Pecado Original

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Curso Livre de Graduação – Bacharelado Disciplina: Direito Eclesiástico FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA

FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA

CURSO LIVRE DE GRADUAÇÃO


BACHARELADO

DISCIPLINA: O PECADO ORIGINAL

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O PECADO ORIGINAL

O pecado original não é um assunto que é proeminente na teologia


moderna, pois é contrário a grande parte das modernas crenças
arrogantes, e conseqüentemente, nenhum pregador oportunista ousará
apresentá-lo à congregação em que ele serve, a fim de não ofender as
sensibilidades mais delicadas de um membro. Contudo, tem sido uma das
doutrinas mais fundamentais e importantes das Escrituras, pois é o alicerce
de muitas outras. Se não existe o pecado original, o homem não herdou
natureza pecadora nenhuma, não há necessidade nenhuma de redenção
do pecado e não há necessidade de um Cristo crucificado. Também as
igrejas não têm nenhum trabalho para fazer, e tornaram inúteis muitas
convicções e práticas cristãs. Mas as Escrituras não deixam espaço algum
para alguém negar essa doutrina grande que é muito importante, pois uma
das primeiras revelações é com relação ao pecado original, e todas as

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Escrituras presumem a verdade desse conceito, e, aliás, se baseia nele.


Len G. Broughton diz:
Não podemos dar ênfase demais ao fato de que a raça de Adão, desde a
queda do homem, está sob a maldição e pena do pecado. Todo homem
que não é cristão está hoje sob esta maldição e pena do pecado. Não
precisamos a prova Bíblica para afirmar que o homem é um ser depravado.
A história da raça comprova isso. Nossa experiência comprova isso. Não
há homem algum no mundo que não saiba que as inclinações do homem
natural são para o mal. É uma luta andar em direção contrária. A tendência
natural é para com aquilo que é mau. Isso se aplica a toda a raça humana
em todas as partes. — Salvation And The Old Theology (Salvação e a
Velha Teologia), p. 50. Hodder And Stoughton Publishers, London, sem
data.
O livro de Gênesis é, como indica seu título, um livro de “começos”, e
apresenta no terceiro capítulo o início do pecado na raça humana; aqui
encontramos o “pecado original”, e o grande caos que o primeiro pecado

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do homem operou. Muitos agora negam o valor histórico do livro de


Gênesis, e afirmam que nada mais é do que um coleção de mitos, que têm
como propósito ensinar, em forma de parábolas, alguma verdade, mas que
não se pode aceitar literalmente. Observar-se-á de modo especial (assim
esperamos) que os que negam a verdade literal de Gênesis são quase
sem exceção também aqueles que negam a doutrina do pecado original.
Isso é natural, pois os dois grupos ou estabelecem-se ou caem juntos, e
negar a verdade do primeiro livro da Bíblia é simplesmente o esforço do
homem para se livrar do problema do pecado original. Se não há nenhum
pecado original, então o homem não é uma criatura caída e depravada, ele
não está perdido e destinado ao inferno, e conseqüentemente não precisa
de um Salvador. Essa é a própria alegação que os evolucionistas fazem,
pois dizem que o homem se desenvolveu durante milhões de anos a partir
de uma criatura do lodo, que ainda retém boa parte da natureza animal.
Portanto, o homem não tem de prestar contas a ninguém por agir como um
animal. Mas quando as pessoas são ensinadas que são animais como
desculpa para sua natureza pecaminosa, elas continuarão a agir como

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animais. Os evolucionistas estão dispostos a provar que venham de


macacos a fim de se livrarem do problema de sua pecaminosidade como
também a sua responsabilidade diante de Deus. Romanos 1 mostra que as
ações bestiais do homem são resultado primário da sua rejeição da
verdade de Deus.
Mas negar a verdade histórica do livro de Gênesis de forma alguma afeta a
verdade; só cega o homem à essa verdade, e assim deixa-o em situação
pior, pois ao negar o diagnóstico divino de sua situação, também se isola
do remédio divino. Assim, longe de o livro de Gênesis ser de valor
minimizado, como sustentam muitos, é um livro de começos, e portanto é
fundamental para entendermos o restante das Escrituras. Além disso,
Gênesis é necessário não só para o homem entender de modo adequado o
resto da Bíblia, mas também para entender de modo certo a si mesmo. O
terceiro capítulo de Gênesis explica a causa e conseqüência das ações do
homem na Bíblia, e na história. O homem não tem como compreender a
causa das suas tendências pecaminosas que ele tão evidente tem, exceto

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por essa revelação da queda do homem, e sua natureza depravada


conseqüente. Os psiquiatras não-cristãos há muito tentam explicar as
ações do homem sem levar em conta a natureza caída e totalmente
depravada humana, e sempre fracassam de modo notável, e em muitos
casos apenas fornecem desculpas do pecado e confirmam a sua
condenação eterna com a sua “ajuda” profissional. Pode-se atribuir grande
parte do atual caos e maldade diretamente aos ensinos corruptos de
psiquiatras, e não é nossa intenção fazer uma condenação geral a todos os
psiquiatras, pois existem os que são cristãos, e ensinam uma psiquiatria
com base Bíblica. Mas a maioria das pessoas não percebe que a
psiquiatria (do grego psyche — alma, e iatreia — cura) é o tratamento da
alma, e o primeiro passo nisso necessita a resgatar a alma de sua
condição caída e morta. Faltando isso, a psiquiatria trabalha de forma
invertida, e jamais conseguirá realizar bons resultados duradouros.
O Novo Testamento conecta em várias passagens a queda do homem no
Éden ao começo do pecado na raça humana; esse evento marca o tempo

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em que o homem, que originalmente foi criado na inocência e santidade, se


tornou voluntariamente uma criatura caída e totalmente depravada.
Algumas pessoas, mesmo crendo que o homem caiu em pecado no Éden,
repudiam uma crença na depravação total do homem. Muitas não crêem
nessa doutrina porque não entendem o que significa o termo depravação
total. A depravação total não significa que o homem é tão mau quanto
possa ser, pois ninguém é tão mau que não possa se tornar pior. Acerca
disso W. D. Nowlin diz:
Talvez o fato de muitas pessoas rejeitarem a doutrina da depravação total
evidencia a sua própria depravação total. Alguns afirmam que “todos são
depravados, mas ninguém é totalmente depravado” Aqueles que fazem
essa afirmação não raciocinem a conclusão lógica. Depravado significa
“pervertido, corrompido” Qual parte do homem não é “pervertida” ou
“corrompida”? Aquilo que não é depravado ou pervertido é santo e puro.
Aquilo que é puro ou santo não pode ir para o inferno, e aquilo que é
pervertido ou corrompido não pode ir para o céu. Então, qual destino pode

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haver um homem que é em parte depravado e em parte santo? Ele não


poderia nem ir para o inferno nem para o céu. As pessoas rejeitam a
doutrina da depravação total geralmente devido a uma concepção errada
da doutrina. A depravação total não significa que alguém é tão mau quanto
Satanás, nem que ele seja tão corrupto quanto poderia ser. Significa que
quando o homem caiu o homem inteiro caiu; que nenhuma parte do
homem tenha escapado à queda significa que um homem é depravado em
sua totalidade — o homem todo. É uma questão de extensão, em vez de
grau. — Fundamentals of the Faith (Princípios Fundamentais da Fé), pp.
187-188. Sunday School Board of the Southern Baptist Convention,
Nashville, 1922.
Ao considerar os ensinos de Gênesis 3, percebemos várias coisas
apresentadas que mostram que o homem de fato caiu no Éden e que ele
assim se tornou uma criatura totalmente depravada. Portanto, ele possui
uma natureza pecaminosa por causa de seu pecado original, e essa
condição foi transmitida a todos os descendentes de Adão, que estavam

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nele — em sua semente — no momento de seu pecado, e tiveram parte


nesse pecado com ele. Observamos em Gênesis 3 as coisas seguintes:
I. HÁ IMPOSIÇÃO DE RESTRIÇÕES.
É evidente que deve ter havido algum tipo de imposição legal em Adão
desde o começo, pois não teria sido possível que ele pecasse de outra
forma. As Escrituras declaram a necessidade da lei de constituir um ato ou
atitude como iniqüidade (iniqüidade é a transgressão de lei): “Qualquer que
comete pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é
iniqüidade.” (1 João 3:4). E de novo: “Porque a lei opera a ira. Porque onde
não há lei também não há transgressão” (Romanos 4:15). E ainda de novo:
“Porque até à lei [a entrega da lei escrita no Sinai — DWH] estava o
pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. No
entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não
tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão…” (Romanos 5:13-
14).

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Não só as Escrituras, mas também até mesmo a própria razão mostra a


necessidade de leis para a criação, como observa o Dr. Samuel Baird
quando diz:
É evidente que o exercício de uma soberania universal, absoluta e imutável
de algum ser é necessária para a harmonia e felicidade, — aliás, para a
própria existência do universo que Deus fez. O Criador tem de ser assim
soberano. Nenhum outro ser tem o que se exige para essa posição. O
próprio ato da criação, indicando alguma finalidade adequada para se
alcançar, leva o Criador a estar debaixo da obrigação, para com sua
própria sabedoria, de dar a suas criaturas tais leis que as guiarão à
realização dessa finalidade; quer estampadas na própria essência da
criatura, como no caso dos elementos materiais; unidas à estrutura
orgânica, como na criação vegetal e grupos animais; ou inscrita no coração
e revelada ao entendimento, como no homem e os exércitos de anjos. —
The Elo¬him Revealed (A Revelação de Elohim), p. 187. Lindsay and
Blakiston, Philadelphia, 1860.

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No início da história do homem, Deus deu certas restrições e leis que


foram designadas para três razões principais, e novamente obtemos muito
proveito com as palavras do Dr. Baird.
Assim era essa lei perfeitíssima, sob a qual o homem foi criado; — seus
preceitos baseados nas razões mais dignas de Deus, e tendo como origem
os próprios atributos de Sua própria natureza; — sua influência, apropriada
ao homem e às criaturas, e essencial para explicar, ou perpetuar, a
existência da própria criação. Por seu intermédio, realizam-se três
propósitos. Serve para a revelação das perfeições morais de Deus;
constitui uma afirmação de Sua soberania; e é um padrão para as
criaturas. — The Elohim Revealed (A Revelação de Elohim), p. 214.
Lindsay and Blakiston, Phila¬delphia, 1860.
Vemos a declaração de restrições em Gênesis 2:16 17, e essas restrições
constituíam lei para Adão, eram uma prova eficaz de sua obediência: “E
ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim
comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal,

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dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente


morrerás” A própria certeza da pena pela violação dessa lei não deixava
espaço algum para Adão alegar que não a conhecia, e nem podem os
homens de hoje alegar que ignoram a responsabilidade deles diante de
Deus, pois embora a ignorância suavize o grau de culpa, não afeta o fato
dessa culpa.
Temos de compreender que Deus é soberano, e Ele tem o direito de impor
qualquer restrição que bem entender sobre Sua criação, e, aliás, Ele
realmente faz o que quiser em todas as coisas: “Mas o nosso Deus está
nos céus; fez tudo o que lhe agradou” (Salmo 115:3). “Tudo o que o
SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos”
(Salmo 135:6). Ao mesmo tempo, temos de entender que todas as
restrições que Deus coloca sobre o homem são para o seu bem maior, pois
“Porque o SENHOR Deus é um sol e escudo; o SENHOR dará graça e
glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão” (Salmo 84:11).
Mas Deus muitas vezes permite o que Ele não decreta de modo positivo, e

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escolhe em vez disso anular o mal para que disso resulte glória para Si,
não para o homem. Tal é o caso ora diante de nós.
Alguns criticam Deus por tornar as conseqüências do ato de comer desse
fruto tão horrendas; alguns dizem que o pecado de Adão de comer desse
fruto proibido foi um ato insignificante demais para que Deus trouxesse
morte para ele e para toda a sua posteridade por seu pecado, mas este
não foi um ato insignificante; foi um caso de rebelião descarada e
deliberada contra a claramente revelada vontade de Deus. Nem mesmo se
pode acusar que Adão foi enganado ao comer desse fruto, pois as
Escrituras dizem expressamente: “E Adão não foi enganado, mas a mulher,
sendo enganada, caiu em transgressão” (1 Timóteo 2:14). A serpente
enganou Eva (2 Coríntios 11:3), mas não Adão; ele pecou conhecendo
plenamente suas ações e suas conseqüências, pois ele sabia que Eva
havia pecado, e escolheu pecar e permanecer com sua esposa, do que
manter sua inocência, e se separar dela. Não há jeito possível de ou
desculpar ou atenuar o pecado de Adão. Além de ser um caso de rebelião

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total contra a autoridade do próprio Deus, que é a coisa mais importante,


uma questão aparentemente insignificante é um teste melhor de
obediência do que uma grande questão. J. M. Pendleton diz:
Alguns acham que é indigno de Deus tornar as conseqüências tão sérias e
tão temíveis só por causa do ato de comer do fruto de certa árvore. Como
é que poderia ser indigno dele? Ele teve a intenção de provar a obediência
dos dois seres racionais que ele havia colocado no jardim. Pode-se provar
a obediência tanto em coisas pequenas quanto em coisas grandes, e
possivelmente melhor. Ao fazer uma grande coisa, um homem pode ser
influenciado mais pela magnitude da coisa do que pela autoridade
ordenando sua execução; enquanto que ao fazer uma coisa pequena, ou
tão chamada pequena, a probabilidade maior é que ele agirá por
reverência à autoridade de Deus. Essa é a própria essência da verdadeira
obediência. Não há nenhuma obediência verdadeira sem isso. — Christian
Doctrines (Doutrinas Cristãs), p. 164. Ameri¬can Baptist Publication
Society, Philadelphia, 1878.

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Essas críticas são baseadas na idéia errônea do passado de que o homem


é livre para decidir quais mandamentos de Deus são importantes e quais
não são, e obedecer apenas aos que ele considera importantes o suficiente
para serem dignos de sua obediência, mas jamais é uma questão de como
um mandamento é importante; a única questão é se ou não Deus o
ordenou. Ele o ordenou, então a questão está resolvida; o homem tem de
obedecer sem demora ou controvérsia. Agir de outra forma não é de forma
alguma obedecer a Deus, mas é obedecer apenas à nossa própria razão e
vontade.
As restrições que Deus colocou nas atividades do homem no Éden eram
exclusivamente um prova; nada do que o homem realmente precisasse lhe
foi recusado, pois as provisões de Deus eram não só adequadas, mas
também davam plena oportunidade de ele gozar ricamente todas as
coisas, com uma exceção apenas, e essa única coisa nada poderia
acrescentar que fosse realmente bom ao homem. Por outro lado, as
conseqüências mais horrendas e certas eram ameaçadas contra a violação

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dessas restrições, de modo que o homem tinha tudo a perder e nada a


ganhar com a violação dessas restrições; por que então o homem
transgrediu esse mandamento claro do Senhor e comeu desse fruto
proibido? Ele assim agiu em parte porque foi movido a agir assim por uma
tentação externa; daí, observamos:
II. HOUVE INCITAMENTO À REBELIÃO.
Satanás, usando a serpente como instrumento, foi o agente nessa
tentação: “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do
campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim
que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3:1).
Que Satanás foi a força incitadora nessa tentação é inquestionável, pois
uma referência em Apocalipse 12:9 o menciona como “o grande dragão, a
antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás” Essa astúcia da serpente é
citada em outras passagens também: “Mas temo que, assim como a
serpente enganou Eva com a sua astúcia…” (2 Coríntios 11:3). “Revesti-
vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as

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astutas ciladas do diabo” (Efésios 6:11). Tanto “astúcia” quanto “ciladas”


indicam uma sabedoria que se usa para o mal, e esse sentido descreve
com precisão o diabo, pois em sua criação ele foi uma das criaturas mais
sábias, mas perverteu sua sabedoria para finalidades malignas com seu
orgulho e ambição: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor” (Ezequiel
28:17).
Mas observe como Satanás começou a enganar o homem, e causou a
queda dele de seu estado de inocência. Primeiro, insinuou-se dúvida
acerca do que Deus queria dizer: “É assim que Deus disse: Não comereis
de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3:1ss). Essa é uma forma bem
comum de tentação, pois se o diabo puder fazer com que o homem
questione o sentido ou aplicação de um dos mandamentos de Deus, ele
fez muito progresso em induzir o homem a desobedecer a esse
mandamento. Também, Eva só soube desse mandamento através de
Adão, pois Deus não havia falado com ela sobre o mandamento, mas com

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Adão (Gênesis 2:16 17), e assim ela não estava em posição para disputar
o assunto com a serpente; o que ela devia ter feito era encaminhar o
assunto a seu marido, quem era o cabeça e aquele que tinha de fazer
qualquer decisão que se precisasse fazer.
Em segundo lugar, a serpente dirigiu atenção a uma limitação, em vez da
permissividade ampla e quase sem limite. Só uma coisa Deus havia
negado ao homem no Jardim; tudo demais lhe era livremente dado, e não
havia falta de nada que o homem pudesse precisar ou desejar; mas, ele
esqueceu tudo isso, e a serpente dirigiu atenção a única coisa que seria
pecado se o homem tivesse participação. Não daria para incitar rebelião se
a atenção do homem fosse direcionada somente para o que era lícito ao
homem; para que seja levado a se rebelar contra a vontade de Deus, o
homem tem primeiramente de ser induzido a desejar o que é proibido e
ilícito.
Em terceiro lugar, a serpente fez um acréscimo à Palavra, e assim reverteu
seu sentido: “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis”

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(Gênesis 3:4). Ela acrescentou apenas uma palavra, e essa palavra era
uma das menores da língua hebraica composta por somente duas letras
nos manuscritos originais, mas mudava completamente o sentido do
mandamento. Os tradutores modernos da Bíblia precisam considerar como
o diabo ainda está usando esse mesmo modo de corromper a Palavra ao
conduzir homens negligentes a corromper gradualmente a Bíblia com suas
paráfrases e traduções livres.
Em seguida, em quarto lugar, a serpente contestou os motivos de Deus por
negar o fruto dessa única árvore ao homem: “Porque Deus sabe que no dia
em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus,
sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3:5). O próprio nome “diabo” significa
“difamador”, e é isso o que o diabo faz; ele difama Deus ao homem,
conforme ele fez aqui, então ele difama os homens salvos a Deus,
conforme fez em Jó 1:9 11; 2:4 5. Para Eva, Satanás difamou Deus, e
afirmou que o único motivo de Deus ao negar a eles o fruto dessa árvore
era impedi-los de se tornarem como Ele: “Deus sabe que… sereis como

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Deus” (palavra hebraica Elohim = o Deus Triúno). Ele fez com que os
motivos de Deus para negar essa única coisa a eles fossem totalmente
egoístas, pois se ele puder fazer Deus parecer egoísta, ele poderá dar
alguma desculpa aparente ao homem para agir de modo egoísta.
Em quinto lugar, a serpente apelou para as três vias principais de tentação
ao incitar à rebelião. João declara que “tudo o que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida,
não é do Pai, mas do mundo” (1 João 2:16). Quase todas as tentações
vêm mediante umas dessas três vias, e assim foi com Eva. “E viu a mulher
que aquela árvore era boa para se comer” (Gênesis 3:6), — aí estava a
concupiscência da carne — “e agradável aos olhos” — a concupiscência
dos olhos — “e árvore desejável para dar entendimento” — o orgulho da
vida — “tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele
comeu com ela” Foi com essas mesmas três vias que Acã foi levado a
pecar (Josué 7); essas três coisas participaram no pecado de Davi com
Bate-Seba (2 Samuel 11); e essas três vias são todas proeminentes na

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tentação de Cristo no deserto (Mateus 4). Parece bem provável que


poderia-se categorizar qualquer tentação sob uma dessas três formas de
tentação.
Em sexto lugar, essa tentação que a serpente apresentou para Eva era de
natureza muito semelhante à natureza mediante a qual o próprio Lúcifer
havia caído; ele incitou rebelião através de uma ambição profana de ser
como o próprio Deus (Gênesis 3:5), e ele expressou sua própria ambição
profana desse mesmo jeito: “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu,
acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas
das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:13-14).
Ao incitar o primeiro casal a se rebelar, a serpente usou um pouco de
verdade, pois a falsidade pura apresenta pouca tentação, pois é vista em
toda a sua feiúra excessiva, mas se incluir um pouco de verdade, o homem
se justificará e cairá presa fácil à tentação. Se Adão, em seu estado de
inocência, caiu nesse pecado sabendo plenamente que era pecado,

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conforme assim logo veremos, então é de pouco maravilhar que o homem


em seu presente estado caído ceda tão fácil às seduções do maligno
quando lhe são apresentadas de forma tão atraente.
Entretanto, uma coisa é ser tentado, e outra bem diferente é ceder à
tentação, e não se deve confundir essas duas coisas, pois está escrito:
“Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for
provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que
o amam” (Tiago 1:12). Uma tentação é simplesmente uma prova, e se
torna uma bênção para quem está sendo tentado, quando ele não cede a
ela; só se torna pecado quando se cede à tentação, conforme está escrito:
“Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria
concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o
pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:14-15).
Assim, deve-se reconhecer que todas as forças do diabo no mundo não
conseguem vencer contra as fortificações da alma do homem e tomá-las, a

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menos que o homem primeiro abra a porta do lado de dentro. Portanto,


isso nos leva a considerar:
III. A REVOLTA INDUZIDA.
Bem disse alguém: “O pecado é a declaração do homem da sua
independência de Deus.” Na verdade, em análise final tudo se resume a
isso. É simplesmente uma questão da teimosia e egocentrismo do homem,
em vez de submissão à vontade de Deus e ao mandamento de Deus.
Conforme já dissemos, todos os demônios do diabo não poderiam forçar o
homem a pecar; o diabo de fato o incitou a pecar, mas foi uma
transgressão voluntária do homem, pela qual apenas ele tem de dar contas
no tribunal final diante de Deus.
Mas das duas pessoas, a maioria quer fazer de Eva a mais culpada. É
assim principalmente entre aqueles cujas mães, por sua maldade ou
hipocrisia, lhes deram um suposto motivo para desrespeitar as mulheres
em geral, ou até odiá-las. Mas as Escrituras não estão de acordo, pois
mostram que a culpa maior foi de Adão, e por várias razões.

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Em primeiro lugar, Eva foi enganada nesse assunto que, embora não a
desculpe, pelo menos atenua sua culpa. Eva não havia recebido esse
mandamento diretamente de Deus, mas o havia recebido pela palavra da
boca de Adão; como conseqüência, ela não entendia tudo o que estava
envolvido nas restrições acerca da árvore do conhecimento do bem e do
mal. Em resposta à pergunta da serpente quanto a se eles poderiam comer
de todas as árvores do jardim, ela disse que essa árvore específica lhes
havia sido negada, mas note o motivo que ela deu para isso: “Disse Deus:
Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais” (Gênesis 3:3).
Aí, ela fez um acréscimo ao mandamento de Deus “nem nele tocareis”, que
não fazia parte do mandamento original. Ao mesmo tempo, ela reduziu a
pena de morte no mandamento original, a só uma possibilidade de morte:
“para que não morrais” Obviamente, então ela tinha inventado desculpas
para a questão toda, e havia concluído que Deus havia restringido essa
árvore específica por causa de seus possíveis efeitos venenosos sobre
eles, e a possibilidade de morte para eles por comer de seu fruto. Note o
contraste entre o mandamento de Deus… “certamente morrerás” (Gênesis

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2:17), e a interpretação de Eva acerca do mandamento: “para que não


morrais” (Gênesis 3:3). Se assim é, então dá para entender facilmente
como ela foi presa fácil ao engano da serpente, principalmente se ela a viu
comer do fruto da árvore sem nenhum efeito maléfico, conforme parece
estar indicado que ela fez em Gênesis 3:6: “E viu a mulher que aquela
árvore era boa para se comer…”
Em nossa própria época observamos essa mesma forma de tentação se
tornando bem predominante em que muitas jovens justificam as relações
sexuais antes do casamento na base de que o mandamento original de se
abster era simplesmente uma precaução para que as mulheres não
concebessem filhos fora do casamento, mas que com a invenção de tantos
dispositivos anticoncepcionais, reduziu-se esse perigo ao mínimo, e
conseqüentemente o mandamento não mais está em vigor. Mas assim
como as restrições que Deus impôs ao redor dessa árvore no Éden eram
provas da obediência do homem que nenhuma quantidade de raciocínio

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poderia remover, assim também a Lei Moral não pode ser enfraquecida
pelos homens ímpios.
Em segundo lugar, Adão foi o mais culpado dos dois porque ele pecou
deliberadamente, sabendo plenamente de tudo o que estava envolvido em
seu ato: “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu
em transgressão” (1 Timóteo 2:14). Não há como negar que Eva
transgrediu, mas ela foi enganada e levada a pecar, algo que não se podia
dizer de Adão, pois ele entrou nesse pecado com pleno conhecimento,
como diz B. H. Carroll:
Ele não foi enganado. Ele sabia o que Deus havia dito e que o que o diabo
sugeriu para Eva era o que Deus não tinha dito. Ele cria que se ele
comesse desse fruto significava morte. Ele nunca duvidou da palavra de
Deus. Mas ele deliberadamente comeu desse fruto porque a mulher assim
o pediu. Inquestionavelmente, o pecado de Adão foi maior do que o pecado
de Eva, e a morte que reinou sobre este mundo não veio porque Eva
pecou; não pense isso. Veio porque Adão pecou. A raça humana não caiu

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em Eva. Eles se recuperaram em Eva mediante o Salvador que é semente


dela, mas não do homem. Caímos em Adão. Ele não tinha nenhuma
desculpa qualquer. Ele preferiu a mulher a Deus; essa foi a desculpa dele.
— An Interpretation of the English Bible (Uma Interpretação da Bíblia em
Inglês), Vol. I, pp. 105 106. Broadman Press, Nashville, 1947.
Logo que Eva comeu esse fruto, ela se colocou sob a maldição da morte
espiritual, e Adão não podia agüentar ficar separado dela, então ele
escolheu de modo semelhante comer do fruto proibido e morrer com ela;
ele preferiu sua esposa a seu Deus. Quantas pessoas de modo igual
permitam membros de sua família ter a preeminência sobre a devida
fidelidade a Deus.
Mas em terceiro lugar, Adão foi o mais culpado dos dois, porque ele
poderia ter usado sua autoridade para intervir sobre sua esposa em
qualquer momento dessa transação toda, e tê-la impedido de comer do
fruto proibido, e se tornar uma criatura caída. Adão não apareceu ali
simplesmente depois que toda a tentação já havia ocorrido, e Eva e a

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serpente não o procuraram depois que tudo estava terminado; Adão estava
ali em silencio, durante a situação inteira, observando sua esposa sendo
tentada, enganada e morrer espiritualmente, pois quando Eva havia
comido desse fruto proibido, ela “deu também a seu marido, e ele comeu
com ela” (Gênesis 3:6). É bem difícil justificar Adão de algum jeito quando
consideramos todos esses fatores, pois ele foi covarde e sem princípios,
para dizer no mínimo, ao permitir que sua esposa entrasse na encrenca em
que ela estava sem nenhuma palavra de aviso ou admoestação. Contudo,
o pior é que ele tentou passar a culpa para Eva, e por insinuação a Deus,
que havia lhe dado Eva: “Então disse Adão: A mulher que me deste por
companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gênesis 3:12). Desde esse
primeiro pecado na raça humana, o homem parece ter uma fraqueza inata
de sempre tentar culpar alguém ou algo que não seja a si mesmo por seus
pecados, mas isso nunca funciona, pois o velho ditado é: “Cada um por si.”
Em quarto lugar, a culpa de Adão era maior porque ele permanecia, para
com seus descendentes, num relacionamento diferente do que estava Eva,

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pois embora Eva fosse a “mãe de todos os viventes” (Gênesis 3:20), porém
Adão era o cabeça natural de toda a raça humana, e além de ser o
progenitor de todos os homens, ele também representava cada um de seus
descendentes na transgressão. Pois é evidente que o pecado de Adão foi
imputado a todos os seus descendentes, pois está escrito: “Portanto, como
por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim
também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”,
(Romanos 5:12); e de novo: “Porque, como pela desobediência de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um
muitos serão feitos justos” (Romanos 5:19). “Porque assim como a morte
veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um
homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos
serão vivificados em Cristo” (1 Coríntios 15:21-22) W. G. T. Shedd
observou com relação ao texto em Romanos 5:12:
Esse pecado é imputado à união que o cometeu, é parte natural e integral
dessa união e é propagado a partir dessa união. Conseqüentemente, todos

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os detalhes com relação ao pecado que se aplicam à união ou natureza


comum se aplicam igualmente e rigorosamente a cada parte individual
dela. — Dogmatic Theology (Teologia Dogmática), Vol. II, p. 43. Zondervan
Publishing House, Grand Rapids, sem data.
Havia uma união na raça inteira, e essa união era centrada em Adão, como
o cabeça natural da raça. Toda pessoa que já viveu na terra, exceto Cristo,
era uma semente em Adão quando ele pecou, e como conseqüência disso
todos pecamos em e com Adão, e como conseqüência da natureza
depravada que herdamos pela natureza de Adão, todos ratificamos o
pecado de Adão de um jeito ou de outro logo que chegamos à idade de
prestar contas. J. M. Pendleton observa:
Os filhos apóstatas de Adão muitas vezes culpam seu antepassado
apóstata pela desobediência dele, mas eles praticamente a endossam logo
que estão em condições de discernir entre o bem e o mal. Eles
invariavelmente escolhem o mal e rejeitam o bem. A natureza depravada
deles mostra sua depravação em sua preferência dos caminhos de

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pecado. Eles amam mais as trevas do que a luz. — Christian Doctrines


(Doutrinas Cristãs), p. 174. American Baptist Publication Society,
Philadelphia, 1878.
Há também verdade na declaração de A. J. Mason de que “Aquilo que por
nascimento foi nosso azar se tornou por escolha nossa transgressão” (The
Faith of the Gospel [A Fé do Evangelho], p. 117. Rivingtons, London,
1889). Assim, na revolta de Adão, havia muitos efeitos de longo alcance,
que não cessaram até hoje, mas diferente das pequenas ondas
provocadas por uma pedra que atiramos num lago, as ondas do pecado
ficam cada vez maiores com cada geração que passa, de modo que agora
se tornaram grandes ondas. Mas esse assunto entra na nossa próxima
meditação, que é:
IV. OS RESULTADOS INCORRIDOS.
Conforme já observamos, Adão pecou, não como indivíduo, mas como o
cabeça natural da raça humana, pois toda a humanidade estava nele como
semente no momento de sua revolta contra Deus, e conseqüentemente,

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aos olhos de Deus, todos eles tiveram parte em sua transgressão. Que
Deus olha para os homens como sendo um com seus pais antes do
nascimento deles é evidente a partir de Hebreus 7:9 10: “E, por assim
dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos.
Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe
saiu ao encontro” (Hebreus 7:9-10). O princípio é o mesmo em ambos os
casos, exceto que se vê que no caso de Adão todos os seus descendentes
estão nele no momento de seu pecado, e estão em estado de culpa com
ele. Temos também de recordar que Adão foi o primeiro homem criado,
que ele tinha acabado de ser feito, novinho em folha e perfeito, pelas mãos
do Criador, e que ele não tinha fragilidades naturais, nenhuma inclinação
ao pecado, nem qualquer outra coisa que trabalhasse contra seu caráter
santo; mas se, apesar de tudo isso, ele ainda pecou e se rebelou contra
Deus, então é certo que todos os seus descendentes, agora possuindo
uma natureza caída e depravada, se fossem colocados nas mesmas
circunstâncias e situação, pecariam sem demora e com mais certeza.

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O primeiro e maior resultado do pecado do homem foi a morte que havia


sido ameaçada desde o início por comer do fruto da árvore proibida. No
entanto, isso não foi principalmente morte física, embora seja evidente que
a morte física é conseqüência desse pecado. O Dr. S. J. Baird bem disse
acerca disso:
Que a morte física não era a idéia imediata expressa pela palavra morte na
pena da lei é ainda mais evidente a partir de várias considerações. Se esse
foi o sentido, nossos pais que pecaram tinham realmente de retornar ao pó
no dia da transgressão. A lei era: “No dia em que dela comeres,
certamente morrerás” Mas Cristo foi colocado debaixo da lei, “para que
pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E
livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida
sujeitos à servidão” (Hebreus 2:14-15). Ele “aboliu a morte” (2 Timóteo
1:10); e assegura à enlutada Marta: “Quem crê em mim, ainda que esteja
morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês
tu isto?” (João 11:25-26). Contudo, de todos os que então ouviram e

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creram, e de todas as gerações posteriores que confiaram nessas


promessas muito grandes e preciosas, nenhum escapou de voltar ao pó…
Como se para marcar com ênfase o fato de que a palavra morte de modo
oportuno expressa ira, as Escrituras repudiam seu uso, no caso do povo de
Deus. Veja Mateus 9:24; João 11:11; 1 Tessalonicenses 4:14; 5:9 10. —
The Elohim Revealed (A Revelação de Elohim), pp. 274 276. Lindsay and
Blakiston, Philadelphia, 1860.
Ao comer do fruto da árvore proibida, Adão imediatamente se tornou uma
criatura pecadora e caída, que estava debaixo da ira de Deus, e isso
parece ser o que quer dizer principalmente a palavra “morte” em Gênesis
3. É verdade que Adão e Eva imediatamente ao comerem do fruto proibido
se tornaram mortais, isto é, criaturas que morrem, e é também certo que
eles foram julgados espiritualmente mortos até que nascessem de novo
pela fé no prometido Redentor, mas a morte ameaçada era a ira de Deus
que tem por necessidade de cair sobre todo filho de Adão até que ele seja
redimido da queda.

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Numerosas outras calamidades resultaram do pecado do homem, e essas


encontram-se enumeradas em Gênesis 3; primeira, Deus multiplicou a dor
e a concepção da mulher de modo que ela daí em diante concebesse mais
frequentemente (Gênesis 3:16), e essa parte da maldição evidentemente
envolvia, para a mulher sofrimento, conforme sugere a palavra “dor” Mas
isso também seria uma maldição sobre o homem, pois a maioria dos
homens sofre mentalmente quando vê a esposa sofrendo fisicamente.
Segunda, a mulher foi subordinada ao homem de um jeito e grau diferente
do que era inerente na criação (1 Timóteo 2:12 13; 1 Coríntios 11:8 9). Não
se sabe exatamente o que se quer dizer com “o teu desejo será para o teu
marido” (Gênesis 3:16), mas é óbvio que como conseqüência do pecado
de Adão e Eva, seu relacionamento original foi de tal maneira atrapalhado
que não era mais a bênção que era antes da queda.
Terceira, a própria terra estava amaldiçoada, de modo que dali em diante
já não tinha disposição de dar seu fruto, e esse fruto só viria em resposta
aos cansativos trabalhos do homem na lavoura. “…maldita é a terra por

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causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gênesis
3:17). Desde o passado até o momento presente, essa mesma condição
continua inalterada, e continuará desse jeito até que a própria terra seja
redimida junto com o corpo do homem. “Porque a criação ficou sujeita à
vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na
esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos
que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.
E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito,
também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a
redenção do nosso corpo” (Romanos 8:20-23).
Quarta, a queda do homem trouxe como conseqüência a dor — dor para a
mulher em sua esfera de vida (Gênesis 3:16), e dor para o homem em sua
esfera de vida (Gênesis 3:17). Antes de pecarem, nem Adão nem Eva
tinham em momento algum chorado, nem tinham seus corações sofrido de
tristeza e pesar, mas depois de pecarem, essa condição se tornaria uma

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experiência de vida permanente com breves pausas ocasionais. Doença,


pecado, morte, desapontamento, privação e muitas outras coisas tornam
essa vida atual uma vida de muita tristeza no coração.
Quinta, como conseqüência da maldição sobre o solo, haveria o perigo
constante de frustração na tentativa do homem de arrancar da terra
indisposta seu meio de sustento de vida. “Espinhos, e cardos também, te
produzirá” (Gênesis 3:18a). Sem dúvida essa maldição não estava restrita
só à ocupação da lavoura, mas tem aplicação a todas as ocupações.
Contudo, em nenhuma outra ocupação essa maldição é mais evidente do
que na lavoura, pois todas as boas colheitas têm de receber todo o cuidado
a fim de que produzam, enquanto há a batalha constante contra todos os
tipos de ervas daninhas, que sempre estão florescendo e se reproduzindo
de forma extraordinária, sufocando as plantas boas.
Sexta, o trabalho do homem seria cansativo e desagradável a sua
existência terrena inteira (Gênesis 3:19): “No suor do teu rosto comerás o
teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és

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pó e em pó te tornarás” Nunca foi a intenção de Deus que o homem ficasse


ocioso, e por esse motivo até mesmo antes da queda, o homem tinha a
tarefa de cultivar o jardim (Gênesis 2:15), e mesmo depois que a terra tiver
sido redimida e purificada de todas devastações de pecado, o homem
estará ainda ocupado servindo Deus (Apocalipse 22:3), mas isso é uma
disparidade desapontante do trabalho cansativo que é o destino da
humanidade caída por causa da maldição.
Sétimo, a morte física foi conseqüência da maldição, pois está escrito:
“…até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e
em pó te tornarás” (Gênesis 3:19). A morte é a conseqüência natural do
pecado, e o segue certamente, exatamente como escreve Tiago: “Depois,
havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado,
sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:15). A morte física não é a pior
parte da maldição, mas é um lembrete muitíssimo claro e constante ao
homem de sua condição caída.

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Numa palavra, o caos foi conseqüência do pecado e queda de Adão, pois


não só ele atirou sua própria descendência à ruína, mas também trouxe
devastação à criação inteira. No entanto, há uma bendita esperança, pois
notamos finalmente:
V. A INTERVENÇÃO DA REDENÇÃO.
Por seu pecado o homem mereceu a morte eterna, mas Deus em Sua
graça e misericórdia planejou a redenção; isso e mais, Ele a supriu antes
da fundação do mundo. A queda do homem não pegou Deus de surpresa,
pois a provisão da redenção do homem foi feita antes que o homem
chegasse a existir, e assim antes que surgisse a necessidade. Assim está
escrito que Cristo é “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”
(Apocalipse 13:8). Não só isso, mas também está escrito que “…nos
elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor” (Efésios 1:4).
A provisão de Deus envolvendo redenção antedata a existência do homem,
e também a sua necessidade, mas foi proclamada imediatamente quando

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surgiu a necessidade, pois a primeira promessa acerca do Redentor que


viria se registra em Gênesis 3:15: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar”
Mas não só houve a proclamação de uma provisão de redenção, mas
também houve a provisão de um lugar de adoração em que Deus se
encontraria com o homem e aceitaria sua oferta: “E havendo lançado fora o
homem, pós querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada
inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”
(Gênesis 3:24). Os querubins simbolizam a presença de Deus, e o lugar
em que Ele se encontraria com o homem, conforme está escrito: “E ali virei
a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins
(que estão sobre a arca do testemunho)…” (Êxodo 25:22).
Vamos entender que imediatamente depois da queda do homem a graça
interveio. Primeiro, com a promessa de um Redentor que destruiria as
obras do diabo. Segundo, com uma veste simbolizando a justiça de Cristo.

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Terceiro, com um propiciatório indicando o método pelo qual se poderia se


aproximar de Deus para obter salvação. Desse tempo em diante até a
época do dilúvio esse propiciatório está a leste do jardim e quem quiser ter
parte na árvore da vida e viver para sempre tem de ir até Deus onde ele
habita entre os querubins, onde o Shekinah simboliza sua presença, e para
que possamos só nos achegar a Ele no sangue de uma expiação. — B. H.
Carroll, An Interpret¬ation of the English Bible (Uma Interpretação da Bíblia
em Inglês), Vol. I, p. 112. Broadman Press, Nashville, 1947.
Que uma redenção foi realmente suprida para Adão e Eva é
completamente certa a partir da representação simbólica quando Deus lhes
supriu veste para cobrir a nudez deles, matando animais e tirando suas
peles: “E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e
os vestiu” (Gênesis 3:21). As Escrituras utilizam a nudez bem comumente
como símbolo de pecaminosidade ou falta de justiça, enquanto a provisão
de vestes simboliza a imputação da justiça de outro para um pecador. O
fato de que essas vestes eram peles de animais indica que a fim de que se

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cobrisse a injustiça do homem, outro tinha de morrer em seu lugar, e assim


apresenta a doutrina da substituição. O fato de que o próprio Deus supriu
essa veste para Adão e Eva mostra que Deus Se agradou a suprir o
Substituto com cuja morte o homem poderia ser perdoado.
Esse versículo nos dá um quadro típico da salvação de um pecador. Foi o
primeiro sermão do Evangelho, pregado pelo próprio Deus, não em
palavras, mas em símbolo e ação. Foi a apresentação do caminho pelo
qual uma criatura pecadora poderia retornar para e se aproximar ao seu
Criador santo. Foi a declaração inicial do fato fundamental de que “sem
derramamento de sangue não há remissão” Foi uma bendita ilustração de
substituição — o inocente morrendo no lugar do culpado. — A. W. Pink,
Gleanings in Gênesis (Coletâneas de Gênesis), p. 44. Moody Press,
Chicago, 1922.
O homem, por seu pecado, se tornou uma criatura caída e totalmente
depravada, e assim levou a maldição que havia sido declarada com
relação à transgressão do mandamento original de Deus. Ele mereceu

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somente o inferno, e jamais poderia por suas próprias obras ser outra
coisa, de modo que se ele chegasse a ser redimido, tinha de ser por graça
— isto é, totalmente sem levar em consideração as virtudes por parte dele,
e é assim as Escrituras representam universalmente a obtenção da
salvação — pela graça. Mas a própria redenção não é pela graça, pois foi
Cristo quem a realizou, ao pagar o preço total pelo resgate do homem da
maldição da lei. Aliás, “redimir” significa “comprar do mercado de
escravos”, ou “libertar por pagar o preço” A redenção é a grande realização
de Cristo para resgatar o homem da queda, enquanto a salvação é o
grande resultado disso que se dá ao homem caído gratuitamente. Assim, o
homem não tem nenhuma necessidade de tentar fazer uma redenção para
si pelas seguintes razões: (1) É impossível para ele em sua condição caída
e depravada fazer qualquer coisa que seria aceitável a Deus. (2) Cristo já
realizou tudo o que era necessário para a redenção do homem. (3) A
tentativa de realizar uma redenção para si é negar ou a eficácia ou a
disponibilidade da redenção de Cristo, e assim apresentar uma afronta ao
Pai também. Soluciona-se isso de forma bem simples: o homem tem de ou

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gratamente aceitar a redenção que se fez, ou ficar sem redenção e entrar


na eternidade sem Cristo. Não há alternativa.
A redenção é parte daquele assunto amplo e muito grande, a expiação, ao
qual esperamos dar atenção num estudo subseqüente, e assim por ora nos
contentamos em dar apenas um esboço sugestivo de redenção para o
leitor estudar mais. As Escrituras apresentam as coisas seguintes acerca
da redenção: I. A Redenção Proposta. II. A Redenção Prefigurada (nos
sacrifícios do Antigo Testamento). III. A Redenção Comprada. IV. A
Redenção Pregada. V. A Redenção Aperfeiçoada (completada no
Arrebatamento). VI. A Redenção Louvada (a canção dos santos na
eternidade).
O pecado original do homem foi um pecado de toda a humanidade, e atirou
a raça humana inteira a um estado de caos do qual só havia recuperação
mediante a sabedoria e operação de Deus, mas a verdade bendita é que o
homem ganha mais com a redenção que está em Cristo Jesus, do que ele
perdeu com sua queda em Adão. Contudo, isso ele ganha não por suas

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próprias obras ou esforços, mas exclusivamente pelo favor imerecido e


imerecível de Deus. Todo louvor, então, a Deus e a Ele somente.

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