Apostila - Cenografia RTV 2012
Apostila - Cenografia RTV 2012
Apostila - Cenografia RTV 2012
Bibliografia recomendada.
1. CAMARGO, Roberto Gill. Função estética da luz, Ed.TCM.
2. CARDOSO, João Batista. A Semiótica do Cenário Televisivo, Annablume/FAPESP
3. CARDODO, João Batista. Cenário Televisivo: linguagens múltiplas fragmentadas.
Annablume/FAPESP.
4. LEITE, A; GUERRA, L. Figurino: uma experiência na televisão.
5. MANTOVANI, Anna. Cenografia, Série Princípios, Editora Ática.
6. MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério.
7. MILLERSON, Gerard. TV Scenic Design. Oxford: Focal Press.
8. NERO, Cyro Del. Cenografia: uma breve visita. Editora Claridade.
9. NERO, Cyro Del. Máquina para os Deuses. SENAC.
10. RATTO, Gianni. Antitratado de Cenografia, ed. Senac.
11. SERRONI, J. C. Espaço Cenográfico News (www.espacocenografico.com.br)
1. A CENOGRAFIA NO TEATRO
O nascimento do teatro ocidental, como Poesia Coral, ocorreu nos Jogos Dionisíacos. Na
Grécia Antiga o povo se localizava em torno das apresentações dos corais, em uma disposição
circular. Esta forma de relação onde o público está em volta da cena é a mais antiga concepção de
cena, e hoje chamamos de Arena. A mudança do espaço cênico se dá a partir do momento que
Téspis retira um dos elementos do coro para representar os personagens referidos na poesia.
Para que o corista trocasse de máscaras e indumentária para representar os vários personagens
foi construída uma barraca (skene) ao lado do espaço de representação. Com isso, o público foi
retirado de uma das tangentes da arena para que fosse instalada a Skene. Com a cena de fundo,
a arquibancada, também circular, nós temos a forma clássica do teatro grego, Semi-Arena, estava
inventado o teatro do Ocidente.
A Skene pintada deu origem a skenographia. As unidades de ação, lugar e tempo da
tragédia grega simplificaram muito o problema da cenografia, uma única pintura, como cenário,
representava todas as cenas. Não havia unidade estilística entre o pano de fundo e os objetos
construídos. Para a grande trilogia de Orestes (458 a.C.) Ésquilo exigiu que os pavilhões e os
objetos se integrassem unitariamente. O cenógrafo foi Agatarco de Samos.
Com o tempo, amplos teatros foram construídos de forma semicircular e planejados para
que não apresentassem problemas de acústica e visibilidade. As arquibancadas eram escavadas
nas encostas das colinas a céu aberto. No teatro grego a cenografia era constituída pela grande
parede de três portas que ficava no fundo do palco dando respaldo a ressonância a ação verbal
dos atores, cujo movimento básico era paralelo a ela. Elementos pintados – além dos próprios
periáctos – só estavam presentes quanto necessários à clara compreensão da ação. Também a
maquinaria, cuja tecnologia veio dos navios, somente era utilizada para situações específicas e
não para enganar ou surpreender o público.
Em Roma (séc. I a.C.) o anfiteatro, que é utilizado para disputas de lutas, é anexado ao
teatro. Com o crescimento do interesse do público pelos espetáculos nos anfiteatros, o teatro
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acaba perdendo audiência. O edifício teatral romano irá sofrer importantes modificações que irão
determinar a forma do teatro renascentista, que permanece até hoje. Ao contrário do teatro grego
que aproveitava as encostas das montanhas para escavar as arquibancadas, o teatro romano é
erguido no plano, com grandes muros. A relação do espaço entre a representação e o público
também muda. Separados agora por uma cortina e pela elevação do palco. O teatro romano se
espalha pela Península Ibérica (Espanha) e Oriente Médio (Turquia).
Na Idade Média (séc. V a séc. XIV) O prédio teatral desaparece. O teatro vai para o interior
das igrejas como forma de doutrinação, confundindo-se com a liturgia. Quando o espetáculo sai da
igreja, devido ao pouco espaço, o povo e o espetáculo se organizavam em percursos que, partindo
da idéia da via-crúcis, estruturam uma série de estações dramáticas de nível piedoso e educativo,
tudo motivado pela fé do povo. O ritual (“milagres” e “mistérios”) exige estrados de até 50 metros
de comprimento e mais 20 de profundidade, esse espaço era para atingir toda população da
época. O espaço ideal para conter esse tipo de montagem era a rua ou a praça. Os espectadores
podiam movimentar-se de um local de ação para outro, assistindo à seqüência das cenas à
medida que alteravam a própria posição.
A volta das construções de prédios teatrais acontece nos séculos XIV e XV, com o Curralito,
na Espanha, e o Elisabetano, na Inglaterra. Shakespeare apresentou ao mundo suas obras no
espaço Elisabetano. Antes das construções dos teatros, os espetáculos aconteciam nos salões
dos palácios. Revivido o teatro clássico grego, novamente, um só cenário prestava-se a todos os
diálogos. As perspectivas sucessivas tiveram o objetivo de alargar ilusoriamente a dependência do
palácio escolhida como cenário. Bramante criou o cenário em perspectiva, técnica esta que foi
apropriada das artes pictóricas do renascimento. A ópera explora ao máximo a perspectiva em
cenários com ambientes extremamente detalhados em pinturas de telões.
No renascentismo o palco foi ampliado, contando com um leve declive (para a visualização
da pintura em perspectiva), que hoje não existe mais (mas ainda são usadas as terminologias
“Alto” e “Baixo”). A platéia ficou em um nível mais baixo. A arquibancada sobe na vertical, em
andares, constituindo-se em camarotes. A cena ocupa o Palco que tem um avanço, Proscênio
(que já havia aparecido na Grécia).
A concepção que hoje chamamos de Palco Italiano, faz defrontar o espaço da
representação com o espaço do público que ficam distantes, separados pela cortina, proscênio e
fosso de orquestra, pedindo ao público uma atitude apenas contemplativa. A necessidade de ser
visto determinou a forma da maioria dos teatros. A luz na platéia era mantida acesa.
A luz elétrica muda todo o contexto da elaboração cenográfica. Em 1876, no momento em
que triunfa uma estética teatral fundada sobre a falsa-semelhança e o virtuosismo técnico, Richard
Wagner mergulha a sala no escuro (Festival de Bayreuth). Esta reforma que esperaria quatro
séculos (desde que o teatro passou para as salas fechadas da renascença) é pouco a pouco
adotada em toda a Europa. Quando Wagner separa a platéia do espetáculo, a ribalta torna-se uma
fronteira reforçando a ação restritiva do quadro cênico. A extinção da sala correspondia a um
desejo do ilusionismo. O teatro deixa de ser um imenso salão da sociedade burguesa ao deixar de
exibir a platéia.
A cenografia no plano interpretativo tem seu ponto de partida em Craig e Appia. O suíço
Adolphe Appia foi o primeiro a trabalhar a questão da iluminação elétrica e um dos principais
representantes da corrente simbolista, propondo um teatro de atmosfera e sugestão, onde a luz
desempenha um papel fundamental. O diretor e cenógrafo inglês Edward Gordon Craig, da linha
antinaturalista e a favor de um teatro simbólico e atmosférico, valorizava os gestos simbólicos, a
não imitação da natureza. Buscava a harmonia perfeita entre texto, cenário, ator, indumentária e
luz. Craig idealiza uma cenografia composta de sistemas não figurativos de formas e volumes, no
qual a iluminação contribui para multiplicar ainda mais as possibilidades de transformação da
imagem cênica. A preocupação dos artistas em relação ao espaço se identifica num jogo de
volumes e de planos onde a tridimensionalidade não é mais fictícia (como a cenografia operística),
mas concreta, aceitando todo tipo de movimento e de composição das personagens, recebendo e
aceitando luz como elemento que complementa dramaticamente a concepção do espetáculo.
O oitocentocentismo também é marcado pelo academicismo (Théâtre Libre, 1887) que
busca o realismo fotográfico até as primeiras duas décadas do séc. XX. Retratar objetivamente e
descrever exatamente os fatos, são os objetivos do artista naturalista. André Antoine chegou a
colocar em cena, para um espetáculo que apresentava um texto de Zola, um boi de verdade
esquartejado.
Em meados do século XX o teatro à italiana é questionado, surgem novas propostas que se
multiplicam: Antonin Artaud (Teatro da Crueldade; O teatro e seu duplo) sistematiza a bases do
que considera um teatro novo, em que tudo se espetaculariza, figurinos, cenários, gestos, etc.;
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Stanislavsky propõe um teatro que tenha alguma unidade, que diga alguma coisa, que apresente
uma coerência fundamental. Este teatro é, portanto, adequado ao drama psicológico, mas não à
formulação surrealista do teatro que se desenvolveria a partir de Artaud, onde se perdem a
coerência e a verossimilhança, menos ainda com o teatro de Brecht, que propõe um sujeito
totalmente novo; Brecht se opõe totalmente ao Aristotelismo, propondo o distanciamento do
espectador em relação ao palco. Para Brecht o palco se transforma em tribuna. É um teatro de
forte coloração marxista, didático; Piscator acredita que o teatro tem uma missão revolucionária,
mostrar a luta de classes, o espetáculo deve ser pedagógico. Para um novo teatro uma nova
cenografia. Tudo está em função do objetivo final, todos os elementos são determinados em
função da compreensão do público. Piscator vê uma relação entre revolução técnica e social, e
evoluciona a cenografia incluindo projeção cinematográfica. O cenário, ao mesmo tempo em que é
um elemento dramático, mostra uma situação social, ensina, tem uma função didática. Piscator
propõe, junto com Walter Gropius (1926), o Teatro Total; Grotowski (Em busca de um teatro
pobre) impõe o conceito de interferência no espaço, onde público e atores dividem o mesmo
espaço; Peter Brook interfere na arquitetura cênica também. A cada montagem, obriga o edifício a
passar por reformas e adaptações. A partir dos anos 60 temos a fragmentação do teatro. O teatro
contemporâneo é livre. O edifício teatral, de uma forma ou de outra, no entanto, não tende ao
desaparecimento.
1. O CENÁRIO
Cenografia é o conjunto de manifestações visuais que se correlacionam de forma
organizada em um determinado espaço cênico (as luzes, com suas cores, movimentos,
intensidades etc.; o corpo dos atores, com seus gestos, expressões, movimentos etc.; a
indumentária, os adereços, a maquiagem etc.; a topologia do espaço cênico, delimitada por
cortinas, objetos, cenários, luzes, movimentos dos atores etc.; os elementos de configuração do
cenário, como as estruturas arquitetônicas, os mobiliários, as pinturas, as projeções etc.), que, na
articulação sincrética estabelecida com os outros códigos da encenação (sonoros: nas músicas,
cantos, falas dos atores, ruídos etc.; e verbais: no texto oral ou na escrita), possibilita ao
espetáculo transmitir uma mensagem.
Para Clóvis Garcia, “Cenografia é o tratamento do espaço cênico. O cenário é o que se
coloca nesse espaço”. Nesse sentido, o cenário é um elemento de composição da cenografia,
uma representação plástica que delimita o espaço de encenação, compondo, com os outros
elementos cenográficos, o espaço cênico. Dessa forma, esse elemento, quando somado aos
demais signos cenográficos, aos signos verbais e aos sonoros, participa da encenação como
elemento significante. Para Décio Pignatari, o cenário é um signo que “participa também da ação
narrativa, que não é apenas algo externo a ação, decorativamente, mas que se identifica até com
o estado psicológico das personagens ou o ambiente da cena”.
Funções do cenário:
(1) cooperar com a configuração do espaço cênico;
(2) representar os espaços e tempos específicos onde se encontram as personagens
e/ou apresentadores;
(3) auxiliar na evolução do ator/apresentador em cena;
(4) atuar como elemento de significação que, na articulação sincrética com os outros
elementos da cena, transmite ao telespectador uma mensagem.
2. O ESPAÇO DO CENÁRIO
Qualquer encenação encontra-se em algum tempo (passado, presente ou futuro),
determinado ou não, e em algum espaço:
(1) com limites físicos definidos: uma cidade, uma rua, uma casa, uma sala etc.;
(2) existente no mundo externo: localizado em um determinado país, região etc.;
(3) fictício, que existe tão-somente na imaginação: um planeta desconhecido etc.;
(4) em algum espaço abstrato, indefinido: o interior de uma mente, do coração etc.
O cenário é um dos elementos que irá configurar o espaço em que se move o ator e o
espaço/tempo em que ocorre a narrativa. Através da configuração do espaço cênico o cenário
deve auxiliar o trabalho do ator, tanto em sua fala como em seus gestos e movimentos corpóreos.
Com isso, será também responsável pela inserção das personagens no espaço e tempo do texto.
Com relação à sua função como elemento significante, a questão principal é que o cenário deve
comunicar alguma coisa específica, que esteja imbricada entre as falas do texto, ou seja, alguma
coisa que todos os outros elementos da cena buscam comunicar.
Independente da sua forma de representação, independente de seu papel dentro da
encenação, independente do sistema onde esteja inserido, a partir do momento em que faça parte
de uma cena, essa forma de representação deve ser reconhecida como cenário.
Apesar de a ficção construir sua própria realidade, isto não exclui a possibilidade de a ficção
audiovisual recorrer com freqüência a elementos externos (pessoas, objetos, fatos). O mesmo
ocorre no sentido inverso. A partir dos campos de referências interno e externo, podemos agrupar
o cenário televisivo em dois tipos específicos:
(1) como Espaços Naturais – interiores de edificações ou paisagens urbanas, rurais,
litorâneas etc., que existem independentemente da produção televisiva –, chamados de
locações;
(2) Espaços Construídos – ambiente construído especialmente para ser espaço de uma
determinada encenação –, na maioria das vezes em estúdios e cidades cenográficas.
Podemos encontrar, tanto em cenários que fazem uso de espaços naturais como em
cenários que fazem uso de espaços construídos, a autorreferencialidade (que remete a si mesmo)
e heterorreferencialidade (que remete ao mundo natural). Ou seja, um salão de baile em uma
minissérie, construída em um estúdio de televisão, apenas com três paredes e sem teto, com
portas, janelas e escadas falsas, pode remeter a algum salão existente, ou que tenha existido,
como pode encerrar-se em sua própria existência.
4. NATURALISMO E SIMBOLISMO
1. Cenário Realista (naturalista): Cenário construído com todos os elementos como
eles realmente são. Ao lado de uma cuidadosa execução acadêmica, pode estar uma
total ausência de criatividade;
2. Cenário Sugestivo (simbolista): Delineamento pictórico relativamente abstrato,
objetos simbólicos. O jogo de luz desempenha papel relevante. A proposta visual da
encenação deve sugerir e não impor, abrindo espaço para a criatividade de quem está
assistindo.
7. TIPOLOGIAS E TOPOLOGIAS
Tipologias cenográficas - o agrupamento de características semelhantes entre
cenografias de diferentes eventos;
Topologia – delineação do espaço físico.
A partir dos conceitos de quadro, cena e plano, e em especial, a partir da divisão dos planos
em distintos enquadramentos, é que podemos passar a pensar no cenário como elemento de
significação do texto televisivo.
Cada enquadramento televisual, como representação bidimensional, se apresenta “na sua
forma mais elementar pela relação figura-fundo” (Arnheim). Essa relação se caracteriza pelo
agrupamento de dois planos distintos. A figura, em sua forma limitada, se encontra, a princípio, em
frente a um fundo, que tem sua forma ilimitada confinada por uma borda (gestalt).
Segundo Arnheim, Edgar Rubin descobriu que “a superfície limitada circundada tende a ser
vista como figura, a circundante, ilimitada, como fundo”. Outro aspecto que, para Rubin, leva a
percepção a considerar duas formas como sendo uma figura e outra fundo, é a divisão do espaço
em topologias horizontais. Nesse caso, a parte inferior tende sempre a ser vista como figura.
- No entanto, a relação entre as partes de uma representação não se encontra estática, imutável.
Em especial nas imagens em movimento, como é o caso da imagem televisual, uma determinada
figura pode passar a assumir a função de fundo, assim como um fundo pode assumir o posto de
figura. Esse intercâmbio de posições se deve em grande parte ao movimento. O mesmo
movimento que irá determinar, em um primeiro momento, a posição da figura e do fundo no
espaço. Nessa relação, o cenário ocupará, na maior parte das vezes, a posição de fundo. A figura,
por sua vez, se apresentará como uma pessoa – ator, apresentador, convidado, entrevistado,
entrevistador etc. –, como animais, objetos ou, até mesmo, partes do cenário. E cabe a esse
cenário, como fundo, valorizar a figura, fazer com que o telespectador consiga segregar as partes
da imagem e fixar a vista em único ponto.
2. ESTRUTURA DA REPRESENTAÇÃO
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A forma pode ser definida como a figura ou a imagem visível na composição. Tudo o que se
vê possui forma. As formas podem ser apresentadas nos seguintes tipos:
a. figurativas: estão no nível da denotação, representam algo que pode ser
nomeado. Podem ser apresentadas em níveis distintos, que vão do realismo máximo
a simplificação do real, estilização.
b. geométricas: as formas básicas são o quadrado, o círculo e o triângulo. Cada uma
das formas geométricas está potencialmente preparada para estimular determinadas
sensações: triângulos e retângulos tendem a passar estabilidade e segurança; os
círculos, imensidão e continuidade; a elipse, delicadeza e movimento. Servem como
estrutura para os grids de composição, atuando como esqueleto sobre os quais se
constroem os leiautes.
c. abstratas: diferente das formas figurativas, que representam algum elemento
externo, ou das geométricas, que são gerais, as formas abstratas são não-
identificáveis, não-representativas, não-definíveis, e, na maioria das vezes, se
apresentam como um fundo que busca tão-somente valorizar a figura.
d. simbólicas: podem ser formas figurativas, geométricas ou abstratas. Por meio de
convenções, as forma simbólicas estabelecem relações de significado a partir da
relação com os outros elementos da composição (título, texto, contexto, cores etc.),
gerando um novo sentido para a forma que não se limita a denotação.
IV – ILUMINAÇÃO E COR
V – FIGURINO
VI - A TELA VIDEOGRÁFICA
Tratando primeiro de sua forma de apresentação, devemos considerar que a representação
videográfica trata-se, na realidade, de uma imagem iridescente, composta, simplesmente, por
pontos luz (pixels) que se distribuem na tela em 525 linhas, no caso da TV analógica. Apesar do
crescimento na venda de monitores com novas tecnologias, a maior parte dos aparelhos de TV
ainda está equipada com monitores baseados em tubo de raios catódicos (CRT, cathode ray tube).
Com uma estrutura como essa, muitos acreditam que a imagem televisiva está capacitada apenas
para aceitar pouca quantidade de informação.
Ainda que a natureza da malha eletrônica “chape” a imagem e “reduza as qualidades do
cenário”, algumas experiências feitas nos últimos anos têm colocado em dúvida certas crenças,
como as que se referem à limitação no uso de determinadas textura, materiais e padrões de
tecidos, assim como no uso de determinados tons ou movimentos. Os novos processos de
captação, transmissão e recepção da imagem, onde se incluem o sistema digital e as telas de alta
resolução, somados à aceitação dos efeitos naturais causados pela retícula eletrônica, como o
moiré, trouxeram para nossa tela as texturas extremamente detalhadas, as cores saturadas e
contrastantes, os xadrezes, as listras etc.
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Outro aspecto que deve ser considerado na imagem videográfica diz respeito à dimensão.
“A dimensão existe no mundo real. Não só podemos senti-la, mas também vê-la, com o auxílio de
nossa visão estereóptica e binocular. Mas em nenhuma das representações bidimensionais da
realidade, como o desenho, a pintura, a fotografia, o cinema e a televisão, existe uma dimensão
real; ela é apenas implícita” (DONDIS).
A representação de um espaço tridimensional – como o espaço cenográfico – em uma
imagem bidimensional – como a imagem impressa na tela da televisão – depende da ilusão. Ainda
que muitos pensem de modo contrário, as figuras “chapadas” podem ser percebidas
tridimensionalmente tanto quanto uma figura naturalmente tridimensional.
Tratando especificamente das imagens tridimensionais, Arnheim afirma: “Os objetos podem
participar da terceira dimensão de dois modos: afastando-se por inclinação do plano frontal e
adquirindo volume ou rotundidade”. Esses modos de se obter o efeito de tridimensionalidade, na
superfície plana, são possíveis através de algumas técnicas amplamente utilizadas na produção
televisual. Entre essas técnicas, estão: a perspectiva de campo, os contrastes de escalas, as
variações tonais de claros e escuros e os efeitos de luzes e sombras. O emprego dessas técnicas
na captação e manipulação da imagem televisual faz com que os planos se separem em
profundidade. As formas são segregadas.
Projeto
Para o desenvolvimento de projetos tridimensionais, são necessários alguns
conhecimentos:
1. Visão espacial.
2. Habilidade para visualizar escalas.
3. Habilidade para desenho em perspectiva.
4. Conhecimento de técnicas de perspectiva.
5. Conhecimento de escala técnica.
6. Conhecimento de projeto (PB / elevações / detalhamento).
7. Conhecimento de materiais (texturas / resistências).