Apostila Glaucoma 2023
Apostila Glaucoma 2023
Apostila Glaucoma 2023
com
GLAUCOMA
A P O S T I L A
2 0 2 3
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SUMÁRIO
BASES 05 GLAUCOMAGLAUCOMA
PRIMÁRIO DE ÂNGULODE ÂNGUL66
PRIMÁRIO
FECHADO (GPAF) FECHADO (GPAF)
SEÇÃOSEÇÃO
1: CÂMARA
1: CÂMARA
ANTERIOR,
ANTERIOR,
SEIO CAMERULAR
SEIO CAMERUL06
E TRABECULADO E TRABECULADO • INTRODUÇÃO
• ESCOAMENTO DO HUMOR AQUOSO • FATORES DE RISCO
SEÇÃO 2: HUMOR AQUOSO 10 • MECANISMOS DO FECHAMENTO ANGULAR
• COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO HUMOR AQUOSO • CLASSIFICAÇÃO DO FECHAMENTO ANGULAR QUANTO AOS SINTOMAS
SEÇÃO 3: EMBRIOLOGIA DO ÂNGULO DA
SEÇÃO 3: EMBRIOLOGIA DO ÂNGULO D13 • EXAMES COMPLEMENTARES
CÂMARA ANTERIOR CÂMARA ANTERIOR
• TRATAMENTO DO GLAUCOMA DE ÂNGULO FECHADO
GENÉTICA, EPIDEMIOLOGIA,
GENÉTICA, TONOMETRIA,
EPIDEMIOLOGIA, TONOMETR14
GONIOSCOPIA E AVALIAÇÃO DO NERVO GLAUCOMAS SECUNDÁRIOS I 75
ÓPTICO ÓPTICO SEÇÃO 1: GLAUCOMA NEOVASCULAR (GNV) 76
SEÇÃO 1: GENÉTICA 15 • CLÍNICA
SEÇÃO 2: EPIDEMIOLOGIA 15 • ANGIOFLUORESCEINOGRAFIA DA ÍRIS
• GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO (GPAA) • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO FECHADO (GPAF) • CAUSAS
SEÇÃO 3: PRESSÃO INTRAOCULAR
SEÇÃO 3: PRESSÃOEINTRAOCULAR 17 • TRATAMENTO
TONOMETRIA TONOMETRIA
• ORGANIZANDO O TRATAMENTO
• TONÔMETROS
SEÇÃO 2: GLAUCOMA PIGMENTAR 82
SEÇÃO 4: GONIOSCOPIA 22
• EPIDEMIOLOGIA
SEÇÃO 5: AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR
SEÇÃO 5: AVALIAÇÃO DA
COMPLEMENTAR D27
CÂMARA ANTERIOR CÂMARA ANTERIOR • FISIOPATOLOGIA
SEÇÃO 2: TOMOGRAFIA
SEÇÃO DE COERÊNCIA
2: TOMOGRAFIA ÓPTICA
DE COERÊNCIA ÓPTIC50 • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
(OCT) (OCT) • TRATAMENTO
SEÇÃO 3:SEÇÃO
POLARIMETRIA DE VARREDURA
3: POLARIMETRIA A
DE VARREDURA 53
LASER LASER
GLAUCOMA CONGÊNITO
GLAUCOMA PRIMÁRIO,PRIMÁRIO92
CONGÊNITO GLAU-
SEÇÃO 4: TOMOGRAFIA DE VARREDURA
SEÇÃO 4: TOMOGRAFIA A
DE VARREDURA 56
LASER LASER COMAS ASSOCIADOS ÀS ANOMALIAS
CONGÊNITAS, SÍNDROME ICE E
NEUROFIBROMATOSE TIPO I
NEUROFIBROMATOSE TIPO I
GLAUCOMA PRIMÁRIO
GLAUCOMA DE ÂNGULO
PRIMÁRIO ABERTO
DE ÂNGULO ABER58 SEÇÃO 1: SEÇÃO
GLAUCOMA CONGÊNITO
1: GLAUCOMA PRIMÁRIO
CONGÊNITO PRIMÁRI93
E GLAUCOMA DE PRESSÃO
E GLAUCOMA DENORMAL
PRESSÃO NORMAL (GCP) (GCP)
SEÇÃO 1:SEÇÃO
GLAUCOMA PRIMÁRIO
1: GLAUCOMA DE ÂNGULO
PRIMÁRIO DE ÂNGUL60 SEÇÃO 2: GLAUCOMAS ASSOCIADOS
SEÇÃO 2: GLAUCOMAS ÀS
ASSOCIADOS À96
ABERTO ABERTO ANOMALIAS CONGÊNITAS ANOMALIAS CONGÊNITAS
• FATORES DE RISCO • SÍNDROME DE AXENFELD RIEGER
• FISIOPATOLOGIA • ANOMALIA DE PETERS
• CLÍNICA • ANIRIDIA
• HIPERTENSÃO OCULAR
• GLAUCOMA DE PRESSÃO NORMAL
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SUMÁRIO
BASES
CÂMARA ANTERIOR, SEIO CAMERULAR,
TRABECULADO E HUMOR AQUOSO
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SEÇÃO 1
A íris também apresenta estruturas que compõem a ATPase) transporta sódio para a câmara posterior
barreira hematoaquosa: as células endoteliais dos contra o gradiente de concentração, com gasto de ATP.
capilares irianos contém zônulas de oclusão, que O cloreto acompanha o sódio passivamente, para
impedem a passagem de macromoléculas para o humor equilibrar a ionicidade.
aquoso; o epitélio posterior da íris também possui
Esta bomba pode ser inibida farmacologicamente pelos
zônulas de oclusão separando o estroma da câmara
Beta-Bloqueadores, pois o estímulo para secreção do
posterior.
humor aquoso é predominantemente Beta-2-
A barreira hematoaquosa pode ser rompida em diversas adrenérgico.
circunstâncias, o que promove alteração na compo-
A bomba de sódio e potássio também depende de
sição do humor aquoso; o aumento da concentração de
bicarbonato para seu correto funcionamento. A enzima
proteínas, por exemplo, leva ao efeito Tyndall ao exame
anidrase carbônica do tipo II participa da secreção ativa
de biomicroscopia. Isso ocorre pelo relaxamento das
do HA no epitélio ciliar, através da geração de
zônulas de oclusão no epitélio ciliar não-pigmentado e
bicarbonato (acredita-se que a AC tipo II seja respon-
vasodilatação dos capilares irianos. Causas:
sável por 40% do processo de secreção do aquoso). A
Ÿ Traumatismos. anidrase carbônica do tipo II pode ser inibida pela
Dorzolamida e Brinzolamida.
Ÿ Uveítes.
à Ultrafiltração
Ÿ Queimaduras químicas.
Movimento passivo que ocorre através de um gradiente
Ÿ Prostaglandinas.
de pressão. A diferença entre a pressão hidrostática dos
Ÿ Pilocarpina. capilares dos processos ciliares e a pressão intraocular
favorece a passagem de fluido para a câmara posterior.
Por sua vez, a pressão oncótica nos capilares exerce
SECREÇÃO DO HUMOR AQUOSO resistência à passagem do fluido.
O humor aquoso é produzido através de três à Difusão
mecanismos distintos: secreção ativa, ultrafiltração e
difusão simples. Movimento passivo de íons através das membranas,
mediante gradiente de concentração. Este fluxo de íons
promove movimento de água através das membranas.
CBO 2021
Comentário Ÿ Creatinina.
O principal mecanismo responsável pela secreção do Ÿ Bicarbonato.
humor aquoso é a secreção ativa, com gasto de ATP. A Componentes com concentração
ultrafiltração e a difusão são mecanismo auxiliares, AUMENTADA em relação ao plasma
ambos passivos.
Ÿ Sódio.
Ÿ Cloreto.
CBO 2021
Ÿ Ácido Ascórbico (20 vezes mais concentrado do que
O processo de formação do humor aquoso se dá no plasma. Sua prova gosta de cobrar!).
principalmente por ________________ que ocorre na
camada de células ________________ do epitélio ciliar. Ÿ Ácido lático (produto do metabolismo do cristalino).
SEÇÃO 3
EMBRIOLOGIA DO ÂNGULO DA
CÂMARA ANTERIOR
GENÉTICA, EPIDEMIOLOGIA,
TONOMETRIA, GONIOSCOPIA E
AVALIAÇÃO DO NERVO ÓPTICO
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São fatores de risco clássicos para o desenvolvimento Estudos populacionais mostraram que a distribuição da
de glaucoma primário de ângulo aberto: PIO na população segue o padrão da curva de Gauss.
A) Asiáticos, história familiar positiva, jovens. Ÿ A média de PIO encontrada na população sem
neuropatia glaucomatosa foi de 15,7 mmHg.
B) Pressão intraocular elevada, raça caucasiana, idade
entre 25 e 45 anos. Ÿ Valores acima de 21 mmHg, na ausência de
neuropatia óptica glaucomatosa, são considerados
C) Pressão intraocular elevada, raça negra, história
como hipertensão ocular.
familiar positiva.
D) Sexo feminino, espessura corneana elevada, pressão
intraocular com ampla flutuação. FLUTUAÇÃO E PICO DA PIO
SEÇÃO 3
TONÔMETROS
PRESSÃO INTRAOCULAR E
TONOMETRIA A PIO pode ser estimada através da tensão oculodigital,
porém trata-se de método subjetivo e pouco repro-
A pressão intraocular (PIO) é o principal fator de risco
dutível. Para obter medidas objetivas e fidedignas da
para glaucoma, sendo sua redução o objetivo do
PIO, lançamos mão de instrumentos chamados
tratamento em qualquer subtipo de glaucoma. A PIO é
tonômetros.
aferida através de um exame chamado tonometria.
Existem alguns tipos básicos de tonômetros:
Ÿ Tonômetro de indentação - Tonômetro de Schiötz.
*Atenção! Não existe um valor de PIO considerado
normal para todos os indivíduos! Alguns pacientes com Ÿ Tonômetro de aplanação - diversos tonômetros que
pressão intraocular elevada não apresentarão dano ao estudaremos a seguir.
nervo óptico em nenhum momento. Por outro lado,
Ÿ Tonometria de contorno dinâmico - Tonômetro de
existem indivíduos em que níveis considerados baixos
Pascal.
de pressão intraocular provocam dano glaucomatoso
(glaucoma de pressão normal). Dessa forma, a PIO
normal é aquela que não está associada a dano
glaucomatoso ao nervo óptico.
Afere a PIO medindo a indentação da córnea produzida É considerado o padrão-ouro na medida da PIO.
por um peso conhecido. Determina a PIO medindo a força necessária para
aplanar uma área de córnea de 3,06 mm de diâmetro.
C
Não necessita de viscoelástico para o exame e permite Possível com as lentes de Zeiss, Posner e Sussman, por
realização da manobra de indentação. Não está mais terem uma área de contato menor. A manobra de
disponível comercialmente. indentação consiste na leve compressão antero-
posterior na córnea central.
Ÿ Lente de Posner: lente de 4 espelhos, com inclinação
de 64º e área de contato de 9,0 mm (semelhante à Essa compressão promove uma ampliação do seio
lente de Zeiss). camerular, permitindo a diferenciação entre
fechamento angular aposicional (isto é, pela simples
aposição da íris) e o fechamento angular por
goniossinéquias, essencial na avaliação dos ângulos
estreitos.
CBO 2021
à Raiz da íris
Na periferia da íris, sua última ondulação é chamada de
"Orla de Fuchs". Da raiz da íris podem partir pequenos
prolongamentos de tecido iriano, chamados processos
irianos. São frequentemente visualizados no seio
camerular normal e geralmente não impedem o
escoamento do humor aquoso. Figura 10. Sistema de classificação de Scheie. Disponível em: https://
www.aao.org/disease-review/gonioscopic-grading-systems
Figura 12. Método de Van Herick. Fotografia gentilmente cedida pelo prof.
Bernardo Moraes.
RECESSÃO ANGULAR TRAUMÁTICA - Figura 14. Ciclodiálise. 2018, Gonioscopy: A Text and Atlas;
Ruptura entre as fibras longitudinais e 10.5005/jp/books/13108_21; Post-traumatic Glaucoma; https://doi.org/
circulares do corpo ciliar. 10.5005/jp/books/13108_21; Jaypee Brothers Medical Publishers (P)
Ltd; 2018/01/01; Dada Tanuj, Sidhu Talvir
Traumas contusos podem causar recessão angular e
evoluir para glaucoma secundário unilateral. O
diagnóstico de recessão angular ocorre através da
gonioscopia. Os sinais observados são:
SEÇÃO 5
Técnica não invasiva que utiliza transdutores de alta TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA
frequência (50 mHz) para gerar imagens em alta DE CÂMARA ANTERIOR
resolução do segmento anterior.
Utiliza feixe de luz infravermelha para gerar imagens da
Ÿ Resolução axial: 50 μm. córnea, íris, câmara anterior, cristalino e ângulo.
Ÿ Resolução lateral: 25 μm. Fornece medidas objetivas, como: distância ângulo-
ângulo, abertura do ângulo, espessura da córnea, raio
de curvatura da córnea, profundidade de câmara
anterior e posição do cristalino.
Diferentemente da UBM, o OCT de segmento anterior
não avalia bem as estruturas posteriores à íris, não
sendo adequado para avaliação do corpo ciliar.
SEÇÃO 6
O disco óptico é formado pela rima neural de coloração SINAIS DE LESÃO GLAUCOMATOSA
rósea, constituída pelos axônios das células DO DISCO ÓPTICO
ganglionares, e uma escavação central não preenchida
por tecido nervoso. A escavação deve ser delimitada
pela deflexão dos vasos e não pela região de palidez,
Ÿ Relação escavação/disco > 0,6 está presente apenas Como já dissemos, é fundamental analisar o disco com
em 4% das pessoas normais. estereopsia e avaliar a escavação pela deflexão dos
vasos e não pela coloração. Em alguns casos, a
Ÿ Escavação/disco vertical > escavação/disco escavação pode conservar uma coloração rosada, o que
horizontal está presente em 57% dos pacientes com chamamos de "escavação pintada de rosa", de modo
glaucoma e em 2% dos indivíduos normais. que se analisarmos apenas a área de palidez, podemos
Ÿ A assimetria da escavação entre os dois olhos é subestimar o tamanho da escavação.
muito importante para o diagnóstico de glaucoma.
Menos de 0,5% dos indivíduos normais possuem
AVALIACÃO DA CAMADA DE FIBRAS
assimetria de relação escavação/disco maior que NERVOSAS PERIPAPILAR
0,2. Exemplo didático: paciente com olho direito
apresentando relação E/ D de 0,3 e olho esquerdo Embora atualmente muitas vezes usamos exames
com relação E/D de 0,6 terá alto grau de suspeição como o OCT para avaliar a camada de fibras nervosas
para neuropatia glaucomatosa. peripapilar, ela também pode ser avaliada através do
exame de biomicroscopia de fundo (utilizando-se
Ÿ Escavação da rima nasal é um fator importante no iluminação red-free da lâmpada de fenda) e através da
diagnóstico de glaucoma, porque essa porção da retinografia (especialmente a retinografia red-free).
rima tende a ser acometida tardiamente.
Ÿ Os poros da lâmina crivosa assumem aspecto
ovalado em pacientes com glaucoma, especial-
mente nos polos superior e inferior.
Figura 2. Sinal de Hoyt. Alencar, Luciana P. Malta de, Konno, Fábio, Raiza,
Ana Carolina, & Susanna Jr, Remo. (2007). Retinal nerve fiber layer defect
in a patient with healthy neuroretinal rim. Clinics, 62(2), 197-198.
https://doi.org/10.1590/ S1807-59322007000200016
CBO 2021
Figura 6. Seta preta: Zona-Beta. Seta Branca: Zona-Alfa. Fonte: http://
www.ligadeoftalmo.ufc.br/? s=ensino&p=atlas Em relação ao achado apontado pela seta, é correto
afirmar:
Ÿ Fosseta adquirida
Depressão adquirida da lâmina cribriforme, temporal
inferior em 80% dos casos. É mais comum no glaucoma
de pressão normal (GPN) e pode ser um fator de risco
para progressão. Associa-se à presença de escotomas
arqueados densos no campo visual.
PROPEDÊUTICA
CAMPO VISUAL, TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA
ÓPTICA, POLARIMETRIA DE VARREDURA A LASER E
TOMOGRAFIA DE VARREDURA A LASER
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CÉLULAS GANGLIONARES
PERIMETRIA CONVENCIONAL
As células ganglionares da retina e seus axônios são o (branco-branco)
alvo primário da lesão glaucomatosa. Utiliza um estímulo luminoso estático, branco e de
Ÿ Número médio de células ganglionares: 1,2 milhões tamanho constante em diversas posições do campo
(e por isso o nervo óptico apresenta, em média, 1,2 visual.
milhões de axônios).
Ÿ A densidade de células ganglionares é muito maior PERÍMETRO HUMPHREY
no centro (região foveal - 35.000 células/ mm2) do
O perímetro Humphrey é o mais conhecido e o mais
que na periferia (ora serrata - 200 a 300 células/
estudado. Apresenta diversos programas:
mm2).
à Central 24-2: pesquisa 54 pontos nos 24º centrais,
Existem diversos subtipos de células ganglionares, mas
distantes 6º entre si.
podemos agrupá-los em 3 grupos principais:
à Central 10-2: pesquisa 68 pontos nos 10º centrais,
Ÿ Células parvocelulares - 70% das células gangli-
distantes 2º entre si. Em alguns casos, pode
onares. Apresentam corpo celular pequeno e
detectar o dano glaucomatoso mais precocemente
axônios com velocidade de condução lenta. Os
que o 24-2, por testar mais pontos na região
axônios se projetam para a camada parvocelular do
central.
corpo geniculado lateral. Respondem a estímulos
com alta frequência espacial e baixa frequência à Macular: pesquisa 16 pontos nos 5º centrais,
temporal e são responsáveis pela visão de detalhes. distantes 2º entre si.
São as células testadas na perimetria branco-
branco (perimetria convencional).
Existem duas estratégias principais para testar o limiar Quando o paciente apresenta alto índice de respostas
de sensibilidade: falso positivas, ocorre elevação da sensibilidade geral
da ilha de visão, tornando os escotomas menos
à Full Threshold: determina o limiar de sensibilidade
profundos. Quando analisamos o gráfico em tons de
ponto a ponto alterando a intensidade do estímulo
cinza, o mesmo estará anormalmente "branco".
em 2-4 dB a cada vez. Por conta disso, esta é
estratégia é mais demorada.
à SITA: determina o limar de sensibilidade ponto a
ponto através de um algoritmo que utiliza um
banco de dados para pacientes normais e
portadores de glaucoma e que é ajustado a cada
resposta positiva ou negativa dada pelo paciente.
Essa estratégia é mais rápida que a anterior.
ÍNDICES DE CONFIABILIDADE
Figura 4. Impresso do Humphrey com todos os gráficos assinalados. Fonte: Joy N. Carroll and Chris A. Johnson, Ph.D. eyerounds.org.
Disponível em: https://eyerounds.org/tutorials/VF-testing/
ÍNDICES GLOBAIS
Como o glaucoma geralmente causa danos assimé-
MD (Mean deviation) tricos entre os polos inferior e superior do nervo óptico,
e por consequência nos hemisférios superior e inferior
Corresponde à média dos valores encontrados no do campo visual, o GHT é um instrumento muito
gráfico total deviation. interessante na avaliação de campos visuais
Ÿ Representa a sensibilidade global do paciente. glaucomatosos.
Ÿ O MD torna-se progressivamente mais negativo à
medida que o dano glaucomatoso avança, mas sofre
influência das opacidades de meio.
D - Incorreta. O GHT compara 5 regiões do campo visual Ÿ <15% dos pontos com p<1% no pattern deviation.
superior com 5 regiões do campo visual inferior. Ÿ Nenhum ponto com sensibilidade <15 dB nos 5º
centrais.
CBO 2017
Outros defeitos
Ÿ Depressão generalizada: raro na ausência de defeito
localizado.
Ÿ Defeito temporal: também é um defeito raro no
glaucoma
Figura 7. Degrau nasal. Fonte: G. A. Cioffi, MD. Disponível em: https://
www.aao.org/image/nasal-step-nerveloss-2
ANÁLISE DE PROGRESSÃO
Figura 9. Glaucoma Change Probability (GCP). Fonte: Ronald L. Gross, MD. Disponível em: https://www.aao.org/image/glaucoma-
changeprobability-visual-field-2
Glaucoma Progression Analisys (GPA) O triângulo todo preto aparece quando um ponto
apresenta piora estatisticamente significativa pela
Este programa é mais recente. Também são neces-
terceira vez consecutiva.
sários pelos menos 3 campos para definição de
progressão, mas utiliza o gráfico Pattern Deviation. Ÿ Quando ocorre piora em pelo menos 3 pontos em
dois exames consecutivos, o resultado do exame é:
O triângulo vazio aparece quando um ponto apresenta
possible progression (progressão possível).
piora estatisticamente significativa pela primeira vez.
Ÿ Quando ocorre piora em pelo menos 3 pontos em
O triângulo metade branco e metade preto aparece
três exames consecutivos o resultado do exame é:
quando um ponto apresenta piora estatisticamente
likely progression (progressão provável).
significativa pela segunda vez consecutiva.
Figura 10. Glaucoma Progression Analisys (GPA). Fonte: Diaz-Aleman VT, Anton A, de la Rosa MG, et al Detection of visual-field deterioration
by Glaucoma Progression Analysis and Threshold Noiseless Trend programs British Journal of Ophthalmology 2009;93:322-328
CBO 2020
B)Representa um escotoma comum em glaucoma. C) O programa Central 10-2 pesquisa 54 pontos nos dez
graus centrais, dispostos a uma distância de 6º entre
C)Há representação de um escotoma cecocentral
eles.
temporal.
D) Resposta falso-positiva ocorre quando o paciente
D)Trata-se de uma neuropatia óptica isquêmica
não responde a um estímulo supralimiar (9 dB acima)
posterior.
em um ponto já visto previamente.
Gabarito - B
Gabarito - A
Comentário
Comentário
Questão um pouco mais difícil, por tratar-se de um
Vamos analisar todas as alternativas:
campo visual manual, pouco utilizado no nosso dia a
dia. Percebam como as isópteras estendem-se até a A- O MD (Mean Devition) deriva do total deviation
porção periférica no campo visual inferior mas não no (Compara a sensibilidade encontrada e subtrai da
campo visual superior. Trata-se de um escotoma sensibilidade esperada para indivíduos da mesma
arqueado superior, comum em pacientes com idade). É a média dos valores do total deviation, por isso
glaucoma. possui valores negativos. Mede a sensibilidade global
do paciente. Quanto pior o glaucoma, mais negativo o
MD. É influenciado por opacidades de meios. (correta)
CBO 2022
B- O Visual Field Índex (VFI) faz parte da análise de
Qual dos defeitos de campo visual abaixo melhor se progressão do campo visual e corresponde a
correlaciona com perda localizada da camada de fibras porcentagem de campo visual normal ajustado para a
nervosas peripapilar (sinal de Hoyt) no setor temporal idade. Faz um gráfico com análise de tendência e
inferior? mostra o ritmo de progressão da doença. Deriva do
A) Centro-cecal temporal inferior. Total e do pattern deviation e dá maior valor aos pontos
centrais. VFI 100% = campo normal e VFI 0%= cegueira
B) Nasal superior. total. É menos influenciado por opacidades de meios do
C) Temporal superior em cunha. que o MD. (incorreta)
Considerando a quinta campimetria computadorizada O programa mais utilizado para glaucoma é o G1, que
consecutiva do mesmo paciente ilustrada abaixo, pesquisa 59 pontos nos 30º centrais, e o programa M2
assinale a alternativa correta: ou macular, que pesquisa 45 pontos na área de 0-4º e
36 pontos na área de 4-9,5º centrais.
Ÿ Estratégia normal (a intensidade do estímulo
luminoso varia em 4-2-1 dB).
Ÿ Estratégia dinâmica (a intensidade do estímulo
luminoso varia em 2 a 10 dB).
Ÿ Estratégia TOP (utiliza a correlação entre os pontos
vizinhos na determinação do limiar).
Existe uma correlação entre os gráficos do Humphrey e
A) Neste exemplo há taxa de progressão com
do Octopus.
significância estatística.
Ÿ Gráfico numérico - expresso em decibéis
B) A presença do triângulo completamente preenchido
(semelhante ao gráfico do Humphrey).
na cor preta indica que aquele ponto teve uma piora da
sensibilidade em relação ao último exame realizado. Ÿ Gráfico de cores - quanto menor a sensibilidade,
mais escuras as cores (semelhante ao gráfico em
C) A presença de, pelo menos, três triângulos brancos
tons de cinza).
no gráfico "Progression Analysis" confirma o
diagnóstico de "Possible Progression". Ÿ Gráfico de comparação - diferença entre a
sensibilidade esperada pra indivíduos normais da
D) A presença de pelo menos três triângulos
mesma idade, sexo e raça e a sensibilidade esperada
completamente preenchidos da cor preta no gráfico
para o paciente. É semelhante ao total deviation,
"Progression Analysis", pelo terceiro exame
mas como o sentido da subtração é o inverso, os
consecutivo, confirma o diagnóstico de "Likely
números são positivos.
Progression".
Ÿ Gráfico da comparação corrigida - sensibilidade
Gabarito - D
corrigida para a ilha de visão (semelhante ao pattern
Comentário deviation).
O glaucoma progression analisys (GPA) é o programa Ÿ Gráficos de probabilidades da comparação e da
utilizado para comparação de pelo menos 3 campos e comparação corrigida - probabilidades das
definição estatística de progressão, a partir do gráfico alterações serem estatisticamente significativas.
Pattern Deviation. O triângulo vazio aparece quando um
Ÿ Curva cumulativa de defeito (Curva de Bebie) - lista
ponto apresenta piora estatisticamente significativa
os defeitos em dB e os ordena em uma curva, do mais
pela primeira vez. O triângulo metade branco e metade
profundo para o menos profundo, comparando com
preto aparece quando um ponto apresenta piora
os indivíduos normais.
estatisticamente significativa pela segunda vez
consecutiva. O triângulo todo preto aparece quando um Os índices globais também são semelhantes:
ponto apresenta piora estatisticamente significativa
Ÿ MS (média da sensibilidade): média dos valores do
pela terceira vez consecutiva. (B incorreta)
gráfico numérico.
Quando ocorre piora em pelo menos 3 pontos em dois
Ÿ MD (mean defect): média dos valores do gráfico de
exames consecutivos, o resultado do exame é: possible
comparação (semelhante ao MD do Humphrey).
progression (progressão possível). (C incorreta)
Pode ser influenciado por opacidade de meios, por
Quando ocorre piora em pelo menos 3 pontos em três ser uma média global.
exames consecutivos o resultado do exame é: likely
Ÿ LV (loss variance): representa como os pontos
progression (progressão provável). (D correta e A
diferem um do outro. Semelhante ao PSD, indica
incorreta)
defeito localizado.
Alguns estudos sugerem que o defeito de campo visual Este tipo de perimetria testa os cones-S (cones-short
na perimetria branco-branco ocorre apenas após perda ou cones azuis) e células ganglionares biestratificadas,
de 30-40% das fibras nervosas. Desta forma, outras da via Koniocelular.
formas de perimetria foram desenvolvidas para tentar
A iluminação de fundo da cúpula é amarela e o estímulo
detectar dano mais precoce.
luminoso é azul. Tanto o Humphrey quanto o Octopus
possuem a estratégia azul-amarelo.
PERIMETRIA FLICKER
PERIMETRIA DE DUPLA FREQUÊNCIA
(FDT) A perimetria flicker também avalia as células
O FDT avalia as células magnocelulares. magnocelulares. O estímulo flicker é um estímulo que
pisca rapidamente. O limiar de sensibilidade é
Barras escuras e claras com baixa frequência espacial e determinado pela menor luminância na qual o estímulo
alta frequência temporal são apresentadas aos flicker pode ser detectado.
pacientes. O limiar de sensibilidade é definido como a
menor intensidade de contraste necessária para Vantagens:
perceber o estímulo. Pouco influenciado por opacidades de meios e erros
Apresenta os gráficos em decibéis, tons de cinza, total e refracionais.
pattern deviation, gráficos de probabilidade, índices de Limitações:
confiabilidade e índices globais.
Ÿ Determinação do limiar de sensibilidade difícil.
Apresenta boa correlação com a perimetria conven-
cional e alguns estudos sugerem que pode detectar o Ÿ Teste mais longo do que a perimetria convencional
dano glaucomatoso mais precocemente. O FDT é muito ou FDT.
útil em indivíduos hipertensos oculares ou suspeitos de
glaucoma em que a perimetria branco-branco
PERIMETRIA OBJETIVA
apresentou resultado normal.
A perimetria objetiva foi desenvolvida para suplantar
um importante problema das formas tradicionais de
perimetria: o fato de serem subjetivas e dependentes da
colaboração do paciente. Utiliza múltiplos sinais de
potenciais visuais evocados (mPEV) pela estimulação
simultânea de 58 pontos do campo visual.
O mPEV é gerado pela atividade elétrica do córtex visual
em resposta à estimulação da retina. O estímulo é
realizado através de quadrados brancos e pretos que
formam um padrão semelhante a um tabuleiro de
xadrez.
Estudos mostram sensibilidade para detecção de dano
glaucomatoso entre 80-90% e especificidade de cerca
de 90%. Pode ser influenciado por erros refracionais e
opacidades de meios.
Figura 13. Impresso do FDT. Fonte: http://webeye.ophth.uiowa.
edu/ips/PerimetryHistory/FDP
Ÿ O nervo óptico parece pouco escavado para o grau No acompanhamento dos pacientes com glaucoma, é
de perda de campo. necessário realizar exames para detectar as alterações
estruturais, além das já citadas alterações funcionais
Ÿ A palidez do disco óptico chama mais atenção do (avaliadas principalmente através do exame de campo
que a escavação. visual). A questão é que a avaliação do nervo óptico e da
Ÿ A progressão da perda de campo visual parece camada de fibras nervosas através da lâmpada de fenda
excessiva. ou de retinografias é subjetiva, existindo grande
variabilidade inter-observador.
Ÿ O padrão de perda de campo visual não é carac-
terístico para glaucoma. Exemplo: escotoma que Neste contexto, visando a obtenção de dados mais
respeita o meridiano vertical. objetivos, novos métodos de imagem surgiram nas
últimas décadas. Além de serem mais reprodutíveis,
Ÿ A localização do afilamento da rima neural não estes aparelhos contém um banco de dados normativo
corresponde ao defeito de campo visual. que permite avaliarmos a probabilidade de as medidas
Apesar disso, em alguns casos ocorre perda de campo encontradas estarem dentro dos parâmetros conside-
visual sem alterações visíveis no disco óptico, ou rados normais para indivíduos da mesma idade. Outra
mesmo o contrário. Isso ocorre por conta das diferentes vantagem destes novos métodos é a possi-bilidade de
características dos testes, suas diferentes resoluções, realizarmos um seguimento longitudinal para detectar
escalas e sensibilidade. Por isso, o glaucoma deve ser progressão estrutural do dano glaucomatoso.
acompanhado tanto por parâmetros estruturais quanto A tomografia de coerência óptica é o principal exame
por parâmetros funcionais. estrutural objetivo para seguimento de pacientes com
Ÿ Em casos precoces, alterações na cabeça do nervo glaucoma. Estudaremos de forma resumida a
óptico e na camada de fibras nervosas da retina pode polarimetria de varredura a laser e a topografia do disco
ocorrer sem perda de campo visual (glaucoma pré- óptico.
perimétrico).
Figura 14. Correlação estrutura-função. O paciente apresenta nervo óptico com aumento importante da escavação vertical e notch superior,
o campo visual com escotoma inferior importante e OCT com perda difusa. Fonte: Felipe Medeiros. Basic and Clinical Science. Glaucoma.
American Academy of Ophthalmology. Página 73.
SEÇÃO 2
Figura 1. OCT Spectral Domain. Camada de fibras nervosas peripapilar. O primeiro passo é avaliar se a segmentação e a centralização do
exame estão corretas. Fotografia gentilmente cedida pelo prof. Bernardo Moraes.
ANÁLISE DA CAMADA DE FIBRAS Ÿ Espessura média por setores. Essa análise pode
NERVOSAS DA RETINA PERIPAPILAR inclusive ser por hora de relógio (a cada 30º).
O OCT obtém imagens em uma região circular ao redor As medidas realizadas pelo OCT são comparadas com o
do nervo óptico, fornecendo medidas da espessura da banco de dados do aparelho, permitindo diferenciar
camada de fibras nervosas da retina peripapilar (CFNR) olhos glaucomatosos de olhos normais. A cor verde é
incluindo: atribuída às medidas normais, cor amarela para os
Ÿ Média global da espessura da CFNR. valores limítrofes (borderline) e cor vermelha para os
valores alterados. Além disso, o aparelho compara os
Ÿ Espessura média por quadrante (superior, inferior, dois olhos do paciente entre si, tendo em vista que a
temporal, nasal). assimetria é comum no início do dano glaucomatoso.
A análise da CFNR com o OCT mostrou-se capaz de é muito grave (atingindo cerca de 40 μm de espessura
detectar dano glaucomatoso em alguns olhos antes média da CFNR), o tecido residual é composto
do aparecimento de defeitos no campo visual predominantemente por tecido glial, vasos sanguíneos
(glaucoma pré-perimétrico) e predizer risco de perda e pouca quantidade de tecido neural viável; desta
de campo visual em suspeitos de glaucoma. forma, as perdas subsequentes da CFNR ficam muito
discretas para que o OCT consiga discriminar.
Além disso, é possível acompanhar a progressão do
dano glaucomatoso através das medidas objetivas do A avaliação do complexo de células ganglionares da
OCT. Porém, quando o dano é extremamente avançado, mácula (a seguir) é extremamente útil nestes casos,
o OCT perde a capacidade de discriminar a progressão pois o efeito floor é atingido mais tardiamente quando
da doença, pelo que chamamos de efeito "floor": analisamos esse parâmetro do OCT.
quando a perda da camada de fibras nervosas da retina
Figura 2. Gráficos da análise da camada de fibras nervosas da retina peripapilar (CFNR) do aparelho Spectralis - Heidelberg®. Fotografia
gentilmente cedida pelo prof. Bernardo Moraes.
Figura 3. OCT macular, análise de células ganglionares em paciente com glaucoma. Fonte: https://www.ophthalmolo
gymanagement.com/login
ANÁLISE DO DISCO ÓPTICO opening minimum rim Width) que corresponde à menor
Além de fornecer dados sobre a CFNR peripapilar e a distância entre a abertura da membrana de Bruch e a
mácula, o OCT fornece medidas objetivas do disco membrana limitante interna.
óptico como: Alguns autores consideram que este método é melhor
Ÿ Área do disco. para avaliar a quantidade de axônios das células
ganglionares do que a análise da camada de fibras
Ÿ Volume e área da rima neural. nervosas peripapilar, por avaliar uma área menor e
Ÿ Volume e área da escavação. menos suscetível a artefatos. Entretanto, outros
estudos são necessários.
Ÿ Relação escavação/disco.
O CBO e a AAO não abordam este parâmetro. Ainda
assim, queremos que nossos alunos estejam
BRUCH'S MEMBRANE OPENING atualizados com o que há de mais novo na Oftalmologia
MINIMUM RIM WIDTH e prontos para discussões profundas em seus
Mais recentemente, ganhou importância a análise da ambulatórios e reuniões científicas.
rima neural através da BMO-MRW (Bruch's membrane
Figura 4. BMO-MRW. As medidas são feitas nos setores superior temporal, superior nasal, nasal, inferior nasal, inferior temporal e temporal.
Fonte: Bruch's membrane opening minimum rim width and retinal nerve fiber layer thickness in a Brazilian population of healthy subjects
Zangalli CS, Vianna JR, Reis ASC, Miguel-Neto J, Burgoyne CF, et al. (2018) Bruch's membrane opening minimum rim width and retinal nerve
fiber layer thickness in a Brazilian population of healthy subjects. PLOS ONE 13(12): e0206887. https://doi.org/10.1371
/journal.pone.0206887
SEÇÃO 3
POLARIMETRIA DE VARREDURA
A LASER
A CFNR do paciente é comparada com o banco de dados comparada com a curva do paciente. Indivíduos com
normativo do aparelho e os desvios além dos limites glaucoma apresentam espessura da CFNR abaixo da
normais são assinalados. A CFNR é dividida em 4 área sombreada, especialmente nos quadrantes
quadrantes: superior (120º), inferior (120º), nasal superior e inferior e assimetria entre os dois olhos.
(70º), temporal (50º).
Ÿ Além de plotar no gráfico a espessura da CFNR do
Ÿ O aparelho gera um mapa de retardo (mapa de paciente, o aparelho fornece a espessura média
espessura) que faz uma análise ponto a ponto, (TSNIT average), a média nos quadrantes superior e
codificando por cores o retardo sofrido pela luz inferior, o desvio padrão da espessura (TSNIT
polarizada. Áreas com pouco retardo, isto é, com standard deviation), a simetria entre os dois olhos
perda da CFNR, são codificadas em azul. Áreas com (inter-eye simmetry). Todos esses valores
alto retardo, em que a CFNR é espessa, são numéricos são comparados com o banco de dados
codificadas em amarelo/vermelho. do aparelho e classificados quanto à probabilidade
de anormalidade.
Ÿ Mapa de desvio. A espessura da CFNR em cada
superpixel é comparada com o banco de dados do Ÿ O NFI (nerve fiber indicator) é um indicador que
aparelho para pacientes da mesma idade. Os avalia a integridade da CFNR através de um número
superpixels abaixo do limite normal são coloridos de de 1 a 100, comparando o exame do paciente com o
azul-escuro, azul-claro, amarelo e vermelho, banco de dados do aparelho.
conforme aumenta a probabilidade de aquele defeito
Ÿ 1-30: normal.
ser estatisticamente significativo (abaixo dos
percentuais 5, 2, 1 e 0,5% da normalidade, Ÿ 31-50: borderline.
respectivamente).
Ÿ ≥51: anormal.
Ÿ TSNIT (temporal, superior, nasal, inferior, temporal).
A polarimetria de varredura a laser é um exame
A espessura da camada de fibras nervosas é
reprodutível e capaz de diferenciar olhos normais de
colocada em um gráfico seguindo esta ordem. Olhos
glaucomatosos, especialmente quando utilizamos
normais apresentam um padrão em dupla-corcova,
vários de seus parâmetros. A principal limitação é o fato
com maior espessura nos quadrantes superior e e
de não avaliar parâmetros estruturais do nervo óptico,
inferior. O aparelho mostra uma área sombreada,
como área do disco, área da rima neural, escavação e
que representa a espessura normal para 95% da
relação escavação-disco.
população. Esta área sombreada deve ser
Figura 1. Impresso do exame de polarimetria de varredura a laser (GDx®) mostrando comprometimento grave em olho esquerdo.
Fonte:https:// www.reviewofophthalmology.com/article/new-tackin-scanning-laser-polarimetry
SEÇÃO 4
GLAUCOMA PRIMÁRIO DE
ÂNGULO ABERTO E GLAUCOMA
DE PRESSÃO NORMAL
Licensed to Marília Lima Ávila - [email protected]
PÓS-TRABECULAR
Ÿ Orbitopatia distireoidiana. • Tumores orbitários. Devemos fazer uma ressalva: no Brasil, a miscigenação
é muito grande, diferentemente do que ocorre nos
à Além da órbita: Estados Unidos, por exemplo, e os resultados de
Ÿ Fístula carótido-cavernosa. estudos encontrados lá fora podem não representar a
população daqui.
Ÿ Trombose do seio cavernoso.
Ÿ Obstrução de veia cava.
IDADE AVANÇADA
Ÿ Tumores de mediastino.
A prevalência de GPAA aumenta com a idade. Entre 40-
As principais causas de glaucoma secundário serão 49 anos é de 0,6%, enquanto pode chegar a cerca de 7%
estudadas em capítulos específicos. Concentraremos em indivíduos com mais de 80 anos.
nossas energias agora no estudo do GPAA e do GPN.
HISTÓRIA FAMILIAR
SEÇÃO 1
A história familiar é um fator de risco muito importante
GLAUCOMA PRIMÁRIO DE no GPAA. O Rotterdam Eye Study identificou que 10,4%
ÂNGULO ABERTO dos pacientes com glaucoma possuíam irmãos
portadores da doença e que o risco relativo de
FATORES DE RISCO glaucoma era de 9,2 vezes para indivíduos com história
familiar de primeiro grau positiva para GPAA.
PRESSÃO INTRAOCULAR ELEVADA (PIO)
TEORIA VASCULAR
Ÿ Escotoma que respeita linha média vertical. Ÿ Espessura corneana central < 555 μm.
Ÿ Hemorragia peripapilar (mais comuns na porção Importante a realização para descartarmos causas
temporal inferior do disco). Você precisa guardar secundárias.
que as hemorragias peripapilares são mais comuns
no GPN!
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Ÿ Atrofia Zona-beta.
à Outras neuropatias ópticas:
Ÿ Escavações mais planas.
Ÿ Atrofia óptica dominante.
Ÿ Fosseta adquirida (mais comuns na porção temporal
inferior do disco). Ÿ Neuropatias compressivas.
ALTERAÇÕES SISTÊMICAS
*O estudo CNTGS (Collaborative Normal Tension
Glaucoma Study) identificou que a progressão do Sempre que estivermos diante de GPN, devemos
campo visual em pacientes com GPN era mais comum pesquisar doenças vasculares sistêmicas que podem
em mulheres, na presença de enxaqueca e na presença estar associadas. Exames complementares como
de hemorragia peripapilar. doppler de carótidas e MAPA são importantes.
Ÿ Hipotensão arterial.
Ÿ Fenômenos vasoespásticos (Fenômeno de
Raynaud).
Ÿ Uso de Betabloqueadores.
Ÿ Oclusão de carótidas.
Ÿ Vasculites.
TRATAMENTO
GLAUCOMA PRIMÁRIO DE
ÂNGULO FECHADO (GPAF)
Licensed to Marília Lima Ávila - [email protected]
Fechamento angular é o nome dado à condição na qual Caracteriza-se pela impossibilidade de visualização do
ocorre bloqueio mecânico do trabeculado pela periferia trabeculado pigmentado (trabeculado posterior) à
da íris, obstruindo a drenagem do humor aquoso. Essa gonioscopia em 180º ou mais da extensão do ângulo,
obstrução é decorrente de condições anatômicas que sem indentação, associado à presença de gonios-
propiciam a aposição ou adesão da periferia da íris ao sinéquias, imprint e/ou aumento de PIO, mas sem
trabeculado (goniossinéquias). sinais de neuropatia óptica glaucomatosa.
O processo de fechamento angular é um "continuum", A evolução de "suspeito de fechamento angular
que tem como último estágio o glaucoma primário de primário" para "fechamento angular primário" pode ser
ângulo fechado, uma forma extremamente grave de assintomática. Entretanto, também pode ser aguda e
doença glaucomatosa: é responsável por 1/3 dos sintomática, quando a obstrução do trabeculado ocorre
casos, mas sua participação sobe para 1/2 quando são de forma súbita, levando a aumento abrupto da PIO.
analisados os pacientes cegos por glaucoma.
Este quadro era anteriormente chamado de "glaucoma
agudo", termo que foi substituído por "fechamento
SUSPEITO DE FECHAMENTO ANGULAR angular agudo primário". O termo "glaucoma" deve ser
PRIMÁRIO introduzido apenas quando houver neuropatia óptica
glaucomatosa; nesse caso, dizemos que o paciente
Caracteriza-se pela impossibilidade de visualização do
possui "glaucoma primário de ângulo fechado com
trabeculado pigmentado (trabeculado posterior) à
episódio prévio de fechamento angular agudo".
gonioscopia em 180º ou mais da extensão do ângulo,
sem indentação.
Não há goniossinéquias ou imprint (vestígios
pigmentares de contato iridotrabecular prévio), a PIO
encontra-se normal e não há neuropatia óptica
glaucomatosa.
Trata-se de indivíduo sob risco de desenvolver
fechamento angular primário. Anteriormente este Figura 2. Ângulo fechado com sinéquias anteriores em tenda em paciente
grupo de pacientes eram conhecidos como portadores com fechamento angular primário. Fotografia gentilmente cedida pelo Dr.
Rodolpho Matsumoto (USP-SP).
de "ângulo oclusível".
GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO
FECHADO
FATORES DE RISCO
Ÿ Idade avançada.
Figura 1. Percebam como nenhuma estrutura angular é visível neste
paciente. Se não houver sinéquias, imprint, aumento de PIO e neuropatia Ÿ Sexo feminino.
óptica glaucomatosa, consideramos este paciente como "Suspeito de
fechamento angular primário". Fonte: https://decisionmakerplus.net Ÿ História familiar de GPAF.
/case-report-post/ narrow-angle-glaucoma-2/
BLOQUEIO PUPILAR
Nestes casos, a câmara anterior tem profundidade A causa mais comum de bloqueio ciliar é o chamado
normal no centro, mas é rasa na periferia e o ângulo é "glaucoma maligno", que ocorre mais frequentemente
estreito. À gonioscopia observa-se ângulo estreito e no pós-operatório de trabeculectomia ou faco-
aspecto característico da periferia da íris formando trabeculectomia em pacientes com glaucoma primário
uma "dupla corcova". de ângulo fechado.
A síndrome da íris em plateau é caracterizada pela Outros fatores que podem causar fechamento angular
presença de ângulo fechado mesmo com a presença de sem bloqueio pupilar, por causar retrocristalinianas
uma iridotomia pérvia, e pela configuração iriana são:
sugestiva. A síndrome é completa quando o plateau se
à Edema, inflamação ou cistos de corpo ciliar.
eleva ao nível da linha de Schwalbe e ocorre aumento de
PIO (relativamente rara), ou incompleta quando parte à Edema, efusão ou hemorragia coroidal, causando
do ângulo permanece aberto (mais comum). anteriorização do diafragma iridocristaliniano.
Diversas causas são possíveis:
A íris em plateau é mais comum em mulheres de 30-50
anos, sem a alta hipermetropia característica do Ÿ Medicações, como os derivados da sulfa,
bloqueio pupilar. Pode haver história familiar positiva incluindo topiramato, acetazolamida e bupro-
para glaucoma de ângulo fechado. pina.
Ÿ Panfotocoagulação retiniana.
Obs: Cistos irianos fazem diagnóstico diferencial com Ÿ Trauma penetrante ocular.
íris em plateau e podem causar fechamento angular. A
Ÿ Cirurgia de introflexão escleral.
UBM auxilia na distinção entre as duas condições.
Ÿ Tumores.
à Oclusão de veia central da retina *Após a crise de fechamento angular agudo podemos
observar pupila hiporreativa, atrofia de íris e
à Tumores intraoculares: Melanoma maligno e
glaukomflecken (opacidades subepiteliais do
Retinoblastoma
cristalino).
à Cistos da íris e do corpo ciliar (A correta)
à Contratura de tecido retrocristaliniano: Retinopatia INTERMITENTE
da prematuridade e persistência do vítreo primário
hiperplásico Quadro semelhante à crise aguda, mas com
manifestações mais leves e resolução espontânea.
Estão presentes halos, dor ocular e/ou cefaleia
CLASSIFICAÇÃO DO FECHAMENTO ipsilateral leve e PIO elevada no momento da crise.
ANGULAR QUANTO AOS SINTOMAS
Entre as crises, observa-se PIO normal e câmara rasa,
geralmente com presença de imprint (aqueles vestígios
AGUDO pigmentares da aposição iridotrabecular) à
Ÿ Dor ocular intensa. gonioscopia, que pode ou não revelar também a
presença de goniossinéquias. Neuropatia óptica
Ÿ Cefaleia. glaucomatosa pode ou não estar presente.
Ÿ Embaçamento visual e visão de halos coloridos.
Ÿ Náuseas e vômitos. CRÔNICA
Ÿ Tyndall inflamatório/pigmentar.
TESTES PROVOCATIVOS
Ÿ No fundo de olho pode estar presente congestão
venosa, hemorragias em chama de vela e edema de Estes testes tentam reproduzir, sob supervisão médica,
disco. condições que podem levar ao fechamento angular. Há
três indicações possíveis para estes testes:
1. Olhos suspeitos de terem apresentado crises
intermitentes de fechamento angular, com
resolução espontânea.
2. Olho contralateral de paciente que apresentou crise
de fechamento angular agudo.
3. Olhos sem sintomas, com câmara anterior rasa e
ângulo camerular suspeito de fechamento angular
primário.
TRATAMENTO DO GLAUCOMA DE
ÂNGULO FECHADO
à A iridectomia foi capaz de abrir o ângulo da câmara *Obs: Segundo o consenso da Sociedade Brasileira de
anterior e a PIO encontra-se dentro do alvo Glaucoma, a indicação de iridectomia profilática em
pressórico para aquele paciente -> Nenhum suspeitos de fechamento angular primário deve ser
tratamento extra é necessário neste momento. avaliada caso a caso.
à A iridectomia foi capaz de abrir o ângulo, mas a PIO
encontra-se fora do alvo -> Tratamento tópico deve APRENDENDO COM QUESTÕES
ser instituído. Qualquer classe de colírio CBO 2020
antiglaucomatoso pode ser utilizada: betablo-
queadores, inibidores de anidrase carbônica, alfa- Assinale a alternativa que melhor correlaciona a
adrenérgicos ou análogos de prostaglandinas. doença glaucomatosa e o seu tratamento:
à Após a iridectomia, o ângulo permanece fechado -> A) Iridotomia a laser em paciente com íris bombé.
Realizar gonioscopia de indentação para B) Iridectomia cirúrgica em paciente com glaucoma
diferenciar fechamento aposicional de fechamento neovascular.
por sinéquias. Se o fechamento for aposicional,
provavelmente estamos diante de outro C) Iridoplastia em paciente com glaucoma pigmentar.
mecanismo, diferente do bloqueio pupilar. D) Trabeculoplastia seletiva em paciente com íris em
Ÿ No caso da íris em plateau, está indicada a plateau.
realização de iridoplastia periférica a laser. Uma Gabarito - A
alternativa à iridoplastia é o uso de mióticos em
concentração baixa como a pilocarpina a 1% de Comentário
12/12h. Em pacientes com íris bombé, a iridotomia periférica
com yag laser restabelece o fluxo de humor aquoso da
TRATAMENTO CIRÚRGICO
câmara posterior para a câmara anterior, afastando a
periferia da íris que oclui o ângulo. Em pacientes com
A trabeculectomia está indicada quando o tratamento glaucoma neovascular, devemos tratar a neovascu-
com iridectomia associado ao tratamento clínico não larização com panfotocoagulação e/ou anti-VEGF e
for suficiente para controle pressórico. controlar a PIO com medicação, cirurgia ou
A extração do cristalino promove aprofundamento da ciclofotocoagulação.
câmara anterior e abertura do ângulo, no entanto só O glaucoma pigmentar é tratado com medicação ou
deve ser realizada no caso de haver um componente cirurgia ou trabeculoplastia seletiva, apresentando boa
facogênico para o fechamento angular ou caso haja resposta no tratamento a laser. A íris em plateau é
opacidade importante do cristalino. Nestes casos, tratada com iridoplastia periférica com laser de argônio
realiza-se iridectomia antes do procedimento. ou pilocarpina diluída a 1%.
IRIDECTOMIA PROFILÁTICA
GLAUCOMAS
SECUNDÁRIOS I
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SEÇÃO 1
Glaucoma primário de ângulo aberto é um fator de risco Evoluem para GNV em cerca de 2% dos casos e, quando
conhecido para oclusão de veia central da retina e deve ocorre, a evolução tende a ser mais rápida que nos
ser pesquisado em todos os pacientes que se casos secundários à OVCR. A isquemia é tão grave na
apresentem com esta condição retiniana. OACR, que geralmente não há tecido retiniano viável
para produção dos fatores vasoproliferativos
Oclusão de ramo de veia central da retina é muito responsáveis pela neovascularização e por isso a
menos relevante como causa de GNV do que a oclusão evolução para GNV é pouco frequente.
de veia central.
O pilar mais importante do tratamento, nos casos Os anti-VEGF promovem rápida regressão dos
secundários a processos isquêmicos do segmento neovasos de íris e ângulo e podem ser utilizados como
posterior, é a panfotocoagulação retiniana! terapia adjuvante à panfotocoagulação retiniana. Outra
aplicação dos anti-VEGF é como adjuvante das
cirurgias fistulizantes e de implantes de drenagem, para
TRATAMENTO DA ISQUEMIA RETINIANA reduzir as hemorragias intra e pós-operatórias.
à Panfotocoagulação retiniana com laser de argônio
TRATAMENTO CLÍNICO DA PRESSÃO
INTRAOCULAR
Cirurgias fistulizantes, embora passam ser indicadas, Ÿ Se não houver controle da PIO com o tratamento
são muitas vezes ineficazes no tratamento do retiniano associado ao tratamento clínico, está
glaucoma neovascular, havendo risco elevado de indicado tratamento cirúrgico com trabeculectomia
hemorragias peri e pós-operatórias e cicatrização da com Mitomicina C ou anti-VEGF.
fístula. O uso de antimetabólitos como a Mitomicina C e
Ÿ Se a trabeculectomia não funcionar ou falir,
o 5- Fluoracil melhoraram o resultado e o índice de
lançamos mão dos implantes de drenagem.
sucesso da cirurgia fistulizantes no GNV.
Ÿ Se os implantes de drenagem falharem, a última
alternativa são os procedimentos ciclodestrutivos.
DISPOSITIVOS DE DRENAGEM
Se a visão residual não for útil, o objetivo é o conforto do
O índice de sucesso dos dispositivos de drenagem no paciente e controle de dor:
GNV é inicialmente bom, mas parece haver uma
diminuição no sucesso ao longo do tempo. Os Ÿ Tratamento clínico com beta-bloqueadores,
principais dispositivos de drenagem são: Ahmed, brimonidina e inibidores da anidrase carbônica.
Baerveldt, Susanna e Molteno. Ÿ Corticoides e cicloplégicos para controle de dor.
As principais complicações são: hipotonia, obstrução Ÿ Se persistir a dor, estão indicados procedimentos
do tubo, hipertensão, extrusão do tubo e descom- ciclodestrutivos.
pensação corneana.
Ÿ Se não houver controle da dor, o próximo passo é a
injeção retrobulbar de álcool absoluto.
CIRURGIAS CICLODESTRUTIVAS
Ÿ Evisceração pode ser indicada, em último caso.
Procedimentos ciclodestrutivos estão indicados para
os casos de GNV refratários às demais modalidades de
APRENDENDO COM QUESTÕES
tratamento clínico e cirúrgico, nos casos com baixo
prognóstico visual ou nos casos de olho cego doloroso. CBO 2021
ORGANIZANDO O TRATAMENTO
FISIOPATOLOGIA
CLÍNICA
Gabarito - B Comentário
Comentário Questão interessante da prova de imagens de 2022.
Observamos pigmentos no endotélio da córnea
Vamos relembrar algumas informações importante
formando fusos de Krukenberg, fazendo diagnóstico de
sobre a síndrome de dispersão pigmentar.
dispersão pigmentar.
A - Incorreta. Cerca de 15% dos pacientes com
A - Incorreta. A dispersão pigmentar é mais comum em
dispersão pigmentar evoluem com aumento de PIO que
homens, jovens, míopes.
demanda tratamento.
B - Correta. A flutuação na PIO é uma marca da
B - Correta. A epidemiologia clássica da síndrome de
dispersão pigmentar.
dispersão pigmentar são os homens, jovens míopes.
C - Incorreta. Se não houver hipertensão ocular ou
C - Incorreta. Recomenda-se baixa energia na aplicação
neuropatia óptica glaucomatosa, não há indicação de
da trabeculoplastia seletiva a laser, pois a pigmentação
tratamento hipotensor.
intensa do trabeculado aumenta a absorção de energia.
D - Incorreta. A trabeculoplastia é muito efetiva nestes
D - Incorreta. Com o envelhecimento, os sinais de
pacientes, sendo uma de suas principais indicações.
dispersão pigmentar tendem a reduzir.
EPIDEMIOLOGIA
A) Afeta mais homens, jovens e hipermétropes.
Esta condição é muito comum em países da
B) São descritas amplas flutuações de pressão Escandinávia (Finlândia, Islândia, Noruega, etc) e a
intraocular, especialmente após esforço físico. prevalência aumenta com a idade, sendo mais comum
após os 60 anos de idade, sobretudo em mulheres. Não
C) Mesmo sem neuropatia glaucomatosa e sem
há padrão hereditário definido.
pressões elevadas, deve-se instituir tratamento tópico
hipotensor. O glaucoma pseudoexfoliativo geralmente tem pior
prognóstico quando comparado com o GPAA e o risco
D) Quando há doença glaucomatosa estabelecida, a
de desenvolver glaucoma chega a ser 10 vezes maior
trabeculoplastia é contraindicada nesses pacientes.
em pacientes com pseudoexfoliação do que em
Gabarito - B pacientes sem a condição.
A literatura norte-americana descreve que o quadro de disso, observa-se atrofia iriana com despigmentação
pseudoexfoliação tende a ser unilateral na maioria dos da margem pupilar e transiluminação da região do
casos (proporção de 3:1). Entretanto, na literatura esfíncter da íris. A perda de pigmento iriano na região
europeia, a condição é colocada como bilateral na do esfíncter e seu depósito no segmento anterior é uma
maioria das vezes. característica importante da pseudoexfoliação. Os
pigmentos depositam-se no ângulo e na superfície
anterior da íris.
CLÍNICA
Pacientes com pseudoexfoliação apresentam midríase
Observa-se a presença de material esbranquiçado ruim, o que dificulta a cirurgia de catarata. Além disso, é
pseudoexfoliativo na superfície anterior do cristalino comum haver dispersão de pigmento e aumento de PIO
(característica mais importante). O padrão clássico é associado à midríase farmacológica nestes pacientes
observado com a pupila dilatada: (o que também pode ocorrer na síndrome de dispersão
Ÿ Disco central homogêneo e translúcido com o pigmentar).
tamanho do diâmetro pupilar ou um pouco menor, Anormalidades vasculares irianas podem estar
com as bordas enroladas anteriormente. Pode estar presentes em pacientes com pseudoexfoliação, como
ausente em 20-60% dos casos. estreitamento, oclusão e até neovascularização de íris.
Ÿ Zona intermediária clara. Esta área é formada pois o O trabeculado com aumento de pigmentação é uma
movimento pupilar "varre" o material pseudo- alteração muito importante nos pacientes com
exfoliativo pseudoexfoliação e está presente na quase totalidade
Ÿ Zona periférica com aspecto granular, coloração dos casos. Essa pigmentação tende a ser irregular,
branco-acinzentada, podendo apresentar estrias diferentemente do que ocorre na dispersão pigmentar,
radias. Esta zona está quase sempre presente. onde esta é homogênea. Além de pigmento, pode haver
acúmulo de material pseudoexfoliativo no trabeculado
Ÿ Um aspecto em vidro fosco na superfície anterior do posterior. Observa-se depósito irregular e ondulado de
cristalino pode representar uma fase inicial da pigmento anterior à linha de Scwhalbe formando a
doença. clássica linha de Sampaolesi.
Associações sistêmicas:
Material pseudoexfoliativo já foi encontrado em
diversas outras estruturas oculares e extraoculares,
como:
Figura 3. Atrofia iriana na margem pupilar em paciente com
pseudoexfoliação. Fonte: Bhagat PR, Pawar GA. Pseudoexfoliative Ÿ Conjuntiva palpebral e pele da pálpebra.
syndrome: Revisited. J Clin Ophthalmol Res [serial online] 2013 [cited
2020 Jul 22];1:183-6. Available from: http:// www.jcor.in/text.asp? Ÿ Parede de artérias e veias.
2013/1/3/183/116859
Ÿ Músculos extraoculares.
Ÿ Meninges do nervo óptico e cérebro.
Ÿ Pele. Miocárdio.
Ÿ Pulmão.
Ÿ Bexiga.
Ÿ Fígado.
Ÿ Rim.
A presença de pseudoexfoliação em pacientes com O tratamento dos pacientes com glaucoma pseudo-
glaucoma de ângulo fechado é incomum. Em alguns exfoliativo é semelhante ao dos pacientes com
casos, pode haver bloqueio pupilar causado por glaucoma primário de ângulo aberto, mas existem
aumento da espessura/ rigidez da íris, sinéquias algumas particularidades.
iridocristalinianas e movimento anterior do cristalino
por conta da fragilidade zonular.
TRATAMENTO CLÍNICO
Os mióticos aumentam o toque iridocristaliniano e
podem provocar movimento anterior do diafragma O glaucoma pseudoexfoliativo tem resposta clínica à
iridocristaliniano, aumentando o risco de fechamento terapia medicamentosa inferior ao GPAA. Análogos de
angular em pacientes com pseudoexfoliação. prostaglandina, beta-bloqueadores, alfa-adrenérgicos
e inibidores da anidrase carbônica podem ser
utilizados. Alguns estudos mostraram que fármacos
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL que reduzem a produção do aquoso, por reduzirem o
fluxo de aquoso através do trabeculado, poderiam
As diferenças entre pseudoexfoliação e dispersão
causar disfunção do trabeculado.
pigmentar já foram extensamente estudadas, mas não
custa rever mais uma vez:
SEÇÃO 1
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
à Alta miopia pelo alongamento do globo e Ÿ Opacidades corneanas podem ocorrer em condições
astigmatismo por alterações e irregularidades como esclerocornea, anomalia de Peters, mucopo-
corneanas, além das opacidades corneanas, são lissacaridoses e CHED.
causas de ambliopia e baixa visual nestes
pacientes.
TRATAMENTO
à Aumento de PIO (frequentemente encontra-se
O tratamento do GCP é eminentemente cirúrgico, sendo
valores entre 30-40 mmHg) e aumento/ assimetria
o tratamento clínico com colírios considerado
da escavação do nervo óptico. O aumento da
adjuvante.
escavação ocorre rapidamente em pacientes com
glaucoma congênito, mas há reversibilidade com o Os dois tratamentos de primeira linha são a goniotomia
tratamento adequado. Isso ocorre pela reacomo- e a trabeculotomia. Ambos tem o objetivo de eliminar a
dação dos axônios no interior do nervo óptico e não resistência ao fluxo do humor aquoso provocado pelas
pela recuperação de fibras já lesadas. alterações estruturais no ângulo da câmara anterior.
A goniotomia necessita da córnea relativamente
DIAGNÓSTICO transparente para ser realizada. Utilizam-se
goniolentes para visualização direta do ângulo
O diagnóstico pode ser suspeitado pelas alterações camerular, sendo realizada uma incisão interna no
clínicas clássicas, mas a confirmação requer o exame trabeculado com goniótomo ou agulha.
sob sedação para avaliar corretamente o segmento
anterior, gonioscopia, medida da PIO e avaliação do
nervo óptico. Os sedativos utilizados nos exames sob
narcose podem influenciar na medida da PIO (o hidrato
de cloral parece ter pouca influência).
Ÿ A medida da PIO pode ser realizada através do
tonômetro de Perkins, tono-pen ou até tonômetro de
Goldman em lâmpada de fenda adaptada.
Ÿ A câmara anterior é profunda e a íris tem aparência
normal.
Ÿ O ângulo é aberto, a íris possui inserção alta e plana, Figura 3. Goniotomia. Percebam como a incisão é interna e necessita que
o ângulo seja visualizado. Desta forma, a córnea precisa estar
podendo haver hipoplasia periférica da mesma. relativamente transparente. Fonte: https://www.eyenews.uk.com
Pode haver um tecido anormal de aparência /features/ophthalmology/post/ childhood-glaucoma
A trabeculotomia pode ser realizada em olhos com O prognóstico é pior quando o início do quadro ocorre
opacidades corneanas e em olhos com buftalmo antes de 2 meses de idade. Apenas 33% dos pacientes
instalado. mantém boa acuidade visual e PIO estável no longo
prazo.
Cria-se um flap escleral externo e encontra-se o canal
de Schlemm, acessando-o com um instrumento
chamado trabeculótomo, que é rodado em direção à APRENDENDO COM QUESTÕES
câmara anterior. Se não for possível identificar o canal CBO 2021
de Schlemm, o procedimento pode ser convertido para
uma trabeculectomia conven-cional. Qual procedimento cirúrgico deve ser indicado,
inicialmente, para o tratamento do glaucoma congênito
primário com edema de córnea acentuado?
A) Implante de tubo de drenagem.
B) Goniotomia.
C) Trabeculectomia com mitomicina.
D) Trabeculotomia.
Gabarito - D
Comentário
Questão recorrente na prova do CBO. O tratamento do
glaucoma congênito é essencialmente cirúrgico. As
Figura 4. Trabeculotomia. Este procedimento pode ser realizado mesmo duas principais opções de tratamento são a goniotomia
em olhos com buftalmo e córnea com perda da transparência. É e a trabeculotomia. A trabeculotomia é o procedimento
necessária a identificação externa do canal de Schlemm e o
trabeculótomo é rodado em direção à câmara anterior. Fonte: Mandal, AK.
indicado na presença de edema de córnea acentuado,
et al. Update on congenital glaucoma. Indian J Ophthalmol: 2011;59 Suppl pois na goniotomia é necessária a visualização do
1:S148-157. ângulo da câmara anterior.
D) Dobras e ruptura da membrana de Descemet tendem Neste tópico estudaremos algumas anomalias de
a apresentar disposição vertical ou oblíqua nos casos desenvolvimento da câmara anterior, chamadas de
de traumatismo e disposição horizontal ou concêntrica neurocristopatias, duas condições associadas à falha
nos casos de glaucoma congênito. na migração das células da crista neural - Sd. de
Axenfeld-Rieger e anomalia de Peters - e uma condição
Gabarito - D
associada à mutação no gene PAX6 que causa uma
Comentário falta congênita da íris - Aniridia. Atenção! Estes temas
são frequentemente cobrados em prova.
A lesão corneana secundária ao traumatismo de parto é
geralmente unilateral e acomete com mais frequência o
olho esquerdo. Ocorre pela pressão vertical do globo SÍNDROME DE AXENFELD RIEGER
ocular pela má alocação do fórceps, causando ruptura
da membrana de Descemet, que geralmente apresenta A síndrome de Axenfeld-Rieger é também chamada de
disposição vertical ou oblíqua. disgenesia ectomesenquimal da córnea e da íris, ou
síndrome de clivagem da câmara anterior.
O edema de córnea está presente logo ao nascimento
no traumatismo de parto e pode se resolver em algumas
semanas. Por sua vez, as roturas da Descemet no ANOMALIA DE AXENFELD
glaucoma congênito, as chamadas estrias de Haab, são Presença de opacidade linear na córnea periférica que
horizontais, e o quadro é geralmente bilateral e corresponde à linha de Schwalbe anteriorizada e
associado a fotofobia. espessada (embriotoxo posterior) e traves de íris
aderidas à linha de Schwalbe.
CBO 2022
SÍNDROME DE AXENFELD-RIEGER
ALTERAÇÕES CORNEANAS
GLAUCOMA
Ÿ Linha de Schwalbe proeminente e anteriorizada,
A incidência de glaucoma em pacientes com a síndrome
formando uma linha esbranquiçada e elevada -
de Axenfeld-Rieger é de 50-60% dos casos. Acredita-se
embriotoxo posterior.
que ocorra por má formação do ângulo da câmara
Ÿ Adesão de tecido iriano à linha de Schwalbe. anterior. O glaucoma geralmente surge na infância, em
torno dos 5 anos de idade, mas pode aparecer mais
Ÿ A córnea central pode ou não ser transparente, a
tardiamente, inclusive na idade adulta.
depender da PIO; caso a elevação ocorra
precocemente, pode haver aumento do diâmetro Quando a elevação da PIO ocorre mais precocemente,
corneano e rupturas da Descemet. pode resultar em buftalmo e roturas da Descemet. Nem
sempre o grau de anomalia iriana tem relação com a
gravidade do glaucoma.
*Atenção! A presença de embriotoxo posterior, sem
adesão iriana, pode ocorrer e 8-15% de olhos normais e
não tem conotação patológica. ALTERAÇÕES SISTÊMICAS
Ÿ Hipertelorismo, telecanto.
ALTERAÇÕES IRIANAS Ÿ Nariz achatado e largo.
As alterações irianas são geralmente progressivas. Ÿ Prognatismo mandibular.
Vamos descrevê-las a seguir:
Ÿ Lábio superior retraído e lábio inferior proeminente.
Ÿ Pupila desviada em direção à região mais
Ÿ Hipoplasia zigomática.
comprometida do ângulo e com aspecto disforme -
corectopia e discoria. Ÿ Alterações dentárias - oligodontia, hipodontia.
Ÿ Buracos na íris, mais comumente na região oposta à Ÿ Retardo mental.
direção da pupila desviada - pseudopolicoria.
Ÿ Prega na região umbilical.
Ÿ Presença de traves de tecido iriano hipoplásico
partindo da periferia da íris em direção ao
A DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
TRATAMENTO
CBO 2023
SINAIS/SINTOMAS
O glaucoma congênito secundário ocorre por anorma- e retardo mental) que tem herança autossômica
lidades do seio camerular e goniossinéquias formadas dominante ou esporádica.
em consequência da câmara rasa. Importante dizer que
Ÿ Síndrome de Gillespie - forma autossômica
a tonometria pode não ser muito precisa, por conta das
recessiva, caracteriza-se por aniridia, ataxia
alterações corneanas. O tono-pen mostra-se útil nesta
cerebelar e déficit intelectual.
situação, por realizar a medida em área corneana
menor. A alteração genética é uma haploinsuficiência do gene
PAX6, localizado no cromossomo 11. Trata-se de
Geralmente não há alterações sistêmicas. Raramente
condição rara, com incidência de 1:64.000 a 1:96.000,
está presente a forma Peters plus, que caracteriza-se
geralmente bilateral, mais comum em brancos e sem
pela associação da anomalia de Peters com baixa
predileção por sexo.
estatura, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor
e alterações cardiovasculares. Estes pacientes
possuem maior incidência de glaucoma, que também
tende a ser mais grave.
TRATAMENTO
ANIRIDIA CLÍNICA
Devemos sempre suspeitar desta condição em Ÿ Supressores da produção do humor aquoso (beta-
mulheres jovens/meia-idade com glaucoma unilateral, bloqueadores, inibidores da anidrase carbônica e
porque as alterações irianas podem ser discretas. O alfa-agonistas) e drogas que aumentam o
exame de microscopia especular de córnea é muito útil, escoamento uveoescleral (análogos de prosta-
evidenciando perda endotelial unilateral. glandina) podem ser utilizados. Pilocarpina não é
eficaz.
Ÿ Agentes hiperosmóticos (NaCl, Dimetilpolis-
CLÍNICA
siloxane) podem ser utilizados para atenuação do
Graus variáveis de atrofia iriana, com corectopia, edema de córnea.
heterocromia, pseudopolicoria. As alterações irianas
são mais intensas na forma "atrofia essencial e
CIRÚRGICO
progressiva da íris". A síndrome de Cogan-Reese
caracteriza-se pela presença dos nevus irianos. O tratamento cirúrgico está indicado na falha do
tratamento clínico.
Também estão presentes o endotélio em "metal batido"
e graus variáveis de edema de córnea, podendo cursar Ÿ Trabeculectomia é a primeira opção. Existem relatos
com baixa visual. As alterações endoteliais são mais de falha tardia pela endotelização da fístula.
marcantes na síndrome de Chandler, na qual podemos Ÿ Implantes de drenagem também são uma opção
observar edema de córnea importante e bolhas eficaz.
epiteliais.
Ÿ Transplante de córnea pode ser indicado em casos
de edema de córnea significativo. Pode haver
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL recidiva das alterações endoteliais, pela migração
O diagnóstico diferencial mais importante é a Distrofia do endotélio doente do leito receptor.
Polimorfa Posterior (DPP - já estudamos no bloco de Trabeculoplastia a laser não é eficaz, por tratar-se de
córnea). Principal diferença - a síndrome ICE é glaucoma inicialmente pré-trabecular e secunda-
unilateral e a DPP bilateral. riamente de fechamento angular.
Ÿ Na síndrome ICE, as alterações endoteliais são mais
semelhantes à córnea guttata, com redução do
número de células, pleomorfismo e polimegatismo.
SEÇÃO 4
Ÿ Autossômica dominante em 50% dos casos e As fotos são do olho direito de uma mulher de 35 anos,
esporádica em 50%. branca, que apresenta aumento da pressão intraocular
neste olho. Sobre esse caso, é correto afirmar:
Ÿ Mutação no gene NF-1, localizado no cromossomo
17.
CLÍNICA
GLAUCOMA
PÓS-TRABECULAR
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INTRODUÇÃO SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
FÍSTULAS ARTERIOVENOSAS
Figura 3. Hemangioma difuso da coróide em paciente com síndrome de
Sturge-Weber. Fonte: P. Mahesh Shanmugam, MBBS, DO, FRCSEd, PhD, As fístulas arteriovenosas intracranianas aumentam a
FAICO. Disponível em: https://imagebank.asrs.org/file/26243/ diffuse-
choroidal-hemangioma
pressão venosa episcleral pelo preenchimento do
sistema venoso com sangue arterial, provocando
congestão venosa orbitária e dificuldade de drenagem
do humor aquoso. A mais relevante é a fístula carótido-
cavernosa, já estudada no módulo de órbita.
Lembraremos alguns aspectos relevantes.
CLÍNICA
A hipertensão venosa episcleral idiopática, ou síndrome O pilar mais importante do tratamento é eliminar a
de Radius-Malmenee, também pode ser uma causa de causa de base, quando possível. Descompressão
glaucoma pós-trabecular. Devemos pensar nesta orbitária no caso de orbitopatia de Graves, embolização
síndrome quando encontrarmos: no caso de fístula carótido-cavernosa, etc.
GLAUCOMAS SECUNDÁRIOS II
GLAUCOMAS RELACIONADOS AO CRISTALINO, ÀS HEMORRAGIAS,
GLAUCOMA CORTISÔNICO, SD. SCHWARTZ MATSUO, GLAUCOMA
TRAUMÁTICO E SÍNDROME DE POSNER-SCHLOSSMAN
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SEÇÃO 1
TRATAMENTO
Figura 1. Extravasamento de proteínas do cristalino através de sua Ÿ Manitol endovenoso para redução rápida da PIO.
cápsula em catarata hipermadura. Percebam como o núcleo diminui de
tamanho e a câmara torna-se mais profunda. Este é o quadro conhecido
como glaucoma facolítico. Fotografia gentilmente cedida pelo Dr.
Rodolpho Matsumoto (USP-SP). *Evitar os análogos de prostaglandina pelo potencial de
exacerbar a inflamação.
FISIOPATOLOGIA
O glaucoma facolítico ocorre em situações em que há O tratamento definitivo é a extração da catarata, que
opacificação e liquefação do córtex, em cataratas deve ser realizada com urgência, uma vez que este tipo
hipermaduras. Isso faz com que proteínas do cristalino de glaucoma é refratário ao tratamento clínico. O
atravessem a cápsula através de defeitos micros- implante de lente intraocular no saco capsular pode ser
cópicos. realizado. Nos casos em que o diagnóstico é tardio, pelo
risco de acometimento grave e definitivo do
Ao seguirem junto ao fluxo de aquoso para o ângulo da trabeculado, cirurgia combinada de facoemulsificação
câmara anterior, tais proteínas do cristalino são e trabeculectomia pode ser realizada.
fagocitadas por macrófagos, que obstruem o
trabeculado (glaucoma secundário de ângulo aberto
trabecular).
D) A presença de proteínas de alto peso molecular do Ÿ Pode haver pseudohipópio pelo acúmulo dos restos
cristalino no humor aquoso contribui para obstrução da corticais inferiormente na câmara anterior.
malha trabecular.
Gabarito - D TRATAMENTO
O glaucoma por restos corticais ocorre após cirurgia de O glaucoma facoanafilático pode ocorrer nas mesmas
catarata complicada ou em casos de traumatismo situações do glaucoma por restos corticais, isto é, pela
perfurante. Em ambos os casos, a presença de córtex na liberação de proteínas cristalinianas após cirurgia ou
câmara anterior pode levar à obstrução da drenagem do traumatismo penetrante;
humor aquoso.
CLÍNICA
TRATAMENTO
Ÿ Dor ocular de forte intensidade e hiperemia
Ÿ Uso tópico e sistêmico de corticoides enquanto se conjuntival.
aguarda a cirurgia.
Ÿ Aumento importante da PIO, que pode encontrar-se
Ÿ O quadro só se resolve com a remoção cirúrgica de acima de 40 mmHg.
todo o material cristaliniano. Vitrectomia anterior
e/ou posterior podem ser necessárias. Ÿ Câmara rasa, ângulo fechado e assimetria
importante em relação ao olho contralateral.
GLAUCOMA FACOMÓRFICO
Ÿ Assimetria na progressão da catarata entre os dois
olhos.
O glaucoma facomórfico ocorre devido à intumescência
do cristalino, causando um quadro clínico muito Ÿ Acuidade visual reduzida pela catarata e pelo edema
semelhante ao glaucoma de fechamento angular agudo de córnea que se desenvolve nos casos de PIO muito
primário. O diagnóstico diferencial entre as duas elevada.
formas é muitas vezes difícil, porque em alguns casos o
cristalino também contribui para o fechamento angular
TRATAMENTO
agudo primário por bloqueio pupilar. O exame do olho
contralateral é muito importante para a definição Nos casos duvidosos com relação à contribuição do
diagnóstica, assim como a ausência de resolução do componente facomórfico para o fechamento angular,
quadro apenas com a realização de iridotomia. está indicada a realização de iridotomia periférica com
Yag laser.
FISIOPATOLOGIA
Ÿ Caso ocorra aprofundamento da câmara e abertura
do ângulo, o mecanismo do fechamento angular era
Aumento do volume e intumescência do cristalino o bloqueio pupilar.
causando diminuição da profundidade da câmara
anterior e fechamento angular secundário. Ÿ Caso o ângulo continue fechado após a iridotomia e
exista suspeita de fechamento por componente
Cataratas senis de progressão rápida e cataratas facomórfico, está indicada a cirurgia de catarata.
traumáticas podem ser causas de glaucoma faco-
mórfico. Diante de um quadro clássico - quadro unilateral de
catarata intumescente, câmara rasa e fechamento
angular agudo unilateral, procede-se diretamente à
cirurgia de catarata em caráter de urgência.
SD. DE MARFAN
Iridotomia com Yag laser está indicada em casos de
bloqueio pupilar.
O glaucoma pode ocorrer por anormalidade angular,
mas em alguns casos pode ocorrer pela projeção Caso o controle da PIO não seja possível com as
anterior do cristalino contra a pupila e bloqueio pupilar. medidas anteriores, caso haja luxação completa para a
câmara anterior ou caso haja baixa visual não corrigida
com óculos/lente de contato, extração do cristalino
SD. DE WEILL-MARCHESANI com ou sem fixação secundária de lente intraocular
Esta condição está associada à microesferofacia. Pode está indicada.
ocorrer glaucoma por anteriorização do cristalino e
bloqueio pupilar ou pela luxação completa do cristalino
para a câmara anterior. SEÇÃO 2
GLAUCOMAS RELACIONADOS
ÀS HEMORRAGIAS
Ÿ Grau III - > 1/2 do volume da câmara anterior. à Impregnação hemática da córnea: complicação
rara, mais comum nos hifemas totais e nem sempre
A PIO geralmente encontra-se elevada logo após o
associada a aumento de PIO. A reabsorção pode
trauma. Após alguns dias o olho tende a ficar
levar de 2-3 anos e começa na periferia.
ligeiramente hipotônico.
HIFEMAS ESPONTÂNEOS
CAUSAS
TRATAMENTO
COMPLICAÇÕES
Ÿ Agentes hipotensores que reduzam a produção
do humor aquoso: beta-bloqueadores, inibidores
à Ressangramento: ocorre em 10-35% dos casos, da anidrase carbônica e alfa-2-agonistas.
geralmente na 1ª semana, pela lise do coágulo. Em
casos de ressangramento, a incidência de Ÿ Agentes hiperosmóticos como o manitol podem
glaucoma chega a 50%. ser indicados em caso de aumento acentuado da
PIO.
à Glaucoma secundário: a elevação inicial da PIO
ocorre pelo acúmulo de hemácias, fibrina e plasma
no trabeculado. Em alguns casos, os coágulos *ATENÇÃO! Inibidores da anidrase carbônica não
podem desencadear bloqueio pupilar. Geralmente devem ser utilizados em pacientes com anemia
a PIO é diretamente proporcional ao volume do falciforme pelo risco de acidose, desidratação e
hifema. Quando o hifema é menor que 50% do aumento da falcização. Manitol também deve ser
volume da câmara anterior, a incidência de evitado pelo risco de desidratação e falcização.
glaucoma é de cerca de 15%, enquanto nos hifemas
totais é de cerca de 50%.
Ÿ Nos hifemas totais, quando o hifema apresenta à Ativador de plasminogênio tecidual (TPA), um
coloração em vermelho vivo, a incidência de agente fibrinolítico, pode ser utilizado intracameral
glaucoma é menor do que nas situações em que em pacientes pseudofácicos, após 5-7 dias de
a cor já está escurecida/negra. hifema, na presença de coágulo grande e
hipertensão ocular.
Ÿ Pacientes com anemia falciforme ou outras
hemoglobinopatias podem apresentar elevação à Cirurgia: paracentese e lavagem de câmara
importante da PIO mesmo em hifemas anterior - está indicada nas seguintes situações (as
pequenos, pois suas hemácias tem formatos indicações variam de serviço para serviço. Estas
anômalos e dificuldade em atravessar a malha são as indicações apresentadas pelo livro do CBO):
trabecular. Nestes pacientes o glaucoma Ÿ Hifema que não reabsorveu após 10 dias, com
também tende a ser mais grave, pela baixa aumento de PIO.
perfusão da cabeça do nervo óptico.
Ÿ Hifema total que não reabsorveu 50% em 6 dias e hialoide anterior. A partir daí, acumulam-se na malha
PIO > 25 mmHg. trabecular e dificultam a drenagem do aquoso.
Ÿ Hifema total por pelo menos 5 dias e PIO de 50
mmHg. CLÍNICA
Ÿ Hifemas pequenos/moderados com elevação de Ÿ Presença das células cáqui flutuando no humor
PIO em pacientes com hemoglobinopatias. aquoso e sobre o endotélio da córnea ("células
cáqui" são as palavras chave na hora da sua prova!).
GLAUCOMA HEMOLÍTICO Ÿ Aumento da PIO, que pode alcançar valores elevados
e levar a dor e edema de córnea.
O glaucoma hemolítico ocorre pela obstrução do
trabeculado por macrófagos que fagocitaram hemácias Ÿ Gonioscopia com ângulo aberto e trabeculado
e hemoglobina. A principal causa do glaucoma recoberto pelas células cáqui ou células fantasmas.
hemolítico são as hemorragias vítreas. O exame
citológico do aquoso evidencia macrófagos contendo
pigmento marrom-avermelhado.
CLÍNICA
TRATAMENTO
D) Cicloplégicos.
Gabarito - A
Comentário
Inibidores da anidrase carbônica podem causar acidose
metabólica. A alteração do pH pode induzir falcização
em pacientes com anemia falciforme.
CBO 2013
SEÇÃO 3
FORMAS CLÍNICAS
GLAUCOMA CORTISÔNICO
CRÔNICA
O glaucoma cortisônico é a neuropatia óptica
glaucomatosa secundária à hipertensão ocular A PIO apresenta elevação variável, podendo atingir
desencadeada pelo uso de corticoides. A incidência níveis muito altos. Pode haver assimetria entre os dois
varia de acordo com a potência do corticoide, a via de olhos no caso de uso sistêmico de corticoides. Pode
administração, a concentração e o tempo de uso. A haver catarata subcapsular posterior associada. As
instalação da hipertensão ocular é mais rápida no uso alterações de nervo óptico e campo visual asse-
tópicos (geralmente não ocorre com menos de 2 melham-se às observadas no GPAA.
semanas de uso) e mais lenta e tardia no uso sistêmico;
portanto, a via tópica ocular é a que mais frequen-
PSEUDOCONGÊNITA
temente está associada ao desenvolvimento de
glaucoma cortisônico. Quando corticoides são administrados em recém-
nascidos ou crianças pequenas, pode haver evoluição
Entretanto, qualquer outra via de administração, seja
para distensão ocular/buftalmo, semelhante ao que
subtenoniana, intravítrea, nasal, oral ou endovenosa,
ocorre no glaucoma congênito. Geralmente é
pode desencadear elevação da pressão intraocular.
secundário ao uso indiscriminado de colírios de
Ÿ 1/3 dos pacientes sem glaucoma apresentam corticoides em pacientes com obstruções congênitas
elevação de PIO entre 6-15 mmHg após uso de das vias lacrimais ou conjuntivites. As obstruções
corticoide. congênitas das vias lacrimais são muito frequentes e
resolvem espontaneamente na maioria dos casos.
Ÿ 4-6% dos pacientes sem glaucoma podem
apresentar elevação de PIO > 15 mmHg. A interrupção do uso do corticoide geralmente leva à
normalização da PIO.
UVEÍTE PSEUDO-HIPERTENSIVA
Gabarito - C
Ÿ Uveítes primariamente não-hipertensivas podem Comentário
cursar com elevação da PIO após uso prolongado de
corticoides. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento
de glaucoma cortisônico são: antecedente pessoal de
Ÿ Uveítes hipertensivas podem manter hipertensão glaucoma, antecedente familiar de primeiro grau de
ocular mesmo após o controle da inflamação, pelo glaucoma, diabetes e miopia. Corticoides aumentam a
uso dos corticoides. pressão intraocular por induzirem aumento da
resistência ao escoamento do humor aquoso na malha
FISIOPATOLOGIA
trabecular. Após a interrupção da administração da
medicação, os valores de pressão intraocular tendem a
Acúmulo de mucopolissacarídeos na malha trabecular, normalizar, mas os danos glaucomatosos são
edema e diminuição dos espaços intertrabeculares, irreversíveis.
causando resistência à drenagem do aquoso
(glaucoma secundário de ângulo aberto trabecular).
Diminuição da fagocitose no trabeculado, com acúmulo CBO 2022
de debris e aumento da resistência à drenagem do Sobre o glaucoma cortisônico, é correto afirmar que:
aquoso.
A) Ocorre em todas as idades.
TRATAMENTO
B) Os corticoides em concentrações baixas não elevam
a pressão intraocular.
Esta forma de glaucoma geralmente responde bem ao
tratamento, com normalização da pressão intraocular C) O glaucoma é tipicamente de ângulo fechado.
na maioria dos pacientes, sendo o pilar mais importante D) É mais frequente por uso de corticoide via oral do que
a suspensão do corticoide (quando possível). na forma de colírio.
Hipotensores tópicos podem ser utilizados até a Gabarito - A
normalização da pressão intraocular. Tratamento
cirúrgico raramente é necessário. Comentário
A prova de glaucoma do CBO tem uma predileção
incrível pelos glaucomas secundários. Dentre eles, o
APRENDENDO COM QUESTÕES
glaucoma cortisônico cai praticamente todo ano, então
CBO 2021
temos que conhecer!
Sobre o glaucoma induzido pelo uso de corticoide, é A - Correta. O glaucoma cortisônico pode ocorrer em
correto afirmar: qualquer idade. Indivíduos < 6 anos e idosos
A) Após interrupção do uso do fármaco, há reversão do apresentam maior risco.
glaucoma. B - Incorreta. O risco é maior nas concentrações
B) Os corticoides aumentam a produção do humor maiores, mas também pode ocorrer em concentrações
aquoso pelos processos ciliares, acarretando em menores.
aumento da pressão intraocular. C - Incorreta. O glaucoma é de ângulo aberto trabecular.
C) A elevação da pressão intraocular é resultado do D - Incorreta. A via de administração associada a maior
aumento da resistência de drenagem do humor aquoso risco é a via tópica ocular.
pela malha trabecular.
D) Hipermetropia e parentes de primeiro grau com
glaucoma são fatores de risco para o seu desenvol-
vimento.
SEÇÃO 4
SEÇÃO 5
GLAUCOMA TRAUMÁTICO
Ÿ Trabeculectomia está indicada em pacientes que Ÿ Observa-se inflamação intraocular leve, com poucos
não apresentam controle clínico. precipitados ceráticos. Podem ser observados
precipitados ceráticos no trabeculado, sugerindo
Ÿ Trabeculoplastia geralmente não é eficaz. trabeculite.
Ÿ PIO elevada, podendo atingir 40-50 mmHg e ser
APRENDENDO COM QUESTÕES acompanhado de edema de córnea. A pressão
CBO 2014 retorna ao normal no período intercrises. Se as
crises forem frequentes, glaucoma crônico
Qual das estruturas abaixo parece estar aumentada na
secundário pode se desenvolver. A elevação da PIO é
gonioscopia de um paciente com recessão angular?
desproporcional à sintomatologia e ao grau de
A) Banda do corpo ciliar. inflamação intraocular.
B) Esporão escleral. Ÿ O paciente geralmente queixa-se de desconforto
leve e a elevação da PIO é desproporcional ao grau de
C) Trabeculado.
inflamação e à sintomatologia.
D) Linha de Schwalbe.
Gabarito - A FISIOPATOLOGIA
Comentário A etiologia da síndrome é incerta. Observa-se durante
A recessão angular ocorre pela separação entre as as crises resistência ao escoamento do humor aquoso e
fibras longitudinais e circulares do corpo ciliar. Trata-se edema da malha trabecular. Algumas teorias
de um marcador de trauma de alta energia e risco de hipotetizam que a doença possa ter relação com
glaucoma por disfunção do trabeculado. No exame de infecções virais por vírus da família Herpes ou
gonioscopia, observa-se faixa ciliar anormalmente autoimunidade.
larga.
TRATAMENTO
TRATAMENTO CLÍNICO
DO GLAUCOMA
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CARTEOLOL 1% à Oculares
Ÿ Não seletivo, atua indistintamente nos receptores β1 Ÿ Hipoestesia corneana.
e β2.
Ÿ Ceratite puntata.
Ÿ Apresenta ação e potência semelhante ao timolol.
Ÿ Olho seco.
Ÿ Algum de seus metabólitos apresenta ação
simpaticomimética, reduzindo (teoricamente) os Ÿ Blefaroconjuntivite.
efeitos colaterais pulmonares e cardiovasculares. Ÿ Redução do fluxo sanguíneo na cabeça do nervo
óptico.
EFEITOS ADVERSOS E CONTRA-
INDICAÇÕES SEÇÃO 3
EFEITOS ADVERSOS
Assim como com os β-bloqueadores, a absorção
sistêmica dos agonistas-⍺2- adrenérgicos pode levar a Ÿ Retração palpebral, clareamento conjuntival e
redução da PIO no olho contralateral, mas neste caso o midríase (estes efeitos ocorrem pelo discreto efeito
efeito é menor. ⍺1 que estes fármacos possuem).
Ÿ Dermatite periocular e blefaroconjuntivite alérgica
FÁRMACOS DISPONÍVEIS, CONCEN- podem ocorrer em 15-36% dos casos.
TRAÇÕES, POSOLOGIA
Ÿ Boca seca.
Ÿ Fadiga, insônia, bradicardia, astenia, arritmia,
APRACLONIDINA 0,5 E 1%
cefaleia, dor abdominal.
Ÿ Como monoterapia em glaucoma pode ser utilizado Reduzem a produção do HA no epitélio ciliar não
até 3 vezes ao dia, o que permite melhor controle pigmentado, através da inibição da enzima anidrase
matinal da PIO. Entretanto, o uso de 12/12h é o mais carbônica. Mais de 90% da atividade da anidrase
comum. carbônica deve ser inibida para haver redução na
produção do HA e consequentemente da PIO.
Ÿ Também pode ser utilizado, na concentração de
0,5%, para evitar hipertensão ocular associada às Os IAC de uso sistêmico podem apresentar efeito
terapias a laser no segmento anterior. adicional de redução da produção do HA pela acidose
metabólica renal que induzem, uma vez que esta que
pode interferir na atividade da Na+K+-ATPase.
EFEITOS ADVERSOS
Ÿ Hipertensão e palpitações
Ÿ Contraindicados em crianças < 2 anos pelo risco de FÁRMACOS DISPONÍVEIS, CONCEN-
depressão do SNC, podendo causar apneia, TRAÇÕES E POSOLOGIA
bradicardia e hipotensão.
ACETAZOLAMIDA 125 MG, 250 MG OU
500 MG
SEÇÃO 4
INIBIDORES DA ANIDRASE
CARBÔNICA (IAC)
Ÿ IAC de uso sistêmico, por via oral. Pode ser utilizado
MECANISMO DE AÇÃO como adjuvante no tratamento do glaucoma/
hipertensão ocular.
Ÿ Geralmente é utilizado na dosagem de 250 mg 6/6h. pacientes com glaucoma não controlado com
O início da ação ocorre após 1 hora da administração medicação e com contraindicação para cirurgias
e o efeito máximo ocorre após 2-4 horas. antiglaucomatosas.
Ÿ A adição de IACs tópicos em pacientes já em uso de
IACs sistêmicos não possui efeito adicional METAZOLAMIDA 25 A 100 MG
significativo na redução da PIO.
Ÿ IAC sistêmico com indicações e contraindicações
Ÿ A Acetazolamida tem excreção renal, devendo ser semelhantes à acetazolamida.
utilizada com cautela e com ajuste de dose em
pacientes com insuficiência renal. Ÿ Utilizado na dose de 25-50 mg 2-3 vezes ao dia.
Ÿ A metazolamida tem duração de ação mais longa e
CONTRAINDICAÇÕES
liga-se menos às proteínas plasmáticas do que a
acetazolamida, sendo melhor tolerada. Entretanto, a
Ÿ Alergia ao fármaco ou à sulfa; hipocalemia; metazolamida é menos eficaz na redução da PIO.
hiponatremia; disfunção renal e hepática;
nefrolitíase; falência suprarrenal; doença pulmonar Ÿ Apresenta metabolização hepática.
grave; cirrose hepática; e anemia falciforme.
DORZOLAMIDA A 2% E BRINZOLAMIDA
EFEITOS ADVERSOS 1%
CBO 2021
SEÇÃO 6
PILOCARPINA 1, 2 E 4%
ESPORÃO
ESCLERAL
ECOTIOFATO
Ÿ 95% da excreção é renal. Não causa a sobrecarga Ÿ Categoria C - estudos em animais mostraram efeitos
calórica do glicerol. adversos ao feto.
Ÿ Categoria D - estudos em humanos mostraram
riscos ao feto.
APRENDENDO COM QUESTÕES
à Inibidores da anidrase carbônica (tópicos ou via A única medicação categoria B é a brimonidina, sendo
oral) - Categoria C. Podem ser utilizados com geralmente a droga de escolha na gestação; entretanto,
cautela a partir do 3º trimestre. é contraindicada em lactantes e em crianças. A
trabeculoplastia é uma excelente opção em gestantes,
à Beta-bloqueadores: Categoria C. Pode causar
para redução da necessidade de medicações.
bradicardia fetal. Pode ser usada a partir do
segundo trimestre com monitorização frequente
da frequência cardíaca fetal. SEÇÃO 9
C) Nas gestantes, a concentração deve ser aumentada D - Incorreta. Pacientes melanodérmicos apresentam
pela maior tendência à fibrose. maior tendência à cicatrização e fibrose, de modo que a
mitomicina-C se faz muito importante nestes
D) Não deve ser usada em pacientes melanodérmicos. pacientes.
Gabarito - B
LASER EM GLAUCOMA E
TRATAMENTO CIRÚRGICO
DO GLAUCOMA
Licensed to Marília Lima Ávila - [email protected]
SEÇÃO 1
CONTRAINDICAÇÕES
Figura 1. Diferença entre as miras e local de aplicação do ALT e SLT. Fonte:
Ÿ Glaucoma primário de ângulo fechado. https://www.semanticscholar.org/paper/NEW-APPROACHES-TO-
SELECTIVE-LASER-TRABECULOPLASTY-Петров/e0c0273df040dc
Ÿ Glaucomas secundários de ângulo fechado. 4d4ed37aac6672d1bb7df3838d
Ÿ Disgenesias do segmento anterior (Glaucoma
congênito, Axenfeld-Rieger, Peters, etc).
COMPLICAÇÕES
COMPLICAÇÕES
CONTRAINDICAÇÕES
Ÿ Hemorragia iriana - controlada através da compres-
são da lente contra o globo. Ÿ Edema corneano importante ou opacidade corneana
que impeça a correta visualização da íris.
Ÿ Lesão da córnea - mais comum com o laser de
argônio com potências mais elevadas. Ÿ Câmara anterior muito rasa.
Ÿ Lesão da cápsula anterior do cristalino em pacientes
fácicos.
*O livro do CBO descreve que a presença de gonios-
Ÿ Picos pressóricos após o procedimento. sinéquias é contraindicação para a iridoplastia a laser;
no entanto, o consenso da SBG descreve como uma das
Ÿ Queixas visuais (mais comuns quando a iridotomia
indicações da iridoplastia o fechamento angular que
não encontra-se coberta pela pálpebra superior).
apresenta aumento da extensão das goniossinéquias
apesar da iridotomia. Em uma questão recente da prova
IRIDOPLASTIA OU GONIOPLASTIA de imagens (CBO 2019), foi considerada correta a
realização de iridoplastia em um paciente com
goniossinéquias, mesmo após íris em plateau ter sido
descartada. Esta questão foi comentada na apostila de
GPAF.
TÉCNICA
Ÿ Laser de argônio.
Ÿ Lente de Abraham.
Ÿ 20 disparos, aplicados em 360º na periferia da íris.
Ÿ Mira: 500 μm.
Ÿ Potência: 80-100 mW.
Ÿ Duração 0,5s.
Figura 3. Marcas de iridoplastia na periferia da íris 360º. Fonte: http://
www.vision-and-eye-health.com/ glaucoma-laser.html
O efeito desejado é a contração da periferia da íris e o Ÿ Tratamento de olhos glaucomatosos que evoluíram
aprofundamento da câmara anterior. Reduzir a energia para SPL doloroso.
caso ocorra a formação de bolha e dispersão pigmentar.
Ÿ Glaucomas refratários às outras modalidade de
Instilar miótico e alfa-2-agonista antes do proce-
tratamento.
dimento e corticoide depois.
Ÿ Complementação de outras cirurgias. •Tumores.
COMPLICAÇÕES
CONTRAINDICAÇÕES
Ÿ Elevação pressórica transitória.
Ÿ Albinos.
Ÿ Irite.
Ÿ Escleras finas (pode ser feito com cautela e redução
Ÿ Discoria/aumento do diâmetro pupilar.
da energia).
CICLOFOTOCOAGULAÇÃO
TRANSESCLERAL TÉCNICA
Objetiva reduzir a produção do humor aquoso através Ÿ Procedimento doloroso - realizar anestesia
da lesão térmica aos processos ciliares. O laser de peri/retrobulbar.
diodo é 2 a 3 vezes melhor absorvido pelos processos Ÿ Laser: diodo 810 nm com sonda G (G probe).
ciliares que o Nd:Yag laser, resultando em menor
energia necessária. O Nd:Yag laser até tem melhor Ÿ Potência: 2.000 mW.
transmissão através da esclera, mas a indentação Ÿ Duração: 1,5 s.
escleral com o laser de diodo permite contornar esta
desvantagem, de modo que este último é o mais Ÿ Em média são realizadas 55 dispraros, poupar os
utilizado atualmente. meridianos das 3 e 9h (evitar nervos ciliares longos).
Quando ouvirmos um barulho do tipo "poc" ao aplicar o
laser, devemos reduzir a potência em 250 mW, pois
significa que ocorreu destruição do processo ciliar, com
maior risco de dispersão de pigmento, inflamação e
phthisis bulbi. Após o procedimento, corticoide tópico
auxilia no controle de inflamação e deve ser prescrito.
COMPLICAÇÕES
SEÇÃO 2
APRENDENDO COM QUESTÕES
TRATAMENTO CIRÚRGICO DO
CBO 2008
GLAUCOMA
Em qual dos pacientes abaixo a ciclofotocoagulação
transescleral tem menor eficácia:
TRABECULECTOMIA
A) Afácicos.
A trabeculectomia (TREC) é a cirurgia antiglau-
B) Glaucoma neovascular. comatosa mais realizada e consiste na criação de uma
fístula entre o ângulo camerular e o espaço
C) Sturge-Weber.
subconjuntival/subtenoniano, facilitando o escoa-
D) Albinos. mento do humor aquoso. Uma vez no espaço
subconjuntival, o HA é drenado pelo sistema venoso e
Gabarito - D
linfático.
Comentário
A ciclofotocoagulação é pouco eficaz em albinos, pela INDICAÇÕES
ausência de pigmentos de melanina nestes pacientes,
sendo uma contraindicação ao procedimento. Ÿ Progressão do dano glaucomatoso em vigência de
terapia máxima tolerada.
Ÿ PIO acima do alvo na vigência de terapia máxima.
CBO 2012
Ÿ Efeitos colaterais intoleráveis das medicações
Dos quadros abaixo, qual a melhor indicação para a
antiglaucomatosas usuais ou baixa adesão ao
trabeculoplastia a laser?
tratamento clínico.
A) Glaucoma pigmentar.
B) Glaucoma neovascular.
* O cirurgião deve pesar diversos fatores na hora de
C) Glaucoma primário de ângulo fechado. indicar a cirurgia, como: idade do paciente e expectativa
de vida, comorbidades, gravidade do glaucoma, taxa de
D) Glaucoma primário de ângulo aberto, em estagio
progressão, etc.
terminal.
Gabarito - A
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO (endoftal-
Comentário mite precoce é rara - incidência de
0,1%).
A trabeculoplastia apresenta bons resultados em
pacientes com glaucoma pigmentar, glaucoma Ÿ Controle de doenças sistêmicas como o DM no pré-
pseudoexfoliativo e GPAA. As principais contrain- operatório.
dicações da trabeculoplastia são: Ÿ Tratamento da blefarite e outras infecções conjun-
Ÿ Glaucoma primário de ângulo fechado. tivais/palpebrais.
Ÿ Glaucomas secundários de ângulo fechado ou Ÿ Iodopovidona 5% antes da cirurgia.
glaucomas pré-trabeculares (como glaucoma
neovascular ou síndrome ICE).
PÓS-OPERATÓRIO
Situação 2: Seidel
Ÿ Câmara rasa.
Ÿ PIO baixa.
Ÿ Bolha plana.
Figura 4. Blebite. Bolha afilada e avascular, circundada por hiperemia
Ÿ Presença de Seidel. intensa. Fonte: Scott K. Schultz, MD. Disponível em: https://eyewi
ki.aao.org/User%3ASchultzsk1.
Tratamento: rebordarem cirúrgica / lente de contato
terapêutica. O tratamento da blebite é realizado com antibióticos
tópicos de alto espectro. No caso da endoftalmite, os
antibióticos tópicos (colírio) são combinados com
Situação 3: Glaucoma maligno antibióticos intravítreos, com ou sem vitrectomia
associada.
Ÿ Câmara rasa.
à Vazamento pela bolha
Ÿ PIO elevada.
O vazamento tardio pela bolha é mais comum em
Ÿ Ausência de descolamento de coroide. bolhas isquêmicas/avasculares e afiladas e pode
Tratamento: midriáticos / cicloplégicos -> hialoidec- causar complicações como a redução da profundidade
tomia anterior com Yag laser -> Vitrectomia. da câmara anterior, formação de sinéquias anteriores,
catarata e descompensação corneana. Além disso,
trata-se de fator de risco importante para infecções.
Situação 4: Hemorragia supracoroidal (descolamento Numerosas técnicas foram descritas para tratamento
hemorrágico da coróide) desta complicação, as principais são:
Ÿ Uso de antibióticos (tetraciclinas) por via oral. ciliar do ângulo da câmara anterior.
à Falência da fístula
Observa-se redução da altura da bolha, aumento da FATORES DE RISCO
espessura de suas paredes, vascularização e aumento Ÿ Diâmetro anteroposterior reduzido.
da PIO.
Ÿ Raio de curvatura corneano menor.
Fatores de risco para falência da fístula são: neovas-
cularização do segmento anterior; raça negra; afacia; Ÿ Câmara anterior mais rasa.
reoperação; uveíte prévia; cirurgia de catarata ou retina Ÿ Portadores de glaucoma de ângulo fechado.
prévia; e pacientes jovens.
Na falência da fístula, após tentativas conservadoras
QUADRO CLÍNICO
como a massagem digital, indica-se agulhamento
transconjuntival da bolha. Ÿ Câmara rasa/atalamia.
à Encistamento da bolha. Ÿ Anteriorização do diafragma iridocristaliniano e
fechamento angular.
à Catarata.
Ÿ PIO geralmente muito elevada; porém, pode ser
à Bolha disestética.
normal ou pouco aumentada.
Ÿ Hiperemia conjuntival e edema de córnea epitelial.
GLAUCOMA MALIGNO
Ÿ Redução da acuidade visual e visualização de halos
Complicação pós-operatória grave, mais comum após coloridos.
cirurgias para glaucoma de ângulo fechado. O quadro
pode iniciar ainda no intraoperatório, mas o mais
frequente é que ocorra no pós-operatório recente, em *A presença de iridectomia patente afasta o
especial após a suspensão dos cicloplégicos/ diagnóstico de bloqueio pupilar, reforçando o
midriáticos. diagnóstico de glaucoma maligno.
TRATAMENTO
à Clínico
Ÿ Cicloplégicos/midriáticos: relaxam o músculo
ciliar, distendem as zônulas e deslocam
posteriormente o diafragma iridocristaliniano.
Ÿ Hipotensores tópicos: qualquer classe pode ser
utilizada, exceto os mióticos, que estão
contraindicados.
Ÿ Inibidores da anidrase carbônica sistêmicos e
agentes hiperosmóticos podem ser utilizados
Figura 5. Glaucoma Maligno, antes e após tratamento com
cicloplégicos/midriáticos. Fotografias gentilmente cedidas pelo prof.
como adjuvantes.
Daniel Costa.
à Laser
FISIOPATOLOGIA Ÿ Utilizado se a terapia clínica não for eficaz.
Ocorre desvio do humor aquoso para a cavidade vítrea, Ÿ Hialoidectomia anterior com Yag laser. Quebra o
formando bolsões de aquoso e levando ao aumento da mecanismo de bloqueio ciliar, permitindo o fluxo
pressão no segmento posterior. Isto provoca do humor aquoso e a formação da câmara
anteriorização do diafragma iridocristaliniano e rotação anterior.
anterior dos processos ciliares, atalamia e bloqueio
CBO 2022
TIPOS DE IMPLANTES
INDICAÇÕES DE TRABECULECTOMIA ISOLADA
Os implantes contêm um tubo de silicone conectado a
à Glaucoma avançado. um dispositivo constituído por um material de baixa
Ÿ Defeito de campo visual grave ou ameaçando a aderência de fibroblastos, como polipropileno ou
zona de fixação. silicone. A principal diferença entre os implantes está
na presença ou não de restritor de fluxo (válvula), cuja
Ÿ Escavação >0,8. - Glaucoma com controle função é evitar hipotonia no pós-operatório precoce.
pressórico inadequado com terapia máxima.
TÉCNICA
Figura 8.Sequência de imagens que ilustra cirurgia de implante de tubo de Susanna. Fotografias gentilmente cedidas pelo Dr. Micael Valtoni Dantas
do Nascimento (USP-SP).
à Sutura de tração corneana com fio 6-0 (seda ou Ÿ O implante de Baerveldt é fixado sob os músculo
vycril). retos superior e lateral.
à Peritomia límbica. à A porção intraocular do tubo é introduzida após
paracentese realizada com agulha 23G próxima ao
à Fixação do disco no quadrante temporal superior,
limbo.
preferencialmente.
Ÿ A extensão intracameral deve ter aproxima-
Ÿ Menor risco de indução de estrabismo em
damente 2 mm, sem toque iriano ou endotelial.
relação ao nasal superior.
Ÿ A fixação é realizada com seda 8-0 ou prolene 9-
0. A borda anterior deve estar entre 8-10 mm do
limbo.
HIPOTONIA PRECOCE
à Toda a extensão do implante deve ser recoberta
com esclera doadora, retalho de dura máter, fáscia As principais causas são:
lata ou pericárdio. O objetivo é evitar erosão
conjuntival, exposição e extrusão do implante. Ÿ Hiperfiltração. Incidência 20-30% maior nos
implantes não restritivos. A realização de sutura de
contenção nos implantes não restritivos reduz o
*Os implantes não valvulados devem receber uma risco.
sutura de contenção (ligadura total ou parcial do tubo) Ÿ Seidel.
com fio absorvível 7.0 para restringir o fluxo e evitar
hipotonia precoce. À medida em que a sutura é Ÿ Efusão coroidal.
absorvida, começa a ocorrer fluxo pelo tubo.
HIPERTENSÃO
DIPLOPIA
CBO 2014
Figura 10. Infecção causada por exposição de tubo. Fonte: Beth Edmunds, Numa cirurgia convencional de implante de drenagem
MD. Fonte: https:// www.aao.org/disease-review/complications-of- (Ahmed, Baerveldt ou Molteno) para controle da
glaucomasurgery-in-children
pressão intraocular, é correto afirmar:
A) O prato do implante deve ser posicionado a mais de 8 B) Caso ocorra hipotensão precoce é mandatória a
mm do limbo. troca do implante, pois há provável defeito na válvula.
B) O implante deve ser posicionado, sempre que C) Há necessidade de ligadura total ou parcial do tubo
possível, no quadrante nasal superior. com fio absorvível 7.0 para prevenir hipotensão
precoce.
C) O tubo de silicone pode ser posicionado na câmara
vítrea, exceto nos pacientes pós vitrectomia, devido ao D) O uso de mitomicina intraoperatória aumenta as
risco de descolamento de retina. taxas de sucesso a longo prazo.
D) A sutura para oclusão temporária do tubo de silicone Gabarito - C
é um passo obrigatório em todos os implantes.
Comentário
Gabarito - A
Questão com grau de dificuldade mais elevado, que
Comentário exigia que o candidato conhecesse os tipos de tubo pela
imagem. À esquerda, observamos um tudo de Suanna e
Questão interessante, que abordou diversos aspectos
à direita o tubo de Baerveldt, ambos não valvulados (B
técnicos dos implantes de drenagem.
incorreta).
A - Correta. A fixação do prato é realizada entre 8-10
O quadrante preferível para fixação do tubo é o temporal
mm do limbo.
superior devido a menor risco de indução de
B - Incorreta. O prato deve ser fixado preferencialmente estrabismo. No quadrante nasal superior há maior risco
no quadrante temporal superior, estando associado a de encarceramento do oblíquo superior e diplopia. (A
um menor risco de estrabismo. incorreta)
C - Incorreta. O tubo pode ser posicionado via pars Os tubos não valvulados são suturados com sutura de
plana na cavidade vítrea em pacientes vitrectomizados. contenção utilizando vicryl. Essa sutura evita a
hiperfiltração no pós-operatório imediato e conse-
D - Incorreta. A sutura para oclusão temporária é
quente hipotensão. É comum haver uma fase
mandatória nos implantes não valvulados (Ex: Susanna,
hipertensiva no pós imediato que se resolve com o
Baervedlt, Molteno).
afrouxamento da sutura em torno de 4-5 semanas. (C
correta)
CBO 2023 A mitomicina C não é utilizada na cirurgia de implantes
Sobre estes tipos de implante, é correto afirmar: de drenagem, e sim na trabeculectomia. (D incorreta)
CBO 2023