Trabalho de Psicologia Da Aprendizagem - 051018

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Fiel de Marcos João

Conteúdos do Processo de Ensino e Aprendizagem

A Formação de Motivos e Atitudes de Aprendizagem

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2023
Fiel de Marcos João

Conteúdos do Processo de Ensino e Aprendizagem

A Formação de Motivos e Atitudes de Aprendizagem

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Trabalho de pesquisa da cadeira de


Psicologia de Aprendizagem, a ser
apresentada ao Departamento de Ciências
Alimentar e Agrarias, para fins
avaliativos, sob orientação do docente:

Dr. Edgar Manuel

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2023
Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 4

2. O Triângulo didáctico-pedagógico e o processo de ensino e aprendizagem....................... 5

2.1. O Saber ou conteúdo .................................................................................................... 7

2.2. O aluno ou aprendiz ..................................................................................................... 7

2.3. A Autonomia do sujeito aprendiz ................................................................................ 8

2.4. O Professor .................................................................................................................. 8

3. Conteúdos do processo de ensino e aprendizagem ............................................................. 9

3.1. Selecção de conteúdo ................................................................................................. 10

3.1.1. Critérios de selecção de conteúdos ..................................................................... 10

4. A formação de motivos e atitudes de aprendizagem ......................................................... 13

4.1. Teorias de motivação da aprendizagem ..................................................................... 14

4.2. Motivação para a aprendizagem na ontogénese......................................................... 15

4.3. A motivação na sala de aulas ..................................................................................... 16

4.3.1. Condições de motivação na sala de aulas ........................................................... 17

5. Conclusão .......................................................................................................................... 18

6. Bibliografia........................................................................................................................ 19
4

1. Introdução
A aprendizagem sempre foi tema que despertou curiosidade, discussão e estudo no decorrer
da história, por isso, desde a Idade Antiga houvera tentativas de relacionar o cérebro à
actividade da mente. Grandes pensadores (filósofos, matemáticos etc.) como Pitágoras,
Aristóteles, Sócrates, Platão e outros desenvolveram várias teorias importantes sobre a mente
humana e o processo de aprendizagem.

O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente caracterizado de formas


diferentes, que vão desde a ênfase no papel do professor como transmissor de conhecimento,
até as concepções atuais que concebem o processo. A eficácia do processo de ensino-
aprendizagem está na resposta em que este dá à apropriação dos conhecimentos, ao
desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação de sentimentos, qualidades e
valores, que alcancem os objectivos gerais e específicos propostos em cada nível de ensino de
diferentes instituições, conduzindo a uma posição transformadora, que promova as acções
colectivas, a solidariedade e o viver em comunidade.

A concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é uma unidade dialéctica entre a


instrução e a educação está associada à ideia de que igual característica existe entre ensinar e
aprender. Esta relação nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-
aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento sistémico, isto é, está composto por
elementos estreitamente interrelacionados (Fernández, 1999), abordar acerca dos conteúdos
do Processo de Ensino e Aprendizagem e a formação de motivos e atitudes de Aprendizagem
é o principal objectivo do presente trabalho, acompanhado com os seus secundários objectivos
de conhecer o triângulo didáctico-pedagógico; percebercomo acontece a selecção de
conteúdos; entender as teorias de motivação na sala de aula, bem como saber as condições de
motivação na sala de aula.
5

2. O Triângulo didáctico-pedagógico e o processo de ensino e aprendizagem


Um dos processos mais complexos e fascinantes do pensamento humano é o do ensino-
aprendizagem. Identificar o modo de funcionamento cognitivo durante a aquisição de um
novo conteúdo seria muito útil na elaboração das estratégias pedagógicas. No entanto, o
funcionamento cognitivo está longe de ser simples e a grande quantidade de variáveis que ele
traz nos incita à elaboração e à prática de diferentes métodos de ensino.

Buscando modelizar o processo de ensino-aprendizagem, Houssaye (2000) desenvolve um


triângulo que é referência a diversos domínios como as ciências da educação, a psicologia e a
pedagogia. Este triângulo é composto de três elementos de base e situa-se em um círculo, o
qual significa o contexto geográfico e histórico:

Ilustração 1: Modelo de um triângulo didáctico-pedagógico Fonte: Houssaye (2000)

Este autor explica o triângulo pedagógico fazendo referência às três possíveis relações entre
seus elementos:

Ilustração 2: Explicando o triângulo didáctico-pedagógico Fonte: Houssaye (2000)


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Segundo a perspectiva de Houssaye (2000), a relação entre dois elementos do triângulo


pedagógico coloca o terceiro em exclusão. Neste sentido, a relação “ensinar” faz referência à
elaboração didáctica, enquanto que a relação “formar” refere-se às elaborações pedagógicas e
a relação “aprender” refere-se às estratégias de aprendizagem. Assim, trocar de processo
(ensinar, aprender ou formar), implica em uma troca de pedagogia.

Houssaye (2000) argumenta ainda que na aresta “ensinar”, aresta sumativa, são trabalhadas as
teorias, as orientações e a pedagogia do programa. Na aresta “formar”, aresta formativa, são
trabalhados o ambiente e a transmissão de valores e na aresta “aprender”, aresta cognitiva, são
trabalhados a metacognição, os conflitos sociocognitivos, a situação problema, a Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) e a explicitação. Estudar o processo ensino-aprendizagem é
sem dúvida estudar todas estas relações entre os elementos do triângulo pedagógico, de
maneira a considerar as particularidades de cada elemento e de cada relação.

Com esta definição, Houssaye (2000) faz referência ao processo de mediação, onde a relação
“ensinar” é realizada pelo professor, que busca integrar o aluno, que foi excluído no processo
“formar”. A mediação passa pelo elemento “saber” e pela relação “aprender”. O educador é
um organizador e deve garantir a situação de aprendizagem, o que quer dizer que ele é o
mestre das técnicas de aprendizagem.

O triângulo a seguir faz referência ao triângulo didáctico que Régnier (2000) elabora para
demonstrar que no processo de ensino, é necessário um constante equilíbrio entre as
concepções pedagógicas e didácticas.

Ilustração 3: Abordando detalhadamente o triângulo didáctico-pedagógico Fonte: Houssaye (2000)


7

A seguir, os três elementos do triângulo pedagógico de Houssaye são abordados de forma


mais detalhada para nos ajudar na análise do processo de ensino-aprendizagem.

2.1.O Saber ou conteúdo


O saber no triângulo pedagógico seria o conteúdo, o que vai ser aprendido pelo aluno, pelo
aprendiz.

Quando a aprendizagem de uma língua ou dos conhecimentos transmitidos de geração para


geração são abordadas, pode-se analisá-los segundo o triângulo pedagógico. Isto porque os
saberes, para existirem, necessitam dos dois outros elementos do triângulo: o aprendiz e o
educador. Claro, os “saberes científicos” também devem ser considerados. Eles seriam os
abordados em instituições escolares e de formação.

O saber ou conteúdo deve variar segundo o aluno ou aprendiz, seu desenvolvimento e


habilidades. Daí a importância do papel do mediador, de saber como apresentar o conteúdo
para que ele faça sentido para o aprendiz.

2.2.O aluno ou aprendiz


O elemento “aluno” no triângulo pedagógico refere-se ao aprendiz ou aquele que aprende.

No estudo do processo de aprendizagem, o aluno assume um lugar muito importante, pois é


para ele que as estratégias pedagógicas são destinadas. É a partir de suas capacidades já
adquiridas e de seu desenvolvimento, que as actividades lhe serão propostas. O grande desafio
do educador é exactamente a capacidade de trabalhar em um nível acima das capacidades do
aluno, ou seja, na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) de Vygotski (1989). A ZDP
segundo Vygotski refere-se aos dois níveis de desenvolvimento mental: Nível de
Desenvolvimento Real; Nível de Desenvolvimento Proximal, o qual é definido como: a
distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução
independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um adulto.

Isso significa que o desequilíbrio entre as antigas e as novas representações é importante para
o processo de aprendizagem. Este desequilíbrio provoca conflitos no aprendiz, que vai buscar
resolvê-los para encontrar o equilíbrio, ou seja, a acomodação de um novo esquema.

Na perspectiva da psicologia cognitiva, a resolução de conflitos cognitivos e afectivos, é


importante para o desenvolvimento da criança e os conflitos podem ser a causa das
dificuldades de aprendizagem (BRAGA, 2005).
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Bak (2002) ressalta que a origem das dificuldades de aprendizagem nas crianças pode estar
relacionada com diversos aspectos como: aspectos cognitivos (raciocínios e sistemas de
compensação); aspectos biofisiológicos (neurológicos, físicos); aspectos afectivos
(experiências, traumas) ou aspectos sociais (familiares, escolares, de relacionamento) e ainda,
estes aspectos podem se acumular uns com os outros. Todos estes aspectos influenciam na
aprendizagem e mediá-los faz parte do papel do mediador.

2.3.A Autonomia do sujeito aprendiz


A questão da autonomia do aprendiz é vista por alguns teóricos como um objectivo da
educação. Segundo Paulo Freire (1996), o educador tem como objectivo ensinar o conteúdo,
mas também ensinar como aprender. Sem querer aprofundar em suas ideias do educar como
uma concepção que se aproxima à ética do ensino, adopta-se aqui a ideia de Freire da
necessidade de se respeitar os conhecimentos que o aprendiz possui, enquanto sujeito social e
histórico.

A autonomia é aqui considerada como uma aquisição que acontece através da experiência
individual e que aquele que orienta, o mediador, tem uma importante função neste processo.
Régnier (2000) argumenta:

...o desenvolvimento da autonomia do ser humano (...), conduz a


imaginar que ele pode ser, sob algumas condições, capaz de ser seu
próprio educador. Esta capacidade de se auto-educar integra então a de
se auto-avaliar e de se auto-corrigir (p. 109).

2.4.O Professor
O elemento “professor” no triângulo pedagógico é o educador, o formador, o mediador.

Para Bruner (1983), o interlocutor é o mediador, o que tem a capacidade de criar estruturas de
ordem superior, que efectivamente substituem e dão mais poder às estruturas conceituais já
adquiridas, conduzindo a aprendizagens superiores. Estas aprendizagens superiores permitem
um grau de liberdade superior à interpretação das coisas do ambiente e o controle da acção.

Para Vygotski (1987), os mediadores podem ser adultos, crianças ou mesmo o ambiente. Ele é
considerado como tal se ele é capaz de oferecer qualquer estímulo que o aprendiz possa
elaborar a partir da experiência, construindo novos conhecimentos e novos conceitos.
Segundo este autor, enquanto sujeito de conhecimento, o homem não tem acesso directo aos
9

objectos, mas sim um acesso mediado, através de recortes do real, operados pelos sistemas
simbólicos que ele possui.

Na teoria dos campos conceituais de Libaneo (1997), o mediador é quem tem o trabalho de
escolher as situações, clarear os objectivos, contribuir para a organização, fazer surgir os
conceitos/teoremas e facilitar as inferências em uma determinada situação. Em outros termos,
é quem ajuda o aprendiz a desenvolver seu repertório de esquemas e de representações, o que
pode ocorrer por meio de uma actividade, pelo controle do comportamento, por inferências ou
por conceitualização.

3. Conteúdos do processo de ensino e aprendizagem


Conteúdo do processo de ensino e aprendizagem é o conjunto de informações, dados, factos,
conceitos, princípios e generalizações, acumuladas pela experiência do homem em relação, a
um âmbito ou sector de actividade humana.

Para Libaneo (1997), os conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades,


hábitos, modos valorativos e atitudinais de actuação social organizados pedagógica e
didacticamente, tendo em vista a assimilação activa e a aplicação pelos alunos na sua prática
da vida. Engloba portanto conceitos, ideias, factos, processos, princípios, leis científicas,
regras, habilidades cognitivas, modos de actividade, método de compreensão e aplicação,
hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social, valores, convicções e atitudes.

Podemos dizer que, os conteúdos retratam a experiência social da humanidade no que se


refere a conhecimentos e modos de acção, transformando-se em instrumentos pelos quais os
alunos assimilam, compreendem e enfrentam as exigências teóricas e práticas da vida social.
Constituem o objecto de mediação escolar no processo de ensino, no sentido de que a
assimilação e compreensão dos conhecimentos e modos de acção,se convertem em ideias
sobre as propriedades e relações fundamentais de natureza e da sociedade, formando
convicções e critérios de orientação das opções dos alunos frente às actividades teóricas e
práticas postas pela vida social.

Os conteúdos são organizados em matérias de ensino e dinamizados pela articulação


objectivos-conteúdos-métodos.
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3.1.Selecção de conteúdo
A selecção dos conteúdos está vinculada, directamente, a determinação de quais são
considerados mais importantes e significativos para serem escolhidos e trabalhados numa
determinada realidade e época, em função dos objectivos propostos.

Para isto, devemos estar atentos para escolher conteúdos que sejam:

 Os mais significativos dentro do campo do conhecimento;


 Os que despertam maior interesse nos estudantes;
 Os mais adequados ao nível de maturidade e adiantamento do aluno;
 Os podem ser aprendidos dentro das limitações de tempo e recursos disponíveis.

3.1.1. Critérios de selecção de conteúdos


Na abordagem de Libaneo (1997), os critérios de selecção dos conteúdos são:

1. Correspondência entre objectivos gerais e conteúdos

Os conteúdos devem expressar objectivos sociais e pedagógicos, sintetizados na formação


cultural e científica para todos. Este critério, é essencial determinante, porque define se o
conteúdo é importante ou não.

2. Carácter científico

Os conhecimentos que fazem parte do conteúdo reflectem os factos, conceitos, ideias,


métodos decorrentes da ciência moderna. No processo de ensino, trata-se do seleccionar as
bases das ciências, transformadas em objectivos de ensino.

3. Carácter sistemático

O programa de ensino deve ser delineado em conhecimentos sistematizados e não temas


genéricos sem ligação entre si. O sistema de conhecimentos de cada matéria deve garantir
uma lógica interna, que permite uma interpenetração entre os assuntos.

4. Relevância social

Este critério corresponde entre o saber sistematizado e a experiência prática, devendo os


conteúdos reflectir objectivos educativos esperados em relação a sua participação na vida
social. A relevância social dos conteúdos significa incorporar no programa as experiências e
vivências das crianças na sua situação social concreta, para contrapor a noções de uma
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sociedade idealizada e de um tipo de vida e de valores distanciados do quotidiano das crianças


que frequentemente aparecem nos livros didácticos.

Os conhecimentos são relevantes para a vida concreta quando ampliam o conhecimento da


realidade, instrumentaliza os alunos a pensar metodicamente, a relacionar, a desenvolver a
capacitação de abstracção, em fim, a pensar a própria prática.

5. Acessibilidade e solidez

Acessibilidade significa compatibilizar os conteúdos com o nível de preparo e


desenvolvimento mental dos alunos. É a dosagem dos conteúdos. É muito comum as escolas
estabelecerem um volume de conteúdos muito acima do que o aluno é capaz de assimilar e
num nível que tal os alunos não dão conta de compreende-los.

Deve se observar assim, que um conteúdo demasiado complicado e muito acima da


compreensão dos alunos não mobiliza a sua actividade mental, leva-os a perderem a confiança
de si e a desanimarem, comprometendo a aprendizagem. Por outro lado, se o conteúdo é
muito fácil e simplificado, leva a diminuir interesse e não desafia o seu desejo de vence-lo.
(Libaneo, 1997)

Em outras abordagens, o processo de selecção dos conteúdos recorre-se aos critérios de:
validade, flexibilidade, significação, possibilidade de elaboração pessoal e utilidade.

 Validade

O critério de validade requer que os conteúdos seleccionados sejam dignos de confiança e


representativos. Exige que a a estrutura essencial que carácter estes conteúdos reflecta, tanto
quanto possível a utilização da disciplina da qual fazem parte. A actualização é um aspecto a
ser considerado. Os conteúdos nunca deverão ser relacionados como definitivos e imolutaveis,
isto porque a ciência, revisa constante, suas conclusões, e o conhecimento aumenta em ritmo
acelerado.

 Flexibilidade

O critério da flexibilidade diz respeito as alterações que se podem realizar em relaçao aos
conteúdos seleccionados ao trabalho a ser realizado. A escolha deve ser feita de tal modo que
possibilite a cada professor fazer modificações, adaptações, renovações ou enriquecimento, a
fim de atender necessidades próprias da classe, de cada aluno do próprio conteúdo e da
realidade imediata.
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 Significação

O critério significação está relacionado ao campo experiencial do aluno. Um conteúdo terá


significado para o aluno quando, além de despertar interesse, leva-o a aproveitar a aprofundar
o conhecimento por iniciativa própria.

 Possibilidade de elaboração pessoal

Refere-se a recepção, assimilação e transformação da informação pelo próprio aluno. Implica


manejo intelectual que os estudantes devem fazer conteúdo aprendido, a fim de favorecer as
experiências pessoais.

 Utilidade

O critério de utilidade leva a atender directamente o problema do uso posterior do


conhecimento em situações novas. Na selecção de conteúdos, ele estará presente quando se
harmoniza os conteúdos seleccionados para o estudo, com as exigências e características do
meio em que os alunos vivem.

Organização sequencial dos conteúdos

Existem aspectos que devem ser considerados na organização sequencial de conteúdos. Entre
outros destacam-se:

Logicidade: Corresponde à sequência lógica em que devem ser organizados os conteúdos. A


sequência deve ser corrente com a estrutura e os objectivos da disciplina. Vai do simples ao
complexo, procurando estabelecer, além de uma ordenação, uma sequência de ideias.

Granuidade: Diz respeito a respeito à distribuição, em que quantidade e qualidade, dos


conhecimentos. Visa atender as possibilidades de realização dos envolvidos no trabalho. Uma
primeira noção pode ser apresentada a partir das experiências anteriores dos alunos.

Continuidade: Propicia a articulação entre os conteúdos, de tal forma que estes irão se
completar e integrar na medida em que for se desenvolvendo o trabalho. A continuidade deve
atender o crescimento, à maturidade e aos interesses do aluno.

Integração ou relacionamento: expressa que o assunto tratado no processo de ensino e


aprendizagem deve ser apreendido como um todo, em seus aspectos fundamentais, linhas
fundamentais. A integração que se relaciona com a transferência, no processo de ensino e
aprendizagem pode ser focalizada sob quatro aspectos:
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Integração com a própria disciplina, para que o educando seja levado a aprender os aspectos
básicos e estruturais do que esteja sendo tratado, dando unidade ao mesmo, o que facilita a
compreensão do todo, e o processo de transferência;

Integração com área ou disciplina: fins, que enriquece o que esteja sendo tratado e facilita a
transferência da aprendizagem;

Integração com as demais áreas ou disciplinas, que torna mais significativos ainda oque esteja
sendo tratado e mais estimula a transferência da aprendizagem, ajudando a perceber todos os
conhecimentos como interdependentes regidos pelos princípios lógicos.

Interacção com a realidade, com o meio em que se vive e com oque no mesmo se passa a fim
de despertar para o sentido da funcionalidade e pragmaticidade dos acontecimentos, de ajuda
ao homem para que possa viver melhor, a fim de tornar a vida mais digna, mais elevada e
mais espiritual.

4. A formação de motivos e atitudes de aprendizagem


O ponto de partida para a definição de motivos está nas necessidades. O organismo humano
tem tendência a estar em equilíbrio no seu funcionamento, por exemplo, o organismo requer
uma certa quantidade de líquidos e de outros alimentos. A falta de líquidos e outros alimentos
provoca no organismo um desequilíbrio e, por conseguinte, uma necessidade. Quando o
indivíduo toma conhecimento da falta de líquidos e alimentos no seu organismo, sente a sede
e fome surge o motivo.

O motivo é a tomada de consciência da necessidade. O motivo faz surgir o objectivo. No caso


do nosso exemplo, o indivíduo coloca como seu objectivo a obtenção de água e alimentos.
Para a satisfação da sua necessidade (alcance do objectivo) exige-se que o indivíduo tenha
que agir. Tem que procurar água e alimentos. Daí que o motivo seja um impulso para a acção.

A palavra motivo vem do latim movere que significa “mover”. As acções humanas
caracterizam-se por serem guiadas por motivos e, por isso, serem conscientes. Porém, não se
pretende afirmar que todos os actos humanos sejam conscientes.

A motivação designa a predisposição de realizar acções componentes de actividades para


alcançar o objectivo.
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Exemplo: O aluno que estuda com motivação é pontual, faz perguntas, é voluntário para
realizar tarefas, faz os trabalhos de casa, revê diariamente a matéria, coloca dúvidas ao
professor e colegas.

A motivação também designa o “acto de motivar” pelo professor e pelos educadores.

Exemplo: O professor motiva os alunos quando, ao introduzir uma nova matéria, começa por
explicar a importância da matéria a ser tratada e, ao longo do tratamento da matéria, coloca
perguntas aos alunos de modo a partir das suas experiências na caracterização do novo
assunto.

A motivação ocupa um lugar central na Psicologia, pois explica as condições de início e de


realização das actividades e, neste caso, do processo de ensino-aprendizagem. Deste modo,
diferentes teorias de motivação da aprendizagem apareceram na Psicologia de Aprendizagem
para explicar a motivação para a aprendizagem.

4.1.Teorias de motivação da aprendizagem


As teorias principais que se esforçam por explicar os mecanismos da motivação são as
behavioristas, cognitivas e humanistas.

As teorias behavioristas explicam a motivação como sendo provocada pelo reforço. O reforço
positivo, as recompensas, a aprovação, o elogio na solução correcta das tarefas, a estimulação
dos alunos que erram através de encorajamento e acompanhamento na solução de tarefas,
enfim, a criação de vivências positivas no processo de ensino-aprendizagem na escola, bem
como a aprovação, o elogio e encorajamento da criança e do jovem pelos pais e encarregados
de educação são condições de motivação para a aprendizagem.

As teorias cognitivas de aprendizagem defendem que a compreensão da importância dos


conteúdos bem como dos conteúdos é uma condição fundamental para a criação do interesse
e, consequentemente, da motivação. Piaget, um cognitivista da aprendizagem eminente,
define a motivação do seguinte modo:

Motivação é um produto de um desnível (desequilíbrio) entre o processo de assimilação e o


processo de acomodação, de tal forma que esse contínuo desnível vai criando uma
desejabilidade de novas assimilações (satisfações), dirigida, sobretudo, para aqueles objectos
capazes de produzir um desnível maior. (Bruner, 2005)
15

Os humanistas, representados por Libaneo (1997), apresentam uma hierarquia de


necessidades designadamente as necessidades fisiológicas, de segurança, de afiliação, de
estima e de auto- realização, das quais podemos deduzir as motivações para a aprendizagem
com efeito, a criança do Ensino Primário estuda para agradar aos pais, para ocupar um lugar
privilegiado na turma e agradar ao professor. O jovem estuda com a consciência de seguir um
determinado curso, formar-se profissionalmente numa determinada área.

Exemplo: A aluna do Ensino Secundário que estuda com persistência Matemática, Física,
Química e Biologia e obtém boas notas porque quer seguir o ramo de Medicina como futura
profissão.

A motivação extrínseca refere-se aos factores exteriores que predispõem o indivíduo a


aprender de forma persistente e dirigida, tais como prémios, elogios, aprovação social,
benefícios materiais.

Exemplo: O aluno do Ensino Secundário, em Maputo, estuda afincadamente todas as


disciplinas da 8ª Classe e obtém boas notas, porque o pai prometeu-lhe uma viagem de avião à
cidade da Beira.

A motivação para a aprendizagem vária nos diferentes estágios de desenvolvimento psíquico.

4.2.Motivação para a aprendizagem na ontogénese


A motivação é provocada pelos impulsos da curiosidade, da aquisição de competência e da
reciprocidade ou de viver com outras pessoas e cooperar com elas na idade pré-escolar
(Sprinthall, 1993).

Deste modo, Bruner (1998) destaca a motivação intrínseca, isto é, a vontade de aprender
como condição principal que predispõe o indivíduo a aprender. Observe-se que a criança pré-
escolar também é motivada pelo prazer do jogo, pelas vivências positivas das actividades tais
como canto, dança, histórias, dramatização e ainda as características exteriores dos objectos, a
cor, o tamanho e a forma.

Os educadores infantis deverão ter em consideração as características de motivação das


crianças do período pré-escolar e apresentar os conteúdos de aprendizagem em actividades
variadas de jogos, histórias, cantos, danças e dramatização de curta duração. Os meios de
ensino deverão ser interessantes de formas, cores e tamanhos diferentes.
16

Quando a criança ingressa na escola aos 6 anos possui uma grande vontade de aprender a ler,
escrever e contar. As vivências positivas de êxitos na escola também são determinantes para a
motivação da criança para a aprendizagem. Referimo-nos ao reforço positivo do aluno, por
parte do professor, na realização de suas actividades escolares nas diferentes disciplinas, a
consideração de suas particularidades individuais através de um acompanhamento e
orientação do aluno em suas dificuldades individuais. O aluno também estuda para agradar
aos pais. Ao longo do Ensino Primário a criança vai aprender a gostar das disciplinas, de
acordo com suas vivências de êxitos e fracassos.

O professor do deverá promover a motivação através da apresentação dos conteúdos, visando


promover acções com os objectos, observar objectos reais, observar representações, imagens
para chegar aos conhecimentos. Por outro lado, o professor deve acompanhar’
individualmente, a aprendizagem dos alunos, reforçando positivamente seu progresso de
aprendizagem e impulsionando o aluno na procura de alternativas de solução de seus erros.

A motivação dos alunos adolescentes deve ser incentivada através de:

 Apresentação da utilidade das disciplinas que o professor lecciona, bem como de cada
conteúdo;
 Apresentação dos conteúdos de forma compreensível, promovendo uma aprendizagem
significativa e pela descoberta;
 Apresentação dos conteúdos através de acções e análise de imagens sempre que os
alunos não possuírem experiências anteriores sobre o conteúdo a ser tratado;
 Uso de tecnologias educativas que permitam uma análise e uma síntese e ilustração
compreensível dos conteúdos a serem aprendidos.

4.3.A motivação na sala de aulas


A motivação do aluno, do princípio ao fim da aula, exige que o professor dê tarefas
preparatórias. Deve começar por indicar o tema e referir-se à importância de seu estudo. Em
seguida, deve colocar perguntas sobre conhecimentos anteriores dos alunos relacionados com
o conteúdo do tema a ser dado. Daí, tratar o conteúdo do tema, levando os alunos a analisarem
casos, objectos, fenómenos, problemas, com perguntas, instruções até chegarem às
conclusões, que poderão ser escritas pelos alunos no quadro e nos cadernos. Deste modo, o
professor utilizará métodos que promovem a participação do aluno, sua interacção com
outros, sob a sua orientação, usando o diálogo e o trabalho independente. Os exercícios serão
feitos visando a consolidação dos conhecimentos aprendidos. As perguntas de avaliação serão
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feitas para avaliar o alcance dos objectivos. Serão dadas tarefas a serem resolvidas em casa e a
serem corrigidas na aula seguinte. (Sprinthall, 1993)

4.3.1. Condições de motivação na sala de aulas


As condições psicológicas de motivação dos alunos na sala de aulas orientam-se,
essencialmente, para o incentivo do interesse dos alunos pela aprendizagem colocando o
tema, os objectivos e a reactivação de conhecimentos, bem como sua manutenção através do
modo de apresentação dos conteúdos, o reforço dos alunos na realização das diferentes
instruções das tarefas, do uso de meios ilustrativos adequados às particularidades de idade, a
consideração das particularidades individuais de aprendizagem através da individualização do
ensino-aprendizagem, da avaliação do alcance dos objectivos de ensino-aprendizagem e
colocação de tarefas para serem realizadas em casa. (Sprinthall, 1993)

O Professor poderá motivar seus alunos observando as seguintes condições:

 Apresentação do tema da aula, indicando a sua importância;


 Reactivação da matéria, que consistirá na colocação de perguntas sobre conhecimentos
anteriores relacionados com o tema a ser tratado;
 Apresentação do conteúdo novo, através da promoção da aprendizagem significativa e
por descoberta;
 Apresentação dos conteúdos através de acções com os objectos e coisas, com base nas
representações de imagens e, finalmente, através de sua descrição linguística;
 Uso do reforço, através do acompanhamento da realização das instruções de solução
de tarefas e avaliação individual dos alunos, estimulando-os a encontrar alternativas de
ultrapassar suas dificuldades.
 Colocação de tarefas de avaliação do alcance dos objectivos, por meio de exercícios
realizados no fim de cada aula;
 Atribuição de tarefas para realizar em casa.
18

5. Conclusão
Este trabalho partiu da análise de cada um dos elementos educador-aluno-conteúdo e suas
interacções no processo de ensino-aprendizagem. Verificou-se que a escolha dos conteúdos
não é de forma aleatória e que existentes vários procedimentos que são seguidos para se
escolher um dai tema para um grupo de alunos e assim o tema é inserido no processo de
ensino e aprendizagem.

Assumir que um professor é um mediador significa considerá-lo como disseminador do


conteúdo e facilitador da aprendizagem. Para isso, aspectos como a ergonomia da interface, a
actividade, o público alvo, o conteúdo veiculado e sua forma de apresentação são decisivos
para a boa aprendizagem. E ele deve ter a capacidade de levar o aluno a estar em sintonia com
o conteúdo e garantindo assim uma melhor flutuação do processo de ensino e aprendizagem.
19

6. Bibliografia
Bak, F. (2002). Rôle de Chacun auprès de l'Enfant présentant des Troubles d'Apprentissage.

Braga, E. (2005). Enseignement Appprentissage de la Statistique, TICE et Environnement


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Houssaye, b. (2000). ntrodução à Psicologia do Desenvolvimento.

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Sprinthall, r. (1993). Psicologia Educacional: Uma Abordagem Desenvolvimentista. Lisboa.

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