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FORMAÇÃO DO PEDAGOGO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA,

PROPOSTAS TEÓRICAS E METODOLOGIAS ATRAVÉS DO RECURSO DO


MAPA MENTAL

ALMEIDA, David Luiz Rodrigues de1


Universidade Federal da Paraíba – UFPB
RESUMO

Este artigo resulta de discussões realizadas com alunos formandos da Escola Normal de
Campina Grande – PB, assim como de alunos da rede pública municipal dos anos
iniciais do Ensino Fundamental I. Dialoga necessariamente sobre a formação dos
Pedagogos para o ensino de Geografia e da possibilidade da articulação de conceitos,
metodologias, temas e do recurso didático do mapa mental enquanto possibilidades da
reflexão da realidade através da epistemologia geográfica. Demonstra que a
representação do espaço pode auxiliar a leitura de mundo dos alunos dos anos iniciais
propiciando um conhecimento significativo do lugar vivido. Para tanto se articula, a
modo de exemplo uma atividade sobre globalização realizada com alunos de 5º ano,
discutindo as possibilidades do recurso neste processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Formação de professores; Ensino de Geografia; Mapa mental; Lugar;


Cotidiano.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho surgi como reflexão de pesquisas realizadas com alunos da


Escola Normal Estadual Pe. Emídio Viana Correia em 2011 e com alunos dos anos
iniciais do Ensino Fundamental I (EF I) da Escola Municipal Lúcia de Fátima Gayoso
Meira no ano de 2012 ambas localizadas no município de Campina Grande, Paraíba.
A proposta tem como objetivo discutir a formação do pedagogo para o ensino de
Geografia discutindo questões como identidade do professor, formação e autonomia em
sala de aula. Posteriormente é tratado o Ensino de Geografia para os anos iniciais com a
finalidade do posicionamento da escola enquanto espaço de complexas relações e de
espaço de vivencia da formação dos professores, baseando-se nas discussões realizadas
por Canário (2006) e Pinheiro (2012).
Enfatizando questões referentes ao modo de pensar epistemologicamente o
conhecimento geográfico, uma forma de construção metodológica racional da realidade

1
Bolsista CAPES do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) da Universidade Federal da
Paraíba, campus I - João Pessoa - PB. E-mail: [email protected]
através de conceitos geográficos põe a ideia de refletir e agir conscientemente no espaço
enquanto lugar de morada de alunos.
Posteriormente discuto a posição do mapa mental enquanto recurso didático para
o ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais. Para isto demonstro a
possibilidade da utilização deste recurso através de experiência realizada com alunos
dos anos iniciais de uma escola pública municipal.

2. A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO (A) PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

Discutir a formação de um profissional é sempre uma tarefa difícil de ser


realizada. A complexa rede de fatores que personaliza e cria a identidade do mesmo
revela as escolhas políticas, éticas, religiosas, sexuais entre tantas outras que interferem
diretamente em sua prática profissional.
Aqui se demonstra a preocupação em estabelecer um dialogo com professores
dos anos iniciais do EF I, que por sua vez formam os conhecimentos básicos, aos
saberes e habilidades dos estudantes no componente de Geografia.
O pedagogo tem uma tarefa que ora se apresenta como um mediador do
conhecimento socialmente construído ao longo do desenvolvimento da história, ora
como responsável pela formação, e hoje principalmente, do sujeito social que vive em
comunidade, que dela participa e age com justiça e igualdade ou pelo menos assim
deveria ser.
O perfil que aponto apresenta um profissional que forma e é formado para
discutir inúmeros conhecimentos, sendo a Geografia uma das convidadas para o ensino-
aprendizado. Destarte, aponta os Referenciais Curriculares para o Ensino Médio na
Modalidade Normal (2006, p. 41) que

Para um trabalho, de fato, produtivo, há que ser feito todo planejamento de


forma conjunta com as demais disciplinas: legislação, bases pedagógicas,
psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento, etc. A
interdisciplinaridade apresenta-se fortemente favorecida nesta disciplina –
Educação do Ensino Fundamental -, pois a necessidade premente da
interação da mesma com quase todas as disciplinas do curso e a polivalência
do professor em formação ocorrem pela própria necessidade.

Recorrendo aos apontamentos sobre o trabalho docente, formação e


profissionalização discutida por Garcia (2008) é observado que o (futuro) professor
enquanto educador mediador de uma ou mais componente de aprendizagem tem a
responsabilidade de auxiliar o aluno-aprendiz a compreensão do reconhecimento
enquanto sujeito social capaz de pensar e agir com conhecimentos sobre a realidade.
Minha ênfase neste tópico refere-se a outros trabalhos desenvolvidos e
discutidos como Almeida (2012) onde posiciono que a reflexão teórica do conteúdo
ministrado, o diálogo permanente com o educando e a importância do exercício da
criatividade a partir da imaginação que se desenvolve enquanto conhecimento
epistêmico estabelece algumas relações no convívio escolar.
Outra questão que chama a atenção no trabalho docente e se torna hoje uma de
minhas preocupações é se estes professores pedagogos estão prontos a afirmar sua
identidade e exercer sua autonomia dentro do espaço escolar. Esta identidade esta
relacionada à como o professor se vê, tal como os outros o observam, pois seu
conhecimento através da identidade transforma seu saber docente por meio de uma
produção simbólica e discurso, resultando em uma nova identidade, complexa e
dialética.
Entendo que a cobrança de uma especificação sobre conhecimentos geográficos
pelos pedagogos é uma tarefa difícil, visto que, os programas universitários de
Pedagogia e as escolas Normais não buscam formar professores especializados em
determinado conhecimento cientifico, as baixas cargas horárias nas grades dessas
instituições revelam o curto prazo para se aprender e aprender a ensinar a Geografia
Escolar.
Richter (2004) revela em seu trabalho a dificuldade em se formar pedagogos (as)
para o ensino da Cartografia Escolar através de mapas cartesianos, entretanto o maior
contato da Pedagogia com a Geografia em diferentes momentos como encontros
acadêmicos, o exercício na prática e pesquisa escolar, o contato do estágio são algumas
de minhas ideias para a reflexão do que e como ensinar Geografia nos anos iniciais do
EF I.

3. ENSINO DE GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS

Pensar o ensino de Geografia nos anos iniciais é abrir um leque de temas,


conceitos e metodologias para o ensino-aprendizagem. Enquanto Geógrafo, ou melhor,
professor de Geografia, reconheço que a melhor forma de pensar a aprendizagem nos
anos iniciais do EF I é refletir COM pedagogos (as) e alunos (as) que compõem este
nível da educação.
Quando me posiciono em refletir COM estas pessoas, indico que minhas ideias
não estão prontas e acabadas, mas em um processo de construção social que considera o
pensar e ser do outro. Canário (2006) demonstra que o cenário escolar atual é complexo
e cheio de incertezas que resultão muitas vezes no “mal-estar docente”, para ele

Este “mal-estar docente” manifesta-se em diversas modalidades de


desmotivação e absenteísmo, falta de investimento profissional, aumento de
doenças ocupacionais, refugio em posturas defensivas (construção de
estratégias de “sobrevivência”) e em um sentimento de nostalgia em relação a
pretensos “anos dourados” da escola, situada em algum lugar do passado
(CANÁRIO, 2006, p. 21).

Esta profissão, na leitura do autor supracitado, leva o professor à ambiguidade


da percepção do seu trabalho docente observando esta atividade como cansativa e
estressante a um trabalho satisfatório e gratificante.
Aponto estes fatores, por que é necessário verificar a preparação do pedagogo ao
exercício do trabalho docente. A escola enquanto espaço de vivência e formação
continuada ensina os docentes a resignificarem os conteúdos, métodos e conhecimentos,
em especial de Geografia aprendidos nas escolas Normais e Universidades.
Ao entrarmos no espaço escolar podemos observar as ações e práticas destes
professores ao mediarem os assuntos de Geografia. Pinheiro (2012) em seu livro
resultado de estudos de Pós-doutorado em educação destrincha as experiências
docentes, a formação e práticas docentes nos anos iniciais do EF I baseado na
metodologia autobiográfica de história de vida de quatro professores com formação
inicial no curso de Magistério egressos do curso de Pedagogia da Unifesp – Campus
Guarulhos.
Ao dialogar com os quatro professores sobre a importância do ensino de
Geografia nos anos iniciais, dividi os depoimentos sobre o ensino-aprendizado em
Geografia em três itens: “[...] 1- Noções básicas de espaço; 2 – Organização dos
conteúdos geográficos; 3 – Importância e dificuldades no ensino de Geografia”
(PINHEIRO, 2012, p. 142).
Estes professores apontam entre outros fatores a importância do conhecimento
do aluno sobre o espaço escolar, da localização dos diferentes espaços desde a distinção
dos sanitários femininos e masculino, a localização de sua carteira em sala de aula.
Questões referentes à organização do tempo e espaço escolar com a realização de filas,
prática escolar, como são demonstrados a partir de depoimentos colhidos por Pinheiro
(2012).
Esses saberes em alguns casos não são trabalhados como conteúdos de
Geografia “perdendo” seu efeito de problematização do saber epistêmico pelo aluno,
por isto é classificado como noções de orientação, localização é necessário assim o
planejamento, e certo rigor metodológico na realização de atividades.
Ribeiro & Marques (2001) pensam o ensino de História e Geografia nos anos
inicias, discutindo possíveis metodologias e atividades para o ensino-aprendizado
significativo para crianças favorecendo as noções espaço-temporais, aprendendo a
ordenar o espaço e tempo escolar.
A organização dos conteúdos geográficos é em alguns casos, ensinados através
de círculos concêntricos que desenvolvem o conhecimento a partir do corpo do sujeito
até escalas maiores (mundo) sem relações. Autores como Straforini (2008), Pinheiro
(2012) e Callai (2013) demonstram as problemáticas em relacionar o conhecimento
geográfico em escalas distintas que não consideram o lugar como a totalidade das
relações sócio-espaciais.
Entre as dificuldades referentes ao currículo destacam os professores
entrevistados por Pinheiro (2012) que os dois blocos de ensino 2, que as noções
propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1997), na maioria das vezes
não é efetivada por falta de tempo e da maior necessidade de trabalhar assuntos
relacionados à matemática e língua portuguesa para as avaliações nacionais (Provinha
Brasil).
Entre as principais dificuldades citadas pelos professores desta pesquisa referem-
se à discussão de conceitos e temas de Geografia, onde o grau de abstração torna-se
mais relevante como a discussão das coordenadas geográficas, de termos como latitude,
das orientações Norte, Sul, Leste e Oeste e de conceitos da Geografia física, como
placas tectônicas, ou ainda divisão territorial, globalização entre outras questões.

4. A UTILIZAÇÃO DOS CONCEITOS GEOGRAFICOS PARA O ENSINO-


APRENDIZADO

Minha indagação sobre o tema vem sendo desenvolvidas desde a graduação, no


XII Encontro Nacional de Práticas de Ensino de Geografia: formação, pesquisa e
práticas docentes: reformas curriculares em questão que ocorreu entre 15 a 19 de

2
Divisão realizada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1997). Esta divisão em ciclos
relaciona o atual 1º e 2º ano do EF I (1º ciclo) e 3º e 4º ano do EF I (2º ciclo).
Setembro de 2013 em João Pessoa – PB obtive a oportunidade de discutir com
geógrafos e pedagogos sobre as questões epistêmicas no ensino-aprendizado e observar
que esta é também uma das preocupações de professores de Geografia e Pedagogia de
todo o Brasil que participam e pensam a escola.
Considerando as palavras de Moreira (2011) observo que “A geografia é uma
forma de leitura do mundo”. Mas para ler este mundo, a realidade, utilizamos um
arcabouço de categorias, conceitos e princípios lógicos da Geografia para realização
desta tarefa.
Trabalhamos com coisas reais a partir da ideia que temos delas. Quando falamos
“cadeira” nosso pensamento configura em nossas mentes a representação do objeto
conhecido, experenciado através de nossa vivência. Neste aspecto compreendo que a
experiência vivida como destaca Callai (2013) é necessário para apropriação das coisas
reais através da palavra, signo criado para identificação do objeto.
Este princípio de atividade da razão permite pensarmos a palavra com a própria
coisa física. Refletir epistemologicamente o espaço geográfico requer como discutido
anteriormente um conhecimento conceitual, metodológico e metódico. Baseado em
autores como Moreira (2011) e Abbagnano (2007) discutirei um esquema de
pensamento que venho desenvolvendo (ver figura 1.).

FIGURA 1. ESQUEMA METODOLÓGICO DE APREENSÃO DA REALIDADE

Pendere Pensare

REALIDADE

Afflare Concreto/ material Ideia

Prática

Elaborado por: David Luiz

Academicamente a palavra achar, vem sendo substituída do discurso pela


palavra pensar. Entretanto a indagação a respeito destas palavras recorre a sua
etimologia e significado na reflexão e ação do ensino-aprendizado de Geografia. A
palavra achar (do latim afflare) no sentido de “soprar, espalhar, farejar”, sua utilização
esta relacionada à atividade de caça através de cães, embora indique um elemento
primordial aquele que busca aprender a necessidade da investigação, da procura
incessante a alguma coisa que não compreende, apontaria quatro fatores que
influenciam a primeira atividade em busca do saber (não apenas cientifico). 1)
observação; 2) suporte teórico (leitura através de imagens, textos, vídeos etc.); 3)
Pesquisa (contato em lócus); 4) Aprendizagem com os mais experientes (ensino –
aprendizagem) não apenas no âmbito escolar.
Ao analisar a palavra pensar é possível reter a expressão relacionada ao latim
pensare da mesma raiz etimológica da palavra pendere (“pendurar, pesar”).
Compreendo que a lógica do afllare condiz com o equilíbrio de pendere, que permite
ponderar, analisar os fatores, calculando os prós e contras do real estruturado na lógica
do pensamento pensare.
A ideia resultante deste processo da abstração do real através da lógica racional
desenvolve uma interpretação que analiso como dialética e parcelar, pois a própria
ciência garante a validade da “verdade” através da demonstração, descrição e/ ou
corrigibilidade. Neste caminho o resultado estaria relacionado com a prática (objetiva
ou/ e subjetiva) através da relação homem-homem ou homem-meio sobre a realidade.
A categoria enquanto uma referência ampla e universal discute de forma extensa
o termo no tempo e espaço sem uma determinada datação do elemento destacado. O
conceito, por sua vez, corresponde a uma referencia direta ao objeto estudado,
resumindo e demonstrando o raciocínio cientifico.
Para Moreira (2011, p. 108) “O conceito vem basicamente de nossa relação
lógica-intelectiva-com o mundo, num ato de racionalização dos dados sensíveis [...] E as
categorias são os conceitos vistos na ação prática de transformar os dados da
experiência sensível em teoria”. Trabalhar com o ensino-aprendizagem de Geografia é
destacar o conceito datado e discuti-lo é referir-se a epistemologia da ciência. Lembro-
me de minha experiência enquanto professor-pesquisador em uma turma de 5º ano do
EF I no ano de 2012, quando penso COM alunos o conceito de paisagem e lugar.
Observamos um canal próximo a Escola Municipal Lúcia de Fátima Gayoso Meira, no
Bairro do Lauritzem em campina Grande - PB (ver figura 2).
Embora este lugar de vivência do aluno, caminho do trajeto casa-escola,
demonstra-se um aspecto poluído e desagradável, na visão dos discentes, os alunos
compreenderam que este também é uma paisagem geográfica, damos sentido a esta
experiência vivida relatando o contexto histórico deste canal enquanto o riacho das
piabas do município, desdobrando em temas como poluição, meio ambiente e
urbanização.

FIGURA 2. CANAL SITUADO NA AV. CAJAZEIRAS PRÓXIMO A RUA DA ESCOLA.

Fonte: Almeida (2012)

5. MAPA MENTAL E A APROXIMAÇÃO DE TEMAS

Estudos relacionados aos recursos didáticos para o ensino de Geografia vêm


sendo realizados nos últimos tempos para todos os anos da educação básica. A
utilização de mapas cartesianos através de uma perspectiva piagetina por Almeida &
Passini (2010), o desenho no ensino-aprendizado em geografia pesquisado por Miranda
(2005) e geotecnologicos por Almeida (2012) demonstram que as pesquisas por
recursos didáticos para os anos iniciais vêm sendo buscado por geógrafos que também
pensam esta realidade escolar.
Atualmente pesquiso a possibilidade do mapa mental enquanto recurso didático
em Geografia para os anos iniciais do EF I. Baseado em autores como Richter (2011) e
Kozel (2008) compreendo este recurso como uma expressão livre de representação do
espaço geográfico, vivido que possibilita a discussão dos elementos espaciais através de
uma discussão conceitual com alunos e professores deste nível da educação.
Para Richter (2011, p. 18) “[...] além de utilizar a fala, a escrita, a imagem ou o
próprio mapa convencional/ tradicional, aluno terá a oportunidade de apresentar num
mapa mental suas interpretações a respeito de um determinado lugar, provenientes de
leituras mais científicas da realidade”.
Esta interpretação do lugar vivido pode revelar outros conceitos que podem estar
articulados e problematizar a discussão da realidade em sua totalidade. O mapa mental
compreendido como uma representação do espaço geográfico é construída em uma
relação dialética da imagem (do desenho da criança) com a fala (expressão verbal da
intenção da imagem). A seguir um exemplo de atividade que ressalta este contexto.

5.1 Discutindo a globalização através do recurso didático do mapa mental

Em experiência de pesquisa com alunos do EF I, obtive diferentes mapas


mentais que representavam elementos ou o próprio trajeto casa-escola realizados por
aqueles alunos. Entre tantos temas pensados e discutidos naquela ocasião sobre a
Geografia e o processo de globalização através destas representações que evidenciam o
lugar.
Descrevo em Almeida (2012) que desde a Segunda Guerra Mundial a sociedade
muda, pois hoje o meio técnico-cientifico-informacional interfere na relação desta
geração na interpretação do espaço geográfico. O acesso a mass mídia, a internet entre
outros recursos modificam a percepção da criança através da visão de mundo.
Na figura 3. podemos observar a representação de um supermercado enquanto
forma espacial que têm determinada função naquele espaço. Torna-se assim também um
local de consumo, um espaço comercial formal diferenciado das quitandas descritas
pelos alunos, através da descrição dos trajetos por eles percebidos.
Quando eu venho para a escola de manhã, eu vejo prédios, casas, o canal,
oficinas, loja de carro para colocar som, ônibus, caminhões, carros, motos,
supermercado, depósito, árvores, esgoto e bueiros, uma pista, fruteiro de
fruta, uma academia, uma escola, uma barraquinha de bala, uma oficina de
bicicleta, um estacionamento, um aquário, uma casa que concerta televisão e
DVD e uma ponte e etc. (Jorge3)

O próprio estabelecimento retratado representa uma rede de supermercados que


estão pensados e organizados sobre o espaço, ultrapassando a lógica do lugar. Lembra
Santos (2008, p. 29) que “O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo,
senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais, mas não há espaço mundial.
Quem se globaliza, mesmo, são as pessoas e os lugares”.

3
Os nomes aqui citados são fictícios para preservação da identidade das crianças.
Compreender COM os alunos que o tênis que usam é produzido em uma
sociedade distante da sua, com outra cultura e modo de vida diferente e que os produtos
daquele supermercado também advém de outras realidades que outras pessoas, em
outras partes da cidade e do Estado da Paraíba consomem produtos semelhantes, a
custos semelhantes, quebra de antemão a inocência simplista do ensino deste tema.
O conceito de lugar nesta proposta ultrapassa a ideia do apenas conhecido,
instigando o aluno pensar além, construindo através da busca afflare, um meio de
comparações pendere construindo um novo pensamento, exercendo uma nova prática
agora mais consciente que antes, obtendo o porquê, do que, como e para que aprender
Geografia e resignificando o conhecimento geográfico com o contexto social para a vida
urbana ou rural.

FIGURA 3. MAPA MENTAL DE CARLOS DO 5º ANO

Fonte: Pesquisa de campo, Abril de 2012.


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante a discussão realizada caminho para uma reflexão que garanta não
apenas auxiliar (futuros) professores de Pedagogia e Geografia e de alunos dos anos
iniciais do EF I, mas pensar com estas pessoas, em busca de soluções para os problemas
ainda vigentes na escola. Caminhar com as dificuldades, os baixos salários dos docentes
e sua alta carga horária de trabalha, ainda é hoje um dos quesitos do desafio de aceitar
este trabalho.
Mas estar comprometido com a prática escolar é refletir e auxiliar o aluno a
exercitar o conhecimento mediado pelo professor. Planejar as aulas considerando,
metodologias, conceitos, temas e recursos é como demonstrado um dos fatores que
garante não o sucesso da realização da atividade, mas a tranquilidade e tomada de
consciência de uma autonomia do que e como ensinar Geografia.
Considero neste contexto, que o mapa mental enquanto recurso didático possa
possibilitar o ensino-aprendizado de Geografia, podendo tornar-se uma prática nas
escolas, possibilitando a formação de um professor pesquisador e de um aluno
socialmente ativo, critico e consciente do que sabe e do que fazer com este
conhecimento.

REFERÊNCIAS

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