4662 - Preparaao e Confeao de Sopas
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4662 - Preparaao e Confeao de Sopas
João Gomes
IPQ.020.45
Manual de Sopas
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Idade antiga
Data-se que foi na era gregoriana que este aperfeiçoamento atingiu seu ápice, embora a ideia de dois talheres já se
tinha conhecimento. Pode-se citar como exemplo: as conchas de moluscos que eram utilizadas pelos Homens primitivos
como colher, a partir dessa concha os gregos deram forma as colheres que utiliza-se hoje. Foi também nessa época que
as funções dentro de uma cozinha foram definido-se. O padeiro era o responsável pela produção de alimentos, pois o
pão era a principal fonte de alimento, não havendo necessidades de uma maior especialização.
Devido aos grandes banquetes realizados gregos com pretexto de debater questões de literatura, filosofia e política: o
padeiro recebia diversos ajudantes e este atribuía tarefa a serem executadas, desta forma, esses ajudantes se
especializaram nas tarefas e assim estava constituída a brigada da cozinha.
Os gregos deixaram uma literatura culinária onde se tem os primeiros registos sobre cozinha, “Vida e prazer”, neste livro
encontramos também exemplos da cultura grega e sua alimentação como a associação do vinho e das uvas aos deuses,
além de possuírem poderes de recuperação.
Os Romanos absorveram os princípios da culinária grega durante seus confrontos em guerras de conquistas. A cozinha
de Roma progrediu muito depois que os Romanos conquistaram a Sicília, criando uma cozinha variada e refinada.
Com a expansão do império romano, os prisioneiros de guerra tornaram-se escravos, fazendo todos os trabalhos
inclusive o culinário. Para comemorar as vitórias de guerras, os Romanos promoviam exuberantes banquetes, onde os
cozinheiros podiam demonstrar toda sua habilidade na cozinha, dai que começou a aparecer a figura do chefe de
cozinha. Os reis e os magnatas da época alugavam esses cozinheiros escravo a preço de ouro. Tal era o conceito do
braço escravo na cozinha, que quando ele apresentava novidades cobiçadas a mesa, era laureado com ricos presentes,
mas se acontecia queimar-se um cozido ou ocorrer outro incidente qualquer chegava ele a ser surrado.
Com a decadência do Império romano e o inicio da idade media, a qual foi marcada por grandes acontecimentos como
epidemias, invernos rigorosos, guerras e fome, fez com que a gastronomia popular quase desaparecesse.
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Idade Media
Os mosteiros, centros culturais, foram grandes responsáveis pela continuidade e desenvolvimento da gastronomia pois
a igreja na idade média era muito rica, poderosa e exercia muita influência sobre os povos.
Os monges complementaram a culinária com o exagero de temperos e especiarias como a pimenta, noz de moscada,
cravo, canela entre outros. Grandes partes dessas especiarias foram trazidas pelas Cruzadas expedições militares e
religiosas organizadas para ocupar Jerusalém e pelos descobrimentos. Eles também simplificaram a preparação dos
alimentos e deram prioridade a aparência de seus pratos, o que tornou a gastronomia luxuosa.
Vasco da gama e mesmo Cristóvão Colombo foram os introdutores propriamente ditos na Europa dos condimentos
novos, como o açafrão, a pimenta do reino, a noz de moscada, etc…, autênticos causadores da revolução que existia na
alimentação da época, enriquecida pela introdução dessas especiarias, que foram as grandes responsáveis pela atracção
e interesse dos monarcas de então por manjares saborosos e diferentes.
Álias ao nos referirmos as especiarias não poderíamos deixar de fazer referencia as lendárias e rocambolescas viagens
de Marco Paulo as índias de então e suas festivas recepções de retorno, quando em meio as gargalhadas as especiarias
eram disputadas pelos seus recepcionistas. Alias o transporte das especiarias e sua concorrência, constitui capítulo
interessante na história da economia, ate o momento citado com largo interesse por todos os historiadores do direito
comercial e económico da época.
Concomitante a evolução gastronómica da Idade Media, os Chineses já preparavam o que se conhece como talherim de
hoje, era uma massa de farinha de trigo e soja temperada com gordura de peixe. Também da Ásia, foi trazido para o
ocidente o arroz, que esta presente nos pratos da maioria dos países.
Apesar dessas descobertas gastronómicas pouco se registou dessa época, apenas uma pequena obra chamada “Le
Menagier de Paris”
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Idade Moderna
Na Idade Moderna ainda era apreciado por alguns povos comer com as mãos, embora a faca e a colher já fosse utilizada
desde a pré-historia. O garfo só foi utilizado pela primeira vez no XI nas casas italianas para comer fruto, ele substituiu a
faca pontiaguda na década de 1450, nesta época o garfo tinha apenas dois dentes.
Os grandes banquetes com seus pratos todos ao mesmo tempo sob a mesa para que os convidados pudessem escolher
e se servir a vontade, deu lugar a pratos empratados e a um serviço separado, o qual servia separadamente as sopas,
entradas, assados, saladas e sobremesas.
Foi também no século XVII que as grandes inovações ocorreram, principalmente na elaboração dos molhos. Como por
exemplo o molho bechamel, nome dado para homenagear um famoso financista, o qual é apreciado até os dias de hoje
na cozinha actual.
Durante os reinados de Luís XIV e XV, surgiram: O fogão de doze a 20 bocas e o champanhe. O primeiro substituiu o
forno a lenha e o braseiro de carvão, e possibilitou a cocção em fogo brando ou forte. A segunda invenção foi criada
pelo abade dom Pérignon.
Ainda nessa época, século XVII, surge na França o primeiro restaurante, instalado por “Boulanger”. Apesar de já
existirem tavernas e os grandes banquetes, “Boulanger” inovou um novo serviço, o qual era realizado no seu pequeno
restaurante. Seu cardápio era baseado apenas, em francês “restaurants”, dai é a origem da palavra restaurante.
Dentre as inovações de “Boulanger” temos: um cardápio escrito com todas as sopas que o estabelecimento servia,
mesas individuais, levou com que o restaurante de “Boulanger” se tornasse famoso e consequentemente muito
frequentado.
Com a crise da França levando a revolução francesa em 1789, cujos ideais eram liberdade, igualdade, fraternidade entre
todos, resultou numa estagnação na arte de cozinhar, uma vez que todos os cidadãos passaram a viver numa situação
crítica.
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Idade Contemporânea
Com a decadência da nobreza francesa os grandes chefes não tinham mais onde trabalhar, desse modo resolveram se
unir e abrir pequenos estabelecimentos onde poderiam vender seus pratos. Dai, surge a sofisticação e o glamour
(encanto) da cozinha francesa, pois esses chefes conciliaram a gastronomia burguesa com o aroma do campo.
Na idade contemporânea inicia-se uma migração de culinária. Com Napoleão Bonaparte como imperador da França fez
com que essa mistura de sabores se intensificasse, pois ele odiava os requintes dos pratos franceses e idolatrava a
cozinha italiana. As contribuições de Napoleão foram: o frango frito no azeite doce, isto e, mistura de sabores salgados
com doces: e a conserva em vidro, que foi uma disputa lançada por Napoleão para que descobrissem uma maneira de
prolongar o tempo útil dos alimentos para que assim pudesse alimentar melhor seu exército.
Após Napoleão, os sucessores continuaram a apreciar a boa culinária e dessa forma fizeram com que a gastronomia não
parasse de crescer e se expandir pelo mundo.
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Época moderna
Entretanto, no século XIX e XX ocorre a diversificação de serviço e cardápios, além de inúmeros novos restaurantes cada
um com seu cardápio típico de uma região. Desde então, essa era e conhecida como neo-restauração, pois esta
marcada de inovações.
A seguir aos últimos anos do século precedente, a arte culinária chega ao mais alto ponto de perfeição em França, que
sem dúvida, foi ligeiramente travada durante os anos trágicos da guerra, mas apesar das mais difíceis circunstancias,
não cessou de progredir.
Temos a prova deste aperfeiçoamento na arte culinária francesa, nos livros de cozinha escritos por “Urbain ubois,
bernard Gouffé, favre” e outros praticantes do século XIX.
Com efeito, e a partir do ano de 1919 até aos nossos dias que foram publicados livros tais como: o guia culinária de
Escoffier e o grande livro da cozinha de Prosper Salles, obras de grande envergadura conhecidas no mundo inteiro e
assim como tantos mestres de cozinha como Suzanne, garlin, bonzy, Pellaprat, etc…
Na época actual o apetrechamento das cozinhas e os seus utensílios estão completamente transformados. Esta
transformação começa imediatamente depois da guerra de 1914-1918. As grandes fábricas metalúrgicas que forneciam
armas e munições, assim como material de campanha, consagram-se no tempo de paz a fabricação de utensílios de
cozinha e de diversos objectos necessários para os trabalhos nas mesmas. Os recipientes, marmitas, caçarolas, sautés,
etc…, que até então eram feitos em cobre, passaram a ser fabricados em alumínio, níquel e aço inoxidável. Estuda-se
melhor a sua forma de os tornar mais práticos.
As cozinhas são apetrechadas duma forma mais racional. Onde antigamente encontrávamos móveis de cozinha pesados
e escuros, exalando calor, fumos e cheiros nauseabundos, por vezes perigosos para a saúde, vemos agora, fornos,
estufas, etc…, de forma e cor agradáveis, enquadrados de alumínio brilhante, assim como utensílios que permitem a
elaboração de preparados com a maior limpeza e rapidez.
Um outro elemento foi incorporado, o frio que actualmente desempenha um papel dos mais importantes, tanto do
ponto de vista higiénico como gastronómico. As galerias, que quase sempre não eram mais do que um simples
compartimento de cimento ou madeira, contendo gelo picado, passam a ser câmaras frigorificas onde o frio e obtido
sem carga directa do gelo. Os armários frigoríficos, de diversos modelos funcionam a electricidade, sendo muito mais
práticos de que os utilizados anteriormente.
Finalmente, os motores eléctricos accionam máquinas de cozinha como, amassadores batedeiras, descascadores de
batatas, cortadores de legumes, etc…, tornando assim mais rápidas todas as operações que outrora eram puramente
manuais, diminuindo assim a fadiga do pessoal e aumentando a rentabilidade do mesmo.
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Cozinha Internacional
Podemos definir a cozinha Internacional como o conjunto de iguarias e pratos provenientes de diversos países que se
tornaram mundialmente conhecidos, quer pela sua confecção específica, quer pelo seu paladar representando assim a
culinária de um país.
No entanto, não nos podemos esquecer que estão inseridos no conjunto dos pratos da cozinha Internacional, as iguarias
criadas por alguns grandes chefes de cozinha como Auguste Escoffier, Carême, etc… que se continuam hoje em dia a
confeccionar, tais como:
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Sopa de Castanhas e Perdiz
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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Sopa de Nouilles com Boi
Material de Cozedura
Nota Fotografia
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Sopa de feijão Branco e Bacalhau
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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Sopa de amêijoas
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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Sopa de tomate á portuguesa
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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Sopa de Lentilhas e Arroz
Material de Cozedura
Nota Fotografia
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Sopa de peixe á Algarvia
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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Sopa Moscavidense
Material de Cozedura
Nota Fotografia
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Creme a Ribatejana
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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Creme á Marialva
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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Creme à Vouga
Material de Cozedura
Nota Fotografia
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Creme de feijão com aipo à moda dos açores
Material de Cozedura
Utilizações Fotografia
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CONSOMMÉ COM BRUNESA
Consommé é a base das sopas claras.
É obtido a partir de urna marmita de carne de vaca clarificada, enriquecida com cenouras, nabos, feijão-verde cortado
em brunesa e ervilhas. Consoante o tipo, pode ser enriquecido com legumes torneados ou cortados em juliana,
podendo ser aromatizado com vinho da Madeira, xerez ou marsala.
O nome "pequena marmita" corresponde a um caldo de carne apurado, parcialmente desengordurado e não clarificado,
quase sempre guarnecido com elementos da cozedura (pedacinhos de carne, cenouras, nabos, alho-francês, couve...).
Guarnição aromática
Cenouras 0,2kg
Nabos 0,2kg
Cebolas 0,2kg
Ramo de cheiros 1
Alho seco 2 dentes
Clarificação
Carne de vaca magra ( pá, acém comprido) para picar 0,4kg
Cenouras 0,08kg
Alho francês 0,08kg
Tomate 0,2kg
Concentrado de tomate 0,02kg
Ovos (claras) 2
Guarnição brunesa
Feijão-verde extrafino 0,08kg
Ervilhas extrafinas 0,08kg
Cenouras 0,16kg
Nabos 0,16kg
Tempero
Sal fino q.b.
sal grosso q.b.
Pimenta preta em grão q.b.
Cravos-da-índia 2
TÉCNICA DE CONFECÇÃO:
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Temperar com sal grosso. Levar a ferver.
Escumar cuidadosamente.
Preparar os elementos da guarnição aromática .
Descascar e lavar os legumes.
Preparar o ramo de cheiros com salsa, tomilho, louro, alho-francês e aipo.
Caramelizar as cebolas no tabuleiro do forno.
Cravejar uma cebola com 2 cravos-da-índia.
Juntar a guarnição aromática.
Cozer lenta e regularmente durante 3 h e 30 min a 4 h.
Escumar e desengordurar frequentemente durante a cozedura.
Passar a marmita pelo chinês.
Guardar a carne para uma outra utilização.
Arrefecer rapidamente a marmita. Clarificar a marmita - 30 min
Retirar a gordura e os nervos e picar a carne de vaca.
Descascar, lavar os elementos da guarnição aromática e da guarnição brunesa.
Cortar cenouras, alho-francês e aipo em brunesa. Concassê o tomate.
Colocar, dentro de um recipiente adequado, a carne picada, a guarnição aromática cortada em pedaços pequenos, o
tomate concassê, o concentrado de tomate, as claras de ovos e um pouco de água fria.
Deitar progressivamente a marmita arrefecida e totalmente desengordurada nos elementos da clarificação.
Deixar ferver lentamente sem parar de mexer.
Reduzir e deixar cozer lenta e regularmente durante 45 min a 1 h.
Acrescentar no fim da cozedura alguns grãos de pimenta esmagados.
Passar cuidadosamente o consommé pela étamine e colocar em banho-maria.
Desengordurar meticulosamente com papel absorvente.
Verificar a cor e o tempero.
Levar a ferver novamente.
Manter em banho-maria.
Preparar a guarnição -15 min
Cortar cenouras, feijão-verde e nabos em brunesa fina
Cozer separadamente os legumes à inglesa, refrescar e escorrer.
Empratar o consommé - 5 min
Aquecer a guarnição num pouco de consommé.
Repartir em quantidades iguais a brunesa no fundo das taças previamente aquecidas.
Deitar o consommé muito quente na guarnição.
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