1990), " em locais arborizados, a
vegetação pode interceptar entre 60% a 90% da radiação solar, causando uma redução
substancial da temperatura da superfície do solo".
A baia de embarque e desembarque foi posicionada em paralelo com a Av. Hermes
da Fonseca, e, dessa maneira, o acesso de veículos integra-se a paisagem da via pública, não
interfere no desenho da praça e são eliminadas as zonas de conflito entre pedestres e
automóveis (faixa de pedestres) da proposta anterior.
O restaurante foi deslocado para o bloco Sul e tem acesso ao púbico somente pela
praça. Essa solução foi tomada para gerenciar o fluxo de pessoas entre as áreas públicas e
privadas da edificação. A sua conexão com o restante da edificação ocorre somente por um
monta-cargas entre a cozinha do restaurante no térreo e seu depósito no subsolo 01.
As aberturas na laje para ventilação e conexão visual com os subsolos passaram a ter
seção circular o que promoveu uma relação mais harmônica destas com o desenho da praça,
e o peitoril, que era de alvenaria, passou a ser em chapas de vidro laminado, garantindo
maior integração visual e leveza à implantação destes elementos.
Os acessos à torre corporativa são controlados por catracas associadas aos
elevadores pelo sistema de tecnologia de informação. Desta forma, os acessos aos
elevadores sociais são controlados por crachás fornecidos aos usuários cadastrados e
visitantes. Informações existentes nos crachás só permitem parada dos elevadores em
andares previamente autorizados. Essa tecnologia gerencia o fluxo de pessoas dentro da
torre.
Ainda para gerenciar o fluxo de pessoas entre as áreas públicas e privadas da
edificação, foram acrescentados dois elevadores que interligam os pavimentos dos subsolos
com o térreo. Assim, o visitante da edificação tem acesso livre ao estacionamento e ao setor
de serviço para depois passar pela triagem. Essa solução permite que as vagas de
estacionamento da edificação, que foram superdimensionadas em relação às exigências da
legislação, sejam ocupadas por usuários que se destinam a outros locais na fração urbana
em que está inserida a edificação proposta. Trata-se de um impacto positivo no meio
122
O setor de eventos foi posicionado no terceiro subsolo (Figura 64), o mais profundo,
para facilitar o gerenciamento dos fluxos de veículos e pessoas, bem como a ocupação do
estacionamento, uma vez que as vagas situadas no primeiro e segundo subsolo terão maior
procura para quem quer acessar o térreo ou os andares da torre corporativa. As vagas no
terceiro subsolo terão maior procura nos dias em que estarão programados eventos.
No subsolo 01 (Figura 63) encontram-se os ambientes de permanência prolongada
do setor de serviço (como administração e sala de segurança) e os vestiários para que
possam receber iluminação natural do poço de iluminação locado entre a torre corporativa e
a rampa de acesso. A inclinação da rampa faz com que as janelas desses ambientes recebam
iluminação natural.
Nesse subsolo também foi posicionado o drive thru para documentos com a
finalidade de que o acesso dos veículos a ele destinados seja rápido e eficiente. Associado ao
drive thru está o setor de triagem e expedição de documentos e correspondências da
edificação. As entregas do correio ou outros sistemas de correspondências, também deverá
ser realizada diretamente neste setor, para evitar acúmulo de função nas recepções.
Ainda no subsolo 01, encontra-se a sala de tecnologia da informação que abriga os
equipamentos responsáveis pela automação predial da edificação. Estes equipamentos têm
importante papel na eficiência energética da edificação, uma vez que gerenciam os sistemas
de elevadores, de ar-condicionado, de iluminação, de reaproveitamento da água, de co-
geração de energia e de controle do fluxo de pessoas dentro da edificação.
124
Figura 63 - Subsolo 01
Figura 64 - Subsolo 03
b) Para as demais paredes foi escolhido o sistema drywall. Sistema composto por
estrutura de aço galvanizado perfilado em "U" revestidos em chapas de gesso
acartonado. O vazio formado entre os perfis metálicos da estrutura é preenchido por
camada de isolamento acústico quando o uso dos ambientes assim exigir.
Sistema de vedação externa
Segundo Mahfuz (2009), a fachada pode ser entendida como algo mais que uma
manifestação bidimensional do limite vertical dos edifícios, abrangendo toda sua espessura
e todos os elementos usados para defini-la. Desse modo, foram tratados como elementos
de vedação externa a alvenaria e os revestimentos externos.
O sistema de vedação externa de uma edificação tem uma importância bastante
significativa no resultado do conforto interno, pois é por ele que acontece a troca de calor
entre o ambiente interno e externo. Os parâmetros para o conforto interno utilizados neste
projeto foram extraídos dos critérios para obtenção da certificação LEED para edifícios
comerciais e da norma de desempenho NBR 15575-1 (ABNT, 2008), são eles: (1) conforto
térmico; (2) qualidade do ar; (3) conforto lumínico; (4) conforto acústico; (5) conforto
antropodinâmico (referente à ergonomia e à acessibilidade).
As quatro primeiras categorias têm grande influência no sistema de vedação externa
adotado na edificação. Segundo Lio (2010), a influência da vedação externa no conforto
acústico em edifícios de escritórios refere-se ao isolamento do ambiente interno de ruídos
provenientes de fontes externas da edificação. Esse isolamento pode ser obtido de forma
que a composição dos materiais da envoltória considere a transmissão e absorção do som e
evite frestas no seu sistema.
O conforto lumínico e qualidade do ar estão relacionados a proporção entre as
superfícies opacas e as transparentes da envoltória, e entre as aberturas para entrada e
saída de ar nos ambientes internos.
A envoltória pode funcionar como solução passiva para garantir o conforto térmico
dos ambientes internos da edificação. A diminuição do consumo de energia elétrica para
prover o conforto térmico está diretamente relacionado à questão da sustentabilidade do
edifício em sua operação, pois, quanto menos energia elétrica um edifício consome mais
sustentável ele é.
129
estético, durabilidade e por possuir superfície regular com juntas secas, oferecendo conforto
no deslocamento de pedestres e cadeirantes. Foram aplicados placas de granitos em
diferentes padrões e dimensões na paginação desses ambientes.
As jardineiras elevadas são em placas duplas de granito levigado.
O muro da face Norte e as paredes de proteção da rampa de acesso do
estacionamento, recebem revestimento em pedra natural calcária cortadas em diferentes
tamanhos e aplicadas artesanalmente no local. Essa pedra foi usada na intenção de aplicar
um material regional na edificação e pelo seu resultado estético.
As paredes curvas que formam o jardim vertical ventilado recebem revestimento em
granito levigado e placas cerâmica terracota.
Nos acessos de veículos foi proposto concreto texturizado. Esse revestimento foi
proposto uma vez que essa pavimentação é aplicada sobre laje de concreto do subsolo.
Desse modo, será necessário aplicar uma fina camada de concreto, para dar o acabamento
antiderrapante, na superfície superior da laje do subsolo.
Para o piso do estacionamento, o concreto da laje do pavimento inferior será
regularizado e recebe tinta epóxi na cor amarela para delimitação das vagas de
estacionamento e sinalização horizontal.
O piso das áreas de circulação, hall dos elevadores e setor de eventos é em granito
polido pelo seu resultado estético, durabilidade e por possuir superfície regular com juntas
secas oferecendo conforto no deslocamento de pedestres e cadeirantes.
Os demais ambientes da edificação receberam placas de porcelanato ultrafino com
resistência para alto tráfego.
As paredes dos acessos dos estacionamentos e do setor de eventos devem receber
revestimento em chapas de alumínio branco perolado. As paredes do hall do elevadores
recebem granito polido. As demais paredes da edificação, bem como os forros de gesso,
recebem tinta acrílica na cor branca.
Dispositivos economizadores de água
Para reduzir o consumo de água na edificação foi especificado o uso de torneiras com
arejadores e acionamento automático nos banheiros. As torneiras dos depósitos, copa e
cozinhas são de acionamento manual com arejadores. As bacias sanitárias são dotadas de
133
sistema de descarga com volume nominal inferior ou igual a 06 litros e com duplo
acionamento.
Sistema de reaproveitamento de água
O sistema de reaproveitamento de água reutiliza as águas pluviais e dos drenos do
sistema de ar-condicionado. As águas pluviais reaproveitadas são recolhidas nos jardins dos
pavimentos, na área ajardinada da praça (que recolhe também a água que escoa dos
passeios), das lajes técnicas, do mirante, do heliponto e da área de resgate. O sistema de
recolhimento das águas dos jardins pode ser visualizado no esquema da Figura 70, as demais
áreas tem suas águas recolhidas por ralos com sistema de filtros.
Figura 70 - Esquema do recolhimento das águas pluviais nas áreas ajardinadas
No hall dos elevadores devem ser instalados sistemas duplos de acionamento manual
e de sensor de presença, para que o sensor só seja acionado quando necessário, uma vez
que a iluminação natural é suficiente para iluminar os ambientes em caso de dia de céu
claro.
Os demais ambientes devem ter acionamento manual do sistema de iluminação. Os
controles manuais devem ser facilmente acessíveis e localizados de tal forma que seja
possível ver todo o sistema de iluminação que está sendo controlado
b) Ar- condicionado
Foi definido o sistema VRV (volume de refrigeração variável) para a climatização dos
ambientes da edificação. O VRV é um sistema tipo split em que o fluxo de gás refrigerante
pode ser direcionado para os locais que a necessidade de refrigeração é maior. O sistema
permite que as máquinas evaporadoras sejam locadas à longa distância das unidades
condensadoras, o que possibilitou a instalação destas no pavimento técnico da edificação.
Este sistema permite a medição individualizada de energia de cada máquina ou conjunto de
máquinas e é mais eficiente comparado a outros sistemas do tipo split.
c) Elevadores
Foram adotados sistemas de elevadores eficientes que são integrados pelo sistema
de TI às catracas de acesso à torre corporativa. Essa solução otimiza o tráfego e o
gerenciamento de filas nos halls, antecipando as chamadas através de terminais inteligentes
acionados pelas catracas, que só permite que o passageiro siga para o andar previamente
autorizado. Com informação prévia do destino, o sistema indica para o usuário qual elevador
irá atendê-lo e pode agrupar, num único elevador, pessoas que vão para o mesmo andar ou
próximos, reduzindo o tempo de operação dos equipamentos e, consequentemente, o
consumo de energia em até 30%. Além disso, é possível diminuir o tempo de espera nos
andares e de viagem da cabina, garantindo mais conforto ao usuário.
Os elevadores possuem sistemas mecânicos modernos sem engrenagem, diminuindo
a necessidade de manutenção, e sistema ou técnica de inversão de frequência que faz com
que a energia dispensada para o elevador funcionar varie de acordo com o peso da carga,
gastando menos quando há um número menor de pessoas.
Os elevadores especificados ainda possuem sistema regenerativo de energia que é
uma tecnologia aplicada pelos fabricantes que permite a utilização de parte da energia
136
devolvida pelo elevador durante seu funcionamento para a rede elétrica interna da
edificação, resultando em economia em torno de 25% a 35%. No sistema convencional,
parte da energia da rede elétrica devolvida pelo elevador é dissipada num banco de
resistores e transformada em calor. Isso acontece porque o elevador devolve parte da
energia consumida em dois momentos: quando sobe com a cabina abaixo da metade da sua
capacidade ou quando desce com a capacidade acima de 50%. Com o novo sistema, a
energia é devolvida a partir da instalação de mais um inversor e, de forma simplificada, tanto
pode ser usada para o sistema de elevadores (um consome a energia devolvida pelo outro),
ou para a utilização do prédio como um todo (quando todos os elevadores estiverem
devolvendo energia ao mesmo tempo).
d) Geradores de energia
Os geradores de energia têm a função de suprir a necessidade de energia elétrica da
edificação quando houver interrupção do fornecimento e também têm a função de
cogeração de energia nos períodos de pico de fornecimento. Essa solução diminui a
demanda da rede pública de abastecimento e, por isso, a concessionária de energia fornece
descontos consideráveis para edifícios que adotam essa solução.
O ambiente indicado no projeto destinado para abrigar os geradores de energia
devem ser isolados acusticamente.
e) Subestação de energia
No projeto de arquitetura foi previsto local para instalação de uma subestação de
energia elétrica, para que a edificação receba energia em alta tensão. Edificações que
recebem energia em alta tensão são sujeitas a tarifas de valor mais baixo, desta forma, a
mudança de tarifa tem como consequência redução significativa no custo da energia elétrica
consumida pela edificação.
O ambiente indicado no projeto destinado para abrigar a subestação de energia
devem ser isolados acusticamente.
137
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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