Daniel
Daniel
Daniel
a
FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELINO MATOS
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
BANCA EXAMINADORA
Inicialmente, quero agradecer a minha mãe que sempre apoiou, com muito entusiasmo,
minhas decisões e me motivou nos momentos dificeis, sempre acreditando na minha capa-
cidade e me guiando pelo caminho correto com suas palavras mágicas. Posso dizer com
propriedade que sem ela tudo seria mais difı́cil.
Agradeço também ao meu pai que sempre se manteve presente nos momentos oportunos,
buscando ajudar da melhor forma.
Agradeço, ainda, a toda a minha famı́lia que sempre me ajudou nos momentos difı́ceis.
E por último agradeço a todos os professores do curso de matemática da FAFIDAM, em
particular ao professor Wanderley de Oliveira Pereira que me guiou e orientou na ela-
boração deste trabalho.
A todos eu deixo o meu muitı́ssimo obrigado.
1
The main incentive for the accomplishment of this work arose from curiosities and sti-
muli that were acquired in the classes of Number Theory, taught by Professor Dr. Flavio
Alexandre Falcão Nascimento, where several definitions, results and demonstrations on
prime numbers were enunciated. The interest in this subject has intensified, because
it uses an abstract mathematics, which is based on demonstrations and generalizations,
which requires the student to make a greater effort to learn. That said, this work has as
main objective to present historical and theoretical facts about prime numbers and the
Goldbach conjecture, describing a cut of number theory and presenting the most impor-
tant results that have been achieved by great mathematicians throughout history, with a
focus directed to the development of mathematical maturity. Therefore, to achieve our
goal we used a bibliographic research methodology and had as main sources of study the
literatures of Filho (1981) and Bitencourt (2018). In this way, we defined that our cor-
pus would be restricted to studying, understanding and showing the history and results
that surround the prime numbers and Goldbach’s conjecture, through clear texts and
demonstrations that bring the rigor that these numbers need. In the end, the research
demonstrates that prime numbers have many important results that contributed to the
development of mathematics, especially to number theory, in addition, it is possible to
conclude that the proofs when well elaborated and presented, contribute to the develop-
ment of reasoning, to mathematical maturity and still help to understand the logical chain
of mathematical theorems. It is also expected that the work will be a source of studies
and review on prime numbers.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1 Números primos e suas histórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Números primos e suas propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Fórmulas que dão primos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4 Crivo de Eratóstenes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5 Método de fatoração de Fermat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.6 O pequeno Teorema de Fermat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.7 Função de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3 CURIOSIDADE SOBRE OS NÚMEROS PRIMOS . . . . . . . 34
3.1 A conjectura de Christian Goldbach e suas histórias . . . . . . 34
3.2 Um enunciado correspondente a conjectura de Goldbach . . . . 36
3.3 Uma tentativa rigorosa de demonstrar a forte conjectura de
Goldbach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
11
1 INTRODUÇÃO
mais famosos que foram resolvidos e também os que não foram, para, assim, reconhecer-
mos a importância de estudar os métodos matemáticos desde a sua criação e, ainda, fazer
um paralelo com as alterações que tiveram ao longo da história. Isso poderia motivar quem
estuda o assunto e, assim, melhorar a compreensão deles. Além disso, estudar os proble-
mas que não tiveram solução ao longo do tempo poderá trazer novos questionamentos e
métodos que melhorem a intuição matemática de quem estuda o problema.
Nos cursos de licenciatura em matemática o estudo dos números primos deixa
de lado a análise geométrica que os alunos estão acostumados no inı́cio da graduação,
tornando tudo, exclusivamente, arimetizado, por isso é considerado um estudo avançado,
mesmo que seu conceito seja simples de ser entendido: um número p > 1 é primo se
possui como seus divisores apenas o 1 e o p. As grandes literaturas que abordam os
números primos apresentam suas propriedades com demonstrações sólidas e rigorosas,
trazendo o formalismo e o rigor que esses números necessitam. Isso para alguns alunos
torna-se um desafio positivo que é: buscar entender as demonstrações rigorosas em sua
totalidade, porém, por outro lado é visto como um desafio negativo no qual muitos se
sentem desmotivados por não conseguirem avançar no conteúdo, justamente por não terem
a maturidade matemática necessária para entender essas propriedades de forma imediata
e sem a ajuda do professor, o que corrobora para a criação de uma antipatia com o estudo
da matemática pura, em particular com os números primos.
Ao longo da história da teoria dos números, em particular nos recortes dos
números primos muitos problemas permanecem sem solução até hoje. Neste trabalho é
abordado a Conjectura de Goldbach. Conjectura é um enunciado (problema) que não
é provado como verdadeiro em sua totalidade, ou seja, não possui forças para ser um
teorema, ela apenas é aceita como verdade devido às varias experimentações para muitos
casos. A conjectura que será abordada no trabalho foi enunciada por Christian Gold-
bach (1690-1764) e, mesmo sendo uma afirmação fácil de entender e demonstrar para
uma grande quantidade de números inteiros positivos, se tornou um desafio para muitas
gerações de matemáticos, principalmente para a atual. Tal conjectura surgiu, em 1742,
através de uma correspondência enviada a Euler, na qual Goldbach enunciou a seguinte
afirmativa: ”se n é um número par maior que 2, então esse número n pode ser escrito como
a soma de dois números primos”. Muitos matemáticos tentaram generalizar a afirmativa
para todos os pares maiores que dois, porém não conseguiram demonstrar a afirmação.
As tentativas de demonstração da conjectura trouxeram vários teoremas importantes e
significativos que são correspondentes a afirmação.
Diante da beleza que os números primos carregam consigo e devido a grande
quantidade de problemas que ainda os cercam, escolhemos como tema do nosso trabalho:
Números primos e a conjectura de Goldbach, com a intenção de trazer os resultados que
julgamos mais importantes com suas devidas demonstrações de forma correta e elegante,
pois acreditamos que com isso podemos contribuir com o desenvolvimento do raciocı́nio
13
feito por meio de estudos individuais e encontros com o professor orientador. Na segunda
etapa trabalhamos para entender melhor a história dos números primos, bem como me-
lhorar as demonstrações para que elas ficassem mais bem explicadas e claras e, por último,
realizamos a organização lógica do texto, fazendo a redação do trabalho.
Na primeira etapa utilizamos como fontes principais de pesquisa o livro: Teo-
ria elementar dos números de Filho (1981) e A conjectura de Goldbach e a intuição ma-
temática, dissertação de Bitencourt (2018). Ademais, tivemos outras fontes secundárias
como: Padilha (2013), Galdino (2014), Ferreira (2014), Rigotti (2015), Rodrigues (2019),
Okumura (2014) e Piffer (2014). Na segunda etapa usamos essas fontes para apresentar
a história e os resultados mais relevantes relacionados a números primos, apresentando
esses resultados com demonstrações bem feitas e precisas.
Fundamentados na pesquisa bibliográfica e explicativa pudemos entender, para
mostrar, um pouco da história dos números primos, bem como os resultados e demons-
trações mais importantes relacionados a esse tema.
Na seção 1, delineamos apenas a introdução do tema, a apresentação dos ob-
jetivos gerais e especı́ficos e as etapas que envolveram o desenvolvimento do trabalho.
Na seção 2, trazemos a história e os principais resultados teóricos sobre os
números primos como: O teorema fundamental da aritmética, teorema de Euclides, Crivo
de Eratóstenes, Função de Euler.
Na seção 3, abordamos como curiosidade matemática a conjectura de Gold-
bach, trazendo um pouco da sua história e algumas tentativas de demonstração dela.
Na seção 4, trazemos as ponderações e conclusões finais a respeito do nosso
trabalho.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
foi batizada como: O último Teorema de Fermat. A proposição enuncia que a equação
xn + y n = z n , sendo x, y, z e n inteiros e n ≥ 3 não possui soluções inteiras não nulas,
essa proposição só foi demonstrada anos depois, em 1995, pelo matemático inglês Andrew
Wiles. Assim podemos afirmar que as descobertas e afirmações de Fermat conduziram o
crescimento da Teoria dos números.
Por último, abordamos um pouco da história de um dos matemáticos que
mais publicou e contribuiu com a matemática pura e aplicada Leonhard Paul Euler (1707
- 1783) que nasceu e viveu na Basileia, Suı́ça. Na área de teoria dos números ele deu várias
contribuições, ele buscou inspiração nos questionamentos deixados por Fermat e demons-
trou uma de suas famosas afirmações, na qual dizia que um número primo da forma 4n+1
pode-se expressar como a soma de dois quadrados. Outra grande contribuição de Euler
foi chegar a conclusão que é possı́vel estudar a Teoria dos Números utilizando ferramentas
da análise matemática. Com ferramentas da análise os matemáticos avançaram bastante
no estudo da distribuição dos primos. É importante também abordar uma curiosidade,
ou melhor uma conjectura, sobre números primos da qual Euler participou ativamente,
junto com Christian Goldbach que envolvia números primos e esse problema (afirmação)
ainda não possui uma demonstração rigorosa que o torne verdadeiro. Tal problema será
abordado no capı́tulo 3 deste trabalho.
Definição 2.1 (Número primo) Diz-se que um inteiro positivo p > 1 é um número
primo se e somente se 1 e p são seus únicos divisores positivos. Um inteiro positivo
maior que 1 e que não é primo diz-se composto.
Exemplo 2.1 Os números 2, 3 e 5, por exemplo, são números primos, pois possuem
apenas o 1 e ele mesmo como divisores.
Observação 1. Perceba que o único número par que é primo é o 2. Por outro lado,
o número 1 não é considerado primo por convenção e pelo teorema fundamental da
aritmética que garante que todo número só pode ser decomposto de uma única forma
18
como produto de fatores primos, mostraremos esse resultado ao longo do texto. Então,
se a é um número inteiro qualquer: a é primo, ou a é composto ou a = 1.
Perceba que A ̸= ∅, porque se A = ∅, a seria primo, pois os seus únicos divisores seriam
1 e a, o que seria um absurdo, pois por hipótese temos que a é composto. Assim, pelo
princı́pio da boa ordenação (PBO), tem-se que no conjunto A existe um elemento q que,
por sua vez, é mı́nimo e afirmaremos que esse q seja primo. Com efeito, se q fosse composto
ele teria pelo menos um divisor r de tal forma que 1 < r < q, então r | q e q | a o que
implica por transitividade que r | a, ou seja, r ∈ A assim q não seria o elemento mı́nimo
do conjunto A, o que é uma contradição pois q é o elemento mı́nimo de A. Portanto p é
primo.
Teorema 2.2 Se um primo p não divide um inteiro a, então a e p são primos entre si.
Corolário 2.1 Se p é um primo tal que p | a1 · a2 · a3 ... an−1 · an , então existe um ı́ndice
k, com 1 ≤ k ≤ n tal que p | ak .
p | an ou p | a1 · a2 · a3 ... an−1 .
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Demonstração. Com efeito, se n for primo não teremos o que demonstrar. Já se n for
composto temos o que provar, pelo teorema 2.1, tem-se que n possui um divisor primo,
seja ele p1 , assim temos que p1 | n e temos:
n = p1 · n1 , 1 < n1 < n.
Se n1 fosse um número primo está igualdade já estaria representada como produto de
fatores primos o que já provaria o teorema. Mas, se ao invés disso, n1 for composto,
temos novamente pelo teorema 2.1 que n1 possui um divisor primo, seja ele p2 , assim
p2 | n1 , isto é, n1 = p2 · n2 com 1 < n2 < n1 e temos:
n = p1 · p2 · n2 .
Se n2 , fosse um número primo está igualdade já estaria representada como produto de
fatores primos o que já provaria o teorema. Mas, se ao invés disso, n2 for composto, temos
novamente pelo teorema 2.1 que n2 possui um divisor primo, seja ele p3 , assim p3 | n2 ,
isto é, n2 = p3 · n3 com 1 < n3 < n2 e temos:
n = p1 · p2 · p3 · n3 .
Se fossemos prosseguir adiante, repetindo esse processo finitas vezes terı́amos exatamente
a seguinte sequência decrescente:
E como existe um número finito de inteiros positivos que são menores que n e maiores do
que 1. Então, necessariamente vai existir um nk , que faremos ser igual a pk , que por sua
vez é primo e chegaremos em:
20
n = p1 · p2 · p3 ... pk .
Assim, concluı́mos que a igualdade é verdadeira, ou seja, que todo inteiro positivo n > 1
pode ser escrito como o produto de fatores primos.
Demonstração. Daremos está prova por absurdo, então suponhamos que exista duas
decomposições desse número n como produto de fatores primos, isto é,
Em que os pi e os qj são todos primos e tais que podem ser colocados nessa ordem,
p2 · p3 ... pr = q2 · q3 ... qs .
Fazendo dessa mesma forma e seguindo o mesmo raciocı́nio conclui-se que p2 = q2 o que
implicará em:
p3 · p4 ... pr = q3 · q4 ... qs .
O que é um absurdo pois essa igualdade nunca será verdadeira, pois os qj > 1 logo tem-se
que r = s e ainda:
p1 = q1 , p2 = q2 , ...pr = qs .
Exemplo 2.2 A decomposição de um inteiro positivo 144 é dada de uma única forma
21
144 = 2 · 2 · 2 · 2 · 3 · 3.
Exemplo 2.3 A decomposição do número inteiro positivo 360 é dada de uma única forma
como produto de fatores primos:
360 = 2 · 2 · 2 · 3 · 3 · 5.
Corolário 2.4 Todo número inteiro positivo n > 1 admite uma única decomposição da
forma:
n = pk1 k2 kr
1 · p2 · ... · pr ,
Exemplo 2.4 A decomposição canônica do inteiro positivo n = 144 é dada pela seguinte
igualdade:
n = 144 = 24 · 32 .
Exemplo 2.5 A decomposição canônica do inteiro positivo n = 16480 é dada pela se-
guinte igualdade:
n = 16480 = 25 · 5 · 103.
NOTA: O mdc(a, b) é o produto dos fatores primos comuns às duas decomposições
canônicas tomados cada um com o menor expoente, e o mmc(a, b) é o produto de fa-
tores primos comuns e não comuns as duas decomposições canônicas tomados cada um
com o maior expoente.
Exemplo 2.6 As decomposições canônicas dos inteiros positivos 168 e 468 são:
Assim,
Exemplo 2.7 As decomposições canônicas dos inteiros positivos 180 e 132 são:
Assim,
Demonstração. Vamos supor que exista um número primo que seja maior que todos
os outros demais primos p1 = 2, p2 = 3, p3 = 5, p4 = 7 e assim por diante. Agora
consideremos o inteiro positivo:
P = p1 · p2 · p3 · ... · pn + 1.
Como P > 1, pelo Teorema Fundamental da Aritmética podemos afirmar que P possui
pelo menos um divisor primo p. Entretanto, p1 , p2 , p3 , ..., pn são os únicos primos, de modo
que p deve, necessariamente, ser igual a um desses primos. Assim sendo,
p | P e p | p1 · p2 · p3 ... pn .
p | (P − p1 · p2 · p3 ... pn ) ou p | 1.
O que é um absurdo pois p > 1, e o único divisor do número 1 é ele próprio. Assim,
podemos concluir que qualquer que seja o primo pn , sempre vai existir um maior que ele,
isto é, o conjunto dos primos é infinito.
O que prova o desejado. Com Euclides mostrando que existem infinitos números primos.
Começou uma grande corrida para se determinar uma fórmula geral que nos desse a
sequência dos números primos. Foram surgindo alguns testes, que muitas vezes eram
23
pouco eficientes. Ao longo do nosso trabalho mostramos um método que proporciona obter
uma lista de números primos até um certo número, esse método que iremos apresentar é
o Crivo de Eratóstenes.
√
Teorema 2.6 Se um inteiro a > 1 é composto, então a possui um divisor primo p ≤ a.
Por b > 1, temos que pelo Teorema Fundamental da Aritmética b tem pelo menos um
√
divisor primo p, de forma que p ≤ b ≤ a. E como p | b e b | a, segue-se que p | a, ou
√
seja, o inteiro primo p ≤ a é um divisor de a.
Os seus n termos são inteiros positivos e consecutivos, além de cada um deles ser composto,
pois (n + 1)! + j é divisı́vel por j se 2 ≤ j ≤ n + 1. Então, por exemplo, supondo n = 4,
obteremos a sequência.
5! + 2, 5! + 3, 5! + 4, 5! + 5,
cujos termos são inteiros positivos consecutivos cada um dos quais é composto, porque
24
temos:
Também existem outras sequências que possuem 4 inteiros positivos compostos e conse-
cutivos, são elas:
Definição 2.2 (Primos Gêmeos) Chamam-se primos gêmeos dois inteiros positivos,
consecutivos e ı́mpares que são ambos primos.
Observação 4. Até os dias atuais ainda não se sabe o número de primos gêmeos exis-
tentes, mas são conhecidos primos gêmeos muito grandes, por exemplo:
3, 5 e 7.
O problema que ainda perdura até os dias atuais é sobre a infinidade dos
primos gêmeos. Diante desse questionamento, Euclides afirmou que sim, existem infinitos
números primos gêmeos, porém esse resultado ficou apenas como conjectura, porque não
foi demonstrado até hoje.
A Fórmula de Euler:
fn = n2 + n + 41.
A fórmula de Euler nos fornece primos para n = 0, 1, 2, ..., 39. Todavia, para
n = 40 e n = 41, os inteiros que são obtidos são números compostos.
fn = n2 + n + 17 para 0 ≤ n ≤ 16,
2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, e 97.
Linhas
1 21 + 1 = 22
2 22 + 3 = 25 = 52
27
3 25 + 5 = 30
4 30 + 7 = 37
5 37 + 9 = 46
6 46 + 11 = 57
7 57 + 13 = 70
8 70 + 15 = 85
9 85 + 17 = 102
10 102 + 19 = 121 = 112
21 = (5 + 2) · (5 – 2) = 7 · 3 = 21
ra ≡ sa mod p, 1 ≤ r < s ≤ p – 1.
r ≡ s mod p,
o que é impossı́vel, visto que 0 < r – s < p. Assim sendo, cada dos inteiros a, 2a, 3a, ..., (p −
1) é congruente mod p a um único dos inteiros 1, 2, 3, ..., p − 1, considerados numa certa
ordem, e por conseguinte multiplicando ordenadamente todas essas p − 1 congruências,
teremos:
ou seja
Como p é primo e p não divide (p – 1)!, podemos cancelar o fator comum (p – 1)!, o que
dá a congruência de Fermat:
ap−1 ≡ 1 mod p.
O inteiro 11 é primo e 11 não divide 2, isto é, (11 ∤ 2). Logo, temos que 11 | 211−1 − 1 que
é o mesmo que 1024 ≡ 1 mod 11. Isto é
Nesta subseção abordamos uma das mais importantes funções do estudo dos
primos: A função de Euler.
ϕ(n) = número de inteiros positivos que não superam n e são primos com n.
Em outros termos:
{x ∈ N | 1 ≤ x ≤ n e mdc(x, n) = 1}
Exemplo 2.11 Se n = 30, então os inteiros positivos menores que 30 e primos com 30
são 1, 7, 11, 13, 17, 19, 23 e 29 assim ϕ(30) = 8.
d(ϕ(15)) = d(8) = 4,
ϕ(d(15)) = ϕ(4) = 2.
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ϕ 1 1 2 2 4 2 6 4 6 4
Definição 2.4 Chama-se função aritmética toda função f definida no conjunto N dos
inteiros positivos e com valores no conjunto Z dos inteiros, ou seja, toda função f de N
em Z (f : N −→ Z).
Logo, o domı́nio e o contradomı́nio dessa função são respectivamente os conjuntos N e Z.
E a imagem é o conjunto:
Definição 2.5 Uma função aritmética f diz-se uma função aritmética multiplicativa se.
Demonstração. Sejam r e s dois inteiros positivos tais que o mdc(r, s) = 1, nos resta
demonstrar que ϕ(rs) = ϕ(r) · ϕ(s).
A proposição é verdadeira se r ou s é igual a 1, pois teremos:
Suponhamos agora r > 1 e s > 1. Nesse caso os inteiros de 1 a rs podem ser colocados
em r colunas com s inteiros em cada uma delas, da seguinte maneira:
1 2 ... h ... r
r+1 r+2 ... r+h ... 2r
2r + 1 2r + 2 ... 2r + h ... 3r
.. .. .. ..
. . ... . ... .
(s − 1)r + 1 (s − 1)r + 2 . . . (s − 1)r + h . . . sr
Por ser o mdc(qr + h, r) = mdc(h, r), os inteiros da h-ésima coluna são primos com r
se, e somente se h é primo com r. E como na primeira linha o número de inteiros que
são primos com r é igual a ϕ(r), segue que existem somente ϕ(r) colunas formadas com
inteiros que são todos primos com r. Por outro lado, em cada uma destas ϕ(r) colunas
existem precisamente ϕ(s) inteiros que são primos com s porque na progressão aritmética:
h, r + h, 2r + h, ..., (s − 1)r + h.
Em que o mdc(h, r) = 1, o número de termos que são primos com s é igual a ϕ(s). Sendo
assim, o número total de inteiros que são primos com r e com s, ou seja, que são primos
com rs, é igual a ϕ(r)·ϕ(s), e isso significa que ϕ(rs) = ϕ(r)·ϕ(s). O que prova o desejado.
A partir de agora traremos formas de calcular a função ϕ(n).
Demonstração. (⇒) Se n > 1 é primo, então cada um dos inteiros positivos menores
que n é primo com n e, portanto, ϕ(n) = n – 1.
31
(⇐) Se ϕ(n) = n – 1, com n > 1 então n é primo, pois se n fosse composto, teria
pelo menos um divisor d tal que 1 < d < n, de modo que pelo menos dois dos inteiros
1, 2, 3, ..., n não seriam primos com n, d e n. Isto é, ϕ(n) ≤ n – 2. Portanto n é primo.
Daı́, segue-se que o conjunto {1, 2, ..., pk } contém exatamente pk – pk−1 inteiros que são
primos com pk , de modo que, pela definição da função ϕ de Euler, temos:
ϕ(pk ) = pk − pk−1 .
ϕ(16) = ϕ(24 ) = 24 – 23 = 16 – 8 = 8,
ou seja, existem 8 inteiros menores que 16 e primos com 16, são eles 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13 e
15.
ϕ(9) = ϕ(32 ) = 32 – 31 = 9 – 3 = 6,
Por outro lado, sabemos pelo teorema 2.9, que a função ϕ de Euler é uma função aritmética
32
ϕ(n) = ϕ(pk1 k2 k3 kr
1 · p2 · p3 · ... · pr )
ϕ(n) = ϕ(pk1 k2 k3 kr
1 ) · ϕ(p2 ) · ϕ(p3 ) · ... · ϕ(pr )
1 1 1 1
ϕ(n) = pk1
1 1– · pk2
2 1– · pk3
3 1– · ... · pkr
r 1–
p1 p2 p3 pr
1 1 1 1
ϕ(n) = pk1 k2 k3 kr
1 · p2 · p3 · ... · pr · 1 – · 1– · 1– · ... · 1 –
p1 p2 p3 pr
1 1 1 1
ϕ(n) = n · 1 – · 1– · 1– · ... · 1 – .
p1 p2 p3 pr
Primeiro devemos fatorar n = 7865, que resulta em n = 51 · 112 · 13. Agora usando o
teorema 2.11, ϕ(pk ) = pk − pk−1 e calculando separadamente cada potência da fatoração
tem-se:
ϕ(51 ) = 51 – 50 = 5 – 1 = 4,
Isto é, existem 5280 inteiros positivos menores que 7865 e primos com 7865.
ϕ(24 ) = 24 – 23 = 16 – 8 = 8,
Isto é, existem 8000 inteiros positivos menores que 10000 e primos com 10000.
34
4 = 2 + 2,
6 = 3 + 3,
8 = 5 + 3,
10 = 3 + 7.
matemáticos em torno do mundo: “todo número ı́mpar é a soma de três números primos”,
chamada de conjectura fraca de Goldbach. Com essa demonstração ele ganhou o prêmio
de pesquisa Humboldt, dado pela Fundação Alexander Von Humboldt.
Helfgoot começou a estudar em 2006 pelos resultados que outros matemáticos
haviam encontrado, que eram nada mais do que a prova para apenas alguns números
naturais. 7 anos depois, em 2013, Helfgoot conseguiu demonstrar tal conjectura. Ele
fez isso por meio do trabalho acadêmico que tem como tı́tulo Major Arcs for Goldbach’s
Problem, no qual ele apresentou aperfeiçoamentos nas estimações dos arcos maiores e
menores, que foi suficiente para provar a segunda conjectura de Goldbach, denominada
de “fraca”.
Apesar de terem sido demonstrados alguns resultados que derivam da prin-
cipal conjectura (forte) de Goldbach, a mesma continua ainda sem demonstração e é
considerada um dos problemas mais difı́ceis do mundo. Muitos trabalhos foram feitos na
tentativa de provar essa conjectura e até mesmo tentar confirmar a afirmação para alguns
intervalos de números naturais. Embora não se tenha obtido êxito nas demonstrações
devemos ressaltar e mostrar as conquistas que temos até hoje. Portanto listaremos a
seguir duas tentativas de demonstrações da conjectura de Goldbach. Nessas tentativas
os matemáticos não conseguiram demonstrar a conjectura ”forte”, conseguiram apenas
provar afirmações equivalentes.
Inicialmente vamos trazer uma afirmação com sua demonstração a qual pro-
posta por Farley, em 2005, no seu artigo Two Approaches Goldbach’s Conjecture, que é
equivalente a conjectura “forte” de Goldbach. Ele afirmou que para todo inteiro n ≥ 2
existe j ∈ N tal que n + j e n–j são números primos. Aqui iremos mostrar e demonstrar
apenas essa afirmação que foi a primeira feita por Farley em seu artigo.
restos, assegura que existe um inteiro j0 tal que n + j0 e n − j0 não são divisiveis pelos
primos 2, 3, ..., pk . Para resumir temos o seguinte teorema:
Teorema 3.2 Para todo n ≥ 2, existe j0 inteiro tal que n + j0 e n − j0 não são divisı́veis
pelos primos 2, 3, ..., pk . Em particular, n + j0 e n − j0 são primos.
j0 ≡ a1 (mod 2)
≡ a2 (mod 3)
j
0
(∗) j0 ≡ a3 (mod 5)
..
.
≡ ak (mod pk ).
j
0
√
Exemplo 3.1 Seja n = 52. Então, como k = π( 2 · 52), k = 4, sendo p1 = 2, p2 =
√
3, p3 = 5 e p4 = 7 os números primos menores ou iguais a 2 · 52. Como
52 ≡ 0 (mod 2)
−52 ≡ 0 (mod 2)
52 ≡ 1 (mod 3)
−52 ≡ 2 (mod 3)
52 ≡ 2 (mod 5)
−52 ≡ 3 (mod 5)
52 ≡ 3 (mod 7)
−52 ≡ 4 (mod 7).
38
j≡1 (mod 2)
j ≡ 0
(mod 3)
j≡0 (mod 5)
j ≡ 0
(mod 7).
M = 2 · 3 · 5 · 7· = 210,
M 210
M1 = = = 105,
m1 2
M 210
M2 = = = 70,
m2 3
M 210
M3 = = = 42,
m3 5
M 210
M4 = = = 30.
m4 7
105Y ≡ 1 (mod 2) ⇒ y1 = 1,
70Y ≡ 1 (mod 3) ⇒ y2 = 1,
42Y ≡ 1 (mod 5) ⇒ y3 = 3,
30Y ≡ 1 (mod 7) ⇒ y4 = 4.
Logo a solução é S = {105} e, assim, obtemos que j0 = 105 (mod 210). Mas, j0 = 105 é
muito maior do que 52 − 2 = 50. Não satisfazendo a condição |j0 | ≤ 50 − 2. Sendo assim,
devemos escolher valores convenientes para ai . Sejam a1 = 1, a2 = 0, a3 = 4 e a4 = 2.
Obtemos o sistema:
39
j ≡ 1 (mod 2)
≡ 0 (mod 3)
j
j ≡ 4 (mod 5)
≡ 2 (mod 7).
j
M = 2 · 3 · 5 · 7· = 210,
M1 = 105,
M2 = 70,
M3 = 42,
M4 = 30.
y1 = 1,
y2 = 1,
y3 = 3,
y4 = 4.
isto é, satisfazer a conjectura de Goldbach, em seguida ele fez uma reformulação na sua
afirmação e obteve a seguinte: ”todo número par maior que 2 tem pelo menos um par de
primos de tal forma que é igual a sua soma”, exemplificando, seja (p, q) o par de primos
de modo que p ≤ q e o número par 2n = p + q, onde n é um inteiro, n > 1.
6 = 3 + 3,
8 = 5 + 3,
12 = 5 + 7,
10 = 3 + 7, 10 = 5 + 5.
Em que n ≥ 0 e existe um inteiro positivo i tal que (3 + 2i) e (2n + 3 − 2i) são
primos”.
Mesmo que a expressão (2n + 6) comece com o numero par 6. é possı́vel ge-
neralizar a demonstração para o número par 4, porque 4 = 2 + 2. É possı́vel identificar
que, nesse caso, realmente, existe i tal que (3 + 2i) e (2n + 3 − 2i) são primos, conforme
o teorema 3.1 sempre conseguimos encontrar os valores de i e n para que isso ocorra isso
ocorra.
Exemplo 3.3 Tem-se 2n + 6 = (3 + 2i) + (2n + 3 − 2i). Daı́,
n = 0, i = 0 ⇒ 6 = 3 + 3,
n = 1, i = 0 ⇒ 8 = 3 + 5,
n = 2, i = 0 ⇒ 10 = 3 + 7,
n = 3, i = 0 ⇒ 12 = 3 + 9, mas 9 não é primo. Para n = 3, i = 1 ⇒ 12 = 5 + 7,
n = 4, i = 0 ⇒ 14 = 3 + 11,
41
n = 5, i = 0 ⇒ 16 = 3 + 13,
n =, i = 0 ⇒ 18 = 3 + 15, mas 9 não é primo. Para n = 6, i = 1 ⇒ 18 = 5 + 13.
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 . . . 2n + 3 Números de pa-
res de primos
6 3 1
8 5 3 1
10 7 5 3 2
12 9 7 5 3 1
14 11 9 7 5 3 2
16 13 11 9 7 5 3 2
18 15 13 11 9 7 5 3 2
20 17 15 13 11 9 7 5 3 2
22 19 17 15 13 11 9 7 5 3 3
24 21 19 17 15 13 11 9 7 5 3 3
26 23 21 19 17 15 13 11 9 7 5 3 3
28 25 23 21 19 17 15 13 11 9 7 5 3 2
42
...
2n − 11
2n − 13
2n − 15
2n − 17
2n − 1
2n − 3
2n − 5
2n − 7
2n − 9
2n + 6
2n + 3
2n + 1
...
3 Np
Então, por exemplo, para N = 26 usando (5) obtemos L(26) = 20, 31, que
é diferente do número exato da tabela 4. Na tabela 4 o número de pares de primos
correspondentes aos números pares menores ou iguais a 26 é 22.
A tabela 5 exibe a evolução do número cumulativo de pares de primos para
os inteiros 102 , 103 , 104 , 105 , 106 . À proporção que N aumenta, a diferença entre o número
exato e estimado usando (5) diminui, devido a precisão do Teorema dos números primos.
Usando a equação (5) para N = 10i , i = 1, 2, ..., 6, obtemos:
104 319677
105 20128819
106 1382 894 773
122
L(24) = ≈ 18, 23,
ln(12) · ln(24)
132
L(26) = ≈ 20, 23.
ln(13) · ln(26)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FILHO, Edgard de Alencar. Teoria Elementar dos Números. São Paulo: Nobel.
1981. 386 p.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo.
Editora Atlas S.A. 2002. Disponı́vel em:
http://www.urca.br/itec/images/pdfs/modulo%20v%20-
%20como elaborar projeto de pesquisa - antonio carlos gil.pdf, Acesso em: 17 jun.
2022.