Canais Impermeabilizaçao-Disserta
Canais Impermeabilizaçao-Disserta
Canais Impermeabilizaçao-Disserta
Júri
Julho de 2008
Impermeabilização de canais de rega a céu aberto
RESUMO
Os canais de rega são considerados infra-estruturas hidráulicas de grande importância, muitas vezes
inseridas em aproveitamentos hidroagrícolas de grande dimensão, que contribuem não só para o
desenvolvimento de uma agricultura sustentável, mas também para a fixação da população agrícola.
Nos últimos anos, têm sido executadas em Portugal obras de construção e reabilitação de canais de
rega com recurso a novos processos construtivos e com a aplicação de novos materiais.
Actualmente, não existe qualquer tipo de regulamentação oficial para sistemas de impermeabilização
de canais de rega e daí, a escolha deste tema para o desenvolvimento desta dissertação.
Neste trabalho procede-se ao levantamento e caracterização dos processos e materiais associados
aos sistemas de impermeabilização de canais de rega em Portugal, assim como da patologia a eles
associada, incluindo as principais anomalias, suas prováveis causas e possíveis técnicas de
reparação.
No final desta dissertação, são apresentadas algumas conclusões sobre os sistemas de
impermeabilização e materiais utilizados em Portugal, bem como sobre novos materiais passíveis de
poderem vir a ser aplicados neste tipo de obras.
ABSTRACT
Irrigation canals are considered hydraulic infrastructures of major importance, often inserted in large
hydro-agricultural enterprises, which contribute not only to the development of sustainable agriculture
but also to the settlement of agricultural population.
In recent years, works of construction and rehabilitation of irrigation canals have been performed in
Portugal, using new construction processes and applying new materials.
Currently, there are no official codes for waterproofing systems of irrigation canals, and therefore the
choice of this theme for the development of this dissertation
In this work the materials and processes associated with the waterproofing systems of irrigation canals
in Portugal have been surveyed and characterized, as well as the associated pathology, comprising
the main anomalies, their probable causes and possible repair techniques.
At the end of this dissertation, some conclusions are provided on the waterproofing systems and
materials used in Portugal, as well as on new materials that can be applied in this type of construction
work.
AGRADECIMENTOS
Ao Sr. Engenheiro Jorge Manuel Grandão Lopes do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC), meu orientador científico, os meus agradecimento e reconhecimento, pela disponibilidade em
aceitar esta orientação e pelo importante apoio em todo este trabalho.
Ao Professor Doutor Jorge de Brito, do Instituto Superior Técnico (IST), meu co-orientador,
agradeço-lhe pela sua disponibilidade, insistência, interesse, ânimo e confiança, que se revelaram
cruciais ao longo deste trabalho.
Ao Eng.º Luís Vaz, pela sua disponibilidade de facultar o seu vasto arquivo fotográfico.
À empresa Sotecnisol e todos os seus colaboradores, principalmente ao Eng.º João Justo,
pela sua disponibilidade e relato da sua experiência profissional que tanto me ajudou.
À Eng.ª Madalena Barroso (LNEC), pela sua disponibilidade de me facultar elementos
bibliográficos de grande importância para o desenvolvimento deste trabalho.
À Federação Nacional de Regantes, a todos os seus associados e respectivos responsáveis,
pela sua disponibilidade na realização de visitas aos seus perímetros de rega, parte essencial deste
trabalho.
À empresa Mota-Engil, particularmente à direcção de obra do canal Alvito-Cuba, pela sua
disponibilidade para a realização da visita à mesma obra.
Aos meus pais, pelos seus sacrifícios e por sempre me incutirem os valores do trabalho e do
amor. A eles, que me apoiaram e motivaram incondicionalmente em todos os momentos da minha
vida e neste trabalho em particular, o meu muito obrigado, devo-vos aquilo que sou.
A toda a minha família, principalmente ao meu irmão João, agradeço todo o apoio que
sempre me deu.
A todos os meus amigos, em particular à Paula, agradeço a sua amizade e ajuda, nos
momentos bons e maus, sem nunca me deixarem desistir.
A todos os colegas que se cruzaram comigo ao longo deste anos de curso.
Agradeço a Deus por todas as graças que me tem concedido ao longo da vida, das quais esta
é uma das mais importantes.
ÍNDICE GERAL
Pág.
1. Introdução ....................................................................................................................................................... 1
1.1 Considerações iniciais ............................................................................................................................. 1
1.2 Objectivos................................................................................................................................................ 3
1.3 Metodologia de trabalho ........................................................................................................................ 4
1.4 Organização e resumo da dissertação .................................................................................................... 4
2. Soluções construtivas de impermeabilização em canais de rega ................................................................... 7
2.1 Generalidades e enquadramento ........................................................................................................... 7
2.2 Factores que afectam as perdas de água por infiltração ........................................................................ 8
2.3 Importância / utilidade de canais de rega impermeabilizados ............................................................... 9
2.4 Materiais ............................................................................................................................................... 11
2.4.1 Betão ............................................................................................................................................. 12
2.4.2 Membranas ................................................................................................................................... 13
2.4.2.1 Membranas betuminosas (modificadas) ................................................................................... 14
2.4.2.1.1 Membranas de betume-polímero APP ................................................................................ 15
2.4.2.1.2 Membranas de betume-polímero SBS ................................................................................. 16
2.4.2.2 Membranas de PVC plastificado ............................................................................................... 17
2.4.2.3 Membranas de polietileno ........................................................................................................ 19
2.4.2.4 Membranas de EPDM ............................................................................................................... 20
2.4.3 Acessórios e outros materiais ........................................................................................................ 21
2.4.3.1 Materiais para juntas de revestimento de betão ...................................................................... 21
2.4.3.2 Fixações mecânicas ................................................................................................................... 22
2.4.3.3 Equipamentos para ligação de juntas ....................................................................................... 23
2.5 Soluções construtivas ............................................................................................................................ 25
2.5.1 Revestimento com betão............................................................................................................... 25
2.5.1.1 Betão simples ou armado.......................................................................................................... 25
2.5.1.1.1 Juntas em canais revestidos com betão ............................................................................... 26
2.5.1.1.2 Soluções construtivas para juntas ........................................................................................ 30
2.5.1.1.3 Técnicas de construção de revestimentos de betão ............................................................ 34
2.5.1.1.4 Espessura do revestimento .................................................................................................. 41
2.5.1.2 Revestimento com placas pré-fabricadas ................................................................................. 42
2.5.2 Revestimento com membranas ..................................................................................................... 43
2.5.2.1 Membranas betuminosas.......................................................................................................... 44
2.5.2.2 Membranas sintéticas ............................................................................................................... 45
2.5.3 Outros tipos de revestimentos ...................................................................................................... 53
2.5.4 Pormenorização construtiva ......................................................................................................... 55
2.5.5 Análise de soluções alternativas ................................................................................................... 56
2.5.6 Novas tecnologias e materiais ...................................................................................................... 57
2.6 Observação de canais ............................................................................................................................ 59
3. Patologia mais corrente ................................................................................................................................ 63
3.1 Considerações gerais ............................................................................................................................. 63
3.2 Descrição das principais anomalias e das suas causas .......................................................................... 63
3.2.1 Revestimento com betão............................................................................................................... 63
3.2.1.1 Betão simples ou armado.......................................................................................................... 63
3.2.1.2 Revestimento com placas pré-fabricadas ................................................................................. 66
3.2.2 Revestimento com membranas ..................................................................................................... 66
3.2.2.1 Membranas betuminosas.......................................................................................................... 67
3.2.2.2 Membranas sintéticas ............................................................................................................... 69
3.2.3 Outros tipos de revestimentos - Pintura ........................................................................................ 72
3.3 Técnicas de reparação e reabilitação .................................................................................................... 73
3.3.1 Revestimento com betão............................................................................................................... 74
3.3.1.1 Betão simples ou armado.......................................................................................................... 74
ÍNDICE DE FIGURAS
Carga - Material constituído por partículas soltas (fíler, fibras ou inertes finos) que se adiciona aos
materiais betuminosos com objectivo de lhes conferir propriedades específicas [2].
Feltro - Armadura constituída pela interligação de fibras de origem orgânica ou inorgânica por um
processo adequado, mas sem fiação, tecelagem ou entrançamento. São vulgares os feltros de fibra
de vidro e os feltros de poliéster [8].
Folhas - Armadura com superfície contínua constituída por materiais metálicos ou plásticos não
absorventes [8].
Material antiaderente - Material aplicado nas duas faces das geomembranas betuminosas com o fim
de evitar a aderência das superfícies durante o enrolamento. É vulgar o uso de areia de baixa
granulometria e polietileno [8].
Mistura betuminosa - Mistura constituída por produtos betuminosos e material inerte, podendo
também conter plastificantes ou outros aditivos [8].
PE - Polietileno.
Tela (armadura tecida) - Armadura constituída por fibras de origem orgânica ou inorgânica ligadas por
fiação, tecelagem ou entrançamento [8].
Caixa - forma da secção transversal escavada no solo para posterior aplicação do revestimento.
Ponte canal - obra de arte utilizada para atravessamento de vales ao longo do percurso de um canal
de rega.
1. INTRODUÇÃO
Os recursos naturais e a sua preservação têm vindo a ser objecto de preocupação por parte
da Sociedade ao longo dos tempos, sendo a água um dos que maior atenção tem merecido.
A maioria das primeiras civilizações fixou-se em zonas costeiras, ao longo dos principais rios
e linhas de água, mostrando assim que muito cedo o Homem tomou consciência de que a sua
subsistência dependia da proximidade à água, bem como da capacidade de a armazenar e
transportar.
Os primeiros sistemas, canais e técnicas de rega com alguma complexidade, foram criados
pelo povo Egípcio no Rio Nilo, seguido pelos Romanos que desenvolveram técnicas muito apuradas
para o transporte e abastecimento de água às populações de todo o seu império.
A estanqueidade das obras hidráulicas, em geral, foi desde sempre uma preocupação tida em
conta na sua concepção e execução.
Os canais de rega são considerados infra-estruturas hidráulicas de grande importância,
muitas vezes inseridas em aproveitamentos hidroagrícolas de grande dimensão, que contribuem não
só para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, mas também para a fixação da população
agrícola.
O principal objectivo dos canais de rega é o transporte de água a longas distâncias,
maximizando a quantidade de água realmente aproveitada e minimizando o custo de operação dos
canais. Deste modo, a impermeabilização dos canais de rega é um dos aspectos mais importantes a
ter em conta na concepção, execução e reabilitação de canais de rega.
O Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água [2] estima que a procura de água em Portugal
seja de cerca de 7500 milhões de metros cúbicos/ano. Verifica-se que, de entre todos os utilizadores
de água, a agricultura é o principal com 87%. No entanto, a eficiência de utilização dessa água é
apenas de cerca de 60%.
Em Portugal, existem centenas de quilómetros de canais de rega construídos nas décadas de
cinquenta e sessenta do século passado que actualmente apresentam graves problemas de
estanqueidade que chegam atingir 80%, segundo o Levantamento das necessidades de reabilitação
dos regadios existentes e/ou beneficiação de regadios tradicionais [1].
Estes valores levam a que sejam analisadas medidas a tomar de modo a inverter estes
números, principalmente no que diz respeito à eficiência do uso deste recurso na agricultura que,
ainda segundo o Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água [2], deverá ser de 65% em 2013. Sem
dúvida que uma das principais medidas a ser tomada será a adopção de sistemas de
impermeabilização de canais de rega que apresentem problemas graves de estanqueidade.
No entanto, antes de se analisar em detalhe este tema, procede-se a uma pequena
apresentação do contexto em que os canais de rega estão inseridos.
1. Regadios de carácter individual ou privado - que se encontram dispersos um pouco por todo
o país, com as mais variadas áreas;
2. Regadios tradicionais de carácter colectivo - que foram implantados com a ajuda do Estado;
3. Regadios de carácter público, construídos pelo Estado - com áreas de beneficiação, recursos
hídricos e infra-estruturas de relevância considerável.
Verifica-se assim que nem toda a água captada que entra na secção inicial do canal é
efectivamente aproveitada, pois deve ter-se em conta o volume de água associado às perdas.
De modo a minimizar o volume destas perdas, é fundamental que se proceda a uma
adequada concepção e execução dos sistemas de impermeabilização de canais de rega.
Actualmente, existem no mercado materiais e sistemas de impermeabilização para canais de
rega que têm vindo a ser utilizados no seu revestimento no que diz respeito à garantia da
estanqueidade, mas que nunca foram alvo de uma investigação aprofundada.
Com esta dissertação, pretende-se colaborar para um aumento da qualidade na concepção e
execução de sistemas de impermeabilização de canais de rega, com vista à minimização das
anomalias e causas que provoquem a perda da estanqueidade dos mesmos.
1.2 Objectivos
Esta dissertação está organizada em quatro capítulos, nos quais se tratam os seguintes
temas:
Capítulo 1
No primeiro capítulo desta dissertação, procede-se ao enquadramento do tema, à definição
dos objectivos atingidos e à definição da metodologia de trabalho.
Capítulo 2
No segundo capítulo, procede-se ao levantamento das soluções construtivas existentes
para impermeabilização de canais de rega bem com à sua descrição, com especial ênfase naquelas
de que se conhece casos de aplicação em Portugal. No ponto 2.3, apresentam-se alguns aspectos
relacionados com a importância / utilidade de se ter canais de rega impermeabilizados. No ponto 2.3,
procede-se à caracterização dos materiais utilizados nas soluções construtivas do ponto 2.1. No
ponto 2.4, apresenta-se e descreve-se uma série de perfis transversais tipo para as diferentes
soluções construtivas. O capítulo termina no ponto 2.5 onde são brevemente descritas algumas
soluções alternativas às que actualmente são utilizadas em Portugal
Capítulo 3
Neste capítulo, descrevem-se as anomalias mais correntes das soluções construtivas
apresentadas no capítulo 2 bem com as possíveis causas para essas anomalias. No ponto 3.3, são
apresentadas algumas técnicas de reparação das anomalias observadas para cada sistema
construtivo.
Capítulo 4
No quarto e último capítulo, sugerem-se algumas propostas para trabalhos e investigações
futuras sobre este tema, bem como se apresentam algumas considerações e conclusões resultantes
do desenvolvimento desta dissertação.
A minimização das perdas de água em canais de irrigação sempre foi um aspecto importante
na sua concepção.
Estão disponíveis actualmente no mercado várias soluções construtivas que visam não só a
impermeabilização de canais novos, mas também a reabilitação de canais degradados e a sua
readaptação às necessidades dos regadio actuais.
Antes de proceder a uma intervenção de impermeabilização de um canal, é necessário
avaliar o seu estado de conservação, a fim de se verificar a necessidade ou não de trabalhos prévios
de preparação, como por exemplo a reconstrução de espaldas e/ou fundos.
Um dos aspectos a ter em conta são as condições de drenagem em que se encontra o canal,
que normalmente carecem de ser melhoradas antes de qualquer tipo de intervenção ao nível da
reparação dos revestimentos.
Depois das obras de intervenção ao nível do melhoramento da drenagem, é necessário
proceder a uma regularização da caixa, optando pela manutenção ou não do revestimento antigo
como base de assentamento do revestimento novo.
Consideram-se então 3 hipóteses de revestimento como as mais utilizadas na maioria das
obras deste tipo em Portugal:
Como todas as soluções construtivas, também estas têm vantagens e inconvenientes, tanto
do ponto de vista técnico como do económico.
Um aspecto fundamental, a ter em conta na escolha do tipo de revestimento e na execução
do mesmo, é o período limitado em que se pode levar a cabo este tipo de obras, que devem ser
desenvolvidas no intervalo entre campanhas de rega, as quais duram entre 7 e 8 meses,
normalmente entre Abril e Novembro. O custo e a durabilidade deste tipo de obras de revestimento e
impermeabilização de canais de rega são também factores a ter em conta na análise de cada solução
construtiva.
Nos pontos 2.5.1 a 2.5.3, caracterizam-se com maior detalhe as três soluções construtivas de
revestimento indicadas.
É de esperar que um canal com mais idade apresente maiores problemas de estanquidade
do que um canal semelhante, sujeito às mesmas condições, mas com menor período de utilização.
No entanto, podem haver excepções.
As condições atmosféricas a que o canal se encontra sujeito são também aspectos a ter em
conta na degradação do canal, principalmente em climas com períodos de seca consideráveis em
que a água existente no solo é evaporada, aumentando assim as perdas por infiltração de modo a
repor os valores dessa mesma água; esta situação é naturalmente mais marcante no caso de canais
de betão ou similares.
Muitas das fissuras que aparecem nos canais de rega devem-se às raízes das árvores que
normalmente se encontram ao longo do canal. A plantação de árvores ao longo do desenvolvimento
longitudinal do canal tem que ser analisada com alguma precaução, isto é, se por um lado as raízes
podem desenvolver-se na direcção do canal rompendo o seu revestimento, por outro, podem ajudar
na estabilização dos taludes de aterro e escavação. Deve garantir-se então que as árvores sejam
plantadas a uma distância apropriada da espalda do canal.
A melhoria do revestimento da secção útil dos canais tem como objectivos directos:
• a diminuição das perdas de água por infiltração, melhorando a eficiência do sistema e
diminuindo o alagamento das terras adjacentes aos canais, assim como a humidade
dos aterros e desagravando as condições de drenagem;
• disponibilizar maior quantidade de água para rega, que não só beneficia as áreas já
consideradas no perímetro de rega, como permite o alargamento a novas áreas,
utilizando os caudais sobrantes;
• melhorar as condições de escoamento do canal reabilitado, aumentando a velocidade
da água e, consequentemente a sua capacidade de transporte.
Pode referir-se que não existe qualquer tipo de normativa que indique qual o volume máximo
de perdas de água por infiltração que um canal pode apresentar.
Cerca de dois terços da água transportada em canais no mundo é perdida ao longo do seu
percurso [3]. Estes são números preocupantes visto que este recurso é dos mais importantes na
Natureza. Se, por um lado, existem zonas do globo, como por exemplo as regiões tropicais, onde a
água é abundante e esta perda não tem um peso tão significativo, por outro, existem países onde
este recurso é quase sagrado, como é o caso dos países do Médio Oriente e das zonas mais áridas
do planeta.
Existem vários tipos de canais que transportam água para vários fins. Analisando as perdas
de água em canais de abastecimento, ou em canais de transporte de água para produção de energia,
as perdas por eles apresentadas têm um impacte exponencial ao longo das actividades no ciclo de
utilização de um dado tipo de água. No caso dos canais que transportam água purificada,
dessalinizada, água resultante de estações de bombagem, etc. estes tipos de água ao entrar num
canal de transporte já têm um custo associado e é de toda a conveniência que se perca a menor
quantidade de água ao longo do seu percurso.
Exige-se então uma análise mais profunda dos benefícios que se obtêm se se pensar na
construção de canais de raiz, com sistemas que permitam reduzir as perdas de água desde o seu
ponto de partida, se o investimento a realizar compensar os proveitos obtidos.
No caso dos canais de rega, constata-se que o maior benefício seria o aumento dos
perímetros de rega actuais, sem se levar a cabo grandes obras de reestruturação das redes de rega
já existentes.
De outro ponto de vista, se se imaginar que se introduz a água no início de um canal para se
obter um dado volume de água no seu final, e considerando que esse mesmo canal tem perdas ao
longo do seu desenvolvimento, deve então ter-se em conta no seu dimensionamento que o volume
de água final tem que resultar da soma da água realmente necessária com o volume de água que se
perde. Estes factores influenciam de forma significativa o dimensionamento do canal, o que se traduz
muitas vezes no aumento da secção do canal para fazer face às perdas previstas.
FIGURA 5 - CANAL DE BETÃO ANTES E DEPOIS DA APLICAÇÃO DE MEMBRANA BETUMINOSA COM ADITIVO ANTI-RAIZES
2.4 Materiais
2.4.1 Betão
Os canais de rega são obras hidráulicas que se encontram expostas a condições extremas,
pelo que a garantia da qualidade do betão é de extrema importância.
Nesta dissertação, não se procede a uma descrição exaustiva da composição do betão a ser
aplicado neste tipo de obras, mas referem-se apenas as principais características que este deve
apresentar para o campo de aplicação em questão.
Uma das principais exigências na qualidade deste material relaciona-se com as suas
propriedades. O estado de fluidez do betão, aquando da sua aplicação, é um dos parâmetros mas
importantes a considerar para que se minimizem os problemas de segregação na altura da
betonagem. O betão deve apresentar um “slump” entre 3 e 5, dependendo das condições climatéricas
de betonagem e da inclinação das espaldas. A fluidez do betão deve ser tal que garanta a sua
trabalhabilidade sem que no entanto provoque o seu deslizamento pelas espaldas.
Um dos principais objectivos do revestimento de canais de rega é a sua impermeabilização,
sendo o betão um material com características impermeáveis quando bem compactado. A prevenção
da formação de cavidades, que podem ser responsáveis por infiltrações e crescimento de vegetação,
é um dos principais aspectos a ter em conta na execução deste tipo de revestimentos. Este objectivo
alcança-se procedendo a uma correcta compactação do betão, actuando em paralelo com um
aumento da resistência aos esforços de tracção e compressão.
Os agregados a serem utilizados na composição do betão devem apresentar uma distribuição
granulométrica com várias dimensões, para que os agregados mais finos colmatem as cavidades
deixadas pelos agregados de maior dimensão, reduzindo o mais possível o volume de vazios.
A relação água / cimento deve estar entre 0,48 e 0,55 [3] de modo a que se obtenham bons
valores de resistência mecânica. Com esta baixa relação, é importante dar atenção ao processo de
compactação. A trabalhabilidade deste tipo de “betão seco” pode ser melhorada com recurso a
plastificantes que garantem a relação água / cimento, sem prejudicar com isso a resistência final do
betão. Deve ter-se em atenção que este tipo de plastificantes também pode influenciar o tempo de
descofragem devido ao aumento de fluidez do betão.
Actualmente, é pouco frequente a execução de betão in situ, recorrendo-se normalmente ao
fornecimento de betão pronto que, na maioria dos casos, garante um maior controlo das
características específicas do betão fresco, tais como a consistência.
3
O betão a aplicar deve ter uma dosagem de cimento, entre 250 e 300 kg/m , a qual é
responsável por lhe conferir uma elevada resistência. Pode ser utilizado cimento do tipo Portland. No
entanto, deve verificar-se se o terreno subjacente não é rico em sulfato de cálcio, pois este composto
pode reagir com os aluminatos e silicatos presentes no cimento originando uma reacção de expansão
e consequente fissuração. Não é aconselhável a adição de cinzas volantes. No entanto, a adição de
pozolanas naturais pode ser eficaz na minimização dos efeitos da presença de sulfato de cálcio no
terreno pois impede que se dêem as referidas reacções de expansão. Não obstante, a adição deste
Assume-se que, para além de todas as especificações do tipo e fabrico de betões referidas
neste ponto, os mesmos devem também estar de acordo com as normas e especificações gerais
adoptadas em Portugal para este propósito.
2.4.2 Membranas
produzidas com base em betume e membranas sintéticas produzidas com base em polímeros
sintéticos (Tabela 1).
As membranas mais utilizadas no revestimento de canais rega em Portugal, são aquelas que
utilizam como matéria-prima betumes modificados (SBS e APP), dentro do grupo das membranas
betuminosas. No grupo das membranas com base em polímeros sintéticos, as utilizadas no
revestimento de canais de rega em Portugal são as membranas de PVC-P, as membranas de
polietileno e as membranas de EPDM. As membranas podem ser fabricadas “in situ” ou em fábrica.
Na impermeabilização de canais de rega em Portugal, as membranas aplicadas são de fabrico
exclusivo em fábrica. No entanto, existem aplicações de membranas fabricadas “in situ” em canais de
rega nos Estados Unidos [6].
Neste trabalho, apenas são apresentadas as características das membranas que são
usualmente aplicadas em revestimentos de canais de rega em Portugal.
Nota: os valores apresentados até ao final deste ponto 2.3, que não apresenttem referência
específica, foram resultado de uma análise de várias publicações [12] e [13] e algumas
especificações técnicas de materiais normalmente utilizados da impermeabilização de canais de rega
[10] [22] [23].
Características dimensionais
- Espessura nominal: entre 3 e 5 mm, sendo usualmente 4 mm;
2
- massa por unidade de superfície: entre 3 e 5 kg/m ;
- membranas fornecidas em rolos: usualmente 1 m de largura e 10 m de comprimento.
Características mecânicas
- Resistência à tracção na direcção longitudinal (direcção de fabrico) pode tomar valores entre
550 e 1200 N;
- resistência à tracção na direcção transversal pode variar entre 500 e 950 N;
(ambas as resistências têm intervalos de variação consideráveis, principalmente devido ao
facto de a massa por unidade de superfície das armaduras poder ser diferente e/ou à adição
de fibras de reforço na mistura betuminosa)
- alongamento na rotura pode variar entre 30 e 70%; no entanto, para o caso específico da
utilização de armaduras de fibras de vidro, este valor é bastante reduzido podendo atingir
valores de 5%;
- a resistência da membrana ao rasgamento depende do tipo de armadura utilizada e não
deverá ser inferior a 100 N.
Características dimensionais
- Espessura nominal: entre 2 e 5 mm, usualmente 4 mm;
Características mecânicas
- Resistência à tracção na direcção longitudinal (direcção de fabrico) pode tomar valores entre
350 e 1100 N;
- resistência à tracção na direcção transversal pode tomar valores entre 300 e 1000 N;
(ambas as resistências têm intervalos de variação consideráveis, principalmente devido ao
facto da massa por unidade de superfície das armaduras poder ser diferente e/ou à adição
de fibras de reforço na mistura betuminosa)
- alongamento à rotura pode variar entre 20 e 75%, para membranas com armaduras de
poliéster; no entanto, para o caso específico da utilização de armaduras de fibras de vidro
pode ser substancialmente menor;
- a resistência da membrana ao rasgamento depende do tipo de armadura utilizada e da
direcção que é solicitada; assim, para a direcção longitudinal, é cerca de 80 N para
armaduras de fibra de vidro e varia entre 160 e 290 N para armaduras de poliéster. Na
direcção transversal, esses valores são de 100 N para armaduras de fibra de vidro e variam
de 170 a 340 N para armaduras de poliéster.
Principais características
As membranas de policloreto de vinilo são constituídas por resinas, plastificantes,
estabilizantes, cargas e podem ou não ter armadura.
2
Quando existem armaduras, estas pode ser de poliéster (100 g/m [12]) ou de fibra de vidro
2
(50 g/m [12]). A incorporação de armaduras na membrana minimiza os efeitos das retracções e
variações dimensionais, devidos à perda de plastificantes e à acção da temperatura. Em Portugal,
existem aplicações de membranas armadas e não armadas, algumas delas dispondo de um feltro na
face inferior da membrana
Quanto aos outros constituintes, os plastificantes são aqueles que têm uma maior importância
e representam cerca de 30 a 40% [12], se a membrana for obtida por calandragem, e cerca de 20%
se a membrada for obtida por extrusão da mistura de PVC. Quanto menor for a quantidade de
plastificantes presentes na mistura, maior será a rigidez da membranas e menor a sua ductilidade e
flexibilidade. As membranas utilizadas no revestimento de canais de rega devem ser dúcteis e
flexíveis, como tal, devem ter uma elevada percentagem de plastificantes. Os plastificantes são
normalmente monómeros (esteres fetálicos) e podem ser razoavelmente voláteis e/ou removidos por
acção de solventes entre os quais a água. Estes monómeros apresentam uma incompatibilidade
química com betumes e óleos de origem mineral. Isto leva a que possa existir uma migração de
plastificantes e, consequentemente, a rotura da membrana. No revestimento de canais de rega, este
é um aspecto a ter em consideração principalmente nas juntas entre membranas betuminosas e
membranas de PVC. O efeito da migração de plastificantes da membrana de PVC para a membrana
betuminosa pode ser minimizado pela utilização de polímeros / plastificantes de elevado peso
molecular e pela utilização de estabilizantes.
Características dimensionais
- Espessura nominal pode variar entre 1,2 e 2,0 mm;
3
- massa volúmica varia entre 1,25 e 1,35 g/cm e massa por unidade de superfície varia entre
2
1,6 e 2,0 kg/m ;
- este tipo de membranas é comercializado em rolos de 1 a 2 m de largura e comprimentos de
15 a 25 m.
Características mecânicas
2
- Membranas armadas com fibras de vidro apresentam valores de 12 N/mm para a tensão de
rotura na direcção longitudinal, mesmo depois de envelhecidas;
2
- em membranas armadas com poliéster, a tensão de rotura varia entre 15 e 20 N/mm ,
mesmo depois de envelhecidas;
- extensão de rotura varia entre 240 e 380% para membranas com armaduras com poliéster e
é de cerca de 210% para membranas com armaduras de fibra de vidro; estes valores
diminuem com o envelhecimento;
Existem estudos [13] que caracterizam de uma forma mais detalhada várias membranas com
diferentes tipos de plastificantes e estabilizantes que, apesar de terem como objecto as membranas
utilizadas na impermeabilização de coberturas, podem servir como base para estudos futuros
aplicados a membranas utilizadas na impermeabilização de canais de rega.
Principais características
As membranas flexíveis de poliolefinas podem dividir-se em dois grupos de acordo com o
constituinte principal, polipropileno (PP) e polietileno (PE).
A experiência de revestimento de canais de rega em Portugal com este tipo de materiais é
pouco significativa e diz respeito à aplicação de membranas à base de polietileno de alta e de baixa
densidade e, como tal, apenas se descreve o segundo grupo referido anteriormente. A gama de
produtos deste grupo existentes no mercado é muito variada, quer em termos de características quer
em termos de constituintes, quer em termos de espessuras e propriedades específicas do material.
Daí que as características dos materiais apresentados posteriormente possam não corresponder
exactamente às daqueles que estão actualmente aplicados em revestimento de canais em Portugal.
Para além do polímero base (PE), as membranas podem apresentar outros componentes,
tais como fíleres, estabilizantes, retardadores de incêndio, anti-oxidantes e corantes.
As membranas de polietileno podem ser ou não armadas, têm a possibilidade de serem
recicladas, apresentam resistência ao calor e aos UV, não têm plastificantes e as suas resistências
dependem não só da direcção em que a membrana está a ser solicitada, mas também do tipo de
armadura e do seu peso específico.
Características dimensionais
- Espessura nominal pode apresentar valores de 1,2 a 2,5 mm e massas por unidade e
2
superfície na ordem de 1,1 a 2,27 kg/m .
- membranas fornecidas em rolos com mais de 2 m de largura e 20 a 25 m de comprimento.
Características mecânicas
- Força de rotura, varia de 1280 a 1340 N e de 1190 a 1260 N, nas direcções longitudinal e
transversal, respectivamente;
- extensão na rotura é de 25% nas duas direcções;
- um valor de referência para a variação dimensional pode ser inferior a 0,5% após 6 horas a
80 ºC.
Principais características
As membranas de EPDM são produzidas a partir de uma mistura de monómero de etileno-
propileno-dieno e aditivos, tais como óleos, agentes de vulcanização e retardadores de fogo.
A percentagem de monómero de etileno-propileno-dieno presente na mistura na sua forma
pura deve ser de cerca de 30% da massa total da mistura.
À semelhança de todas as membranas anteriores, também estas membranas podem ser ou
não armadas. As armaduras mais utilizadas neste tipo de membranas são as de poliéster ou de
poliamida. Normalmente, é aplicado talco ou mica como acabamento superficial para evitar a
aderência das superfícies quando a membrana é enrolada.
Características dimensionais
- Espessura nominal é normalmente de 1,5 mm e massa por unidade de superfície pode
2
variar entre 1,2 e 2,3 kg/m ;
- membranas fornecidas em rolos de comprimento que pode variar entre 15 e 40 m de largura
entre 1,35 e 15,20 m.
Características mecânicas
2
- Em ambas as direcções, a tensão de rotura pode variar entre 7,8 e 12,8 N/mm para uma
membrana nova não-armada;
- alongamento para uma membrana não-armada envelhecida por acção do calor da ordem de
23,5% e de 12,8% por acção da exposição às radiações ultravioletas;
2
- tensão correspondente a uma extensão de 100% com valor médio de 2,60 N/mm e de 2,45
2
N/mm na direcção longitudinal e transversal, respectivamente, para membranas não
armadas;
- para membranas novas, a extensão de rotura média apresenta valores na ordem de 450%;
- a resistência ao rasgamento tende a baixar pelo efeito do calor, podendo atingir valores
cerca de 67% inferiores relativamente aos da membrana nova.
Existem materiais que, apesar de não fazerem parte do revestimento em si, são utilizados
como acessórios, de fixação e isolamento, como por exemplo as barras metálicas de fixação,
selantes e mastiques das juntas dos revestimentos em betão.
As fixações pontuais são realizadas com recursos a parafusos e anilhas de matéria resistente
à corrosão em anilhas. O dimensionamento deste tipo de fixações encontra-se descrito em pormenor
no ponto 2.5 deste capítulo.
a) juntas transversais
As juntas transversais podem ter dois tipos de comportamento: por um lado, podem
comportar-se como juntas de dilatação, minimizando assim os problemas de expansão do betão
causados pelas temperaturas elevadas ou, por outro lado, comportar-se como juntas de retracção
minimizando o efeito da fissuração, bem como os efeitos de retracção provocados pelas baixas
temperaturas nas estações frias.
Em termos de dimensionamento, a distância a adoptar entre duas juntas consecutivas
transversais pode ser dada através da seguinte expressão [3]:
௧ (1)
=ܮ
ଶி
Com base na equação (1), verifica-se que não existe problema em estabelecer valores para a
espessura do revestimento nem para o valor de tracção admissível no betão. A dificuldade está em
estabelecer o valor da tensão de atrito, F, pois esta depende de dois factores. O primeiro relaciona-se
com a coesão do solo e depende da variação da humidade e coerência, enquanto que o segundo se
relaciona com o ângulo de inclinação da espalda do canal com a horizontal, ângulo esse que é
proporcional à força normal ao plano da espalda exercida pelo revestimento no solo.
Com estes factores, é difícil considerar um valor normalizado para a distância entre juntas; na
maioria dos casos, esse valor varia entre 3 e 4,5 m, dependendo da espessura do revestimento de
betão [3].
No entanto, podem-se tirar várias ilações da equação apresentada anteriormente, como a de
que a distância entre juntas é directamente proporcional à espessura da camada de betão, ou seja,
quanto menor for a espessura do revestimento menor será a distância entre juntas, um factor
importante a ter em conta, pois é nas juntas que se verifica um maior volume de perdas. Assim,
quanto maior for o número de juntas, maior a probabilidade de ocorrência de perdas. Verifica-se
também que, se for utilizado um betão de melhor qualidade para o revestimento, a resistência à
tracção é melhorada o que aumenta a distância entre juntas.
Inversamente proporcional é a relação entre F e L, verificando-se que quanto melhor for o
acabamento da escavação, maior será a distância entre juntas.
Se se observarem todos os valores da equação, verifica-se que nenhum deles depende da
temperatura, isto é, a distância entre duas juntas consecutivas, L, não depende das condições
atmosféricas, e, por conseguinte, da zona climatérica.
A equação que permite calcular a dilatação térmica para o betão é [3]:
்
∆= ܮ (2)
ଵఱ
T - variação térmica (oC);
L - distância entre juntas (mm).
Por exemplo, um canal sujeito a uma variação térmica de 40 ºC, com juntas espaçadas de 4
em 4 metros, dilata 1.6 mm, valor que é normalmente inferior à largura das juntas correntes.
Como referido, outra das funções das juntas transversais é fazer face aos esforços de tracção
devidos às variações térmicas.
Não existe um consenso sobre a distância a considerar entre duas juntas consecutivas deste
tipo, pois essa dimensão depende de vários factores. Verifica-se que a rotura por dilatação do betão
não ocorre uniformemente ao longo do desenvolvimento do canal, mas sim em troços específicos,
nomeadamente nas zonas de transições entre materiais que apresentam diferentes comportamentos
de dilatação.
O betão, por si só, como aliás todos os materiais, apresenta um bom comportamento quando
sujeito a dilatações se não se encontrar condicionado no seu percurso de variação de dimensões. No
caso dos canais das obras de rega, o problema do condicionamento do percurso de variação de
dimensões é particularmente importante na junção de dois materiais diferentes, como por exemplo, o
ferro fundido dos sifões e o betão do canal a céu aberto. É nestas zonas de junção entre materiais
que se verificam as roturas do betão devidas à dilatação, pois o ferro fundido apresenta uma maior
ductilidade do que o betão.
Os estudos para o desenvolvimento de equações que permitam um correcto
dimensionamento deste tipo de juntas ainda estão pouco desenvolvidos. No entanto, existem autores
que admitem a seguinte equação [3]:
ா்
=ܮ (3)
ଵ ி
Resumindo, as juntas de dilatação / expansão devem ser localizadas antes e depois de obras
específicas com o intuito de libertar as pressões exercidas sobre o canal. O módulo de elasticidade
do revestimento, a sua espessura e a qualidade final da escavação são factores determinantes na
definição da distância entre juntas de dilatação. No entanto, o mais significativo é a variação de
temperatura.
b) juntas longitudinais
As juntas longitudinais em canais de rega revestidos com betão têm como principal finalidade
proporcionar ao canal uma dada flexibilidade que previna a fissuração resultante dos movimentos do
solo, como por exemplo os deslocamentos resultantes da variação do nível de humidade do solo ou
mesmo os movimentos provocados pela diferença de compactação das várias camadas de solo
(Figura 15).
Juntas longitudinais
Este tipo de juntas tem uma função preventiva, isto é, se ocorrem no solo movimentos
mínimos passíveis de serem absorvidos pela capacidade de deformação do betão, este tipo de juntas
não tem qualquer função, actuando de uma forma passiva. Pelo contrário, para movimentos do solo
mais significativos, estas juntas funcionam como zonas de concentração de deformações.
O projecto deve prever juntas longitudinais nos casos em que a espalda do talude é
executada em camadas de solo diferentes e com índices de compactação diferentes.
Um exemplo típico é o caso em que a secção transversal do canal é uma parte executada em
escavação no terreno já existente e a outra aterrada até à altura máxima da secção transversal
pretendida naquele troço do canal. Isto leva a que o comportamento dos dois tipos de solo seja
diferente.
Outro factor que pode levar a que se proceda à execução de juntas longitudinais é o da
acentuada inclinação das espaldas. Normalmente, aconselha-se a que a inclinação das espaldas dos
taludes seja de 3/2 (Horizontal / Vertical), isto porque a maioria dos solos se revela pouco estável
para declives mais acentuados, o que nesses casos exerceria uma pressão no tardoz das espaldas
por parte do solo provocando fissuras longitudinais.
Este tipo de juntas consiste em criar uma base de suporte em betão, ao longo de toda
extensão da junta na parte do tardoz da secção (Figura 16). É um tipo de juntas utilizado em canais
de betão em que se recorre ao método tradicional de construção de espaldas alternadas, o qual se
descreve posteriormente neste trabalho.
Selante da Junta
O selante deve ser aplicado após a construção das primeiras espaldas e só depois devem ser
executadas as restantes. Uma das principais desvantagens desta solução é a de que, apesar de o
selante aderir bem ao betão das espaldas mais antigas, o mesmo não acontece com o betão fresco
das restantes espaldas. No entanto, este é um tipo de solução construtiva que actualmente não é
muito utilizado, apesar de não apresentar problemas de perdas de água quando bem executado.
Outro tipo de solução construtiva para juntas transversais é a chamada junta de encaixe
(Figura 17). É um tipo de solução que é muitas vezes utilizado na construção do rasto do canal,
sendo mais difícil de construir nas espaldas devido à inclinação das mesmas. Tem como principal
desvantagem a possibilidade de fractura do betão na zona onde este apresenta uma menor
espessura.
Primeira betonagem
Selante betuminoso
Segunda betonagem
Fissuração
FIGURA 17 - JUNTA TRANVERSAL DO TIPO ENCAIXE (ADAPTADO DE [3])
O tipo de juntas representado na Figura 18 é também muitas vezes utilizado. Pode executar-
se com o betão fresco deixando um negativo da espessura pretendida, que será removido
posteriormente e preenchido com selante. Se o betão já se encontrar seco, pode-se abrir um roço
com uma serra de corte.
b) Juntas longitudinais
No que diz respeito a juntas longitudinais, as que são mais frequentemente utilizadas são as
que consistem na colocação de uma tira de material de flexível pré-fabricado, normalmente PVC, ao
longo do canal (Figura 19).
Com a criação desta junta, pretende-se criar uma zona mais fraca no betão, de modo a
garantir que qualquer fissura resultante das deformações se localize exactamente nessa zona. O
material a aplicar na junta deve ter a forma e as características adequadas de modo a que as perdas
de água sejam minimizadas. Outro aspecto a ter em atenção é o de que a junta deve ser colocada
ainda com o betão fresco e acompanhada de vibração de modo a garantir uma elevada aderência
entre os dois materiais.
Material Flexível
Fissuração
Este tipo de solução construtiva de juntas é o que tem vindo a ser mais frequentemente
utilizado na construção de canais novos revestidos com betão.
c) Juntas de dilatação
A forma mais simples de executar uma junta de dilatação é abrir um roço ao longo da secção
transversal do canal com a profundidade igual à espessura do betão e com largura variável, no
entanto sempre maior do que 0,02 m, preenchendo-o com um material flexível e capaz de resistir aos
esforços gerados (Figuras 20). As características dos materiais a aplicar neste tipo de juntas são
descritas posteriormente.
Betume asfáltico
Borracha sintética
Recomenda-se que a junta não seja preenchida na sua totalidade por material
impermeabilizante. Por um lado, devido a razões económicas, a espessura do betão de revestimento
de canais pode ser de 0,10 m e, por outro, devido aos esforços de compressão a que a junta está
sujeita que muitas vezes são responsáveis pela saída do material da junta.
Para minimizar este efeito, usam-se normalmente dois tipos de materiais na execução deste
tipo de juntas. Um tem como principal função a de resistir a aumentos significativos de volume, mas
sem ser necessário que resista a esforços de compressão. Este deve ser colocado no topo da junta.
O outro material deve ser colocado na parte inferior da junta e deve ser borracha sintética ou
esferovite.
O efeito da pressão da água no fundo do canal tem um papel relevante no que diz respeito a
garantir que os materiais de preenchimento não saiam das juntas quando estão sujeitos a esforços de
compressão, isto se o canal se encontrar cheio. A pressão exercida pela água na junta ajuda de igual
modo a melhorar a aderência entre o betão e os materiais de preenchimento.
À semelhança das juntas longitudinais, também neste tipo de junta se pode utilizar uma
banda de material flexível pré-fabricado ao longo da junta de dilatação. No entanto, as condições de
aderência são diferentes pois não pode existir contacto entre os dois painéis de betão. Se existir esse
contacto, a junta não seria de dilatação mas sim de retracção (Figuras 21 e 22). Desta forma, o
material elástico fica ancorado ao betão nas duas extremidades, mas não na sua totalidade, pelo que
a sua função de contenção de infiltrações é muito maior do que numa junta longitudinal.
Possível fissura
Água
Constata-se facilmente que este método tem algumas fragilidades, isto é, se o betão se
encontrar muito fluido o mesmo pode deslizar para o fundo do canal. Se, pelo contrário o betão
estiver muito seco, a sua compactação apresenta uma maior dificuldade e a probabilidade de ficar
mais poroso aumenta, não adquirindo a compacidade necessária para garantir a estanqueidade à
água.
Outro aspecto a ter em consideração é a garantia da espessura mínima do revestimento, que
pode resolver-se com a colocação de mestras e guias em madeira que garantam essa mesma
espessura. Mais uma vez, a qualidade do acabamento da superfície de escavação é fundamental
para a colocação das mestras.
FIGURA 26 - COFRAGEM DESLIZANTE TRANSVERSAL - FASE 2 [3] FIGURA 27 - COFRAGEM DESLIZANTE TRANSVERSAL - FASE 1 [3]
Este tipo de solução construtiva tem a vantagem de não ser necessária a montagem de
qualquer tipo de escoramento. No entanto, deve garantir-se que o peso próprio da cofragem é
suficiente para equilibrar a pressão do betão fresco. Esta pressão depende, entre outros factores, da
inclinação da espalda do canal e do estado de fluidez do betão a ser aplicado. Deste modo, a
velocidade de progressão da cofragem também poderá ser diferente para cada caso. Como valor de
referência, toma-se 2 m por hora [3], que pode ser maior se se verificar que o betão na parte inferior
da espalda apresenta a consistência adequada que permita suportar o que será aplicado
posteriormente na parte superior.
Neste tipo de sistema construtivo, a vibração do betão deve ser executada aquando da
colocação do betão nas várias fases de deslizamento da cofragem. Apesar de a vibração não ser
uma dificuldade neste tipo de sistemas, deve ter-se em conta que o tipo de vibrador a utilizar deve ser
de acordo com a espessura do revestimento (mín. 12 cm). Para ultrapassar esta dificuldade, existem
já máquinas automáticas de espalhamento e vibração simultânea que permitem executar
revestimentos de menor espessura, embora se rejam pelo mesmo princípio do painel de cofragem
deslizante com o qual não é necessária a vibração independente do betão.
endurecido, deve então proceder-se ao tratamento das juntas de modo a garantir uma maior
estanqueidade, com recurso por exemplo a pinturas com um betume betuminoso.
FIGURA 30 - EQUIPAMENTO DE BETONAGEM DESLIZANTE LONGITUDINAL - SECÇÃO TOTAL / MEIA SECÇÃO [24] E [25]
Este tipo de equipamento tem quase sempre incorporado vibradores e compactadores o que
leva a que se possa reduzir a espessura do revestimento. Por outro lado, e visto que a espessura é
menor, deve ter-se em conta outros factores como a composição do betão a ser aplicado,
percentagem de cimento e dimensão dos agregados, bem como as condições de compactação e
acabamento do terreno de suporte. O rendimento deste tipo de máquinas é de cerca de 15 a 30
metros por hora [3], dependo principalmente dos ajustes a realizar na mudança de secção
transversal.
Existem em Portugal vários canais novos construídos com recurso a estes equipamentos,
como por exemplo o canal da Cova da Beira e o Canal Alvito-Cuba (Figuras 31 e 32).
FIGURA 33 - EQUIPAMENTO DE COFRAGEM / BETONAGEM DESLIZANTE LONGITUDINAL PARA SECÇÃO CIRCULAR [3]
na composição do betão, maior será o custo da mistura. Outro factor a ter em conta é o espaçamento
entre juntas transversais que se relaciona directamente com a espessura do revestimento: quanto
menor for a espessura do revestimento, maior o número de juntas para um dado troço. Este facto
influencia o custo final da obra devido ao aumento do custo associado ao tratamento de juntas.
Alguns equipamentos de betonagem / cofragem deslizante compactam o betão apenas com
recurso ao seu peso próprio, o que leva a que as espessuras dos revestimentos sejam mais finas, da
ordem de 7 a 8 cm. Já no caso de sistemas em que se usa o vibrador tradicional, a espessura do
revestimento tem de ser de pelo menos 12 cm [3] de modo a garantir a correcta aplicação do
vibrador.
Mastique
O revestimento de canais com membranas tem vindo a ser utilizado com frequência nos
últimos 20 anos em Portugal, não tanto em canais novos mas principalmente na reabilitação de
canais de betão antigos. Existem vários tipos de membranas que têm vindo a ser aplicadas no
revestimento de canais de rega. Nesta dissertação, analisam-se aqueles que de facto foram aplicados
em Portugal e que se podem dividir desde já em dois grupos principais: o primeiro corresponde a
membranas de base betuminosa, que na maioria das vezes autoprotegida com granulado mineral, e o
segundo a membranas de base sintética. Descreve-se nos pontos 2.1.2.1 e 2.1.2.2 as soluções
construtivas que se aplicam com este tipo de revestimento.
extensões muitas vezes durante o curto período de tempo em que decorrem as campanhas de rega,
minimizando assim os prejuízos nas actividades agrícolas.
A membrana betuminosa aplicada no revestimento de canais condutores, pelo seu coeficiente
de rugosidade, aumenta a capacidade de transporte em cerca de 30% [5], em relação ao caudal
anterior com o revestimento do canal degradado, o que tem alguma vantagem quando, por razões
construtivas, se é obrigado a reduzir um pouco a secção útil, como é o caso da reabilitação de um
canal tendo como suporte o anterior.
No que diz respeito ao processo construtivo, deve garantir-se uma adequada limpeza do
suporte de fixação e proceder-se a uma impregnação prévia do mesmo com uma emulsão
betuminosa. A fixação de membrana é feita a quente com maçarico, para que se garanta um boa
aderência entre o suporte e a membrana e para que esta se ajuste à forma da secção transversal do
canal (Figura 36).
A aplicação da membrana deve ser executada de jusante para montante com uma
sobreposição em 10% da largura do rolo. As juntas de sobreposição devem ser tratadas com a
aplicação de material betuminoso (Figura 37).
Nos canais de rega observados em Portugal, verifica-se que as membranas betuminosas são
dispostas com a direcção de fabrico (longitudinal) perpendicular ao desenvolvimento do canal.
No que diz respeito às membranas betuminosas, a principal razão da sua aplicação
perpendicularmente ao desenvolvimento do canal pode ser a maior facilidade no desenrolar da
membrana ao longo de todo o perímetro molhado da espalda do que na direcção longitudinal do
canal. Esta disposição transversal da membrana apresenta a vantagem de só se ter juntas
transversais ao sentido do escoamento ao longo de todo o canal.
Os Estados Unidos da América têm uma vasta experiência neste tipo de revestimentos, tendo
mesmo publicado várias normas sobre ensaios que avaliam a sua qualidade, entre as quais as ASTM
D-1239 [30], ASTM D882 [30] e ASTM D-689 [30], que têm servido como base para a elaboração de
outras normas noutros países. Estas publicações referem alguns ensaios e limites mínimos, de
permeabilidade, resistência das membranas e das juntas, entre outros, que as membranas sintéticas
devem apresentar de modo a garantir a qualidade dos materiais.
Em Portugal existem várias experiências de aplicação de membranas sintéticas, sendo as
mais utilizadas na impermeabilização de canais de rega o PVC, o PEBD e o PEAD, e o EPDM,
disponíveis no mercado em várias espessuras de 0,5 até 3 mm.
A resistência destas membranas não depende apenas do tipo de material mas também da
sua espessura. Pode-se dividir este tipo de revestimento em dois subtipos: o primeiro é aquele em
que é utilizada uma membrana mais fina, protegida posteriormente na obra, por exemplo através da
colocação de uma camada de areia e/ou gravilha ou lajetas pré-fabricadas de betão; o segundo
consiste apenas numa membrana com maior espessura e sem qualquer tipo de protecção, ou seja, a
membrana encontra-se em contacto directo com a água.
Procede-se agora a uma descrição mais detalhada de cada um destes subtipos começando
pelas membranas mais finas e protegidas (Figura 38).
A camada de areia, gravilha ou lajetas que tem como principal função a protecção da
membrana dos agentes externos, tais como a acção do vento e da água em movimento, contribuindo
assim para que esta permaneça no mesmo sítio. Este tipo de revestimento deve ser aplicado em
canais com baixas velocidades de escoamento de modo a prevenir a erosão da camada protectora.
As espaldas devem ter declives apropriados de acordo com a granulometria dos agregados usados
na camada de protecção da membrana, para evitar desta forma a instabilidade da mesma. Assim,
podem admitir-se os seguintes valores de referência: para as espaldas, o declive deve ter no mínimo
o valor de 2/1 (H/V) e a espessura mínima da camada deve ser de 0,40 m, que podem ser divididos
numa camada mais fina, normalmente de areia, que protege a membrana e numa camada de
agregados mais grossos, normalmente cascalho pouco compactado, para fazer face à erosão
provocada pela velocidade da água [3].
A distribuição granulométrica dos agregados a utilizar na aplicação da camada protectora tem
vindo a ser objecto de vários estudos a nível internacional, principalmente nos Estados Unidos [3],
sem no entanto se concluir qual a distribuição ideal para esta camada. Esta distribuição está
condicionada não apenas pela inclinação das espaldas e velocidade de escoamento, mas também se
é utilizada uma ou duas camadas de protecção da membrana.
Os revestimentos em membranas sintéticas de que há registo em Portugal são na sua grande
maioria do segundo subtipo, ou seja, aqueles onde a membrana está completamente exposta à
radiação solar e em contacto directo com a água sem qualquer camada protectora. Estas são razões
para que se utilize neste tipo de revestimento membranas com uma maior espessura e com uma
maior resistência do que no caso de revestimentos com camadas protectoras. Se, no caso anterior, o
PVC é o que mais é utilizado, pois consegue-se obter espessuras mais finas, neste caso, em que a
membrana está exposta, é utilizado, para além do PVC, também o PEBD e PEAD, e o EPDM, pelo
menos em Portugal.
A utilização de membranas expostas tem algumas vantagens tais como:
- possibilidade e aplicação em canais com declives de espaldas mais acentuados, desde que
as fixações na pestana do canal estejam bem dimensionadas; neste caso o declive da espalda não é
condicionado pela estabilidade da camada de protecção, por esta não existe;
- de uma foram indirecta, pode-se considerar que o volume de escavação é menor, pois não
se terá de escavar a espessura de 0,40 m em toda a secção do canal, que corresponderia à camada
de protecção;
- facilidade na localização de qualquer rotura ou rasgamento;
- melhoria significativa da rugosidade e, consequentemente, da velocidade de escoamento
em relação a revestimentos mais rugosos como é o caso do betão e dos agregados grossos da
camada de protecção.
No entanto, este tipo de revestimento também apresenta pontos fracos, como por exemplo:
- erosão do material por parte da água;
- envelhecimento quando exposto à radiação solar;
- vandalismo;
- sensibilidade da membrana ao choque de impactos, por exemplo o dos cascos de animais;
- deslocamento da membrana pela tensão superficial exercida pela água ou pela acção do
vento, caso o canal esteja vazio.
Este tipo de membranas é normalmente fornecido em rolos que podem ter larguras variáveis.
Idealmente, deveriam ter a largura correspondente ao perímetro da secção transversal. Deste modo,
não se teriam de executar juntas de sobreposição longitudinais, o que nem sempre é possível em
canais de grande secção (Figura 39).
À semelhança das membranas betuminosas, também os rolos de membranas sintéticas
devem ser dispostos de jusante para montante do escoamento para que a água, no seu movimento,
não tenha tendência para descolar a junta de sobreposição. Desta forma, uma membrana deve ficar
sobreposta à anteriormente colocada a jusante.
Apesar de não existir uma regulamentação prática deste tipo de aplicação, podem fazer-se
algumas considerações para a justificação destes procedimentos construtivos.
As membranas sintéticas podem ser fornecidas em rolos muitas vezes superiores a 30 m de
comprimento o que tornaria pouco prática a sua colocação na direcção transversal do canal não só
devido ao número de cortes a efectuar na membrana, mas também pela difícil execução das juntas
transversais em superfícies inclinadas (espaldas). Como referido, uma das principais vantagens na
aplicação de membranas sintéticas é a rapidez de colocação, o que só faz sentido se se considerar
que as membranas são dispostas ao longo da direcção longitudinal do canal.
Juntas de sobreposição
As membranas sintéticas são normalmente fornecidas em rolos de 100 m de comprimento.
Visto que os canais de rega apresentam na sua grande maioria extensões superiores a esta, torna-se
necessário proceder-se pelo menos à junção de rolos consecutivos. No caso das membranas de
PVC, esta junta deve ter uma largura de pelo menos 0,10 m, podendo ser realizada através da
aplicação de uma cola apropriada, ou utilizando pistolas de ar quente. No caso de membranas de
polietileno, a sobreposição pode ser a mesma mas a cola tem que ser também a apropriada para este
tipo de membranas (Figuras 40 e 41).
FIGURA 41 - JUNTA ENTRE MEMBRANAS DE POLIETILENO FIGURA 40 - EXECUÇÃO DE UMA JUNTA ENTRE MEMBRANAS DE PVC
(SOTECNISOL)
Fixações
Para que este tipo de revestimento seja o mais eficaz possível, é essencial que tenha um
adequado sistema de fixação ao suporte.
Este tipo de revestimento é aplicado num suporte, normalmente mais rígido do que a
membrana, que na maioria dos casos é o betão antigo do revestimento do canal, se se tratar de uma
reabilitação.
Existem vários tipos de fixação da membrana para que esta não tenha tendência a levantar.
O mais simples de todos eles consiste na abertura de uma vala com cerca de 0,30 x 0,30 m de cada
lado do canal, junto às pestanas, ao longo de todo o seu comprimento, com a finalidade de enterrar
parte da membrana e assim fixá-la nas pestanas do canal apenas com o peso do terreno (Figura 42).
Este tipo de fixação tem alguns problemas pois não contempla qualquer ponto de amarração
do rasto do canal, zona crítica no que diz respeito a movimentos da membrana. Este sistema de
fixação pode ser indicado para canais de pequena secção.
O outro sistema de fixação adoptado em muitas obras em Portugal é complementar do já
descrito, isto é, contempla fixações da membrana na pestana do canal mas também no fundo. O
sistema de fixação pode não ser com a membrana enterrada recorrendo-se a uma fixação mecânica
com chapas de material resistente à corrosão, colocadas de forma contínua ou pontual (Figuras 43,
44 e 45).
FIGURA 43 - FIXAÇÃO PONTUAL NA PESTANA DO CANAL FIGURA 44 - FIXAÇÃO CONTÍNUA NA PESTANA DO CANAL
ி pdyn
= ଶ
(4)
ఘೢ మ
ௗ௬ = (5)
ଶ
A membrana pode estar sujeita a pressões dinâmicas geradas não apenas pelo escoamento
mas também, por exemplo, pela a pressão dinâmica devida ao vento quando o canal se encontra
vazio. Esta pressão é normalmente inferior à gerada pelo escoamento da água, daí que não seja o
principal critério a ter em conta no dimensionamento das fixações. As pressões devidas ao vento são
um aspecto importante no dimensionamento de fixações das membranas noutro tipo de obras, como
por exemplo em coberturas em terraço. Na impermeabilização de canais de rega, o vento é muitas
vezes uma condicionante mas apenas na fase de aplicação da membrana, isto é, os vários panos da
membrana devem ser dispostos segundo o sentido dos ventos dominantes, o que muitas vezes pode
ser contrário ao sentido de jusante para montante do escoamento. Quando esta situação acontece a
opção para a minimizar consiste na fixação temporária da membrana com pesos durante a fase de
soldadura e aplicação. Se tal não for possível, os panos de membrana podem ser dispostos de
montante para jusante.
As fixações deste tipo de membranas devem também ser dimensionadas tendo em conta não
só as tensões superficiais de arrastamento, mas também as subpressões da água entre o solo e a
membrana.
Essas tensões (t) não dependem da velocidade de escoamento nem do coeficiente de
rugosidade, nem da largura máxima do canal (B), mas sim da altura de água (d) e da sua inclinação
longitudinal (α) (Figura 47). Na equação (6) γw é o peso específico da água.
(6)
FIGURA 47 - SECÇÃO TRANSVERSAL TIPO PARA O CÁLCULO DE TENSÕES SUPERFICIAIS DE ARRASTAMENTO [6]
Nos troços de canal em curva, este problema requer especial atenção pois as tensões de
arrastamento geradas podem tomar valores não desprezáveis no dimensionamento dos sistemas de
fixação. Nesses troços (Figuras 48 - zona vermelha exterior), afecta-se o valor das tensões de um
coeficiente (k).
Existe um tipo de tensões que contribui de forma positiva para a estabilidade da membrana
de revestimento. Trata-se das tensões de atrito entre o suporte e a membrana. A contabilização deste
tipo de tensões “favoráveis” levanta algumas dúvidas no que diz respeito a casos extremos, como por
exemplo se se considerar que a membrana pode levantar completamente devido a subpressões.
Neste caso, e se as fixações foram dimensionadas considerando este tipo de tensões favoráveis,
pode ocorrer uma rotura do revestimento pelas ancoragens mal dimensionadas.
(7)
se
se
Neste ponto, apresentam-se perfis transversais tipo dos diferentes tipos de sistemas de
impermeabilização de canais de rega em Portugal.
FIGURA 52 - PERFIL TRANSVERSAL TIPO DE UM CANAL IMPERMEABILIZADO COM MEMBRANA BETUMINOSA EM SUPORTE DE BETÃO
FIGURA 53 - PERFIL TRANSVERSAL TIPO DE UM CANAL IMPERMEABILIZADO COM MEMBRANA SINTÉTICA EM SUPORTE DE BETÃO
Para além dos materiais que anteriormente mais se fez referência, nos últimos anos têm
aparecido no mercado nacional vários materiais que podem ser aplicados no revestimento de canais
de rega. Do ponto 2.5 deste capítulo, apresentam-se alguns destes materiais.
A preocupação com a impermeabilização de canais de rega sempre foi um dos principais
aspectos tidos em conta na sua concepção e construção.
Muito do “know-how” dos materiais e soluções construtivas aplicados na impermeabilização
de canais de rega foi importado de outros sectores da construção, como por exemplo da
impermeabilização de coberturas.
O betão e as argamassas foram desde sempre aplicados na impermeabilização de canais de
rega. Já as membranas sintéticas começaram a ser aplicadas durante a década de 50 nos Estados
Unidos (Figura 54).
Este foi dos países pioneiros na aplicação e desenvolvimento deste tipo de materiais e que
actualmente apresenta uma vasta informação sobre os mesmos, principalmente em termos de
estudos e normas e estudos referentes a revestimentos de canais de rega com membranas sintéticas.
O leque de materiais aplicados na impermeabilização de canais em Portugal é relativamente
restrito quando comparado com a oferta existente no mercado.
Muitos destes materiais já foram aplicados em canais de rega em outros países, como é o
caso da impregnação do solo com betume betuminoso em 1947 e da borracha butílica em 1961, nos
Estados Unidos [6].
O betão continua ser um dos revestimentos mais utilizados para a impermeabilização de
canais de rega, assim como a construção em geral. Pode-se considerar que este é o material
construtivo sobre o qual mais se têm desenvolvido estudos e investigações.
O betão aplicado actualmente no revestimento de canais de rega, apresenta características
completamente diferentes dos betões aplicados nas décadas de 50 e 60, nos canais dos perímetros
de rega portugueses.
O desenvolvimento de aditivos e plastificantes permitiu o fabrico de betões com elevada
controlo de qualidade, principalmente no que diz respeito à sua consistência e aplicação em obra.
O aparecimento de novos materiais no mercado obrigou ao desenvolvimento de técnicas e
soluções construtivas inovadoras e capazes de responder às exigências deste tipo de obras
hidráulicas. Um exemplo deste tipo de interacção é o aparecimento de equipamentos de betonagem
contínua, só possíveis devido ao maior controlo da consistência do betão nas fases de fabrico e na de
aplicação.
No que diz respeito às soluções construtivas com membranas, para além do desenvolvimento
dos materiais, também os sistemas de fixação têm sido objecto de estudo e investigação.
Nas visitas efectuadas aos perímetros de rega, constata-se que face às características dos
canais não é possível estabelecer uma relação com a natureza das membranas de
impermeabilização utilizadas na sua reabilitação. Por exemplo, no perímetro de rega do Caia,
aproximadamente 90% dos canais revestidos / reabilitados têm membranas betuminosas e no
perímetro do Mira, aproximadamente 80% dos canais estão revestidos com PVC.
TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS CANAIS REVESTIDOS COM MEMBRANA DE PVC EM PORTUGAL DESDE 1994 [7]
Obras hidráulicas - Canais Perímetro Área total Prazo Tipo de
2
Ano
hidroagrícolas (m) (m ) (meses) membrana
Canal condutor 12 de Alqueva 11,50 77300 2003 3 PVC - 1,5/2,5 mm
Canal condutor geral do Mira 9,50 12410 2003 2 PVC - 1,5 mm
Canal do Alvor 1ª fase 7,00 35351 2002 3 PVC - 1,5 mm
Canal condutor geral do Mira 9,50 18097 2001 3 PVC - 1,5/2,5 mm
Distribuidor do Alvor 5,00 7400 1999 1 PVC - 1,5 mm
Canal condutor geral do Alvor 7,00 30000 1999 2 PVC - 1,5 mm
Canal condutor geral de Idanha 5,00 21000 1998 1,5 PVC - 1,5 mm
Canal condutor de Chaves 3,53 33986 1998 2,5 PVC - 1,5/2,5 mm
Canal de Odeceixe - Mira 7,50 98890 1997 3,5 PVC - 1,5/2,5 mm
Canal condutor de S. Domingos 4,70 35000 1997 2 PVC - 1,5 mm
Canal condutor de Campilhas 4,70 16100 1996 2 PVC - 1,5 mm
Canal distribuidor do Mira 1,56 28700 1994 2 PVC - 2,0 mm
Neste segundo capítulo abordaram-se de uma forma geral os sistemas construtivos para
impermeabilização de canais de rega assim como os vários materiais que os constituem.
No capítulo 3, analisam-se algumas das anomalias apresentadas pelos sistemas construtivos
e pelos materiais, bem como as prováveis causas e possíveis técnicas de reparação.
Fissuração do betão
A fissuração do betão é uma anomalia que ocorre na maioria das obras executadas em
betão. As obras hidráulicas de que fazem parte os canais de rega não são excepção.
A fissuração do betão em canais de rega pode ocorrer por várias razões, das quais se
descrevem algumas. A primeira e a mais significativa é o problema das subpressões, isto é, a
pressão exercida pela água no tardoz das espaldas ou no fundo do canal. Este fenómeno acontece
quando a pressão hidrostática no interior do canal é inferior à pressão na água do solo, e localiza-se
em zonas do canal onde o nível freático atravessa a secção transversal do canal. Estas fissuras
desenvolvem-se normalmente na direcção longitudinal do canal e entre metade e um terço da altura
da secção transversal, como se pode observar na Figura 57.
Degradação do betão
Outra das anomalias mais frequentes em canais revestidos a betão é a degradação do
próprio material, principalmente em canais com mais de 50 anos em que o betão já perdeu muitas
das suas características originais.
Esta anomalia pode dever-se a vários factores, dos quais se destacam, a má qualidade do
betão, a erosão provocada pelo escoamento, fenómeno do gelo-degelo em zonas com temperaturas
negativas, agressão de agentes químicos presentes na água que reajam com os constituintes do
betão. Como consequência destes factores, o revestimento torna-se mais rugoso, apresentando uma
macro-rugosidade que pode perturbar o escoamento. Alguns canais apresentam mesmo cavidades
no revestimento em que o betão está desagregado (Figura 58).
revestimento antigo, ou mesmo betão novo. Muitas vezes, o comportamento deste tipo de
membranas pode ser influenciado pelas condições em que se encontra o suporte. Se o suporte for de
facto betão, é essencial que se proceda à análise do seu estado de conservação antes da aplicação
de qualquer tipo de membrana.
Já foi referido que a utilização de membranas no revestimento de canais apresenta vantagens
não só do ponto de vista de estanqueidade, mas também no aumento da velocidade de escoamento.
Este aumento de velocidade deve-se ao facto de as membranas apresentam coeficientes de
rugosidade inferiores aos de outros tipos de revestimentos (Tabela 3).
Coeficiente de rugosidade
de Manning-Strickler Tipo de revestimento
-1/3
n = [m s]
0,010 Membrana sintética
0,012 Membrana betuminosa
0,013 Betão novo com acabamento liso
0,018 Betão degradado
0,016 Betão betuminoso
No entanto, há que ter em atenção que estes valores são resultantes de ensaios realizados
em laboratório e que as condições da membrana no terreno podem não ser as mesmas. Um dos
principais factores para a diferença de rugosidade registada em laboratório e no terreno é o estado de
regularização em que se encontra o suporte, isto é, quanto mais regular estiver o suporte de
assentamento da membrana, menor será a rugosidade apresentada pela mesma.
Subpressões
O problema das subpressões afecta os revestimentos betuminosos de uma forma bastante
significativa pois a água que se infiltra no tardoz da secção do canal pode provocar o descolamento
entre a membrana e o suporte. É mais fácil a pressão da água ser superior às forças de aderência
entre a membrana e o seu suporte, do que às forças de coesão no interior do betão. Por isso, é mais
fácil verificar-se o descolamento dentre a membrana e o suporte do que a desagregação do betão.
Amarrações e ancoragens
Normalmente, as ancoragens deste tipo de membranas limitam-se à fixação da membrana no
início de cada troço de revestimento do canal, visto que a fixação da membrana por acção da chama
do maçarico no resto do troço é, na maioria dos casos, suficiente para garantir uma boa aderência ao
suporte.
A fixação inicial da membrana pode ser realizada de duas formas. A primeira consiste na
criação de um maciço de amarração com abertura de um roço no próprio canal, onde se fixa a
membrana e depois se colmata com argamassa (Figura 62). A segunda forma consiste na fixação
mecânica com parafusos e chapas de metálicas adequadas (ex: aço inox).
Aderência ao suporte
A estabilidade deste tipo de revestimento está directamente relacionada com a aderência
deste ao suporte de fixação. É necessário garantir que o suporte apresenta condições estruturais e
de limpeza adequadas à sua fixação. Quando isso não acontece, podem existir roturas e
descolamentos da membrana.
Muitas vezes, estas roturas ocorrem em zonas singulares que por norma apresentam
perturbações do escoamento, como por exemplo comportas e troços de mudança de secção (Figura
63).
Retracção da membrana
Da observação de canais revestidos com membranas sintéticas de PVC e de EPDM em
Portugal, constata-se que os mesmos apresentam problemas de retracção da membrana, como se
pode observar na Figuras 64 e 65. Esta perda de elasticidade de membrana ocorre entre 8 e 10 anos
após a sua aplicação. Nas observações de canais de rega realizadas no âmbito deste trabalho, é
evidente a perda de características elásticas das membranas de PVC e de EPDM ao longo do tempo.
As causas exactas para esta anomalia devem ser objecto de estudos futuros mais aprofundados,
podendo apenas referir-se algumas possíveis causas, tais como a radiação solar e à exposição aos
restantes agentes climatéricos, a reacção das substâncias presentes na água com as substâncias
plastificantes e a sua consequente dissolução e/ou “lavagem”.
No que diz respeito às membranas de polietileno, estas não apresentavam este tipo de
anomalias.
Válvulas “Clapê”
O problema das subpressões é também uma das principais causas de anomalias nos
revestimentos de canais com membranas sintéticas. Tal como nas membranas betuminosas, a
circulação de água sob a membrana provoca um efeito de levantamento da mesma.
Para minimizar a ocorrência desta anomalia, são normalmente executadas válvulas que
permitem o escoamento da água do tardoz do talude para dentro do canal. Este tipo de válvulas é
executado realizando um corte na membrana e soldando uma “pestana” do mesmo material da
membrana apenas aberta a jusante (Figura 67). No entanto, na observação de alguns canais com
estas válvulas, verifica-se que estas padecem da mesma anomalia de retracção, isto é, não são
capazes de acompanhar a retracção da membrana ficando sempre abertas o que provoca uma saída
de água do canal.
a ter em conta é, mais uma vez, o da retracção da membrana no caso do PVC e do EPDM em que as
tensões geradas por essa retracção podem ser de tal ordem que provoquem o arrancamento das
fixações, normalmente no fundo do canal.
Volatilidade de PE
O Polietileno, apesar de não apresentar problemas de retracção, é um material extremamente
volátil e onde o fogo se propaga com extrema facilidade, o que, em canais de rega inseridos em
zonas florestais, é um inconveniente a ter em conta na escolha deste tipo de revestimento (Figura
69).
FIGURA 69 - MEMBRANAS DE POLIETILENO SIMPLES DERRETIDA DEVIDO A INCÊNDIO FLORESTAL NA BORDA DO CANAL
Este tipos de produtos, quando aplicados em suportes que não estejam devidamente limpos,
podem ter problemas de aderência (Figura 70).
A reabilitação de canais e a sua manutenção devem ser aspectos a tem em conta logo
aquando do seu dimensionamento e concepção, permitindo a intervenção antecipada sobre os canais
antes que seja tarde demais para recuperar o património degradado.
Podem-se considerar vários tipos de trabalhos de intervenção em canais [3]: trabalhos de
reabilitação; modernização; manutenção e conservação.
Apesar de a separação entre estes tipos de trabalhos não ser muito clara, são trabalhos
considerados relevantes para retardar a deterioração do canal assim como para prolongar a sua vida
útil.
Entendendo-se por:
Reabilitação “intervenção com recurso a trabalhos de fundo, sem começar do zero, isto é,
tomando por base a construção antiga que apresenta problemas significativos, como por exemplo a
reabilitação dos revestimentos dos canais por degradação ao longo do tempo, e que provoca perdas
de água excessivas por infiltração” ([3] pág. 239).
Modernização “modificação significativa de elementos do canal que têm de ser adaptados às
novas exigências técnicas e económicas, como por exemplo a conversão de sistema de controlo
manual n um sistema automático” ([3] pág. 349).
Manutenção e conservação “trabalhos periódicos necessários para manter o canal em boas
condições de funcionamento e, por isso, capazes de prevenir a sua deterioração” ([3] pág 349).
Os trabalhos de reparação são muitas vezes dificultados, pois para a sua realização é
necessário aceder ao canal ao longo da sua berma, o que implica custos significativos.
Muitas vezes, o resultado final das obras de reparação de canais confere-lhes níveis de
impermeabilidade que nunca tiveram.
Modernização
Os novos sistemas de distribuição de água e as novas técnicas de regadio fazem com que os
canais já existentes tenham que ser “modernizados”.
Por outras palavras, os canais devem ser adaptados às novas necessidades para as quais
são propostos.
Os novos sistema de distribuição superficial de água utilizam uma menor quantidade de água
do que os sistemas tradicionais de rega de superfície.No entanto, a flexibilidade de horários de rega é
muito maior devido à automatização dos sistemas de rega.
Os canais projectados antes da década de 80 tinham como finalidade principal o fornecimento
contínuo de água aos campos de cultivos. Actualmente esta não é a principal finalidade dos canais
mas sim na maioria dos casos ter capacidade para fornecer a água necessária para a rega
automatizada, disponível a qualquer hora do dia, funcionando muitas vezes mais como reservatório
do que como obra hidráulica de transporte.
Com a alteração da finalidade dos canais ao longo do tempo, é de todo o interesse que os
mesmos sofram obras de modernização e adaptação de acordo com as suas novas funções, quer do
ponto de vista da impermeabilização e controlo de perdas por infiltração, quer no que diz respeito à
construção de obras de controlo, como por exemplo, comportas e descarregadores.
A manutenção dos canais é um processo que permite que os mesmos se encontrem em bom
estado de conservação e utilização para que desempenham da melhor forma as funções para as
quais foram projectados. Pode também incluir pequenas obras de reparação decorrentes dos
trabalhos de manutenção ([3] pág. 356).
A manutenção de canais teve ser considerada de extrema importância económica, pois pode
evitar e reduzir custos das obras de reparação e substituição de elementos do canal [16].
Caracterizam-se agora algumas técnicas que se usam na reparação e/ou reabilitação das
anomalias descritas no ponto 3.2.1 no que diz respeito a revestimentos de betão.
Fissuração do betão
A fissuração do betão devido a subpressões pode ser minimizada com a realização de obras
de drenagem do canal ou o seu melhoramento, caso já exista algum tipo de drenagem que se revele
insuficiente para fazer face a este fenómeno. No entanto, existem fissuras no betão que resultam da
retracção do mesmo. Neste caso, o procedimento mais adequado será a realização de uma “junta” na
zona da fissura, isto é, deve abrir-se a fissura com uma serra de corte, limpá-la e preenchê-la
posteriormente com um cordão de polietileno e mastique, como se pode observar pela sequência de
imagens da Figura 71.
Degradação do betão
Normalmente, quando se observa a degradação superficial do betão ou mesmo a sua
deterioração em toda a sua espessura, as obras de reabilitação desta anomalia limitam-se à limpeza
sob pressão e colmatação das zonas degradadas com argamassa. Em casos extremos e quando a
degradação é mais extensa, pode optar-se pela reconstrução da totalidade a secção transversal do
canal nos troços mais afectados (Figura 72).
Reparações de emergência
Apesar de não se poder considerar como uma anomalia, as roturas de canais de betão são
situações que devem ser tidas em conta. Estas roturas ocorrem normalmente quando o canal se
encontra em pleno funcionamento durante as campanhas de rega (Figura 76).
Quando este tipo de rotura acontece em plena campanha de rega, a sua reparação deve ser
efectuada no menor espaço de tempo possível. A reconstrução do canal em betão é um processo
moroso, daí que muitas vezes sejam usadas membranas sintéticas como reparação de emergência
até que se proceda à reconstrução definitivas do troço afectado (Figura 77).
As juntas de cobre das pontes - canal são muitas vezes reparadas com a aplicação de
membranas e sistemas de fixação pontuais na zona das juntas. Quando a ponte - canal apresenta
uma grande parte das juntas degradadas, pode optar-se por revestir a totalidade da ponte - canal. Na
reparação das juntas, podem utilizar-se quer membranas betuminosas quer membranas sintéticas
(Figuras 78 e 79).
Por se tratar de um revestimento que tem caído em desuso, os canais revestidos com estas
placas, e que apresentam anomalias de impermeabilização de juntas ou desprendimento de placas
têm vindo a ser progressivamente reparados com recurso a outros tipos de revestimento. A
recuperação / reabilitação deste tipo de revestimento não se apresenta nem como a melhor solução
técnica, pois existem actualmente revestimentos com melhores características, nem como a melhor
solução financeira, pois o tratamento de juntas pode ter custos significativos.
Subpressões
Uma solução possível para minimizar o problema das subpressões pode passar pela colagem
parcial da membrana ao suporte. Em muitos casos, o suporte sobre o qual é assente a membrana
betuminosa é o revestimento de betão, novo ou antigo. Como referido, observa-se nos revestimentos
de betão o aparecimento de fissuras longitudinais entre metade e dois terços da altura da secção do
canal devido a subpressões.
Uma das técnicas utilizadas, com base na experiência adquirida na aplicação deste tipo de
revestimento, é a da colagem da membrana apenas na parte superior da secção transversal do canal.
Deste modo, quando a pressão da água no tardoz do canal é superior à pressão da água no próprio
canal, a membrana adquire um grau de liberdade, pode “levantar”, permitindo que a água se infiltre
no canal circulando sob a membrana.
Apesar de esta ser uma boa solução para minimizar este problema, não se pode deixar de
considerar que a água que circula entre o suporte e a membrana terá de ser libertada em algum local.
Existem várias formas para libertar esta água. Uma delas consiste no escoamento desta água
pela drenagem de fundo do canal, caso exista. Outra forma mais expedita é a execução de válvulas
ou fusíveis, isto é, o revestimento com a membrana betuminosa é executado em troços de 80 a 100
m de forma contínua e sem qualquer tipo de ancoragem. No final de cada troço, executa-se uma
ancoragem da membrana no betão de revestimento antigo protegida com a membrana do troço de
montante (Figura 80).
Esta técnica tem vindo a ser utilizada em várias associações de regantes em Portugal com
resultados favoráveis. Este processo construtivo apresenta algumas vantagens, em primeiro lugar, é
um processo construtivo em que, no caso de rotura ou descolamento da membrana o troço de canal
afectado é limitado à distância entre fusíveis; a segunda é a de que a água que se escoa sob a
membrana de um troço a montante passa a escoar sobre a membrana no troço de jusante.
Ancoragem da Membrana
Amarrações e ancoragens
De modo a minimizar esta anomalia, podem ser tomadas várias medidas. No que diz respeito
aos maciços de amarração da membrana, podem ser protegidos deixando uma sobreposição da
membrana do troço imediatamente a montante.
Aderência ao suporte
Para minimizar esta anomalia, deve garantir-se à partida que o suporte esteja limpo e
minimamente estável do ponto de vista estrutural. Muitas vezes, opta-se por não se revestir os troços
onde o escoamento apresenta grandes perturbações, pela dificuldade de garantir a sua aderência
perfeita ao suporte. Pode-se recorrer nestes casos a fixações mecânicas da membrana (Figura 81)
e/ou à utilização de membranas de maior resistência e espessura.
Juntas de pontes-canal
A perda de água devida ao mau funcionamento das juntas de ponte - canal é significativa e,
em muitos casos, pode ser minimizada pelo revestimento da ponte - canal com tela betuminosa na
sua totalidade ou apenas na zona das juntas. A primeira hipótese apresenta-se mais consistente pois
minimiza os problemas já descritos no que diz respeito à transição membrana / betão no início de
cada troço (Figura 82).
Retracção da membrana
Quando se verifica a retracção da membrana do revestimento, podem adoptar-se dois
processos de reabilitação. O primeiro consiste na substituição total da membrana retraída por uma
Válvulas “Clapê”
O modo de reparação desta anomalia pode consistir na execução de uma nova válvula com
as devidas dimensões, ou mesmo o seu tamponamento soldando-a em todos os seus lados (Figura
85). Se esta for a opção a tomar, devem ser previstas outras alternativas para o escoamento da água
resultante das subpressões.
Nas últimas duas décadas, têm sido executadas em Portugal várias obras de construção e/ou
reabilitação de canais de rega com técnicas e materiais que até então nunca tinham sido utilizados.
Em Portugal, não existe qualquer regulamentação técnica oficial sobre sistemas de
impermeabilização de canais de rega. Por essa razão, neste trabalho caracterizam-se e compilam-se
os materiais e técnicas construtivas mais utilizadas neste tipo de obras com vista ao possível
desenvolvimento de um grupo normativo no futuro.
O curto período de tempo em que decorreu o desenvolvimento deste trabalho não permitiu
que fossem desenvolvidas algumas tarefas que se consideram essenciais para um estudo mais
aprofundado deste tema.
Depois de se terem visitado alguns perímetros de rega em Portugal, considera-se que se
deveria proceder a um levantamento mais exaustivo das condições de conservação em que se
encontram as obras de rega em Portugal, principalmente os canais a céu aberto. Este levantamento
seria também um importante instrumento de trabalho para uma análise de custo / benefício.
A análise económico-financeira não é abordada neste trabalho de uma forma exaustiva não
só devido ao curto espaço de tempo disponível para o seu desenvolvimento mas também à
dificuldade de caracterização de todos os parâmetros necessário para a elaboração de uma análise
mais cuidada. Ao contrário de maioria das construções novas, em que a determinação do preço por
unidade de construção não apresenta uma dificuldade acrescida, nas obras de reabilitação tal pode
não acontecer. No que diz respeito à reabilitação de canais de rega, essa dificuldade é acentuada
pelas características da obra em si e pelos parâmetros a ter em consideração. A título de exemplo,
um canal de rega é uma obra de desenvolvimento longitudinal normalmente dividida em vários troços
que podem apresentar diferentes características entre eles, quer em termos de estado de
conservação do revestimento, quer das características dos solos e da estabilidade dos mesmos. Daí
a dificuldade na determinação de um custo geral por unidade de construção para este tipo de obras,
devido à especificidade apresentada por cada uma delas.
No entanto, é de referir que os custos associados a reabilitação de canais de rega não devem
ser analisados de uma forma independente, mas sim em conjunto com os benefícios que advêm do
melhoramento das condições de escoamento dos canais, como o aumento da velocidade, a
diminuição das perdas de água por infiltração, entre outros.
No ponto 4.2, apresenta-se a generalidade das conclusões obtidas com o desenvolvimento
deste trabalho.
apresenta uma extensão de aplicação inferior ao betão porque, normalmente estas membranas são
aplicadas tendo como suporte o betão do revestimento antigo do canal.
Relativamente à percentagem comparativa entre extensões de aplicação de membranas
sintéticas e betuminosas, pode-se dizer que tal depende do perímetro de rega visitado. Algumas
associações de regantes optaram por aplicar no revestimento dos seus canais membranas sintéticas,
como por exemplo a Associação de Beneficiários do Mira, enquanto que outras têm a grande maioria
dos seus canais revestidos com membranas betuminosas, como é o caso da Associação de
Regantes do Caia.
Conforme se referiu, a grande maioria dos revestimentos de impermeabilização aplicados
sobre o betão ou a alvenaria de suporte dos canais em Portugal é formada por membranas pré-
fabricadas, sintéticas ou betuminosas, não sendo por isso muito usual a aplicação de produtos
pastosos com essa função impermeabilizante. Existem troços singulares de canal onde se aplicaram
tintas epóxidas mas sem grande representação em termos de áreas aplicadas quando comparadas
com os outros tipos de revestimentos referidos anteriormente.
A escolha do processo construtivo, bem como, dos materiais a aplicar no revestimento de
canais de rega é condicionada por diversos factores, entre os quais, o caudal a ser transportado, a
forma da secção do canal, o tipo de água a transportar, o tipo de terreno, o declive do canal e o tipo
de vegetação circundante.
No que diz respeito à patologia dos revestimentos aplicados na impermeabilização de canais
de rega, pode concluir-se que todos os sistemas construtivos observados apresentavam anomalias
mais ou menos significativas consoante o perímetro de rega considerado e o tipo de material
aplicado.
No revestimento de betão, a principal anomalia que se observou em quase todos os canais
relaciona-se com a fissuração e degradação do betão, devidas na grande maioria dos casos à
subpressão da água no tardoz do revestimento do canal. Esta anomalia é mais significativa nos casos
em que o canal não apresenta qualquer tipo de revestimento, que garanta uma maior estanqueidade,
para além do betão.
Nos canais observados revestidos com membranas betuminosas sobre revestimentos de
betão mais antigo, notou-se que as mesmas se encontram em bom estado de conservação em todos
os perímetros de rega visitados. Este facto é relevante se se tiver em conta que algumas destas
membranas já se encontram aplicadas há mais 15 anos. A principal anomalia deste tipo de
revestimento é a falta de aderência da membrana ao suporte de betão, tendo como possíveis causas
a deterioração da superfície do betão, assim como a circulação de água entre a membrana e o
suporte.
As membranas de PVC e de EPDM aplicadas há mais de 8 anos em alguns dos canais
visitados apresentavam anomalias significativas no que diz respeito à retracção e ao arrancamento
das fixações mecânicas. No entanto, as membranas de PVC com idade inferior a 8 anos apresentam-
se em boas condições de conservação. As membranas de Polietileno Simples aplicadas em alguns
canais visitados não apresentavam qualquer tipo de retracção, sendo que a principal anomalia
registada era a sua elevada volatilidade.
No que diz respeito às tintas epóxidas, a principal anomalia observada relaciona-se com o
seu desprendimento da superfície de aplicação.
No ponto 4.3, apresentam-se algumas sugestões para desenvolvimentos futuros sobre este
tema.
O estado de deterioração dos canais de rega em Portugal exige que sejam tomadas medidas
com vista à conservação dos mesmos. Os canais deteriorados apresentam perdas de água
significativas. Existem actualmente no mercado materiais e soluções construtivas utilizadas na
reabilitação de revestimentos de canais, mas que devem ser objecto de uma investigação mais
profunda.
Muitos dos materiais e técnicas de aplicação utilizados no revestimento de canais foram
baseados no conhecimento já existente.
No que diz respeito aos materiais, o betão continua ser a solução tradicional, apesar do
desenvolvimento que este tipo de material tem tido ao longo dos últimos anos, quer em termos dos
materiais constituintes quer do seu comportamento. Nas obras de reabilitação de revestimento de
canais de rega, têm sido aplicados nos últimos 20 anos em Portugal materiais betuminosos e
sintéticos sem que contudo tenha sido feita muita investigação sobre esta matéria.
As soluções construtivas utilizadas na reabilitação de canais são muitas vezes adaptadas de
outros sistemas construtivos utilizados noutros tipos de obras, como são o caso das coberturas, não
existindo informação normativa que garanta uma boa execução das mesmas.
Devido a estas lacunas, quer em termos de investigação das propriedades dos novos
materiais, quer de regulamentação dos sistemas construtivos, sugerem-se alguns temas para
desenvolvimentos futuros que muito contribuiriam para melhorar a qualidade deste tipo de obras:
• levantamento sistemático das soluções construtivas existentes em Portugal - o levantamento
das soluções construtivas serve para as comparar com as de outros países; deveria assim ser feita
uma análise mais exaustiva dessas soluções aplicadas em países estrangeiros, especialmente
naqueles onde a experiência ou a necessidade obrigue à sua utilização corrente;
• elaboração de fichas de inspecção, de modo a proceder-se a uma análise do estado de
conservação dos revestimentos de canais de rega actuais e das técnicas de reparação / substituição
mais adequadas; estas fichas de inspecção permitiriam também uniformizar a informação a
disponibilizar no levantamento das anomalias observadas, nomeadamente pelas Associações de
Regantes; ter-se-ia assim uma ferramenta que poderia ajudar a relacionar os principais parâmetros
que intervêm na ocorrência dessa patologia;
• definição de métodos de ensaios de estanqueidade à água, quer in situ quer em laboratório -
a definição de uma metodologia de ensaio tem como objectivo a normalização das técnicas
respectivas, eventualmente diferentes consoante a solução de revestimento do canal; dos ensaios in
situ, seria importante definir o critério de amostragem (função da extensão do canal, do estado de
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[17] COMER, Alice - Canal lining systems in irrigated agriculture, IPTRID, Rome, February
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[18] HOTCHKISS, RH, WINGERT, CB, KELLY, WE - Determining irrigation canal seepage
with electrical resistivity, Journal of Irrigation and Drainage, ASCE, February 2001, Vol
127, pp. 20-26.
[20] ALIMOV, AG - Method for canal seepage losses determination, AS Russia povolzhsk
ecology melior (ASAG - Soviet Institute), December 2007.
[21] SCHIBI, CW - Plastics-lined open top gravity-flow liquid canal has impermeable
plastics liner fixed by anchors to side walls and bottom of canal, in which heads of
anchors are set between liner and tab, SCHI-Individual, Jan 2001, pp 1-8.
Websites
[22] www.imperalum.com
[23] www.sfsintec.biz
[24] www.ferrovial.com
[25] www.gomaco.com
[26] www.motaengil.pt
[27] www.sotecnisol.pt
[28] www.hilti.pt
[29] www.carpitech.com
[30] www.astm.org
[31] www.sika.com
ANEXO
Resumo das características dos sistemas de impermeabilização observados do decurso deste trabalho.
Ano de
Área Secção
Tipo de Ano de Forma da aplicação Comp
aplicada média Observações e anomalias
revestimento construção secção do revesti- 2 (m) 2
(m ) (m )
mento
Membrana em boas condições,
Membrana de
Caia - Elvas 1963 a 1967 Trapezoidal 1995 -- 3900 7,67 derretida nas pestanas do canal
PE simples
devido a incêndio
Perímetro de rega:
7240 ha Membrana
1963 a 1967 Trapezoidal 1997 -- 73000 1,91 Membrana em boas condições
Extensão de canais: betuminosa
78000 m
Membrana Membrana apresenta retracção em
Silves 1944 a 1956 Trapezoidal 2002 2000 268 3,8
PVC alguns troços do canal
Membrana
1944 a 1956 Trapezoidal 2002 7723 1512 3,8 Membrana em boas condições
betuminosa
Membrana
1944 a 1956 Trapezoidal 2003 8326 1517 3,8 Membrana em boas condições
betuminosa
Perímetro de rega:
Membrana apresenta retracção ao
2300 ha Membrana de
1944 a 1956 Trapezoidal 2000 19500 3000 6 longo de todo o troço
Extensão de canais: EPDM
impermeabilizado
42000 m
Membrana
1944 a 1956 Trapezoidal 2003 48087 6784 6 Membrana em boas condições
betuminosa
Membrana
1944 a 1956 Trapezoidal 2008 10000 1540 6 Membrana em boas condições
betuminosa
Vale do Sorraia
Perímetro de rega: Membrana
15365 ha 1951 a 1959 Trapezoidal 2002 -- 800 -- Membrana em boas condições
PEAD
Extensão de canais
-- m
Campilhas e Alto Sado Membrana apresenta retracção ao
Membrana de
1942 a 1963 Trapezoidal 1996 -- -- -- longo de todos os troços
Perímetro de rega: PVC
impermeabilizados
6097 ha
Extensão de canais: Membrana
1942 a 1963 Trapezoidal 2008 -- -- -- Membrana em boas condições
112055 m betuminosa
Odivelas
Perímetro de rega: Membrana em boas condições, o
Membrana de
5767 ha 2003 - 2004 Trapezoidal 2005 -- -- -- canal nunca foi limpo desde a sua
PVC
Extensão de canais: aplicação
15000 m
Roxo Membrana de
1963 a 1968 Trapezoidal 2002 300 -- -- Membrana em boas condições
Perímetro de rega: PVC
5040 ha
Extensão de canais: Membrana
1963 a 1968 Trapezoidal 2003 -- -- -- Membrana em boas condições
-- m betuminosa
Alvor Membrana de
1956 a 1959 Trapezoidal 1990 -- 250 -- Membrana em boas condições
PE
Alvito-Cuba
Betão -
Perímetro de rega: -- ha 2007 / Construção de canal em betão com
Reforçado com 2007/2008 Trapezoidal -- 15000 --
Extensão de canais: 2008 juntas impermeabilizadas
fibras metálicas
-- m