Choque Aula PED

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 42

CHOQUE

Profa. Maria do Carmo Barros de Melo


Profa. Priscila Menezes Ferri Liu

Departamento de Pediatria da Faculdade de


Medicina - UFMG
ATENÇÃO: Para melhor aproveitamento desta aula, é importante que você
tenha já estudado a aula de atendimento inicial ao paciente gravemente
enfermo.
Diferentes Etiologias

Falência respiratória Choque

Falência cardiorrespiratória

Parada cardiorrespiratória
Definição de choque
v Choque é uma situação clínica na qual
existe uma perfusão inadequada para as
necessidades metabólicas dos tecidos
v Choque pode existir com pressão arterial
normal ou diminuída
Conhecimento Essencial
e Habilidades

1. Reconhecer o choque
2. Descrever as prioridades na condução
do choque
3. Assistência ventilatória e/ou oxigenoterapia
CASO CLÍNICO

• Criança de 15 meses, com história de


diarréia, vômitos há 3 dias. Hoje pela
manhã recusou mamadeira, está sonolento
e letárgico.
Avaliação do paciente
• Para a abordagem correta de um paciente gravemente
enfermo é necessário fazer uma sequência de quatro
avaliações:
– Geral ou Impressão Inicial
– Primária Avaliar Identificar

– Secundária
– Terciária
  Intervir
Lembre-se!
Em cada fase é importante:
Avaliar Identificar Intervir
Propiciando atendimento e abordagem adequados ao paciente.
Avaliação do paciente
– Impressão inicial – sonolento, letárgico, esforço
respiratório leve com respiração acidótica, palidez
cutânea.
– Avaliação primária: ABCDE
• Abrir vias aéreas: patentes.
• Boa respiração: respiração acidótica, FR= 45 irpm,
entrada de ar adequada.
• Circulação: FC: 178 bpm, pulso central presente,
pulsos periféricos finos, perfusão capilar de 4
segundos, palidez cutânea, pressão arterial
sistólica= 90mmHg
• Disfunção: Responsivo ao chamado, sonolento,
letárgico.
• Exposição: Temperatura: febril, petéquias.
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO
FISIOLÓGICO
CHOQUE COMPENSADO
PRIORIDADE DE TRATAMENTO
• Manter vias aéreas pérvias
• Administrar O2 suplementar, conforme a tolerância
• Garantir adequada ventilação
• Monitorizar: FC, oximetria de pulso, débito urinário
• Providenciar acesso vascular rapidamente
• Iniciar expansão de volume
CHOQUE COMPENSADO
Medidas importantes
• Mantenha via oral suspensa
• Mantenha o ambiente e temperatura corporal
do paciente normais
• Solicite exames complementares
• Faça o diagnóstico diferencial
• Inicie terapêutica específica
Avaliação do paciente
3. Avaliação secundária:
– História: AMPLA ou SAMPLE! (alergias,
medicamentos, passado médico, líquidos e
última refeição e ambiente)
– Exame físico da cabeça aos pés: sinais vitais
(frequências respiratória e cardíaca, pressão
arterial, saturação de oxigênio), cabeça-olhos-
nariz e garganta/pescoço, coração e pulmões,
abdome, pelve, extremidades, região dorsal,
exame neurológico.
 
Resumo da Avaliação

Exame Físico - Vias Aéreas


• Pérvias
• Sustentáveis
• Não sustentáveis sem intubação
Resumo da Avaliação
Exame Físico - Respiração

• Frequência
• Esforço / Trabalho
• Entrada de ar
• Coloração da pele e temperatura
Resumo da Avaliação
Exame Físico - Circulação
• Frequência cardíaca
• Perfusão sistêmica
- Pulsos periféricos
- Perfusão da pele
- Nível de consciência
- Débito urinário
• Pressão sanguínea
• Abdome: hepatomegalia dolorosa?
Resumo da Avaliação
Avaliação Neurológica Rápida
Nível de Consciência

• A — Acordado
• V — Responde a estímulo Verbal
• D — Responde a estímulo Doloroso
• N — Não responde
Resumo da Avaliação
Exposição
• Temperatura axilar
• Lesões cutâneas
• Sangramentos
• Outros dispositivos: sondas, cateteres,
imobilizações, dispositivos de suporte
ventilatório (traqueostomia), ostomias
(gastrostomia, colostomia)
Revisão dos Achados de
Exame Físico no Choque
Sinais precoces (compensado)
• Aumento da frequência cardíaca
• Perfusão sistêmica ruim

Sinais tardios (descompensado)

• Pulsos centrais fracos


• Alteração do nível de consciência
• Diminuição do débito urinário
• Hipotensão
Resumo do CASO
Vômitos,  diarreia  e  
febre  

Choque  

Hipovolêmico?  
Sép=co?  

Compensado  
(Normotensivo)  
CONSIDERAÇÕES
IMPORTANTES SOBRE
CHOQUE
Enchimento Capilar
O tempo de enchimento capilar normal é
< 2 segundos em ambiente aquecido.
Principais Anormalidades no Choque

Vias aéreas e Ventilação


Respiração
Oferta de
oxigênio
Circulação
Perfusão
Choque Descompensado
• O choque descompensado ocorre quando:

- Os mecanismos compensatórios falham em manter o


débito cardíaco adequado

- A pressão sanguínea cai

Deterioração contínua pode levar ao choque irreversível


Resposta Hemodinâmica à Hemorragia
140 Resistência
vascular

100
% de controle

60

Pressão
20 Débito sanguínea
cardíaco

25 50 75
% perda volume sanguíneo
Débito Cardíaco = Frequência cardíaca X
Volume sistólico

Inadequado Compensação

• Aumento da frequência
cardíaca
• Aumento da resistência
vascular sistêmica
• Possível aumento do
volume sistólico
Frequência Cardíaca em
Crianças Normais
Idade Faixa
Recém-nascido a 3 meses 85 – 200 bpm

3 meses a 2 anos 100 – 190 bpm

2 a 10 anos 60 – 140 bpm


Medida PA
Idade Percentil 5 em mmHg
Pressão Sistólica

0 a 1 mês 60
> 1 mês a 1 ano 70
>1 ano 70 + (2 x idade em anos)

> 12 anos 90
Perfusão Renal
Débito urinário (normal: 1 a 2 mL/Kg por hora)
Reflete
üTaxa de filtração glomerular
Reflete
üFluxo sanguíneo renal
Reflete
ü Perfusão de órgão vital
Acesso Vascular

• Veia Periférica

• Acesso Central

• Acesso Intraósseo
 
 
Acesso Vascular
ACESSOS SÍTIOS DE PUNÇÃO
Periférico Veias periféricas dos membros superiores e inferiores: basílica,
mediana cubital, dorsais digitais, safena magna, arco venoso
dorsal dos pés.

Intraóssea Região ântero-medial da tíbia proximal, 1 a 3 cm distal à


tuberosidade tibial. Em adolescentes e crianças maiores pode-se
utilizar a região anterior e distal da tíbia, a crista ilíaca e o fêmur
distal.

Dissecção da Face interna distal do membro inferior, região ântero-superior do


veia safena maléolo medial da tíbia.
magna
Central Veia femoral: entre a crista ilíaca ântero-superior e o tubérculo
púbico, medialmente à artéria femoral.
Veia subclávia: continuação da veia axilar após cruzar a borda
lateral da primeira costela. Situada, na maior parte do seu
curso, ao longo da face inferior da clavícula.
TIPOS DE CHOQUE E
TRATAMENTOS
ESPECÍFICOS
Causas de Choque
• Hipovolemia
• Distribuição inapropriada do fluxo sanguíneo
• séptico
• anafilático
• neurogênico

• Cardiogênico (incluindo arritmias)


Fluxograma para tratamento do choque
Independente do tipo de choque
• Primeira hora:
– Reconhecer alteração do estado mental e perfusão.
– Prover SBV.
– Oferecer oxigênio (FIO2=1,0) e assegurar via
aérea e ventilação adequada.
– Estabelecer acesso vascular.
– Monitorizar oxigenação, frequência cardíaca e débito urinário.
– Fornecer volume para expansão. Em geral: bolus 20 mL/kg 1 a 4
vezes ou mais, reavaliando a resposta.
– Considerar infusão de drogas vasoativas
– Considerar exames: hemograma, lactato, glicose, cálcio,
culturas, radiografia de tórax, gasometria, PCR, função
renal e íons.
Fluxograma para tratamento do choque
Prioridade do Tratamento Inicial
VOLUME
• Solução fisiológica (NaCl 0,9%) em crianças:

§ 20 mL/Kg em Bolus (5 a 10 min)

§ 5 a 10 mL/Kg em cardiopatas, nefropatas (em

15 a 20 minutos)
§ Opções:

§ Ringer lactato

§ Reavaliações

§ Considerar Radiografia de Tórax


Fluxograma para tratamento do choque
• Se não houver resposta às medidas
iniciais:
– Considerar estabelecimento de acesso
venoso central.
– Começar droga vasoativa (titular a resposta):
• Normotensivo: dopamina.
• Hipotensivo vasodilatado (quente): norepinefrina.
• Hipotensivo vasoconstrito (frio): epinefrina.
Fluxograma para tratamento do choque
• Próximas  horas:  
– Reavaliar.  
– Avaliar  transfusão  se  hemoglobina  <  10g/dl.  
– O=mizar  saturação  de  oxigênio.  
– Avaliar  bolus  adicionais  de  volume.  
– Considerar  associação  de  aminas  vasoa=vas.  
– Se  choque  refratário  ou  dependente  de  aminas:  
Hidrocor=sona:  2  mg/Kg  em  bolus  (máximo:  100  mg.)  
Choque hemorrágico
Considerações específicas
• Obter 2 acessos vasculares calibrosos.
• Tipagem sanguínea ABO e Rh.
• Volume.
• Identificar e cessar a hemorragia.
• Sangue ou concentrado de hemácias.
Choque cardiogênico
Considerações específicas

• Volume restrito
(5 a 10mL/Kg em 15 a 20 min).
• Aminas vasoativas: dobutamina/milrinona
• Exames complementares específicos: ECG,
ecocardiograma, avaliação especialista.
 
Choque anafilático
Considerações específicas
• Reação  anafilá=ca:  localizada  ou  sistêmica,  manifestando-­‐se  por  
prurido,  angioedema,  ur=cária,  choque  anafilá=co  e  morte.  Podem  
associar-­‐se  sintomas  e  sinais  respiratórios  como  dispneia,  estridor  e  
sibilos.    

• Manifestações  cardiovasculares  variam  desde  discreta  taquicardia  


até  hipotensão  e  choque  no  primeiro  minuto  depois  da  exposição  
parenteral  ao  anYgeno,  mas  pode  haver  latência  de  até  60  minutos.    
 
• Na  exposição  a  anYgenos  orais,  as  manifestações  clínicas  podem  
retardar  até  duas  ou  mais  horas.    

• Nos  EUA  ocorre  cerca  de  500  a  1000  mortes  por  ano  por    
           anafilaxia.  
Choque Anafilático
Considerações específicas
Passos Ações
Identificar a anafilaxia Verificar a história, exame físico e tentar identificar o antígeno.
Verificar a integridade dos sinais vitais e o estado
hemodinâmico, conforme “ABC”.
Avaliação por profissional experiente em vias aéreas.
Administrar a adrenalina Adrenalina por via IM na dose de 0,2 a 0,5 mg (1:1000). Repetir
a cada 5 a 15 minutos, até 3 vezes, se necessário.
Auto injetor: adulto = 0,3 mg, pediátrico 0,15 mg.
Administrar Podem ser utilizados.
anti-histamínicos e/ou
beta 2 inalatório.
Administrar corticóide Pode ser utilizado
Ações simultâneas Oferecer oxigênio imediatamente.
Aplicar torniquete acima do ponto de introdução do antígeno, se
possível*. Medir pressão arterial.
Obter acesso venoso.
Choque Anafilático
Considerações específicas
Se hipotensão, Administrar solução fisiológica a 0,9% 20 mL/Kg em
perfusão capilar bolus, com reavaliação sequencial dos sinais de
maior que dois choque.
segundos e/ou Se adulto, 1000 mL de solução fisiológica.
pulsos finos

Após Orientar os pais ou responsáveis.


estabilização Identificar o prontuário (fita adesiva vermelha, por
exemplo).
Encaminhar o paciente para observação pelo período
de 24 a 48 horas, para hospital ou CTI, conforme a
gravidade do caso.
Choque – Pontos Essenciais
Identificar precocemente.  

Fazer avaliação adequada do paciente.  

Oferecer oxigênio.

Obter acesso venoso.

Volume.

Aminas?

Tratamento específico.
OBRIGADA PELA ATENÇÃO !

Você também pode gostar