Seu Companheiro Valentão (Nehalem Pack #29) de A.J. Jarrett
Seu Companheiro Valentão (Nehalem Pack #29) de A.J. Jarrett
Seu Companheiro Valentão (Nehalem Pack #29) de A.J. Jarrett
Capítulo 2
O som de seu telefone tocando o fez abaixar o livro que estava lendo.
— Olá? — Cullen segurou o telefone entre o ombro e a orelha. Dobrou
o canto da página do livro que estava lendo e empurrou o livro em sua bolsa.
— Filho, como está o seu dia?
— Ótimo. — Cullen se levantou. — Na verdade, tenho uma aula em
dez minutos, então, obrigado por me ligar. Estava um pouco distraído.
— Estava com o seu nariz enfiado num livro novo, com certeza. —
Seu pai riu.
— Mais ou menos. — Cullen sorriu. Seu pai o conhecia demasiado
bem. — Então, a que devo esta ligação?
— Sim, bem, sobre isso... — Seu pai estava protelando. — Existe
alguma maneira que possa me encontrar às seis e meia, para jantar na
Churrascaria na cidade? Há algo que preciso discutir com você.
— Está tudo bem? — O coração de Cullen acelerou. Sua mãe morreu
ao lhe dar à luz e seu pai era tudo que tinha. Não podia perdê-lo também. —
Está doente? Oh! Meu Deus, tem câncer?
— Cullen, acalme-se, antes que tenha um ataque de pânico. Bom
Deus, rapaz. A última vez que me viu, parecia que estava doente? Não
responda a isso. — Seu pai bufou. — Não, filho, não estou doente ou tem
qualquer coisa de errado comigo. Só queria sentar e conversar com você. Tem
estado tão ocupado ultimamente que não tivemos tempo para recuperar o
atraso.
— Oh, ok. — Cullen deu um suspiro de alívio. — Claro, um jantar
parece ótimo. Vejo-o às seis e meia.
Desligou o telefone, após seu pai dizer adeus. O colocou em sua bolsa
e se dirigiu para o edifício de ciência, correndo para que não chegasse tarde
para a aula de bioquímica. Cullen alcançou as portas principais que davam
para o edifício com três minutos de sobra. Correu para a sala de aula e viu
Jaron sentado em seu lugar habitual.
— Oi, Jaron. — Sentou-se ao lado do amigo e puxou seu livro.
— Cullen. — Jaron sorriu para ele. — Perdeu a noção do tempo de
novo?
— Só um pouquinho. — Cullen levantou o dedo polegar e o indicador
cerca de um centímetro de distância.
Jaron e Cullen se tornaram bons amigos nos últimos dois anos.
Ambos estavam estudando para se tornarem cientistas clínicos e planejaram
seus próximos anos de faculdade para que tivessem as mesmas aulas e
pudessem ser parceiros de laboratório.
Cullen, muitas vezes, achou engraçado como na escola não tinha
nenhum amigo e, agora, na faculdade, tinha mais do que jamais poderia
imaginar. Sempre pensou que estava feliz de estar sozinho, mas comprovou
que estava errado. Sair com Dylan, Cooper, Brooke, Jaron, e até mesmo
Trevor, era muito divertido. Podia não parecer um monte de amigos para
alguns, mas, para Cullen, era uma abundância. Ajudou a lhe trazer fora de seu
escudo e não o fazia se sentir tão nervoso em grandes grupos.
Houve momentos em que pensou que era estranho se tornar amigo
do homem que quase o atacou. Na verdade, se não fosse por Glenn pular na
sua frente, Jaron o teria mordido e só Deus sabia o que poderia ter acontecido
com Cullen.
Foi também por não saber nada sobre a mordida de Jaron que fez
ambos se tornarem mais próximos. Jaron era único shifter conhecido que
poderia morder uma pessoa e transformá-la num shifter. O pai de Jaron
brincou com o seu DNA, até que se tornou algo diferente, algo especial.
Shifters nasciam assim e foi assim durante anos, até Jaron aparecer.
Em seu tempo livre, Cullen e Jaron trabalhavam na tentativa de
descobrir por que a mordida de Jaron era capaz de passar adiante o gene
shifter e por que nem todo mundo sobrevivia a sua mordida. O companheiro
de Jaron, Trevor, recebeu um e-mail de um homem chamado Nate Siefert.
Trevor disse que o homem poderia ser confiável e como ele enviou um enorme
arquivo que falava sobre a capacidade única de Jaron, acreditaram nele.
Os arquivos continham estudos de casos de pessoas que se
voluntariaram para serem mordidas por Jaron e se tornar um shifter. Nenhum
dos cinco pacientes sobreviveu à mordida. Cullen e Jaron não conseguiam
descobrir por que não deu certo. Glenn e Trevor sobreviveram ao serem
mordidos e agora eram shifters. Se a mordida de Jaron tinha a capacidade de
mudar a todos que mordesse, então, por que aqueles cinco homens não
sobreviveram? Era um quebra-cabeça em que ambos estavam trabalhando ao
mesmo tempo em que continuavam com os seus estudos.
— Oh, antes que esqueça, não posso ficar até mais tarde esta noite.
— Cullen fez beicinho. Realmente amava trabalhar no laboratório, mas não
poderia faltar ao jantar com seu pai. — Meu pai quer que jante com ele. —
Mais uma vez estava confuso. Sua testa franziu. O que poderia seu pai,
eventualmente, ter para lhe falar?
— Isso é legal. — Jaron afagou Cullen no ombro. — Não poderia ficar
até mais tarde também. Vamos jantar com a cunhada de Trevor. — Cullen se
aproximou quando Jaron acrescentou: — Podemos ficar até mais tarde amanhã
à noite. — Cutucou Cullen no braço e piscou.
— Sim! Podemos. — Cullen estava aliviado. Passou tanto tempo nesse
ano e meio tentando descobrir o que estava por trás da capacidade de Jaron,
que se tornou uma obsessão.
— Boa tarde, alunos. — O professor Flint entrou na sala de aula, sem
se preocupar em olhar para cima de seu telefone, enquanto cumprimentava.
O professor Flint era bastante novo em Silver Creek. Era apenas o
seu segundo ano em Hemsworth. Este seria o segundo ano que Jaron e Cullen
estavam em sua aula. O homem não era muito social, mas era bom quando se
tratava de ensinar. Era rigoroso e não dava mole aos alunos. Como Flint
gostava de dizer-lhes o tempo todo, estavam na faculdade agora e era hora de
começarem a agir como adultos e não como pequenos bebês chorões.
Cullen fez o seu melhor para ficar na lista boa de Flint, embora não
estivesse totalmente certo de que houvesse uma. O professor estava em seus
quarenta e tantos anos, achava. Para um homem mais velho, era muito bonito
e estava em forma. O ligeiro envelhecimento de seu cabelo castanho o deixava
mais charmoso. Viu o homem correndo ao redor do campus e, mesmo assim,
tinha um olhar severo sobre o seu rosto, testa franzida, como se estivesse
pensando seriamente em alguma coisa.
O professor saltou direto para a aula e a classe ficou em silêncio
pelos próximos noventa minutos.
Quando a aula acabou, Cullen e Jaron foram para o refeitório almoçar
com seus amigos, depois voltaram para o edifício de ciência para a aula de
fisiologia humana. Após a última aula do dia, entrou em seu laboratório.
Todos os de classes superiores tinham suas próprias estações de
laboratório, das quais eram responsáveis. Cullen fez com que ele e Jaron
marcassem seus espécimes em conformidade. A última coisa que precisava era
que alguém conseguisse por as mãos no sangue de Jaron.
Já passava das seis quando saiu do laboratório. Trancou a porta,
depois foi para a entrada principal. Jaron saíra a mais de uma hora atrás, mas
Cullen ficou muito preso em sua designação atual. O professor Flint lhes deu
de uma amostra de sangue e tinham que determinar qual a doença, se
houvesse, estava na amostra e se fosse encontrada a doença, que tipo e o que
fariam para determinar como tratar a doença.
Cullen correu para casa, tomou um banho rápido, vestiu-se e dirigiu-
se para a cidade, para encontrar seu pai. Estava correndo, pois estava quinze
minutos atrasado, porém sabia que seu pai iria entender. Seu pai sabia o
quanto amava a ciência e o quebra-cabeça que era, e respeitava isso. O seu
pai sempre gostou de se gabar de quão interessado ele era. Gostava de
aprender e era, provavelmente, a razão pela qual sempre foi perseguido na
escola.
— Desculpe, pai. — Cullen puxou a cadeira em frente a seu pai e
sentou-se. Estava sem fôlego e um pouco suado. — Estava fazendo o meu
trabalho escolar.
— Não se preocupe, garoto. — Seu pai acenou para o garçom e pediu
água para Cullen beber. — Entendo completamente.
— Obrigado. — Cullen bebeu um grande gole de água, deixando o
líquido frio matar a sede. — Então, o que quer falar?
— Sim, isto... — Seu pai olhou para suas mãos, não encontrando o
olhar de Cullen. Viu o ligeiro tremor nas mãos de seu pai e o suor acumular no
lábio superior.
— Oh, meu Deus! — O temor de mais cedo retornou. Seu pai estava
doente. Por que mais estaria assim? — Está morrendo, não é? — Lágrimas
queimaram na parte de trás dos seus olhos. Isso não poderia estar
acontecendo com ele, não agora.
— Oh, pelo amor de Deus! — Seu pai revirou os olhos. — Não estou
morrendo. — Jogou o guardanapo de pano em Cullen. — Realmente pareço tão
ruim? Querer sentar e conversar com meu filho, que dizer que estou preste a
morrer?
Olhou novamente para seu pai. O homem estava em boa saúde para
um homem de quarenta e cinco anos. Cullen herdou os traços do lado da
família de sua mãe, pequeno, pele pálida e cabelos castanhos. Seu pai, por
outro lado, era alto, magro, com o cabelo loiro escuro. Ambos tinham olhos
azuis, que eram iguais, e usavam óculos.
— Ok, se não está morrendo, então, o que é? — Perguntou,
levantando uma sobrancelha.
— Bem, meu filho, conheci alguém. — Seu pai finalmente olhou para
ele. — Ela é incrível. Há muito tempo que não estive tão feliz. — Um sorriso
curvou os lábios de seu pai.
— O quê? — Cullen deixou cair o copo que estava em sua mão e
derramou sobre a mesa. O garçom correu para limpá-lo e pegou um copo
novo. — Sinto muito, mas você está namorando? Por que não disse nada? —
Estava realmente muito feliz por seu pai. Estava começando a se preocupar
que seu pai ficasse só quando saísse de casa. Não que estivesse se mudando a
qualquer momento em breve, mas ainda assim. — Isso é ótimo.
— Se soubesse que ia aceitar bem, teria dito antes. — Seu pai riu.
— O que isso quer dizer?
— Cullen, por muito tempo foi apenas nós contra o mundo. — Seu pai
deu de ombros. — Não queria que sentisse que não era amado.
— Pai, estou preste a fazer vinte e um. Acho que posso lidar com meu
pai namorando. — Cullen se levantou e caminhou para dar um abraço em seu
pai. — Estou realmente feliz por você, papai.
— Isso significa muito, filho. — Seu pai deu um tapinha nas costas
dele e se sentaram. — Obrigado.
— Então, quem é? — Perguntou, animado para ouvir tudo sobre a
mulher que roubou o coração de seu pai. — Como se conheceram?
— Ela é professora. Ensina na escola primária. Quinta série. — Seu
pai sacudiu a cabeça. — Não sei como ela tem a paciência para isso.
— Pai. — Cullen revirou os olhos. Seu pai era um farmacêutico e o
pensamento de ficar preso em torno de um grupo de crianças deixava seu pai
com medo.
— O quê? — Seu pai levantou as mãos no ar. — Nem todas as
crianças são bem comportadas como você. Sempre foi mais maduro do que as
outras crianças da sua idade. — Disse com orgulho.
— Vou deixar passar.
Algumas crianças eram absolutamente monstruosas, Cullen pensou
consigo mesmo. Se alguém sabia como as crianças podiam ser irritantes e
cruéis, era Cullen. Teve seu próprio valentão da sexta série até que se formou
no ensino médio. Sabia muito bem como algumas crianças se comportavam.
Após Glenn salvar sua vida, deveria sentir mais gratidão para com o cara, mas
era realmente difícil esquecer o passado. Era muito grato a Glenn pelo que fez,
mas não mudaria a forma como se sentia. Talvez fizesse dele um idiota, mas
anos de abuso sofrido nas mãos de outra pessoa eram difíceis de esquecer.
— Então, me dê os detalhes. — Cullen esfregou as mãos e sorriu
loucamente para seu pai.
— Bem, já estamos juntos por quase um ano, agora.
— O quê? — Cullen bateu as duas mãos sobre a mesa, atraindo a
atenção das pessoas em mesas próximas. Aproximou-se para sussurrar. —
Quase um ano? E nunca pensou, nenhuma vez, em me dizer?
— Sem ofensa, filho, mas não tenho que lhe dizer agora e nem
depois. — Seu pai deu de ombros. — Esteve ocupado com sua própria vida.
Mal te via. Era bem legal ter algo apenas para mim. Além disso, não queria
que a conhecesse e depois não déssemos certo.
— Mais uma vez, tenho vinte anos, não cinco. — Lembrou a seu pai.
— Posso lidar com você namorando.
— Eu sei, eu sei, mas acho que foi mais para meu benefício. — Seu
pai passou a mão pelo cabelo. — Essa coisa de namoro é realmente nova para
mim e estava nervoso. Queria ter certeza que daria certo.
Cullen concordou. Era bom saber que mesmo os adultos como seu pai
levavam o namoro a sério. Quando estava na escola, namoro era inexistente
para ele. Era um nerd e ninguém lhe deu uma segunda olhada, a menos que
Glenn, mexendo com ele implacavelmente, contasse. E, agora na faculdade,
não encontrou ninguém que chamou sua atenção. Estava aberto a homens ou
mulheres, porque sem nunca ter se sentido atraído por outra pessoa em toda
sua vida, não tinha certeza de quem ou o que queria. Estava começando a
pensar que poderia ser assexual. Era uma possibilidade.
— Pai, você é um grande cara, tenho certeza que não tem nada para
se preocupar. — Assegurou a seu pai. — Então, quem é esta mulher
misteriosa? Disse que ela ensina na escola primária. Qual é o nome dela?
Posso saber quem é.
— Nikki. É o nome dela. — O rosto do pai se iluminou, seu sorriso se
ampliando. — É simplesmente fantástica. Temos muito em comum. Somos
pais solteiros, ambos gostamos de ler, temos um amor compartilhado por The
Walking Dead1 e temos filhos.
— Nikki? — Cullen revirou seu cérebro, tentando lembrar uma
professora com o nome de Nikki quando frequentou a escola primária, mas era
uma tela em branco. — Tenho certeza que não me lembro dela. Qual é seu
sobrenome?
— Acho que não frequentou a escola primária, quando ela estava lá.
Sendo uma mãe trabalhando em dois empregos, dava aulas quando o tempo
permitia. Acredito que começou a ensinar depois que você foi para a sexta
série. Seu nome é Nikki, Nikki Shephard.
Cullen inclinou a cabeça para o lado, pensando. O sobrenome soava
familiar, mas não tinha certeza do por que. Nunca teve um professor com esse
nome antes, mas algo nele...
— Gavin! — Uma alegre voz feminina disse atrás de Cullen e se virou
1
Série de televisão dramática e pós-apocalíptica de zumbis norte-americana.
para ver quem era essa mulher.
— Nikki, querida, é bom vê-la. — O pai dele deu a volta na mesa para
abraçar a mulher.
Cullen viu que era alta e magra, com o cabelo castanho ondulado,
muito escuro, e a pele cor de oliva. Tinha grandes olhos castanhos que
pareciam estranhamente familiares também.
— Nikki, este é meu filho, Cullen. — Seu pai fez um gesto com a mão
para ele.
Cullen colocou o guardanapo na mesa e levantou para cumprimentar
a senhora bonita, por quem seu pai estava completamente apaixonado. Era
óbvio em seu sorriso estúpido e rosto corado.
— Oi, Nikki, é bom que... — Qualquer outra coisa que Cullen poderia
ter dito foi cortado com a visão de quem estava andando atrás de Nikki e
colocando as mãos em seus ombros. — Shephard... — Cullen fez o seu melhor
para engolir o nó na garganta. De pé, atrás da mulher, não estava outro senão
Glenn. Glenn Shephard.
Se passou quase dois anos desde que viu Glenn e ele mudou muito
nesse tempo, e para a melhor. Onde Cullen ainda parecia o mesmo, baixo,
magro e com grandes óculos, Glenn cresceu, sendo que seu corpo já era
grande. Os músculos de seus braços e peito quase explodiam as costuras de
sua justa camisa polo preta. Seu cabelo preto desgrenhado ficava em volta da
cabeça, numa pequena onda, semelhante à sua mãe. Seus grandes olhos
castanhos perfuraram os azuis de Cullen.
— Ei, Cullen, muito tempo sem te ver. — Disse Glenn, com um grande
sorriso no rosto. Estendeu a mão para um Cullen tremendo.
Nos anos que conheceu Glenn, viu aquele sorriso muitas vezes e
nada de bom veio dele. As mãos de Cullen balançaram, enquanto olhava para
ele. Estava com medo, mas também achou a visão de Glenn excitante. A
nenhum homem deveria ser permitido ter uma boa aparência e também ser
um idiota que fazia bullying.
Não estou com medo, não sou mais um garotinho. Cullen lembrou a
si mesmo. Dois anos se passaram. Tinha a esperança de que Glenn não fosse o
mesmo idiota que era na sua juventude.
— Vocês dois se conhecem? — Perguntou Nikki, olhando entre eles.
— Frequentamos a escola juntos. — Glenn mostrou seu sorriso de
cem watts para sua mãe. — Mesma turma.
— Como é que não nos conhecemos mais cedo, Gavin? — Nikki
estendeu a mão para entrelaçar os dedos com o pai de Cullen.
— Acho que éramos apenas dois navios que passavam na noite, nada
mais. — Seu pai puxou Nikki para perto e abaixou para beijar sua bochecha.
Cullen fez uma careta para a visão diante dele. Não tinha certeza do
que era pior, ver Glenn após todo esse tempo ou ver seu pai se esfregando
com a mãe do valentão da escola. As opções eram ilimitadas.
— Glenn, é bom finalmente conhecê-lo. — Seu pai apertou a mão
estendida de Glenn. — Sua mãe me disse que estava frequentando a
universidade de Oregon. Isso é emocionante.
— Sim, senhor. — Glenn apertou a mão de seu pai, mas manteve seu
olhar sobre Cullen. — Me foi oferecida uma bolsa de estudos lá e não podia
deixar passar essa oportunidade.
Cullen queria rolar os olhos para a mentira. A única razão que Glenn
foi para a escola em Oregon era porque se permitiu ser mordido por um lobo.
Agora, não foi bem assim. Ele estava, afinal, tentando salvar sua
vida. Aquela vozinha irritante da razão dentro de sua cabeça escolheu aquele
momento para dialogar.
— Vamos sentar. — Nikki fez um gesto para a mesa.
Para consternação de Cullen, Glenn se sentou ao seu lado, enquanto
seus pais se sentaram em frente a eles. Glenn continuou lançando olhares para
Cullen, mas recusou-se a reconhecê-los. Odiava admitir, mas estava com um
pouco medo de Glenn. Claro, se passou dois anos desde última vez que viram
um ao outro, mas os anos de provocações deixaram uma cicatriz e não tinha
certeza se um dia iria curar. Glenn poderia tê-lo salvo de ser mordido naquela
noite na floresta, mas não mudava o que ocorreu durante seis longos anos
antes disso.
— Cullen, seu pai me disse que está estudando para ser um cientista
clínico. — Nikki sorriu, mostrando os dentes brancos, perfeitamente retos.
Realmente era uma mulher bonita e podia ver de onde Glenn herdou a beleza.
— Isso parece emocionante. O que exatamente faz?
— Sim, é muito emocionante. — Cullen balançou a cabeça e sorriu
para ela. Adorava falar sobre a sua futura profissão. — Um cientista clínico ou
técnico de laboratório são os que trabalham nos bastidores. Não trabalhamos
diretamente com os pacientes, mas somos quem descobre a presença ou
ausência de uma doença, e fornece as informações para os médicos,
determinando o melhor curso de tratamento para o referido paciente. Se
gostar de ciência e cuidados médicos, é realmente fascinante.
— Parece que você realmente gosta. — Nikki se inclinou para o lado
de seu pai.
— Gosto. — Cullen concordou.
— Sim, Cullen aqui sempre foi o inteligente na nossa classe. — Glenn
levantou o braço para descansar na parte de trás da cadeira de Cullen. —
Sempre tinha o rosto enfiado num livro.
Todos, menos Cullen riram. A mandíbula de Cullen apertou e suas
mãos estavam enroladas em seu colo. A sensação do braço quente de Glenn
tocando suas costas o estava deixando ansioso. Por que o homem tinha que
ser tão atraente e babaca?
— Melhor do que ser empurrado em um armário. — Cullen murmurou
sob sua respiração, quando olhou para o cardápio na sua frente.
— O que quer dizer, meu filho? — Perguntou seu pai.
— Oh, nada. — Forçou um sorriso. — Vamos pedir? — Cullen levantou
o cardápio.
O calor que irradiava do braço de Glenn o estava deixando louco, mas
não lhe permitiria chegar até ele. Não, era um adulto agora, com amigos que
cuidavam dele. Não estava mais sozinho e Glenn não tinha poder sobre ele.
Não tinha certeza do que Glenn era ou de por que estava de volta em Silver
Creek, mas não seria vítima deste homem, de novo, não.
Capítulo 3
*****
— Bem, se não é o Super Cooper. — Glenn correu atrás de Cooper,
envolvendo os braços ao redor da cintura e girando em torno dele.
— Glenn! — Cooper escapou do abraço de seu amigo e virou-se para
encará-lo. — Oh, meu Deus, é realmente você! — Cooper avançou em direção
a ele, abraçando-o apertado. — Não posso acreditar que está aqui. — Cooper
deu um passo para trás, apenas o suficiente para olhar Glenn. — Veio para
ficar ou apenas uma visita?
— Para ficar. — Glenn sorriu e ergueu o livro na mão. — Hoje é meu
primeiro dia de aula.
— De jeito nenhum! — Cooper bateu Glenn no braço. — Por que não
ligou e me disse? Cara, isso não é legal.
— Queria fazer uma surpresa. — Glenn mordiscou o lábio inferior. —
E não tinha certeza de quão feliz ficaria em me ver. Você seguiu em frente
com sua vida e não tinha certeza se havia algum lugar para mim, nesta nova e
melhorada vida adulta.
Glenn não estava mentindo sobre isso. Cooper e ele foram amigos
desde a pré-escola e tinham passado por muitas coisas juntos, seus primeiros
beijos, seu ódio mútuo pelo treinador, formando a linha defensiva em sua
equipe de futebol da escola e apenas ficando por ai, sem fazer nada. Foram
grandes momentos. Desde que se afastou ficaram em contato através de
telefonemas e mensagens de texto, mas não era o mesmo. Temia que
tivessem se afastado.
Antes de deixar a cidade e da mordida, Glenn era um verdadeiro
idiota com o namorado de Cooper, Dylan. Glenn não tinha vergonha de admitir
que fosse um valentão e suas ações quase lhe custaram o seu melhor amigo.
Na época, Glenn estava convencido de que odiava Dylan porque o
cara era gay, mas era uma mentira. Ficou com ciúmes porque pensava que
Dylan gostava de Cullen e iria roubá-lo. Era tudo tão louco e irracional. Por
tantos anos descontou suas frustrações em Cullen. Atacou o cara
implacavelmente e tratou-o como merda. Depois, Dylan apareceu e Glenn
entrou em pânico. Pensou que o cara de quem, secretamente, gostava desde o
ensino médio, havia encontrado alguém. Não podia aguentar isso, então,
naturalmente, tinha de tornar a vida de Dylan um inferno. Para ser justo,
naquele momento, Glenn não sabia sobre shifters ou que Dylan e Cooper eram
companheiros. Se soubesse de tudo isso, talvez as coisas pudessem ter sido
diferentes.
— Cara, você é um idiota às vezes, sabe disso? — Cooper passou o
braço em volta do pescoço de Glenn e o puxou para perto. — Somos melhores
amigos para a vida, cara. Se acostume com isso. Está preso comigo.
— Posso viver com isso. — Glenn empurrou o peito de Cooper e
livrou-se das garras de seu amigo. — Então, como está Dylan?
— Bem. — O rosto de Cooper se iluminou com um sorriso brilhante.
— Estamos vivendo juntos. — Bateu no peito de Glenn. — Mas já lhe disse
isso. Estar apaixonado é incrível.
— Isso é o que ouvi dizer. — Glenn riscou um ponto atrás da orelha.
Cada vez que pensava em estar num relacionamento sério, uma visão de
Cullen passava pela sua mente. Sempre foi atraído por Cullen, mas ser um
shifter e saber que o homem pequeno e magricelo era seu companheiro era
dez vezes pior. Uma das principais razões por que voltou para Silver Creek foi
Cullen. Glenn e seu lobo estavam ficando loucos separados do homem.
— Não acredito que não disse uma palavra sequer sobre sua volta. —
Cooper apontou um banco vazio sob a sombra de uma árvore e se sentaram.
— Aposto que sua mãe ficou muito feliz em ver a sua cara feia.
— Ei, agora! — Glenn levemente perfurou Cooper no braço. — Este
rosto não é nada mais que bonito. — Cooper revirou os olhos e ele e Glenn
ambos começaram a rir. — Não, mas, sério, ficou emocionada. Ela é uma das
razões pelas quais quis voltar. Senti falta dela, de você e... — Glenn sacudiu a
cabeça, não deixando o pensamento ser dito.
— Estou feliz que tenha voltado, Glenn. A vida não tem sido a mesma
sem você.
— Obrigado por dizer isso. — Glenn recostou-se no banco e espalhou
o braço sobre as costas. — Estar de volta aqui em Silver Creek, é como se
nunca tivesse saído.
— Sim, não mudou muita coisa. — Cooper deu de ombros.
— Muito mudou para mim. — Glenn virou para olhar para Cooper. —
Sabia que a minha mãe tem um namorado?
— Tem? — Perguntou Cooper. — Eu a vi em torno da cidade, mas
está sempre tão ocupada. Mas parece feliz. Cara, não posso acreditar que está
namorando. Isto é sério?
— Espero que sim. — Glenn riu. — Estão se mudando para morarem
juntos. Ou, na verdade, minha mãe e eu estamos nos mudando para a casa
dele e de seu filho. — O sorriso no rosto de Glenn cresceu tanto que suas
bochechas doíam.
— Não me diga?
— É sério. — Glenn assentiu.
— Bem, quem é? — Cooper bateu no peito de Glenn.
— Gavin Ford. — Glenn inclinou a cabeça para o lado e viu quando o
nome entrou na cabeça de Cooper. Riu no momento em que o amigo pareceu
compreender.
— O pai de Cullen? — Cooper perguntou e Glenn assentiu uma vez. —
Puta merda! O Cullen sabe sobre isso?
— Agora sabe. Levaram-nos para jantar na noite passada para dar a
notícia. — Glenn sentou e se inclinou para frente. — Claro, minha mãe me
disse duas semanas antes da minha volta para Silver Creek. Fiquei chocado,
mas, ei, se ela está feliz, então estou feliz por ela.
— Eu também, mas e Cullen? — Cooper olhou para alguém de
passagem na calçada. — Como reagiu?
— Não tão bem como esperava. Não é todo dia que se descobre que
seu agressor do ensino médio irá morar com você. — Glenn gemeu e cerrou a
mão em seu cabelo.
— Glenn, cara, o que esperava? Atormentou aquele cara durante toda
a sua vida escolar. — Cooper levantou a mão para colocar sobre a boca de
Glenn quando a abriu para protestar. — Eu sei, eu sei, eu sei. Você o salvou de
ser atacado por Jaron, mas uma boa ação não apaga uma vida inteira de
sofrimento que causou. — Cooper fez um som de clique na garganta e relaxou
em seu assento. — Deveria ter me escutado anos atrás, quando lhe disse para
parar com toda essa merda, mas não, você não ouviu.
— Por que tem que me lembrar disso? — Glenn esfregou seu queixo.
— Era jovem e estúpido. O que posso dizer?
— Nada. — Respondeu Cooper. — Tudo o que pode fazer é pedir
desculpas e esperar que um dia possam ser amigos.
Glenn virou a cabeça para que seu amigo não visse a sua decepção.
Não queria esperar mais um dia por ele. Queria Cullen agora e seu lobo estava
ficando inquieto.
O vento soprava em todo o campus e ouvia as folhas nas árvores
oscilando. O campus estava cheio de ruídos e cheiros e um em particular bateu
no rosto de Glenn. Sentou-se para frente com seu nariz no ar, procurando a
direção de onde o mentolado aroma fresco estava vindo.
Ao longo da entrada principal da biblioteca o encontrou. Cullen estava
usando calça jeans clara e camiseta preta, que tinha como estampa uma
tabela periódica. Jogou a cabeça trás, rindo. A pele pálida, cremosa e delgada
de seu pescoço deixava Glenn com água na boca.
Desde a primeira vez que viu Cullen, pensou que o cara fosse um elfo
ou uma fada, como das histórias dos livros infantis. Cullen tinha traços
delicados e pele de aparência suave, e era tão bonito. Foi provavelmente o que
começou a fascinação de Glenn por Cullen. Glenn tinha amado Peter Pan e
depois de ler o livro e encontrar Cullen, estava convencido de que era quem
Cullen era. Não demorou muito para que o fascínio se transformasse em algo
mais hormonal. Ficava surpreso por ficar excitado por outro cara na escola. Era
estranho e não queria ser diferente. Estava tão irritado por desejar Cullen, que
o culpava e fez de sua vida um inferno. Deus, se pudesse voltar no tempo com
o conhecimento que tinha agora, iria fazer tantas coisas de forma diferente.
Podia ouvir Cooper chamando seu nome, mas toda a sua atenção
estava em Cullen, em suas bochechas havia um tom claro de rosa e o modo
como seus óculos grossos ridiculamente deslizavam para baixo de seu nariz.
Parecia tão doce e inocente. O pau de Glenn pulsava em seu jeans e ficava em
um ângulo desconfortável à medida que endurecia.
Uma mão, que não era de Cullen, estendeu-se para empurrar os
óculos de Cullen no nariz. Glenn desviou o olhar e viu um homem de pé na
frente de Cullen. Também estava rindo. O homem estava de pé, um pouco
perto demais. Era alto, com uma compilação magra e ainda muscular. Glenn
podia ver o contorno dos músculos definidos na sua camisa de longe. Tinha
cabelo castanho claro, cortado curto, e olhos azuis. Glenn tinha que admitir, o
cara era bonito, se fosse para esse tipo de coisa, mas não ia. Tinha olhos
apenas para Cullen e, aparentemente, o mesmo fazia aquele cara.
— Quem é que está falando com Cullen? — Glenn teve que morder o
interior de sua bochecha para não rosnar.
— Uh, aquele é... — Cooper franziu os lábios. — Conheci o cara. Qual
é o nome dele? — Cooper estalou os dedos juntos. — Corbin. — Cooper
apertou os olhos. — Corbin Brewer, esse é o nome dele. Cullen foi o tutor dele
no ano passado. Por quê?
— Também é tutor esse ano? — Glenn não podia desviar o olhar de
seu companheiro. Não gostava de quão perto o cara estava de Cullen e a
maneira como o tocava livremente. Aquilo não foi legal.
— Não sei. — Cooper cutucou Glenn no lado. — Cara, você está
rosnando. Precisa seriamente parar com isso.
— Huh? — Glenn desviou o olhar de Cullen olhar para Cooper.
— Você estava rosnando. — Cooper assentiu. — É estranho. Pare com
isso. Não precisamos de pessoas parando para olhar.
— Desculpe. — Glenn voltou a olhar Cullen e o viu acenar um adeus a
Corbin, em seguida, virou e se afastou.
— Glenn, cara, o que há com você? Está agindo estranho.
— Não é nada. — Glenn sacudiu a cabeça. Respirou profundamente
para acalmar seus nervos tensos. Esse cara, Corbin, era apenas um amigo,
nada mais e se tivesse alguma ideia na cabeça de ser mais que um amigo de
Cullen, Glenn poderia acabar com o rapaz.
— Não me venha com essa merda. Eu o conheço muito bem. —
Cooper colocou a mão na parte de trás do pescoço de Glenn. — O que está te
incomodando?
Glenn espiou pelo canto do olho para seu melhor amigo. Podia
realmente dizer para Cooper a verdade? Poderia dizer-lhe como se sentia
sobre Cullen? Mas, o mais importante, poderia confiar que iria manter o seu
segredo?
— Se te contar, promete não contar a ninguém? — Perguntou Glenn.
— E isso inclui Dylan.
— Droga, isso deve ser grande se quer que mantenha um segredo até
para meu companheiro. — Cooper passou a mão sobre sua boca. Estava
batendo o pé em uma batida rápida. — Não é ilegal ou algo que vai deixar
alguém ferido, não é?
— Não — Glenn recuou.
— Ok. — Cooper assentiu. — Manterei segredo. Só porque é você. —
Respirou fundo. — Divida comigo, cara. — Cooper sentou-se com o punho
fechado e o cenho franzido, como se estivesse à espera de ser atingido.
— Gosto do Cullen. — Disse Glenn. Soltou a respiração que não tinha
percebido que estava segurando. Sentiu-se melhor do que esperava, por ser
capaz de admitir isso a outra pessoa.
— É isso? Estava enlouquecendo, pensando que fosse algo ruim como
matar alguém ou alguma merda desse tipo. — Cooper soltou um suspiro
profundo.
— Não, você não entendeu. — Glenn mudou de posição no banco e
colocou uma perna debaixo dele. — Eu gosto do Cullen. — Cooper sacudiu a
cabeça como se não entendesse. — Gosto dele como lobos gostam de pessoas.
Glenn viu o momento quando o que disse foi registrado no cérebro de
Cooper. Seus olhos se arregalaram e sua boca estava aberta.
— Puta merda!
— Sim. — Glenn concordou. Não tinha nenhuma dúvida de que isso
não seria uma boa notícia para Cullen. Claro, o vínculo de acasalamento
gostaria de chamar Cullen para Glenn, mas isso não significava que Cullen
tinha que gostar. Uma pessoa poderia estar apaixonada por outra e ainda
guardar rancor.
— Tem certeza? — Cooper sentou-se para frente, juntando os dedos
na frente dele.
— Sim, total. — Glenn deixou sua cabeça inclinar para trás para olhar
para as folhas grossas de árvore. Fatias estreitas de céu azul cortavam através
das folhas.
— Sabia disso todo esse tempo?
— Não com certeza. — Glenn sentou-se. — Não, até juntar todas as
peças. Tinha minhas suspeitas, enquanto estava em Oregon, mas não tinha
certeza. Mas vendo Cullen depois de todo esse tempo, eu soube. Ele é meu. —
Glenn riu. — De certa forma, sempre foi. Era muito estúpido para admitir isso.
— Glenn olhou para Cooper chocado. — Sempre gostei de Cullen, Cooper. Acho
que é por isso que fiz tudo aquilo com ele. Não queria ser gay, então joguei
toda minha raiva e frustração sobre ele. Não era certo, mas, na minha mente
de adolescente, isso fazia sentido.
— Oh, meu Deus... — Cooper cobriu o rosto com as mãos. — Oh, meu
Deus! Sabe o que isso significa?
— Sei. — Glenn assentiu, exausto de todo o pensamento que estava
tendo. Era tudo o que podia pensar. Cullen era seu companheiro predestinado
e Glenn o tratou como uma merda ao longo dos anos. Como poderia esperar
que o perdoasse?
— Tenho que dizer a Dylan. — Cooper começou a se levantar. Glenn
agarrou seu pulso e puxou-o de volta para baixo. Cooper pode ser um pouco
mais alto do que ele, mas não era tão forte como Glenn.
— O inferno que você vai. — Glenn estalou. — Ele vai dizer a Cullen e
não estou pronto para que saiba ainda.
— O quê? Por que não diz direto a ele? — Perguntou Cooper. — Se
são companheiros, ele vai sentir a conexão.
— Eu sei, mas... — Como poderia Glenn explicar ao seu melhor
amigo, que era como o cara mais legal do mundo?
— Mas o quê?
— Quero que goste de mim pela minha pessoa. Não quero que
simplesmente aceite que vamos estar juntos, porque somos companheiros. —
Glenn apertou as mãos.
— Mas ele meio que é... — Cooper disse suavemente. — Entendo o
que está dizendo e respeito isso. Mas se o que diz é verdade, Cullen acabará
sendo seu. Sabia desde o momento em que vi Dylan que o queria. Se
realmente são companheiros, não há como lutar contra isso.
— Sei disso, mas não quero que Cullen se sinta preso a mim. Quero
mostrar a ele o quanto mudei e quanto o desejo. — Glenn respirou fundo e
fechou os olhos. Podia sentir o cheiro persistente de Cullen. — Porque, porra,
cara, eu o quero demais. Eu o quis desde quando tinha treze anos, e agora é
pior com essa merda de lobo. — Glenn estreitou os olhos para Cooper, quando
seu amigo começou a rir. Estava rindo tanto que seus olhos estavam
lacrimejando. — O que, diabos, é tão engraçado?
— Não é nada realmente, mas é que Dylan costumava dizer que
achava que você tinha uma queda por Cullen e por isso aprontava com ele. —
Cooper teve outro ataque de risos. — Dizia que ele estava louco, mas agora
acho que estava certo.
— Estou feliz que possa ver humor em tudo isso. — Glenn cruzou os
braços sobre o peito. Era irritante que Dylan tivesse sacado isso desde o início.
— Sinto muito, cara. É tão bizarro, mas entendo. — Cooper sentou-se
e pôs o braço em torno de Glenn. — E agora? Vai fazer com que Cullen passe
a gostar de você?
— Algo assim. — Glenn assentiu.
— Tudo certo. Prometo não dizer nada a Dylan, mas é melhor levar
essa merda a sério. — Cooper deu um tapinha na orelha de Glenn. — Cullen
percorreu um longo caminho nos últimos dois anos. É inteligente, engraçado e
terrivelmente adorável. Tem sorte que ainda não tem ninguém.
— Eu sei. — Glenn assentiu. Aquele era o seu maior medo. Se Cullen
tivesse se apaixonado por outra pessoa, Glenn ficaria devastado. — Não vou
deixá-lo longe de mim novamente. Vou fazer isso direito.
— É bom ouvir. — Cooper levantou-se e estendeu a mão para Glenn
pegar. — Estou faminto. Vamos comer alguma coisa. — Glenn riu e pegou a
mão de Cooper, deixando-o que o puxasse para ficar de pé. — E, cara, se
precisar da minha ajuda com qualquer coisa, é só me avisar. Seria legal ver
você e Cullen juntos. Pense na história de amor que vai ser capaz de dizer às
pessoas. Posso ouvi-lo agora: 'valentão torna-se namorado'.
— Você é estranho. — Glenn sacudiu a cabeça e riu.
Algo dentro do peito de Glenn despertou. Não se sentia mais sozinho
nessa bagunça. Alguém sabia o seu segredo e, com a ajuda de Cooper,
certamente teria o homem dos seus sonhos.
Capítulo 5
*****
Segunda de manhã não poderia ter chego mais cedo. Domingo tinha
sido um longo dia de desencaixotar. Dylan e Cooper tinham parado para dar
uma mão.
Dylan havia puxado Cullen de lado para se certificar de que estava
bem, e Cullen sorriu e disse ao seu amigo o que ele queria ouvir. Seria
condenado se lhe dissesse a verdade. Não, não estava bem com tudo isso, e
especialmente não depois daquele beijo. O beijo que não conseguia parar de
pensar.
Saiu mais cedo naquela manhã e chegou à faculdade antes das sete.
Pegou sua mochila de seu carro e se dirigiu para o edifício de ciências. Tinha
feito planos para se encontrar com Jaron e revisar as suas notas para a sua
aula de química, além de comparar suas descobertas sobre a mais recente
amostra que coletaram do sangue de Jaron.
Sexta-feira passada, Cullen e Jaron, tiveram vontade de
experimentar, misturando o sangue de Jaron com o de Cullen. Foi tudo feito
em uma placa de petri e algo perfeitamente seguro para ambos. Até
descobrirem o que estava no corpo de Jaron que conseguia transformar um
humano num shifter, não podiam testá-lo em uma pessoa. Trevor e Glenn
tiveram sorte, na opinião de Cullen. Ele leu os estudos de caso que Nate deu a
Trevor, e Cullen e Jaron ainda estavam muito confusos. O que determinava se
uma pessoa podia se tornar um shifter?
Cullen usou a chave da porta do seu laboratório e entrou. Deixando
destrancado. Sentou-se e tirou as amostras. Tão concentrado em seu trabalho,
não ouviu a porta abrindo.
― Sr. Ford, está aqui mais cedo? ― Cullen saltou de surpresa. O
professor Flint estava com as mãos entrelaçadas atrás das costas, o olhar
vagando sobre a sala. ― Deve ser uma pessoa da manhã. ― Disse Flint, com
um sorriso, que nunca tinha visto antes, em seus lábios.
― Uh, sim. ― Cullen, saiu de seu choque e sorriu para o homem mais
velho. ― Sabe o que dizem. Passarinho que acorda cedo bebe água limpa2.
― Sim, eu sei. ― Flint caminhou ao redor do pequeno laboratório
olhando por cima da mesa de trabalho de Cullen. ― Confio que sua atribuição
atual está seguindo nos conformes?
― Sim. ― Cullen agarrou o relatório do projeto e o colocou em cima
de seus papéis sobre os lobos shifters. ― Jaron e eu fomos capazes de analisar
nossa amostra e determinar que nosso sujeito de teste teve mononucleose e o
melhor curso de ação do médico seria iniciar o tratamento do paciente.
― Oh, droga! ― Flint estalou os dedos. ― Estava esperando que
conseguisse uma das melhores doenças. Realmente, amo ler seus trabalhos.
Você é um jovem inteligente, Sr. Ford.
― Oh, bem, obrigado, mas não poderia ter feito isso sem a ajuda de
Jaron.
― Sim, bem, ainda é um bom trabalho. ― Flint deu um tapinha no
2
Do original: “The early bird and the worm”. Ditado que indica que quem acorda cedo consegue algo melhor.
ombro de Cullen. ― Ainda é incrível ver alguns bons homens... ― Cullen não
perdeu a ênfase que Flint colocou em “homens”. ―... dispostos a trabalhar
duro e fazer o que precisa ser feito. Todo seu trabalho duro vai ser
recompensado algum dia, meu jovem. ― Flint sorriu, então saiu da sala.
Cullen deu de ombros e voltou ao trabalho. Jaron apareceu trinta
minutos depois e passaram suas descobertas. Era pouco antes das nove,
quando se dirigiam para sua aula.
Depois de sua aula de química terminar, Cullen caminhou até a sua
aula de psicologia. Escolheu essa matéria para se divertir. Amava como o
corpo humano funcionava e achou fascinante quão complicada a mente era.
Foi em sua aula de Introdução à psicologia que conheceu Corbin, que
veio com uma bolsa de basquete e estava reprovando a matéria. Desde que
Cullen tinha se tornado um tutor, para fazer um pouco de dinheiro extra,
ofereceu seus serviços para o homem e de lá se tornaram amigos.
Foi com Corbin que deu seu único quase beijo. Cullen e Corbin tinham
se reunido para sessões de tutoria por cerca de dois meses, quando durante
uma dessas sessões, Corbin tinha tentado beijá-lo. Cullen tinha ficado tão
chocado que se jogou para trás em seu banco e caiu de costas. Corbin se
sentiu mal e ficou envergonhado. Levou uma boa hora para convencê-lo de
que estava bem e que não tinha esse tipo de sentimentos em relação a ele.
Foi quando Cullen começou a pensar que poderia ser assexuado. Só
não sentia atração sexual como os outros homens de sua idade. E não foi
porque Corbin era homem também. Cullen tinha falado com várias garotas
desde que chegou a faculdade, mas elas também não faziam nada com ele.
Assumiu que estava tão concentrado em seus estudos que não tinha tempo
para isso. E funcionou muito bem até Glenn voltar para a cidade.
― Cullen, espere! ― Corbin gritou para ele.
Cullen parou e virou-se para Corbin. Tirou um momento para olhar o
homem. Era um cara atraente. Era alto, com dois metros de altura e cheio de
músculos tonificados. Tinha cabelo castanho claro curto, que penteava para o
lado. Nunca houve um momento em que Cullen não viu o homem com um
sorriso no rosto. Corbin era apenas uma pessoa boa e bonita, mas não lhe
fazia nada. Cullen queria estender a mão e bater em seu pênis flácido.
― Ei, Corbin. ― Puxou as alças de sua mochila sobre seus braços.
― Ei. ― Corbin parou na frente dele, seu sorriso sempre presente no
rosto. ― Como vai? ― Perguntou.
― Bem. ― Cullen bocejou.
― Parece cansado. ― Corbin estendeu a mão para esfregar o polegar
sob o olho direito de Cullen. A ação fez seus óculos moverem um pouco em
seu rosto.
― Eu estou. ― Abafou outro bocejo. Com Glenn em sua casa, não
estava tendo muito sono.
― Tem algum tempo livre? ― Corbin perguntou e Cullen concordou.
― Vamos lá, então. ― Corbin colocou o braço em volta dos seus ombros. ―
Vamos tomar um café. Por minha conta.
― Ok. ― Cullen riu. Não era como se Corbin estivesse lhe dando
muita escolha. O cara levou-o até o café ao lado da biblioteca. Estava exausto
e uma sacudida de cafeína, além de passar tempo com um amigo, era só o que
precisava.
Tomou a decisão de empurrar todos os pensamentos de Glenn e
daquele fatídico beijo para fora de sua mente. Não significou nada, ou, pelo
menos, era o que estava dizendo a si mesmo. Admitir outra coisa, senão isso,
seria pura tortura.
Capítulo 6
Capítulo 9
*****
Os raios luminosos do sol, que brilhava através da janela, acordaram
Cullen na manhã seguinte. Alongou-se, estremecendo com a dor estranha na
sua bunda. Lembranças do que tinha acontecido na noite passada voltaram
para ele e riu para si mesmo, enquanto rolava para deitar de lado.
— Do que está rindo?
O som da voz de Glenn o fez abrir os olhos.
— Você ainda esta aqui?
Glenn ficou deitado de lado, de frente para Cullen. Estava com o
braço dobrado sob a cabeça, apoiando-a. Cullen copiou a pose, para olhar
melhor para o homem.
— Onde mais eu estaria? — Glenn se inclinou e beijou Cullen na
bochecha.
— Eu... Uh... Não tenho certeza. — Cullen deu-lhe um sorriso de boca
fechada. — Não sei se as coisas serão diferentes para você durante o dia. —
Não estava à procura de compaixão, mas precisava da confirmação de Glenn
de que aquilo era real. Que realmente eram companheiros e que Glenn não ia
voltar atrás, com seus velhos modos, para atormentá-lo.
— Nunca. — Glenn chegou mais perto, trazendo o braço para
descansar ao longo do quadril de Cullen. — Não estou tentando ser um idiota
quando digo isso, mas você precisa, seriamente, seguir em frente com o
passado. Não quero parecer insensível, mas preciso que acredite em mim
quando digo que é meu. — Glenn apontou o dedo para Cullen e em direção a si
mesmo. — Você e eu somos companheiros e não há como mudar isso. Mesmo
sem isso, ainda o quero. Sempre vou querer. — Glenn disse suavemente.
— Acredite em mim. — Cullen esfregou os olhos. — Estou fazendo o
meu melhor para aceitar que o novo você é sincero e que me quer. Só estou
com medo de acordar e ver que tudo foi um sonho, e que você está vindo
bater minha cabeça contra a parede quando passar por mim no corredor.
— Não consigo dizer a você o quanto estou envergonhado pelo modo
como o tratei naquela época. — Glenn inclinou a cabeça para baixo de modo a
não encontrar o olhar de Cullen. — Culpava-o por me fazer te querer. Quão
fodido que é isso? — Glenn levantou o olhar para Cullen. — Pensava que se me
convencesse de que o odiava, esses sentimentos iriam embora.
— Será que se foram? — Cullen perguntou, curioso para ouvir a
resposta de Glenn.
— Não. — Glenn sacudiu a cabeça. — Tudo o que consegui foi dar-lhe
medo e ódio contra mim.
— Bem, teve sucesso nessa frente. — Cullen sorriu. Ergueu a mão
para beliscar o mamilo de Glenn. Riu quando a ação fez Glenn assobiar numa
respiração.
— Posso dizer. — A mão de Glenn moveu-se para o traseiro de Cullen.
— Não pensava que fosse possível, até que vi Cooper e Dylan juntos e como
fizeram o seu relacionamento dar certo, então, comecei a ter esperanças de
que talvez um dia você conseguisse me perdoar. — Glenn piscou para ele. — E
pudesse levá-lo para sair num encontro comigo. Louco, não é?
— Não. — Cullen balançou a cabeça. — Mas sabe o que é louco?
— O quê?
— Que somos companheiros. — Cullen achou toda a situação
estranha e confusa. — Se nunca fosse mordido por Jaron, teria sido tão
persistente em me conquistar?
— Sabe, perguntei a Steve sobre isso, enquanto estava vivendo em
Oregon. — Glenn sentou-se para descansar as costas contra a cabeceira da
cama. — Ele me disse que existem companheiros para os humanos, também,
mas porque são tão cínicos, não conseguem aceitar a crença numa alma
gêmea. Se nunca fosse mordido e transformado num shifter, poderia ter vivido
toda a minha vida querendo você de longe, mas com muito medo de agir sobre
os meus desejos de estar com você.
— Isso é assustador de se pensar. — Cullen se sentou. Glenn colocou
o braço em volta dos ombros de Cullen. Ele permitiu que Glenn o puxasse para
o seu lado.
— Conte-me sobre isso. Todos os “que e se” que mantive durante a
noite após o ataque. Se não tivesse sido mordido, iria simplesmente deixá-lo
longe de mim. — Glenn abaixou-se para beijar Cullen no topo da cabeça. —
Almocei com Jaron no outro dia e ficou genuinamente surpreso quando
agradeci. Sem a sua mordida, nunca teria tido a coragem de persegui-lo tão
agressivamente.
— Quer dizer que me perseguia? — Cullen brincou.
— Chame do que quiser. — Glenn correu os dedos sobre o couro
cabeludo de Cullen.
— Pare com isso. — Cullen empurrou de brincadeira o peito de Glenn.
— Mas, falando sério, porém, você foi super persistente me seguindo, andando
pela casa sem camisa e assustando o pobre Corbin. — Glenn riu disso e Cullen
lhe deu uma cotovelada no lado. — Isso não é engraçado.
— Eu sei, sinto muito, caramba. — Glenn passou a mão sobre sua
boca. — Mas minha persistência, não desistir nunca, na verdade, vem por eu
ser um alfa.
— Você é um alfa? — Cullen ainda estava aprendendo a dinâmica das
apresentações. Sabia que apenas o mais forte dos lobos, que poderia liderar
uma matilha e tornar-se um alfa. Alguns lobos, Cullen tinha aprendido,
poderiam ser um alfa, mas sem a necessidade de liderar. Alguns alfas apenas
queriam viver em paz, dentro de uma matilha.
— Sim. Steve disse que podia sentir o cheiro da dominância em mim
assim que pisei fora do avião quando cheguei, pela primeira vez, em Oregon.
Disse que, por causa disso, seria fácil me treinar para controlar meu lobo. Na
verdade, sou muito bom nisso. Em mudar. Quer ver?
— Claro. — Cullen concordou.
Nos últimos dois anos, Cullen viu seus amigos em forma de lobo, mas
nunca realmente testemunhou a mudança de perto. Sempre sentiu como se
isso fosse uma coisa particular entre lobos e não queria se intrometer.
Glenn moveu-se para o pé da cama, sentando-se sobre os joelhos.
Cullen viu como o ar em torno de Glenn tornou-se denso e nebuloso e, então,
aconteceu. O corpo de Glenn empurrou para frente e o som de ossos se
quebrando o fez tapar seus ouvidos. A pele do corpo de Glenn esticou e
deslocou-se para se moldar em torno do novo corpo se formando. Glenn
arqueou seu pescoço, enquanto seu belo rosto se tornou distorcido e seu nariz
cresceu, tomando a forma de um focinho. Pelos pretos e grossos surgiram por
todo o seu corpo e em um piscar de olhos, e estava feito.
O lobo pulou da cama com suas grandes patas e deu um grito alto.
Os pelos de Glenn eram negros como a noite, brilhantes e grossos. Seus olhos
castanhos eram os mesmos de quando estava em forma humana. Cullen só
podia olhar. O que acabara de testemunhar era realmente incrível, grosseiro e
parecia doloroso. Não tinha vontade de se tornar um shifter.
Cullen se arrastou em direção a Glenn. Não conseguia superar, em
tamanho, Glenn na forma de lobo. Ocupou toda a metade inferior de sua cama
queen-size e mergulhou sob seu peso enorme.
— Você é enorme. — Cullen passou a mão sobre a cabeça peluda de
Glenn, que rodou sua língua para fora para lambê-la.
Algo ocorreu a Cullen quando olhou para seu companheiro. Glenn era
maior do que o lobo de Dylan e de Jaron. O lobo de Trevor era tão grande
quanto Glenn, e também quando eram apenas humanos. Glenn e Trevor foram
mordidos por Jaron e se transformaram em shifters lobo. Haviam sobrevivido à
mordida.
Alfas.
— Oh, meu Deus, é isso! — Cullen pulou da cama, andando para lá e
para cá. — Não posso acreditar que não percebemos isso antes.
Glenn pulou da cama para o chão e latiu para Cullen, que se virou
para ele e empurrou de volta com o tamanho de Glenn sobre as quatro patas.
— Precisamos encontrar Jaron. — Cullen correu para sua cômoda,
abriu a gaveta, e tirou algumas roupas íntimas. — Acho que descobri.
— Descobriu o quê? — Glenn perguntou atrás dele.
Cullen virou e bateu o dedo do pé. Não podia acreditar o quão rápido
Glenn poderia mudar.
— Por que você sobreviveu à mordida de Jaron. — Cullen segurou os
lados do rosto de Glenn. Sua barba fazia cócegas na palma de Cullen. — Você
é um alfa.
— Ok, bebê, continua dizendo isso, mas ainda não tenho ideia do que
está falando. — Glenn descansou as mãos sobre os ombros de Cullen.
— Jaron e eu estamos trabalhando em descobrir por que a mordida
dele mata algumas pessoas e salva outras. — Cullen pulou em um pé,
enquanto puxava sua cueca. — Até agora não conseguimos descobrir isso, mas
acho que descobri agora. — Cullen pegou um short e uma camisa e os vestiu.
— Ok, bem, pode explicar isso para mim? — Glenn coçou a cabeça.
— Aqui está o negócio. — Cullen se sentou na cama, colocando uma
perna debaixo dele. — Shifters nascem, não são fabricados. Assim era até
Jaron chegar. Seu pai mexeu com seu DNA, até que alterou sua composição
genética, concedendo-lhe a capacidade de transformar outros humanos em
shifters. Mas nem todos os humanos podem sobreviver à mordida. Na verdade,
o SNH estava testando as pessoas em seus laboratórios e cinco humanos
morreram com isso, mas, não você e Trevor. Por que isso aconteceu? O que
vocês dois, humanos comuns, têm que os tornam especiais?
— E? — Glenn fez sinal com a mão para Cullen para continuar.
— Porque são alfas. — Cullen colocou a mão na testa. — Você e
Trevor em forma de lobo são tão grandes quanto Devon e Asa. E quando era
apenas humano, tinha uma personalidade dominante, assim como Trevor
também tinha. Apostaria minha vida que o fator chave de sobreviver à
mordida de Jaron é a capacidade de se tornar um alfa. Tem que ser forte o
suficiente, física e mentalmente, para sobreviver.
— Hã?
Cullen não poderia ficar irritado com seu companheiro sem noção.
Era uma responsabilidade muito grande para compreender, mas Cullen e Jaron
tinham trabalhado para encontrar a resposta para este enigma por dois anos.
— Glenn, você é um lobo alfa. — Disse Cullen e Glenn assentiu. —
Isso permitiu que o seu corpo lutasse contra as toxinas da mordida. Em vez do
gene lobo destruir seu corpo, misturou-se com sua composição genética e você
está aqui, parte humano, parte lobo.
— Então, está me dizendo que poderia ter realmente morrido? —
Glenn pareceu surpreso com isso.
— Sim. — Cullen concordou. — É um dos sortudos. — Cullen se
levantou e agarrou a mão de Glenn. — Agora, vá se vestir. Precisamos
encontrar Jaron, para que possa dizer a ele o que descobri.
Quando Glenn vestiu-se e deixaram a casa, era pouco antes das onze
da manhã. Cullen não podia acreditar que dormira até tão tarde. Glenn os
levou até a casa de Trevor e Jaron. Cullen não se surpreendeu ao ver o jipe de
Dylan na unidade.
— Devíamos ter ligado antes de vir? — Perguntou Glenn, olhando o
jipe de Dylan.
— Nah. — Cullen acenou despreocupado para Glenn. — Estão sempre
aqui. — Cullen apontou para o carro de Dylan. — Normalmente, estou aqui,
também.
— Oh. — Glenn seguiu Cullen até a porta da frente.
Cullen bateu uma vez e foi para dentro.
— Olá? — Cullen gritou.
— Aqui fora. — Trevor gritou de volta.
— Jaron, descobri! — Cullen pegou Glenn pela mão e se dirigiu para
as portas duplas francesas que levavam ao quintal. Trevor, Jaron, Dylan e
Cooper estavam sentados em torno da grande mesa redonda, na sombra.
— Descobriu o quê? — Perguntou Jaron.
— Que diabos é isso? — Dylan apontou para Cullen e as mãos unidas
com Glenn, interrompendo o que Cullen estava preste a dizer. — E o que é
esse cheiro? — Dylan cheirou o ar e seus olhos se arregalaram. — Que diabos?
— Não agora, Dylan. — Cullen segurou firme a mão de Glenn. Não
havia tomado banho antes de sair de casa e Glenn também não. O aroma de
seu ato de amor tinha que estar muito forte no calor úmido do quintal. Em
qualquer outro momento, estaria constrangido, mas não naquele.
— Uh, o inferno sim, agora. — Dylan focou em Cullen, com seu olhar
estreito de olhos.
— Bebê, relaxe. — Cooper colocou a mão nas costas de Dylan,
piscando um olhar preocupado na direção de Cullen e Glenn.
— Relaxe, minha bunda. Explique isso. — Dylan apontou um dedo em
suas mãos unidas. — Você desenvolveu a síndrome de Estocolmo?
— O quê? — As sobrancelhas de Cullen arquearam-se em sua testa.
— Glenn nunca me sequestrou ou me manteve refém. — Cullen balançou a
cabeça.
— Que seja. — Dylan revirou os olhos. — Sabe o que quero dizer.
— Você provavelmente deve dizer-lhes. — Glenn sussurrou no ouvido
de Cullen.
— Ouvi isso. — Dylan se levantou. — Dizer-nos o quê?
— Dylan, não tenho tempo para isso. — Cullen se moveu ao redor da
mesa para se aproximar de Jaron. — Com esse nariz seu, pode muito bem
deduzir.
— Dormiu com ele por vontade própria? — Dylan olhou para Glenn. —
Sem ofensa. Apenas passamos um bom tempo odiando você.
— Sem problemas. — Glenn puxou uma cadeira para Cullen, em
seguida, uma para ele mesmo.
— Então, o que isso quer dizer? — Dylan olhou entre eles.
Cullen olhou para Glenn, que só deu de ombros. Cullen daria
qualquer coisa para o vínculo de acasalamento ter habilidade telepática. A
questão de com quem estava dormindo era a menor das suas preocupações no
momento. Cullen tinha acabado de fazer um grande avanço em descobrir como
a mordida infecciosa de Jaron trabalhava no corpo humano. Isso era
importante, e falar sobre sexo não era prioridade.
— Cullen e eu... — Glenn tossiu para limpar a garganta. — Somos
companheiros.
— Você tem que estar me cagando! — Dylan entrou em colapso em
sua cadeira como se tivesse levado um tiro.
— Parabéns! — Trevor inclinou sobre a mesa com a mão estendida
para apertar a mão de Glenn, em seguida, Cullen. — Isso é uma notícia
incrível.
— Obrigado. — Cullen podia sentir rubor calor para seu rosto.
— Veja, disse que valeria a pena dar-lhe uma chance. — Jaron
sentou-se em sua cadeira para abraçar Cullen. — Agora, o que tinha para me
dizer?
Um enorme sorriso se espalhou pelo rosto de Cullen, enquanto
explicava a Jaron sua teoria. Cullen estava muito decepcionado com ele
mesmo por não ter pensado naquela possibilidade antes. Fazia todo o sentido.
Um humano não possui qualquer capacidade especial para ser um shifter, e
para se tornar um, significava que o humano tinha de ser muito resistente.
— Realmente, acha que é isso? — Perguntou Jaron, olhando para
Trevor. — Só uma pessoa com a força para ser um alfa pode sobreviver a
minha mordida?
— Faz todo o sentido. — Explicou Cullen. Jaron, tanto quanto sabiam
era um de uma espécie única. Shifters nascidos não tinham a capacidade de
morder e mudar um humano. — É por isso que a minha amostra de sangue e a
de Maurice se deterioravam. Não somos fortes o suficiente para lutar contra a
infecção em nossos corpos produzida pelo gene shifter.
— Como é que não vimos isso antes? — Jaron bateu os dedos no
tampo da mesa.
— Você é o primeiro de sua espécie, Jaron. — Cullen pegou a mão do
amigo. Um rugido profundo baixo veio de Glenn e Cullen revirou os olhos. —
Pare com isso. — Disse para Glenn.
— Desculpe. É uma coisa de lobo. — Explicou Glenn. — Ficamos com
ciúmes com muita facilidade.
— Bom trabalho, Cullen. — Trevor sorriu orgulhosamente para Cullen.
— Vou notificar o conselho de suas descobertas. Isso é muito importante.
— Parabéns, cara. — Cooper disse Glenn. — Disse que tudo iria dar
certo.
— O que iria dar certo? — Perguntou Cullen. Virou-se para seu
companheiro. Será que Cooper sabia o tempo todo sobre serem
companheiros?
— Sabia disso? — Dylan fez um sinal com o queixo para Glenn, em
seguida, Cullen. Cooper assobiou e fingiu não ter percebido que seu
companheiro falava com ele. — Cooper Michael Higgins!
— Sim, sabia. — Cooper gemeu. — Eita.
— Não fique bravo com ele. — Glenn falou, defendendo o amigo. —
Pedi-lhe para não contar a ninguém. — Glenn olhou para Cullen. — Não tinha
certeza de como você iria reagir ao me ver novamente. Não ajudou que nossos
pais estivessem namorando. Não queria forçá-lo.
— Entendo, Glenn. — Cullen pegou a mão de seu companheiro e a
trouxe para beijar os nós dos dedos. — Não fui muito amigável com você
quando voltou à cidade.
— Bebê, não tem que explicar nada para mim. — Glenn puxou a mão
de Cullen, que se levantou e deixou Glenn puxá-lo para o seu colo. —
Costumava ser um bosta e merecia como me tratou.
— Talvez, mas salvou minha vida do mordedor aqui. — Cullen
apontou com o polegar por cima do ombro para Jaron, que chutou o lado da
cadeira de Cullen. — Deveria ter sido mais agradável com você. Todos fazemos
coisas estúpidas quando somos crianças.
— Deus, eu te amo. — Glenn agarrou a parte de trás do pescoço de
Cullen e puxou-o para beijar seus lábios.
Cullen ainda não tinha certeza de como se sentia sobre Glenn dizer
“eu te amo” para ele tão rápido. A existência de Glenn como um shifter
tornava seus sentimentos mais intensos, mas Cullen era apenas um humano.
Gostava de Glenn, gostava muito dele, mas para dizer que o amava ainda
sentia que era muito cedo.
— Como diabos não vi esse evento? Quero dizer, merda. Costumava
dizer a Cooper que você tinha uma grande paixão por Cullen e que era por isso
que era um bosta com ele, mas realmente dizia apenas da boca para fora. —
Dylan riu e sacudiu a cabeça. — Glenn, é melhor tratá-lo direito ou vou chutar
o seu traseiro. Alfa ou não.
— Nunca vou machucá-lo novamente. — Glenn roçou os lábios mais
uma vez em Cullen. — Prometo.
Foi um alívio ter contado para seus amigos sobre ele e Glenn. Cullen
ainda não tinha pensado sobre como iria dizer a Dylan e os outros, mas agora
não tinha que se preocupar com isso. E, no fim, não importava o que todo
mundo pensava. Enquanto Glenn e Cullen estivessem felizes, isso era tudo que
importava.
Pensou que fosse levar algum tempo para se acostumar a ser
companheiro de Glenn, mas os sentimentos de atração e desejo vieram
naturalmente. Pensamentos do passado ainda fazia alvoroço em sua mente,
mas deixava-os de lado. Era um novo dia e não tinha vergonha de admitir que
estava gostando de seu agressor. Nunca sequer considerou esta possibilidade,
mas agora que estava ali, não podia esperar para ver que outras coisas loucas
ainda iriam entrar em sua vida.
Capítulo 10
*****
Cullen acordou antes de Glenn na manhã seguinte. Ficou lá por mais
de uma hora observando o sono de Glenn. Fazia, pelo menos, dois dias desde
que Glenn havia se barbeado e surgia o princípio de uma barba. Passou a
palma da mão sobre os curtos cabelos espetados. O restolho era um pouco
mais escuro do que os cabelos na cabeça de Glenn. Cullen afastou as cobertas
do corpo de Glenn para verificar o resto do corpo do seu companheiro. Os
pelos dos seus braços e pernas não eram extremamente grossos e se
misturavam com a pele cor de oliva. Um punhado estreito de cabelo cobria seu
peitoral, seguia pelo seu estômago até uma escura trilha feliz, descendo até
seus pelos pubianos aparados.
Deslizou as pontas dos dedos sobre a bochecha de Glenn, em
seguida, desceu em direção ao seu peito. Notou que o lençol formava uma
tenda perto da região da virilha. Sorriu e pressionou os dedos um pouco mais,
massageando os músculos firmes que cobriam seu abdômen.
Quando Glenn não acordou, Cullen abaixou-se e passou a língua
sobre seu mamilo. Chupou suavemente, mas ainda não havia nenhum
movimento do seu amante. Estava ficando entediado de ver Glenn dormir.
Queria o homem acordasse para beijá-lo, tocá-lo e fazê-lo gozar até desmaiar.
— O que está fazendo? — Glenn perguntou enquanto bocejava.
— Tentando te acordar. — Cullen rodou sua língua ao redor do
mamilo direito de Glenn e beliscou o esquerdo. — Está funcionando?
Glenn agarrou a mão de Cullen e colocou sobre a espessura do seu
eixo. Cullen gemeu ao sentir o enorme mastro sob o lençol. Desejava provar
Glenn ali embaixo.
— Agora que despertou a ambos. — Glenn movia a mão de Cullen
para cima e para baixo do seu comprimento. — O que vai fazer sobre isso?
Poderia ter cedido e deslizado entre as pernas de Glenn, mas estava
no modo brincalhão. E era culpa de Glenn não acordar mais cedo. Cullen se
sentia um pouco malicioso.
— Não sei. — Cullen saiu dos cobertores, livrando-se do tecido,
enquanto Glenn ainda estava embrulhado. — Acho que precisa me pegar para
descobrir. — Cullen decolou, antes de Glenn conseguir sair da cama.
Cullen passou pelo corredor e pela sala, antes de Glenn o pegar.
Glenn investiu contra ele, envolvendo os braços em volta do corpo de Cullen, e
caindo em cima do sofá. Riu quando Glenn começou a fazer-lhe cócegas
debaixo dos braços.
— Ninguém nunca disse para não correr de um lobo? — Glenn riu e
continuou fazendo cócegas. — Amamos perseguir a nossa presa.
— Oh, sou sua presa? — Cullen se contorcia debaixo de Glenn.
— Sempre. — Glenn sorriu, com seus perfeitos e brilhantes dentes
brancos.
— Acho que hoje você vai ser minha presa. — Cullen empurrou os
óculos no nariz. Realmente deveria pensar em lentes de contado ou cirurgia
ocular a laser.
— E por que seria? — Glenn passou levemente as mãos para cima e
para baixo das costas de Cullen.
— Porque... — Cullen saiu de cima de Glenn e ajoelhou-se no chão.
Empurrando Glenn até que se sentou com as pernas descansando no chão,
uma de cada lado dele. — Quero prová-lo na minha boca.
Estendeu a mão para pegar na base do pau de Glenn. O membro
carnudo começou a endurecer. As veias grossas corriam da base à ponta e
Cullen traçou-as levemente com o dedo. Glenn gemeu e deixou cair a cabeça
para trás para descansar no sofá. Abriu as pernas mais afastadas e Cullen se
aproximou mais.
Glenn tinha um bom par de bolas. Eram firmes e havia uma fina
camada de pelos sobre elas. Cullen se abaixou para esfregar os lábios sobre as
esferas apertadas, em seguida, passou a língua para ter um gosto. Glenn
gemeu novamente e Cullen sugou com muito cuidado uma na sua boca.
— Maldito inferno santo, Cullen! — As mãos de Glenn apertavam em
punhos.
Cullen sugou uma, depois a outra. Passou as mãos para cima e para
baixo das coxas tensas de Glenn. Com a coragem de Cullen construída,
moveu-se para beijar ao longo da espessura do eixo de Glenn. Achatava sua
língua e lambia a ponta. Uma gota clara de pré-sêmen surgiu, apenas
esperando para ser beijada por Cullen, e ele a beijou. O doce sabor de Glenn
explodiu sobre suas papilas gustativas e sentiu-se provocador. Abriu a boca e
tomou tudo dentro.
Sem nunca ter feito aquilo antes, não sabia ao certo o que fazer,
então apenas reencenou o que Glenn fez com ele. Cullen pegou as bolas de
Glenn num aperto leve, rolando-as em torno dos seus dedos. Escavava suas
bochechas e sugava ao longo do comprimento espesso de Glenn. O pau de
Glenn tinha, pelo menos, 22 ou 23 centímetros de comprimento. Cullen não
era qualificado o suficiente para levá-lo muito profundo, mas usou a outra mão
para bombear os poucos centímetros restantes.
— Assim mesmo, Cullen. — Glenn passou os dedos pelo cabelo de
Cullen, delicadamente incitando-o a se mover mais rápido. — Porra, é tão
bom.
Mais pré-sêmen vazava a partir da ponta e a própria excitação de
Cullen começou a subir. Manteve seu ataque oral sobre o pênis de Glenn,
quando estendeu a mão para o seu próprio pênis. Nunca havia imaginado que
servir ao outro homem o deixaria tão excitado.
Os dedos de Glenn apertavam seu cabelo e seu corpo ficou tenso. Era
apenas o aviso antes do creme quente de Glenn encher a sua boca. Havia
tanto dele e não conseguia engolir rápido o suficiente. O gosto era mais
amargo do que o pré-sêmen, mas não se importava.
Cullen lambia em volta da coroa em erupção e estremecia ao mesmo
tempo. Três bombadas duras e encheu sua mão com uma quente carga
pegajosa. Deixou o pau de Glenn deslizar da sua boca e colocou sua testa
contra a coxa dele. Demorou alguns segundos para recuperar o fôlego.
— Deixe-me ver isso. — Glenn puxou a mão de Cullen até a boca.
Fixou o olhar de Cullen quando começou a lamber todas as evidências do seu
orgasmo. — Porra, você tem um gosto bom.
— Assim como você. — Cullen podia sentir seu rosto esquentar.
Levaria algum tempo para se acostumar a ser sexualmente aberto e afetivo
com outra pessoa.
— Vem aqui. — Glenn colocou um dedo sob o queixo de Cullen,
trazendo-o mais perto. Quando estava ao alcance, Glenn pressionou os lábios
em Cullen, forçando a língua na sua boca.
Cullen gemia em volta da língua gorda invadindo sua boca. O gosto
dos seus sabores combinados endurecia o pau de Cullen novamente.
— Que diabos está acontecendo aqui? — O som do grito furioso do
seu pai foi como um balde de água gelada sobre sua libido reacesa.
— Pai! — Cullen gritou quando ficou de pé. Assistiu chocado e irritado
o olhar do seu pai cair sobre o seu corpo nu. — Merda. — Cullen pegou uma
das almofadas do sofá para cobrir seu pênis rapidamente esvaziando.
— Mãe! — Glenn também se levantou, colocando as mãos sobre o seu
pênis exposto. — Você voltou mais cedo.
A boca de Nikki estava um pouco aberta e ela estava congelada, o
seu olhar se movia para trás e para frente, entre Cullen e Glenn. Cullen sentiu-
se aliviado por ela não pirar, ao contrário do seu pai.
— Seu filho da puta! — O pai de Cullen andou em direção a Glenn, os
punhos enrolados ao lado. — O que fez com o meu filho?
— Pai, pare com isso. — Cullen pulou na frente de Glenn, que tentou
tirá-lo do caminho, mas Cullen não se moveu. — Não é o que parece.
— Não é o que parece? — Seu pai estreitou os olhos. Seu peito arfava
para cima e para baixo e Cullen estava preocupado dele ter um ataque
cardíaco.
— Sr. Ford, posso explicar. — Disse Glenn em um tom suave e calmo.
— Gavin, acalme-se. — Nikki encontrou sua voz e correu, puxando o
braço do seu pai.
— Você pode explicar? — Gavin balançou a cabeça. — Saímos por
alguns dias e voltamos para casa para... — Seu pai olhou ao redor da sala de
estar. — O que diabos seja isso. — Estendeu a mão para pegar um Glenn
estranhamente silencioso.
— Pai, pare! — Cullen largou o travesseiro e levantou as mãos para
impedir o pai de chegar mais perto. — Eu o amo.
A sala ficou em silêncio. O som de uma gota poderia ser ouvida sobre
o silêncio atordoado.
— Você me ama? — Perguntou Glenn.
Ele amava? Cullen podia sentir seus sentimentos e a atração
crescendo a cada dia, antes mesmo de terem sexo. O vínculo de acasalamento
fixou suas garras nele, mas sabia, no fundo, que o vínculo de acasalamento
apenas acelerou o que viria a desenvolver dentro de Cullen. Seu ódio por
Glenn ao longo dos anos era, parcialmente, por não ser amado por Glenn. De
volta a escola, não conseguia entender esses sentimentos, mas agora sabia.
Cullen Ford amava seu agressor.
— Amo. — Cullen virou-se para enfrentar Glenn. — Oh, meu Deus,
realmente amo. — Com um sorriso nos lábios. — Eu te amo, Glenn Shephard.
Glenn inclinou-se e capturou os lábios de Cullen, que jogou seus
braços ao redor do pescoço do seu companheiro e segurou firme. Aquele
momento de constrangimento ao ser pego, literalmente, sem calça na frente
do seu pai era, de repente, o maior momento da sua vida.
— Desculpe-me. — O som da voz de Nikki quebrou a pequena névoa
acolhedora em que Cullen estava. Quase esqueceu que seus pais estavam
atrás deles. — Acho que talvez todos devêssemos sentar e conversar um
pouco. — Nikki agarrou o braço do pai de Cullen e puxou-o um passo para
trás. Começaram a caminhar em direção à cozinha. — E os meninos, por favor,
coloquem algumas roupas.
— Você me ama? — Glenn tinha a testa pressionada contra Cullen,
um sorriso no rosto bonito.
— Eu amo. — Cullen riu. — Tão louco quanto possa parecer, eu amo.
— Roçou os lábios mais uma vez nos de Glenn. Isto era o começo de algo
grandioso.
Capítulo 11
Ser pego sem calça, na frente do pai de Cullen, não era o modo como
Glenn gostaria de anunciar que estavam juntos. Se surpreendeu ao ver sua
mãe aceitar tudo tão bem. Mesmo a calma e compreensiva mulher que era,
Nikki Shephard pegou o touro pelos chifres, esse seria Gavin, e assumiu a
situação.
Cullen e Glenn seguiram para seus quartos separados e vestiram
algumas roupas. Depois se encontraram no corredor e juntos caminharam até
a cozinha. Glenn tomou a mão de Cullen e liderou o caminho. Ele meio que se
sentia como um homem marchando para a morte. O pai de Cullen não parecia
feliz em vê-los juntos.
— Aí estão vocês. — Nikki colocou quatro canecas sobre a mesa e
serviu a todos um pouco de café. — Sentem-se, rapazes.
Glenn puxou uma cadeira para Cullen, depois sentou ao seu lado. Se
olhares pudessem matar, teria caído morto diante do brilho mortal que Gavin
lhe dava. Glenn se sentia mal por seus pais terem descoberto daquela forma,
mas isso não mudaria nada. Ele e Cullen ficariam juntos, nada importava.
— Então, rapazes. — Sua mãe sentou, sorrindo encorajadoramente.
— Importam-se de explicar tudo isso para nós?
— Uh, bem… — Cullen virou-se para Glenn com olhos suplicantes.
— Tudo começou quando voltei para a cidade. — Glenn tomou a mão
de Cullen. — Não foi algo planejado, mas estamos juntos.
— Juntos? — Gavin estalou. — Não posso acreditar que peguei vocês
se masturbando na minha própria casa.
— Gavin... — Nikki colocou a mão no antebraço de Gavin.
— Deixei-o morar na minha casa e é assim que trata o meu filho? —
Gavin se inclinou para frente.
Glenn poderia reconhecer que foi desrespeitoso o que estiveram
fazendo, mas ambos eram adultos. E, como adultos, teriam sexo. Como era
sua culpa se seus pais retornaram de viagem mais cedo?
— Bem, é muito melhor do que ser o alvo dele, isso é certo. — Cullen
acenou com a cabeça.
— O quê? — Gavin piscou os olhos e sacudiu a cabeça.
— Glenn costumava intimidar-me na escola. — Glenn apertou a mão
de Cullen, que o olhou deu de ombros. — É a verdade.
— Glenn Allen Shephard. — Nikki estalou. — Isso é verdade?
— Sim, mas isso foi há anos. — Glenn engoliu em seco o nó na
garganta.
— Dois anos, para ser exato. — Cullen sorriu.
— Não está ajudando, querido. — Glenn sussurrou pelo canto da
boca.
— Então, deixe-me ver se entendi. — Gavin colocou os cotovelos
sobre a mesa e se inclinou na direção deles. — Você intimidava o meu filho e
agora está fornicando com ele na minha casa? Que tipo de monstro é você?
— Gavin, isso é o suficiente. — Nikki cruzou os braços sobre o peito e
olhou firmemente para o pai de Cullen. — Não vamos esquecer que aquele
monstro ali... — Nikki apontou para Glenn. — É o meu filho. E, sem querer
ofender ninguém, mas não vi Cullen reclamar.
— Não, eu não estava reclamando. — Cullen olhou para Glenn e
sorriu.
— Oh, meu Deus! — Gavin bateu as mãos em cima da mesa e se
levantou. Começou a andar pela cozinha. — Então, o que é isso? Vocês dois
estão apaixonados e querem ficar juntos?
Glenn e Cullen se entreolharam, em seguida, olharam para Gavin e
assentiram.
— Pai. — A voz de Cullen rangeu um pouco quando falou. — Você
está louco porque sou gay?
— Não, Deus! Não. — Gavin caiu de volta na cadeira. Olhou de Cullen
para Glenn, em seguida, para Nikki. — Eu te amo não importa o que, e quero
que seja feliz. Só estou sendo egoísta, por causa do que tudo isso significa
para Nikki e eu.
— O que significa? — Nikki mexeu-se na cadeira para olhar para
Gavin.
— Se estão juntos, nós não podemos estar. — Gavin acenou para a
Glenn e Cullen. — E não vou pedir para o meu filho ser infeliz, apenas para
que eu possa ser feliz.
— Pai... — Disse Cullen.
— O que diabos está errado com você? — Nikki se aproximou e bateu
Gavin na parte de trás da cabeça. — O que faz eles estarem juntos ter algo a
ver com a gente?
— Vamos, Nikki. — Gavin gemeu. — Como vai parecer? Você e eu
namorando e, oh, a propósito, esses são nossos filhos.
— Hum, e daí? — Nikki deu de ombros. — A última vez que verifiquei,
não éramos relacionados, e somos todos adultos. Quem amamos não é do
interesse de mais ninguém, só nosso.
— Mas todos nós vivemos juntos. — Gavin ergueu a mão para cobrir
os olhos. — Isto é uma bagunça.
— Mãe, sinto muito. — O peito de Glenn doía. Não queria tornar sua
mãe miserável, fazendo-a perder o amor da sua vida só por causa dele. Glenn
não podia se controlar, no entanto. Cullen era seu companheiro e não havia
como voltar atrás sobre isso, só olhar para frente.
— Não é culpa sua, bebê. — Nikki bateu os dedos no queixo, e então
seu rosto se iluminou em um sorriso enorme. — Gavin, pare de fazer beicinho.
Você está sendo excessivamente dramático. — Ela cutucou Gavin no braço. —
Tenho uma sugestão. Vocês meninos querem ficar juntos, não importa o quê,
correto? — Glenn e Cullen concordaram. — E Gavin, você quer estar comigo,
certo?
— Mais do que qualquer coisa. — Gavin estendeu a mão para
descansar no joelho de Nikki.
— Então, tenho uma ideia. A casa que Glenn e eu estávamos
morando já está paga. Meus pais me deram quando se mudaram para a
Flórida. — Ela disse a Gavin. — Vou tirá-la do mercado e dá-la a Glenn. Glenn,
doçura, não é que eu não queira viver com você, mas é melhor. Não podemos
viver todos sob o mesmo teto. Seria um pouco estranho.
— Sim, seria. — Cullen concordou.
— Então, aqui está o que proponho. Glenn, pode mudar-se para lá, ou
vendê-la e encontrar outra coisa. Não tenho certeza se estão prontos para
viverem juntos, mas, se estão, Cullen é mais do que bem-vindo para viver com
você ou ode ficar aqui. — Nikki estendeu a mão para Cullen, que sorriu e a
tomou. — Não estou chutando-o para fora da sua própria casa, querido. Tudo
o que decidirem, apoiaremos. Certo, Gavin?
— Sim. — Gavin olhou para a mãe de Glenn com tanto amor e
respeito.
A casa em que Glenn cresceu não era muito grande, apenas uma
casa de dois quartos, que seus avós moraram desde que foi construída. Depois
que decidiram se mudar para um clima mais quente, deram a casa para sua
única filha e neto. Glenn realmente amava aquela casa e pensar em
compartilhá-la com Cullen era emocionante.
— Você tem certeza, mamãe? — Perguntou Glenn.
— Totalmente. — Nikki dispersou suas preocupações. — É tão minha,
quanto sua. Se quiser, é sua.
— O que acha? — Glenn perguntou a Cullen, que sentava ao lado dele
mordiscando seu lábio inferior. Ele parecia nervoso, isso era a última coisa que
queria. Sim, queria morar com Cullen, mas se o seu companheiro não estava
pronto para esse tipo de compromisso, podia esperar. — Não temos que viver
juntos, se não se sente pronto. — Glenn levou a mão de Cullen à boca e
beijou-a. — Posso esperar durante o tempo que for preciso.
— Filho, você não tem que tomar uma decisão hoje. — Disse Gavin
para Cullen.
— Mas eu quero. — Um sorriso espalhou lentamente sobre os lábios
em forma de arco de Cullen. Ele virou-se para Glenn. — Adoraria morar com
você.
— Graças a Deus! — Glenn puxou Cullen mais perto até ser capaz de
pegá-lo e colocá-lo no seu colo. — Eu te amo. — Disse Glenn, antes de tocar
levemente os lábios sobre Cullen.
— Como é que você está tão confortável com isso? — Gavin
perguntou a Nikki.
— Porque meu filho está feliz. E, pelo menos desta forma, podemos
estar juntos, bem como, os nossos filhos estarão aqui em cada feriado e, se
Deus quiser, quando tiverem filhos, não teremos que competir com quaisquer
outros avós. — Nikki riu. Glenn quebrou o beijo para olhar para a sua mãe. —
Isto soa como a melhor coisa do mundo! Fico com o homem que amo, recebo
meus filhos, e terei meus futuros netos só para mim. Isto é incrível!
— Sua mãe é…
— Um pouco estranha? — Glenn riu. — Não sei nada disso.
— Não me julguem, rapazes. — Nikki apontou para eles. — Um dia,
quando tiverem filhos, vão ver.
— Sim, vamos fazer isso funcionar, não vamos? — Gavin deu-lhes um
sorriso de boca fechada.
— Pai, você está realmente bem com isso? — Perguntou Cullen. Glenn
esfregava a mão para cima e para baixo das costas de Cullen, sabendo o
quanto a aprovação do seu pai era importante para ele.
— Não vou mentir. Vou levar algum tempo para me acostumar. Mas
se está feliz, então, isso é tudo o que importa, Cullen. Só temos uma vida e
não pode gastá-la tentando me fazer feliz. Faça-se feliz. E, se Glenn faz isso
para você, então ótimo. — Gavin estreitou os olhos para Glenn. — Você tem
sorte que gosto tanto de você. É melhor fazer meu filho feliz.
— Prometo, senhor. — Glenn puxou Cullen mais perto do seu peito.
— Então, Cullen. — O sorriso no rosto de Nikki caiu. — Conte-me
sobre esse negócio do meu filho praticar bullying com você. — Nikki recostou-
se na cadeira, cruzando os braços sobre o peito. — Adoraria ouvir tudo sobre
isso. — Sua mãe levantou a cabeça e olhou para Glenn.
— Bem… — Cullen riu.
Glenn não estava ansioso em ter sua mãe descobrindo que tipo de
garoto costumava ser, mas mudou sua atitude há muito tempo. Teve que
aceitar quem era e trabalhava duro todos os dias para provar a Cullen e ao
resto do mundo que era um homem mudado. Agora que tinha Cullen na sua
vida, não havia como voltar atrás, nunca.
Capítulo 12
3
Sex appeal, algo de bom na pessoa, charme, sensualidade.
ver o idiota que costumava ser.
— Acredite ou não, já estou vendo tudo isso no passado. — Cullen
enfiou a mão debaixo da camisa de Glenn. Roçou suas unhas sobre a pele nua
de Glenn. — Não me interprete mal, você era o bicho-papão em meus
pesadelos quando éramos crianças, mas, lentamente, essas memórias estão
sendo substituídas por boas. Mesmo quão brega isso possa parecer, acho que
o amor está me curando.
— Sim, isso soava totalmente brega. — Glenn cobriu a boca de Cullen
com a sua antes que seu companheiro pudesse dizer qualquer coisa em
resposta. — Te amo, lindo. Nunca se esqueça disso.
— Eu também te amo. — Cullen suspirou com o próximo beijo.
— É melhor você voltar ao trabalho. — Glenn bateu Cullen na parte
inferior quando virou seu companheiro para as portas dianteiras. — Vejo você
depois da escola.
Cullen olhou para trás, por cima do ombro, acenou e entrou no
edifício. Glenn ficou lá por mais alguns minutos e a sensação de estar sendo
observado o fez olhar ao redor, mas não viu ninguém. Um movimento numa
janela do segundo andar chamou sua atenção. O brilho do sol tornou difícil ver
quem era, mas tinha a sensação de que era professor Flint. Não sabia qual era
o problema do cara com ele, mas seria melhor acabar com ele. Cullen era dele.
Não era proibido os professores terem encontros com seus alunos?
Glenn deu de ombros e se virou para ir embora. Realmente, esperava
que o dia passasse voando para que pudesse começar a mudar suas coisas.
Aquela noite dormiriam na mesma cama e fariam amor a noite toda, se assim
escolhessem. Mal podia esperar.
Capítulo 13
Capítulo 14
Foi apenas depois das 10:30 que Glenn chegou em casa. Ele e
Cooper ficaram até tarde para falar com alguns outros jogadores da equipe.
Cullen e Dylan foram se encontrar com o médico do conselho, enviado para
Nehalem para verificar o caso de Jaron, por isso não teve pressa em chegar
em casa.
Quando chegou, fez um lanche e entrou no chuveiro. Ficou surpreso
por Cullen ainda não estar em casa. Estava indo pegar seu telefone para ligar
para Cullen quando o aparelho começou a tocar. O identificador de chamadas
dizia que era Trevor.
— Ei, Trev, o que houve homem? — Glenn bocejou.
— Glenn, estou indo para sua casa. Preciso que não entre em pânico
sobre o que estou preste a lhe dizer. — A voz de Trevor era estridente e
profunda.
— Que porra está falando? — Um nó começou a se formar em seu
estômago. — O que está acontecendo?
— Houve um acidente. Encontramos o carro de Cullen a cerca de 16
km da propriedade Carsten. Tinham colidido com uma árvore.
— Meu Deus! Cullen está bem? Dylan? — Glenn já estava colocando
seus sapatos.
— Dylan está bem. — Respondeu Trevor. — Um pouco machucado,
mas vivo e assim também está o médico, Dean Woodberry. Ambos têm alguns
cortes e contusões, mas vão sobreviver.
— E Cullen? — Glenn não perdeu que Trevor não tinha mencionado
Cullen. Algo não estava certo.
— É exatamente esse o problema. — Houve uma longa pausa antes
de Trevor continuar. — Ele se foi.
— Foi? Foi para onde? — Uma onda rolou sobre os músculos de
Glenn. Seu corpo ficou quente e seu lobo uivou para ser liberado.
— Ai é que está. Não sabemos. — Glenn podia ouvir o som de uma
porta de carro batendo. — Eu estou em sua casa. Me deixe entrar.
O telefone caiu da mão de Glenn. Seu corpo caiu para frente e soltou
um grito estridente. Seu lobo queria sair. Precisava encontrar seu
companheiro. Pode ouvir Trevor batendo na porta da frente e gritando para
que o deixasse entrar. Ouviu o som da porta quebrando, logo depois, o som da
batida da madeira pesada contra a parede deixou Glenn saber que Trevor
encontrou uma maneira de entrar na casa.
Glenn rugiu quando seu corpo começou a mudar. Seus ossos
estalaram, reformularam, sua pele ficou apertada e seus músculos se
alongaram. Estava perdendo o controle e o lobo estava ganhando. Trevor
correu em sua direção, mas Glenn rosnou e mostrou os dentes. O pensamento
de perder Cullen era muito doloroso. Suas emoções estavam por toda parte e
seu lobo estava confuso.
— Glenn! — Jaron passou correndo por Trevor e deslizou de joelhos
na frente de Glenn. Colocou as mãos ao redor da cabeça peluda de Glenn. —
Você precisa se acalmar. Nós vamos encontrá-lo. Consegue me escutar? Nós
vamos encontrá-lo. — Os olhos de Jaron brilharam num verde fluorescente.
Glenn parou de lutar contra a mudança. Permitiu que seu corpo
ficasse mole e voltou a sua forma humana. Seus olhos ardiam por causa das
lágrimas não derramadas, mas estava zangado demais para chorar. Quem
levou seu companheiro ia pagar por isso.
*****
O som de um carro buzinando fez Cullen despertar. Sua cabeça ainda
estava doendo e sua lateral estava dura. Tentou levantar a mão para esfregar
a testa, mas algo frio e apertado estava envolvido em torno de seu pulso o
impedindo.
— O que está acontecendo? — Cullen olhou para suas mãos para ver
que estava usando algemas de metal, que prendiam suas mãos juntas.
— Está tudo bem, Cullen. É apenas uma precaução.
Ao som da voz do Professor Flint, Cullen se virou para ver o homem
no banco do motorista. A mesma expressão pétrea estava sobre o seu rosto,
enquanto olhava para a estrada. Cullen lutou para se sentar e olhou para fora
pelo para-brisa dianteiro. Tudo estava embaçado.
— Meus óculos. — Cullen sussurrou, enquanto levantava as duas
mãos para tocar seu rosto.
— Sim, eles quebraram no acidente. — Flint estendeu a mão para dar
um tapinha no ombro dele. Cullen se afastou de seu toque. — Não se preocupe
com isso. Faremos um novo para você.
— Por quê?
A pulsação de Cullen começou a acelerar e achou estranho que não
estivesse tão assustado quanto estava com raiva. O que o Professor Flint
estava fazendo? Tirando Cullen e seus amigos da estrada. Ainda não sabia se
Dylan e Dean estavam vivos ou mortos. E, por cima disso, o homem mais
velho o tinha sequestrado.
— Porque vai precisar de óculos novos, filho.
— Não sou seu filho. — Cullen respondeu. — E por que está me
levando?
— Relaxe, Cullen. — Flint olhou para ele. — Ser indelicado não vai
mudar sua situação.
— Oh, e deveria ficar feliz com isso? — Perguntou Cullen. Com suas
mãos enroladas em punhos. — Você quase me matou e agora estou só Deus
sabe onde. — Cullen respirou fundo, tentando o seu melhor para acalmar seus
nervos. — Só quero ir para casa.
— Sinto muito, mas isso não será possível. — Flint se moveu da pista
onde estavam e entrou na próxima curva. — Temos um avião para pegar.
— Avião? — A testa de Cullen enrugou em confusão. — O que está
falando?
— Tantas perguntas. — Flint suspirou. — Estamos indo para Buffalo.
Uma vez lá, vamos embarcar para o Arizona e vou poder, finalmente, voltar
para casa.
— Arizona? — Podia ter um galo na cabeça, mas não estava
entendendo nada disso. — O que há no Arizona e quem você é? Por que está
me sequestrando? — Cullen puxou suas algemas, o metal frio machucou sua
pele.
— Você sabe quem eu sou. — Flint se virou para olhar para Cullen,
em seguida, se voltou para a estrada. — Meu nome é Malcolm Flint. Ensinava
química na Universidade de Stanford até que fui recrutado pelo SNH.
— Oh, meu Deus! — Cullen sussurrou.
O SNH foi a organização que fez experimentos em Jaron e vinha
fazendo inúmeras experiências com milhares de shifters e humanos. O SNH
era o último lugar do mundo para onde Cullen queria ir.
— Oh, entendeu agora, Cullen. — Flint zombou. — Tenho certeza que
já ouviu as histórias de horror que seus preciosos amigos da Matilha de
Nehalem lhe disseram, mas essas mentiras não poderiam estar mais longe da
verdade.
— Sério? — Cullen torceu o pulso, tentando deslizar suas mãos. —
Então, o seu povo não apoiava um médico que realizou inúmeras experiências
com seu jovem filho e depois o torturaram, quando tiveram finalmente suas
mãos sobre ele? E todos os outros? — Cullen empurrou com tanta força seu
punho contra o metal que rasgou sua pele e começou a sangrar. — E quanto a
todos os outros shifters e humanos torturados?
— Esses shifters são coisas das quais nosso mundo poderia se
beneficiar. Basta pensar nisso, Cullen. A maneira como se curam, poderíamos
curar o câncer e a AIDS. Sofrer um ferimento a bala não seria nada, se fomos
capazes de curar tão rapidamente quanto um shifter faz. — Flint sorriu para
Cullen. — E sua descoberta. O que foi capaz de descobrir é incrível. O
conhecimento de que mordida de Jaron só pode transformar um humano com
qualidades de alfa, isso é incrível. Nossos cientistas têm trabalhado para
descobrir isso por anos, e você, um estudante universitário, de vinte e um
anos, o fez em dois. Sua mente brilhante não deve ser desperdiçada
trabalhando junto com o conselho dos caçadores. Poderia fazer coisas muito
melhores no SNH.
— Não. — Murmurou Cullen, mas Flint não estava escutando.
— Estamos trabalhando na elaboração de um plano para ter Jaron
volta. O conhecimento que pode ganhar dele é interminável. Não seria tão
difícil, se o seu amante não estivesse sempre por perto. — Flint pareceu
irritado. — Temos grandes esperanças de que, com a sua ajuda, podemos
encontrar uma maneira de criar outro como Jaron, que vai ter a capacidade de
transformar qualquer pessoa em um shifter. Imagine o que o governo poderia
fazer com isso. Terão soldados quase impossíveis de se matar. Seríamos
invencíveis.
Cullen era um homem razoável. Viu os benefícios de decodificar o que
fazia Jaron único e também pode ver o avanço médico que seria introduzir
genes shifters para o público americano. Mas a que custo para os shifters
inocentes? Não seria direito tratar shifters como ratos de laboratório. Eram
pessoas também. Não mereciam viver em uma gaiola e serem remetidos a
uma vida de dor.
— Soube desde o momento que o conheci, que seria extraordinário,
Cullen. — Flint sorriu com orgulho. — Você tem uma mente que não aceita um
não como resposta e não teria escrúpulos em trabalhar com um shifter. Na
verdade, esteve sendo um bom amigo para Jaron, o que pode tornar mais fácil
quando o levarmos de volta para a SNH. E suas descobertas. Suas anotações
são tão detalhadas. O SNH precisa de mais cientistas como você, Cullen.
— Você leu minhas anotações? — Cullen balançou a cabeça. — Mas
como? Meu computador é protegido por senha.
— Nada é impossível, filho. — Flint estendeu a mão para apertar a
parte de trás do pescoço de Cullen. — Trabalhar para o SNH só irá beneficiar
uma mente como a sua.
— Por que acha que iria ajudá-lo? — Não poderia manter Cullen sob
vigilância o tempo todo. Só gostaria de encontrar uma maneira de se libertar.
— Porque se não fizer isso, vamos matar seu amante lobo. — Os
olhos de Cullen se arregalaram. — Oh, agora tenho sua atenção. Pela forma
como vejo, Glenn fará qualquer coisa para estar com você e vamos lhe
permitir, mas apenas sob a condição de que você trabalhe para nós. Vai fazer
o que dissermos e todos viverão felizes para sempre.
— Exceto Jaron e os outros shifters, cujas vidas você quer destruir.
— Tecnicalidades. — Flint deu de ombros. — Você não pode fazer uma
omelete sem quebrar alguns ovos.
Nunca, nem em um milhão de anos, Cullen iria trabalhar para o SNH.
Viu o que foi feito com Jaron e leu sobre outros casos nos arquivos que Trevor
lhe havia mostrado. Os médicos do SNH não eram nada mais do que monstros
usando pele humana. Mataram e mutilaram várias pessoas. E precisavam ser
detidos.
Ainda estava escuro lá fora e podia ver as luzes brilhantes dos carros
que passavam. Sem os óculos, não havia muito que podia ver com grandes
detalhes, mas isso não importava. Tinha que ir embora, antes que Flint o
colocasse no avião. Não havia nenhuma maneira que pudesse viver uma vida
sendo mantido como prisioneiro e trabalhando para o SNH. Todas as vidas que
teria que destruir, e ainda sujeitar seu companheiro e um de seus melhores
amigos a uma vida de miséria.
Não. Cullen não ia ser mais um fracote influenciável. Estava cansado
de ter medo. Era hora de se levantar e tomar o controle de sua vida. Pararia
Flint, mesmo que isso significasse ferir a si mesmo.
Cullen se endireitou em seu assento. Olhou para Flint e o viu batendo
levemente com os dedos no volante. Era agora ou nunca. Se moveu no acento
do carro, pulou na direção de Flint, envolvendo sua mão em torno do volante.
A alça de seu cinto de segurança estava apertada contra o peito, mas Cullen
não ia soltar o volante. O carro desviou e em seu choque, Flint pisou no pedal
do acelerador.
— Cullen, o que está fazendo? — Flint agarrou seu ombro e deu um
soco na cabeça de Cullen, mas ele continuou segurando o volante.
Puxou o volante com força para o lado e o carro e bateu em algo. O
som de metal sendo amassado e pneus cantando ecoou em seus ouvidos.
Cullen arremessou o cotovelo para trás, acertando Flint no nariz.
O SUV bateu em outra coisa e os fez capotar. Cullen perdeu o agarre
no volante e caiu para trás no banco do passageiro. O carro virou e pulou, e,
então, tudo parou. As janelas frontais e laterais tinham se quebrado e estava
mergulhado em um monte de vidro.
Seu corpo estava ferido em todos os lugares. Tentou se sentar, mas
quando colocou pressão sobre o braço esquerdo, gritou de dor. Estava num
ângulo estranho.
Entrou em colapso quando olhou ao redor para os escombros do
carro. Pode ouvir pessoas conversando do lado de fora do carro, mas não
conseguia entender qualquer coisa que disseram.
Fechou os olhos e sorriu. Estava feito. Foi capaz de parar Flint.
Certamente, o homem não estava morto, mas a polícia iria vir e o levar preso.
Esperava que sim. A dor em seu braço e cabeça se tornou muito forte e Cullen
se deixou desmaiar. Se não conseguisse sair vivo, teria pelo menos a certeza
de que seus amigos estariam bem e que conseguiu salvar Glenn de ter que
viver uma vida de dor e sofrimento.
Glenn estaria livre e isso era o suficiente para Cullen.
Capítulo 15
— Onde ele está? — Glenn andava para frente e para trás na sala de
estar de sua casa. Após sua mudança improvisada, Glenn vestiu-se e ouviu
Trevor e Jaron explicarem o que tinha acontecido.
Tudo o que Dylan e Dean foram capazes de lembrar era que um SUV
preto estava os seguindo e os tirou da estrada. Ficaram inconscientes no
acidente e quando voltaram a si, Cullen sumira.
— Não sabemos onde está, mas vamos encontrá-lo. — Jaron levantou-
puxou. Sentia-se tão impotente. — Não sabemos quem o levou ou por quê. Isto
é tão fodido.
— É, Glenn, mas não pode desistir. — Trevor colocou o braço em volta
dos ombros de Glenn. — Pode parecer impossível agora, mas vamos trabalhar
até encontrarmos Cullen.
O telefone de Glenn tocou e ele agarrou de seu bolso, quase
rasgando o tecido. Olhou para a tela e viu que era sua mãe.
— Mãe? — Disse Glenn ao telefone.
— Oh, graças a Deus, você está acordado. — Disse Nikki num tom
Trevor e Jaron ouvir. Trevor pegou seu celular e fez uma chamada.
Assim que sua mãe e Gavin chegaram, Glenn correu para fora da
casa e entrou no carro. O rosto de Gavin era uma máscara rígida de
preocupação. Glenn podia simpatizar. Sentia-se tão impotente e estava
morrendo de vontade de saber como seu companheiro acabou em Buffalo,
Nova York. Eram, pelo menos, três horas de carro de Silver Creek.
— Querido, você sabe por que Cullen estava dirigindo para o Buffalo
respostas. — Sua mãe chegou entre os assentos para pegar a mão de Glenn.
O trajeto parecia durar para sempre. A mente de Glenn estava
agitada com tantas perguntas. Tinha que ver Cullen. Tinha que ver por si
mesmo que seu companheiro estava vivo e ficaria bem. O lobo dentro dele
queria expulsar seu exterior humano e correr, correr o mais rápido que podia
para seu companheiro.
Gavin soltava murmúrios para si mesmo. Glenn desejava que
pudesse oferecer ao homem algo para aliviar sua mente, mas não havia nada
que pudesse dizer e que o homem mais velho acreditaria.
Uma vez que chegaram ao hospital, Gavin estacionou o carro e todos
saíram correndo para a entrada principal e encontraram o posto de
enfermagem.
— Meu filho foi trazido para cá esta noite, Cullen Ford. — Gavin tinha
direção a eles e estendeu a mão para apertar a mão do pai de Cullen. — Sou o
Dr. Alcott.
— Sim, sou Gavin Ford. O pai de Cullen. — Gavin apertou a mão do
Cullen algemado. Estamos assumindo que Cullen estava com o Sr. Flint contra
a sua vontade.
— Oh, meu Deus! — Gavin sussurrou e olhou para Cullen. — Por que
mas agora isso é tudo que temos. Uma vez Cullen acordar, ele pode lançar
mais luz sobre o que, exatamente, aconteceu naquele carro.
— Eu vou matá-lo. — Um rugido profundo baixo retumbou no peito de
calma. — Alcott olhou por cima do ombro em direção à porta. — E, para aliviar
um pouco a raiva que está sentindo, o Sr. Flint não sobreviveu ao acidente. Ele
está morto.
O aperto no peito de Glenn aliviou um pouco. Teria gostado de rasgar
Flint com suas próprias mãos, mas morto era morto. Acenou com a cabeça,
incapaz de desviar o olhar de Cullen.
— Então, meu filho vai se recuperar e ficar bem? — Perguntou Gavin.
Seus olhos estavam vermelhos e Glenn viu o homem enxugar mais de uma
lágrima, desde que saiu da casa para o hospital.
— Sim, ele o fará. — Alcott sorriu. — Demos-lhe alguma coisa para
Capítulo 16
O Dr. Alcott manteve Cullen no hospital por mais uma noite, para
observação. No sábado de manhã, finalmente o liberou. Cullen estava feliz.
Estava pronto para ir para casa.
O pai de Cullen era todo sorrisos na volta para Silver Creek. Ele
Comentou sobre o desejo de que Flint ainda estivesse vivo, para que pudesse
bater nele. O presidente da Universidade Hemsworth ligou para o pai de Cullen
e ofereceu um sincero pedido de desculpas. Desde que Cullen já tinha uma
bolsa de estudos, não havia nada, financeiramente, que a escola pudesse
oferecer, mas o pai de Cullen exigiu que Glenn tivesse toda a sua educação
livre de despesas, incluindo todos os seus livros, ou ele os processaria.
Hemsworth rapidamente concordou.
Foi bom para ver seu pai olhando por Glenn. Cullen teve que assumir,
depois de ver como Glenn cuidava bem dele, seu pai aceitou totalmente a ideia
de estarem juntos.
Uma vez de volta a Silver Creek, seu pai e Nikki levaram-nos à casa
de Cullen e Glenn. Seu pai tentou lhe convencer a voltar para casa, mas ele se
recusou. Cullen só viveu em sua nova casa por menos de uma semana, mas a
amava. Era sua e de Glenn.
Seus pais ficaram para jantar, depois saíram.
Glenn levou travesseiros de seu quarto para a sala de estar e os
colocou em torno da perna e braço de Cullen, que ainda estava um pouco
rígido e todo dolorido, mas estava vivo e com Glenn. Isso era tudo o que
importava.
Foi pouco antes das nove, quando alguém bateu na porta. Glenn
levantou-se para respondê-la e era Devon, Asa e Phillip, o dois alfas da matilha
e um dos cabeças do conselho do caçador.
— Como está indo, Cullen? — Devon perguntou quando se sentou na
cadeira mais próxima ao sofá.
—Já estive melhor, mas, pelo menos, estou vivo. — Cullen sorriu.
— Você está, homenzinho. — Asa se inclinou sobre o lado do sofá,
para beijá-lo no topo da cabeça.
Cullen conheceu Asa muito bem nos últimos dois anos. Dylan era
irmão de Asa e melhor amigo de Cullen. Passou muito tempo perto de Asa,
tanto que Asa dizia a todos que Cullen era seu irmão adotivo. Era bom ter
família.
— Dylan está melhor? —Perguntou Cullen. Falou com Dylan no
telefone, mas Cooper recusava-se a deixá-lo sair de casa, até que todas as
suas contusões sumissem. Que, com shifters, deveria ser no dia mal não podia
esperar.
— Sim. — Asa revirou os olhos. — Cooper está apenas sendo um
pouco superprotetor.
— Eu posso entender isso. — Glenn passou os dedos pelo cabelo de
Cullen.
— E Dean? — Cullen perguntou a Phillip.
— Ele está indo muito melhor. — Phillip cruzou as pernas. — Teve
uma concussão, alguns cortes e contusões, mas vai sobreviver. Infelizmente,
não o impediu de abrir a boca. — Phillip sorriu.
— Então, o que há, rapazes? — Perguntou Glenn, erguendo as pernas
de Cullen, ficando sob elas e as pousando em seu colo. — Encontraram algo
novo?
— Temos algumas pistas. — Phillip assentiu. — Temos uma equipe
indo para o Arizona esta noite. Devemos ter alguma informação amanhã à
tarde, o mais tardar.
— Espero que encontrem esse lugar. — Cullen olhou para suas mãos.
Os dedos da mão direita gentilmente esfregando sobre seu único dedo livre e
inchado na esquerda. — O SNH precisa ser parado.
— Concordo. — Devon sentou-se para frente, os cotovelos apoiados
nos joelhos. — Cullen, a nossa principal razão para vir esta noite era ver como
estava e agradecer. Você arriscou sua vida para proteger o bem-estar dos
shifters. Em nome da Matilha Nehalem, obrigado. Nunca poderemos agradecer
o suficiente.
— Você não precisa me agradecer, Devon. Qualquer um de vocês
teria feito o mesmo por mim, um anão humano. — Cullen riu.
— Faríamos, mas não porque é um humano, mas porque faz parte da
nossa matilha.
Os olhos de Cullen se arregalaram e sua boca estava aberta. Ficou
chocado ao ouvir Devon.
— Sim, você é uma parte da matilha Nehalem. Faz uma parte da
nossa família o tempo todo. Simplesmente não percebeu isso. — Devon
estendeu a mão para pegar a boa de Cullen. — Sempre cuidaremos de você. É
um bom homem, Cullen Ford, e temos a sorte de tê-lo.
— Oh, meu Deus... — Cullen usou seu braço engessado para
empurrar o óculos no nariz. — Não sei o que dizer. Obrigado.
— Não, não é necessário agradecer, pequeno. — Asa bagunçou o
cabelo dele. — Somos uma família. Sempre fomos, sempre seremos. — Asa
puxou a orelha de Glenn e seu companheiro gritou. — Até mesmo este idiota.
— Asa sacudiu os dedos contra a orelha de Glenn. — Você tem sorte que
puxou sua cabeça de sua bunda. Cullen é um cara doce e só merece o melhor.
— Não brinca. — Glenn passou a mão sobre sua orelha. — Cullen é
minha vida. Eu o amo mais do que qualquer coisa e ele vai ter sorte se deixá-
lo ter um momento sozinho. Depois do que aconteceu, não vou correr nenhum
risco.
— Droga. — Asa riu. — Você e Cooper soam iguais. Cullen, parece
que você e Dylan terão seus próprios guarda-costas pessoais os seguindo para
o resto de suas vidas. — Asa começou a rir.
Eles permaneceram por mais alguns minutos, depois saíram. Glenn
os levou até a porta e voltou para onde Cullen estava sentado. Ajudou Cullen a
se acomodar mais a frente, para que pudesse deslizar atrás dele. Passou os
braços grossos em volta do peito de Cullen e segurou-o perto. Cullen relaxou
no calor reconfortante de seu companheiro. Houve um breve momento,
enquanto estava no carro com Flint, que achou que nunca seria capaz de fazer
isso de novo, sentir o toque amoroso de seu companheiro.
— Estou tão feliz que está bem e em casa. — Glenn inclinou-se para
beijar Cullen logo atrás de sua orelha. — Eu te amo demais.
— Eu também te amo. — Cullen virou a cabeça para o lado, para
pressionar seus lábios contra Glenn.
— Sabe que não estava brincando sobre aderir ao seu lado como cola,
certo? — Glenn brincou. — Não posso ter você se afastando e sendo raptado
de novo.
— Oh, meu Deus! — Cullen gemeu e revirou os olhos. — Como se eu
quisesse que isto acontecesse. — Ele começou a rir.
— Não importa. — Glenn sacudiu a cabeça. — Você está preso
comigo.
— Ah, é mesmo? — Perguntou Cullen.
— Sim, realmente. — Glenn deu um beijo molhado na bochecha de
Cullen.
— Então, é uma coisa boa que te ame tanto, seu grande tirano. —
Cullen virou a cabeça, apenas o suficiente para se apoiar e beijá-lo.
— Ei, este grande tirano te ama como louco e nunca vai deixa-lo ir
embora. — Glenn segurou a mão na bochecha de Cullen e gentilmente
pressionou sua língua na boca de Cullen, cortando qualquer outra coisa que
poderia ter a dizer.
Foi estranho quando Cullen olhou de volta para sua infância. Tinha
passado muito tempo com medo e odiando Glenn, em seguida, tudo mudou
num piscar de olhos. A vida era louca e era engraçado como as coisas
aconteciam. Glenn não foi o único que mudou nos dois anos que tinham se
separado. Cullen estava mais confiante e com menos medo. Agora, com Glenn
em sua vida, sabia que seria mais forte e mais feliz. A vida era boa e estar
apaixonado a tornava muito melhor.
FIM