1) O personagem James no livro "Esphinge" de Coelho Neto causa estranhamento por não se encaixar nos padrões de gênero da época, tendo características tanto femininas quanto masculinas.
2) Coelho Neto usa a figura de James para questionar a ideia de binarismo de gênero de forma perspicaz, assim como Freud e Jung discutiam o "estranho familiar".
3) A figura da Esfinge representa o mistério que James causa, suspendendo certezas e angústias
1) O personagem James no livro "Esphinge" de Coelho Neto causa estranhamento por não se encaixar nos padrões de gênero da época, tendo características tanto femininas quanto masculinas.
2) Coelho Neto usa a figura de James para questionar a ideia de binarismo de gênero de forma perspicaz, assim como Freud e Jung discutiam o "estranho familiar".
3) A figura da Esfinge representa o mistério que James causa, suspendendo certezas e angústias
1) O personagem James no livro "Esphinge" de Coelho Neto causa estranhamento por não se encaixar nos padrões de gênero da época, tendo características tanto femininas quanto masculinas.
2) Coelho Neto usa a figura de James para questionar a ideia de binarismo de gênero de forma perspicaz, assim como Freud e Jung discutiam o "estranho familiar".
3) A figura da Esfinge representa o mistério que James causa, suspendendo certezas e angústias
1) O personagem James no livro "Esphinge" de Coelho Neto causa estranhamento por não se encaixar nos padrões de gênero da época, tendo características tanto femininas quanto masculinas.
2) Coelho Neto usa a figura de James para questionar a ideia de binarismo de gênero de forma perspicaz, assim como Freud e Jung discutiam o "estranho familiar".
3) A figura da Esfinge representa o mistério que James causa, suspendendo certezas e angústias
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James, personagem de Coelho Neto em sua obra "Esphinge", antecede toda
questão do olhar do outro e suas implicações. Esse personagem, no início da trama,
não possui voz, nem discurso. Ele é descrito e "desenhado" pelo olhar de outros moradores da pensão, onde estava residindo. De início podemos perceber quanto estranhamento e desconforto James proporciona na seguinte passagem: “O commendador, que não o via com bons olhos, só lhe chamava - o “Boneco”, e Basílio, sempre azedo, não o supportava, achando-o ridículo com aquella cara de manequim de cabeleireiro.” (NETO, pg.14,1906) O mesmo, se dá pelo simples fato de que sua fisionomia impede e questiona o binarismo. James Marian, ou João Maria, retratado como contendo um semblante "feminino" e um corpo robusto e musculoso "masculino" traz desconforto na citada pensão no Rio de Janeiro. Podemos perceber essa inquietude diante a figura de James Marian no discurso dos personagens da pensão: “Era em verdade, um formoso mancebo, alto e forte, aprumado como uma columna. Mas o que logo surpreendia, pelo contraste, nesse athleta magnífico, era o rosto de feminina e suave beleza.” (NETO, pg.14,1906)
Coelho em 1906, acolhe com grande perspicácia esse olhar do outro ao
"estranho familiar”. Tema muito debatido por Sigmund Freud e Carl Gustav Jung em semelhante época. Originalmente em Alemão " Das unheimliche" 1919 ou seja, o estranho familiar, segundo Freud, nos incomoda pois permite a suspensão das certezas, em prol, da construção de novos saberes. A figura da Esfinge aqui acaba sendo trazida pelo escritor não somente pela real impossibilidade de uma classificação em gênero, mas sim, pelo suscitar de um enigma. James é sensual e amedrontador ao mesmo tempo, tal qual um enigma diante nós. O mesmo permite, em si, a coexistência da sedução e estranheza, ingredientes para suspensão das certezas e incursão da angústia. Ao pensarmos a figura da Esfinge, somos quase que guiados por imagens que remetem ao Egito. Essa esfinge era, a priori “masculina” e deveras representada como guardião da almas penadas. Nesse sentido, a construção de seu maior monumento, próximo das pirâmides. Nesse sentido, para os egípcios, elas representavam as tumbas dos faraós. Pensando nessa figura mítica e certeza como consoladora, Neto logo no início de sua obra nos suspende a certeza. Angústia inevitável mas mesclada com o mistério de James Marian. Ela em si mesma nos suscita, como se fossemos também seus vizinhos na pensão, curiosidade. Queremos “interpretar” seu modo de comer, agir e porque não, pensar. Coelho Neto nos amarra em sua escrita, muito em função do mistério e fascínio envolvido nesse personagem. Adjetivos esses que nos remetem ainda mais a figura da “esfinge”. Principalmente quando falamos de mitologia Grega, e nesse caso em específico, Sófocles. Focamos nesse recorte no imaginário mítico que permeia a esfinge por alguns motivos. Entre eles estaria o fato de que somente em Sófocles, na obra “Édipo Rei”, encontramos essa figura mítica com características “feminina e masculina”. Faz-se necessária aqui a distinção entre feminino/masculino e mulher/homem. Cuidado esse que de maneira criteriosa, Coelho Neto possui em sua escrita. Nesse Sentido, logo no título do romance, encontramos “Esfinge”. Ali está o vazio de um artigo feminino e masculino, mas uma vez as certezas são postas em “xeque”. “Imaginem, a mais formosa cabeça de mulher sobre o tronco formidável de um hércules de circo. A belleza e a força. Toda a Esthetica!” (NETO, pg.16,1906)