Apostila 10 - Salário e Remuneração - Ucam - Direito Do Trabalho 1

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Direito do Trabalho I

Profª Leticia Aidar

SALÁRIO E REMUNERAÇÃO

Salário constitui como uma das parcelas da remuneração, que equivale ao


valor pago diretamente pelo empregador, como contraprestação decorrente
da relação de emprego, abrangendo os períodos de prestação de serviços, o
tempo à disposição do empregador e os períodos de interrupção do contrato
de trabalho (art. 457, CLT).

CARACTERES DO SALÁRIO

■ caráter alimentar — supri necessidades pessoais e essenciais do


trabalhador e sua família.

■ caráter “forfetário‖ — mesmo diante de situações de eventuais


dificuldades financeiras do empregador, esta não se exime do dever de
pagar os salários de seus empregados, ou seja, o salário não está atrelado a
sorte do empreendimento do empregador.

Os riscos da atividade econômica são assumidos pelo empregador (art. 2º,


CLT)

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,


que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviço.

■ indisponibilidade — não pode ser objeto de renúncia ou de transação.

Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo


de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na
presente Consolidação.

■ irredutibilidade — em razão do seu caráter alimentar, o salário não pode


ser reduzido. (art. 7º, VI, CF);

7º ... VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou


acordo coletivo;

■ periodicidade — obrigação sucessiva. (art. 459, CLT);

Art. 459 - O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do


trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês,
salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações.

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§ 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser


efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao
vencido.

■ natureza composta — compõe-se não só de uma parcela básica, mas


também de diversas outras frações econômicas de natureza salarial
(gratificações, comissões); art 457, parágrafo 1º CLT

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos


os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo
empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que
receber.
§ 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações
legais e as comissões pagas pelo empregador.

NÃO É SALÁRIO § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título


de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro,
diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do
empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem
base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.

■ pós-numeração — pago após a prestação dos serviços prestado pelo


empregado.

■ essencialidade — (onerosidade) é da essência do próprio contrato de


trabalho.

GORJETA

Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo


cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como
serviço ou adicional, a qualquer título, e destinada à distribuição aos
empregados (§ 3º, art. 457, CLT).

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os


efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador,
como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

As gorjetas integram a remuneração para todos os efeitos legais (art. 457,


caput, CLT). No entanto, de acordo com o entendimento adotado pelo
Súmula 354 do TST, as gorjetas não servem de base de cálculo para os
seguintes direitos:
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■ horas extras;

■ aviso prévio;

■ repouso semanal remunerado.

■ adicional noturno;

Súmula 354, TST: “As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de


serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a
remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as
parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal
remunerado”.

SALÁRIO-UTILIDADE

• Salário-utilidade é a prestação in natura que o empregador, por força do


contrato de trabalho ou do costume, atribui ao empregado em retribuição
dos serviços prestados. Constitui modalidade de remuneração paralela
ao salário pago em dinheiro. Art. 458 da CLT

Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para


todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras
prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume,
fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o
pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.

§ 1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e


razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das
parcelas componentes do salário-mínimo (arts. 81 e 82).

§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, NÃO serão consideradas como


salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:

I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos


empregados e utilizados no local de trabalho, PARA a prestação do
serviço;

II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros,


compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade,
livros e material didático;

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III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em


percurso servido ou não por transporte público;

IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou


mediante seguro-saúde;

V – seguros de vida e de acidentes pessoais;

VI – previdência privada;

VII – (VETADO)

VIII - o valor correspondente ao vale-cultura.

§ 5o O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou


odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com
medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas
médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em
diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do
empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos
do previsto na alínea q do § 9o do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de
1991.

OJ SDI -1 133, TST: ―A ajuda-alimentação fornecida por empresa


participante do programa de alimentação do trabalhador, instituído pela Lei n.
6.321/76, não tem caráter salarial. Portanto, não integra o salário para
nenhum efeito‖.

Súmula 367, TST: ―I — A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos


pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do
trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso do veículo, seja ele
utilizado pelo empregado também em atividades particulares. II — O cigarro
não se considera salário-utilidade em face de sua nocividade à saúde‖.

Súmula 258, TST: ―Os percentuais fixados em lei relativos ao salário in


natura apenas se referem às hipóteses em que o empregado recebe salário
mínimo, apurando-se, nas demais, o real valor da utilidade‖.

SALÁRIO COMPLESSIVO

Pagamento sem que haja discriminação, detalhamento de cada uma das


verbas recebidas.

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Súmula nº 91 do TST - SALÁRIO COMPLESSIVO (mantida) - Res.


121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 - Nula é a cláusula contratual que fixa
determinada importância ou percentagem para atender englobadamente
vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.

TRUCK SYSTEM

• É o sistema pelo qual o empregador mantém o empregado em trabalho


de servidão por dívidas com ele contraídas, ou seja, é a condição de
trabalho similar a de escravo, tendo em vista que o empregador obriga
seu empregado a gastar seu salário dentro da empresa.

GUELTAS

Valor recebido pelo EMPREGADO, geralmente vendedor, mas pago


DIRETAMENTE PELAS EMPRESAS fabricantes ou distribuidoras de certos
produtos, de determinadas marcas.

DESCONTOS LEGAIS

• Contribuição Previdenciária oficial


• Imposto de Renda
• Contribuição sindical (quando autorizada)
• Prestações alimentícias jucidialmente determinadas
• retenção de saldo de salário por aviso prévio não cumprido
• Vale-transporte
• Empréstimos financeiros autorizados - Lei nº 10.802/2003
• Empréstimo consignado, autorizado expressamente
• Farmácia, seguros, planos de saúde, expressamente autorizados
• mensalidade sindical

DESCONTOS DANOS CAUSADOS POR DOLO DO EMPREGADO

• Art. 462 CLT

§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito,


desde de que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de
dolo do empregado

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PROTEÇÃO AO SALÁRIO

 IRREDUTIBILIDADE SALARIAL
 FALÊNCIA OU CONCORDADA
Obrigatoriedade de pagamento de salários (CLT,art.449)
 SALÁRIO É IMPENHORÁVEL
 SALÁRIO É IRRENUNCIÁVEL

ADICIONAIS LEGAIS

• Adicional de horas extras: previsto no art. 7º, XVI, da Constituição


Federal e no art. 59, § 1º, da CLT, este adicional é devido aos
empregados urbanos e rurais em razão do trabalho em jornada
suplementar ou extraordinária.

• Adicional noturno: previsto no art. 7º, IX, da Constituição Federal,


no art. 73 da CLT (para os empregados urbanos) e no art. 7º da Lei n.
5.889/73 (para os empregados rurais), o adicional noturno é devido em
razão do trabalho prestado em horário considerado noturno, na forma
da lei: das 22h às 5h para os empregados urbanos; das 21h às 5h
para os empregados rurais que trabalham na agricultura; e das 20h
às 4h para os empregados rurais que exercem atividades na
pecuária.

• empregados urbanos, nos termos do art. 73 da CLT, a hora noturna é


reduzida (52’30’’) e o adicional corresponde a 20% (vinte por cento)
sobre o valor da hora diurna de trabalho.

• empregados rurais, não se aplica a redução da hora noturna, sendo o


valor do adicional de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor da
hora diurna de trabalho.

EQUIPARAÇÃO SALARIAL

Art. 461 CLT. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor,
prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial,
corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou
idade.

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§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito
com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas
cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja
superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a
dois anos.

§ 2o Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador


tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma
interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários,
dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão público.

§ 3o No caso do § 2o deste artigo, as promoções poderão ser feitas por


merecimento e por antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de
cada categoria profissional.

§ 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência


física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não
servirá de paradigma para fins de equiparação salarial.

§ 5o A equiparação salarial só será possível entre empregados


contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de
paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a
vantagem em ação judicial própria.

§ 6o No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o


juízo determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas,
multa, em favor do empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por
cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social.

Súmula nº 443 do TST - DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.


EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU
PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO
Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV
ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato,
o empregado tem direito à reintegração no emprego.

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