TCC 2023
TCC 2023
TCC 2023
Barra do Garças – MT
Abril – 2023
TAYRINE SANTIN AMORIM
Barra do Garças – MT
Abril - 2023
UNICATHEDRAL
CENTRO UNIVERSITÁRIO CATHEDRAL
CURSO DE DIREITO
BANCA AVALIADORA
_________________________________________
Profª. José Carlos Cordeiro Gomes
___________________________________________________
(Assinatura por extenso do Membro Convidado)
Barra do Garças – MT
Abril - 2023
A FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA A LUZ DO PRINCÍPIO DA
AFETIVIDADE
RESUMO: O estudo trata-se de uma reflexão sobre a importância do afeto no âmbito familiar,
no qual se propôs a responder de que maneira o afeto influenciou nas novas entidades e núcleos
de pessoas. Sendo assim, objetivou-se analisar a filiação socioafetiva, utilizando como alicerce
o Princípio da Afetividade, decorrente do princípio matriz da Dignidade da Pessoa Humana.
Diante das questões levantadas, preliminarmente quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa
básica, pois gerou novos conhecimentos em relação a filiação socioafetiva, já quanto à forma
de abordagem de pesquisa foi a qualitativa, por considerá-la a mais importante para discutir os
levantamentos que foram abordados, bem como a pesquisa bibliográfica, tendo como
fundamento de determinados autores como Calderón( 2017)), Diniz( 2005) e Dias (2006). Vale
ressaltar que a pesquisa buscou apoiar-se por meio da Constituição Federal de 1988 e da
legislação infraconstitucionais, como o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Sob essa ótica, conclui-se a relevância do afeto no cenário jurídico contemporâneo,
considerando os resultados obtidos diante dos benefícios que a mesma oferece frente as
adversidades que se apresentam diante do campo em estudo.
1
Acadêmica do curso de Direito, do Unicathedral– Centro Universitário. E-mail: [email protected].
2
José Cordeiro Gomes: Especialista em Direito Civil e Processual Civil Pelo Centro Universitário Cathedral –
UniCathedral; Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela FAVENI. Advogado, Presidente da Comissão
de Promoção à Igualdade Racial da OAB/MT, subseção de Barra do Garças/MT. Docente dos Cursos de Direito e
Gestão do Centro Universitário Cathedral – UniCathedral. E-mail: josé[email protected]
1 INTRODUÇÃO
Com o passar do tempo, as leis e normas que regem o casamento e a família foram evoluindo,
acompanhando as mudanças sociais e culturais de cada época, dessa forma na medida em que
a sociedade se transformava, a legislação precisou- se adaptar às novas configurações familiares
e às diferentes formas de relacionamento entre as pessoas.
Na Antiguidade, a família tinha uma estrutura patriarcal, em que o homem era o chefe da casa
e possuía autoridade absoluta sobre seus filhos, esposa e servos. Nesse contexto, a principal
atribuição da essência familiar era a autoridade do chefe, ou seja, aquele que gozava do poder
de determinação e fazia com que os outros integrantes do núcleo ficassem subordinados a ele.
Na Idade Média, a família continuou com sua estrutura patriarcal, mas ganhou maior
complexidade, como a aquisição de propriedades, formação de alianças matrimoniais e a
influência da Igreja Católica nas normas familiares.
Assim sendo, percebe-se que a estrutura patriarcal era comum em muitas civilizações antigas e
perdurou até a modernidade em algumas culturas. No entanto, com o passar do tempo, houve
um movimento de questionamento e desafio a essa estrutura. Como dispõe o trecho a seguir:
Assim, a família é vista como uma unidade na qual todos os sujeitos possuem igualdade de
direitos e deveres, e suas necessidades e interesses são levados em conta.. Essa visão mais
democrática tem como objetivo promover o bem-estar de todos os seus membros e garantir que
eles possam crescer e se desenvolver de forma de saudável e equilibrada.
Para tanto, a definição de família ganha contornos mais amplos e complexos, contemplando o
amor, o respeito, a solidariedade e o acolhimento, independente de sua conformação ou
estrutura. A proteção da família acaba transcendendo a esfera puramente jurídica, envolvendo
cada vez mais ações e políticas públicas integradas e amplas, que garantam bons
relacionamentos interpessoais para cada membro.
Destaca-se, que a diversidade familiar é um reflexo das mudanças sociais e culturais, e deve ser
respeitada em todas as suas formas. O essencial é que todos os membros da família tenham uma
vida digna, passando uma infância e adolescência segura, onde as relações são baseadas em um
vínculo de parceria e amor. Assim, conforme diz o trecho a seguir:
Diante disso, abordar o tema família é também falar em afeto e dignidade da pessoa humana, que são
grandes norteadores do direito de família. Desse modo, o entendimento de família vai além de um
simples núcleo, já que nela se busca formar indivíduos conscientes, respeitosos e tolerantes, criando
uma espaço de convivência e aprendizado, onde valores e tradições são transmitidos, sendo um pilar de
sustentação para todos.
Portanto, a família é um conceito amplo e complexo, que deve ser entendido dentro de um contexto
social e cultural sempre em transformação. O direito de família é fundamental para a garantia dos
direitos das pessoas nas suas relações familiares, zelando pelo respeito e proteção dessas relações para
assegurar a dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, é por meio do princípio da afetividade, que o ser humano encontra a
verdadeira felicidade e realiza sua plenitude enquanto pessoa. Assim, essa nova realidade
implica na existência de responsabilidades afetivas e sociais , em conjunto com o princípio da
afetividade e da dignidade da pessoa humana.
Portanto, a valorização da afetividade no âmbito familiar tem implicações
significativas no âmbito jurídico, uma vez que as questões relacionadas a guarda, ao direito de
visita, a pensão alimentícia, entre outras, devem considerar sempre o melhor interesse da
criança ou do adolescente envolvido, levando em conta a sua relação afetiva com os pais ou
responsáveis.
Logo, entende-se que o princípio da afetividade é uma garantia do direito de família que visa
proteger os vínculos de amor e cuidado que existem entre as pessoas, independentemente dos
laços biológicos. Esse princípio reconhece a importância das relações interpessoais que existem
dentro do núcleo, que são fundamentais para o desenvolvimento humano e a construção da
identidade dos indivíduos.
Em vista disso, o afeto é entendido como o elo formador das famílias, baseado pelo
convívio, cuidado e carinho entre os entes do mesmo grupo, onde não se espera nenhum
benefício material entre as partes. Ele se materializa em um ambiente de compaixão,
humanidade, solidariedade e responsabilidade.
Podemos determinar, que a família está voltada ao afeto, sendo o ambiente mais
apropriado para o indivíduo, mediante uma convivência duradoura e notória, não importando
necessariamente o modelo que adote e nem a existência de um vínculo consanguíneo.
Isso posto, compreende-se que o afeto recebido entre os membros do núcleo auxilia
significativamente para suas evoluções como pessoas, influenciando de formas positivas e
negativas, tanto na sua educação, como no desenvolvimento físico e psicológico.
Nesse sentido, o afeto além de estar ligado à dignidade, porque promove a formação
do indivíduo, assume posição de direito essencial, sendo também criador de entidades
familiares e outros relacionamentos.
Portanto, o princípio da afetividade influenciou significativamente o direito de família,
uma vez que colocou em destaque a importância das relações interpessoais e das emoções
envolvidas na formação e na construção das famílias.
Acerca disso, foi com a introdução do princípio da afetividade, que o direito de família
passou a reconhecer outras formas de vínculos afetivos, inclusive aqueles que não são baseados
em laços de sangue. Consequentemente, a guarda compartilhada, o reconhecimento de
paternidade socioafetiva e as uniões estáveis passaram a ter maior valorização jurídica.
Dessa forma, pode-se afirmar que o princípio da afetividade permitiu uma maior
liberdade na formação das famílias e uma maior proteção jurídica para os vínculos afetivos,
reconhecendo e valorizando seu papel na sociedade.
4 FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA
A filiação socioafetiva é um tema cada vez mais relevante no direito de família. Ela se
refere à relação de paternidade ou maternidade que se estabelece não pelo vínculo biológico,
mas pelo carinho, cuidado e convivência duradoura.
Essa forma de filiação surgiu a partir da necessidade de proteger os direitos das
crianças que, apesar de não compartilharem o mesmo sangue com seus pais, formaram vínculos
emocionais profundos.
Em outras palavras, a filiação socioafetiva é uma construção social que se baseia nas
relações afetivas que se desenvolvem ao longo da vida e que formam um vínculo de parentesco
entre pessoas que não necessariamente compartilham laços biológicos. Este vínculo é
construído a partir da continuidade do afeto, da proteção e do cuidado mútuo entre as pessoas
envolvidas.
Desta maneira, esse tema é uma forma de proteger e garantir essas relações interpessoais
importantes para a vida e o desenvolvimento humano, reconhecendo que a família pode ser
construída a partir de laços emocionais, bem como a partir dos laços biológicos.
Logo, entende-se que esse tipo de filiação se baseia no princípio da afetividade, o que
significa que as relações devem ser permeadas de sentimentos verdadeiros, e não somente de
formalismos legais. A afetividade é vista como essencial para a formação de valores, para a
construção de personalidade e para a integração social da pessoa.
A influência do princípio da afetividade na filiação socioafetiva torna-se evidente ao
considerar que a filiação não pode ser definida apenas com base na biologia, mas sim a partir
da valorização da relação afetiva entre pais e filhos. Desta modo, filiação socioafetiva passa a
ser vista como uma forma legítima de estabelecer famílias.
Nessa perspectiva, o reconhecimento da filiação socioafetiva possui uma importante
repercussão tanto para os pais quanto para as crianças. Para os pais, a possibilidade de
reconhecer legalmente a relação de carinho e cuidado que vem sendo estabelecida com uma
criança é algo que pode trazer estabilidade e responsabilidade.
Para as crianças, o reconhecimento da filiação socioafetiva é importante porque elas
passam a ter a segurança de serem amadas e cuidadas por alguém que consideram como seus
pais, mesmo que não exista um laço consanguíneo entre eles. Além disso, essa relação de afeto
e cuidado é fundamental para um desenvolvimento saudável da criança.
Em resumo, a influência do princípio da afetividade na filiação socioafetiva é essencial
para promover uma perspectiva mais humana e justa no direito de família. Ao valorizar a
importância da relação afetiva entre pais e filhos, é possível reconhecer que a afeição e o
carinho são referências para se construir um lar.
Desse modo, é visível que o vínculo afetivo é tão primordial quanto a filiação biológica
ou jurídica, assim, é importante promover medidas para que ambas possam coexistir. Afinal, a
afetividade deve estar presente de forma incondicional nas relações familiares, independente da
origem do vínculo.
4.1 FILIAÇÃO
4.2 SOCIOAFETIVIDADE
Diante da trajetória da família, podemos averiguar desde o começo dos tempos grandes
mudanças e transformações no campo social, devendo o sistema jurídico pátrio se ajustar a tais
modificações. Dessa maneira, a Constituição federal de 1988, fixou princípios explícitos e
implícitos e trouxe novas formas de organização, de união e de proteção sobre a família.
Assim, a família atual centraliza-se no afeto, que é derivado da convivência harmônica,
do carinho, e do comprometimento mutuo entre os sujeitos, podendo a família ser constituída
de forma consanguínea e afetiva. O modelo que antes era patriarcal baseado somente no vinculo
biológico e matrimonial definitivamente ficou de lado, dando lugar a uma nova percepção do
conceito família, sendo uma estrutura fundamental para o desenvolvimento do ser humano.
Nesse sentindo, buscou-se analisar a influência do afeto para o entendimento dos
novos modelos de família, em especial a filiação socioafetiva. Isso foi permitido por meio da
exposição sobre o Princípio da Afetividade elencando as mudanças ocorridas com a
promulgação da Carta Magna. Em consideração a isso, o afeto recebido pelo indivíduo ajuda
significativamente em sua educação e o no desenvolvimento psicológico e físico, ou seja, está
ligado na personalidade do indivíduo, daí sua grande importância.
Nessa esteira, a investigação que se fez sobre o tema, proporcionou o entendimento de
que o Princípio da Afetividade, está diretamente vinculado ao Princípio da Dignidade Humana,
tendo em vista que a afetividade se encontra de forma implícita na Constituição Federal de
1988, seguindo de mera interpretação do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
A afetividade surge deste modo como valor e princípio a autorizar o reconhecimento
jurídico da filiação socioafetiva. Implicando na caracterização de uma entidade guiada pelo
afeto, carinho, o cuidado e a felicidade de seus membros.
No que tange à filiação socioafetiva, está consistente na posse de estado de filho,
também não possuindo previsão expressa, mas encontra-se amparada nas nova estruturas da
família que considera como elemento principal a afetividade.
Logo , entende-se que, de fato o que identifica a instituição familiar é o afeto, por meio
da busca da felicidade e da realização pessoal dos membros que a integram. O essencial mesmo
é que nessas novas instituições de família predomine o amor, a solidariedade, o
comprometimento mútuo e, acima de tudo, a busca pela satisfação de cada membro que a
compõe. Assim, o instituto de filiação socioafetiva, trouxe benefícios, sendo uns dos muitos
progressos para o direito de família e para humanidade, não podendo a legislação deixar de lado
os avanços da sociedade .
Além disso, a ideia de ser mãe ou pai é uma escolha pessoal que regula responsabilidades
e direitos, garantindo o bem-estar e o desenvolvimento dos filhos. Isso não é algo que deve ser
forçado a alguém por hereditariedade. Ao invés disso, deve ser implementado no contexto da
vida familiar através de uma relação afetiva e continua. As relações pessoais são repletas de
peculiaridades difíceis de entender. Tanto as emoções positivas quanto as negativas fazem com
que as pessoas se unam ou se separem.
Assim, cabe destacar que a promoção da filiação socioafetiva deve ser uma
preocupação constante das políticas públicas e da sociedade civil. É preciso incentivar a cultura
do acolhimento, do zelo e do amor, que devem ser valores fundamentais para o
desenvolvimento saudável e feliz de crianças e jovens.
Por isso, conclui-se que o princípio da afetividade tem sido um grande influenciador nas
novas formas de família que surgem na sociedade contemporânea. As mudanças na estrutura
familiar estão diretamente ligadas ao maior valor dado às relações, baseadas no afeto na
solidariedade e na intimidade. Essas mudanças têm sido impulsionadas por fatores sociais,
culturais e econômicos, mas é incontestável o papel da afetividade na construção dessas novas
configurações familiares, que possuem maior diversidade e flexibilidade do que as formas
tradicionais. Desse modo, se faz necessário que as políticas públicas e a sociedade em geral
continuem reconhecendo a importância da diversidade e da proteção das diversas
configurações familiares, garantindo que todos os tipos de família recebam a devida proteção e
amparo legal.
11 REFERÊNCIAS
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. São Paulo, Atlas, 1991
CALDERÓN, Ricardo Lucas. Revista Brasileira de Direito Civil. Belo Horizonte, 2017.
Disponível em
file:///C:/Users/alunos/Downloads/REVISTA%20LUCAS%20CALDERON.pdf Acesso em:
13 de mar.2023.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 3ª.ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2006.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 20ª . E ed. São
Paulo: Saraiva, 2005
FERNANDEZ, Alexandre Cortez. Direito Civil: Direito de Família. Editora Educs. Caixias
do Sul, 2015. Disponível em
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/47895/pdf/0?code=nk4669WOnckVvZi
w6r9XAHosGm0MUrZP+nh3p4jhub6YxHRh/xPzGVNwGyOpr7LyLzq3uOHGCj1Wj+brU
wCdng== Acesso em 14 de Abr de 2023
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de família. 11 ª. ed. São Paulo : Saraiva, 2006
LOBO, Paulo Luiz Netto. Transformações jurídicas da Família no Brasil. GenJurídico . São
Paulo, 12 fev. 2018. Disponível em http://genjuridico.com.br/2018/02/12/transformacoes-
juridicas-familia-brasil/ . Acesso em: 08 de abr 2023.