Pressupostos Processuais e Condições Da Ação
Pressupostos Processuais e Condições Da Ação
Pressupostos Processuais e Condições Da Ação
CURSO DE DIREITO
Cabo Frio
2023
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INTRODUÇÃO
O princípio da inércia que está assegurado pelo art. 2° da CPC, que fala sobre a
necessidade de iniciativa da parte na manifestação do seu direito de ação para então
haver o impulso oficial por parte do juiz, sendo também chamado como princípio da
demanda.
A análise processual tem que ter a identificação daquilo que a doutrina denomina de as
categorias fundamentais da ciência do processo: “pressupostos processuais”, “condições
da ação” e mérito.
O mérito se equipara com a res in iudicum deducta, que traz a relação jurídica do direito
material exposta na petição inicial.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
O conceito dos pressupostos processuais tem origem na obra de Oskar Von Bülow, que
lhes deu autonomia. E suas concepções vem sendo repetidos e integrados pela doutrina
brasileira.
Büllow diz acerca dos pressupostos processuais como sendo as condições prévias para o
nascimento de toda a relação processual, ou seja, as condições de de existência legal da
relação de direito processual.
De acordo com Prof. Fredie Didier Jr, diz que os pressupostos de existência podemos
tratar como pressupostos de existência e requisitos de validades, juntas podemos dizer
que são pressupostos processuais. "Pressupostos processuais" é denominação que se
deveria reservar apenas aos pressupostos de existência. Ocorre que "pressupostos
processuais" é aspecto consagrada na doutrina, na lei (o inciso IV do art. 485 do CPC) e
na jurisprudência. É possível, assim, falar em "pressupostos processuais" lato sensu,
como essa expressão que engloba tanto os requisitos de validade como os pressupostos
processuais stricto sensu (somente aqueles concernentes à existência do processo). O
uso da expressão "pressupostos processuais" (entre aspas) indica referência aos
pressupostos processuais largamente considerados.
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O processo existe sem réu; para ele, porém, só terá eficácia, somente poderá produzir
alguma consequência jurídica, se for validamente citado (art. 312 do CPC).
Em relação a capacidade de ser parte, decorre da garantia da inafastabilidade do Poder
judiciário, prevista no inciso XXXV do art. 5° da CF/88.
Os elementos objetivos, por sua vez, se subdividem em positivos (petição inicial apta,
citação válida e regularidade procedimental) e negativos (litispendência, coisa julgada e
perempção), conforme prevê os art. 240 e 312 do CPC.
Capacidade Processual
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Capacidade postulatória
Competência do juiz
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A competência do juiz traz o princípio do juiz natural, (art. 5°, inciso LII da CF/88). A
doutrina diverge com relação à competência relativa, se seria ou não pressuposto
processual de validade, já que ela pode ser convalidada e, nesse caso, não geraria
nulidade (art. 65 do CPC). Por outro lado, a incompetência absoluta é causa de nulidade
dos atos decisórios, podendo ensejar até mesmo o ajuizamento de ação rescisória (arts.
64, § 1º e 966, II do CPC).
Imparcialidade do juiz
O Juiz é sujeito processual imparcial, não podendo defender, favorecer ou tender sua
decisão para determinada parte. Para preservar esse requisito é defeso ao juiz exercer
suas funções nos casos de impedimento (art. 144 do CPC) e nos de suspeição (art. 145
do CPC). O juiz parcial deve abster-se de funcionar no processo quando impedido, ou
declarar-se suspeito nos casos de suspeição, podendo a parte arguir nos próprios autos o
impedimento ou a suspeição do juiz (art. 146 do CPC).
As situações que não devem existir como requisitos de validade do processo são:
perempção; litispendência; coisa julgada material; convenção de arbitragem;
Inexistência de perempção
Perempção é a perda do direito de o autor ajuizar novamente a mesma ação, por já ter
dado causa a extinção do processo por três vezes, sem julgamento do mérito, em
decorrência de abandono por mais de trinta dias (arts. 485, V e 486, § 3º do CPC).
Inexistência de litispendência
Há coisa julgada material quando se reproduz ação já ajuizada, com as mesmas partes, a
mesma causa de pedir e o mesmo pedido, mas que já teve sentença da qual não é mais
possível recorrer (art. 337, VII, §§ 1º e 4º do CPC).
O interesse de agir é um requisito processual extrínseco positivo: é fato que deve existir
para que a instauração do processo se dê validamente. Se por acaso faltar interesse de
agir, o pedido não será examinado. Ambas as dimensões devem ser examinadas à luz da
situação jurídica litigiosa submetida a juízo - especificamente, ao menos no caso da
necessidade, na causa de pedir remota
De acordo com o pensamento de Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, podem ser citadas
algumas funções do formalismo processual:
a) indicar as fronteiras para o começo e o fim do processo) circunscrever o
material processual que poderá ser formado; c) estabelecer dentro de quais
limites devem cooperar e agir as pessoas atuantes no processo para o seu
desenvolvimento; d) emprestar previsibilidade ao procedimento; e) disciplinar o
poder do juiz, atuando como garantia de liberdade contra o arbítrio dos órgãos
que exercem o poder do Estado, pois "a realização do procedi mento deixada ao
simples querer do juiz, de acordo com as necessidades do caso concreto,
acarretaria a possibilidade de desequilíbrio entre o poder judicial e o direito das
partes;" f) controle dos eventuais excessos de uma parte em face da outra,
atuando por conseguinte como poderoso fator de igualação (pelo menos formal)
dos contendores entre si, seja no plano normativo, impondo uma distribuição
equilibrada dos poderes das partes, seja no plano de fato, impondo a paridade de
armas, garantindo o exercício bilateral dos direitos; 3) formação e valorização
do material fático de importância para a decisão da causa; e, ainda,
h) determinar como, quando e quais os julgados podem adquirir a
imutabilidade característica da coisa julgada.
CONDIÇÕES DA AÇÃO
Condições da ação são requisitos processuais eficazes para o regular trâmite processual
e eventual julgamento do mérito. Diante a ausência de qualquer uma das condições da
ação, teremos a carência da ação, causa de extinção do processo sem julgamento de
mérito. No entanto, essa regra foi e vem sendo discutida pela teoria da asserção.
No que tange a condições da ação é constituído por três elementos, quais seja: a
legitimidade de parte, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.
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· Adequação da Ação: O procedimento usado pelo autor deve ser o adequado, ou seja,
compreende-se que o autor deve escolher a via processual adequada aos fins que almeja.
Parte da doutrina critica esta última acepção do interesse de agir, vez que, nas palavras
de Fredie Didier Jr.
A possibilidade jurídica do pedido, é a pretensão do autor que deve ser legal, ou seja,
não deve ser tapada pelo ordenamento jurídico. Todo pedido ilegal é juridicamente
dificílimo de ser apreciado pelo o Poder Judiciário. Além disso, o pedido deve ser
perfeitamente possível concedê-lo no plano fático. Assim sendo o pedido deve ser licito
e faticamente possível para que haja a possibilidade jurídica do pedido.
As condições da ação são invenção de uma teoria começada por Liebman que informa
todo o CPC de 1973: a Teoria Eclética da Ação.
Considera que para o exercício regular do direito de ação, é imprescindível o
preenchimento dos requisitos (legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade
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Ocorre que na realidade processual, se constata que o magistrado não consegue analisar
um juízo específico das condições da ação, recaindo, portanto em um juízo de
admissibilidade e um juízo de mérito. Dessa forma, tem-se que as condições da ação ou
seriam questões de admissibilidade ou questões de mérito.
Diante das circunstâncias, duas correntes se formaram:
Todavia, se a ausência de uma das condições da ação for constatada após o início da
fase instrutória, extinguirá o feito com resolução do mérito, julgando improcedente o
pedido.
Como podemos imaginar, os efeitos de tais decisões são absolutamente distintos. Tendo
no primeiro caso a carência da ação, permitindo-se sua propositura novamente, não
sendo apta, tal decisão, a gerar coisa julgada. O oposto ocorre no segundo caso.
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Estaremos diante sentença que soluciona o mérito, apta, portanto, à coisa julgada. Do
mesmo modo, incabível a propositura da ação novamente, devendo o autor
inconformado perseguir a procedência de sua demanda pelas vias recursais.
Parece-nos, de fato que correta seria a aplicação da Teoria da Asserção, inclusive por
privilegiar os princípios da efetividade e da celeridade.
Contudo, verifica-se que com a criação do novo Código de Processo Civil, tal teoria
perdeu a razão de ser.
Levando em conta o fato de que o magistrado realiza dois juízos (de admissibilidade e
mérito), o novo CPC buscou distinguir os elementos integrantes das condições da ação
separando-os em pressupostos processuais (relativos ao juízo de admissibilidade da
ação) e como questão de mérito.
O artigo 17 do NCPC 2015 dispõe: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade”. Assim, o interesse de agir e a legitimidade ad causam começaram a ser
tratados como pressuposto processuais.
Dessa forma, o juiz ao receber a inicial, deve averiguar se encontram ausentes interesse
de agir ou legitimidade ad causam, verificado indeferirá a petição inicial. Nesse sentido:
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
(..)
A possibilidade jurídica do pedido, por sua vez, passou a ser estimada questão de
mérito. De fato, nada mais coerente quando a parte oferece demanda de manifesta
impossibilidade jurídica, por certo não se abordaria de carência da ação, mas sim de
uma verdadeira improcedência do pedido, solucionando, assim, o mérito.
Referências Bibliográficas:
DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I, ed. 11. Ed. Juspodivm.
JÚNIOR, Humberto Theodoro - Curso de Direito Processual Civil Vol. I. 60ª. Rio de
Janeiro: Forense, 2019.
BÜLOW, Oskar Von. La Teoria das Excepciones Procesales y Presupuestos Procesales.
Buenos Aires: EJEA, 1964.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; PELLEGRINI, Ada Grinover; RANGEL, Cândido
Dinamarco. Teoria Geral do Processo. — 30. ed. — São Paulo: Malheiros Editores,
2014, p. 313.
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