Estagio Da Arte em Nampula

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Gerson Félix António

Tema: Analide do Estágio da Arte em Moçambique (Nampula)

Universidade Rovuma

Nampula

2023.

Gerson Félix António


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Tema: Analide do Estágio da Arte em Moçambique (Nampula)

Curso: Licenciatura em Educação Visual

Trabalho de caracter avaliativo a ser


submetido no Departamento de
Ciências tecnologias, na cadeira de
Estudos Contemporâneos da Arte
Moçambicana.
4o ano, IIᵒ semestre.
Crescêncio Chiuque.

Universidade Rovuma

Nampula

2023.

Índice
3

Introdução........................................................................................................................................4

Analise do Estágio da Arte em Moçambique (Nampula)................................................................5

Dificuldades enfrentadas por Artistas..........................................................................................5

Exclusão no benefício dos projetos de assistência e patrocínio criados pelo ministério


moçambicano da Cultura e Turismo............................................................................................5

Apelo aos moçambicanos.............................................................................................................6

Tomada de Iniciativa dos Artistas: Outras Modernidades, Novas Direções...................................6

Exploracao de Novos Campos De Criação..................................................................................8

Conclusão......................................................................................................................................11

Bibliografia....................................................................................................................................12
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Introdução
O presente trabalho da disciplina de Estudos contemporâneos da Arte Moçambicana, tem como
tema, Analise do Estágio da arte em Moçambique (Nampula). Assim, no desenvolvimento
deste trabalho, irei abordar em primeira instância, as dificuldades enfrentadas pelos artistas
locais, falta de patrocínio e envolvimento dos artistas nos projetos do governo relacionados a
área, propostas ou apelos feitos para a superação das dificuldades e descrição das novas direções
e novos campos de criação artística.

Portanto, a elaboração do presente trabalho foi efetivada pela leitura e analise de vários
documentos virtuais e paginas da internet, cuja referencia bibliográfica encontra-se na pagina
reservada para o efeito, e, apresenta a seguinte organização estrutural: introdução,
desenvolvimento, conclusão e bibliografia.
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Analise do Estágio da Arte em Moçambique (Nampula)


Dificuldades enfrentadas por Artistas
Na província moçambicana, os artesãos enfrentam dificuldades financeiras. Escultores e pintores
pedem aos cidadãos nacionais que valorizem a sua cultura.

Em Moçambique, apesar da trégua decretada por tempo indeterminado entre as forças do


Governo e da RENAMO, o maior partido da oposição, e a valorização do metical face ao dólar,
nos últimos meses, na província nortenha de Nampula, os artistas, principalmente pintores e
escultores, continuam a queixar-se da falta de clientes dos seus produtos artesanais.

Os artistas estão também preocupados com o facto de os principais clientes serem os cidadãos de
origem estrangeira e acusam os nacionais de não valorizarem a sua própria cultura.

Gilberto Pedro, de 40 anos, é responsável pela Galeria de Artes Maconde, uma das mais antigas
da província de Nampula, criada em 1974, ainda antes da independência de Moçambique.

Em entrevista à DW África, Gilberto Pedro, que é também escultor há mais de 20 anos, lamentou
a fraca adesão dos clientes aos produtos que ele e seus colegas produzem. O escultor diz não
perceber a real causa, uma vez que abrandou o clima de tensão político-militar que era a
justificação dada pelos clientes, na maioria, estrangeiros.

"Desde aquele tempo em que ficámos em guerra [2015], não temos sucesso no negócio. O
movimento dos clientes está muito fraco'', afirma o escultor.

Exclusão no benefício dos projetos de assistência e patrocínio criados pelo ministério


moçambicano da Cultura e Turismo.
Nampula (IKWELI) – Fazedores de artes e cultura baseados na província de Nampula, no norte
do país, queixam-se da sua exclusão no benefício dos projetos de assistência e patrocínio criados
pelo ministério moçambicano da Cultura e Turismo.

A titular da área, Eldevina Materula, esteve em visita de trabalho no maior círculo eleitoral do
país, e foi num encontro realizado com os artistas que estas queixas vieram à tona, incluindo a
ideia de que apenas artista do centro e sul do país são os que se têm beneficiado.
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O projeto “Arte no Quintal” foi um dos casos bastantes criticado na referida reunião havida na
última sexta-feira (30 de Abril). Esta iniciativa foi lançada em 2020, por forma a alavancar os
artistas dentro do período da pandemia da covid-19 que não permite a atuação destes.

Para o ano, 2021, o ministério da Cultura e Turismo se propõe a desenvolver o projecto


“Cantante”.

“O que eu fiz referência é que os projectos são bem-vindos nas províncias, tendo em conta a
situação da pandemia da covid-19, onde começamos a fazer o uso das tecnologias de ponta,
sobretudo, a Internet para a divulgação dos nossos trabalhos. Mas, para o caso da província de
Nampula, tal como as outras, temos artistas nos distritos recônditos que não usam telefones com
sistema Android, não usam essas plataformas digitais, como é que será para estes artistas? E nós
como Associação provincial havemos de ser questionados sobre isso. O que diremos? Então,
estávamos a chamar atenção no sentido de se olhar, também, os artistas que estão nas zonas
recônditas, de modo que sejam beneficiários destes projectos”, disse o músico e compositor
Sebastião Damas.

Para sustentar a sua preocupação, Sebastião Damas que, também, é secretário geral da
Associação dos Músicos de Nampula (AMUNA) usa o projecto “Arte no Quintal” que, segundo
ele, “este projecto foi difícil. Nós tentamos concorrer e nenhum de nós conseguiu. Como sabe, o
domínio da Internet alguns começaram agora, pelo menos eu não tenho nome de nenhum artista
daqui de Nampula que tenha conseguido se inscrever no Arte no Quintal, por isso chamo mais
atenção a ministra para que se possa rever a criação e implementação destes projectos”.

Apelo aos moçambicanos


Face a esta realidade, segundo Gilberto Pedro, os artistas são confrontados com sérios
problemas, desde dificuldades na compra da matéria-prima (madeira), no pagamento da renda da
galeria e da luz, bem como no sustento da família.

Segundo Gilberto, há dias em que não se vende nem uma peça de artesanato, ao contrário do que
acontecia em anos anteriores, quando a galeria recebia diariamente dezenas de apreciadores e
clientes.
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Os cidadãos de origem estrageira, sobretudo vindos da China, Portugal, Alemanha, Inglaterra, e


Estados Unidos da América são os principais compradores. Por isso, o responsável pela Galeria
de Arte Maconde lança um apelo aos moçambicanos: "Venham à nossa galeria apreciar e
comprar os nossos produtos”.

Tomada de Iniciativa dos Artistas: Outras Modernidades, Novas Direções


Gradualmente, mudanças, a nível interno e fruto do contexto global, influenciaram as condições
de produção e o discurso da arte em Moçambique, a partir da década de 90. Uma nova
constituição foi aprovada em 1990, o Acordo Geral de Paz foi assinado em 1992 e em 1994
tiveram lugar as primeiras eleições gerais multipartidárias. Moçambique vivia, após longos anos
de guerra, em paz. A arte não ficou alheia a este novo contexto criado no país, na região e no
mundo. Algumas alterações importantes neste cenário aconteceram por iniciativa de artistas.

1. Os primeiros workshops internacionais de arte realizados em Moçambique 50 foram uma


delas. Expuseram os artistas participantes a novos materiais e técnicas, estimularam a
exploração de diferenças e semelhanças e constituíram base de reflexão e inovação.
2. Permitiram romper o isolamento nacional, conhecer outras realidades artísticas,
principalmente na região da África Austral a viver mudanças políticas profundas,
familiarizar-se com novas correntes estéticas, mas também deixar para trás “a armadilha
da avaliação da ‘arte africana’ como exótica”. Apesar das mudanças que ocorriam, a
participação 51 de Moçambique na I Bienal de Joanesburgo em 1995 correspondeu à fase
de transição que se vivia: os quatro artistas selecionados foram (Alberto) Chissano
(falecido no ano anterior), Malangatana (Ngwenya), Reinata Sadimba e Titos Mabota
(1963-2017). Reinata Sadimba fora uma revelação recente e Titos Mabota começara a
tornar-se notado pela adoção de novas formas de expressão artística e pelo uso de novos
materiais ou de materiais alternativos.
3. Artistas mais jovens, com ou sem escola, afirmavam percursos pessoais, mais libertos,
afastando-se dos mestres, na escultura e na pintura, de tradições que já não tinham vivido,
sublinhando a sua individualidade. Impulsionadora de mudanças foi a Arte Feliz, uma
nova associação que integrava, entre vários outros jovens artistas, Bento Mukeswane
(1965-1999) e Gemuce (n 1963) e que se constituiu entre 1995 e 1996. Situavam-se entre
os chamados “artistas consagrados” e os “iniciantes.”
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A associação defendia a liberdade de expressão artística e a diferença e propunha-se


estimular o desenvolvimento das artes plásticas no país e a sua projecção internacional.
As suas actividades envolveram e marcaram os seus estudantes na Escola de Artes
Visuais, onde ensinavam, e outros jovens que aspiravam a tornar-se artistas. Para
Gemuce (comunicação pessoal) tratava-se da afirmação de uma geração de artistas e da
afirmação de novas expressões artísticas num contexto que consideravam fechado e hostil
à mudança. O resultado foi um período de grande vitalidade, de abertura e
experimentação, de amadurecimento de propostas e percursos artísticos, como o de
Gemuce, por exemplo.
4. O uso da pedra, do mármore, do metal, da argila, a combinação dos vários materiais
animou mesmo a escultura em madeira que se repetia e parecia ter esgotado. Celestino
Mondlane/Mudaulane (n 1972) e jovens ainda mais jovens como Tsenane (n 1979) ou
Titos Pelembe (n 1988) exploram criativamente a cerâmica abrindo novas possibilidades.
O desenho ganha mais visibilidade e também novos praticantes. A Malangatana,
Shikhani, Ídasse, Miguel César (n 1957), juntaram-se muitos jovens entusiasmados pelo
desenho. Destaca-se Famós (n 1978), recorrendo desde há alguns anos a uma abordagem
do desenho distinta da que é, em geral, praticada entre nós. A liberdade do desenho é
também característica de Lourenço Pinto (n 1980), com as suas narrativas onde tudo
parece acontecer ao mesmo tempo. Celestino Mondlane/Mudaulane associou à escultura,
que praticou durante bastante tempo, o desenho de grandes dimensões. Walter Zand (n
1978), um artista de múltiplos interesses, está cada vez mais à vontade, também no
desenho.
5. O projeto de recolha e transformação de armas em objetos de arte que envolveu muitos
jovens artistas do Núcleo de Arte produziu interessantes desenvolvimentos e propostas.
Alguns dos trabalhos, produzidos quer individualmente, quer em colaboração, foram já
amplamente divulgados. Kester (n 1966), Fiel (n 1972) ou Hilário Nhatugueja (1964-
2016) são, entre outros, nomes a reter. Destaco Gonçalo Mabunda (n 1975) que, desde
então, tem feito um percurso artístico diferenciado, produzindo trabalhos de grandes
dimensões, a lembrar Andries Botha com quem aprendeu, e experimentando outras
direcções. A sua pesquisa de materiais para incorporar/produzir as suas esculturas há
muito deixou de usar apenas as armas. Mas não resiste a uma AK 47, “é a que mata mais,
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por isso tem prioridade na destruição.”53 Diz que não tinha o sonho de ser escultor mas,
hoje, a escultura é a sua maior realização.54 Não se vê a fazer outra coisa, faz
regularmente exposições em Maputo, recebe convites vindos de diversas partes do
mundo, já mostrou os seus trabalhos em diferentes fora e já integrou exposições
itinerantes como, por exemplo, Africa Remix.

Inovadora na época foi também a proposta de Marcos Bonifácio Muthewuye (n 1972) quando,
então ainda bolseiro em Cuba, veio de férias a Moçambique. Apresentou-se em 1998 no Centro
Cultural Franco-Moçambicano e chamou a atenção com uma performance inspirada no Mapiko
do maconde.56 Procurava um diálogo entre o tradicional e o contemporâneo, ainda hoje muito
presente nos seus trabalhos mais recentes, combinando a sua experiência pessoal e as suas
experiências de formação e reflexão que passavam também pelo que acontecia na Bienal de
Havana. A formação em Cuba “abriu-me asas para o meu crescimento como artista”, disse
recentemente.57Volvidos vários anos, para este professor-artista a performance continua a ser
um meio privilegiado de expressão e lamenta que seja, tal como o vídeo, a instalação e outras
formas de arte contemporânea, ainda tão pouco presente na cena artística moçambicana.

Exploração de Novos Campos De Criação


Um número crescente de jovens, na última década, juntou-se às gerações anteriores de artistas
num espaço feito de escolhas individuais, de opções que se prosseguem tranquilamente, às vezes
quase à margem, mas também de competição e de vontade de provocar rupturas. Foi neste
contexto que surgiu o Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique-MUVART.
Integrando, entre outros artistas, Gemuce, Jorge Dias (n 1972), Anésia Manjate (n 1976), Marcos
B. Muthewuye, Ivan Serra (n 1978), Xavier Mbeve (n 1974), Vânia Lemos (n 1962), Carmen
Muianga (n 1974), foram onze os membros fundadores deste movimento.

Em actividade desde os anos 90, alguns ex-membros da desaparecida Arte Feliz, decidiram
juntar as suas experiências, formação e práticas diversas para incentivar a prática da arte
contemporânea explorando novos campos de criação, renovando formas de expressão artística
existente, alargando a diversidade da prática artística em Moçambique.59 A primeira exposição
dos artistas do Movimento, foi realizada em 2003. Suscitou interesse e curiosidade por parte do
público que a visitou, maioritariamente jovem ou interessado, mas passou praticamente
despercebida.60 Num contexto em que não havia crítica de arte regular e havia poucos críticos,
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investigadores e comentadores, o silêncio não era de admirar. O caso do MUVART começou


assim, mas depressa se percebeu que este grupo de artistas podia fazer diferença, pela capacidade
intelectual e organizativa. Recusando a ideia de “autenticidade” que muitos (ainda) procuram no
artista africano, abriam caminho a outras percepções sobre a identidade africana e alargavam as
fronteiras artísticas, questionando o conceito de arte dominante localmente. Um ano depois, em
2004, prosseguindo o seu interesse em chamar a atenção para a multiplicidade de meios que os
artistas têm à sua disposição, para a experimentação criativa e para as práticas artísticas
contemporâneas, organizavam a primeira edição da Expo Arte Contemporânea Moçambique, um
desafio corajoso e provocador, integrando diversos artistas locais e de outros países. A liberdade
conceptual da arte contemporânea permitiu romper barreiras e estabelecer relações até aí não
contempladas. O recurso aos objectos artesanais, as flores, as rendas e bordados, a capulana,
entre outros objectos, estão presentes no trabalho de Jorge Dias. Não fica prisioneiro de uma
técnica ou de um único material. É um artista versátil, trabalha a ideia, retoma trabalhos
anteriores, pratica um processo de criação aberto. O vídeo, na época praticamente desconhecido,
foi apropriado por Gemuce, até aí pintor. As instalações passaram a fazer parte da linguagem
artística local, multiplicaram-se, recorrendo quase sempre a materiais simples ou recuperados,
apesar das vozes que as consideravam “um elemento estranho às nossas artes plásticas.

As exposições internacionais de arte contemporânea continuaram a acontecer em Maputo (2006,


2008, 2010, 2012), reivindicando uma prática artística aberta ao mundo. Mas como é o
relacionamento dos artistas de Moçambique com o mundo da arte? Até aí os artistas de
Moçambique não tinham estado presentes nas principais exposições sobre arte contemporânea
onde a presença de artistas africanos se fez sentir. Malangatana foi a excepção em exposições
documentais que incluem os seus trabalhos mais antigos.62Mais recentemente, Titos Mabota e
Gonçalo Mabunda têm sido incluídos. Alguma coisa mudou desde a intervenção do MUVART
mas nem por isso tem sido menos complexo. Um pequeno número de artistas recebeu convites,
mostrou o seu trabalho, integrou redes, ficou mais conhecido ou passou a ser representado por
galerias internacionais A participação em feiras de arte contemporânea (Arte Lisboa 04,
ARCO2006 ou ainda as possibilidades abertas pela JoburgArtFair desde 2008), o interesse que
certos coleccionadores internacionais demonstraram pelo trabalho dos artistas moçambicanos,
sendo ou não parte deste movimento, são sinais de mudança mas apenas pequenos passos. O
mesmo está a acontecer em relação à fotografia. Num país em que o fotojornalismo produziu
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nomes marcantes, alguns fotógrafos têm combinado o trabalho documental e a arte. Apesar desse
facto, pode dizer-se que a interrogação da fotografia como meio e o questionamento dos limites e
das possibilidades da representação fotográfica é uma prática recente. José Cabral (n 1952) é,
neste sentido, uma excepção. Sérgio Santimano (n 1956) e Rui Assubuji (n 1964) têm
participado em diversas exposições. Uma nova geração de que fazem parte, entre outros, Luís
Basto (n 1969), Mauro Pinto (n 1974), Mário Macilau (n 1984), Filipe Branquinho (n 1977) tem
vindo a afirmar-se. A realização dos encontros internacionais de fotografia em Maputo a partir
de 2002 abriu caminhos que alguns, os mais jovens, têm seguido. Participando em exposições
internacionais, integrando projectos colectivos locais, concorrendo com projectos individuais a
diversos prémios (e ganhando-os).

Depois de um período de mais actividade, os artistas do MUVART parecem ter tido necessidade
de se voltar para si, continuar a sua procura individual, consolidar propostas próprias. Realizaram
exposições individuais, Gemuce em 2009 e Jorge Dias em 2010, participam em colectivas e em
projectos especiais, como o das “Ocupações Temporárias”, em projectos com outros artistas, por
exemplo, Gemuce e Ulisses (n 1952) em 2011 ou Gemuce e Félix Mula (n 1979), em 2013.
Alguns artistas parecem mesmo ter dado um tempo, seguir discretamente o seu percurso, como
Vânia Lemos, por exemplo. Jorge Dias divide-se entre múltiplos afazeres. O acompanhamento
de artistas e a curadoria de exposições é alguma coisa que o apaixona, a escrita também. A sua
voz faz falta num contexto onde praticamente não há críticos e onde há algum vazio resultado
das mudanças ocorridas. Também porque, como diz, “o artista deve ser o primeiro a trazer
contributos teóricos e conceptuais sobre o seu trabalho”. Num contexto de fragilidade da
educação artística formal, de ausência dos agentes indispensáveis a um sistema das artes, da
inexistência de uma estrutura institucional de apoio, ainda é cedo para avaliar o impacto das
propostas do movimento de arte contemporânea na cena artística moçambicana. Podemos
interrogar-nos sobre as propostas das suas últimas bienais, mas a sua acção ampliou,
indiscutivelmente, o campo artístico local. Preparou-o para outros projectos, pelo menos na sua
fase de arranque, como foi o caso das Ocupações. O projecto - Ocupações temporárias 20.10 -
uma proposta iniciada por Elisa Santos, uma curadora independente, envolveu na sua 1ª edição
seis artistas: Gonçalo Mabunda, Gemuce, Maimuna Adam, Mauro Pinto, L.Pinto e Celestino
Mudaulane. Pretendendo ocupar, temporariamente, com obras de arte espaços-património da
cidade, até aí não utilizados para esse fim, as ocupações, rapidamente, afirmaram-se como
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importantes intervenções artísticas. Em 20.11 o tema escolhido foi a precariedade e as propostas


dos artistas participantes (incluíam o músico Azagaia) desafiaram novos espaços e estabeleceram
relações diferentes com os seus habitantes/públicos. Estrangeiros, foi o tema da edição de 20.12
que juntou cinco artistas moçambicanos e um angolano. O tema era-lhes familiar, já que
vive(ra)m, se formaram ou trabalha(ra)m no estrangeiro: Eugénia Mussa (n 1978), João Petit
Graça (n 1979), Rui Tenreiro, Sandra Muendane (n 1978) e Tiago Correia-Paulo (n 1977). Paulo
Kapela (n 1947) era o artista angolano. A Fundação Calouste Gulbenkian apoiou o projecto,
dado o seu interesse na divulgação e circulação dos artistas em mercados internacionais. Os
comentadores e todos os que se interessam pela arte também apoiam este projecto. Ele enquadra
e dá a conhecer novos intervenientes, diversifica a cena artística de Maputo onde fazem falta
propostas desta natureza.
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Conclusão
As condições de apoio à produção artística estão longe de ser as desejáveis para este tempo novo
que se inicia. É urgente reforçar o sistema de formação, as instituições culturais existentes e
reajustar os modelos e políticas seguidos. Os apoios do Estado reduziram-se drasticamente e são
dispersos e pouco consequentes os restantes. Às coleções existentes falta uma gestão profissional
e uma política de aquisições adequada. Apenas os espaços de exposição parecem corresponder à
atual produção artística.
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Bibliografia
Sitoi Lutxeque (Nampula) 17/06/201717 de junho de 2017

Artistas de Moçambique Olhando para si próprios e para o mundo Alda Costam. Third Text
Africa, Vol. 5, 2018

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