AOO EOO Flora Manual Operacional CNCFlora

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MANUAL OPERACIONAL

Avaliação de Risco de Extinção


das Espécies da Flora Brasileira
PREFÁCIO

O Brasil ocupa posição de destaque dentre os países megabiodi-


versos. Possui alguns dos biomas mais ricos do planeta e conta
com a mais diversa flora mundial. Apesar de possuir uma legis-
lação ambiental bastante abrangente, medidas efetivas voltadas
para a conservação de sua riqueza biológica só ficaram evidentes
em 1965 por meio da Lei no 4.771, que institui o novo Código Flo-
restal. Em seguida, através da Lei no 6.938, de 1981, que dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanis-
mos de formulação e aplicação. Em 1973, o Brasil participa da
Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora
e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção – CITES, a qual estipula
a cooperação internacional para a proteção dessas espécies con-
tra a excessiva exploração pelo comércio internacional, e assume
seu compromisso através do Decreto no 54, de 1975, promulgada
pelo Decreto no 92.446, de 1986. Em 1988, a Constituição con-
solida o processo legal de proteção ao meio ambiente por meio do
Art. 225, que estipula ao Estado e à sociedade a garantia de um
meio ambiente ecologicamente equilibrado, uma vez que se trata
de um bem de uso comum do povo, que deve ser preservado e
mantido para as presentes e futuras gerações.

No ano de 1992, o Brasil sedia a 2ª Conferência das Nações Uni-


das sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que resultou, en-
tre outros acordos, na Convenção sobre a Diversidade Biológica
(CDB), ratificada pelo Decreto Legislativo no 2, de 1994, e pro-
mulgada pelo Decreto no 2.519, de 1998, na qual o país assumiu
perante a comunidade internacional uma série de compromissos
para 2010. Dentre os principais instrumentos legislativos brasileiros
norteadores da CDB estão o Decreto nº 1.354, de 1994, que cria o
Programa Nacional da Diversidade Biológica – PRONABIO; o De-
creto no 4.339, de 2002, que institui a implementação da Política
Nacional da Biodiversidade; e o Decreto no 4.703, de 2003, que
dispõe sobre a Comissão Nacional da Biodiversidade – CONABIO.
Além destes, a Lei 9.985, de 2000, que institui o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (SNUC) e o Decreto nº 5.092, de
2004, que define regras para a identificação de Áreas Prioritárias
para Conservação.

Dentre os programas estabelecidos pela CDB, destaca-se a Estra-


tégia Global para a Conservação de Plantas (GSPC), da qual o Bra-
sil é signatário, que estabelece metas específicas para um período
de dez anos e possui o objetivo de frear a perda de diversidade de
espécies vegetais em nível global. A GSPC foi atualizada na reunião
da Convenção de Diversidade Biológica em Nagoya, 2010 (CBD
– COP10), na qual uma emenda foi aprovada pelos governos de
todos os países participantes, incluindo o Brasil, para o período de
2011 a 2020, contendo 16 metas a serem alcançadas.

Com o intuito de atingir as metas 1 e 2 do programa Estratégia


Global para a Conservação de Plantas (GSPC), as quais tratam
da (1) elaboração do portal “Flora on-line das plantas conhecidas”
e da (2) “Avaliação do estado de conservação das espécies de
plantas conhecidas para orientar, até onde for possível, ações de
conservação”, o Governo Federal, junto ao Ministério do Meio Am-
biente, designa o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Instrução
Normativa no 6, de 2008) para coordenar a elaboração e a revi-
são da Lista Oficial das Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira,
por meio do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora)
(Portaria MMA no 401, de 2009).

Atendendo à demanda do MMA, o CNCFlora vem mediante este O Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil (versão impressa)
contém um total de 40.982 espécies e foi elaborado com o
documento descrever o processo de elaboração da Lista Oficial
objetivo de facilitar o consenso e a sinergia nos níveis global,
das Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira. nacional, regional e local a fim de impulsionar o conhecimen-
to e a conservação de plantas, e atingir a primeira meta da
Estratégia Global para Conservação das Plantas (GSPC). A
Lista da Flora do Brasil (versão on-line) contém um total de
40.982 espécies da flora brasileira, sendo 3.608 de Fungos,
3.495 de Algas, 1.521 de Briófitas, 1.176 de Pteridófitas, 26
de Gimnospermas e 31.156 de Angiospermas. Os dados
são dinâmicos e atualizados periodicamente possibilitando a
inclusão de novas espécies e mudanças taxonômicas.
SUMÁRIO

1. Introdução
1.1. Estudos e pesquisas sobre a flora brasileira, 9
1.2. O JBRJ e o esforço de coleta, 11
1.3. A IUCN e as Listas Vermelhas de espécies, 12
1.4. Categorias IUCN de ameaça, 14
1.5. A Conservação da Flora no Brasil, 18
1.6. Espécies ameaçadas em Unidades de Conservação, 21

2. Metas Globais e o CNCFlora


2.1. Estratégia Global para Conservação de Plantas, 25
2.2. Metas Nacionais, 28

3. Questões Norteadoras
3.1. Reuniões técnicas, 31

4. Objetivos e Metodologia
4.1. Elaboração da lista de espécies a serem avaliadas, 37
4.2. Sistema de Informações Sobre Biodiversidade da Flora, 40
4.3. Módulo I: Consolidação e Análise, 42
4.4. Módulo II: Avaliação de risco, 55
4.5. Revisão pós-avaliação, 56

5. Resultados Esperados e Perspectivas, 59

6. Bibliografia, 60

Apêndice I, 63

6
1. INTRODUÇÃO

1.1. Estudos e pesquisas sobre a flora brasileira

O interesse pela flora do Brasil existe desde o século XVI, e se


intensificou quando os botânicos europeus passaram a visitar o
país, do século XVII ao XIX, para estudar as paisagens e a flora bra-
sileira. Com isso, muitas coleções foram depositadas em herbários
europeus. No Brasil, estudos taxonômicos e florísticos começaram
em 1808 com a criação do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Mas foi Carl F. P. von Martius que, em companhia de Endlicher, Ei-
chler e Urban, editou a Flora Brasiliensis, entre 1840 e 1906. Esse
trabalho incluiu 22.767 espécies de plantas (Daly; Prance, 1989),
das quais 5.939 eram novas para a ciência. Apesar do Herbário
e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro existirem desde 1890, a
botânica taxonômica só se estabeleceu no Brasil a partir de 1970
(Giulietti et al., 2005).

Finalmente, em 2010, a comunidade botânica do Brasil lançou uma


versão on-line http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/ e impressa da
Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2010). Segundo a
Lista, já atualizada para a versão 2012 (Forzza et al., 2012), são
reconhecidas atualmente 42.898 espécies, sendo 4.422 de Fun-
gos, 4.144 de Algas, 1.527 de Briófitas, 1.199 de Pteridófitas, 26
de Gimnospermas e 31.580 de Angiospermas. Estes dados são
continuamente atualizados, mas, devido ao baixo esforço de cole-
ta em algumas áreas onde a flora é pouco conhecida, os números
estão propensos a aumentar.

Os resultados apresentados por Forzza et al. (2012) corroboram


estimativas anteriores que já apontavam a flora do Brasil (Mitter-
meier et al., 1997; Giulietti et al., 2005) como uma das mais ricas,
com cerca de 15% de todas as espécies do mundo.

8 9
O Esforço de coletaS BOTÂNICAS NO BRASIL 1.2. O JBRJ e o esforço de coleta

Ricardo Avancini FERNANDES, Miguel de MORAES, O Jardim Botânico do Rio de Janeiro coordenou esforços para a
Thiago Serrano PENEDO, Gustavo MARTINELLI elaboração da Lista de Espécies da Flora do Brasil. Em setem-
bro de 2008 foi realizado um encontro no Jardim Botânico, que
contou com a participação de 17 taxonomistas de diferentes ins-
Um estudo realizado pelo CNCFlora em 2010 revelou que apesar da pesquisa da flora
tituições de todo o país. Nesta reunião, foi estabelecido o comitê
do Brasil ter se intensificado nas últimas décadas, a falta de informatização das coleções
organizador, os coordenadores de cada grupo taxonômico e as
botânicas, dificulta avaliações mais consistentes sobre o esforço de coleta empregado
informações que deveriam ser disponibilizadas para cada táxon.
nacionalmente, assim como identificar as lacunas do conhecimento sobre a flora. Es-
O primeiro passo consistiu na integração de listas já publicadas
timativas apontam que os herbários brasileiros possuem um acervo de cerca de seis
ou disponibilizadas por especialistas nos diferentes grupos. Todos
milhões de exemplares, depositados em diferentes coleções. Segundo Giulietti (2005)
estes dados foram migrados para dentro de um sistema desenvol-
e Shepherd (2003), no Brasil, foram realizadas 0,44 coletas/km2, e sugerem que seja
vido pelo CRIA (Centro de Referência de Informação Ambiental).
necessária ao menos 1 coleta/km2 para o desenvolvimento de uma flora regional.
Ao final da migração cada especialista recebeu uma senha para
O levantamento realizado pelo CNCFlora reuniu dados biológicos digitalizados disponí- que pudesse, on-line, incluir novos dados ou corrigir aqueles já
veis na base SpeciesLink (com cerca de 2 milhões de registros de coletas provenientes existentes no sistema. Para que fosse possível atingir a meta da
de 42 coleções botânicas), e considerou para as análises aproximadamente 1,5 milhões Estratégia Global para a Conservação de Plantas (GSPC), assim
de registros, devidamente georreferenciados. como realizar o sonho da comunidade botânica do Brasil, foi pre-
ciso um grande esforço coletivo. Durante o ano de 2009 mais de
Os resultados revelaram que esforço de coleta no Brasil é relativamente baixo (0,18 400 taxonomistas trabalharam em uma base de dados única para
coletas/Km²) e distante do esforço necessário para o desenvolvimento de uma flora re- gerar os resultados apresentados.
gional (1 coleta/Km²). De modo geral, o bioma Mata Atlântica e Caatinga estão melhores
representados nas coleções digitalizadas e disponíveis do que os biomas Amazônia,
Pampa e Pantanal e Cerrado. A distribuição dos valores obtidos sugere que a média de
coletas/km2 não é um bom parâmetro descritivo para o esforço de coletas botânicas no
Brasil, devido à heterogeneidade do esforço de coleta expressa pelo alto coeficiente de
variação.

Herbários mais significativos em número de registros digitalizados e disponíveis

10 11
1.3. A IUCN e as Listas Vermelhas de espécies Já para a classificação das categorias Criticamente em perigo,
Em perigo e Vulnerável, são adotados critérios quantitativos (veja
A conservação da biodiversidade é uma preocupação mundial, e Apêndice II). As espécies que se enquadram nessas três últimas
a identificação das espécies que estão em risco de extinção e dos categorias são denominadas, genericamente, de “Ameaçadas”
A União Internacional para
a Conservação da Natureza
fatores que as ameaçam são importantes para a adoção de es- (Baillie et al., 2004), uma vez que possuem riscos diretos de extin-
(IUCN), fundada em 1948, é tratégias conservacionistas (Lins et al., 1997). Um dos instrumen- ção e são as que necessitam de ações imediatas de conservação.
uma rede de Estados, Agências
Governamentais e diversas tos empregados para o conhecimento das espécies ameaçadas
organizações da sociedade civil de extinção e das possíveis causas têm sido as Listas Vermelhas As listas de espécies ameaçadas, ou Listas Vermelhas, indicam
reunidas em uma sociedade
global única. ou RedLists. Funcionando como um inventário do estado de con- quais as espécies estão sob risco de extinção. Podem ser com-
servação das espécies (Baillie et al., 2004), podem direcionar as piladas regionalmente ou nacionalmente, sendo um importante
A Lista Vermelha da IUCN é o
inventário mais completo do pesquisas para medidas de proteção – através da criação de Uni- instrumento de política ambiental por possibilitarem o estabeleci-
estado de conservação das
espécies de animais e plantas
dades de Conservação, por exemplo – e controle do tráfico e co- mento de programas prioritários para a proteção da biodiversida-
em nível mundial. mércio ilegal de plantas. de, fornecendo subsídios para a formulação de políticas de fisca-
Utiliza um conjunto de critérios
para avaliar o risco de extin- lização, criação de unidades de conservação e definição sobre a
ção de milhares de espécies Com o trabalho reconhecido na preservação do meio ambiente, aplicação de recursos técnicos, científicos, humanos e financeiros
e subespécies. Estes critérios
são relevantes para todas as destaca-se a União Internacional para a Conservação da Nature- em estratégias de recuperação das espécies ameaçadas (Prima-
espécies em todas as regiões
za e dos Recursos Naturais (International Union for Conservation ck; Rodrigues, 2001). A nível mundial destaca-se a Lista Vermelha
do mundo.
of Nature - IUCN), cuja ação visa apoiar a investigação científica, de Espécies Ameaçadas da IUCN, a qual constitui um dos inven-
A Lista Vermelha da IUCN é
no sentido de desenvolver e implementar políticas, leis e melhores tários mais detalhados dos recursos biológicos do planeta e seu
reconhecida como o guia de
maior autoridade sobre o es- práticas relacionadas ao meio ambiente (IUCN, 2010). No ano de atual estado de conservação.
tado de diversidade biológica.
Arturo Mora 1994, a IUCN padronizou critérios e categorias a serem utilizados
para a sistematização do estado de conservação de espécies e Para a composição das Listas Vermelhas são necessárias a com-

para a criação de Listas Vermelhas (Nascimento; Magalhães, 1998). pilação e sistematização de dados de pesquisas científicas sobre
as espécies, que subsidiarão as avaliações de risco de extinção.

A adoção das categorias e critérios da IUCN visa alcançar uma pa-


dronização mundial entre as várias listas de espécies ameaçadas De modo resumido, podemos dizer que esses dados dizem res-

de extinção existentes, uma vez que são adotadas em diversos peito à situação populacional das espécies em seu habitat natural

países do mundo. Além disso, essas categorias e critérios são o e o estado de conservação desses ambientes. A perda de porções

resultado de amplas discussões e frequentes reavaliações por par- do habitat ocupado por uma dada espécie pode significar um fator

te da própria IUCN e da comunidade científica ligada à Comissão de ameaça à sua sobrevivência e, quanto mais restrito esse habitat

de Sobrevivência de Espécies da IUCN (SSC). ou maior for a relação da espécie com o habitat, maior o risco para
a espécie. Os critérios de avaliação do risco de extinção levam em

A IUCN (2001) considera nove categorias de avaliação de táxons: conta escalas temporais, espaciais, número de indivíduos, assim

Extinta, Extinta na natureza, Criticamente em perigo, Em perigo, como a incidência de ameaças sobre a espécie, por isso também

Vulnerável, Quase ameaçada, Menos preocupante, Deficiente de exigem a reunião de dados históricos sobre as mesmas. Assim, a

dados e Não avaliada (veja definições no Apêndice I). Todas as revisão regular das Listas Vermelhas é uma importante medida a

espécies podem ser classificadas em uma dessas categorias. ser incorporada pelos países e estados, pois permite a análise de
dados atualizados.

12 13
As listas também têm o papel de informar e alertar as autoridades,
EX EW CR
os profissionais da área de meio ambiente, os conservacionistas,
e a opinião pública em geral, sobre a crescente dilapidação do extintA (extinct) – extintA na natureza criticamente em
quando não restam (extinct in the wild) perigo (critically
patrimônio genético que se observa hoje em todo o planeta. Quan-
quaisquer dúvidas de – quando um taxon endangered)
do bem elaboradas, elas podem e devem influenciar o desenho que o último indivíduo sobrevive apenas em – quando as melhores
das políticas públicas e privadas de ocupação e uso do solo, a de um táxon morreu. cultivo, cativeiro ou como evidências disponíveis
definição e priorização de estratégias de conservação, o estabe- uma população (ou indicam atender
populações) naturalizada qualquer dos critérios A
lecimento de medidas que visem reverter o quadro de ameaça às
fora de sua área de a E para CR. Espécies
espécies listadas, além de direcionar a criação de programas de distribuição original. que estão enfrentando
pesquisa e formação de profissionais especializados. De outra for- um risco extremamente
elevado de extinção na
ma, se as listas não passarem de documentos que acompanham
natureza.
um processo de perda de espécies não terão cumprido o seu pa-
pel (Biodiversitas, 1997).

1.4. Categorias IUCN de ameaça

EX Extinta

fonte: Eduardo Fernandez


fonte: www.kew.org
EW Extinta na Natureza

CR Criticamente Ameaçada
Campomanesia lundiana Terminalia acuminata Araucaria angustifolia
Myrtaceae Combretaceae Araucariaceae
EN Em perigo ameaçadas Conhecida somente por sua (Jundiaí) (Araucária ou Pinheiro-do-Pa-
coleta tipo no Rio de Janeiro, Ocorria na Mata Atlântica, últi- raná)
em 1825 (WCMC, 1998). ma coleta data de 1942. Exem- A Araucária é uma das espé-
Vulnerável plares cultivados no Jardim Bo- cies madeireiras mais impor-
VU
tânico do Rio de Janeiro (Silva, tantes do Brasil. Além da ex-
1998). ploração madeireira maciça,
ca. 3.400 toneladas por ano
NT quase ameaçada Silva, N. M. F. 1998. Terminalia de sementes são coletadas
acuminata. In: IUCN 2011. para consumo humano. Outra
IUCN Red List of Threatened ameaça é a perda de habitat
Species. Version 2011.2. para o plantio de outras cultu-
LC MENOS PREOCUPANTE <www.iucnredlist.org>. ras agrícolas, como soja e mi-
Acesso em 16 de março, lho (Farjon, 2006).
2012.
DEFICIENTE DE DADOS Farjon, A. 2006. Araucaria
DD
angustifolia. In: IUCN 2011.
IUCN Red List of Threatened
Species. Version 2011.2.
NE Não AVALIADA <www.iucnredlist.org>.
Acesso em 16 de março,
2012.

14 15
EN VU NT LC DD NE

Em Perigo Vulnerável Quase Ameaçada Menos preocupante Deficiente de Dados Não AvALIADA
(endangered) (vulnerable) (near threatened (least concern) (data deficient) (not evaluated)
– quando as melhores – quando as melhores – espécies que no – espécies que no momen- – espécies que não possuem – quando ainda não
evidências disponíveis evidências disponíveis momento não se to não se qualificam como informações suficientes passou pelo processo
indicam atender a indicam atender a qualificam como Ameaçadas. São incluídas para sua categorização de de avaliação do risco de
qualquer dos critérios qualquer dos critérios Ameaçadas, mas nesta categoria espécies risco de extinção baseada extinção. Espécies que
A a E para EN. São A a E para VU. São estão perto ou abundantes e amplamente na distribuição e/ou status podem ou não estar sob
espécies que enfrentam espécies que enfrentam susceptíveis de serem distribuídas. populacional. Uma espécie risco de extinção e, portanto
um risco muito elevado um risco de extinção qualificadas em uma nesta categoria pode ser bem precisam passar pela etapa
de extinção na natureza. elevado na natureza. categoria de ameaça estudada, mas com deficiência de compilação e análise de
num futuro próximo. nos dados de abundância e/ou dados necessários para que
distribuição. a avaliação possa ser feita.
fonte: Barbosa et al., 2007

fonte: Lopes (2010)


fonte: Giehl (2008)
Aniba roseodora Dalbergia nigra Ilex paraguariensis Syagrus pseudococos Eugenia oxyoentophylla Prepusa connata Gardner
Lauraceae Fabaceae Aquifoliaceae Arecaceae Myrtaceae Gentianaceae
(Pau-rosa) (Jacarandá-da-Bahia) (Erva-mate) (coco-amargoso, peririma) Não constitui uma categoria de Esta espécie possui distribui-
Esta espécie foi amplamente O Jacarndá-da-Bahia foi As folhas têm sido usadas Endêmica de Mata Atlântica, ameaça, mas informa que são ção extremamente restrita e
explorada para a extração do intensamente explorado pela durante séculos para fazer esta palmeira é encontrada necessários mais dados e que sofre com incêndios recor-
seu óleo essencial para a qualidade de sua madeira para uma bebida estimulante. ao nível do mar no sul do se reconhece que investiga- rentes. Além disso, a falta de
indústria de perfumes (como a fabricação de móveis e para Acredita-se que as taxas de país, e somente nas monta- ções futuras poderão mostrar fiscalização acaba contribuin-
o Chanel no 05), resultando a construção (Varty, 1998). exploração, em algumas áreas, nhas de até 900 m, ao norte. que uma classificação de do para a incidência de outras
na derrubada de milhões de podem ter causado um declí- Desenvolve-se em solos de ameaça seja apropriada. ameaças como pisoteio por
árvores (Homma, 2005). Varty, N. 1998. Dalbergia nigra. nio significativo nos números boa qualidade e também em animais domésticos, coleta
In: IUCN 2011. IUCN Red List populacionais (WCMC, 1998). afloramentos rochosos, em ilegal para fins ornamentais,
of Threatened Species. encostas íngremes com menor entre outras. Se não forem
Version 2011.2. World Conservation Monitoring valor agrícola tomadas medidas para
<www.iucnredlist.org>. Centre 1998. Ilex paraguarien- (Noblick, 1998). neutralizar o impacto dessas
Acesso em 16 de março, sis. In: IUCN 2011. ameaças Prepusa connata
2012. IUCN Red List of Threatened Noblick, L. 1998. Syagrus pode em um futuro próximo
Species. Version 2011.2. pseudococos. In: IUCN 2011. se extinguir na natureza. Sua a
<www.iucnredlist.org>. IUCN Red List of Threatened avaliação do risco de extinção
Acesso em 16 de março, Species. Version 2011.2. é o primeiro passo para que
2012. <www.iucnredlist.org>. ações de conservação sejam
Acesso em 16 de março, implementadas.
2012.
Avaliações realizadas entre 1998 e 2006 pela IUCN disponíveis em:
IUCN Red List of Threatened Species. Version 2011.2. <www.iucnredlist.org>.

16 17
1.5. A Conservação da Flora no Brasil Historicamente, no Brasil, as listagens oficiais de espécies em risco
de extinção foram elaboradas através de convênios entre organi-
O Regimento do Pau-Brasil, A adoção e regulamentação de processos legais relacionados à zações não governamentais e o governo. A primeira delas foi pu-
promulgado em 1605 por
conservação da flora no Brasil tiveram início ainda no período co- blicada em 1968 a partir do convênio entre o extinto Instituto Bra-
Dom Filipe II, é considerado
a primeira lei de proteção lonial, com a criação de regimentos para proteção de recursos sileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e a Fundação Brasileira
florestal do Brasil.
Eu El-Rei faço saber que
madeireiros que supriam a economia colonial. Dois exemplos em- para a Conservação da Natureza (FBCN). Na segunda lista oficial
(...) hei por bem, e Mando, blemáticos dessa prática em terras brasileiras são o Regimento do de espécies em risco de extinção da flora, o Instituto Brasileiro
que nenhuma pessoa possa
cortar, n em mandar cortar Pau-Brasil, editado em 1605, e a Carta Régia de 13 de março de dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) reconheceu a listagem
o dito páo brasil, por si, ou 1797 (Medeiros, 2006). A partir do século XX, listagens e conven- produzida no Projeto Brasil 3310 pela FBCN, através da Portaria
seus escravos ou Feitores
seus, sem expressa licença, ções para as espécies com risco de extinção e plantas raras foram n° 06-N de 15 de janeiro de 1992. E em 2008, foi publicada pela
ou escrito do Provedor mór
produzidas pela academia científica com o intuito de subsidiar e Instrução Normativa nº 6 do MMA, a terceira lista de espécies da
de Minha Fazenda, de cada
uma das Capitanias, em cujo orientar estes processos. Alguns exemplos desses trabalhos são o flora em risco de extinção, que resultou do convênio entre o IBAMA
destricto estiver a mata, em
Catálogo Sistemático de Plantas Raras, de 1933; Convenção para e a Fundação Biodiversitas (Tabela 1).
que se houver de cortar;
e o que o contrário fizer a Proteção da Flora e da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais
encorrerá em pena de morte
e confiscação de toda sua dos Países da América Latina, assinada em 1940 e promulgada Além da Lista Oficial, existem, atualmente, Listas Regionais, como
fazenda (...) (Souza, 1939). em 1966 (Decreto no 58.054); Convenção para o Comércio In- as Listas de espécies ameaçadas do Pará (Resolução COEMA nº
ternacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagem em Perigo 54, de 2007), Minas Gerais (Deliberação COPAM nº 367, de 2008),
de Extinção (CITES), assinado em 1973 e promulgado em 1975 Espírito Santo (Decreto SEAMA/ES nº 1499-R, de 2005), São Pau-
(Decreto no 76.623). lo (Resolução SMA 48, de 2004), Paraná (POP nº 05, de 2008),
Santa Catarina (Klein, 1990) e Rio Grande do Sul (Decreto estadual

ano listagem familia gênero espécie FZB/RS nº 42.099, 2002).

1933 Catálogo Sistemático de Plantas Raras 7 11 26 No entanto, apesar dos esforços envolvidos, essas iniciativas não
têm um alinhamento nacional de padronização. A Lista Vermelha
Convenção para proteção da Flora, Fauna
1965 6 8 8
e Beleza Cênica dos países americanos do Espírito Santo, por exemplo, foi preparada segundo as catego-
Primeira lista oficial de espécies da flora rias da IUCN versão 3.1 (IUCN, 2001), enquanto a Lista de Santa
1968 7 8 13
e da fauna em risco de extinção (IBDF)
Convenção sobre Comércio Internacio-
1975 3 4 4
nal de Espécies Ameaçadas – CITES

1976 Simpósio Extinction is Forever 3 5 13

1982 Lista Flora I e II publicada pela FEEMA 11 14 15

2ª lista oficial de espécies da flora


1992 29 55 105
em risco de extinção
Lista Oficial de espécies da flora
2008 90 251 472
brasileira ameaçada de extinção

Tabela 1. Os números de famílias, gêneros e espécies ameaçadas de extinção segundo as listagens ou publicações
relevantes para a conservação da flora no Brasil.

18 19
Catarina e do Paraná possuem seu próprio sistema de classifica- 1.6. Espécies ameaçadas em Unidades de Conservação
ção de risco extinção (Klein, 1990; SEMA/GTZ, 1995). Estas ado-
ções de diferentes sistemas de categorização impedem o alinha- Atualmente sabe-se que o nível de ameaça às espécies e aos
mento nacional e avaliam as espécies regionalmente, o que acaba ecossistemas é considerável e crescente. Os impactos ambientais
por não refletir o estado de conservação da espécie no país. diretos (destruição, fragmentação ou distúrbio do habitat; exaus-
tão dos recursos; alteração dos regimes de incêndio; modificação
A Lista Oficial atual (2008) separa as espécies em dois anexos, no regime de águas; contaminação etc.) são resultados de uma
sendo o Anexo I referente às espécies ameaçadas de extinção longa lista de ameaças comuns (desenvolvimento e infraestruturas
(aquelas com alto risco de desaparecimento na natureza em futuro em grande escala; conversão dos usos da terra; energia e mine-
próximo), e o Anexo II refere-se às espécies consideradas com de- ração; ações humanas não-sustentáveis; poluição; urbanização;
ficiência de dados (aquelas cujas informações, como distribuição turismo etc.) que resultam na perda da biodiversidade ao longo de
geográfica, ameaças/impactos e usos, entre outras, são ainda de- toda a região tropical (Brandon et al., 2005).
ficientes, não permitindo enquadrá-las com segurança na condi-
ção de ameaçadas). Dessa forma, somente as espécies do Anexo A maioria das nações do mundo, preocupadas com a conserva-
1 compõem a lista de espécies ameaçadas de extinção e estão ção e manejo dos seus ecossistemas nativos e das espécies que
sujeitas à legislação em vigor (MMA, 2008). neles habitam, vem há muito estabelecendo medidas legais para
proteger ou regular o uso da terra em seus territórios. Dentre os
Os anexos da Lista Oficial causaram algumas discussões entre principais instrumentos regulatórios encontram-se as unidades de
a comunidade científica e o governo, uma vez que foram encon- conservação ou áreas protegidas (Fonseca et al, 2007).
tradas contradições em relação aos documentos usados para
divisão dos anexos. Algumas espécies incluídas no Anexo I não No Brasil, uma importante revisão do sistema de unidades de con- O Sistema Nacional de Unidades
de Conservação é composto pelo
apresentaram informações científicas suficientes, enquanto outras servação teve início em 1988. Mas somente em 2000, depois de
conjunto de unidades de conserva-
486 espécies do Anexo II possuem informações semelhantes às muitos anos de discussões, deliberações e aperfeiçoamento pelo ção distribuídas em doze categorias
de manejo, nas quais cada uma con-
presentes no Anexo I, e poderiam, portanto, constar na Lista Ofi- governo e pelos estudiosos do assunto, o Sistema Nacional de tribui de uma forma específica para a
cial. Ainda, algumas espécies foram incluídas em ambos anexos, Unidades de Conservação (SNUC) foi legalmente estabelecido (Lei conservação dos recursos naturais.
Cada uma dessas categorias se
como Uebelmannia pectinifera Buining e Maytenus rupestris Pirani 9.985, 18 de julho de 2000). diferencia quanto à forma de prote-
& Carvalho-Okano. Outras foram descritas como exclusivas de um ção e usos permitidos. As unidades
de proteção integral precisam de
estado, porém, sua distribuição real alcança uma extensão maior, O SNUC define e regulamenta as categorias de unidades de con- maiores cuidados por sua fragilidade
e particularidades ambientais; já nas
como Diplusodon gracilis Koehne e Hyptis pachyphylla Epling. Ou- servação nas instâncias federal, estadual e municipal, separando-
unidades de uso sustentável, os re-
tro caso é o de Sophronitis fidelensis (Pabst) C. Berg & M.W. Cha- -as em dois grupos: proteção integral, com a conservação da bio- cursos naturais podem ser utilizados
de forma direta e sustentável e, ao
se, que foi recentemente considerada um híbrido natural e não de- diversidade como principal objetivo; e áreas de uso sustentável, mesmo tempo, serem conservados
veria, portanto, constar na lista. Finalmente, foram registrados 51 que permitem várias formas de utilização dos recursos naturais, (MMA, 2011).

táxons na Lista Oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção com a proteção da biodiversidade como um objetivo secundário
que não constam na Lista da Flora do Brasil 2010. (MMA-SNUC, 2000). Elas correspondem aos termos unidades de
conservação de uso indireto (proteção integral) e de uso direto (uso
sustentável) utilizados anteriormente ao SNUC.

20 21
A construção do atual sistema de unidades de conservação do históricos de espécies ameaçadas por grupo taxonômico, grupo
Brasil foi uma grande conquista para o país, considerando que ecológico, região ou centro de endemismo; o número de áreas
existem inúmeras áreas de altíssima importância biológica. No críticas; o número de espécies que têm populações dentro de uni-
entanto, o sistema representa ainda um alicerce muito frágil para dades de conservação ou programas para seu manejo; e o núme-
suportar as pressões sobre a nossa biodiversidade. As limitações ro de grupos taxonômicos que são insuficientemente conhecidos,
ligadas à extensão e representatividade do sistema, aliadas à pro- em termos de sua sistemática ou distribuição geográfica. Esses
gressiva deterioração das áreas protegidas em função de impac- indicadores poderão, então, ser utilizados para revelar informa-
tos externos que não podem ser adequadamente enfrentados pe- ções sobre a intensidade, a evolução e a geografia das ameaças
las agências de governo, juntamente com as pressões de natureza às espécies; a disponibilidade de habitat e a localização de áre-
econômica e social, fazem com que as estratégias para a con- as críticas; a eficiência do sistema de unidades de conservação;
servação da biodiversidade brasileira requeiram desenhos mais a efetividade, as lacunas e a cobertura espacial dos esforços de
complexos e bem amparados cientificamente. Não só a extensão conservação; e o nível de conhecimento sobre a biodiversidade
reduzida do sistema de unidades de conservação impede a pre- em qualquer escala e sobre a ecologia e o manejo de espécies
servação da diversidade biológica a longo prazo, mas a vitalidade ameaçadas (Tabarelli et al., 2005).
do sistema depende também dos padrões de distribuição das áre-
as protegidas ao longo da paisagem (Fonseca et al., 1997). E ain-
da, para a avaliação concreta da efetividade das unidades de con-
servação brasileiras na manutenção da biodiversidade, falta um
elemento fundamental: a análise da representatividade, ou seja, se
essas áreas efetivamente protegem porções quantitativa e qualita-
tivamente significativas dos ecossistemas presentes no país. Isso
também exigirá investimentos focados em pesquisas biogeográfi-
cas sobre espécies ameaçadas e outras tantas com interesse de
conservação (Brandon et al., 2005).

Segundo Tabarelli et al. (2005), as listas de espécies ameaçadas


são, inquestionavelmente, a base das iniciativas para proteger essas
espécies, seja em escala local, regional ou global. As políticas mu-
nicipais, estaduais e federais sobre uso e ocupação da terra devem
levar em consideração a presença de espécies ameaçadas. As lis-
tas constituem uma poderosa ferramenta na medida em que podem
ser utilizadas como instrumentos legais para qualquer nível de ação.

Listas regularmente atualizadas, especialmente quando combi-


nadas com os básicos de distribuição geográfica e ecologia das
espécies ameaçadas, podem tornar-se um importante instrumen-
to de diagnóstico para o planejamento da conservação. Há indi-
cadores particularmente importantes, como os números atuais e Figura1. Mapas de Unidades
de Conservação no Brasil

22 23
2. Metas Globais e o CNCFlora

2.1. Estratégia Global para Conservação de Plantas (GSPC)

A visão global sobre a biodiversidade tem mudado significativa-


mente nos últimos vinte anos, em particular como resposta à Con-
ferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e o Desenvolvi-
mento (CNUMAD Rio 92), realizada no Rio de Janeiro em junho
de 1992. A subsequente ratificação da Convenção sobre a Diver-
sidade Biológica (CDB) por parte da grande maioria dos governos
a nível mundial fomentou a criação de instituições e organizações
com um enfoque conservacionista, além de tratados e outros ins-
trumentos que orientam as políticas sobre conhecimento, conser-
vação e uso sustentável da biodiversidade.

Uma das principais medidas elaboradas foi a Estratégia Global


para Conservação de Plantas (GSPC), a qual em 2002 foi ado-
tada por governos de todo o mundo, inclusive o Brasil, como um
programa parte da CDB. A GSPC foi desenvolvida por um grupo
de botânicos (Gran Canarian Group) a partir da declaração do XVI
Congresso Internacional de Botânica (1999) em St. Louis (Missouri,
EUA), no qual se reconheceu que até dois terços das espécies
vegetais do mundo poderiam estar ameaçadas até o final deste
século se não fossem tomadas medidas urgentes para protegê-
-las. Como resposta a esta situação, em 2000, o Botanic Gardens
Conservation International (BGCI) promoveu juntamente com uma
ampla gama de organizações, instituições e órgãos de 14 países
a Declaração de Gran Canaria (2000), a qual resultou na GSPC.

O objetivo final e a longo prazo da GSPC é conter a corrente e


continuada perda da diversidade de plantas. A Estratégia conta
com o apoio de governos, organizações intergovernamentais, or-
ganizações dedicadas à conservação e à pesquisa (tais como con-
16 metas a serem alcançadas entre 2011 e 2020 (GSPC)

24 25
selhos gestores de áreas protegidas, jardins botânicos e bancos Objetivo III. Usar a diversidade de plantas de forma sustentável:
de genes), universidades, instituições de pesquisa, organizações
Meta 11: Nenhuma espécie da flora silvestre ameaçada pelo
não governamentais e suas redes, e o setor privado. O elemento comércio internacional;
mais inovador da Estratégia é a inclusão de 16 metas orientadas
Meta 12: Todos os produtos à base da coleta de plantas silves-
por cinco objetivos identificados a seguir:
tres provenientes de atividades sustentáveis;
Objetivo I. Compreender e documentar a diversidade de plantas: Meta 13: Conhecimento indígena e local, inovações e práticas
associadas ao uso de recursos de plantas associadas ao uso
Meta 1: Flora on-line das plantas conhecidas;
de recursos de plantas mantidas ou intensificadas, conforme
Meta 2: Avaliação do estado de conservação das espécies de apropriado, de modo a apoiar o uso habitual destes recursos,
plantas conhecidas para orientar, até onde for possível, ações meios de vida sustentáveis, segurança alimentar e saúde local;
de conservação;
Objetivo IV: Promover a educação e a conscientização sobre
Meta 3: Informação, pesquisa, resultados correlatos e métodos
a diversidade de plantas:
necessários desenvolvidos e compartilhados para implementar
a Estratégia; Meta 14: A importância da diversidade de plantas e da ne-
cessidade de sua conservação incorporadas a programas de
Objetivo II. Conservar a diversidade de plantas:
comunicação, educação e conscientização pública;
Meta 4: No mínimo, 15% de cada região ecológica ou tipo de ve-
Objetivo V: Capacitação para a conservação da diversidade
getação protegido por meio de manejo efetivo e/ou restauração;
de plantas:
Meta 5: No mínimo, 75% das áreas mais importantes para a
Meta 15: A quantidade suficiente de pessoas treinadas traba-
diversidade de plantas de cada região ecológica protegida e
lhando em instalações adequadas às necessidades nacionais
efetivamente manejada para a conservação das plantas e da
para atingir os objetivos da presente Estratégia;
sua diversidade genética;
Meta 16: Instituições, redes de trabalho e parcerias para a
Meta 6: No mínimo, 75% das terras produtivas em cada setor
conservação de plantas estabelecidas ou fortalecidas em nível
gerido de forma sustentável condizente com a conservação da
nacional, regional e internacional para atingir os objetivos da
diversidade vegetal;
presente Estratégia.
Meta 7: No mínimo, 75% das espécies de plantas ameaçadas
conhecidas conservadas in-situ;

Meta 8: No mínimo, 75% das espécies de plantas ameaçadas


em coleções ex-situ, de preferência no país de origem, e pelo
menos 20% disponibilizado para programas de recuperação e
restauração;

Meta 9: 70% da diversidade genética de culturas conservada,


incluindo suas variações silvestres e outras socioeconomica-
mente relevantes, respeitando, preservando e assegurando o
conhecimento indígena e local relacionado;

Meta 10: Planos de manejo efetivo implementados para evitar


novas invasões biológicas e para manejar áreas invadidas im-
portantes para a diversidade de plantas;

26 27
2.2 Metas Nacionais mente autoridade brasileira reconhecida pela IUCN (Red List Au-
thority - RLA) para avaliação de espécies, de modo a garantir que
Por meio de um processo participativo, o Brasil estabeleceu em todas as espécies vegetais pertencentes a sua jurisdição estejam
2006 (Resolução no 03 da CONABIO) as Metas Nacionais de Bio- corretamente avaliadas dentro dos critérios e categorias da IUCN,
diversidade para 2010, baseadas nas Metas da CDB para 2010 e pelo menos uma vez a cada dez anos e, se possível, a cada cinco
em resposta à sua Decisão VIII/15. Desde 2006, inúmeras políti- anos. Esta conquista coloca o CNCFlora com a responsabilidade
cas públicas e novos programas e projetos foram desenvolvidos de unir esforços para que o Brasil alcance as metas da GSPC.
para cumprir os três objetivos norteadores da CDB (conservação,
uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade), e, Com este objetivo, o CNCFlora vem desenvolvendo o projeto Con-
desta forma, abordar seus numerosos temas específicos, como servação de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção,
conservação de espécies e ecossistemas, uso sustentável da bio- o qual estabelece uma série de atividades articuladas que propõem
diversidade, transversalização dos temas de biodiversidade em di- um novo modelo de gestão da Lista Oficial de Espécies da Flora
ferentes setores, conhecimentos tradicionais, agrobiodiversidade, Brasileira Ameaçadas de Extinção e a elaboração da Estratégia
recursos genéticos, florestas, ecossistemas marinhos, entre mui- Nacional de Conservação de Espécies da Flora Brasileira.
tos outros (MMA, 2011).
A maior parte dos esforços de pesquisa voltados para a conserva-
Além desses instrumentos, o Brasil ajustou sua estrutura institu- ção de plantas ameaçadas no Brasil tem sido direcionada para a
cional, criando uma nova instituição – o Instituto Chico Mendes de inclusão de espécies na Lista Oficial da Flora Brasileira Ameaçada
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – para dar um foco mais de Extinção. Entretanto, pouco é feito com o intuito de controlar
específico à conservação na gestão ambiental federal. Outras es- as ameaças incidentes sobre estas espécies de forma a aumentar
truturas também foram criadas para melhorar a gestão ambiental e suas chances de sobrevivência ao longo do tempo. Desta forma, o
dos recursos naturais, tais como o Serviço Florestal Brasileiro, para projeto busca consolidar uma importante contribuição para a po-
conciliar o uso e a conservação das florestas públicas brasileiras e lítica nacional de biodiversidade, através da elaboração de uma
o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), no Insti- estratégia nacional voltada especificamente para a conservação
tuto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro (MMA, 2011). de espécies da flora brasileira.

O CNCFlora foi responsável por coordenar a elaboração da Lista O projeto tem como principais objetivos diagnosticar, atualizar e
de Espécies da Flora do Brasil. Com o objetivo de facilitar o con- propor novos mecanismos de gestão da Lista Oficial da Flora Bra-
senso e a sinergia nos níveis global, nacional, regional e local para sileira Ameaçada de Extinção; estabelecer e/ou adotar metodolo-
impulsionar o conhecimento e a conservação de plantas e atingir gias e protocolos próprios para a avaliação do estado de conser-
a primeira meta da GSPC: “elaboração de uma lista funcional am- vação das espécies; elaborar o Plano Nacional de Conservação
plamente acessível das espécies conhecidas de plantas de cada ex-situ de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção;
país, como um passo para a elaboração de uma lista completa subsidiar o MMA com informações sistematizadas sobre espécies
da flora mundial”. Além desta, o CNCFlora também é responsável ameaçadas; coordenar e elaborar planos de ação para a conser-
pela implementação das metas 2, 3, 8, 15 e 16 da GSPC. vação in-situ e ex-situ destas espécies.

O desafio agora é garantir que o Brasil atinja outras metas esta-


belecidas pela GSPC. Para tanto, o CNCFlora tornou-se recente-

28 29
3. Questões Norteadoras

3.1. Reuniões Técnicas

Em um primeiro momento, o CNCFlora e o JBRJ realizaram di-


versas reuniões técnicas de alinhamento institucional para o refi-
namento da proposta CNCFlora/JBRJ e a adoção de um Sistema
Nacional de Conservação de Espécies da Flora. Essas reuniões
contaram com a participação de coordenadores, dirigentes, es-
pecialistas e pesquisadores da instituição. As primeiras questões
norteadoras oriundas deste momento inicial foram:

1. Como reunir dados e informações sobre espécies, seus


habitats e as ameaças incidentes?
2. Como articular os principais atores?
3. Como checar e validar as informações cadastradas?

Após discussões sobre os diferentes aspectos, constatou-se que


a adoção de um Sistema único capaz de integrar as Listas Regio-
nais, a Lista Nacional e a Lista da IUCN seria a forma mais correta
de ação, uma vez que a lista resultante nortearia esforços conser-
vacionistas em nível nacional.

Um segundo ponto levantado foi o da necessidade de se obter e


JBRJ e IUCN firmam ter-
organizar as informações pertinentes às espécies atualmente lista- mo de reciprocidade

das. Utilizaram-se os critérios da IUCN para fundamentar as avalia-


Em 26 de abril de 2011 foi
ções dos distintos grupos taxonômicos, respeitando as particulari- celebrado o acordo entre
o JBRJ e a União Interna-
dades de cada grupo. Além disso, o Sistema deveria ser alinhado cional de Conservação da
globalmente, partindo de convenções e estratégias adotadas em Natureza, o qual permitirá
ao CNCFlora utilizar cate-
nível global, com a finalidade de uniformização. gorias e critérios propostos
pela IUCN para a avaliação
A compilação de informações pertinentes para as espécies, a fim de espécies da flora amea-
çadas de extinção.
de categorizar o risco de extinção, deveria ser realizada pelos ato-
res indicados para trabalhar nestes processos e revisada pelos es-
pecialistas de cada grupo taxonômico, de forma integrada.

31
Após este primeiro passo, o seguinte foi a elaboração de um diag- Com base nessas discussões, formularam-se três temas nortea-
nóstico com o levantamento dos vários aspectos relevantes para dores para o desenvolvimento do trabalho do CNCFlora: (a) Con-
a Proposta Preliminar do Sistema Nacional de Gestão de Espécies ceitos e processos; (b) Acesso e qualidade de dados; e (c) Aspec-
Tabela 2. Levanta-
da Flora Brasileira, o qual estabeleceu um panorama nacional so- tos normativos.
mento dos aspectos
nacionais relevan- bre a temática de espécies ameaçadas da flora no Brasil, enume-
tes para espécies
ameaçadas da flora
rados a seguir: a) Conceitos e processos
do Brasil.

1. É preciso um refinamento do sistema de espécies amea-


Temática Problemas identificados çadas de modo a garantir efetivamente a conservação de
espécies ameaçadas, ao invés de simplesmente listá-las;
1. o sistema atual não prioriza a conservação de espécies;
2. as metas nacionais norteadoras do processo de conservação de 2. Adotar um sistema estruturado com base em três princi-
espécies da flora não estão bem definidas; pais macroprocessos, identificados como centrais, na con-
Conservação de 3. a abordagem atual sobre as espécies não é suficiente para servação das espécies da flora: determinação do risco de
Espécies reverter o processo de perda de espécies no Brasil, já que se trata extinção, avaliação do estado de conservação e planeja-
de um país megadiverso e em desenvolvimento;
mento de ações;
4. a legislação não acompanhou a evolução conceitual do tema;
3. Adotar o Sistema da IUCN como padrão para o macro-
processo determinação do risco de extinção de espécies
5. a comunicação entre a academia e o governo é deficiente,
da flora brasileira, de modo a permitir a categorização das
gerando duplicação de esforços e inversão de papéis;
6. a comunidade científica não tem autonomia para conduzir espécies da flora em relação ao seu risco de extinção;
Comunidade processos exclusivamente científicos; 4. Adotar o documento Strategic Planning for Species Con-
Científica e Ações
Políticas 7. o estabelecimento de prioridades para a conservação é servation: A Handbook v.1.0 (IUCN, 2008) como base para
uma decisão política, e não científica, assim, deve emergir de
o desenvolvimento de diretrizes e portfólios mínimos de es-
um processo inclusivo e participativo onde a sociedade esteja
integralmente representada;
pécies para o macroprocesso de avaliação do estado de
conservação;
5. Estabelecimento de Grupos de Especialistas da Flora –
8. a qualidade dos dados disponíveis inviabiliza análises quantitativas
que possam justificar a proteção de determinadas espécies; GEF, seguindo a tendência global. Cada grupo represen-
Informações 9. as informações disponibilizadas por especialistas não apresentam, tado nacionalmente por um coordenador que ficará res-
Disponíveis em sua grande maioria, documentos que validem a informação ponsável pela articulação dos esforços necessários para o
fornecida; levantamento e sistematização das informações referentes
ao grupo taxonômico de sua responsabilidade. Aos moldes
do que foi feito com a Lista da Flora do Brasil;
6. Criação de uma Comissão Nacional de Conservação de
Espécies da Flora – CONACEF, no âmbito da Câmara Téc-
10. não está clara a utilidade da lista de espécies ameaçadas,
Listas de Espécies nem, tão pouco, a utilidade de outras ferramentas de conservação nica Permanente para a Conservação de Espécies Ame-
Ameaçadas previstas por instrumentos normativos existentes, como, por açadas. Sendo esta composta pelos coordenadores dos
exemplo, os planos de ações. GEFs e responsáveis pela validação do cumprimento das
etapas do sistema a ser proposto;

32 33
7. Toda e qualquer indicação feita a partir da Lista da Flora do b) Acesso e qualidade de dados
Brasil, garantindo assim o rigor taxonômico das indicações;
1. Criar uma plataforma única para sistematização das infor-
8. Para cada espécie da flora indicada deve ser criado um
mações referentes às espécies da flora brasileira e seus
portfólio no sistema. Este portfólio poderá ser acessado
principais colaboradores, de modo a permitir o trabalho
para o cadastro de informações científicas;
participativo dos atores envolvidos;
9. Adotar um novo modelo de listas mais dinâmico, que ga-
2. Alterar a política de coleções biológicas de modo a condi-
ranta maior agilidade na inclusão de novos táxons. As listas
cionar a inclusão de amostras em coleções e uma minu-
adotadas devem apenas representar consultas a um atribu-
ciosa descrição da procedência do material que inclua co-
to associado ao cadastro da espécie;
ordenadas geográficas, altitude e a descrição de aspectos
10. Adotar as seguintes listas: espécies não avaliadas, espé-
ecológicos da amostra;
cies não ameaçadas, espécies suscetíveis, espécies ame-
3. Investir em pesquisas de longa duração e monitoramento
açadas, espécies extintas na natureza, espécies extintas;
de populações de espécies da flora;
11. Considerar como espécies ameaçadas de extinção aque-
4. Toda informação científica cadastrada no portfólio das es-
las que apresentarem um risco de extinção maior ou igual
pécies deve estar associada a algum documento que ateste
a 10%, num período igual a 100 anos ou 10 gerações da
satisfatoriamente a veracidade da informação, seja ele um
espécie em questão, de acordo com Sistema IUCN v3.1;
artigo científico, revisão taxonômica, dissertação de mes-
12. No caso das espécies ameaçadas é imprescindível deter-
trado, tese de doutorado, relatórios de governo ou eventos
minar a categoria da IUCN: Criticamente em Perigo, Em
científicos, assim como qualquer outro tipo de documenta-
Perigo ou Vulnerável. Uma vez que cada risco associado a
ção aprovado pela CONACEF.
estas categorias demandam um posicionamento específico
das autoridades;
c) Aspectos normativos
13. Para todo e qualquer táxon incluído na lista de espécies
ameaçadas, a CONACEF tem a responsabilidade de con-
1. Realizar uma revisão dos processos normativos envolvidos
duzir e concretizar o processo de avaliação do estado de
na conservação de espécies da flora. É importante que a
conservação das espécies dentro de um ano, garantindo o
legislação se adeque à evolução conceitual do tema, pre-
preenchimento mínimo do portfólio de espécies, de modo
vendo ferramentas que viabilizem mudanças no processo
a viabilizar a etapa seguinte de planejamento das ações de
como um todo.
conservação;
14. Criação de uma Lista de Espécies Ameaçadas Candidatas,
que represente uma etapa anterior à inclusão de espécies
na Lista Oficial de Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira.
Uma vez que a legislação prevê a obrigatoriedade da rea-
lização de planos de ação dentro do prazo de quatro anos
após sua inclusão na lista, a entrada de novas espécies na
lista oficial ficaria condicionada ao preenchimento mínimo
do portfólio de espécies, realizado durante o processo de
avaliação do estado de conservação.

34 35
4. Objetivos e Metodologia

A partir das questões levantadas, o CNCFlora elaborou um Siste-


ma de Informação para o Portal on-line (http://www.cncflora.jbrj.
gov.br) visando os seguintes objetivos:

1. Desenvolver ferramentas visando a sistematização do


processo;
2. Otimizar a reunião das informações de cada táxon;
3. Facilitar o contato entre os atores envolvidos no processo;
4. Validar e organizar as informações referentes aos táxons;
5. Facilitar o acesso às categorias e critérios da IUCN para
a avaliação do risco da espécie.

Desta forma, seguimos algumas etapas organizadas e descritas a


seguir.

4.1. Metodologia

A metodologia adotada pelo CNCFlora foi apresentada no


Workshop de Espécies Ameaçadas de Extinção, realizado nos
dias 22 a 24 de junho de 2010, na Escola Nacional de Botâni-
ca Tropical (ENBT), com a presença de representantes de órgãos
do governo (MMA, IBAMA, ICMBio, JBRJ), Institutos de Pesquisa
(EMBRAPA, UFMG), Associação Civil (CRIA), ONG (Biodiversitas),
pesquisadores e membros da IUCN de diversos países (Equador,
Inglaterra, Reino Unido, Suécia, África do Sul).

4.1.1. Elaboração da lista de espécies a serem avaliadas

A definição da relação de espécies a serem avaliadas é de suma


importância, pois define a amplitude de trabalhos a serem desen-
volvidos para a coleta de informações. Um recorte inicial para uma
pré-lista foi definida durante o Workshop de Espécies Ameaçadas
de Extinção, e o sistema de classificação adotado foi o proposto

36 37
pelo Angiosperm Phylogeny Group – APG (2003).
criação de um sistema
A listagem foi estabelecida de acordo com a Lista Oficial da Flora
Ameaçada do Brasil (MMA, 2008), considerando seus dois ane-
gestor do sistema
xos, sendo incluído também o conjunto de táxons nativos do Brasil
citados na Lista Vermelha da IUCN, versão 2009.2 (http://www.
sistema operacional
iucnredlist.org), e listas estaduais oficiais (Pará, Minas Gerais, Es-
pírito Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul), totalizando 4.715 táxons de plantas vasculares e seus res-
pectivos sinônimos. Visando, desta forma, reavaliar e padronizar administração do banco de dados
os trabalhos realizados anteriormente.
Após este primeiro passo, foram convidados os especialistas para
coordenar os grupos taxonômicos, a maioria participante da ela- equipe de analistas analistas
consolidação SIG de dados
boração da Lista da Flora do Brasil. Os especialistas possuem pa-
pel imprescindível para a construção da base de informações das
espécies e para a sua validação. consolidação geoproces- revisão
taxonômica samento da bibliográfica
base de dados
4.1.2. Etapas do processo análise
de dados
O processo de pré-avaliação possui várias etapas (ou subproces- compilação dos dados no portal
Tabela 3. sos) de trabalho, organizadas em torno de um Sistema de Informa-
Etapas e equipes
responsáveis pelo ção que reúne todos os dados referentes às espécies (fig. 2). Tais
processo de prepa- validação
etapas são enumeradas a seguir (tab. 3), assim como as equipes
ração e avaliação
das espécies. designadas para cada uma. especialistas taxinômicos

elementos do processo equipes número de integrantes


verificação dos dados
Sistema de informação Admin. de Sistema 1 especialistas
Figura 2.
Diagrama do processo
Base de Dados Admin.do Banco de Dados 1 desenvolvido no âmbito do
CNCFlora, ilustrando as
avaliação etapas e os atores envol-
Consolidação taxonômica de Consolidação 2
vidos.
avaliadores A organização do trabalho
Base de Registros de Geoprocessamento 2 da equipe do CNCFlora é
pautada por etapas que se-
Análise SIG Analista SIG 4 revisão avaliação guem um fluxo de trabalho.
Este é gerenciado pelo sis-
do risco
tema que age integrando e
Análise de Dados Analistas de Dados 10 de extinção direcionando os atores, não
sendo possível intervenções
Validação dos Dados Especialistas Taxonômicos 146 envio para publicação não inerentes ao processo.

Avaliação de risco Avaliadores 14

38 39
4.2. Sistema de Informações Sobre Biodiversidade da Flora Foi desenvolvido em DRUPAL, uma ferramenta de CMS (Content
Management System ou Sistema de Gerenciamento de Conte-
Com o objetivo de processar e organizar as informações, o CNCFlora
údo), utilizando a linguagem de programação PHP e banco de
desenvolveu um Sistema de Informações Sobre Diversidade da Flo-
dados estruturado em MySQL. A utilização de um sistema CMS
ra, que oferece ferramentas de trabalho e consulta a um Banco de
permite o desenvolvimento de funcionalidades em módulos, im-
Dados, além de amparar o processo de conservação e pesquisa
plementados na medida em que são desenvolvidos, sem a neces-
sobre as espécies através do Portal on-line.
sidade de reestruturação do sistema ou interrupção do trabalho.
O Sistema é organizado em dois módulos. O Módulo I armazena
todas as informações Pré-avaliação de risco de extinção e o Módu-
4.2.2. Plataforma de trabalho
lo II compõe a Avaliação de risco de extinção. Um terceiro módulo
será desenvolvido futuramente, o qual será direcionado para Planos A fim de sistematizar e organizar o trabalho dos módulos I e II do
de Ação de espécies ameaçadas. sistema, os quais envolvem a consolidação de dados e avaliação
de risco de extinção, foi criada a Plataforma de trabalho CNCFlora.
O Banco de Dados armazena, relaciona e gerencia todas as infor-
A Plataforma de trabalho é uma ferramenta direcionada para
mações dos Módulos I e II referentes às espécies, como nomes
coordenar os esforços da equipe e organizar em um banco de
científicos e sinônimos; registros de coleta, incluindo seu georrefe-
dados as informações relevantes ao trabalho dos participantes.
renciamento; dados biológicos e ecológicos; ameaças incidentes
Permite, por meio da internet, a integração de diversos grupos
sobre a espécie ou seu habitat; referências bibliográficas e ima-
de trabalho, com diferentes atribuições dentro do processo, de
gens. Todos esses dados são visualizados e disponibilizados no
forma acessível e prática.
Portal CNCFlora (http://www.cncflora.jbrj.gov.br/).
O banco de dados do CNCFlora visa organizar e facilitar o acesso A Plataforma é organizada por famílias onde são buscadas as fi-
aos dados relevantes sobre as espécies e sua avaliação de risco, chas individuais das espécies para entrada de dados ou consulta.
garantindo clareza e a integridade referencial dos dados inseridos. A Plataforma garante um fluxo de trabalho, no qual os usuários
podem editar somente o seu perfil, evitando assim interferências.
4.2.1. Criação do Portal CNCFlora
Além disso, há um direcionamento nas ações assegurando um
O Portal CNCFlora foi criado com o objetivo de integrar e divulgar controle do fluxo, além de garantir a integridade das informações
as informações sobre o Centro Nacional de Conservação da Flora sistematizadas.
e sobre conservação da flora do Brasil. Está disponível na forma
Figura 3.
de um site na internet, de forma organizada e categorizada, com o
No Módulo I – Pré-Avaliação – encon-
interesse de tornar público várias informações de interesse geral. módulo I módulo II tra-se a aba Consolidação e Análise,
local para inserção de todo tipo de
O portal permite fácil administração e atualização das informações informação necessária para a Avaliação
inseridas, além de servir como porta de acesso à ferramenta (Pla- de risco de extinção de cada espécie.
O Módulo II é visualizado na aba Ava-
taforma) de trabalho a partir de qualquer computador conectado liação, onde estão disponíveis todas
à internet. Para o controle do fluxo de trabalho, o Portal é estru- as informações reunidas no Módulo I
necessárias para a categorização do
turado em níveis de acesso permitidos para diferentes perfis de risco de extinção das espécies segun-
do os critérios da IUCN.
usuário, nos quais funcionalidades específicas estão disponíveis
para cada perfil.

40 41
4.3. Módulo I: Consolidação e Análise A Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2011) e do site
The Plant List (http://www.theplantlist.org/) reúnem diversas bases
4.3.1. Consolidação Taxonômica de dados florísticas e taxonômicas, tais como World Checklist of
Selected Plant Families – WCSP (http://apps.kew.org/wcsp/home.
A Consolidação Taxonômica consiste na inclusão do nome cientí-
do), The Online World Grass Flora – GrassBase (http://www.kew.
fico de cada espécie e de seus sinônimos. Nesta etapa é realizada
org/data/grasses-db/), The Global Compositae Checklist (http://
uma correção nomenclatural e ortográfica de táxons no banco de
compositae.landcareresearch.co.nz/), The International Legume
dados de coleções botânicas, segundo a Lista de Espécies da
Database and Information Service – ILDIS (http://www.ildis.org/),
Flora do Brasil (Forzza et al., 2011).
The iPlants Project (http://www.iplants.org/), The International Or-
ganization for Plant Information (http://plantnet.rbgsyd.nsw.gov.au/
A qualidade de qualquer trabalho botânico está inicialmente ligada
iopi/iopihome.htm), Tropicos – Missouri Botanical Gardens (http://
ao reconhecimento correto da espécie em estudo. Por exemplo,
www.tropicos.org/) e The International Plant Names Index – IPNI
dados sobre coleções botânicas são fundamentais para a deter-
(http://www.ipni.org/).
minação da Área de Ocupação (AOO) e Extensão de Ocorrência
(EOO) de um táxon. Entretanto, para obtenção dos valores reais
Os dados são sistematizados em tabelas padrão Darwin Core
desses índices faz-se necessário utilizar os dados de coleta do
(http://rs.tdwg.org/dwc/) através de formulários de cadastro cria-
nome correto e de todos os sinônimos associados a este.
dos pelo CNCFlora. Os seguintes campos constam na tabela de
sinônimos: família, gênero, espécie, categoria infra-específica,
A partir de uma base de dados composta por informações de co-
nome da infra-espécie, autor, tipo de sinônimo, fonte dos dados
leta sobre grupos taxonômicos específicos, oriundas do material
fornecidos e publicação. Na tabela de coletas botânicas constam:
examinado de teses e projetos (por exemplo, Bromeliaceae da
código da coleção, família, gênero, espécie, categoria infra-espe-
Mata Atlântica) e dos herbários cadastrados no Centro de Refe-
cífica, nome da infra-espécie, determinador, data de determinação
rência em Informação Ambiental – CRIA (http://www.cria.org.br)
e autor. Todos os procedimentos são executados na Plataforma de
são buscados os registros dos 4.715 táxons e dos respectivos si-
Trabalho do Portal do CNCFlora. Após a reunião dos nomes cien-
nônimos, sendo estes nomes validados pela Lista de Espécies da
tíficos e seus sinônimos, o processo segue para a etapa seguinte,
Flora do Brasil (Forzza et al., 2011), pelo site The Plant List (http://
a construção de uma base de registros.
www.theplantlist.org) e por especialistas em taxonomia.

4.3.2. Inclusão de registros botânicos

floradobrasil.jbrj.gov.br reunião Registros botânicos são dados sobre os locais onde as espécies
validação
lista das dos nomes foram encontradas e coletadas e, em seguida, depositados em
dos nomes
espécies científicos base dos uma coleção botânica. Esta etapa consiste na inclusão destes re-
científicos theplantlist.org
a serem e seus registros
e seus gistros botânicos de diversas coleções científicas na Base de Da-
avaliadas sinônimos
sinônimos
outras plataformas no Portal dos do CNCFlora. Os registros incluídos são aqueles disponíveis
no SpeciesLink (http://splink.cria.org.br/) e na Base de Dados do
Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JABOT), abran-
gendo cerca de 48 herbários, e somando 2.500.000 registros inte-
Figura 4. Diagrama ilustrativo do subprocesso de Consolidação Taxonômica.

42 43
grados numa tabela de testemunhos. Posteriormente, adicionaram 4.3.3. Análise SIG
as bases de dados de especialistas em taxonomia, provenientes
de diversas coleções botânicas, assim como bases de projetos, O geoprocessamento tem como objetivo quantificar os parâmetros
tais como o Projeto Bromélias da Mata Atlântica (fig. 5). espaciais que possam subsidiar as avaliações de risco de acordo
com a IUCN 2.1.
Após a inclusão dos registros disponíveis, estes passam por um
processo de revisão, no qual os registros de fungos e algas são 4.3.3.1. Georreferenciamento
removidos (estes serão incluídos na próxima versão do sistema) Esta etapa foi desenvolvida para georreferenciar as localidades de
e, simultaneamente, é realizada uma correção nomenclatural e or- ocorrência dos táxons com maior grau de precisão. O georrefe-
tográfica nos registros botânicos. Submetidos constantemente a renciamento consiste em posicionar os registros botânicos em um
revisões, os registros com nomenclatura correta – de acordo com lugar definido no espaço, de acordo com um sistema de proje-
a Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2011) e outros ção específico. Desta forma, o processo abrange a retificação e
sinônimos obtidos no The Plant List (http://www.theplantlist.org/) – o registro da coordenada geográfica de determinada localidade,
são direcionados para a equipe SIG, que localiza as coordenadas permitindo a visualização e análise desses dados espaciais, como,
da coleta ou melhora a precisão dos dados já existentes, utilizan- por exemplo, através do cálculo e mapeamento da extensão de
do-se de ferramentas de Sistemas de Informações Geográficas ocorrência (EOO) e área de ocupação da espécie (AOO).
(SIG) e imagens de satélite (Google Earth) a partir das informações Para maior praticidade na base de dados geográficos foram de-
presentes na ficha do registro de coleta. finidas ferramentas de busca para as localidades descritas, que
devem ser abrangentes e confiáveis, a fim de obedecer a um pro-
Os registros corrigidos taxonomicamente e com a revisão da geor- cesso criterioso de georreferenciamento e garantir um esforço
referência são armazenados na base de dados da Plataforma de equivalente para todos os táxons.
trabalho do CNCFlora e são utilizados na avaliação das espécies.
Novos registros são acrescentados pela equipe de geoprocessa- 4.3.3.2. Precisão
mento de acordo com a literatura, bases de herbários não-digita- Para complementar as ferramentas de busca fez-se necessário
lizadas, anotações de especialistas/pesquisadores, todos devida- definir classes que identificam o grau de precisão das coordena-
mente citados e referenciados. das retificadas. São estas:
a) 0 a 250 m;
b) 251 a 1000 m;
c) ½ a 5 km;
species link (splink.cria.org.br) revisão Centróide é o centro de um
d) 5 a 10 km; polígono que tem por base
da base
base de dados do herbário base de de dados e) 10 a 50 km; a média ponderada de suas
coordenadas X e Y. É uma
consolidação dados de (retirada de análise f) 50 a 100 km;
JBRJ – JABOT maneira útil de resumir as
taxonômica registros registros SIG posições de um conjunto de
g) centróide de polígono*;
base de registros especialistas botânicos de Algas e pontos, especialmente quando
Fungos) h) centróide de reserva/parque*; usado para a análise compara-
base de registros de projetos tiva (ArcGIS versão 1.0).
i) centróide de município*;

Figura 5. Diagrama ilustrativo do subprocesso de criação da base de registros botânicos.

44 45
4.3.3.3. Projeção cartográfica 2. Google Earth
Para as análises dos dados espaciais através do Sistema de In- O programa alia um vasto banco de dados com imagens de
formação Geográfica (ArcGIS) e obedecendo a Resolução IBGE/ satélites de captura indireta da informação e ferramentas de
PR n. 01, de 25 de fevereiro de 2005, ficou definido o SIRGAS localização, possibilitando a busca por localidades e coordena-
2000 como o Sistema Geodésico a ser utilizado no processo. Um das geográficas, além da importação de dados SIG e planilhas.
sistema geodésico é utilizado para representar características ter-
restres, sejam elas geométricas ou físicas. Na prática, serve para 4.3.3.5. Espacializações dos dados e quantificação de parâ-
a obtenção de coordenadas (latitude e longitude) que possibilitam metros | Geoprocessamento
a representação e localização em mapa de qualquer elemento da O Geoprocessamento consiste no cálculo e mapeamento da ex-
superfície do planeta. Após realizar a busca pelo georreferencia- tensão de ocorrência e da área de ocupação da espécie, através
mento da localidade descrita, as coordenadas encontradas em di- desta é possível visualizar e analisar esses dados espaciais (fig. 6).
ferentes formas são convertidas para uma mesma unidade, o grau A Extensão de Ocorrência (EOO) é um parâmetro que mede a dis-
decimal, e inseridas no banco de dados do CNCFlora. tribuição espacial das áreas atualmente ocupadas pelo táxon. Seu
intuito é medir o grau dos fatores de ameaça existentes ao longo
4.3.3.4. Ferramentas da distribuição geográfica do táxon (IUCN, 2010). Esta medida é
As principais ferramentas utilizadas nesta etapa estão descritas a estimada através da área abrangida pelo menor polígono convexo,
seguir: unindo todos os pontos de ocorrência da espécie.

1. Softwares de Sistemas de Informações Geográficas (SIG):


A Área de Ocupação (AOO) é definida como a área ocupada por
o sistema de informação geográfica “é um banco de dados
um táxon dentro da extensão de ocorrência. A medida reflete o
indexados espacialmente, sobre o qual opera um conjunto de
fato de que uma espécie não ocorre naturalmente em toda sua
procedimento para responder a consultas sobre entidades es-
extensão de ocorrência. Esta medida tem como principal obje-
paciais” (Smith et al., 1986). Através de arquivos shapefile e
tivo identificar as espécies com distribuição restrita, e, portanto,
mapas temáticos, são feitas consultas que auxiliam o objetivo
geralmente com hábito restrito. Além disso, a AOO pode ser um
do trabalho, permitindo a espacialização, geoprocessamento
indicador para o tamanho populacional. Após o mapeamento dos
e visualização dos dados. Nesta ferramenta são consultados
pontos de ocorrência da espécie, o valor da AOO é estimado atra-
arquivos do tipo shapefile disponibilizados pelo MMA, IBGE e
vés da contagem do número de células ocupadas em um grid uni-
IBAMA, com os seguintes temas:
forme de 2 km.
• Divisão política de estados, municípios e distritos;
• Limite das Unidades de Conservação e Terras Indígenas;
• Remanescentes florestais e fitofisionomias; Softwares de Sistemas de
• Zoneamento ecológico; Informações Geográficas – SIG
projeção cartográfica;
• Compartimentos de relevo; base de
base análise e visualização
registros Google Earth
• Malha rodoviária; geoespacial espacial
• Hidrografia.
revisão bibliográfica e consulta
Esses temas são definidos de acordo com a demanda a partir a especialistas

das descrições das localidades dos registros de ocorrência


Figura 6. Diagrama ilustrando o subprocesso de Análise SIG.
das espécies.

46 47
Os dados espaciais, quando refinados, devem pautar a determina- Devido à dinamicidade de todo o processo, optou-se por arma-
ção do risco das espécies da flora, através de análises sobre a dis- zenar os dados utilizados na geração de mapas em um banco de
tribuição e ocorrência das espécies. O registro da fonte de busca e dados geográficos PostGIS que, aliado à ferramenta de webmap-
da precisão das coordenadas geográficas garante melhor acesso ping Geoserver, possibilita a fluidez das informações e garante que
aos dados, precisão na quantificação de parâmetros e segurança os mapas estejam sempre atualizados.
nas decisões. Além disso, tal medida também é de extrema impor-
tância para subsidiar pesquisas científicas sobre as espécies. 4.3.4. Análise de dados

Geração de Mapas 4.3.4.1. Revisão bibliográfica


Mapas de distribuição de espécies são importantes ferramentas A revisão bibliográfica consiste na importação e organização de
para representar padrões biogeográficos. Sua utilização abrange referências bibliográficas no banco de dados, associadas a táxons
diferentes objetivos, sendo suas técnicas constantemente aper- ou a localidades, constituindo a base para as avaliações de risco
feiçoadas e atualizadas. Os mapas são importantes tanto como de extinção de espécies da flora.
ferramentas de visualização e apoio para a análise e validação de
dados quanto para a avaliação do risco de extinção dos táxons. Esta etapa objetiva reunir a documentação sistematizada relati-
Durante o processo, a equipe SIG é responsável pela geração de va aos 4.715 táxons a serem avaliados. As bibliografias utilizadas
dois mapas, o primeiro, o Mapa de Ocorrências, equivale ao mapa para a validação das informações são artigos científicos oficial-
para visualização dos registros de ocorrência de cada espécie, as- mente publicados, trabalhos de conclusão de cursos universitários
sim como dos polígonos de EOO e de AOO. Este mapa é gerado (monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado),
logo após a inclusão dos registros de ocorrência das espécies e relatórios técnico-científicos de institutos de pesquisa ou institui-
é uma ferramenta de apoio aos analistas e validadores (fig. 7). O ções de ensino e documentos governamentais. As referências bi-
segundo mapa é gerado na etapa de Revisão SIG descrita à frente. bliográficas utilizadas ficam disponíveis na ficha de cada espécie
para consulta.

A pesquisa é realizada em bases on-line, como, por exemplo,


Periódicos Capes (www.periodicos.capes.gov.br), Portal Domínio
Público (www.dominiopublico.gov.br), Biblioteca Digital da Univer-
sidade de São Paulo (www.teses.usp.br) e Portal JSTOR (www.
jstore.org); e acervos de especialistas e bibliotecas, como a Biblio-
teca Barbosa Rodrigues (JBRJ). Além da busca livre na rede, são
realizadas buscas direcionadas, a partir da indicação de especia-
listas ou de citações em documentos técnico-científicos. É impor-
tante explicitar que a busca por referências é realizada tanto para
o nome válido da espécie, quanto para todos os sinônimos, de
modo a garantir o acesso a um maior número de bibliografias. As
referências bibliográficas encontradas são cadastradas no Banco
de Dados CNCFlora, através de uma ferramenta própria, desen-
Figura 7. Exemplo de Mapa de Ocorrências.

48 49
volvida para tal. A ferramenta contém um formulário de entrada 4.3.4.2. Análise
de dados, no qual é possível sistematizar todas as informações A análise de dados baseia-se na compilação dos dados reunidos
sobre a referência, além de associar o documento a táxons já ca- na etapa anterior e incluídos na plataforma de trabalho CNCFlo-
dastrados no sistema ou a localidades. Deste modo, o resgate das ra para cada táxon considerado. Tais informações são essenciais
informações cadastradas é facilitado. para acessar o risco de extinção da espécie de acordo com os
critérios propostos pela IUCN (2001).
As fichas da Biodiversitas, utilizadas na avaliação do risco de extin-
As informações de cada espécie são organizadas em campos na
ção das espécies da flora pela Fundação Biodiversitas, de 2005 a
plataforma de trabalho CNCFlora, que, por sua vez, estão inseri-
2008, também são fonte de informações. A inclusão destes dados
dos nas abas Notas taxonômicas, Valor econômico, População,
tem como objetivo resgatar as informações já indicadas por diver-
Distribuição, Ecologia, Ameaças, Usos, Ações e Dados Gerais.
sos especialistas e evitar assim a duplicação de esforços.
Cada um destes itens possui vários outros subitens que são pre-
enchidos pelos analistas de dados de acordo com as informações
Além dos documentos disponíveis on-line, aqueles que estiverem
disponíveis nas referências pesquisadas. A plataforma foi assim
impressos são devidamente digitalizados para que possam ser Figura 9. Exemplo de
organizada de forma a atender os critérios da IUCN e otimizar a
associados ao sistema, de modo a permitir sua utilização como ferramenta de Análise de
avaliação de risco da espécie. Dados
documentação nas avaliações de risco de extinção. A etapa de
revisão bibliográfica é ilustrada a seguir na figura 8.

google search
exemplos de bases pesquisadas

importação inclusão de
revisão das informações
de artigos JSTOR
referências contidos nas
científicos, para Base referências
consolidação monografias, através do bibliográficas
taxonômica th periódicos CAPES
dissertações, Portal e pesquisadas
teses, relatórios digitalização nas
técnicos de Plataformas
Biblioteca JBRJ
científicos referências de trabalho
impressas do Portal
Biblioteca USP Em razão de o analista de dados revisar toda a bibliografia dis-
ponível para os táxons, este pode indicar ao Analista SIG novos
pontos de ocorrência oriundos das bibliografias.

Ao fim da Análise de Dados as informações das espécies ficam


disponíveis no Portal para a próxima etapa, a validação dos dados
pelos especialistas.
Figura 8. Diagrama ilustrativo do subprocesso de Análise de Dados.

50 51
4.3.5. Validação dos dados Os especialistas e os analistas de dados mantêm uma comunica-
ção contínua através do Portal. Esta etapa equivale aos workshops
Após a inclusão dos dados no Portal pela equipe da consolidação sugeridos pela IUCN, porém, facilitado pelo Portal on-line.
taxonômica, pelos analistas SIG e analistas de dados, cada es-
pecialista responsável pela coordenação das famílias ou gêneros
recebe uma senha para que possa, on-line, validar os dados dis-
poníveis através da Ferramenta de Validação.
Na Ferramenta de Validação o especialista pode visualizar três
abas: Taxonomia, a qual contém uma tabela de sinônimos para
a espécie; Distribuição, que disponibiliza em um mapa e uma ta-
bela os registros de ocorrência da espécie; e Dados Gerais, que
contém os dados populacionais, espaciais e ecológicos, além de
ameaças, ações e usos.
Cada informação incluída é analisada pelo especialista, podendo
ser validada ou invalidada por este. Se a validação for positiva, o
especialista dispõe os dados e finaliza a validação encaminhando
o processo para a próxima etapa. Entretanto, se os dados forem
invalidados, o especialista possui espaços específicos no Portal
para justificar a invalidação e/ou sugerir novos dados, sejam de
referências não citadas ou comunicações pessoais. Todas as in-
validações serão reenviadas aos analistas de dados e/ou analistas
SIG, os quais realizarão as devidas correções (fig. 10).

validação
validação de
análise de disponibilização
dados por
dados para avaliação Figura 11. Exemplo de ficha
especialistas de validação, demonstrando
correção |
dados validados e invalida-
adição dos dos pelo especialista na aba
invalidação dados pela distribuição.
equipe
4.3.6. Revisões

Após a Validação, as espécies passam por revisões, para que se-


jam corrigidos ou acrescentados os dados revisados pelos espe-
cialistas. Nesta fase ocorrem três revisões, a Revisão Taxonômica,
Figura 10. Diagrama ilustrando a etapa de validação dos dados pelos especialistas.
Revisão SIG e Revisão Análise.

52 53
a) Revisão Taxonômica c) Revisão Análise
Após a Validação, as espécies são direcionadas à Revisão Ta- Na Revisão Análise ficam disponíveis novamente todas as in-
xonômica na Plataforma de trabalho, onde o analista de da- formações incluídas anteriormente. Nesta fase, o analista de
dos responsável verifica se o especialista sugeriu a inclusão de dados tem a possibilidade de incluir novos dados, realizar cor-
mais sinônimos à espécie ou se invalidou algum sinônimo. No reções e revisões textuais sugeridas pelo especialista.
caso da inclusão, fica disponível ao analista uma tabela onde
ele pode incluir o novo sinônimo. Se o especialista invalidou o 4.4. Módulo II: Avaliação de risco
sinônimo, o analista exclui este da tabela.
b) Revisão SIG Para o desenvolvimento de diretrizes e portfólios mínimos de es-
Esta etapa tem como objetivo garantir que todas as modifi- pécies para a formulação do Módulo II – o de avaliação do risco de
cações sugeridas, relacionadas à espacialização da espécie, extinção –, adotou-se como base o Strategic Planning for Species
sejam efetivadas, bem como a garantia de que todos os dados Conservation: A Handbook v 1.0 (IUCN, 2008). Os critérios e cate-
espaciais estejam atualizados. gorias adotados pelo CNCFlora estão resumidos no Apêndice I, de
Na revisão SIG são gerados os Mapas de distribuição de cada acordo com a IUCN (2001).
espécie, os quais são elaborados a partir da conversão de
cada ponto de ocorrência em um polígono considerando a Com o intuito de aprimorar o conhecimento dos avaliadores parti-
classe de precisão atribuída durante a etapa de georreferen- cipantes da elaboração da Lista de Espécies Ameaçadas da Flora,
ciamento. Em seguida, são selecionados os remanescentes foi realizado de 3 a 5 de agosto de 2001, na Escola Nacional de
florestais contidos nestes polígonos a fim de representar a dis- Botânica Tropical (ENBT/JBRJ), um Workshop Internacional Stra-
tribuição conhecida da espécie. No entanto, de acordo com os tegies and Methods for Assessing the Extinction Risk of Brazilian
dados do IBGE, algumas espécies não ocorrem em áreas de Flora (Estratégias e métodos para acessar os riscos de extinção da
remanescentes; quando isso ocorre, a distribuição é represen- flora brasileira) com a presença de especialistas e representantes
tada pela poligonal formada a partir dos pontos de ocorrência, da IUCN.
sem maior refinamento. O Mapa com a provável distribuição
da espécie é o que compõe a Ficha final da espécie, a qual é O CNCFlora foi reconhecido como autoridade brasileira pela IUCN
publicada (fig. 12). (Red List Authority – RLA) para avaliação de espécies, tendo como
papel garantir que todas as espécies vegetais estejam corretamen-
te avaliadas dentro dos critérios e categorias da IUCN pelo menos
uma vez a cada dez anos e, se possível, a cada cinco anos.

Avaliação de risco
Após todo o processamento das informações sobre as espécies
no Módulo I, é gerada uma ficha geral da espécie a qual fica dispo-
nível para a próxima etapa do processo na Plataforma de trabalho,
a qual consiste na Avaliação de risco de extinção.
Na aba de Avaliação, o avaliador tem acesso à ficha da espécie
Figura 12. Exemplo do
Mapa de distribuição de contendo todos os dados reunidos no Módulo I. Após a análise
Ocota catharinensis.

54 55
destas, o avaliador acessa as categorias e critérios pertinentes Os revisores convidados portam senhas individuais para acesso
para a espécie de acordo com a IUCN e, além disso, preenche ao Portal CNCFlora, podendo acessar as fichas das espécies, as-
uma ficha de justificativa de sua posição (fig. 13). sim como a avaliação de risco com a defesa do avaliador (a qual
justifica a inclusão da espécie em dado critério e categoria). O re-
Os avaliadores mantêm contato constante com os analistas de da- visor poderá fazer suas considerações concordando ou não com
dos e SIG, e com o especialista da família, seja para sanar dúvidas o avaliador, neste caso o avaliador e o revisor dialogam para che-
ou para indicar análises mais detalhadas. Os avaliadores têm aces- garem a um consenso.
so a uma ferramenta de cálculo da área de ocupação (AOO) para
usar sempre que julgar necessário e ser pertinente à sua avaliação, Após a Revisão pós-avaliação, a ficha das espécies contendo to-
de forma a otimizar o acesso aos critérios da IUCN. das as informações e a avaliação de risco ficam disponíveis no-
vamente ao especialista da espécie (o qual fez a validação das
informações), e este poderá incluir suas considerações. Caso seja
necessário, a espécie poderá voltar algumas etapas do processo
para que fique de acordo com o conhecimento do especialista.
Após esta etapa, a ficha final da espécie poderá finalmente ser
publicada.

Figura 13. Exemplo da Ficha de Avaliação na Plataforma de trabalho.

4.5. Revisão pós-avaliação

Seguindo os moldes da IUCN – a qual sugere pelo menos dois


revisores após a avaliação das espécies –, à medida que as ava-
liações são concluídas, estas passam para as revisões realizadas
por revisores do CNCFlora ou pelos revisores internacionais con-
vidados: Domitilla Raimondo e Lize Von Staden (SANBI – África do
Sul) e Arturo Mouro e Marcelo Tognelli (IUCN).

56 57
5. Resultados Esperados e Perspectivas

Através do Portal on-line, o CNCFlora objetiva concluir a avaliação


do risco de extinção das 4.715 espécies pré-determinadas, assim
como realizar a Gestão das Informações disponíveis, de forma a
contribuir para o melhoramento dos dados e informações sobre as
espécies da flora. As perspectivas futuras do CNCFlora são:

1. Produzir o Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas de Ex-


tinção da Flora Brasileira, o qual deverá ser atualizado com
base na revisão completa de todas as espécies incluídas ou
retiradas da Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Amea-
çadas de Extinção, publicada pelo Ministério do Meio Ambien-
te, em 2008;
2. Emitir, anualmente, pelo Sistema do CNCFlora, uma lista re-
visada e atualizada para controle, monitoramento e ações do
MMA, através dos instrumentos legais existentes;
3. Avaliar integralmente todas as espécies da flora brasileira até
o ano de 2014;
4. Publicar planos de ação desenvolvidos para as espécies in-
cluídas na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Amea-
çadas de Extinção, os quais deverão ser publicados em diário
oficial e no site do CNCFlora;
5. Instituir, no âmbito do CNCFlora, um programa de pesquisas
e monitoramento da flora ameaçada de extinção, através de
editais, com o intuito de apoiar a elaboração e implantação
de planos de ação nacionais; ações de conservação ex-situ
e in-situ; avaliar a eficiência dos planos de ação implantados;
identificar os avanços na conservação das espécies, de forma
a instigar os ajustes necessários à dinamização dos planos; e
subsidiar a elaboração das Listas Oficiais de Espécies da Flora
Ameaçadas de Extinção, assim como, concentrar esforços vol-
tados à pesquisa das espécies categorizadas como Deficiente
de Dados.

58 59
6. Bibliografia FZB/RS (Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul). Decreto nº 42.099 de 2002. Lista das Es-
pécies da Flora Ameaçadas – RS.

GIEHL, E. L. H. Flora do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/fitoecologia/


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Nativas do Brasil. Nova Odessa, SP, Instituto Plantarum de Estudos da Flora.
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2011. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011> acesso em setembro, 2011.

60 61
MMA. Ministério do Meio Ambiente. 2008. Instrução Normativa nº 6 de 23 de setembro, 2008.
Apêndice I.
MMA. Ministério do Meio Ambiente. Quarto Relatório Nacional para a Convenção sobre Diversi-
dade Biológica: Brasil /Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2011. Disponível em: <http://
uc.socioambiental.org/sites/uc.socioambiental.org/files/quarto_relatorio_147%20(1).pdf> acesso Resumo dos cinco critérios (A-E) usados para avaliar se o táxon pertence a uma ca-
em abril, 2012. tegoria de ameaça (Criticamente Ameaçada, Ameaçada, Vulnerável).

A. Redução Populacional – Declínio medido ao longo de 10 anos ou 3 gerações


MEC. Portal Domínio Público – Biblioteca Digital desenvolvida em software livre. Disponível em:
A1 ≥ 90% ≥ 70% ≥ 50%
<http://www.dominiopublico.gov.br/> acesso em outubro, 2011.
A2, A3 & A4 ≥ 80% ≥ 50% ≥ 30%

MEDEIROS, R. Evolução das Tipologias e Categorias de Áreas Protegidas no Brasil. Ambiente &
A1. Redução populacional observada, estimada, inferida, ou suspeita no passado onde as causas de redução
Sociedade. 9(1): 41-64. 2006.
são claramente reversíveis E entendida E cessada, e com base em qualquer das especificações seguintes:
(a) observação direta
MITTERMEIER, R. A.; Robles Gil, P.; Mittermeier, C. G. 1997. Megadiversity: earth’s biologically we- (b) índice de abundância apropriado para o táxon
althiest nations. Cidade do México: CEMEX, Conservation International e Agrupación Sierra Madre. (c) declínio na área de ocupação (AOO), extensão de ocorrência (EOO) e/ou qualidade do habitat
(d) atual ou potencial nível de exploração
MITTERMEIER, R. A.; G.A.B. da Fonseca, A.b. Rylandas; K. Brandon. A Brief History of Biodiversity (e) efeitos de taxa de introdução, hibridização, patógenos, poluentes, competidores ou parasitas
Conservation in Brazil. Conservation Biology 19 (3): 601–607. 2005. A2. Redução populacional observada, estimada, inferida ou suspeita no passado onde as causas de redução
não foram cessadas OU não foram entendidas OU não foram revertidas, baseadas em (a) a (e) no item A1.
PRIMACK, R. B.; Rodrigues, E. Biologia da Conservação. Londrina, 2001. 328 p. A3. Redução populacional projetada ou suspeita de ocorrer no futuro (até o máximo de 100 anos) baseado
SMA (Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo) 2004. Resolução SMA de (b) a (e) no item A1.
nº 48 de 2004. A4. Redução populacional observada, estimada, inferida ou suspeita (até o máximo de 100 anos) onde o pe-
ríodo de tempo deva incluir o passado e o futuro, e onde as causas de redução não foram
UNEP. United Nations Envinment Programme. Report on the Sixth Meeting of the Conference of the cessadas OU não foram entendidas OU não foram revertidas, baseadas em (a) a (e) no item A1.
Parties to the Convention on Biological Diversity UNEP/CBD/COP/6/20/Part2. The Hague, 2002 B. Distribuição Geográfica na forma de B1 (extensão de ocorrência) E/OU B2 (área de ocupação)
B1. Extensão de ocorrência (EOO) < 100 km2 < 5000 km2 < 20000 km2
SEAMA/ES. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo. Decreto B2. Área de ocupação (AOO) < 10 km2 < 500 km2 < 2000 km 2
1499-R Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção no Espírito Santo. E pelo menos dois dos seguintes:
(a) Severamente fragmentado OU
SEMA/GTZ. Secretaria de Estado do Meio Ambiente / Deutsche Gessellschaft fur Technische Zu- Número de localizações =1 ≤ 5 ≤ 10
sammenarbeit (SEMA/GTZ). 1995. Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do (b) Contínuo declínio em qualquer: (i) extensão de ocorrência; (ii) área de ocupação; (iii) área, extensão e/
Paraná, Curitiba. 139 p. ou qualidade de habitat; (iv) número de localizações ou subpopulações; (v) número de indivíduos maduros.
(c) Extrema flutuação em qualquer: (i) extensão de ocorrência; (ii) área de ocupação; (iii) número de locali-
SMITH, T.R.; Peuquet, D.J.; Menon, S.; Agarwal, P. KBGIS-II: a knowledge-based geographic infor- zações ou subpopulações; (iv) número de indivíduos maduros.
mation system. University of California, Santa Barbara, 1986. 43p.
C. Tamanho Populacional pequeno e em declínio
Número de indivíduos maduros < 250 < 2500 < 10,000
SPECIESLINK. Centro de Referência em Informação Ambiental. Disponível em: <http://www.splink.
org.br/> acesso em outubro, 2011. C1. Um declínio contínuo estimado em pelo menos (até o máx. de 100 anos no futuro) 25% em 3 anos
ou 1 geração 20% em 5 anos ou 2 gerações 10% em 10 anos ou 3 gerações
TABARELLI, M.; Pinto, L.P.; Silva, J.M.C.d.; Costa, R.C. Espécies ameaçadas e planejamento da C2. Um declínio contínuo E (a) e/ou (b)
conservação. In: Galindo-Leal, C.; Câmara, I.d.G. Mata Atlântica : biodiversidade, ameaças e pers- (a i) Número de indivíduos maduros em cada subpopulação < 50 < 250 < 1,000
pectivas. Carlos Ibsen de Gusmão. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica. pp. 86-94. 2005. Ou
(a ii) % de indivíduos em uma subpopulação 90-100% 95-100% 100%
THE PLANT LIST. A working list of all known plant species. Disponível em: <http://www.theplantlist. (b) Extrema flutuação no número de indivíduos maduros
org/> acesso em outubro, 2011.
D. População muito pequena ou restrita
Número de indivíduos maduros < 50 < 250 D1. < 1000
USP. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo – USP. Disponível em:
E/OU
<http://www.teses.usp.br/> acesso em outubro, 2011.
VU D2. Área de ocupação restrita ou número de localizações com um futuro de ameaça plausível que poderá
levar o táxon a CR ou EX em curto período de tempo
D2. tipicamente:
AOO < 20 km² ou número de localizações ≤ 5

E. Análise quantitativa
Indicação de provável extinção na natureza de: ≥ 50% em 10 anos ou 3 gerações (100 anos no máx.)
≥ 20% em 20 anos ou 5 gerações (100 anos no máx.) ≥ 10 % em 100 anos

62 63
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Dilma Rousseff
PRESIDENTA

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE


Izabella Mônica Vieira Teixeira
MINISTRA

Francisco Gaetani
SECRETÁRIO EXECUTIVO

Braulio Ferreira de Souza Dias


SECRETÁRIO DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS

JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO


Liszt Vieira
PRESIDENTE

CENTRO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DA FLORA – CNCFLORA


Dr. Gustavo Martinelli
Coordenador Geral

MSc. Miguel d’Ávila de Moraes


Coordenador do Projeto Espécies Ameaçadas

Organizadores
MSc. Miguel d’Ávila de Moraes
MSc. Danielli Cristina Kutschenko

Equipe Executora
Dr. Arthur Sérgio Mouço Valente, Dr. Julia Sfair Caram, MSc. Danielli Cristina Kutschenko,
MSc. Miguel d’Ávila de Moraes, MSc. Pablo Viany Prieto, MSc. Rafael Augusto Xavier Borges,
Diogo Marcilio Judice, Eduardo Pinheiro Fernandez, Felipe Sodré Mendes Barsos,
Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho, Nina Pougy Monteiro, Ricardo Avancini, Tainan Messina,
Thiago Serrano de Almeida Penedo

FOTOS
Eduardo Pinheiro Fernandez

EDIÇÃO
Dantes Editora

REVISÃO E PREPARAÇÃO DE TEXTO


Valeska de Aguirre

Centro Nacional de Conservação da Flora – CNCFlora


Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ
Rua Pacheco Leão n. 915, 22460-030 - Jardim Botânico – RJ
(21) 32042072 – www.cncflora.jbrj.gov.br – [email protected]

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