Autoavaliação Dos Sintomas Vocais e Estratégias de Enfrentamento Na Disfonia
Autoavaliação Dos Sintomas Vocais e Estratégias de Enfrentamento Na Disfonia
Autoavaliação Dos Sintomas Vocais e Estratégias de Enfrentamento Na Disfonia
João Pessoa – PB
2020
LARISSA NADJARA ALVES ALMEIDA
Orientadores:
Prof. Dra. Anna Alice Almeida
Prof. Dr. João Agnaldo do Nascimento
João Pessoa-PB
2020
LARISSA NADJARA ALVES ALMEIDA
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profa. Dra. Anna Alice Figueirêdo de Almeida
Orientadora
(UFPB)
___________________________________________________
Prof. Dr. João Agnaldo do Nascimento
Orientador
(UFPB)
___________________________________________________
Profa. Dra Mara Suzana Behlau
Membro Externo
(UNIFESP)
___________________________________________________
Prof. Dr. Josemberg Moura de Andrade
Membro Externo
(UNB)
___________________________________________________
Prof. Dr. Jozemar Pereira dos Santos
Membro Interno
(UFPB)
___________________________________________________
Prof. Dr. Leandro de Araújo Pernambuco
Membro Interno
(UFBP)
João Pessoa-PB
2020
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo e por tanto. Pelas bençãos alcançadas. Por seu amor, cuidado, graça e
misericórdia. Por me guiar, sustentar e capacitar em a cada etapa da minha vida.
Ao meu esposo Zades, por estar comigo em todos os momentos. Pelo incentivo,
companheirismo e apoio. Por sua paciência e seu exemplo diário de resolutividade e resiliência.
Por não me deixar desistir e estimular minha busca pelo crescimento acadêmico e profissional,
sempre com amor e sábias palavras.
Aos meus pais Nadja e Romero, pelos valores e princípios que me passaram e que me fizeram
quem sou hoje. Por tornarem possível minha formação acadêmica e profissional, enfrentando
junto comigo as dificuldades. Por acreditarem em mim, quando eu não acreditei. Pela paciência,
compreensão e amor incondicional. Por serem meu porto seguro.
Ao meu irmão Israel, pelo amor, apoio, torcida e disposição para ajudar em todos os
momentos. Por ser exemplo de superação e persistência.
À minha orientadora Dra. Anna Alice Almeida, meu muito obrigada! Por ter me formado
pesquisadora e me orientado para a vida. Por estrar comigo há tantos anos, ser exemplo e
inspiração para mim. Obrigada por ser verdadeiramente mestre e me ensinar tanto. Por me
orientar, aconselhar, corrigir e apoiar. Por cada feedback. Por me dar desafios e enfrentá-los
junto comigo. Por ter me descoberto enquanto pesquisadora, acreditado e investido em mim.
Por me estimular a voar voos mais altos. Por sua generosidade, gentileza e humildade ao
compartilhar comigo seus conhecimentos, ideias e projetos. Tem muito de você em mim!
Ao meu orientador Dr. João Agnaldo, meu muito obrigada! Pela paciência, compreensão e
incentivo. Por tudo que me ensinou. Por sua disponibilidade, preocupação e vontade de ajudar.
Pelos desafios enfrentados e vencidos em cada análise de dados e pela alegria que transmitia a
cada vitória que alcançamos juntos durante o período de orientação. Pela sua humildade e
gentileza, que mesmo pensando além do seu tempo e sendo tão genial, me ensinou de forma
tão clara e simples sobre números e sobre a vida.
Aos amigos e compadres Flávia e Alan, pela amizade, parceria, colaboração e
compartilhamento. Por me apoiar quando mais precisei. Por me incentivar e não me deixar
desistir. Por me ouvir, entender e aconselhar. Muito obrigada!
Aos amigos Deyverson e Iandra, presente que recebi da Fonoaudiologia. Sou grata pela
amizade, carinho, escuta e incentivo. Pela força que sempre me dão e por estarem sempre
presentes, mesmo com tantas atribuições. Vocês são especiais!
Aos amigos Ivonaldo e Jully Anny, que são meus companheiros de vida acadêmica,
profissional e pessoal. Pela parceria, companheirismo, compreensão e amizade. Por
“comprarem” minhas ideias e darem credibilidade aos meus sonhos desde a comissão de
formatura. Quero vocês sempre por perto!
À minha amiga Dandara, que tanto me ensinou nos últimos anos. Obrigada por sua
disponibilidade e generosidade. Por esclarecer, apoiar e orientar. Pela paciência e atenção. Você
é um grande presente!
Às minhas queridas amigas de Doutorado Layza, Leidyanny e Flávia (“Febes”), por tudo
que passamos juntas. Pelas conversas, risadas, apoio nos momentos difíceis, conhecimentos
compartilhados e por estarem sempre dispostas a aconselhar. Admiro muito vocês!
À Família LIEV, em especial às amigas Alexandra, Noemi e Sauana, que desbravaram comigo
o mundo da Análise Psicométrica. Por tudo que vivemos, aprendemos juntas e desenvolvemos.
Pelo auxílio, disponibilidade e atenção. Vocês fazem parte do meu crescimento pessoal e como
pesquisadora.
Aos meus colegas do UNIPÊ, por todo apoio, auxílio, compreensão e companheirismo. Por
acreditarem em mim e estimularem minha qualificação.
Aos professores Dr. Josemberg Andrade, Dr. Jozemar dos Santos, Dr. Leandro
Pernambuco e à professora Dra Mara Behlau, por gentilmente aceitar participar da banca e
por suas importantíssimas contribuições.
Aos meus colegas da turma de Doutorado 2016, pelo companheirismo, apoio e amizade.
Aos voluntários desta pesquisa, pacientes da Clínica Escola de Fonoaudiologia, por nos
confiar sua voz e compartilhar conosco suas emoções e expectativas durante o tratamento vocal.
Ao Programa de Pós Graduação em Modelos de Decisão e Saúde - UFPB, onde cresci
academicamente e pessoalmente, por proporcionar o apoio e conhecimentos essenciais para
concretização deste estudo.
À CAPES, pelo financiamento da pesquisa, imprescindível para realização deste estudo.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................10
2 OBJETIVOS ....................................................................................................................15
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..........................................................................................15
3 REFERENCIAL TEÓRICO ...........................................................................................16
3.1 TEORIAS DA MEDIDA E SUA APLICABILIDADE NA AVALIAÇÃO DE TESTES EM
VOZ .....................................................................................................................................16
3.1.1 Teoria clássica dos testes x Teoria de resposta ao item ..................................................17
3.1.1.2 Teoria de resposta ao item .........................................................................................20
3.2 APLICABILIDADE DA TRI NA AVALIAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS E NA
ÁREA DE VOZ ....................................................................................................................26
3.3 VALIDAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE AUTOAVALIAÇÃO EM VOZ NO BRASIL.33
4 MÉTODO .........................................................................................................................34
4.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA .........................................................................................34
4.2 ÁREA DE ESTUDO E PERÍODO DE REFERÊNCIA ...................................................34
4.3 POPULAÇÃO ................................................................................................................34
4.3.1 Banco de dados da pesquisa..........................................................................................34
4.4 INSTRUMENTOS ..........................................................................................................37
4.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................38
4.5.1. Confiabilidade dos testes .............................................................................................39
4.5.2 Análise fatorial .............................................................................................................40
4.5.2.1 Análise fatorial exploratória ......................................................................................40
4.5.2.2 Análise fatorial confirmatória ....................................................................................42
4.5.2.3 Análise fatorial FULL INFORMATION ....................................................................44
4.5.3. Teoria de resposta ao item ...........................................................................................45
4.5.4. Curva roc ....................................................................................................................46
4.6 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................................................48
5 RESULTADOS ................................................................................................................50
5.1. ESCALA DE SINTOMAS VOCAIS – ESV...................................................................50
5.1.1. Análise da confiabilidade – ESV .................................................................................50
5.1.2. Análise Fatorial Exploratória (AFE) ............................................................................50
5.1.3. Análise Fatorial Confirmatória (AFC) – Modelagem de Equações Estruturais (MEE) ..52
5.1.4. Teoria de resposta ao item – tri ....................................................................................57
5.1.4.1. Respostas Politômicas ..............................................................................................60
5.1.4.2. Respostas Dicotômicas .............................................................................................60
5.1.4.2.1 Análise da confiabilidade ........................................................................................65
5.1.4.2.2 Teoria de resposta ao item esv com itens dicotômicos – modelo 2lp........................65
5.1.4.2.3 Análise da curva roc da esv.....................................................................................67
5.2 PROTOCOLO DE ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO NA DISFONIA – PEED 71
5.2.1. Análise da confiabilidade ............................................................................................73
5.2.1 Análise fatorial exploratória .........................................................................................73
5.2.3. Análise fatorial confirmatória ......................................................................................75
5.2.4. Teoria de resposta ao item – tri ....................................................................................80
5.2.4.1. Respostas Politômicas ..............................................................................................83
5.2.4.2. Respostas Dicotômicas .............................................................................................83
5.2.4.2.1 ANÁLISE DA CONFIABILIDADE.......................................................................87
5.2.4.2.2 TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM PEED COM ITENS DICOTÔMICOS –
MODELO 2LP .....................................................................................................................87
5.2.4.2.3 ANÁLISE DA CURVA ROC DO PEED ................................................................89
5.3 NOVA PROPOSTA DE CÁLCULO DO ESCORE DA ESV E DO PEED .....................96
6. DISCUSSÃO ...................................................................................................................102
6.1 ANÁLISE PSICOMÉTRICA DA ESV E DO PEED - ITENS POLITÔMICOS ..............103
6.1.1 APLICAÇÃO DA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM – ESV E PEED .....................107
6.2 ANÁLISE PSICOMÉTRICA – ESV E PEED - ITENS DICOTÔMICOS .......................109
6.2.1 APLICAÇÃO DA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM NA ESV COM DADOS
DICOTÔMICOS...................................................................................................................110
6.2.2 APLICAÇÃO DA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM NO PEED COM DADOS
DICOTÔMICOS...................................................................................................................114
7 CONCLUSÃO ..................................................................................................................119
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................120
APÊNDICE A - Artigo de Revisão Sistemática encaminhado para publicação na revista
Audiology - Communication Research (ACR) ......................................................................127
ANEXO 1 – PROTOCOLO DE TRIAGEM VOCAL (PTV).................................................153
ANEXO 2 - ESCALA DE SINTOMAS VOCAIS (ESV) ......................................................154
ANEXO 3 - PROTOCOLO DE ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO NA DISFONIA
(PEED) .................................................................................................................................155
ANEXO 4 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ...................................................156
ANEXO 5 – VALORES DE CRITÉRIO E COORDENADAS DA CURVA ROC ................157
10
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
3. REFERENCIAL TEÓRICO
A Teoria Clássica dos Testes (TCT) e a Teoria de Resposta ao Item (TRI) são
predominantes na área da medição, sendo que a primeira evidencia o escore total do teste,
obtido através do somatório das respostas dos itens, como representação do nível do atributo
avaliado. Já a segunda teoria tem o item como unidade fundamental e considera seu
funcionamento diferencial em relação ao atributo (PASQUALI, 2007; CASTRO et al, 2008;
ANDRADE et al, 2010; PEREIRA; PINTO, 2011; ANJOS, 2012).
A Teoria Clássica é um conjunto de técnicas e conceitos utilizados para avaliar e basear
a construção de instrumentos de medidas psicometricamente. Ela pode ser aplicada em várias
situações, visto que há poucas exigências para isto (PASQUALI, 2007; KLEIN, 2013;
SARTES; SOUZA-FORMIGONI, 2013; PALHANO, 2016). Apesar desta teoria ser muito
utilizada na construção de testes, suas limitações foram identificadas e são discutidas há muitas
décadas, além disso foram pontuadas em vários trabalhos (PASQUALI, 2007; CASTRO et al,
2010; KLEIN, 2013; SARTES; SOUZA-FORMIGONI, 2013; ZUKOWSKY-TAVARES,
2013).
Antes dos anos 30, Thustone já mencionava que o instrumento construído com base
na TCT dependia do objeto medido, ou seja, o mesmo sujeito pode ter resultados diferentes em
relação ao mesmo construto, a depender do teste aplicado (PASQUALI; PRIME; 2003;
PASQUALI, 2007). Além disso, os parâmetros dos itens do instrumento são dependentes da
amostra respondente, o que significa que suas medidas serão efetivas apenas para amostras
representativas ou semelhantes à utilizada para estabelecê-los. Outra limitação é que a TCT
pressupõe que a variância dos erros de medida de todos os indivíduos é a mesma. Entretanto,
deve-se considerar que alguns indivíduos realizam o teste de forma mais consistente do que
outros, e que essa consistência varia de acordo com sua habilidade. Assim, examinados que
acertam a mesma quantidade de itens, apresentam escores iguais (PASQUALI, 2007;
ANDRADE et al, 2010; SARTES; SOUZA-FORMIGONI, 2013).
Outro problema dos testes baseados na TCT é a avaliação da fidedignidade, em que
dois testes realizados com o mesmo grupo, precisam ter formas paralelas e produzir escores e
variâncias idênticas, sem considerar problemas de maturação, como cansaço, motivação,
aprendizagem, agravamento de um problema, por exemplo. A literatura menciona ainda que
testes com índices de dificuldade e discriminação diferentes geram resultados diferentes para
os mesmos indivíduos, e que se o mesmo construto é medido por dois testes diferentes, os
resultados não são expressos na mesma escala, impedindo uma comparação direta, por exemplo
17
Em que:
A Teoria de Resposta ao Item (TRI), tem sido cada vez mais utilizada em avaliações
educacionais e psicológicas, pois foi desenvolvida com o intuito de sanar as limitações da TCT
(PASQUALI; PRIME, 2003; ANDRADE et al, 2010). Ela é uma teoria do traço latente
(representado pela letra grega teta – θ), também chamado de aptidão, que é uma característica
não observável do indivíduo, determinante na sua forma de responder a um teste apresentado.
O θ é a medida do nível do traço latente (ANDRADE et al, 2010).
Esta teoria, se constitui como um grupo de modelos lineares generalizados e
procedimentos estatísticos, com a finalidade de desenvolver e refinar medidas psicométricas,
que relacionam a probabilidade de um sujeito dar determinada resposta a um item de um
instrumento e um traço latente, ou seja, a resposta que o sujeito dá ao item depende do nível
do traço latente (θ) que ele possui, sendo esta a causa e a resposta o efeito (PASQUALI, 2003;
CASTRO et al, 2010; ARAUJO; ANDRADE; BORTOLOTTI, 2009). Dessa forma, sugere
uma nova proposta estatística de análise centrada nos itens.
A TRI apresenta vantagens em relação à TCT, descritas na literatura (PASQUALI,
2003; PASQUALI, 2007; ARAUJO; ANDRADE; BORTOLOTTI, 2009), tais como: considera
que a habilidade do sujeito independe do instrumento, então sua aptidão independe do conjunto
de itens (teste) utilizados, desde que meçam o mesmo traço latente; o cálculo da dificuldade e
discriminação dos itens não dependem da amostra de sujeitos utilizada, então mesmo que a
amostra não seja representativa os parâmetros dos itens serão estimados corretamente; existe a
possibilidade de emparelhar itens com as habilidades dos indivíduos, adequando os itens a cada
indivíduo de acordo com sua habilidade, identificando os itens que avaliam melhor cada nível
do traço latente; não faz suposições improváveis, como os erros de medidas serem iguais para
todos os avaliados, diferenciando àqueles com maior e menor aptidão; e não é necessário o
trabalho com testes paralelos, ou seja, apenas o instrumento é efetivo para medir o referido traço
latente, confirmando o pressuposto de que a habilidade independe do teste.
Existem basicamente dois pressupostos que devem ser considerados na análise de um
instrumento através da TRI, que são: Unidimensionalidade, ou seja, os testes devem mensurar
a habilidade do indivíduo através de uma variável latente/aptidão dominante (θ), de modo que
– oo < θ < oo, o que implica que o construto a ser medido pelo teste é unidimensional
(PASQUALI, 2003; PASQUALI, 2007; ZUKOWSKY-TAVARES, 2013); e Independência
Local, em que para uma dada habilidade, o desempenho em um item não afeta o desempenho
em outro item, ou seja, os itens do instrumento são independentes. Sendo esta suposição
20
verdadeira, então as respostas dadas a uma série de itens será o produto das probabilidades de
cada item individual, que dependem da dificuldade e discriminação do item, além do tamanho
do teta do sujeito respondente. Caso haja correlação entre as respostas dos itens, sugere-se que
esta ocorre por conta da influência de outros fatores, que devem ser controlados, pois o
dominante deve ser único, remetendo à Unidimensionalidade.
A TRI assume ainda dois postulados: (1) O desempenho do respondente a um item
pode ser predito por meio do seu traço latente (θ); (2) A relação entre o desempenho do
indivíduo e o traço latente pode ser descrita através de uma função matemática monotônica
crescente, representada pela Curva Característica do Item (CCI), que tem como modelo
matemático a forma cumulativa da função logística, proposta na Psicometria por Birbaum e
atualmente preferida, pois considera o método da máxima verossimilhança e tem tratamento
matemático mais simples do que a função ogival, inicialmente utilizada na TRI,
matematicamente mais complexa (PASQUALI, 2007; ANDRADE et al, 2010)
A CCI expressa a probabilidade do sujeito acertar um item, em função do seu traço
latente. Através dessa relação, é possível supor que um sujeito com maior aptidão apresenta
maior probabilidade de acertar um item. Assim, esta probabilidade é representada por pi(θ), que
significa a probabilidade (p) de acerto de um item (i), dado um nível de teta (θ). A pi(θ) pode
variar de 0 a 1, em que 0 representa nenhuma aptidão e 1 uma aptidão ótima. Dessa forma,
concomitantemente ao do nível do teta, cresce a também a probabilidade (p), formando uma
curva logística (CCI), que expressa os parâmetros dos itens, como dificuldade e discriminação
(PASQUALI, 2003;2007), representada na figura abaixo:
Os modelos matemáticos capazes de expressar a CCI são limitados, mas existem três
modelos logísticos predominantes, classificados de acordo com o número de parâmetros
utilizados para descrever os itens, designados como Modelo Logístico de 1-Parâmetro (1LP),
2-Parâmetros (2LP) e 3-Parâmetros (3LP).
Georg Rasch, se dedicou ao trabalho com medidas do traço latente desde 1940 e em
1960 desenvolveu uma formulação logarítmica para itens dicotômicos, baseada no modelo de
ogiva normal, chamada de Modelo de Rasch ou 1LP. Este considera que a resposta ao item
depende da habilidade do respondente (θ) e da dificuldade do item, denominada parâmetro b.
Mais tarde, Wright (1977) descreveu este modelo para um logístico, que considerou apenas a
probabilidade de acerto do item. Assim, na CCI, o parâmetro dificuldade (bi), corresponde ao
ponto em que a curva corta o eixo dos Y na probabilidade de 0,5. Quanto maior o bi, maior o
nível de aptidão (θ) necessário para que o sujeito acerte o item (PASQUALI, 2007).
Ente 1957 e 1968 Birnbaum trabalhou no desenvolvimento de um modelo que
avaliasse dois parâmetros, a dificuldade (b) e a discriminação (a). Esta equivale ao valor do
ângulo na inclinação da curva característica do item em relação ao eixo das abscissas, no ponto
bi, sendo que itens com maiores valores de a fornecem melhores discriminações, ou seja,
identifica o poder do item diferenciar sujeitos com tetas (θ) diferentes. Mais tarde, Lord (1980)
percebeu a necessidade de considerar o acerto casual em testes com itens dicotômicos do tipo
erro e acerto, sendo este o terceiro parâmetro do item, representado pela letra c, o que significa
que o sujeito tem uma habilidade menor que a exigida para a execução adequada do item, mas
mesmo assim sua probabilidade de acerto é diferente de zero. Dessa forma, considera-se que a
probabilidade do sujeito responder corretamente a um item depende dos parâmetros a, b e c,
discriminação, dificuldade e acerto ao acaso, respectivamente.
Para representar a quantidade de informação psicométrica contida no item para medir
a habilidade do indivíduo, através dos parâmetros de discriminação (a), dificuldade (b) e
probabilidade de acerto ao acaso (c), utiliza-se a Curva de Informação do Item (CII), a depender
do modelo teórico escolhido para análise (PASQUALI, 2007; BRAGA, 2015).
Os modelos estatísticos da TRI foram inicialmente desenvolvidos baseados na função
da distribuição normal, representados pela equação:
𝑥
1 1 2
∅ (𝑥 ) = ∫ 𝑒 −2𝑡 𝑑𝑡
−∞ √2𝜋
22
Mais tarde, a TRI foi descrita baseada na função logística, menos complexa
matematicamente, utilizada atualmente para análises 1LP, que consideram apenas o parâmetro
dificuldade do item (b), como Rasch:
𝑒 𝐷(𝜃−𝑏𝑖 )
𝑃𝑖 (𝜃 ) =
1 + 𝑒 𝐷(𝜃−𝑏𝑖 )
𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖𝑗 )
𝑃𝑖𝑗 (𝜃 ) =
1 + 𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖𝑗 )
1
P(𝑈𝑖𝑗 = 1⁄𝜃𝑗 ) = 𝑐1 + (1 − 𝑐𝑖 ) − 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖𝑗 )
1+𝑒
𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖𝑗 )
𝑃𝑖𝑗 (𝜃 ) =
1 + 𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖𝑗 )
Onde:
𝑃𝑖𝑗 = probabilidade de um respondente apresentar limiar dentro da categoria k do item i;
θ = nível do traço latente;
D = fator de escala constante e igual a 1;
ai = discriminação do item;
bij = dificuldade do item i na categoria j;
j = limiar de categorias, j =
Dessa forma, utilizando-se o exemplo para o caso de k=4 (ESV), calcula-se os
parâmetros para cada categoria ki, de cada item, como por exemplo:
Categoria k = 1:
𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖1 )
𝑃𝑖1 (𝜃 ) =
1 + 𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖1 )
24
Categoria k = 2:
𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖2 )
𝑃𝑖2 (𝜃 ) =
1 + 𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖2 )
Categoria k = 3:
𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖3 )
𝑃𝑖3 (𝜃 ) =
1 + 𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖3 )
Categoria k = 4
𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖4 )
𝑃𝑖4 (𝜃 ) =
1 + 𝑒 𝐷𝑎𝑖 (𝜃−𝑏𝑖4 )
Onde:
𝑃𝑖𝑗 = probabilidade da resposta do sujeito ao item i cair no nível de resposta j.
Isto significa que Pi1 = Pi1 – Pi2. Assim, para o caso em que k = 4, por exemplo, deve-
se considerar que nos pontos extremos da escala, 1 e 4, a probabilidade de existir pelo menos
uma resposta no nível 1 é de 1,0, visto que não há possibilidade de se responde menos que isto.
Dessa forma, a CCO para a resposta nível 1 é constante e igual a 1,0, sendo representada por
Pi,j=1(θ) = 1. Da mesma forma, a probabilidade de o indivíduo responder um nível maior que 4
é 0,0, assim considera-se Pi,j=k+1(θ)=0.
Em 1990, Muraki demonstrou a possibilidade de calcular um índice geral de
dificuldade para cada item, a partir do cálculo de um índice geral de limiar (cj) para toda a
escala. A partir daí, é possível calcular o índice para os itens, por meio da fórmula da CCO:
diferentes pesos para os itens de acordo com sua relação com o traço latente, melhorando
sensivelmente sua medida, de modo que classifica os sujeitos a partir com a probabilidade de
resposta e aptidão (CASTRO et al, 2010). Considerando isto, pesquisadores de diversas áreas
(GUEWEHR, 2007; CASTRO et al, 2010; GUEDES et al, 2013; CARVALHO, 2013;
MACHADO; BARBETTA, 2015) tem aplicado a TRI em questionários elaborados e validados
previamente a partir da TCT, a fim de explorar informações dos parâmetros dos itens e validade
dos testes, como propõe essa teoria.
Guewehr (2007) objetivou aplicar a TRI em três instrumentos de qualidade de vida, o
OMS-WHOQOL-100, Escala de Depressão Geriátrica e a Escala de Desesperança de Beck,
previamente estruturados na TCT, compará-los entre si e com os resultados das análises
tradicionais. Após aplicação dos questionários em 400 idosos, foi verificada consistência
interna, através do Alfa de Cronbach, além da análise fatorial, análise de variância e a TRI,
através dos modelos 1LP e 2LP para itens politômicos, que se adequassem aos instrumentos,
sendo estes: Modelo de Escala Gradual de Andrich e Modelo de Crédito Parcial de Masters,
Modelo de Resposta Gradual de Samejima e Modelo de Crédito Parcial Generalizado de
Muraki, respectivamente. O estudo concluiu que a TRI é uma ferramenta útil e promissora na
avaliação da qualidade de vida, e deve ser realizada conjuntamente com a TCT, visto que as
interpretações dos parâmetros foram satisfatórias e trouxeram informações semelhantes a outras
análises. Além disso, ressaltou a necessidade da disseminação dessa teoria na interpretação de
escalas de qualidade de vida.
O Power as Knowing Participation in Change Tool (PKPCT) é um protocolo traduzido
para o português brasileiro, que busca operacionalizar o conceito de poder como a participação
intencional nas mudanças. Ele é bastante utilizado na enfermagem, com pacientes, profissionais
e graduandos, mas sua validade de construto tem sido questionada. Foi observado em estudo
brasileiro que a Análise Fatorial difere dos resultados encontrados em outros estudos, por
exemplo. Por isso, Guedes et al (2013) buscaram avaliar os itens da versão brasileira do PKPCT
por meio da análise Rasch. Eles perceberam que os itens do instrumento apresentaram boa
confiabilidade e bom índice de separação de habilidades, modificaram a forma de interpretação
dos escores dos domínios e agora eles são interpretados separadamente. Além disso, as
categorias de resposta foram reduzidas de 7 para 3 níveis, tendo em vista os P ij(θ). A TRI
auxiliou na melhoria da qualidade da informação sobre o construto, mas os autores sugeriram
ainda outros estudos sobre o tema para testar novos itens capazes de discriminar extremos de
percepção de poder.
27
A intensidade de sintomas depressivos também foi avaliada de acordo com a TRI por
Castro e colaboradores em 2010, através da aplicação desta metodologia no Inventário de
Depressão de Beck, instrumento validado e bastante utilizado na psiquiatria. Para isto, eles
utilizaram o modelo de Resposta Gradual de Samejima, já que a escala de respostas é ordinal.
Os autores afirmam que as contribuições da TRI foram inúmeras, destacando principalmente a
possibilidade de classificação e comparação dos sintomas em relação ao poder discriminativo
e a sua gravidade, bem como as probabilidades de resposta a um determinado nível de sintoma.
Foi destacado ainda o fato de os escores para sintomas depressivos considerarem as
contribuições de cada item (sintoma) em relação ao traço latente, de modo que sujeitos com o
mesmo escore total não são mais considerados iguais, mas diferentes por conta do seu perfil de
resposta.
Na área de saúde, a Psicologia e Psiquiatria tem se dedicado ao longo dos anos a
estudar às medidas psicométricas dos seus instrumentos de avaliação, tendo em vista a
resolução 009/2018 do Conselho Federal de Psicologia, que regulamenta a elaboração,
comercialização e o uso dos testes psicológicos e os textos em que se baseou, como e por isso
estão a frente nos estudos e aplicação da TRI. A Fonoaudiologia também realiza avaliação a
partir de instrumentos de medida para avaliação, como protocolos e testes, prática preconizada
pela resolução nº 414 do Conselho Federal de Fonoaudiologia, mas não apresenta diretrizes
específicas para sua construção e utilização, mas nada impede que esta ciência se embase nas
recomendações do conselho de Psicologia e busque garantir maior qualidade avaliativa
(GURGEL et al, 2015).
Considerando as vantagens psicométricas que a TRI pode trazer para os testes em
geral, buscou-se sua aplicação na Fonoaudiologia, especificamente na área de Voz.
No Brasil, alguns estudos já pontuam a importância de realizar investigação sobre a
validação de instrumentos de autoavaliação vocal, como mais recentemente, o de Behlau et al
(2017), que correlacionou diversos protocolos de autoavaliação vocal. Os autores afirmaram
que a avaliação dos protocolos validados no Brasil é uma preocupação e já apontaram a
necessidade de discutir e se aproximar desse tipo de modelo de análise (BEHLAU; MADÁZIO,
2011). Além disso, pontuaram em sua discussão o estudo de revisão sitemática realizado por
Branski et al (2010), que observou a existência de inconsistência na validação dos instrumentos
de autoavaliação vocal e sugeriram a aplicação da TRI.
Behlau et al (2017) sugeriram ainda que os escores referentes às subescalas/domínios
dos protocolos podem apresentar um pior desempenho em relação aos escores totais, isto na
28
identificação de pacientes disfônicos, e que talvez a pontuação total deve ser a única utilizada
para avaliação vocal, como também já sugeriu Branski e colaboradores em 2010.
Atualmente, pesquisadores brasileiros tem se dedicado à análise psicométrica dos
instrumentos de autoavaliação e seus itens.
Pesquisa de Costa et al (2017), foi uma das primeiras que mais se aproximou da
avaliação item a item, em pesquisa que objetivou identificar quais os itens da Escala URICA-
Voz (TEIXEIRA et al, 2013) são mais sensíveis a mudanças pós-terapia de grupo em pacientes
com disfonia comportamental. A conclusão foi de que apenas sete itens da URICA-V tiveram
número igual ou maior no momento pós-intervenção, ou seja, o protocolo poderia não ser
sensível para avaliar este momento da terapia.
Ainda sobre o URICA-V, Aguiar et al (2018) realizaram análise fatorial confirmatória
para verificar se os domínios pré-existentes nesta escala eram precisos para brasileiros
disfônicos. Seus resultados apontaram a necessidade de um ajuste na estrutura do URICA-V,
em que alguns itens foram realocados em fatores diferentes dos originais. Assim, concluiu-se
que a estrutura deste instrumento é diferente para a população brasileira. Os autores comentam
ainda que as modificações sugeridas podem garantir melhor confiabilidade na avaliação do
estágio de prontidão, bem como tornar o instrumento mais sensível à mudança do estágio de
prontidão durante e após a terapia vocal.
Estudos mais recentes (OLIVEIRA 2019; ALENCAR, 2019) buscaram analisar as
características dos itens dos protocolos de autoavaliação em voz.
Com o objetivo de elaborar um modelo de decisão estatístico para predição da disfonia
a partir de informações dos questionários de autoavaliação vocal: Escala de Sintomas Vocais
(ESV), Índice de Desvantagem Vocal (IDV) e Questionário de Qualidade de Vida em Voz
(QVV), Oliveira (2019), observou os itens mais significantes na tomada de decisão para
previsão da disfonia. Entre os 70 itens, apenas dois compuseram a estrutura do modelo mais
eficiente: 14 do IDV (“Sinto que tenho que fazer força para a minha voz sair”) e o item 4 da
ESV (“Sua voz é rouca?”). Assim, a autora sugeriu a redução dos protocolos a esses dois itens
como um recurso alternativo e eficiente em triagens.
Outro estudo realizado no Brasil (ALENCAR, 2019), foi mais além e analisou as
medidas psicométricas da Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV), além de aplicar o
modelo de Teoria de Resposta ao Item (TRI), para conhecer os parâmetros discriminação e
dificuldade item a item. Observou-se a necessidade de exclusão de alguns itens, que não se
correlacionaram bem com os demais, bem como a necessidade de dicotomização das respostas,
visto que os respondentes não souberam diferenciar frequência de ocorrência dos sintomas e
29
sua intensidade. Além disso, determinou-se o agrupamento dos itens em dois fatores: “Híbrido”
e “Desconforto músculo-esquelético”, sendo excluídos os itens referentes à processos
inflamatórios. Após estas modificações, percebeu-se que a estrutura desse instrumento é
diferente para a população brasileira em relação á americana. A autora afirmou ainda que a
EDTV fornece a compreensão do desconforto, podendo ser considerado válido e preciso para
a autoavaliação vocal.
Estes artigos representam o início de uma investigação sobre a avaliação da
Psicometria nos protocolos de autoavaliação vocal validados no Brasil. Nesta busca, também
foram encontrados estudos internacionais sobre a aplicação da TRI em protocolos de
autoavaliação vocal, que seguem o mesmo sentido dos apresentados anteriormente referentes à
outras áreas.
Na Holanda, Bogaardt et al (2007) realizaram estudo com o objetivo de utilizar a
análise de Rasch para reexaminar as medidas psicométricas do Voice Handicap Index (VHI)
(JACOBSON et al, 1997), Índice de Desvantagem Vocal (IDV) (BEHLAU et al, 2009) no
Brasil, a fim de conhecer os parâmetros dos itens individualmente, tornando o protocolo menos
dependente da amostra utilizada, visto que como foi inicialmente desenvolvido através da TCT,
já era previsto que sua validade dependesse da amostra, como foi constatado em avaliação
realizada anteriormente à aplicação da TRI.
O estudo (BOGAARDT et al, 2007) ainda comenta que após Análise Fatorial do IDV,
os itens se agruparam em apenas dois domínios na população da Alemanha, e nos Estados
Unidos foram encontrados quatro domínios, no mesmo protocolo. Este fato demonstrou que as
medidas psicométricas se alteraram de acordo com a nacionalidade dos respondentes. Por isso,
o mais adequado é realizar AFE ou AFC após tradução e adaptação cultural em países com
idioma diferente do da validação original. Outra crítica que os autores pontuam é que sua
validação foi realizada apenas com 65 indivíduos, mas seria necessária uma amostra maior e
mais diversificada. Além disso, eles justificam que fornecer estimativas sobre os itens do IDV
irá permitir interpretação mais direta dos escores deste protocolo.
Como a análise de Rasch corresponde a um modelo 1LP, para itens monotômicos, as
respostas originais, em escala, foram dicotomizadas, sendo 0 para respostas negativas, e 1 para
as demais. Além disso, avaliou-se consistência interna através do Alfa de Cronbach e
Correlação de Pearson, para observar a relação entre os parâmetros encontrados e medidas
acústica dos pacientes. Foram avaliadas as respostas de 530 disfônicos e descritos os resultados.
Após análise, observou-se a presença de dois domínios, o social (20 itens) e o físico-funcional
(9 itens). O protocolo mostrou boa confiabilidade (0,95 e 0,84) e os parâmetros de dificuldade
30
dos itens variaram ente -2,1 e +2,7. Os autores sugeriram então que os escores de dificuldade
estão relacionados com a gravidade do problema vocal, o que torna o IDV mais eficiente na
avaliação da eficácia da terapia de voz (BOGAARDT et al, 2007).
Em 2003, Deary e colaboradores realizaram o processo de validação da Voice
Symptom Scale (VoiSS), a partir da TCT, que foi traduzida para o português Brasileiro por
Moreti et al (2011) e denominada Escala de Sintomas Vocais (ESV). Este é considerado um
questionário robusto psicometricamente, com boa confiabilidade e validade, além de ter uma
estrutura fatorial clara. Mais recentemente, com a finalidade de apresentar o que eles chamaram
de “mais um avanço” na mensuração da voz do ponto de vista do paciente. Deary e
colaboradores (2010), Estados Unidos, realizaram estudo com o objetivo de hierarquizar os
sintomas vocais presentes na VoiSS/ESV, ou seja, observar se as pessoas com problemas de voz
evoluem apresentando uma hierarquia natural de sintomas vocais. Para responder ao objetivo,
foi aplicada ao instrumento a escala de Mokken, a partir da análise de 480 respondentes com
disfonia.
A escala de Mokken é pouco conhecida no Brasil e mensura os traços latentes, a partir
da avaliação de itens dicotômicos ou politômicos. É uma opção flexível para construção de
escalas ordinais e hierárquicas, sendo mais utilizada na TRI não Paramétrica. Se constitui como
uma medida confiável, segue os pressupostos da TRI e fornece a medida do traço latente de
acordo com a dificuldade de cada item, ordenando-os sistematicamente, através do coeficiente
de escalonidade (Hi). O somatório dos parâmetros dos itens equivale ao traço latente
investigado (ANDRADE; FERNANDES; SILVA, 2013).
Após análise, construiu-se uma escala de Mokken forte e confiável (H = 0,49), que
incluiu 17 dos 30 itens da ESV. O primeiro item da escala, com menor dificuldade (b), e
consequentemente maior probabilidade de ser citado, é “Sua voz é rouca?”, e o último, com
maior dificuldade, é “Você se sente solitário por causa do seu problema de voz?”. De modo
geral, a dificuldade dos itens relacionados aos sintomas de limitação foi menor que dos
relacionados ao domínio físico, e os sintomas mais relacionados a questões emocionais
apresentaram os maiores valores no parâmetro dificuldade, ou seja, tem menor probabilidade
de serem citados. Assim, os primeiros sintomas que aparecem são os relacionados ao domínio
limitação, depois os físicos e por fim, quando o paciente está bastante comprometido, os
emocionais.
Os autores concluem afirmando que essa nova informação sobre a disfonia mostra que
os sintomas da voz progridem, passando por problemas práticos, até distúrbios de relações
sociais e humor. Os resultados acrescentam informações sobre a fenomenologia estruturada dos
31
sentido, e por isso a importância do presente estudo, que propõe a aplicação da TRI em dois
protocolos de autoavaliação de grande importância clínica, com objetivos distintos, além de
verificar a aplicabilidade do novo cálculo em pacientes com disfonia.
4 MÉTODO
A pesquisa é transversal, pois analisa as respostas dos pacientes, a cada item dos
protocolos, dadas em um momento pontual do tempo; descritiva, avalia e descreve item a item
a fim de identificar como eles se relacionam com o traço-latente; documental, visto que a coleta
dos dados foi realizada a partir de informações pessoais e profissionais dos participantes, e dos
protocolos de autoavaliação vocal contidos nos prontuários dos pacientes assistidos pelo LIEV;
quantitativa, pois busca analisar itens objetivos de instrumentos cujos dados são numéricos, por
meio de recursos e de técnicas estatísticas pré-selecionadas.
4.3 POPULAÇÃO
partiram da documentação que compõe o acervo do LIEV, que continha mais de 1500 sujeitos.
Os sujeitos foram selecionados por conveniência de acordo com os critérios de elegibilidade.
Participaram do estudo 300 pacientes com diagnóstico de disfonia, grupo GD, que
foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de elegibilidade:
- Não relatar queixa de voz ao responder à pergunta “Você tem problema de Voz?” de forma
negativa;
- Apresentar autoavaliação vocal como boa, muito boa ou excelente, na pergunta “Como você
avalia sua própria voz?”;
- Não ter realizado terapia fonoaudiológica para voz;
- Não ter se consultado com médico otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo por causa de
queixa vocal no último mês;
- Não estar gripado no momento da aplicação dos protocolos;
- Ter idade a partir de 18 anos
4.4 INSTRUMENTOS
O PEED é utilizado para conhecer as estratégias que as pessoas utilizam quando se tem
disfonia. Este instrumento foi desenvolvido nos Estados Unidos (EPSTEIN et al., 2009) e
validado para o português brasileiro (OLIVEIRA et al., 2012). É composto por 27 afirmações
mensuradas a partir de uma escala tipo Likert com seis possibilidades de respostas. Esses
valores representam a frequência que elas ocorrem no cotidiano do indivíduo, sendo assim,
considera-se nunca (0), quase nunca (1), as vezes (2), frequentemente (3), quase sempre (4),
sempre (5). O protocolo sugere dois domínios, de acordo com os tipos de estratégias previstas
na literatura: foco no problema e foco na emoção (EPSTEIN et al., 2009).
O cálculo do PEED corresponde: ao escore total (T), sendo a soma simples das respostas
de todos os itens do protocolo, que pode variar entre 0 (não utiliza de estratégias de
enfrentamento) e 135 (utiliza o máximo de estratégias listadas no instrumento). O escore foco
no problema (FP) envolve a soma dos itens 2,4,7,8,9,11,13,14,24,25,26 e o escore foco nas
emoções (FE) é calculado a partir da soma dos itens 1,3,5,6,10,12,15-23,27 do instrumento.
Este questionário não possui pontos de corte, mas uma média do escore total apresentada pela
população com disfonia é de 51,8 e para população em geral de 23,1 pontos (OLIVEIRA et al.,
2012).
Em que:
Por meio desse coeficiente são calculadas as correlações entre os escores de cada item
e o escore total dos demais itens, chamadas de correlação item-total, cujos valores considerados
satisfatórios estão entre 0,3 e 0,8. Assim, o índice do alfa de Crombach corresponde à média de
todos os coeficientes de correlação (MARTINS, 2006; HAIR et al, 2009). Essas medidas são
importantes, pois fornecem informações de cada item de forma individualmente, e embasam a
decisão de eliminação dos itens que não se correlacionam com os demais na escala, a fim de
aumentar a confiabilidade (MARTINS, 2006).
Além disso, o alfa de Cronbach também estima a confiabilidade e precisão em cada fator
encontrado na análise fatorial exploratória, que também foi realizada em cada um dos
instrumentos.
Para realização deste tipo de análise, é necessário seguir alguns procedimentos, tais
como a verificação da adequação dos dados e da amostra e a determinação da técnica de
extração e do tipo de rotação. Em relação ao primeiro procedimento citado, observa-se a
correlação entre os itens, devendo esta apresentar os coeficientes com valor acima de 0,30. As
medidas mais utilizadas para verificar a adequação dos dados são Kaiser-Meyer-Olkin (KMO)
e Teste de Esfericidade de Bartlett (BTS), que identificam o grau de suscetibilidade ou o grau
de ajuste dos dados à análise fatorial (HAIR et al, 2009).
O KMO examina a possibilidade de realização da AFE, de acordo com a observação do
ajuste dos dados, e da adequação da amostra com a observação do grau de correlação parcial
entre os valores. Seus valores podem variar de 0 a 1, sendo que valores inferiores a 0,5 indicam
baixa correlação e inadequação do método (DAMÁSIO, 2012). Os valores de classificação do
índice KMO são classificados por HAIR et al. (2009): 0≤KMO<0,5 → Inaceitável;
0,5≤KMO<0,6 → Ruim; 0,6≤KMO<0,7 → Medíocre; 0,7≤KMO<0,8 → Mediano;
0,8≤KMO≤1 → Admíravel.
O teste de esfericidade de Bartlett parte da hipótese nula (h0) de que a matriz de
correlação dos dados é igual a uma matriz identidade, ou seja, todos os elementos da sua
diagonal principal correspondem a 1, bem como seu determinante. Se a igualdade existir, aceita-
se a hipótese nula e não se realiza a AFE, considerando-se o nível de significância maior que
0,05. A matriz é considerada favorável para análise quando não é identidade, ou seja, a
significância é menor que 0,05, rejeitando-se a h0 (HAIR et al, 2009; DANIEL, 2009;
DAMASIO, 2012).
Em relação à extração de fatores, selecionou-se o método fatoração do eixo principal
(Principal Axis Fatoring - PAF), pois este é mais apropriado quando se pretende a redução de
dados a um número mínimo de fatores, considerando a variância total e o agrupamento de
fatores que contenham pequenas proporções de variância única (HAIR et al., 2009).
Existem critérios que devem ser considerados para determinação da quantidade de
fatores que irão representar melhor as correlações entre as variáveis. Esta é uma das decisões
mais importantes da AFE, visando evitar a superestimação ou subestimação de fatores, que
representam a retenção de um número de fatores maior ou menor do que o adequado
(DAMASIO, 2012). Dessa forma, os critérios devem ser analisados de forma complementar
para embasar a decisão.
É preconizado que a melhor solução para retenção de fatores é aquela que identifica um
número mínimo de fatores capaz de apresentar a variância total explicada maior ou igual à 60%
41
(HAIR et al, 2009; FIGUEIREDO FILHO; SILVA, 2010). Para esta análise, foram utilizados
os seguintes critérios (HAIR et al., 2009; DAMASIO, 2012):
Critério de Kaiser – sugere que devem ser extraídos apenas fatores com autovalor
(eigenvalue) acima de 1. Este critério é mais confiável quando o conjunto de dados possui entre
20 e 50 variáveis;
Critério de Cattel ou do Scree plot – consiste na observação do gráfico que representa
os eigenvalues. Ao se analisar o gráfico, é possível observar o número de fatores que
apresentam os maiores eigenvalues, sendo estes os responsáveis por uma maior variância
explicada. Seleciona-se então os fatores acima do ponto, também chamado cotovelo do gráfico,
em que os autovalores se encontram acima de 1. Abaixo deste ponto, há uma tendência
descendente linear, de unificação desses parâmetros.
Critério de Horn – também conhecido como método das Análises Paralela, que sugere
definir o número de fatores a partir da premissa de que o autovalor da análise paralela não pode
ser superior ao da análise de Kaiser (eigenvalue).
A rotação dos fatores é realizada com o objetivo de uma melhor interpretação, visto que
se busca um padrão de fatores mais simples e significativos, onde cada variável tem uma única
carga e um único fator. Isto é possível por meio da rotação da matriz fatorial e,
consequentemente, da redistribuição da variância dos fatores. Utilizou-se o método de rotação
ortogonal Varimax, que é o mais utilizado e tem como objetivo maximizar a variância das
cargas fatoriais para cada fator por meio do aumento das cargas altas e a diminuição das cargas
baixas (LAROS, 2011).
Os itens foram considerados parte de um fator quando apresentaram carga fatorial igual
ou superior a 0,300 (DANIEL, 2009).
Com base nos resultados da AFE, a partir da decisão do melhor modelo para retenção
de fatores, foi realizada a Análise Fatorial Confirmatória (AFC), para testar a validade de
construto do protocolo utilizado e a relação entre fatores e itens. A AFC, assim como a AFE
objetiva a redução de variáveis. Porém, para a análise confirmatória, é necessário que o
pesquisador determine a estrutura a ser avaliada, demonstrando o número de fatores e os itens
que nele se agrupam. No presente estudo, embasou-se nos achados da AFE.
Desenvolveu-se então a análise fatorial confirmatória por meio do Modelo de
Equações Estruturais (MEE), do inglês Structural Equation Modeling (SEM), implementada
42
no SPSS AMOS. Esta técnica é considerada um modelo de mensuração, que avalia a relação
entre variáveis observadas e variáveis latentes, testando-se a hipótese de aderência dos itens a
cada fator, gerando informação sobre a probabilidade em que os dados se conformam com o
modelo (MINGOTI, 2005; LAROS, 2012).
O MEE oferece diversos recursos de análise de adequação da estrutura fatorial que não
estão disponíveis na AFE. Possibilita a avaliação da invariância da estrutura e dos parâmetros
do instrumento simultaneamente em diferentes grupos, além de apresentar a relação entre os
erros de medidas, estabelecendo novas relações e ajustes entre as variáveis, e de fornecer uma
estrutura de análise para avaliar a correspondência de modelos entre grupos distintos, caso
necessário (AMORIM et al., 2012; NEVES, 2019).
De modo geral, o MEE é uma modelagem estatística multivariada que deriva da
combinação entre regressão e análise fatorial, podendo ser desenvolvido por meio de construtos
latentes. Ela oferece uma estrutura geral e conveniente para análises estatísticas que incluem
vários procedimentos multivariados tradicionais, em particular, análise fatorial, regressão,
análise discriminante e correlação canônica, como casos especiais. Para análise confirmatória
o MEE pode ser aplicado tanto na estimação, utilizando-se a análise de regressão, quanto na
mensuração, por meio da análise fatorial. Os modelos de equações estruturais são, na maioria
das vezes, visualizados por um diagrama de trajetórias/caminhos, e também podem ser
representados em um conjunto de equações matriciais (PILATI; LAROS, 2007; NEVES, 2018)
Segundo Bollen (1989), o MEE tem por lógica básica a reprodução da matriz de
covariâncias populacionais por meio das covariâncias amostrais associadas às imposições de
parâmetros determinados pelo pesquisador. Se o modelo imposto for plausível, isso significa
que covariâncias provenientes de dados amostrais podem reproduzir os dados populacionais
associados ao conjunto de parâmetros do modelo estrutural. Modelos plausíveis indicam que a
reprodução gerou resíduos reduzidos. Do contrário, se essa reprodução não foi plausível, os
resíduos são elevados.
O modelo MEE replica um conjunto de dados observados por meio da imposição de
parâmetros nas matrizes, que partem das relações teóricas definidas pelo pesquisador, sendo
essa a principal característica que difere este modelo das demais análises multivariadas. A
determinação dos parâmetros na matriz de relações entre as variáveis dá ao MEE um caráter
confirmatório, pois é necessário que o pesquisador faça uma predefinição do tipo de relações
existentes entre as variáveis do modelo em teste, que são operacionalizadas em termos de
restrições nas matrizes (PILATI; LAROS, 2007).
43
Assim, a viabilidade do MEE exige boa qualidade psicométrica das medidas utilizadas
pelo pesquisador e de modelos teóricos sólidos e fundamentados em pesquisas anteriores que
permitam ao pesquisador estabelecer essas imposições (relações pré-definidas) com
propriedade. Essa última exigência reforça o fato de que a MEE é uma técnica confirmatória,
pois é necessário que haja uma modelação teórica preliminar à análise dos dados.
Além disso, para uma modelagem de AFC adequada, existem pressupostos em relação
aos itens da escala em questão, como: mínimo de dez a 15 respondentes para cada item da
escala, medidos como variáveis intervalares ou razão, normalidade da distribuição, linearidade
e homogeneidade de variâncias (homocedasticidade), ausência de multicolinearidade ou de
singularidade. A estimação do modelo segue as etapas de especificação, estimação, avaliação,
e, quando necessário, modificação do modelo (HAIR et al, 1998; LOPES, 2005).
No presente estudo, a AFC foi apresentada por meio do diagrama de caminhos e dos
índices de ajuste da MEE.
Quando os itens são dicotômicos, um cuidado especial deve ser tomado quanto ao
método de cálculo dos coeficientes de correlação. Considerando isto, aplicou-se análise fatorial
que engloba itens binários.
A Full Information Factor Analysis, também conhecida como Análise Fatorial com
Informação Completa, é um modelo mais recente, proposto por Bock e Aitkin em 1981, que
surgiu inicialmente para investigar a unidimensionalidade dos itens sem necessariamente
utilizar os modelos de análise fatorial baseados em correlações lineares (DIAS;
VENDRAMINI, 2008).
Este método de análise se baseia na TRI e é indicado para itens dicotômicos e
politômicos, sem requerer o cálculo das interrelações entre os itens, cuja análise é efetuada a
partir das respostas dos participantes, em vez de utilizar métodos sumarizados e a matriz de
correlação de dados (Pasquali, 2003). Este procedimento utiliza o modelo fatorial de Thurstone
(1947) baseado nas estimativas de máxima verossimilhança marginal (marginal maximum
likelihood) e no algoritmo EM (Expectation-Maximization) (LAROS; PASQUALI;
RODRIGUES, 2000).
Gibbons e Hedeker (1992) propuseram ainda o modelo Full-information Bi-fatorial
(FI Bi-fatorial) para dados dicotômicos (LI; RUPP, 2011), que assume a presença de um fator
geral, envolvendo todos os itens e dois ou mais grupos de fatores (ou dimensões)
44
A análise da TRI na ESV e no PEED foi realizada a partir do modelo 2 PL, por meio do
qual se obteve os parâmetros discriminação (a) dos itens e dificuldade (b) de cada categoria de
resposta, item a item. No momento inicial, considerando-se os itens politômicos, em escala
ordinal, foi utilizado o Modelo de Resposta Gradual de Samejima. Após a dicotomização das
opções de resposta, utilizou-se o Modelo de Lord-Birbaum, para os dois instrumentos.
A discriminação (a) é descrita como a capacidade de um item discriminar sujeitos com
diferentes níveis de teta e tem relação com sua qualidade, ou seja, quanto maior o valor de (a),
mais discriminativo e melhor é o item. Esse valor pode ser classificado como: valores iguais a
0,0 representa nenhuma discriminação; entre 0,01 e 0,34 discriminação muito baixa; de 0,35 a
0,64 baixa; de 0,65 a 1,34 moderada; entre 1,35 e 1,69 discriminação alta; e valores maiores
que 1,70 representam uma discriminação muito alta (BAKER, 2001).
O parâmetro dificuldade (b) corresponde à probabilidade de um indivíduo com
determinado nível de aptidão selecionar uma opção ou categoria de resposta. Quanto maior o
valor deste parâmetro, maior o nível de teta necessário para o indivíduo assinalar a resposta
correta, ou uma categoria mais alta de resposta, caso esta seja ordinal. Classifica-se a
dificuldade de acordo com a seguinte escala: discriminação menor que -1,28, item
extremamente fácil; de -1,28 a -0,52 item fácil; de -0,52 a 0,52 item mediano; entre 0,52 e
1,28 item difícil; e maior que 1,28 item extremamente difícil (ALBUQUERQUE; TRÓCOLI,
2004).
45
O modelo forneceu ainda as Curvas Características dos Itens (CCI), que representam
graficamente a probabilidade do indivíduo acertar/assinalar um item em função da aptidão por
ele apresentada (teta). Essa probabilidade é representada por p(θ) (habilidade), e constitui o
eixo y do plano cartesiano, podendo variar de 0 a 1, em função dos valores de teta (θ)
(habilidade), eixo x do plano. A CCI se configura como uma curva crescente, visto que a
probabilidade cresce junto aos níveis do teta.
Além das CCIs, foram apresentadas ainda as Curvas de Informação do Item (CII), que
representam a quantidade de informação psicométrica contida nos itens, e consequentemente,
sua capacidade preditiva para medir a aptidão/habilidade do indivíduo, por meio da
discriminação (a) e da dificuldade (b), nos modelos em questão (PASQUALI, 2007; BRAGA,
2015).
Posteriormente, foram extraídos os tetas de cada um dos participantes da pesquisa, que
representaram os novos escores do instrumento. A partir destes valores, foi possível realizar
comparação de médias entre os grupos GD e GVS, utilizando-se teste t-Student não pareado,
para amostras independentes. Além disso, foi feita análise da sensibilidade, especificidade e
acurácia dos instrumentos, bem como determinado um ponto de corte para os protocolos.
diagnosticados de forma negativa (VN) e o número total de pessoas que de fato não
apresentavam a condição clínica, independentemente de ela não ter sido (VN) ou ter sido
erroneamente (FP) detectada pelo procedimento/instrumento, representada pela expressão:
VN/(VN + FP).
Esses parâmetros avaliam a qualidade de um teste, pois quanto maior o valor da
sensibilidade, maior a confiança ele revelará a presença de uma condição clínica quando ela
existe de fato. Da mesma forma, quanto maior a especificidade de um teste, mais capacidade
ele terá em revelar a ausência de uma condição clínica quando de fato ela não existe.
5 RESULTADOS
A descrição dos resultados será apresentada em duas sessões: Análise da ESV e Análise
do PEED. Estas ainda foram divididas em cinco subseções denominadas: Análise da
confiabilidade, Análise Fatorial Exploratória, Análise Fatorial Confirmatória, Teoria de
Resposta ao Item e Curva ROC, descritas a seguir.
Tabela 4. Análise dos coeficientes de correlação item-total e Alfa de Cronbach dos itens do protocolo
ESV.
Alfa de
Correlação
Desvio Cronbach se
Item Média item-total
Padrão o item for
corrigida
excluído
1. Você tem dificuldade de chamar a atenção das pessoas? 1,369 1,4718 0,595 0,923
2. Você tem dificuldades para cantar? 2,779 1,4063 0,474 0,925
3. Sua garganta dói? 1,779 1,4135 0,409 0,925
4. Sua voz é rouca? 2,856 1,3293 0,465 0,925
5. Quando você conversa em grupo, as pessoas têm dificuldade para
1,493 1,4524 0,622 0,923
ouvi-lo?
6. Você perde a voz? 1,319 1,2932 0,550 0,924
7. Você tosse ou pigarreia? 2,326 1,4183 0,402 0,926
8. Sua voz é fraca/baixa? 1,745 1,4869 0,458 0,925
9. Você tem dificuldades para falar ao telefone? 1,272 1,4963 0,606 0,923
10. Você se sente mal ou deprimido por causa do seu problema de voz? 1,262 1,4834 0,605 0,923
11. Você sente alguma coisa parada na garganta? 1,799 1,8090 0,409 0,926
12. Você tem nódulos inchados (íngua) no pescoço? 0,832 1,3048 0,287 0,927
13. Você se sente constrangido por causa do seu problema de voz? 1,312 1,5109 0,677 0,922
14. Você se cansa para falar? 2,121 1,3970 0,653 0,922
15. Seu problema de voz deixa você estressado ou nervoso? 1,752 1,4812 0,666 0,922
16. Você tem dificuldade para falar em locais barulhentos? 2,117 1,5536 0,624 0,923
17. É difícil falar forte (alto) ou gritar? 2,211 1,5696 0,570 0,923
18. O seu problema de voz incomoda sua família ou amigos? 1,091 1,4314 0,545 0,924
19. Você tem muita secreção ou pigarro na garganta? 2,091 1,4936 0,363 0,926
20. O som da sua voz muda durante o dia? 2,228 1,4028 0,537 0,924
21. As pessoas parecem se irritar com sua voz? 0,842 1,2304 0,598 0,923
22. Você tem o nariz entupido? 1,389 1,3243 0,250 0,927
23. As pessoas perguntam o que você tem na voz? 1,789 1,5172 0,584 0,923
24. Sua voz parece rouca e seca? 2,782 1,3344 0,563 0,924
25. Você tem que fazer força para falar? 2,013 1,4907 0,664 0,922
26. Com que frequência você tem infecções de garganta? 1,564 1,1507 0,266 0,927
27. Sua voz falha no meio das frases? 2,003 1,3596 0,602 0,923
28. Sua voz faz você se sentir incompetente? 0,926 1,3662 0,593 0,923
29. Você tem vergonha do seu problema de voz? 1,003 1,4225 0,561 0,924
30. Você se sente solitário por causa do seu problema de voz? 0,594 1,2059 0,485 0,925
51
Foi realizada Análise Fatorial Exploratória (AFE), a fim de verificar a organização dos
itens em fatores referentes ao construto. Ela preconiza a adequação da amostra e da matriz de
correlação, independentemente do método selecionado para análise. Para isto, foram realizados
testes de adequação. O índice Kaiser-Meyer-Olkin foi considerado satisfatório (KMO = 0,915)
e o Teste de Esfericidade de Bartlett foi significativo [χ2 (435) = 4304,593; p-valor <0,001],
indicando a adequação da amostra, correlações significativas entre os itens e a possibilidade de
realização da AFE.
Também foi calculada a Medida de Adequação Amostral, Measure of Sample Adequacy
– MSA, para cada item, cujo resultado está exposto na tabela 5. Observou-se que nenhum item
apontou o valor de MSA inferior a 0,500, que é o mínimo preconizado na literatura, e, por isto,
não houve indicação para exclusão de nenhum dos itens nas demais análises (HAIR, 2009).
Assim, todos os itens foram mantidos para as próximas análises e revistos a cada grupo
analítico.
Além desses testes, destaca-se ainda a comunalidade (h2), que indica o quanto os itens
estão relacionados entre si por meio de seu índice, devendo estar acima de 0,30 (HAIR, 2009).
Percebeu-se que os itens 12 (Você tem nódulos inchados (íngua) no pescoço?; h2 = 0,172) e 22
(Você tem o nariz entupido?; h2 = 0,211) apresentaram valor de comunalidade abaixo do
sugerido na literatura, ou seja, têm baixa correlação com os demais itens. Apesar disso,
considerando-se que os demais índices descritos se apresentaram satisfatórios e as evidências
da associação destes sintomas com a disfonia, optou-se por também mantê-los na escala.
52
pela análise paralela, indicados por Horn como critério para a definição do número de fatores a
ser retido, sugerindo que o autovalor da análise paralela não pode ser superior ao da análise de
Kaiser. De acordo com este critério, sugere-se a retenção de apenas três fatores na ESV, que
explicariam juntos 48,85% da variância total.
A AFC permite confirmar ou rejeitar uma teoria pré-estabelecida (HAIR et al., 2009).
Embasando-se no modelo estrutural apresentado pela proposição teórica e pela confirmação a
partir dos critérios de Cattell e Horn, prosseguiu-se com a realização da AFC a partir da
Modelagem de Equações Estruturais (MEE), a fim de observar a adequação dos fatores em
relação ao modelo proposto na AFE, a fim de confirmar ou não (HAIR et al., 2009).
Foi realizada AFC da estrutura com cinco e três fatores, utilizando-se o método de
Máxima Verossimilhança e avaliando-se os índices de ajuste do modelo, a
multidimensionalidade e a validade convergente por meio do modelo da Máxima
Verossimilhança. Apenas a estrutura com três fatores foi confirmada.
Na figura 3 é apresentado o diagrama de caminhos para a estrutura de três fatores.
A Tabela 9 exibe os índices de confiabilidade composta e de variância extraída.
Observou-se a ocorrência de validade convergente para os 3 fatores do protocolo ESV, para o
qual todas as variáveis apresentam cargas fatoriais fortes e significativas, confirmando a
correlação entre os itens e os fatores, de acordo com o critério de Steenkamp e Van Trijp (HAIR
et al., 2005;2009), que propõe verificar a validade convergente de um construto por meio das
cargas fatoriais dos indicadores na variável latente, ou seja, se as cargas forem maior que 0,50
e significativas (C.R. > tcrítico, α), pode-se considerar que o construto/fator possui validade
convergente, como ocorre neste modelo.
57
Na avaliação dos índices de ajuste do MEE mais sugeridos para análise de validação
de instrumentos, que permite a verificação e a adequação do modelo, constatou-se que todos
estão dentro dos valores preconizados na literatura (HAIR et al., 2009) para aceitação do
59
modelo proposto, ou seja, pode-se considerar que a estrutura fatorial do ESV está validada para
a estrutura com três fatores (Tabela 9).
Destaca-se ainda que, conforme exposto na Tabela 9, os valores foram além do mínimo
preconizado, alcançando padrões de excelência para a validação, atestando a qualidade
estatística do protocolo avaliado. Com base na AFE, AFC e no modelo teórico publicado
previamente, assumiu-se a estrutura com três fatores.
Foi possível verificar que os itens apresentam discriminação (a) entre 0,406 e 2,382.
O valor deste parâmetro pode variar entre 0 e 3, onde quanto mais próximo de 3, mais
61
É possível observar os traços da Curva Característica do Item (CCI) para todos os itens
do protocolo ESV (Figura 4). A estrutura dessa curva busca demonstrar quais as probabilidades
de os indivíduos escolherem determinada categoria de resposta, dado o teta do sujeito que a
responde.
Observou-se que grande maioria dos itens apresentam uma tendência a escolhas nas
categorias “1” ou “5”, ou seja, existe maior probabilidade de ocorrência para essas respostas,
pois a curva da categoria “1” engloba quase totalmente a área avaliada pela categoria “2”. Por
outro lado, a “5” cobre as áreas por onde passam as categorias “3” e “4”, demonstrando,
62
portanto, que as categorias “2, 3 e 4” são pouco informativas. Este fato embasa a possibilidade
de revisão dos itens e das categorias de escolha, indicando-se a dicotomização das categorias
de resposta, para melhor compreensão/interpretação dos sujeitos respondentes.
Os itens 11, 12, 22 e 26 apresentaram uma CCI confusa, não havendo muita clareza com
relação ao que indicar enquanto probabilidades de escolha para as categorias.
Na Figura 5, é apresentada a informação total do teste, que indica haver uma maior
concentração do erro (linha vermelha) nos tetas mais próximos ao -6. Já a informação do teste
(linha azul) ficou mais concentrada entre os tetas -2 e 4.
Com base nas CCIs, tomou-se a decisão de proceder a análise com a dicotomização
dos dados. Para isto, considerou-se todas as respostas equivalentes à “nunca” (0) e raramente
(1) como sendo “Não” (0), enquanto que de “às vezes” em diante como sendo “Sim” (1).
Para itens dicotômicos, não há indicação de realizar AFE tradicional, como feito
anteriormente com itens politômicos, a partir de componentes principais e rotação varimax
(HAIR, 2009; DAMASIO, 2009). Por isto acatou-se um fator geral para o protocolo ESV.
Seguiu-se a realização da análise de confiabilidade e TRI, a partir do modelo 2PL, baseado nos
modelos propostos por Lord e Birbaumn (1950).
Tabela 12. Análise dos coeficientes de correlação item-total e Alfa de Cronbach dos itens
dicotomizados do protocolo ESV.
Alfa de
Correlação
Desvio Cronbach se
Item Média item-total
Padrão corrigida
o item for
excluído
1. Você tem dificuldade de chamar a atenção das pessoas? 0,385 0,487 0,460 0,937
2. Você tem dificuldades para cantar? 0,652 0,476 0,548 0,936
3. Sua garganta dói? 0,491 0,500 0,448 0,937
4. Sua voz é rouca? 0,599 0,490 0,681 0,934
5. Quando você conversa em grupo, as pessoas têm dificuldade para
0,379 0,485 0,619 0,935
ouvi-lo?
6. Você perde a voz? 0,334 0,472 0,536 0,936
7. Você tosse ou pigarreia? 0,574 0,494 0,516 0,936
8. Sua voz é fraca/baixa? 0,446 0,497 0,517 0,936
9. Você tem dificuldades para falar ao telefone? 0,269 0,443 0,555 0,936
10. Você se sente mal ou deprimido por causa do seu problema de voz? 0,283 0,451 0,599 0,935
11. Você sente alguma coisa parada na garganta? 0,442 0,656 0,494 0,937
12. Você tem nódulos inchados (íngua) no pescoço? 0,179 0,383 0,379 0,937
13. Você se sente constrangido por causa do seu problema de voz? 0,297 0,457 0,610 0,935
14. Você se cansa para falar? 0,521 0,500 0,682 0,934
15. Seu problema de voz deixa você estressado ou nervoso? 0,399 0,490 0,666 0,934
16. Você tem dificuldade para falar em locais barulhentos? 0,513 0,500 0,629 0,935
17. É difícil falar forte (alto) ou gritar? 0,507 0,500 0,614 0,935
18. O seu problema de voz incomoda sua família ou amigos? 0,253 0,434 0,538 0,936
19. Você tem muita secreção ou pigarro na garganta? 0,473 0,499 0,555 0,936
20. O som da sua voz muda durante o dia? 0,527 0,499 0,661 0,934
21. As pessoas parecem se irritar com sua voz? 0,206 0,404 0,484 0,936
22. Você tem o nariz entupido? 0,391 0,488 0,304 0,938
23. As pessoas perguntam o que você tem na voz? 0,391 0,488 0,625 0,935
24. Sua voz parece rouca e seca? 0,574 0,494 0,699 0,934
25. Você tem que fazer força para falar? 0,446 0,497 0,699 0,934
26. Com que frequência você tem infecções de garganta? 0,360 0,480 0,412 0,937
27. Sua voz falha no meio das frases? 0,507 0,500 0,701 ,934
28. Sua voz faz você se sentir incompetente? 0,226 0,418 0,562 ,936
29. Você tem vergonha do seu problema de voz? 0,224 0,417 0,549 ,936
30. Você se sente solitário por causa do seu problema de voz? 0,126 0,332 0,472 ,936
66
5.1.4.2.2 Teoria de resposta ao item ESV com itens dicotômicos – modelo 2lp
Tabela 13. Parâmetros de discriminação (a) e dificuldade (b), cargas fatoriais (CF) e
comunalidade (h2) para o protocolo ESV com respostas dicotomizadas.
Item a b CF h2
1. Você tem dificuldade de chamar a atenção das pessoas? 1,328 0,495 0,615 0,378
2. Você tem dificuldades para cantar? 1,881 -0,483 0,742 0,550
3. Sua garganta dói? 1,143 0,076 0,558 0,311
4. Sua voz é rouca? 3,028 -0,206 0,872 0,760
5. Quando você conversa em grupo, as pessoas têm dificuldade para
2,346 0,428 0,809 0,655
ouvi-lo?
6. Você perde a voz? 1,766 0,622 0,720 0,519
7. Você tosse ou pigarreia? 1,480 -0,237 0,656 0,431
8. Sua voz é fraca/baixa? 1,555 0,244 0,674 0,455
9. Você tem dificuldades para falar ao telefone? 2,140 0,798 0,783 0,612
10. Você se sente mal ou deprimido por causa do seu problema de
2,695 0,717 0,845 0,715
voz?
11. Você sente alguma coisa parada na garganta? 1,988 0,306 0,760 0,577
12. Você tem nódulos inchados (íngua) no pescoço? 1,326 1,490 0,614 0,378
13. Você se sente constrangido por causa do seu problema de voz? 2,827 0,658 0,857 0,734
14. Você se cansa para falar? 2,836 0,011 0,857 0,735
15. Seu problema de voz deixa você estressado ou nervoso? 2,974 0,355 0,868 0,753
16. Você tem dificuldade para falar em locais barulhentos? 2,231 0,018 0,795 0,632
17. É difícil falar forte (alto) ou gritar? 2,158 0,035 0,785 0,617
18. O seu problema de voz incomoda sua família ou amigos? 2,207 0,870 0,792 0,627
19. Você tem muita secreção ou pigarro na garganta? 1,712 0,140 0,709 0,503
20. O som da sua voz muda durante o dia? 2,700 -0,010 0,846 0,716
21. As pessoas parecem se irritar com sua voz? 2,022 1,089 0,765 0,585
22. Você tem o nariz entupido? 0,743 0,688 0,400 0,160
23. As pessoas perguntam o que você tem na voz? 2,486 0,399 0,825 0,681
24. Sua voz parece rouca e seca? 3,356 -0,127 0,892 0,795
25. Você tem que fazer força para falar? 3,234 0,226 0,885 0,783
26. Com que frequência você tem infecções de garganta? 1,121 0,664 0,550 0,303
27. Sua voz falha no meio das frases? 3,112 0,058 0,877 0,770
28. Sua voz faz você se sentir incompetente? 2,757 0,896 0,851 0,724
29. Você tem vergonha do seu problema de voz? 2,653 0,913 0,842 0,708
30. Você se sente solitário por causa do seu problema de voz? 2,946 1,286 0,866 0,750
Variância Explicada - - 59,7% -
Autovalor - - 17,916 -
Alfa de Cronbach - - 0,940 -
Legenda: Leganda: a – Discriminação; b – Dificuldade; CF – Carga Fatorial; h2 – Comunalidade; TRI: Modelo
2PL para itens dicotômicos – Lord Birbaum
ao ajuste do modelo, apesar de o RMSEA ter sido um pouco acima do ponto de corte
recomendado de 0,08.
A partir dos dados dicotômicos, foi realizada a extração do teta de cada sujeito, das
amostras clínica e não clínica. Após isto, foi realizada a análise da sensibilidade, especificidade
e acurácia. Além disso, obteve-se o ponto de corte do protocolo baseado no teta, a partir da
curva ROC, como demonstra a figura 8.
O gráfico da curva ROC expressa a relação entre a sensibilidade e a especificidade de
um teste. O ponto de corte foi determinado a partir do valor/critério em que a sensibilidade e a
especificidade assumiram os maiores níveis, de modo que a ocorrência de falsos positivos e de
falsos negativos foi a menor possível, aumentando a acurácia do teste. Para isto, utilizou-se o
índice de Youden, equivalente à 0,734, considerado satisfatório e próximo ao valor ideal 1,0,
que forneceu o desempenho da ESV com respostas dicotômicas e estimou a probabilidade de
ocorrência da disfonia.
De acordo com a tabela 15, o ponto de corte da ESV, considerando-se o teta, é de -
0,276, sendo a sensibilidade de 97% e a especificidade de 76,4%, valores satisfatórios, visto
que estão próximos ao máximo de 100%.
A tabela 16 contém informações sobre a área sob a curva (AUC) do gráfico, a partir
do ponto de corte encontrado. A AUC representa a acurácia do teste e, quanto mais distante
estiver da diagonal principal, se aproximando do canto superior esquerdo do gráfico, maior é a
acurácia e melhor será o desempenho do teste. Preconiza-se que esta medida esteja entre 0,7 e
1,0. Na presente análise, encontrou-se o valor de 0,902, que sugere uma discriminação
excepcional.
71
ESV_TETA
100
Sensitiv ity : 97,0
Specif icity : 76,4
Criterion: >-0,2763
80
60
Sensitivity
40
20
AUC = 0,902
P < 0,001
0
0 20 40 60 80 100
100-Specificity
Tabela 15. Índice de Youden para obtenção do critério do ponto de corte da ESV a
partir do teta.
Youden index J Associated criterion Sensitivity (%) Specificity (%)
0,7341 >-0,276287738 97,00 76,41
Tabela 16. Area Under the ROC Curve (Área sob a Curva) – AUC ESV
Asymptotic 95% Confidence
Significance level P
Área Std. Errora z statistic Interval
(Area=0.5)b
Lower Bound Upper Bound
0,902 0,016 <0,0001 24,527 0,872 0,927
aDeLong et al., 1988
b Binomial exact
72
Tabela 17. Análise dos coeficientes de correlação item-total e Alfa de Cronbach dos itens politômicos
do protocolo PEED.
Alfa de
Correlação
Desvio Cronbach se
Item Média item-total
Padrão o item for
corrigida
excluído
1. É mais fácil lidar com meu problema de voz quando os outros são amáveis 3,187 1,9645 0,454 0,872
2. Eu tento evitar situações que tornam meu problema de voz mais evidente 1,973 1,8472 0,424 0,872
3. Eu fico pensando como seria bom não ter problema de voz 3,347 1,8387 0,477 0,871
4. Eu procuro buscar todas as informações possíveis sobre meu problema de
3,201 1,7922 0,409 0,873
voz
5. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz falando o que eu sinto 2,745 1,9741 0,513 0,870
6. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando pensar nele 1,959 1,9617 0,432 0,872
7. Falar com amigos e familiares sobre meu problema de voz me ajuda 2,361 1,9758 0,434 0,872
8. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz procurando compreendê-
3,582 1,6663 0,321 0,875
lo melhor
9. Eu guardo para mim qualquer preocupação sobre o meu problema de voz 2,109 2,0107 0,374 0,874
10. Eu acho que há pouco que eu possa fazer para meu problema de voz 1,425 1,6930 0,337 0,874
11. É mais fácil conviver com meu problema de voz quando não falo 1,276 1,7278 0,364 0,874
12. Ter um problema de voz me ajudou a compreender alguns fatos
2,126 1,9814 0,413 0,873
importantes sobre minha vida
13. Acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando faço perguntas aos
3,469 1,7904 0,375 0,874
médicos
14. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando estar com
1,109 1,7197 0,518 0,870
outras pessoas
15. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz desejando que ele
2,765 2,1881 0,520 0,870
acabe
16. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz fazendo piadas sobre
0,769 1,4643 0,313 0,875
ele
17. Eu tento aceitar meu problema de voz porque não há nada que possa ser
0,905 1,6267 0,301 0,875
feito
18. Eu acho que a religião, orar ou rezar me ajudam a lidar com meu problema
2,660 2,1781 0,426 0,872
de voz
19. Eu guardo para mim as frustrações causadas pela minha voz e poucos
1,531 1,9597 0,423 0,872
amigos sabem o que sinto
20. Eu tento me convencer de que meu problema de voz não me prejudica
1,486 1,7734 0,446 0,872
tanto
21. Ter um problema de voz tem me ajudado ser uma pessoa melhor 1,235 1,7259 0,414 0,873
22. Eu ignoro meu problema de voz olhando somente para as coisas boas da
1,503 1,9301 0,430 0,872
vida
23. Quando minha voz fica ruim, desconto nos outros 0,541 1,2296 0,225 0,876
24. Descansar a voz me ajuda a lidar com o problema de voz 3,099 1,7856 0,351 0,874
25. Eu peço ajuda aos outros por causa do meu problema de voz 1,844 1,9330 0,490 0,871
26. Eu tento fazer atividades físicas para não pensar na voz 1,456 1,9011 0,633 0,867
27. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando me comparo
2,272 2,0838 0,607 0,867
com pessoas com problemas de saúde piores que o meu.
74
tem-se a indicação de 7 fatores para o PEED, com variância total explicada de 56,01%. Já o
critério da Análise Paralela aponta a existência de apenas 3 fatores.
Tabela 19. Autovalores, variância explicada e análise paralela para o protocolo PEED.
Fator Autovalor % de variância % cumulativa Análise Paralela
1 6,541 24,224 24,224 1,598
2 2,346 8,690 32,914 1,506
3 1,457 5,395 38,309 1,435
4 1,375 5,093 43,402 1,380
5 1,233 4,567 47,970 1,327
6 1,144 4,237 52,207 1,279
7 1,028 3,808 56,015 1,236
Cronbach inferior ao mínimo preconizado de 0,700. Por isso, apesar de apresentar a maior
variância explicada, considerou-se esta estrutura problemática.
Foi ainda testada a estrutura fatorial com cinco fatores, que explicou 47,96% da
variância, abaixo dos 60% preconizado. Além disso, três fatores 3, 4 e 5 apresentaram índices
de Alfa de Cronbach abaixo do ponto de corte apontado na literatura, menor do que 0,70. Assim,
como a estrutura de sete fatores, seus itens não se alocaram nos fatores de forma lógica e
possível de ser explicada teoricamente. Dessa forma, também não foi indicada.
Assim, procedeu-se com a realização da AFE em busca de uma estrutura com melhor
explicação da variância, mas que apresentasse sentido de acordo com os estudos teóricos que
propuseram o protocolo. Tendo em vista que nenhuma das estruturas testadas anteriormente
estavam adequadas, impossibilitando sua aceitação, baseou-se nos estudos teóricos do
protocolo PEED, que preconizam a existência de dois fatores: Foco no Problema e Foco na
Emoção (EPSTEIN et al, 2009). Dessa forma, procedeu-se com uma nova análise fatorial
indicando apenas 2 fatores, apresentada na tabela 20.
Ao observar a Tabela 20 percebe-se que dois itens não apresentaram carga fatorial
superior a 0,30 em nenhum dos dois fatores, sendo estes o item 23 (Quando minha voz fica
ruim, desconto nos outros; CF = 0,280) e o item 16 (Eu acho mais fácil lidar com o meu
problema de voz fazendo piadas sobre ele CF = 0,280), demonstrando que tem pouca relação
com os demais itens. Os dois fatores explicam juntos apenas 32,91%, abaixo do preconizado,
contudo, os valores para o Alfa de Cronbach são satisfatórios, sendo o total 0,840 e o dos fatores
0,839 e 0,791, respectivamente.
78
Tabela 20. Cargas fatoriais distribuídas em dois fatores para o protocolo PEED.
Item Fator 1 Fator 2
14. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando estar com outras
0,662
pessoas
19. Eu guardo para mim as frustrações causadas pela minha voz e poucos amigos
0,577
sabem o que sinto
20. Eu tento me convencer de que meu problema de voz não me prejudica tanto 0,574
22. Eu ignoro meu problema de voz olhando somente para as coisas boas da vida 0,564
26. Eu tento fazer atividades físicas para não pensar na voz 0,561 0,395
27. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando me comparo com
0,516 0,401
pessoas com problemas de saúde piores que o meu
9. Eu guardo para mim qualquer preocupação sobre o meu problema de voz 0,502
6. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando pensar nele 0,492
15. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz desejando que ele acabe 0,446 0,359
10. Eu acho que há pouco que eu possa fazer para meu problema de voz 0,394
11. É mais fácil conviver com meu problema de voz quando não falo 0,387
2. Eu tento evitar situações que tornam meu problema de voz mais evidente 0,387
25. Eu peço ajuda aos outros por causa do meu problema de voz 0,384 0,361
17. Eu tento aceitar meu problema de voz porque não há nada que possa ser feito 0,358
21. Ter um problema de voz tem me ajudado ser uma pessoa melhor 0,333
23. Quando minha voz fica ruim, desconto nos outros 0,280
16. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz fazendo piadas sobre ele 0,280
4. Eu procuro buscar todas as informações possíveis sobre meu problema de voz 0,652
5. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz falando o que eu sinto 0,610
13. Acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando faço perguntas aos
0,565
médicos
7. Falar com amigos e familiares sobre meu problema de voz me ajuda 0,556
8. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz procurando compreendê-lo
0,544
melhor
1. É mais fácil lidar com meu problema de voz quando os outros são amáveis 0,488
12. Ter um problema de voz me ajudou a compreender alguns fatos importantes
0,474
sobre minha vida
3. Eu fico pensando como seria bom não ter problema de voz 0,441
24. Descansar a voz me ajuda a lidar com o problema de voz 0,396
18. Eu acho que a religião, orar ou rezar me ajudam a lidar com meu problema de
0,373
voz
Autovalor 6,541 2,346
Variância Explicada (Total = 32,91%) 24,220 8,690
Alfa de Cronbach (Total = 0,877) 0,839 0,791
8Método de extração: Fatoração do Eixo Principal; Método de Rotação: Varimax (ortogonal)
79
Tabela 21. Indicadores de ajuste da MEE para validação do protocolo PEED – 2 fatores.
Critérios para bom ajuste do
Indicador de ajuste Modelo final
modelo
Ajuste absoluto
Função de discrepância: χ2 (valor p) - 692,232 (0,001*)
Qui-quadrado normado (χ2/gl) Valor entre 1 e 5 692,232/319 = 2,17
GFI (índice de qualidade de ajuste) Acima de 0,90 0,732
AGFI (índice de qualidade de ajuste
Acima de 0,90 0,808
ajustado)
RMSEA (raiz média quadrática dos Entre (0,05;0,10] p(H0:
0,063
erros de aproximação) rmsea≤0,05)
Ajuste relativo
TLI (índice Tukey-Lewis) Acima de 0,90 0,785
CFI (índice de ajuste comparativo) Acima de 0,90 0,805
Ajuste parcimonioso
PGFI (parcimônia do GFI) Entre: (0,60; 0,80] 0,502
Tabela 22. Correlações e dados estimados dos itens para os fatores PEED – 2 fatores.
Confiabilidade e
Fator Item Estimate S.E. C.R.(t) p-valor
Validade
Confiabilidade composta = Fator 1 PEED2 1,000 - - -
0,99
PEED6 0,953 0,127 7,488 ***
Variância Média Extraída
= 0,884 PEED9 0,942 0,131 7,201 ***
PEED10 0,608 0,107 5,678 ***
PEED11 0,678 0,109 6,221 ***
PEED14 1,061 0,115 9,244 ***
PEED15 1,223 0,142 8,592 ***
PEED16 0,449 0,091 4,923 ***
PEED17 0,552 0,103 5,371 ***
PEED19 1,014 0,129 7,858 ***
PEED20 0,951 0,117 8,156 ***
PEED21 0,688 0,110 6,270 ***
PEED22 0,971 0,126 7,719 ***
PEED23 0,316 0,076 4,139 ***
PEED25 0,938 0,126 7,452 ***
PEED26 1,248 0,129 9,701 ***
PEED27 1,334 0,143 9,357 ***
Confiabilidade composta = Fator 2 PEED1 1,000 - - ***
0,988
PEED3 0,806 0,093 8,662 ***
Variância Média Extraída
= 0,895 PEED4 0,876 0,101 8,652 ***
PEED5 1,059 0,111 9,507 ***
PEED7 0,935 0,110 8,525 ***
PEED8 0,616 0,093 6,651 ***
PEED12 0,777 0,109 7,121 ***
PEED13 0,786 0,099 7,935 ***
PEED18 0,870 0,122 7,126 ***
PEED24 0,648 0,098 6,608 ***
(1) Consideram-se aceitáveis valores superiores a 0,70 (HAIR et al., 2005)
(2) Consideram-se aceitáveis valores superiores a 0,50 (HAIR et al., 2005)
(3) valores t > ± 2,58 implica p-valor < 0,01 (teste t)
82
A partir deste modelo de análise, foram obtidos os parâmetros dos itens do PEED,
expostos na tabela 24.
83
respectivamente. Já os mais discriminativos foram os itens 26 (Eu tento fazer atividades físicas
para não pensar na voz; a = 4,723) e o 27 (Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz
quando me comparo com pessoas com problemas de saúde piores que o meu; a = 4,028).
Os valores do parâmetro b podem variar entre -∞ e +∞, porém assumem-se valores entre
-3 e +3 para interpretação, sendo os valores próximos a -3 identificados como muito fáceis e os
valores próximos a +3 como mais difíceis. Este parâmetro foi calculado para cada categoria de
resposta.
No parâmetro b1, os valores ficaram entre -0,239 (Item 8. Eu acho mais fácil lidar com
meu problema de voz procurando compreendê-lo melhor) e 1,559 (Item 23. Quando minha voz
fica ruim, desconto nos outros), demonstrando que há uma certa facilidade na escolha desta
categoria para todos os itens. Enquanto no caso do parâmetro b2, os valores ficaram entre -0,097
(também do Item 8) e 1,798 (também do item 23), repetindo a tendência da primeira categoria.
Dessa forma, percebeu-se uma maior facilidade de os indivíduos responderam às opções entre
“Nunca” e “Quase nunca”.
O parâmetro b3 apresentou valores entre 0,298 (também do Item 8) e 2,522 (também do
item 23), demonstrando que para escolher esta categoria é necessário que o indivíduo apresente
um teta maior, evidenciando a quase ausente diferença entre os tetas das categorias 1 e 2. O
parâmetro b4 apresentou valores entre 0,425 (também do Item 8) e 2,695 (também do item 23),
muito próximos aos encontrados na categoria 3, que também necessitam de um teta mais alto
para ser selecionado.
O parâmetro b5, por sua vez, apresentou valores entre 0,685 (Item 3. Eu fico pensando
como seria bom não ter problema de voz) e 3,074 (também item 23), demonstrando a
necessidade de o indivíduo apresentar maior aptidão em relação ao construto para escolher esta
categoria de resposta. Observou-se ainda o parâmetro b6, que foi selecionado apenas nas
respostas aos itens 15, 3, 20 e 7, nas quais apresentou os valores 2,561; 2,621; 3,176; e 4,002
respectivamente. Neste caso, há necessidade de um alto valor de teta para que esta categoria
seja respondida e o conteúdo desses itens possivelmente colabora para isto.
Também foram calculados os índices de ajuste do modelo, a partir da estatística M2
gerada automaticamente pelo R. Estes índices são apresentados na Tabela 25 e são favoráveis
ao ajuste do modelo, a exceção do TLI e do CFI, que apresentaram valores inferiores a 0,90.
85
Na Figura 11, estão representadas as CCI para todos os itens do protocolo PEED.
Observou-se que praticamente todos os itens concentraram maior informação na primeira e
última categoria de resposta, ou seja, nas opções “Nunca” e “Sempre”.
Percebeu-se (figura 11) que os itens 3 (Eu fico pensando como seria bom não ter
problema de voz), 15 (Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz desejando que ele
acabe) , 17 (Eu tento aceitar meu problema de voz porque não há nada que possa ser feito) e 20
(Eu tento me convencer de que meu problema de voz não me prejudica tanto), apresentaram
curvas confusas, apontando a existência de uma categoria extra.
Na análise das CCIs dos itens do PEED, observou-se que, na grande maioria dos itens,
as informações se concentraram nas categorias de resposta “1” e “6”, visto que estas se
destacam no gráfico e englobam a área das demais. Dessa forma, as categorias “2, 3, 4 e 5” não
apresentam informação suficiente. Tais resultados também sugerem a dicotomização das
86
Tabela 26. Análise dos coeficientes de correlação item-total e Alfa de Cronbach dos itens com
respostas dicotômicas do protocolo PEED.
Correlação Alfa de Cronbach
Desvio
Item Média item-total se o item for
Padrão
corrigida excluído
1. É mais fácil lidar com meu problema de voz quando os outros são amáveis 0,570 0,495 0,693 0,943
2. Eu tento evitar situações que tornam meu problema de voz mais evidente 0,412 0,492 0,626 0,943
3. Eu fico pensando como seria bom não ter problema de voz 0,559 0,497 0,725 0,942
4. Eu procuro buscar todas as informações possíveis sobre meu problema de
0,529 0,499 0,687 0,943
voz
5. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz falando o que eu sinto 0,482 0,500 0,720 0,942
6. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando pensar nele 0,365 0,481 0,615 0,944
7. Falar com amigos e familiares sobre meu problema de voz me ajuda 0,428 0,495 0,662 0,943
8. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz procurando
0,609 0,488 0,729 0,942
compreendê-lo melhor
9. Eu guardo para mim qualquer preocupação sobre o meu problema de voz 0,398 0,489 0,618 0,944
10. Eu acho que há pouco que eu possa fazer para meu problema de voz 0,305 0,461 0,514 0,945
11. É mais fácil conviver com meu problema de voz quando não falo 0,266 0,442 0,484 0,945
12. Ter um problema de voz me ajudou a compreender alguns fatos
0,400 0,490 0,610 0,944
importantes sobre minha vida
13. Acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando faço perguntas
0,559 0,497 0,683 0,943
aos médicos
14. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando estar com
0,209 0,407 0,541 0,944
outras pessoas
15. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz desejando que ele
0,445 0,497 0,712 0,942
acabe
16. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz fazendo piadas sobre
0,172 0,377 0,409 0,946
ele
17. Eu tento aceitar meu problema de voz porque não há nada que possa ser
0,184 0,388 0,426 0,945
feito
18. Eu acho que a religião, orar ou rezar me ajudam a lidar com meu
0,422 0,494 0,678 0,943
problema de voz
19. Eu guardo para mim as frustrações causadas pela minha voz e poucos
0,283 0,450 0,555 0,944
amigos sabem o que sinto
20. Eu tento me convencer de que meu problema de voz não me prejudica
0,322 0,467 0,585 0,944
tanto
21. Ter um problema de voz tem me ajudado ser uma pessoa melhor 0,246 0,431 0,548 0,944
22. Eu ignoro meu problema de voz olhando somente para as coisas boas da
0,287 0,452 0,533 0,944
vida
23. Quando minha voz fica ruim, desconto nos outros 0,123 0,328 0,349 0,946
24. Descansar a voz me ajuda a lidar com o problema de voz 0,555 0,497 0,686 0,943
25. Eu peço ajuda aos outros por causa do meu problema de voz 0,340 0,474 0,605 0,944
26. Eu tento fazer atividades físicas para não pensar na voz 0,254 0,435 0,623 0,943
27. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando me comparo
0,391 0,488 0,674 0,943
com pessoas com problemas de saúde piores que o meu.
88
necessário ter aptidão de média a alta, em relação ao construto, para assinalar uma resposta
positiva nestes itens dicotomizados (tabela 27).
Apesar disso, alguns itens se destacaram como extremamente difíceis (>0,128) e
difíceis (0,52<b>0,128) em relação ao parâmetro b. Além do item 23, o 16 (Eu acho mais fácil
lidar com meu problema de voz fazendo piadas sobre ele; b = 1,306) também apresentou alta
dificuldade, ambos com foco na emoção. Em sequência, os itens mais difíceis foram o 17 (Eu
tento aceitar meu problema de voz porque não há nada que possa ser feito; b = 1,189), o 14 (Eu
acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando estar com outras pessoas; b: 0,897), o
11 (É mais fácil conviver com meu problema de voz quando não falo; b: 0,872) e o 21 (Ter um
problema de voz tem me ajudado ser uma pessoa melhor; b: 0,863), ou seja, para responder
positivamente à estas afirmações, os sujeitos necessitam de um maior teta do que nos demais
itens (Tabela 27).
90
Lord Birbaum
91
Figura 13. Curva de Informação Total do teste para PEED com respostas dicotomicas.
Considerando-se o teta dos respondentes das amostras clínica e não clínica, foram
realizadas análises da sensibilidade, especificidade, acurácia e obtenção do ponto de corte do
PEED, a partir da curva ROC.
A figura 15 representa o gráfico da curva ROC, o qual corresponde à relação entre a
sensibilidade e a especificidade de um teste. O ponto de corte foi determinado a partir do índice
de Youden, que se apresentou satisfatório com valor foi de 0,675. Este índice determina o
critério/valor onde a sensibilidade e a especificidade assumem os maiores valores, com os
menores níveis de erros tipo I e II, e uma melhor a acurácia. O ponto de corte encontrado para
o PEED foi de -0,174, com sensibilidade de 88% e especificidade de 79,6%.
A AUC representa a acurácia do teste e, quanto mais distante esta estiver da diagonal
principal, melhor será o desempenho do teste. Observou-se uma AUC de 0,896, dentro dos
níveis preconizados e classificada como excelente.
TETA
100
Sensitivity: 88,0
80 Specificity: 79,6
Criterion: >-0,1743
Sensitivity
60
40
20
AUC = 0,896
P < 0,001
0
0 20 40 60 80 100
100-Specificity
94
Tabela 29. Índice de Youden para obtenção do critério do ponto de corte do PEED a partir do
teta
Youden index J Associated criterion Sensitivity (%) Specificity (%)
0,6755 >-0,174330022 87,96 79,59
Tabela 30. Area Under the ROC Curve (Área sob a Curva) – AUC PEED
Asymptotic 95% Confidence
Significance level P
Area Std. Errora z statistic Interval
(Area=0.5)b
Lower Bound Upper Bound
0,896 0,015 <0,0001 26,335 0,865 0,921
aDeLong et al., 1988
b Binomial exact
95
A partir da análise dos parâmetros da TRI, foi possível determinar o Teta de cada
participante que respondeu à ESV e ao PEED. Seus valores passaram a representar um preditor
da habilidade testada – Sintomas vocais, ou seja, são regras para o modelo utilizado no cálculo
do escore da ESV.
O comando do R, chamado de “tabs” exposto no quadro 1 fornece todas as
possiblidades de resposta apresentadas na base de dados utilizada, que contém as respostas dos
itens dos protocolos, e calcula o respectivo escore correspondente à média e desvio padrão do
teta, como exemplificado nos quadros 2 e 3. Isto é possível, pois tem-se como base os valores
preditivos obtidos no presente estudo para GD e GSV, a partir da análise dos parâmetros da
TRI.
Quadro 1. Comando “tabs” para obtenção das possibilidades de resposta para os itens do protocolo e
cálculo do teta.
#tabs fornece as possibildades de resposta do protocolo e os respectivos
escores
tabs <- fscores(mirt.2p, METHOD="espSUM", full.scores = F)
96
Quadro 2. Saída para o comando tabs, contendo possibilidades de resposta e o teta correspondente para
ESV.
> tabs
ESV.1 ESV.2 ESV.3 ESV.4 ESV.5 ESV.6 ESV.7 ESV.8 ESV.9 ESV.10 ESV.11 ESV.12 ESV.13 ESV.14 ESV.15 ESV.16 ESV.17 ESV.18 ESV.19 ESV.20 ESV.21
[1,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[2,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[3,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[4,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[5,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[6,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
[7,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
[8,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
[9,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
[10,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
[11,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
[12,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0
[13,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
[14,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0
[15,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0
[16,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[17,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0
[18,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0
[19,] 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[20,] 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
[21,] 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
[22,] 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0
[23,] 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[24,] 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[25,] 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
[26,] 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
[27,] 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1
[28,] 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[29,] 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 1 1 0 1 1 0 0 0
[30,] 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[31,] 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
ESV.22 ESV.23 ESV.24 ESV.25 ESV.26 ESV.27 ESV.28 ESV.29 ESV.30 F1 SE_F1
[1,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.7248128966 0.5530643
[2,] 0 0 0 0 1 0 0 0 0 -1.4342590971 0.4683465
[3,] 0 1 0 0 1 0 0 0 0 -1.0261508188 0.3520822
[4,] 1 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.5216546131 0.4940477
[5,] 1 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.9962402933 0.3441482
[6,] 1 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.7925335085 0.2937874
[7,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.1492542863 0.3858566
[8,] 0 0 0 1 0 0 0 0 0 -0.7876076868 0.2926604
[9,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.9007635896 0.3196846
[10,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.3143215991 0.4331907
[11,] 0 0 1 0 0 0 0 0 0 -0.8256007411 0.3014736
[12,] 1 0 0 0 1 0 0 0 0 -0.6333844884 0.2599052
[13,] 1 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.7259399131 0.2789603
[14,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.8226372227 0.3007764
[15,] 1 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.8459958396 0.3063161
[16,] 1 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.0474593017 0.3578051
[17,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.5994116563 0.2533909
[18,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.5153977954 0.2384430
[19,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.2294153947 0.4086219
[20,] 0 0 0 1 0 0 0 0 0 -0.7063136760 0.2747645
[21,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.0044843716 0.3463231
[22,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.7867001521 0.2924532
[23,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.3591108680 0.4462787
[24,] 1 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.2241394270 0.4071089
[25,] 0 0 0 0 1 0 0 0 0 -0.9439977817 0.3305905
[26,] 1 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.8672943682 0.3114531
[27,] 0 1 1 0 0 0 1 1 1 0.6110286453 0.1846528
[28,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.1013968020 0.3725319
[29,] 1 1 0 1 0 0 0 1 0 0.0689259162 0.1812408
[30,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.3042522083 0.4302584
[31,] 1 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.1783083739 0.3940492
[ reached getOption("max.print") -- omitted 397 rows ]
Quadro 3. Saída para o comando tabs, contendo possibilidades de resposta e o teta correspondente para
o PEED.
> tabs4
PEED...1 PEED...2 PEED...3 PEED...4 PEED...5 PEED...6 PEED...7 PEED...8 PEED...9 PEED...10 PEED...11 PEED...12 PEED...13 PEED...14 PEED...15
[1,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[2,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[3,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[4,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[5,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[6,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[7,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[8,] 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
[9,] 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0
[10,] 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0
[11,] 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 0 1
[12,] 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 0 1
[13,] 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[14,] 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[15,] 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1
[16,] 0 0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 0 0 0 0
[17,] 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1
[18,] 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[19,] 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
[20,] 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1
[21,] 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1
[22,] 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1
[23,] 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0
[24,] 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 1 1 0 0
[25,] 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0
[26,] 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0
[27,] 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0
[28,] 0 0 0 1 1 0 1 1 0 0 0 1 1 0 0
[29,] 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1 0 1
[30,] 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
[31,] 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0
[32,] 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0
[33,] 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0
[34,] 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0
PEED...16 PEED...17 PEED...18 PEED...19 PEED...20 PEED...21 PEED...22 PEED...23 PEED...24 PEED...25 PEED...26 PEED...27 F1
[1,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1.383235956
[2,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -0.786005728
[3,] 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.855148686
[4,] 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 -0.892049704
[5,] 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 -0.620948086
[6,] 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 -0.671807562
[7,] 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 -0.690464150
[8,] 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 -0.396776239
[9,] 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.208323379
[10,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.433207514
[11,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.095100645
[12,] 0 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 0.371912752
[13,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.774419771
[14,] 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 1 -0.185023169
[15,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.204374779
[16,] 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 0 1 0.226219464
[17,] 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0.292961923
[18,] 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.579724281
[19,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.532228312
[20,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.221140707
[21,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 -0.129167110
[22,] 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.029260725
[23,] 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.258388053
[24,] 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 -0.043907012
[25,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.250521832
[26,] 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.152503010
[27,] 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.135569594
[28,] 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0.108728144
[29,] 1 1 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0.474305439
[30,] 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 -0.367797963
[31,] 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -0.164916285
[32,] 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 -0.112122809
[33,] 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0.222141641
[34,] 0 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 0.125985104
SE_F1
[1,] 0.5443703
[2,] 0.3242326
[3,] 0.3476761
[4,] 0.3606263
[5,] 0.2736452
[6,] 0.2883335
[7,] 0.2939315
[8,] 0.2196328
[9,] 0.1879016
[10,] 0.2271883
[11,] 0.1742590
[12,] 0.1509344
[13,] 0.3204210
[14,] 0.1847860
[15,] 0.1873619
[16,] 0.1534486
[17,] 0.1519275
[18,] 0.2623782
[19,] 0.2501312
[20,] 0.1896869
[21,] 0.1779743
[22,] 0.1679985
[23,] 0.1951711
[24,] 0.1692875
[25,] 0.1939756
[26,] 0.1807097
[27,] 0.1787093
[28,] 0.1583972
[29,] 0.1515314
[30,] 0.2139602
[31,] 0.1822289
[32,] 0.1760745
[33,] 0.1535666
[34,] 0.1574745
Para inserção de vetores com novos padrões de resposta, ou com respostas individuais
dos sujeitos, tem-se o comando do R exposto no quadro 3, que utiliza os valores preditivos da
análise por TRI e fornece o valor médio e desvio padrão do teta/escore, de acordo com a chave
de resposta inserida, como exemplificado no quadro 4.
Quadro 4. Comando “tabsV” para obtenção do teta/escore a partir da inserção de um vetor resposta
> tabsV<- fscores(mirt.2p, method="MAP", response.pattern
=c(1,0,0,1,0,0,0,0,0,0,1,1,1,1,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0),
METHOD="espSUM", full.scores = F)
Quadro 5. Saída para o comando tabsV, contendo o teta correspondente ao vetor resposta para ESV e
PEED
> tabsVESV
ESV.1 ESV.2 ESV.3 ESV.4 ESV.5 ESV.6 ESV.7 ESV.8 ESV.9 ESV.10 ESV.11 ESV.12 ESV.13 ESV.14 ESV.15 ESV.16 ESV.17 ESV.18 ESV
.19 ESV.20 ESV.21
[1,] 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0
0 0 0
ESV.22 ESV.23 ESV.24 ESV.25 ESV.26 ESV.27 ESV.28 ESV.29 ESV.30 F1 SE_F1
[1,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -0.315909 0.2058825
> tabsVPEED
PEED...1 PEED...2 PEED...3 PEED...4 PEED...5 PEED...6 PEED...7 PEED...8 PEED...9 PEED...10 PEED...11 PEED...12 PEED...13
PEED...14 PEED...15
[1,] 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1
1 0
PEED...16 PEED...17 PEED...18 PEED...19 PEED...20 PEED...21 PEED...22 PEED...23 PEED...24 PEED...25 PEED...26 PEED...27
F1 SE_F1
[1,] 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -
0.1032644 0.1719645
Por favor, circule uma opção de resposta para cada pergunta. Por favor, não deixe nenhuma
resposta em branco.
Nome:_________________________________________________________ Idade:______
Diagnóstico:_________________________________________ Data:__________________
Estamos interessados em saber como as pessoas reagem quando a condição de suas vozes não é normal ou quando
têm um problema de voz. Há diversos modos de tentar lidar com essas situações e circunstâncias. No presente
questionário pedimos que você indique o que você faz e como se sente. Evidentemente, circunstâncias diversas
produzem respostas de certa forma diferentes, mas pense no que você geralmente faria quando sua voz não está
normal. Circule a resposta que corresponde ao quanto você usa a resposta da frase.
1. É mais fácil lidar com meu problema de voz quando os outros são amáveis POUCO MUITO
2. Eu tento evitar situações que tornam meu problema de voz mais evidente POUCO MUITO
3. Eu fico pensando como seria bom não ter problema de voz POUCO MUITO
4. Eu procuro buscar todas as informações possíveis sobre meu problema de voz POUCO MUITO
5. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz falando o que eu sinto POUCO MUITO
6. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando pensar nele POUCO MUITO
7. Falar com amigos e familiares sobre meu problema de voz me ajuda POUCO MUITO
8. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz procurando compreendê-lo melhor POUCO MUITO
9. Eu guardo para mim qualquer preocupação sobre o meu problema de voz POUCO MUITO
10. Eu acho que há pouco que eu possa fazer para meu problema de voz POUCO MUITO
11. É mais fácil conviver com meu problema de voz quando não falo POUCO MUITO
12. Ter um problema de voz me ajudou a compreender alguns fatos importantes sobre minha vida POUCO MUITO
13. Acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando faço perguntas aos médicos POUCO MUITO
14. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando estar com outras pessoas POUCO MUITO
15. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz desejando que ele acabe POUCO MUITO
16. Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz fazendo piadas sobre ele POUCO MUITO
17. Eu tento aceitar meu problema de voz porque não há nada que possa ser feito POUCO MUITO
18. Eu acho que a religião, orar ou rezar me ajudam a lidar com meu problema de voz POUCO MUITO
19. Eu guardo para mim as frustrações causadas pela minha voz e poucos amigos sabem o que sinto POUCO MUITO
20. Eu tento me convencer de que meu problema de voz não me prejudica tanto POUCO MUITO
21. Ter um problema de voz tem me ajudado ser uma pessoa melhor POUCO MUITO
22. Eu ignoro meu problema de voz olhando somente para as coisas boas da vida POUCO MUITO
23. Quando minha voz fica ruim, desconto nos outros POUCO MUITO
24. Descansar a voz me ajuda a lidar com o problema de voz POUCO MUITO
25. Eu peço ajuda aos outros por causa do meu problema de voz POUCO MUITO
26. Eu tento fazer atividades físicas para não pensar na voz POUCO MUITO
Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando me comparo com pessoas com
27. POUCO MUITO
problemas de saúde piores que o meu.
Escore total PEED __________
Valor de corte: -0,174
101
6. DISCUSSÃO
sugerem falhas significativas em sua validação, desde a elaboração dos itens até a aplicabilidade
dos protocolos (BRANSKI et al., 2010; AGUIAR et al, 2018; OLIVEIRA, 2019)
Muitos desses instrumentos foram traduzidos para o português brasileiro. No entanto
replicou-se os fatores dos instrumentos originais, que foram validados em uma população e
outra cultura, o que pode ter interferido diretamente nas estruturas fatoriais. Além disso, no
processo de adaptação cultural ou de validação, foram selecionadas amostras pequenas, não
representativas, e muitas vezes insuficientes para satisfazer os pressupostos dos testes
psicométricos. Essas questões foram destacadas e consideradas no planejamento metodológico
do presente estudo, que apresenta 495 respondentes para os dois instrumentos, alocados em
grupos de amostra clínica (GD) e não clínica (GVS).
A seguir, serão discutidos os principais resultados observados no processo de análise
das medidas psicométricas da ESV e do PEED. Foram realizadas medidas de confiabilidade,
Análise Fatorial Exploratória, Confirmatória e Full, TRI e Curva ROC. Inicialmente, será
discutida a análise psicométrica dos protocolos com itens politômicos e, posteriormente, a
análise de cada instrumento, considerando-se os itens dicotômicos.
Apesar disso, considerando-se que obstrução nasal, infecções de vias aéreas superiores
(VAS) e fatores alérgicos, além de abuso vocal e hábitos vocais inadequados, se relacionam
entre si e são apontados como fatores relacionados à etiologia da disfonia (TAVARES; SILVA,
2008), os itens permaneceram na análise.
O diagnóstico de alergias de VAS aumentam as chances de um sujeito apresentar
alterações vocais e acarretar uma disfonia, além de ser a principal causa de prolongamento da
terapia fonoaudiológica para a voz (CIELO et al., 2009). Indivíduos com rinite alérgica
apresentam maior prevalência de disfonia em comparação aos não alérgicos, pois ela é
responsável por comprometer o trato vocal, envolvendo nariz, ouvidos e garganta, que na menor
hipótese, compromete a boa projeção vocal (CAMPAGNOLO; BENNINGER, 2019). A
produção vocal depende das estruturas envolvidas na respiração, ou seja, na presença de
alterações de VAS pode haver desequilíbrio ressonantal, hiper ou hiponasalidade,
incoordenação pneufonoarticulatória, alterações de sonoridade e até rouquidão (TAVARES;
SILVA,2008).
Dessa forma, considera-se que a investigação desses aspectos é importante para o
diagnóstico da disfonia, mas não se espera uma alta discriminação em itens relacionados às
infecções de VAS, tendo em vista sua ocorrência comum também em indivíduos não disfônicos
(ALENCAR, 2019). Este fato foi observado também em relação à comunalidade, na AFE, cujo
valor representa o quanto o item explica o fator em questão. Foi percebido que os itens 12 “você
tem nódulos inchados íngua no pescoço?” e, mais uma vez, o 22 “Você tem nariz entupido?”,
não representaram bem os sintomas vocais, visto que tem relação mais direta com infecções de
VAS, do que com a própria disfonia.
A estratégia de enfrentamento à disfonia “Quando minha voz fica ruim eu desconto
nos outros” também não mostrou relação com os demais itens do PEED. Percebe-se que esta
estratégia é focada na emoção, ou seja, indivíduos que assinalam alta frequência de utilização
de estratégias comportamentais buscam resolver o estresse reativo à disfonia utilizando-se de
recursos emocionais, como a prática de exercícios e de uma vida mais saudável, liberação de
emoções reprimidas, busca de apoio social, treinamento de habilidades sociais, entre outras.
Além dessas, também pode ocorrer o uso de estratégias denominadas “destrutivas”, que
englobam, por exemplo, “descontar” sua frustração nos outros, passividade, evitação das fontes
de estresse e a procrastinação dos compromissos (LIPP; MALIGRIS, 2008; GUIMARÃES,
2008).
De acordo com os estudos sobre enfrentamento na disfonia, quanto mais estratégias
forem utilizadas, melhor o indivíduo enfrenta o problema. Porém, o fato de a estratégia em
104
questão ser considerada destrutiva, vai de encontro à proposta do protocolo, visto que
“descarregar” no outro o estresse ou frustração por ter uma voz ruim não é uma estratégia
positiva e resolutiva. Dessa forma, este fato pode ter interferido para este item não ter
apresentado boa correlação com os demais. O mesmo foi observado em relação à comunalidade
na AFE, ou seja, o item 23 (“Quando minha voz fica ruim eu desconto nos outros”) explicou
pouco sobre o fator em que se alocou. Apesar disso, considerando-se os demais índices, a não
alteração da consistência interna com a exclusão do item, a validação original do protocolo e as
evidências de que estratégias destrutivas devem ser investigadas em situações de estresse
reativo (LIPP; MALIGRIS, 2008), decidiu-se pela manutenção do item na análise.
Ainda na análise a partir das respostas ordinais, realizou-se a AFE, em que foram
observadas várias estruturas fatoriais tanto para a ESV quanto para o PEED. Nos dois
protocolos, observou-se Variância Total Explicada (VTE) abaixo dos 60% preconizados na
literatura (HAIR, 2009) para todas as estruturas testadas. Este parâmetro indica o quão confiável
é o modelo que descreve o construto observado, ou seja, as estruturas fatoriais utilizadas
inicialmente, com itens politômicos, não foram suficientes para explicar/representar os
construtos “sintomas vocais” e “estratégias de enfrentamento na disfonia”.
A VTE diz respeito à porção de variância comum que um fator ou um conjunto de
fatores consegue extrair de um conjunto de itens. Assim, quando todos os fatores juntos
explicam menos de 60%, há probabilidade de haver ampla porcentagem de variância não
explicada, ou seja, de resíduos na estrutura, que não representam adequadamente a amostra
(HAIR, 2005; DAMÁSIO, 2012).
No entanto, do ponto de vista metodológico, discute-se na literatura que os estudos de
validação não devem buscar exatamente a maximização da variância explicada, pois podem ser
produzidas estruturas sem sentido teórico, com superestimação do número de fatores, gerando
construtos supérfluos (O’GRADY, 1982). Este fato ocorreu na AFE dos dois protocolos
analisados, em que a melhor VTE foi encontrada em estruturas fatoriais de aplicabilidade
inviável.
Com base no ponto de vista psicométrico, teóricos (O’GRADY, 1982; PASQUALI,
1999; DAMASIO, 2012) afirmam que nenhum evento ou comportamento pode ser totalmente
compreendido por um construto. Portanto, a VTE nunca chegará a 100%, principalmente se
esta compreensão se der por meio de itens com respostas em escalas tipo Likert, como é o caso
do PEED, pois estas aumentam ainda mais a imprecisão da avaliação (DAMASIO, 2012). Por
isso, eles sugerem que uma decisão adequada, a partir da análise medidas da VTE na AFE, deve
105
Procedeu-se então com a análise por meio da TRI, modelo 2PL, para itens politômicos,
para mensuração das demais características psicométricas dos instrumentos, a fim de embasar
as decisões tomadas.
Foi aplicado o modelo de resposta gradual de Samejima, aos itens politômicos, para
obtenção dos parâmetros dificuldade (b) e discriminação (a) de cada item dos instrumentos em
questão. As Curvas Características dos Itens (CCI) também foram fornecidas na análise e
possibilitaram a percepção gráfica da informação contida em cada categoria de resposta,
demonstrando os níveis de teta com maior probabilidade de assinalar cada uma.
Tanto os itens da ESV quanto os do PEED demonstraram tendência para respostas
extremas, ou seja, a probabilidade de os indivíduos responderem os itens com “nunca” ou
“sempre” se destacou em relação às demais, independente da variação do teta.
Os itens com respostas em escalas ordinais, como as Likert e tipo Likert, utilizadas
para os protocolos aqui estudados, foram fortemente sugeridos na Psicometria, sobretudo
quando o instrumento era validado com base na Teoria Clássica dos Testes (TCT), pois se
considerava que, quanto maior a variabilidade dos itens, maior a representatividade e
discriminação dos sujeitos (NUNES et al., 2008). Com base nisso, quanto mais opções de
respostas, melhor era considerado o item, pois a maior quantidade de categorias implicaria
numa maior variabilidade.
Porém, quando os itens passaram a ser considerados como o principal objeto de
análise, começaram a surgir dúvidas sobre essas recomendações, visto que há possibilidade de
existirem inconsistências na forma de apresentação dos itens e suas categorias, bem como na
interpretação das opções de respostas pelos sujeitos (NUNES et al., 2008).
A partir de investigações sobre como elaborar itens e questionários, percebeu-se que
quando há muitas opções de resposta, pode haver muitas formas de interpretação, que
dependem do nível de instrução, experiências de vida, personalidade e individualidade do
respondente. Assim, é possível que sejam atribuídos sentidos, valores e interpretações
diferentes às mesmas opções de resposta (NUNES et al., 2008; RAMOS et al., 2018).
Além disso, os indivíduos podem não conseguir distinguir muitas gradações de
intensidade na resposta e mudanças de direção na escrita do item. É possível ainda que o
intervalo entre duas categorias próximas, como “frequentemente” e “quase sempre”, presentes
107
Isto foi pontuado em pesquisa recente (ALENCAR, 2019), que investigou as propriedades
psicométricas da Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV). Esta apresenta sintomas
sensoriais e investiga sua frequência de ocorrência e intensidade. A partir dos resultados,
percebeu-se que os pacientes não conseguiram diferenciar os parâmetros frequência e
intensidade, a tal ponto que alguns itens precisaram ser excluídos ao final da análise. No mesmo
estudo, ocorreu que algumas das quatro categorias de resposta não foram assinalas. Então, para
sanar questões referentes a essa escala e, por maior robustez da análise, as categorias foram
dicotomizadas.
Embasando-se no exposto sobre as escalas ordinais, na baixa explicação da variância
da AFE para a ESV e o PEED, na falta de confirmação da estrutura do PEED, na observação
das CCIs dos itens fornecida pela aplicação da TRI, em que as respostas de ambos os protocolos
tendem aos extremos, decidiu-se pela dicotomização das categorias de resposta e análise
posterior. Assim, nenhuma outra decisão foi tomada com base nesta análise preliminar, tendo
em vista suas fragilidades.
Itens dicotômicos são polarizados, admitem apenas duas opções de resposta, como
“sim” e “não” ou “concordo” e “discordo”. Essa polarização pode forçar respostas em relação
à um leque de opiniões, quando há possibilidade de discussões. Apesar disso,
questões/afirmações dicotômicas são claras e ainda mais objetivas que as ordinais. Entre suas
vantagens estão a rapidez e a facilidade de aplicação, processo e análise, menor risco de
parcialidade do entrevistador e de confusão na interpretação do sentido (CHAGAS, 2000). Esse
formato de resposta encaixa perfeitamente na ESV, que investiga a ocorrência de sintomas, e
no PEED, que observa se o indivíduo utiliza determinadas estratégias para lidar com a alteração
vocal.
Após a dicotomização dos itens, realizou-se análise psicométrica dos protocolos,
considerando o novo formato. Observou-se que os dois instrumentos apresentaram boa
consistência interna e a correlação item-total foi dentro dos valores aceitáveis para todos os
itens. Em sequência, os testes foram analisados por meio da TRI.
pode estar relacionado ao início da disfonia, mas não necessariamente ao seu diagnóstico, visto
que este sintoma está presente em quadros agudos de gripe e alergias (CAMPAGNOLO;
BENNINGER, 2019). O item 24 traz um diferencial em relação a este sintoma, pois investiga
ainda a percepção de uma voz seca, que não é comum em outros problemas de saúde, mas
apenas na disfonia. Dessa forma, a autopercepção de uma voz rouca e seca é um indicativo da
instalação da alteração vocal.
Acredita-se que o sintoma “esforço para falar” ou “fazer força para que a voz saia” foi
muito discriminativo porque pode estar envolvido na gênese e na manutenção da disfonia,
quando é compensatório a alterações musculo-esqueléticas ou estruturais. Essa sensação pode
estar relacionada a lesões de massa na prega vocal, responsáveis por uma coaptação glótica
deficiente, ou a ajustes musculares inadequados, com consequente necessidade de maior
esforço para recrutar as pregas vocais e colocá-las em vibração (ROY et al., 2004; JARMIM et
al., 2007). Além disso, este é um dos sintomas mais relatados por indivíduos com alta demanda
vocal, como profissionais da voz (MARCAL e PERES, 2011; COSTA et al., 2013).
Observou-se que os itens que melhor discriminam os indivíduos tem conteúdo
relacionado ao fator limitação (4, 5, 9, 14, 16, 17, 20, 23, 24, 25, 27) e às questões emocionais
(10, 13, 15, 18, 21, 28, 29, 30), ou seja, itens com sintomas vocais relacionados ao
acometimento físico diferenciaram menos os indivíduos vocalmente saudáveis dos disfônicos.
Isto pode ter ocorrido exatamente pelo fato dessas sensações serem mais orgânicas e, mais uma
vez, serem comuns infecções acometimento de VAS.
Alencar (2019), após observar as medidas psicométricas dos itens do protocolo EDTV,
absteve os itens referentes aos processos inflamatórios/lesão tecidual, como coceira na garganta
e garganta sensível, que estão relacionados a aspectos orgânicos. Eles não demonstraram boa
correlação com as demais sensações de desconforto e nem com os construtos encontrados.
Corroborando com o presente estudo, a autora justificou este fato afirmando que esses sintomas
podem ser prévios à instalação da disfonia e estar relacionados a quadros agudos, gripes e
resfriados, ou alérgicos, ou seja, os indivíduos podem relatar os sintomas físicos mesmo antes
da real instalação da disfonia (RODRIGUES et al., 2013).
Com base no exposto em relação à discriminação, pode-se concluir que o diferencial
entre sujeitos disfônicos e os vocalmente saudáveis são as limitações em atividades cotidianas
e os impactos emocionais causados pela disfonia. Este fato fica ainda mais claro ao se observar
o parâmetro dificuldade (b) dos itens.
111
Outra característica dos itens da ESV analisada pela TRI, modelo 2PL, é a dificuldade
para responder aos itens, ou seja, a probabilidade de os respondentes assinalarem a opção de
resposta positiva para determinado item, com base nos valores de teta.
Os itens com menor dificuldade foram o 2 “Você tem dificuldades para cantar?”, o 7
“Você tosse ou pigarreia?”, o 4 “Sua voz é rouca?” e o 24 “Sua voz parece rouca e seca?”.
Considerando-se que a população do presente estudo não é de cantores, assinalar que
tem dificuldades para cantar pode ser interpretado como “não canto bem” ou “minha voz não é
ideal para cantar”. Então, é comum que indivíduos da população em geral responda
positivamente ao item 2, reduzindo sua dificuldade. Além disso, estudos que investigaram
sintomas vocais (VITAL et al., 2016; BASÍLIO et al., 2016; CAVICHIOLO et al., 2019;
QUEIROZ; GOMES; LUCENA, 2019) indicaram a dificuldade para cantar nas mais diferentes
populações, como idosos, mulheres, professores, adultos com queixa vocal, indivíduos com
disfonia organofuncional, entre outros.
Os demais itens englobam os sintomas tosse, pigarro e rouquidão, que como já
discutido, estão relacionados às infecções de VAS e alergias, sendo comum na população em
geral e, por isso, facilmente assinalados. Além disso, a tosse e o pigarro podem estar associados
a eventos de refluxo gastroesofágico (RGE), pois este pode acarretar lesão da mucosa do
esôfago e/ou do trato aero digestivo. A irritação da mucosa do trato vocal, causada pelo ácido
gástrico, está associada a sintomas de queimação, sensação de inchaço na garganta, tosse,
espessamento da saliva e consequente pigarro. Estes podem interferir na fonação, irritando e
edemaciando as pregas vocais e resultar em uma disfonia (ZUCATO; BEHLAU, 2012;
ANDRADE et al, 2016). Tendo em vista que atualmente uma parcela considerável da
população apresenta RGE, somando-se a eventos de gripes e processos alérgicos, é esperado
que o item 7 apresente baixa dificuldade, ou seja, não necessite de alta aptidão para disfonia
para ser positivamente assinalado.
Por outro lado, os itens com maior dificuldade, que exigem maior nível de teta para
serem respondidos de forma positiva são: 12 “Você tem nódulos inchados (íngua) no pescoço?”,
30 “Você se sente solitário por causa do seu problema de voz?”, 21 “As pessoas parecem se
irritar com sua voz?”, 29 “Você tem vergonha do seu problema de voz?”, 28 “Sua voz faz você
se sentir incompetente?” e 18 “O seu problema de voz incomoda sua família ou amigos?”.
É possível que o item 12 seja difícil de ser respondido pelo fato de os indivíduos não
perceberem ou identificarem os possíveis nódulos existentes no pescoço, visto que para tal eles
precisariam ter um conhecimento prévio de anatomia palpatória para localizar os linfonodos
em inflamação ou saber identificar contraturas e nódulos de tensão na musculatura cervical.
112
Os demais itens são todos pertencentes ao domínio emocional (18, 21, 28, 29, 30), ou
seja, para responder positivamente a questões emocionais relacionadas à disfonia, o indivíduo
precisa ter um alto valor de teta. Considerando isto, percebeu-se que o presente estudo
corroborou com os achados de Deary et al. (2010), que aplicaram o modelo de TRI não
paramétrico proposto por Mokken no Voice Symptom Scale (VoiSS), versão americana da ESV,
em busca da hierarquização dos sintomas.
A escala foi hierarquizada de acordo com os níveis de dificuldade dos itens, sendo a
questão “Sua voz é rouca?” a mais fácil e a questão “Você se sente solitário por causa do seu
problema de voz?” a mais difícil. O fato de o primeiro item citado precisar de um teta baixo
para ser respondido positivamente corrobora com os achados de Oliveira (2019), que o incluiu
este item em seu modelo preditivo como um dos mais representativos na população disfônica.
Além disso, os sintomas relacionados a questões emocionais apresentaram os maiores
valores no parâmetro dificuldade, ou seja, têm menor probabilidade de serem citados (DEARY
et al., 2010). Assim, entende-se que os primeiros sintomas percebidos por indivíduos disfônicos
são os relacionados a questões físicas/orgânicas, e àqueles que os limitam em suas atividades
cotidianas. Fica claro, portanto, que apenas quando o paciente apresenta maior
comprometimento, ou um maior valor de teta, são relatados os sintomas os emocionais.
Observa-se então que o conhecimento dos parâmetros da TRI auxiliaram também na
compreensão da fenomenologia estruturada dos problemas vocais, demonstrando a
probabilidade de aparecimento dos sintomas desde a gênese da alteração, até a sua evolução e
manutenção. Sabe-se agora que o comprometimento vocal acarreta o comprometimento
emocional reativo à disfonia.
Muitos estudos apontam a relação entre voz e emoção (CASSOL et al., 2010; COSTA
et al, 2013; ALMEIDA et al, 2014; BARBOSA et al, 2019). Trajano et al. (2019) relataram
redução dos sintomas vocais e concomitante diminuição dos níveis de ansiedade em indivíduos
disfônicos pós terapia vocal, embasando que não apenas a evolução da disfonia compromete as
emoções, mas seu tratamento e a melhora da voz também contribuem para melhoria de aspectos
emocionais.
Como observado no estudo citado, a ESV pode ser utilizada para monitoramento da
intervenção vocal, demonstrando boa sensibilidade para mudança pós-terapia para disfonia
(STEEN et al, 2008). Além disso, desde sua elaboração, este instrumento tem o intuito de
discriminar indivíduos com e sem alterações vocais, demonstrando eficiência, visto que estudos
(LOPES et al., 2016; MORETI et al., 2014) relatam maiores escores para indivíduos com
alterações vocais e correlação diretamente proporcional com o desvio da qualidade vocal.
113
Apesar disso, Oliveira (2019) pontuou em seu estudo que a média do escore total no
grupo de disfônicos apresentou valores muito acima do ponto de corte proposto (MORETI et
al., 2011) para classificar a disfonia. A autora observou ainda que o ponto de corte dos sujeitos
saudáveis também estava acima do sugerido na literatura. Com base nesses achados, foi
sugerido que há limitações em relação ao ponto de corte desses instrumentos e que fossem
realizadas análises psicométricas mais modernas, como a TRI, para que o instrumento se torne
mais refinado (OLIVEIRA, 2019).
Dessa forma, no presente estudo, utilizaram-se os parâmetros dos itens da ESV para
calcular o teta de cada indivíduo e a partir do seu valor, calculou-se o ponto de corte do
instrumento por meio da curva ROC, observando-se os melhores valores de sensibilidade,
especificidade e acurácia, sendo este valor equivalente à – 0,276.
para modificações nos escores do teta pré e pós terapia, estão sendo realizados, a partir de
modelagens específicas e robustas, como a análise de agrupamento. Além disso, tem-se buscado
a elaboração de um aplicativo que possibilite a aplicação dos protocolos, bem como os seus
cálculos, tornando-os ainda mais acessíveis na clínica vocal e nas pesquisas.
Vale ressaltar que existe muito a se avançar na área de avaliação de instrumentos em
Voz e em Fonoaudiologia. Visto sua importância para esta ciência, que utiliza a autoavaliação
em várias áreas, tanto para embasar pesquisas, quanto para a prática clínica, a partir da
mensuração e monitoramento de construtos.
118
7 CONCLUSÃO
A análise das medidas psicométricas dos protocolos Escala de Sintomas Vocais (ESV)
e do Protocolo de Estratégias de Enfrentamento na Disfonia (PEED), permitiu a observação da
necessidade de modificações em sua estrutura.
Sabe-se agora que a estrutura com itens dicotômicos e unifatorial é a mais adequada
para representar os construtos, a partir da exclusão dos domínios dos protocolos. Assim, para
classificação dos indivíduos disfônicos e vocalmente saudáveis, considera-se um escore total,
baseado no teta por eles apresentados.
A obtenção do teta foi possível, a partir da análise dos parâmetros discriminação e
dificuldade, fornecidos pela TRI, em que, cada item foi calibrado com um valor individual de
informação, de acordo com seu nível de contribuição, a fim de colaborar de forma mais
fidedigna para obtenção do escore total. Ambos instrumentos têm nova metodologia de cálculo,
baseado nesses parâmetros.
Foi possível ainda aplicar os novos cálculos no banco de dados e observar as medidas
de sensibilidade, especificidade e acurácia dos protocolos, que foram satisfatórias. A partir
delas, obteve-se novos pontos de corte, baseados nas novas estruturas, sendo -0,276 para a ESV
e -0,174 para o PEED, ou seja, escores com níveis de teta maiores que esses valores sugerem
disfonia.
119
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124
Larissa Almeida1; João Agnaldo do Nascimento1,3; Mara Behlau2; Alexandra Aguiar4; Anna
Alice Almeida1,4,5.
Área: Voz
Tipo de manuscrito: Artigo de revisão de literatura
Fonte de auxílio:
Conflito de interesses: Inexistente
127
ABSTRACT
Purpose: to characterize and reflect on the process of cultural equivalence and/or
validation of vocal self-assessment instruments translated and adapted for the
Brazilian Portuguese, used in clinical practice and scientific research. Research
strategies: The articles were searched in the following databases: SciELO, LILACS,
PubMed and "The Cochrane Library". Selection critéria: The studies were selected
regarding the presence of the descriptors cited in their title, abstract or descriptors;
validation articles of self-assessment instrument in voice or with the objective of
performing cultural equivalence; being directed to the Brazilian population; original
studies with a sample of human beings; regardless of the age of the life cycle type of
dysphonia or vocal symptoms. Results: Nine articles were found that addressed the
objectives of this review. Voice quality of life and vocal handicap were the most
addressed constructs. Most validations occurred in the Southeast region of Brazil.
Most of the scores of the instruments are calculated by simple sum of the answers
given by the participants in the component items; cut-off points are not always
displayed. The domains of the instruments, as well as the items that compose them,
were maintained as presented in the instrument in its original language. The most
common statistic for instrument analysis was crombach's Alpha coefficient.
Conclusion: The constructs most covered in the selected articles were voice quality
of life and vocal handicap index. The instruments were considered valid and sensitive
for vocal self-assessment, although in some are not considered all the steps proposed
internationally, ideal for validation of health instruments during the process.
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
O objetivo desta revisão sistemática foi caracterizar e refletir sobre o processo
de equivalência cultural e/ou validação de instrumentos de autoavaliação vocal
traduzidos e adaptados para o português brasileiro, utilizados na prática clínica e em
pesquisas científicas.
131
ESTRATÉGIA DE PESQUISA
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
O método de seleção dos artigos está descrito na figura 1. Foi realizada a leitura
de títulos, resumos e dos artigos completos, que foram selecionados seguindo os
seguintes critérios de elegibilidade: a) presença dos descritores citados em seu título,
resumo ou palavras chaves; b) ser artigo de validação de questionário de
autoavaliação em voz ou ter o objetivo de realizar equivalência cultural; c) ser
direcionado à população brasileira; c) estudos originais com amostra de seres
humanos; d) abranger qualquer idade do ciclo vital e tipo de disfonia ou sintomas de
problemas vocais.
A pesquisa não foi restritiva quanto à língua e ao ano de publicação. Os artigos
presentes em mais de uma base de dados e/ou pesquisa por palavras chaves foram
contabilizados apenas uma vez.
<Figura 1>
resumos dos artigos encontrados de acordo com os descritores, em que foi observada
a relação com o tema proposto e enquadramento nos critérios de seleção. Em
seguida, os estudos foram encaminhados para avaliação do texto completo. As
divergências entre os avaliadores foram reanalisadas por um terceiro avaliador, a fim
de sanar a divergência, e assim incluir ou excluir o artigo em questão. Os manuscritos
que atenderam aos critérios de elegibilidade foram selecionados para análise e
categorização dos dados a partir dos seguintes aspectos: a) objetivos; b) ano de
publicação; c) local de validação; d) nome do instrumento; e) construto; f) população
alvo (patologia, sexo e idade); g) tamanho da amostra; h) obtenção dos escores; i)
testes estatísticos; j) se houve aplicação pré, durante e pós terapia; e l) conclusões.
Os dados foram apresentados, sistematicamente, seguindo a ordem cronológica
de publicação do artigo e com destaque aos aspectos preestabelecidos.
133
RESULTADOS
Foram encontrados 3.221 artigos nas bases de dados pré-estabelecidas. Após
a leitura dos títulos foram excluídos 3.161 artigos, restando 60 estudos, com a
realização da leitura dos resumos foram excluídos 44 artigos, restando 16, ao lê-los
na íntegra sete foram excluídos, em que restaram nove artigos, os quais
apresentavam todos os critérios de elegibilidade compondo a amostra final deste
estudo (Figura 1).
As tabelas 1 e 2 apresentam características metodológicas gerais dos nove
artigos selecionados para a revisão e dos processos de validação de instrumentos de
autoavaliação em voz. Nenhum estudo eliminou ou acrescentou itens quando
comparados com os originais, validados internacionalmente.
Participaram das pesquisas de validação e adaptação cultural 1390 indivíduos,
com média de 154,44 (±82,40) por artigo, sendo que 7 (77,8%) estudos contaram com
um grupo de pacientes com queixas vocais e outro grupo sem queixa (controle)
(Tabela 1).
Observou-se que a maioria dos artigos (n=6; 66,7%) englobaram a adaptação
cultural e linguística dos instrumentos, para adequação ao português brasileiro, e
todos mencionaram se tratar de uma fase do processo de validação, realizada de
acordo com as normas propostas pelo Scientific Advisory Commitee (SAC), do
Medical Outcomes Trust (Comitê do Conselho Científico da Associação de Resultados
Médicos)24. Qualidade de vida em voz e desvantagem vocal foram os construtos mais
abordados nos protocolos validados (Tabela 1).
Em relação à população alvo, apenas o Questionário de Qualidade de Vida em
Voz Pediátrico (QVV-P) é destinado a crianças e adolescentes. Os demais
instrumentos foram estruturados para abrangerem principalmente adultos e idosos.
Todos se destinaram a indivíduos de ambos os sexos, sensíveis a avaliar pessoas
com disfonia ou sintomas vocais. Percebeu-se ainda que grande parte dos
instrumentos (n=6; 66,7%) foi adaptado e validado na região Sudeste do Brasil,
principalmente no Estado de São Paulo (Tabela 1).
<Tabela 1>
<Tabela 2>
A estatística mais comum para análise dos instrumentos foi o coeficiente Alfa
de Cronbach, que tem como finalidade avaliar sua confiabilidade. Apenas o artigo da
escala URICA-V não utilizou esse teste (Tabela 3).
Utilizaram-se principalmente os testes de Wilcoxon e t-Student para
monitoramento da sensibilidade dos questionários (escores) entre momentos pré e
pós terapia, também empregados na comparação intergrupos caso e controle. Os
testes ANOVA e Kruskal Wallis foram utilizados quando se comparou três ou mais
grupos da população. Já para testar a sensibilidade dos itens individualmente, um dos
testes utilizados foi o dos Postos Sinalizados de Wilcoxon (Tabela 3).
Os testes de correlação de Pearson ou de Spearman foram citados (Tabela
3) como comprobatórios da validade dos dados, pois os escores extraídos dos
instrumentos foram correlacionados com a autoavaliação vocal, bem como com a
135
<Tabela 3>
<Tabela 4>
136
DISCUSSÃO
A presente revisão reuniu estudos que objetivaram adaptar culturalmente e
validar os protocolos de autoavaliação no Brasil até o momento, que são utilizados na
prática clínica e em pesquisas, tais como: Questionário de Qualidade de Vida em Voz
– QVV(16), para mensurar impacto negativo na qualidade de vida em virtude da
disfonia; Índice de Desvantagem Vocal – IDV6, para mensurar a percepção de
desvantagem decorrente da manifestação da disfonia; Questionário de Performance
Vocal – QPV(26) e Protocolo de Participação e a Atividades Vocais – PPAV27,a fim de
observar a comunicação do indivíduo; URICA – V(18), adaptada para avaliar o estágio
de adesão do paciente com disfonia ao tratamento; Questionário de Qualidade de Vida
em Voz Pediátrico – QVV-P(9), Escala de Sintomas Vocais – ESV(17), para investigar a
ocorrência de sintomas laríngeos, vocais e ainda percepção de limitações devido a
disfonia; Protocolo de Estratégias de Enfrentamento na Disfonia – PEED-15(28), com
o objetivo de avaliar de que forma o indivíduo está lidando com a disfonia.
Foi analisado cada processo de validação, visto que a garantia da
confiabilidade de um instrumento deve ser embasada por meio do planejamento e
observância de todos os procedimentos(29) e que muitos protocolos relacionados à
autoavaliação vocal consideraram este planejamento em sua validação.
Os artigos de validação de instrumentos em saúde tendem a se planejar de
acordo com as principais etapas de validação do Scientific Advisory Committee (SAC),
do Medical Outcomes Trust(24), as mais utilizadas no Brasil atualmente, embora não
seja a única recomendação. São previstas 6 etapas: (1) modelo conceitual e de
medida, (2) confiabilidade, (4) validade, (5) sensibilidade, (5) interpretabilidade, (6)
demanda de administração e resposta, (7) modos alternativos de aplicação e (8)
adaptação linguística e cultural.
Assim, a primeira (1) etapa está relacionada ao modelo conceitual e de medida,
que torna o instrumento mais racional, incluindo dados da população alvo e
informação de especialistas, caracterizando o desenvolvimento do instrumento,
permitindo sua adequação para outra língua e cultura. As segunda (2) e terceira (3)
etapas se atém à confiabilidade, que mede obtenção de dados fidedignos, por meio
da análise da consistência interna com uso do alfa de Cronbach, e reprodutibilidade,
aplicação do teste-reteste, além da busca de evidências de validade, que certifica se
o instrumento mede o que se propõe medir, respectivamente(24).
137
CONCLUSÃO
Foram encontrados para essa revisão nove artigos referentes a protocolos de
autoavaliação de um problema de voz validados para população Brasileira. A
validação dos estudos buscou seguir as normas propostas internacionalmente. Os
construtos mais abordados pelos instrumentos foram qualidade de vida em voz e
índice de desvantagem vocal. Os protocolos abrangeram todas as faixas etárias do
ciclo vital, principalmente a de adultos e idosos, ambos os sexos e eram destinados a
indivíduos com disfonia/queixas vocais.
Na maioria dos casos, os questionários foram validados na região Sudeste do
Brasil, seus cálculos se dão por meio do somatório simples das respostas dadas pelos
participantes em cada item, não apresenta ponto de corte e os domínios dos
instrumentos foram definidos de acordo com os protocolos na língua original. O teste
mais realizado foi Alfa de Cronbach que mede a confiabilidade. Os instrumentos
URICA-V e PEED-15 são indicados apenas para avaliação. Os estudos direcionam
que os protocolos propostos são considerados válidos e sensíveis para autoavaliação
vocal, apesar de alguns não terem passado por todas as etapas para validação de
instrumentos em saúde.
144
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de Homem para Mulher. CoDAS. 2015;27(1):89-96
148
Leitura de Títulos
Leitura de Resumos
44 artigos excluídos
Leitura na íntegra
7 artigos excluídos
Critérios de elegibilidade
9 artigos selecionados
149
Tabela 1: Características gerais dos estudos selecionados para revisão sistemática e do processo de validação de instrumentos de autoavaliação em voz
Autor/Ano Instrumento Construto Objetivos População Alvo Local da coleta Tamanho da Amostra
Protocolo de
Estratégias de
• Indivíduos com Diferentes tipos de disfonia • Adaptação Cultural – 14 indivíduos
Oliveira et al, 2016 Enfrentamento na Enfrentamento na • Adaptação Cultural:Brasil
• Ambos os sexos São Paulo – SP • Validação – 178 indivíduos; 87 com queixa vocal;
Disfonia disfonia • Validação do Instrumento
(PEED) – 15 • Adultos (20 a 54 anos) 91 sem queixa vocal
150
Tabela 2: Características de obtenção dos escores e estrutura de instrumentos de autoavaliação vocal validados para o português brasileiro
Número de
Autor/Ano Instrumento Tipo de escala Obtenção do Escore Domínios Ponto de corte
Itens
Gasparini e Questionário de Qualidade de Vida Escala tipo Funcionamento-Físico,
10 itens Algoritmo padrão Não Menciona
Behlau, 2009 em Voz (QVV) Likert Sócio-Emocional, Total
Behlau et al, Escala tipo Funcional; Orgânico;
Índice de Desvantagem Vocal 30 itens Somatório simples Não menciona
2011 Likert Emocional e Total
Somatório Simples das respostas
dos itens
Paulinelli et Questionário de Performance Escala tipo Acima de 12 pontos indica
12 itens Escore total podendo variar de 12 -
al, 2012 Vocal – (QPV) Likert queda no rendimento vocal
a 60, proporcional ao impacto
vocal
Somatório simples das respostas
dos itens
Costa et al, Indice de Desvantagem vocal – Escala Tipo
10 itens Escore total podendo variar de 0 a - Não menciona
2013 (IDV) -10 Likert
40 pontos, proporcional à
desvantagem vocal
Total, Pontuação de
Texeira et al, Escala tipo Pontuação de Restrição de
URICA – VOZ 28 Itens Limitação das Atividades Não menciona
2013 Likert Participação (PRP)
(PLA)
Somatório das médias das
respostas dos itens 8 ou inferior – fase de pré-
Pré-Contemplação,
Ricarte et al, Protocolo de Participação e a Escala tipo correspondentes à cada estágio de contemplação; 8-11 – fase
32 Itens Contemplação, Ação,
2013 Atividades Vocais – (PPAV) Likert mudança excluindo-se os itens: de contemplação; 11-14 –
Manutenção
4,9,20,1 e 31 referentes à pré- fase de ação
contemplação
Ribeiro et al, Questionário de Qualidade de Vida Escala tipo Físico; Sócio-emocional e
10 itens Não menciona Não menciona
2014 em Voz Pediátrico – (QVV-P) Likert Geral
Somatório simples das respostas
dos itens, podendo chegar a 120
Moretti et al, Escala de Sintomas Vocais – Escala tipo Emocional; Limitação; 16 ou mais pontos
30 Itens pontos.
2014 (ESV) Likert Físico e Total determina alteração vocal
Escore proporcional à percepção
dos sintomas vocais.
Protocolo de Estratégias de Procura por ajuda; Procura
Oliveira et al, Escala tipo Somatório simples das respostas
Enfrentamento na Disfonia 15 itens por solução; Minimização; Não Menciona
2016 Likert dos itens
(PEED) – 15 Aceitação
151
Correlação de Spearman; Teste dos Postos O (IDV) -10 validado para o português brasileiro, com propriedades
Costa et al, Indice de Desvantagem vocal – Avaliação e monitoramento do
sinalizados de Wilcoxon; Correlação Alfa de psicométricas de validade, confiabilidade e sensibilidade
2013 (IDV) -10 tratamento (21 participantes)
Cronbach comprovadas para o emprego em indivíduos com problemas de voz
Correlação de Spearman; Teste dos Postos A versão brasileira do protocolo (PPAV) é válida, confiável e sensível
Texeira et Avaliação e monitoramento do
URICA – VOZ Sinalizados de Wilcoxon; Alfa de Cronbach especificamente para avaliação da qualidade de vida de indivíduos
al, 2013 tratamento (50 participantes)
com alterações vocais e os resultados dos tratamentos
Tabela 4: Instrumentos validados de acordo com os requisitos do Scientific Advisory Committee (SAC), do Medical Outcomes Trust
Etapas do Comitê
I) Identificação Pessoal
Nome:_____________________________________________________________ Idade: __________
D.N.:___/___/_____ Local de nascimento: _________________________________ UF: __________
Sexo: F ( ) M ( ) Estado conjugal: ______________________ Grau de instrução: _______________
Profissão: _____________________ Período de trabalho: _____________ Carga horária: __________
Endereço:____________________________________________________________________________
Contato (telefone / e-mail): ______________________________________________________________
Encaminhado por:_____________________________________ Tel.:___________________________
Informante: _______________________________________ Parentesco: ________________________
3) Sintomas vocais
Auditivos
( ) rouquidão ( ) voz monótona ( ) instabilidade na voz
( ) voz muda depois de tempo ( ) dificuldade para agudos ( ) dificuldade para graves
( ) dificuldade em projetar voz ( ) dificuldade de falar baixo ( ) falhas na voz
( ) mudança vocal mesmo dia ( ) presença de ar na voz ( ) perda da voz constante
Sensoriais / Cinestésicos
( ) fadiga ao falar ( ) desconforto ao falar ( ) esforço para falar
( ) “bolo” na garganta ( ) garganta seca ( ) dor na garganta
( ) tensão no pescoço ( ) pigarro ( ) tosse improdutiva
( ) formação de muco ( ) gosto ácido na boca ( ) dor para engolir
4) Fatores de risco
a) Organizacionais
( ) Jornada de trabalho longa ( ) Acúmulo de atividades ( ) Demanda vocal excessiva
( ) Alto número de ouvintes ( ) Tempo de serviço
b) Ambientais
( ) Ruído de fundo ( ) Acústica pobre ( ) Distância interfalantes
( ) Baixa umidade do ar ( ) Poluição ( ) Poeira e mofo
( ) Fatores ergonômicos ( ) Ambiente estressante ( ) Equipamento inadequado
c) Pessoais
( ) Fuma ( ) Bebe ( ) Usa drogas
( ) Fala muito ( ) Fala alto ( ) Fala rápido
( ) Fala muito ao telefone ( ) Fala com esforço ( ) Fala agudo/grave demais
( ) Fala acima do ruído ( ) Fala em público ( ) Imita (atores, cantores)
( ) Grita com frequência ( ) Torce com frequência ( ) Canta fora do tom
( ) Vida social intensa ( ) Tosse constante ( ) Hidratação insuficiente
( ) Automedicação ( ) Repouso inadequado ( ) Alimentação inadequada
154
Por favor, circule uma opção de resposta para cada pergunta. Por favor, não deixe nenhuma resposta em branco.
Quase
1. Você tem dificuldade de chamar a atenção das pessoas? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
2. Você tem dificuldades para cantar? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
3. Sua garganta dói? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
4. Sua voz é rouca? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quando você conversa em grupo, as pessoas têm Quase
5. Nunca Raramente Às vezes Sempre
dificuldade para ouvi-lo? sempre
Quase
6. Você perde a voz? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
7. Você tosse ou pigarreia? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
8. Sua voz é fraca/baixa? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
9. Você tem dificuldades para falar ao telefone? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Você se sente mal ou deprimido por causa do seu problema Quase
10. Nunca Raramente Às vezes Sempre
de voz? sempre
Quase
11. Você sente alguma coisa parada na garganta? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
12. Você tem nódulos inchados (íngua) no pescoço? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Você se sente constrangido por causa do seu problema de Quase
13. Nunca Raramente Às vezes Sempre
voz? sempre
Quase
14. Você se cansa para falar? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
15. Seu problema de voz deixa você estressado ou nervoso? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
16. Você tem dificuldade para falar em locais barulhentos? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
17. É difícil falar forte (alto) ou gritar? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
18. O seu problema de voz incomoda sua família ou amigos? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
19. Você tem muita secreção ou pigarro na garganta? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
20. O som da sua voz muda durante o dia? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
21. As pessoas parecem se irritar com sua voz? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
22. Você tem o nariz entupido? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
23. As pessoas perguntam o que você tem na voz? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
24. Sua voz parece rouca e seca? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
25. Você tem que fazer força para falar? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
26. Com que frequência você tem infecções de garganta? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
27. Sua voz falha no meio das frases? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
28. Sua voz faz você se sentir incompetente? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
29. Você tem vergonha do seu problema de voz? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
Quase
30. Você se sente solitário por causa do seu problema de voz? Nunca Raramente Às vezes Sempre
sempre
155
Estamos interessados em saber como as pessoas reagem quando a condição de suas vozes não é normal ou quando têm um problema de voz. Há diversos modos de tentar
lidar com essas situações e circunstâncias. No presente questionário pedimos que você indique o que você faz e como se sente. Evidentemente, circunstâncias diversas
produzem respostas de certa forma diferentes, mas pense no que você geralmente faria quando sua voz não está normal. Há seis possibilidades de respostas apresentadas
abaixo, circule o número que corresponde ao quanto você usa a resposta da frase.
Nunca Quase Às Vezes Frequente Quase Sempre
Nunca Sempre
1 É mais fácil lidar com meu problema de voz quando os outros são amáveis 0 1 2 3 4 5
2 Eu tento evitar situações que tornam meu problema de voz mais evidente 0 1 2 3 4 5
3 Eu fico pensando como seria bom não ter problema de voz 0 1 2 3 4 5
4 Eu procuro buscar todas as informações possíveis sobre meu problema de voz 0 1 2 3 4 5
5 Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz falando o que eu sinto 0 1 2 3 4 5
6 Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando pensar nele 0 1 2 3 4 5
7 Falar com amigos e familiares sobre meu problema de voz me ajuda 0 1 2 3 4 5
8 Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz procurando compreendê-lo melhor 0 1 2 3 4 5
9 Eu guardo para mim qualquer preocupação sobre o meu problema de voz 0 1 2 3 4 5
10 Eu acho que há pouco que eu possa fazer para meu problema de voz 0 1 2 3 4 5
11 É mais fácil conviver com meu problema de voz quando não falo 0 1 2 3 4 5
12 Ter um problema de voz me ajudou a compreender alguns fatos importantes sobre 0 1 2 3 4 5
minha vida
13 Acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando faço perguntas aos médicos 0 1 2 3 4 5
14 Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz evitando estar com outras pessoas 0 1 2 3 4 5
15 Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz desejando que ele acabe 0 1 2 3 4 5
16 Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz fazendo piadas sobre ele 0 1 2 3 4 5
17 Eu tento aceitar meu problema de voz porque não há nada que possa ser feito 0 1 2 3 4 5
18 Eu acho que a religião, orar ou rezar me ajudam a lidar com meu problema de voz 0 1 2 3 4 5
19 Eu guardo para mim as frustrações causadas pela minha voz e poucos amigos sabem o 0 1 2 3 4 5
que sinto
20 Eu tento me convencer de que meu problema de voz não me prejudica tanto 0 1 2 3 4 5
21 Ter um problema de voz tem me ajudado ser uma pessoa melhor 0 1 2 3 4 5
22 Eu ignoro meu problema de voz olhando somente para as coisas boas da vida 0 1 2 3 4 5
23 Quando minha voz fica ruim, desconto nos outros 0 1 2 3 4 5
24 Descansar a voz me ajuda a lidar com o problema de voz 0 1 2 3 4 5
25 Eu peço ajuda aos outros por causa do meu problema de voz 0 1 2 3 4 5
26 Eu tento fazer atividades físicas para não pensar na voz 0 1 2 3 4 5
27 Eu acho mais fácil lidar com meu problema de voz quando me comparo com pessoas 0 1 2 3 4 5
com problemas de saúde piores que o meu
156