Lunababy - 01 - O Castigo Do Alfa (Rev)

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Sinopse

Depois de passar a vida preocupada em nunca encontrar seu


companheiro, Alexia finalmente tem a chance de conhecê-lo — e agora
está ainda mais preocupada!
Alfa Rainier Stone da Matilha de Southridge é um assassino com uma
reputação cruel. Ele consegue tudo o quer — e agora é a vez dela. O pior
é que ela também o quer!
Será que Alexia poderá acalmar a fúria no coração de Rainier? Será que
ela é capaz de salvá-lo de si mesmo?
Classificação etária: 18+

E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD


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Sumário dos Livros
Livro 1
Livro 2 – Não Lançado
Livro 3 – Não Lançado
Livro 1
Capítulo 1
Alexia

Eu desço as escadas para tomar um café. Estou sem sono há semanas,


e sei o porquê. Ele. Tenho tentado encontrar ele desde minha primeira
transformação há dez anos.
Minha mãe sempre me disse que meu companheiro seria meu tudo.
Se pelo menos eu pudesse encontrá-lo. Estou agora com vinte e seis anos
e ainda não tive nenhum sinal dele. Talvez até esteja morto. Eu moro em
Wisconsin e atualmente fico na casa da matilha. É um lugar realmente
lindo. Florestas cobertas de neve e lagos com suas superfícies congeladas
e brilhantes constituem a maior parte do território da minha matilha.
Temos um pequeno bando, vinte e quatro lobos para ser exata. A casa na
verdade é um chalé de dois andares com uma bela cozinha e quartos
suficientes para todos os lobos que ainda não acharam os respectivos
companheiros, o que não são muitos.
Eu finalmente desço as escadas e entro na cozinha — um grande
espaço com todos os eletrodomésticos de aço inoxidável e um lindo piso
de madeira.
Eu começo a fazer o café e olho pela janela enorme em frente à pia.
Nada além de uma região rural congelada por quilômetros.
Eu realmente amo esse lugar. É tão calmo e tranquilo que mal
percebo alguém entrando na cozinha atrás de mim.
— Bom dia, Lex, — meu irmão, Adam, diz.
— Bom dia, — eu respondo. — Quer um pouco de café?
— E precisa perguntar? — Ele sorri. Adam sempre foi meu melhor
amigo e mentor. Nosso pai faleceu quando éramos muito jovens, e nossa
mãe nos criou o melhor que pôde até que ela faleceu alguns anos atrás.
Nosso pai era um beta, então era esperado que Adam assumisse esse
papel quando tivesse idade suficiente.
Alfa Greg, nosso Alfa, o colocou sob sua proteção e lhe ensinou tudo o
que ele precisava saber — como lutar quando necessário e como evitar
conflitos quando possível. Alfa o ensinou como ser um verdadeiro líder.
— Onde você estava ontem à noite? — ele me pergunta.
— Eu fui correr. Eu precisava arejar minha cabeça e minha loba
interior não estava me deixando em paz. Ele sabe o que sinto quando o
assunto é encontrar meu companheiro. Isso quase me consumiu no ano
passado, mas ele apenas diz para ter paciência, que minha hora vai
chegar.
Eu quero acreditar nele, mas é muito difícil quando você está
procurando há tanto tempo quanto eu. A maioria dos lobos encontra
seus companheiros logo após sua primeira transformação.
— Ah, antes que eu esqueça, o Alfa da Matilha de Southridge e alguns
de seus guerreiros estarão aqui amanhã para discutir algumas questões
territoriais.
— Ok, e por que você está me dizendo isso? — eu pergunto a ele,
ficando ligeiramente tensa.
Todo mundo sabe quem é a Matilha de Southridge.
Ouvi dizer que seu Alfa é implacável, um monstro. Ele consegue tudo
o quer e mata quem tenta impedi-lo.
— Não recebemos uma visita da Matilha de Southridge há anos,
desde que seu novo Alfa assumiu, então eu realmente não sei o que
esperar. Você sabe o que todo mundo diz sobre ele. Nosso Alfa quer que
todos mantenham seus olhos e ouvidos abertos. Não queremos uma
briga.
Eu faço sim com a cabeça e ele continua.
— Além disso, vou precisar que você peça a Linda e Julie para ajudá-la
a cozinhar comida suficiente para alimentar a todos quando chegarem.
Eu me sirvo de uma xícara de café e olho para ele.
— Vou pedir, mas você conhece aquelas duas, — digo, enquanto sirvo
uma xícara pra ele também. — Você tem que literalmente implorar para
elas fazerem qualquer coisa. Gennie não pode ajudar? — Gennie é a
companheira do meu irmão e minha única amiga. Não há muitos lobos
aqui, então sou tão solitária quanto se possa imaginar.
— Ela ajudaria, mas ela já está responsável por limpar e organizar o
refeitório.
Ele pega sua xícara de café e se vira. Antes de sair pela porta, ele olha
por cima do ombro para mim.
— Mantenha a cabeça erguida. Você vai encontrá-lo em breve e, sem
dúvida, ele vai te adorar, — ele diz e vai embora.
Eu reviro meus olhos enquanto pego um bagel e termino meu café.
Olhando para o relógio, noto que é hora de começar a me preparar para o
trabalho.
Eu volto para o meu quarto e tiro a roupa.
Parando na frente do grande espelho do banheiro, eu observo meu
longo cabelo preto que cai até a minha cintura e meus grandes olhos
verdes esmeralda que olham fixamente para mim.
Meu olhar viaja para as curvas infinitas que moldam meu corpo, e
deixo escapar um longo suspiro.
Abrindo a água quente, eu entro no chuveiro. Não posso deixar de
pensar em meu companheiro enquanto me lavo.
Minha loba interior choraminga ao pensar nele, em não tê-lo. Ela tem
se desligado de mim mais recentemente, só querendo sair quando pensa
que pode rastreá-lo.
Saindo do chuveiro, eu me enxugo rapidamente e pego um par de
jeans rasgados e uma blusa preta decotada. Eu me visto e seco meu
cabelo antes de passar um toque de rímel.
Depois de amarrar minhas botas, eu saio de casa, entro no meu
Pontiac Firebird 78 e ligo o motor. — Rainier Fog — do Alice in Chains
explode pelos alto-falantes, e, por um momento, eu esqueço todo o resto.
O percurso até o trabalho leva apenas cinco minutos. Trabalhar em
um bar não é o que eu imaginava enquanto crescia, mas me permite sair
e conhecer pessoas novas. Assim que chego, vou direto para trás do
balcão e começo a limpar antes que os clientes comecem a chegar. Ouço
alguém entrar pela porta da frente e olho para cima.
Gennie, companheira do meu irmão e colega de trabalho, aparece e
me lança um olhar questionador.
— Por que você não atendeu o telefone ontem à noite?
— Minha cabeça estava cheia. Só saí para correr e não voltei até muito
tarde, — digo.
Ela me dá um pequeno sorriso cheio de pena.
— Não me olhe assim.
— Eu só quero que você seja feliz. — Gennie sorri tristemente.
Ela dá a volta por trás do balcão e começa a secar os copos que estou
lavando, agradecida lhe dou meu melhor sorriso.
— Eu vou ficar bem. Só preciso me manter ocupada para evitar que
minha mente divague tanto.
Ela finalmente para de fazer perguntas e terminamos a limpeza logo
quando os clientes começam a chegar. Algumas horas depois, a noite está
em plena agitação.
Os clientes do bar, humanos e lobos, estão chegando, e posso dizer
que vai ser uma longa noite.
Capítulo 2
Rainier

Eu rolo na cama e bato no meu despertador para parar. Quatro da


manhã em ponto. Todo dia é a mesma coisa. Acordar, tomar banho,
tomar o café da manhã, treinar com meus guerreiros. Mas hoje é
diferente.
Hoje, estou viajando para o norte para me encontrar com a Matilha
de Northridge para discutir a expansão de meu território.
O azulejo está frio ao toque dos meus pés quando entro no banheiro,
mas logo que ligo o chuveiro o vapor toma conta. Eu assobio quando a
água escaldante passa pelas minhas costas, mas é o suficiente para
bloquear a sensação merda de parecer morto por dentro.
Minha mãe sempre me disse que a solidão era uma invenção da
imaginação, mas o que mais poderia ser que me corrói todos os dias?
Tenho várias fêmeas que me acompanham quando tenho
necessidades, mas meu lobo interior nem me deixa olhar mais para elas.
Ele só quer ela. mas as chances de encontrar a companheira
abençoada pela lua diminuem a cada dia à medida que eu envelheço.
Desligando o chuveiro, saio e pego algumas roupas. Meu estômago ronca
quando visto uma camiseta preta sobre a minha cabeça, então vou lá fora
para encontrar o café da manhã.
A suntuosa floresta verde está chamando meu nome. Eu tiro minhas
roupas e assim que entro na folhagem espessa, me sinto um só com o
meu lobo. Eu o chamo e rapidamente meu corpo começa a mudar, se
transformando em algo muito maior, muito mais forte.
Minhas mãos se transformam em patas com garras longas e afiadas, e
pelos negros brotam dos poros da minha pele.
Eu disparo, correndo até chegar no meio da floresta com nada além
de grandes carvalhos e musgo verde macio ao meu redor.
Eu abaixo minha cabeça no chão e cheiro, sentindo o odor de um
cervo nas proximidades.
Eu mantenho meu focinho abaixado e o rastreio, finalmente
encontrando-o nos arbustos comendo frutas silvestres.
É um cervo enorme, mas sei que será fácil derrubá-lo. Eu vou para o
ataque, o cervo sai correndo, porém eu sou muito rápido.
Eu pulo nas costas do cervo e meus dentes afundam direto em sua
garganta. O delicioso sabor metálico do sangue enche minha boca e,
depois de alguns segundos, o cervo finalmente desfalece.
Aproveito meu farto desjejum até não sobrar mais nada para comer.
Lambendo o sangue do meu focinho, eu volto para a casa da minha
matilha e me transformo assim que chego no local onde deixei minhas
roupas.
Então, faço contato mental com meu beta e digo a ele para me
encontrar em meu escritório.
Logo, estou atrás da minha mesa de mogno cheia de papéis, e meu
beta, Lucas, bate na porta.
— Alfa, você queria me ver?
— Sim, — digo a ele. — Eu preciso que você diga a Jay para estar
pronto para sair por volta das duas da tarde. Certifique-se de que Toby e
Damon estejam prontos para ir também.
— Sim, Alfa, — diz ele. — Vou me certificar de que eles estejam
prontos.
— Ei, — eu continuo. — Avise a matilha que estaremos fora por
apenas dois dias. Eu quero voltar o mais rápido possível. — Odeio deixar
minha matilha, mas sei que eles estarão em boas mãos.
Lucas balança a cabeça positivamente e sai do meu escritório,
deixando-me vagando na escuridão dos meus próprios pensamentos.
Poucas horas depois, estamos na estrada.
— Alfa, — diz Jay, — quais são exatamente seus planos quando
chegarmos lá?
— Diremos a eles que queremos parte de suas terras. Eu ouvi dizer
que eles tiveram um problema com alguns delinquentes que quase
invadiram o território de sua matilha, então iremos oferecer a eles
proteção em troca, — eu respondo casualmente.
— E se eles rejeitarem sua proposta?
— Então nós tomamos suas terras à força, — eu digo. Jay, Toby e
Damon se olham, mas não ousam dizer nada.
Eu faria qualquer coisa pela minha matilha para ter certeza de que
eles estão seguros. Precisamos de mais terras, e o bando de Northridge já
tem bastante.
O número de lobos lá é apenas uma fração do nosso, mas seu
território se estende por vários estados.
Certamente, a troca de proteção pelas terras, que nem mesmo
precisam, seria um grande benefício para eles.
Nós seguimos em silêncio pelas próximas horas, e a antes densa e
verde vegetação gradualmente fica coberta de neve.
Meu lobo interior fica inquieto quanto mais nos aproximamos de
nosso destino, mas presumo que a distância crescente entre nós e nossa
matilha seja a razão.
Finalmente, a placa de saída aparece na estrada e Toby fala. — Eu
realmente gostaria de uma bebida depois de ficar confinado neste carro
por tanto tempo, — diz ele, e Damon prontamente concorda.
Não devemos chegar antes de amanhã, então pensei em procurarmos
um hotel na cidade para passar a noite e ir nos encontrar com o bando de
Northridge na primeira hora da manhã.
Paro em um pequeno bar na periferia da cidade e estaciono o carro.
— Venham, — digo a eles, — vamos tomar alguns drinques antes de
irmos para o hotel.
Damon sai primeiro e se alonga, seguido por Toby e Jay. — Espero
que a gente encontre algumas mulheres bonitas por aqui, — diz Toby,
esticando os braços sobre a cabeça.
— Como se você soubesse o que fazer com elas, — Damon responde
baixinho.
Toby dá um tapa na nuca dele, e os dois continuam discutindo e
rindo. Os dois irmãos estão sempre se provocando como duas crianças.
Às vezes me pergunto como seria ter irmãos, mas sempre descarto a
ideia.
Já tive bastante dificuldade em tentar proteger minha mãe enquanto
crescia. Por alguma razão, a inquietação do meu lobo interior se
transforma em uma excitação estranha enquanto caminhamos em
direção ao bar. Então, assim que entramos, o cheiro de orquídeas e
amoras se infiltram em meus sentidos.
Eu inspiro e expiro profundamente, o perfume divino prende com
força minha atenção. Meu olhar se fixa de imediato em uma mulher
incrivelmente bonita atrás do bar e, em um instante, fico tenso ao
perceber quem ela é. Companheira.
Capítulo 3
Alexia

Já se passaram quatro horas desde que cheguei ao trabalho e


finalmente o movimento acalmou. Apenas algumas pessoas permanecem
no bar. Um homem alto e loiro me sinaliza do final do balcão, então vou
até ele.
— Oi, o que posso fazer por você? — Eu pergunto rapidamente.
Seus olhos vagam pelo meu corpo, demorando-se no meu peito antes
de eu estalar os dedos para chamar sua atenção.
— Posso pegar uma bebida para você? — Eu pergunto de novo.
— Eu gostaria de receber muito mais do que uma bebida, se vier de
você, — ele diz por trás de um sorriso malicioso.
Reviro os olhos e cruzo os braços sobre o peito. Estou acostumada a
receber atenção de homens, mas nunca me interessei muito por nenhum
que deu em cima de mim.
Já tive alguns casos aqui e ali, mas nada permanente.
Eu ainda tenho esperanças por ele.
Quando o homem não diz mais nada, eu me viro para ir em direção
ao outro lado do bar.
— Desculpe-me, mas você não me serviu uma bebida, — diz o
homem enquanto estou me afastando.
— Com licença, eu dei a você uma chance de fazer o pedido, mas você
prefere fazer comentários desprezíveis em vez disso, — eu digo,
enquanto olho para ele.
— Vou tomar uma vodca com gelo, — diz ele, sorrindo como um
idiota presunçoso.
Pego um copo e o encho com gelo, sentindo os olhos do homem
humano em mim o tempo todo. Levanto os olhos e vejo um grupo de
homens que nunca vi antes entrar no bar. Basta um olhar e eu sei que
eles são lobos.
Meu olhar se cruza com o do maior dos machos e ao mesmo tempo
sou atingida pelo cheiro de chuva fresca e pinheiro.
Meu mundo inteiro fica parado quando nossos olhos se encontram e
eu sei, sem sombra de dúvida, que finalmente encontrei ele.
Eu não me movo, inferno, acho que nem mesmo respiro enquanto
continuamos nos encarando. Não consigo desviar o olhar e posso sentir
minha loba interior ficando louca.
— Companheiro! Companheiro! Companheiro! — Ela repete na minha
cabeça como um mantra.
Ele começa a andar em minha direção e é quando eu realmente o
observo. Ele é alto, tem mais de um metro e oitenta e tem músculos
muito aparentes. Ele é um dos maiores machos que já vi.
Seu cabelo é preto como azeviche, assim como o meu, e seus olhos
são da cor de fogo. Ele carrega uma aura tão poderosa que me faz tremer
levemente. Deusa, ele é lindo.
Ele caminha até o balcão com três outros machos seguindo atrás dele.
— Companheiro, — eu digo em voz alta, um pouco sem fôlego. Meus
pensamentos estão completamente dispersos em sua presença.
Os três homens atrás dele olham um para o outro, mas ele nunca tira
os olhos dos meus.
— Ei, querida, você já se esqueceu de mim? — o homem loiro chato
de antes pergunta.
Pego a vodca da prateleira e despejo no copo, em seguida deslizo pelo
balcão para ele.
— Por que você não me deixa te entreter um pouco depois que você
sair do trabalho esta noite? — ele insiste.
— Não, — eu digo, sequer tirando meus olhos do meu companheiro.
— Ah, entendi. Qual é o seu preço? Todas as vadias como você têm
um preço.
Meu companheiro, que está parado em silêncio, rosna e seus olhos
vão do fogo mais brilhante para o escuro como breu em segundos.
Antes que eu perceba, ele segura o homem pelo pescoço e o está
arrastando para fora do bar.
Eu não me movo, apenas fico olhando sem reação para eles. Depois
de alguns minutos, ele volta para dentro e se senta no bar.
Seus dedos estão ensanguentados e seu cabelo despenteado, mas fora
isso ele parece completamente intocado.
Meus instintos afloram e sinto a necessidade de cuidar do meu
macho.
Pego um pano limpo e umedeço antes de pegar suas mãos para limpá-
las.
Faíscas intensas sobem pelos meus dedos e continuam pelos meus
braços assim que o toco. Ele afasta um pouco as mãos, assustado, mas
logo me deixa terminar minha tarefa de limpá-lo.
— Obrigada... por me defender, — digo a ele.
Ele apenas balança a cabeça e dá um grunhido em resposta antes de
puxar suas mãos de mim.
— Qual o seu nome? — ele pergunta.
— Alexia, mas você pode me chamar de Lex.
Eu olho para trás e percebo que o grupo de homens com quem ele
entrou sentou-se em uma mesa. Gennie vai até eles anotar o pedido.
Ele acena com a cabeça uma vez, mas não diz nada. Ok, então ele não
é um homem de muitas palavras. Eu posso lidar com isso. Afinal,
finalmente encontrei meu companheiro.
— Qual o seu nome? — Eu pergunto.
— Alfa Rainier Stone, da Matilha de Southridge, — ele afirma
friamente.
Meu corpo paralisa e minha respiração quase cessa.
Todas as histórias que ouvi sobre o Alfa do bando de Southridge
vieram à tona em minha mente.
Rumores circularam em minha matilha de como ele matou seu pai
para ganhar o título de Alfa e como ele punirá qualquer um por
desobedecê-lo.
— Então, suponho que você já ouviu falar de mim, — ele continua.
Ele está olhando para mim com tanta frieza que não consigo falar.
Mas, por trás da frieza, vejo uma centelha de emoção passar por seus
olhos. Então se esvai tão rápido que duvido que alguma vez realmente
estivesse ali.
— Seria sábio de sua parte ficar longe de mim.
Com isso, ele se levanta do bar e vai embora. Os homens com quem
ele estava o seguem imediatamente.
Gennie dá a volta no bar com os olhos arregalados.
— O que foi aquilo? — ela me pergunta preocupada.
Ainda estou olhando para ele, incapaz de entender o que aconteceu.
— Aquele era Alfa Rainier Stone, da Matilha de Southridge. Meu
companheiro.
Capítulo 4
Rainier

Eu disse a ela que seria sensato ficar longe de mim e essa é a verdade.
Não importa o quão bonita seja.
Como ela seria perfeita para mim. Eu vi o medo em seus olhos
quando disse quem eu era. Ela está certa em ter medo de mim.
Cinco anos atrás, matei meu pai e assumi a posição de Alfa, e desde
então não parei de matar. Fiz o que tinha que fazer e não tenho vergonha
disso.
Meu lobo interior está chateado por eu tê-la deixado do jeito que fiz.
Ele queria que eu a reivindicasse assim que a visse. Eu nem sei se quero
uma companheira.
Meu lobo rosna com esse pensamento e eu agarro o volante com
tanta força que meus dedos ficam brancos.
— Tudo bem, Alfa? — Toby pergunta do banco de trás.
Eu apenas aceno que sim e isso é o suficiente para encerrar qualquer
conversa. Eu paro em um pequeno hotel de beira de estrada a cerca de
cinco minutos do bar.
Assim que fazemos o check-in, vou para o meu quarto e bato a porta
atrás de mim.
Eu me deito na cama de merda do hotel e fecho os olhos. Logo,
memórias de infância invadem minha mente.
Minha pobre mãe. Ela tinha um coração tão bom; que Deusa
descanse sua alma. Eu sei que ela anda com a lua agora. Tentei salvá-la,
mas simplesmente não era forte o suficiente.
Minha mãe sempre me disse que minha companheira seria minha
salvação, que ela seria a cura para as minhas feridas.
Minha mente vagueia de volta para o bar, e aquele homem ignorante
que a insultou. Meu lobo queria o sangue daquele humano e tenho
certeza que ele saiu com o braço quebrado.
Achei que isso com certeza iria assustá-la, mas ela parecia mais
preocupada comigo do que qualquer coisa.
Ela limpou o sangue dos meus dedos de forma tão titubeante e
carinhosa, como se ela quisesse cuidar de mim.
Porra! Eu estraguei tudo antes mesmo de conhecê-la. Tenho certeza
que ela pertence a Matilha de Northridge. Talvez eu não a encontre
amanhã.
Talvez se ela souber o que é bom para ela, ela ficará longe de mim.
Eu nunca poderia me permitir machucá-la.
Eu estabeleço contato mental com meu Gama e guerreiros e digo a
eles para me encontrarem no estacionamento às 9h da manhã em ponto.
Não sei o que vai acontecer amanhã, mas tenho que manter minha
mente atenta.
Não posso deixá-la atrapalhar meu propósito de estar aqui. Vou
adquirir aquelas terras de uma forma ou de outra. Minha matilha precisa
disso. Finalmente adormeço e tenho um sono agitado, cheio de pesadelos
de infância.
Abrindo meus olhos, noto que ainda está escuro lá fora. Eu saio da
cama e procuro o celular em minhas calças.
Finalmente encontro e verifico a hora: 4 da manhã.
Acho que velhos hábitos não morrem.
Pego algumas roupas de uma das sacolas que trouxe ontem à noite e
entro no banheiro para tomar um banho rápido.
Depois de me arrumar, saio do hotel e vou tomar café da manhã na
lanchonete do outro lado da rua.
Abrindo a porta e entrando, vejo Toby sentado em uma mesa
conversando com a garçonete.
— Bom dia, Alfa, — diz ele quando me aproximo dos dois.
Eu tomo a cadeira vazia no lado oposto da mesa.
— Bom dia, — eu respondo.
A garçonete sorri educadamente ao anotar nossos pedidos e depois
vai embora.
— Dormiu bem? — pergunto.
— Mais ou menos isso, — diz ele, sorrindo. Conhecendo-o, ele
encontrou uma fêmea para passar a noite, mas eu nem quero saber.
Toby e eu éramos inseparáveis no passado.
Nascemos com dois dias de diferença, vinte e oito anos atrás. Fomos
para a escola juntos, treinamos juntos e lutamos lado a lado para nos
defendermos.
As pessoas sempre achavam que éramos irmãos em vez de melhores
amigos.
Ele é a única pessoa que realmente sabe o que meu pai era e a única
que entendeu por que eu tive que matá-lo.
Depois que peguei o título Alfa de meu pai, nos distanciamos. Nada
mais foi o mesmo para mim depois disso.
A garçonete volta com duas xícaras e um bule de café. Depois de nos
servir, ela sai novamente e nos sentamos em silêncio por alguns
momentos antes de ele falar.
— Então, aquela no bar na noite passada era sua companheira? — ele
pergunta, tomando um gole de café.
Eu aceno que sim e passo a mão pelo meu cabelo.
— O que você vai fazer com ela? — ele continua.
— Eu não sei, — eu respondo honestamente.
Toby ainda não encontrou sua companheira. Ele costumava viajar
para diferentes matilhas quando éramos mais jovens.
Ele tentou encontrá-la por muito tempo. Eu me sentia tão mal toda
vez que ele voltava pra casa com aquele olhar desconsolado no rosto.
Depois de um tempo, ele simplesmente desistiu.
Ele olha para o seu café e não diz mais nada.
A garçonete traz nossa comida e comemos em silêncio. Quando
finalmente saímos da lanchonete, é hora de partir para o bando de
Northridge.
Atravessamos a rua de volta e vemos Jay e Damon esperando ao lado
do carro.
No caminho para o território da Matilha de Northridge, só consigo
pensar em uma coisa. Ela.
Capítulo 5
Alexia

Gemendo, eu rolo pro lado e puxo as cobertas sobre minha cabeça


para bloquear a luz do sol que adentra pela minha janela.
Tudo o que aconteceu ontem à noite volta à minha cabeça.
Ele me disse para ficar longe dele. Minha loba choraminga em minha
mente com o pensamento. Devo realmente ter medo dele? Afinal, ele
quebrou a cara de um cara apenas por ser rude comigo. Depois de sair do
trabalho ontem à noite, voltei direto para casa e tive um sono muito
agitado.
Não contei a ninguém além de Gennie que conheci meu
companheiro na noite passada, e a fiz jurar que não contaria a ninguém.
Meu irmão definitivamente não ficará feliz com isso.
Sento-me na cama e olho para o relógio na parede. 7:01 da manhã.
Esfregando os olhos, pego meu telefone da mesa ao lado da cama e
deslizo a tela para desbloqueá-lo.
Chamadas perdidas e mensagens perdidas iluminam o fundo. Abro
minhas mensagens e vejo uma de Adam.
— Não se esqueça do jantar da matilha esta noite.
O texto foi enviado há uma hora. Droga! Esqueci que tenho que
cozinhar para todo o bando e nossos visitantes.
Meu único foco tem sido encontrar meu companheiro.
Ele estará aqui hoje. Embora eu esteja apavorada com as coisas que
ele fez, não posso negar que estou animada para vê-lo novamente,
mesmo que ele não me queira por perto.
Esta é a primeira refeição que vou preparar para o meu companheiro.
O instinto irresistível de cuidar dele é sufocante. O vínculo do
companheiro é real, mas não acho que seja uma cura para tudo.
Tenho certeza de que ninguém quer um companheiro ou
companheira que mate só por esporte.
Não sou um anjo, de forma alguma. Meu irmão me treinou para lutar
quando eu era mais jovem.
Posso me virar sozinha se necessário, claro, mas nunca tive que lutar
por nada além de restos de comida.
Nosso Alfa nos ensinou que lutar para matar é a última opção. Somos
uma matilha pacífica.
Eu tomo um banho rápido e visto um par de leggings e uma camiseta
de banda velha e desço as escadas para a cozinha.
Coloco um bule de café e vou até a geladeira para verificar a lista de
supermercado.
Eu faço a maior parte das compras para a casa da matilha e agora,
estou grata por ter reabastecido os mantimentos na semana passada.
Pego todos os ingredientes para fazer chili e começo a trabalhar.
Depois de uma hora, tenho quatro panelas de chili extragrandes fervendo
no fogão.
— Algo cheira bem, — Adam diz, entrando na cozinha. — O que você
está cozinhando?
— Chili, receita da mamãe, — respondo, sorrindo para mim mesma.
Vou até o armário e pego as coisas para fazer uma torta de morango e
dois bolos de chocolate.
— Onde estão Julie e Linda? — ele pergunta.
— Se eu tivesse que adivinhar, aposto que ainda estão dormindo.
— Você não pediu ajuda a elas? — ele continua.
— Eu prefiro não.
Eu coloco tudo na forma e boto no forno. Agora, só faltam os bolos.
Adam passa a mão no rosto. Posso dizer que ele tem algo em mente e,
pela expressão, não deve ser algo muito bom.
— Não se preocupe, mano. Pare de se estressar, — eu digo,
misturando a massa do bolo.
Ele vira a cabeça e passa a mão pelo cabelo.
— Eu não posso evitar. Eu quero que tudo corra bem. Uma visita de
Southridge não pode ser uma coisa boa. Alfa Stone disse que tinha algo a
ver com questões de território, mas ele nunca quis nada de nós antes.
Estou com um pressentimento muito ruim sobre isso.
Fico em silêncio enquanto coloco a massa do bolo nas formas e boto
no forno junto com a torta.
— Eu que não quero te preocupar com isso. — ele continua. —
Provavelmente não é nada que não possamos resolver.. Alfa Greg quer
que todos sejam cautelosos. Seja cuidadosa. Não conhecemos esses lobos.
Fico quieta, embora minhas mãos estejam tremendo e meu estômago
esteja revirando. Meu irmão merece saber quem é Alfa Stone para mim.
Preciso dizer a ele que estou destinada a ficar com um assassino.
Minha loba interior rosna para mim. Ela não pode suportar que eu
fale mal de seu companheiro. Ela não acha que seu companheiro poderia
fazer algo errado. Abro a boca para revelar tudo, mas ele me interrompe.
— Eles ficam aqui apenas por alguns dias, depois vão embora e a vida
volta ao normal... — Ele para de falar, seus olhos fixados no nada e depois
de alguns momentos ele continua falando.
— Eu tenho que ir. Nosso Alfa acaba de me informar que Alfa Stone
chegou, — ele diz e se vira para sair.
— Adam, espere, — eu digo nervosamente.
Ele me olha com expectativa. E agora ou nunca. Eu engulo em seco e
me preparo.
— Eu conheci meu companheiro ontem à noite, no bar.
Seus olhos se arregalam e seu sorriso se estende de orelha a orelha.
— Mesmo?! Eu disse que você iria encontrá-lo! Eu estou tão feliz por
você!
Ele envolve seus braços em volta de mim e me abraça com força.
— Quem é ele e quando vou conhecê-lo? — ele diz com entusiasmo.
Meu coração quase para e meus nervos se afloram. Fico em silêncio
por um momento antes de continuar.
— Alfa Stone, da Matilha de Southridge.
O rosto de Adam fica branco e posso ver sua mente embaralhando. Eu
posso enxergar o medo em seus olhos. Depois de um minuto, ele
recupera a compostura e fala baixinho.
— Tem certeza? Ele sabe o que você é para ele?
Eu aceno que sim e ele passa a mão no rosto.
— Por que você só me disse agora?! — ele levanta a voz para mim.
Eu olho para os meus pés como uma criança repreendida.
— Ele me disse para ficar longe dele, — eu digo baixinho.
— Bom. Isso é exatamente o que você fará. Não tente fazer nenhum
contato com ele enquanto ele estiver aqui. Eu não vou deixar ele te
machucar, — diz ele.
Minha loba interior rosna baixo com a intenção de defender seu
companheiro e os olhos do meu irmão se arregalam novamente.
— Você não está pensando em aceitá-lo, está? Ele vai te matar!
— Eu não sei, — eu respondo honestamente. — Eu não acho que ele
iria me machucar.
— Você sabe as coisas que ele fez. Como você pode pensar assim?
Você é mais esperta do que isso, Lex. Olha, eu sei que você tem
procurado por seu companheiro há bastante tempo, mas pense direito.
Pense no que você poderia estar se metendo caso fosse procurá-lo.
Eu apenas aceno e Adam suspira.
— Eu tenho que ir. — ele diz. — Pense no que eu te disse.
Ele se vira e sai da cozinha, deixando-me com meus pensamentos.
Pego meu telefone e ligo um pouco de música. A música sempre foi
minha primeira opção quando as coisas ficam difíceis.
A voz de Freddie Mercury explode pelo alto-falante do meu telefone e
eu canto junto com ele enquanto termino de cozinhar.
Eu finalmente termino e volto para o meu quarto com a intenção de
ficar um pouco mais apresentável para a reunião do bando.
Depois de tomar outro banho, coloco uma calça jeans escura e
procuro uma blusa para vestir.
Eu procuro dentre muitas camisetas de banda em meu anuário e
finalmente encontro um suéter cor de vinho que eu acho que ficará bom.
Eu seco meu cabelo e enrolo as pontas antes de aplicar minha
maquiagem. Delineador e um toque de rímel e estou pronta.
Depois de algumas horas, saio do meu quarto para ajudar Gennie a
organizar o jantar hoje à noite no refeitório da matilha.
Difícil parar de pensar no meu companheiro.
Enquanto estou saindo pela porta, não posso deixar de me perguntar
se ele está pensando em mim também.
Capítulo 6
Rainier

Chegamos às fronteiras da Matilha de Northridge e dois lobos


montam guarda na entrada. Eu paro o carro e abro minha janela.
— Você deve ser Alfa Stone, — o lobo mais jovem diz, tremendo
levemente. Ele faz contato visual comigo, em seguida, baixa os olhos
antes de continuar.
— Alfa Greg está esperando por você. Vou avisá-lo que chegou. — Um
minuto depois, estamos sendo escoltados até um prédio cinza com
poucos andares.
Eu saio do veículo e aceno para Toby, Damon e Jay, que então
também saem.
Seguimos o lobo mais novo para dentro do prédio e eu olho ao redor
para todos aqueles equipamentos.
Este deve ser seu centro de treinamento. Eu olho ao redor para ver
alguns lobos reunidos em torno de um lobo muito maior que eu suponho
que seja o Alfa Greg Roberson.
Ele está lutando com outro jovem. O macho se lança em direção a seu
Alfa e é rapidamente girado e envolvido em um estrangulamento. Ele
leva menos de cinco segundos para desistir.
O jovem se levanta e sorri.
— Eu quase te peguei, — ele ri.
— Não nesta vida, — o Alfa ri de volta antes de se dirigir a todos no
prédio.
— Jantar da matilha hoje às 18h. Espero que todos estejam lá para dar
as boas-vindas aos nossos novos convidados, — diz ele. Ele então se
aproxima de mim e estende a mão.
— Alfa Stone, bem-vindo ao meu bando.
— Alfa Roberson, obrigado por nos permitir visitá-lo e nos encontrar
com você. — Eu mantenho meu tom direto e firme. — Eu gostaria de
discutir a expansão de nosso território.
— Entendo. E vamos discutir isso. Mas, já que você está aqui, gostaria
de estender formalmente a você um convite para o jantar de nossa
matilha esta noite. Gostamos de garantir que nossos visitantes sejam
bem recebidos. Então, amanhã, tenho certeza que podemos resolver
tudo.
Parece que ele está tentando ganhar tempo para alguma coisa, mas
por enquanto vou entrar no jogo. Ele sabe porque vim aqui.
Tenho certeza de que ele não é tolo o suficiente para tentar algo
estúpido. Eu poderia com ele e sua matilha inteira em alguns minutos.
Eu aperto sua mão.
— Muito bem. Agradeço o gesto.
Estou apresentando meus lobos quando me viro e vejo outro homem
entrar no prédio. Greg acena para ele vir.
— Alfa Stone, este é meu beta, Adam. Adam, este é Alfa Stone. — Eu o
observo e noto as semelhanças que ele compartilha com minha
companheira. Eles devem ser parentes porque as semelhanças são claras.
Ele não diz nada, apenas rosna e tenta manter o contato visual. Ela
deve ter contado a ele sobre mim.
Eu rosno baixo, não gostando da demonstração de desrespeito. A
única razão pela qual não rasguei sua garganta ainda é porque ele está de
alguma forma relacionado à minha fêmea.
Minha fêmea? Quando diabos eu comecei a reivindicá-la? Outro
rosnado, mais alto desta vez, sai da minha garganta.
Ele desvia o olhar rapidamente e expõe seu pescoço em submissão.
— Alfa Stone, eu me desculpo. Bem-vindo à nossa matilha.
Eu aceno e noto que pelo olhar em seu rosto, ele deve estar
conectando sua mente a seu Alfa agora. Depois de um segundo, Greg fala
novamente.
— Adam vai mostrar onde você vai ficar enquanto estiver aqui. Estou
ansioso por sua companhia esta noite.
Saímos e seguimos o beta para um chalé de dois andares, que
presumo ser a casa da matilha.
Entramos direto em uma cozinha, faço uma pausa e respiro fundo; o
cheiro de orquídea e amoras paira no ar e sei que minha companheira
esteve aqui recentemente.
O cheiro deixa meu lobo selvagem e tenho que lutar para impedi-lo
de assumir o controle completamente.
Se ele assumir, não serei capaz de impedi-lo de encontrá-la e
reivindicá-la.
O vínculo do companheiro está ficando mais forte quanto mais perto
estou dela. Não sei por quanto tempo serei capaz de lutar contra meu
lobo interior.
Eu a vi somente uma vez, mas parece que a queria há anos.
Saímos da cozinha e seguimos o beta até o final de um corredor.
— Aqui estamos, — diz ele. — Venho buscá-los quando for a hora do
jantar. Alfa disse para vocês se sentirem em casa e aproveitarem sua
estadia.
Eu me viro para meus homens e aceno com a cabeça. Cada um deles
pega um quarto e fecha as portas. Eu ando até uma porta e começo a
entrar quando de repente o beta fala baixo.
— Eu não sei porque você está aqui, mas por favor, deixe minha irmã
em paz. Eu não vou deixar você machucá-la.
Eu rosno ameaçadoramente; meu lobo não gosta que lhe digam para
ficar longe de sua companheira.
— E o que você vai fazer se eu não fizer isso, lobo? Lutar comigo? —
Eu pergunto. Eu deixei meu lobo vir à tona em questão de segundos e os
olhos do beta se arregalaram de medo.
— Eu permiti seu desrespeito passar batido mais cedo porque eu sabia
que você estava de alguma forma relacionado a minha companheira. Isso
é algo que normalmente não faço. Você está abusando da sorte comigo,
lobo. Você sabe que de acordo com a lei da matilha eu posso levá-la de
volta comigo se eu quiser, e não haveria nada que você pudesse fazer
sobre isso. — Eu digo a ele, e posso ouvir seu coração batendo
freneticamente dentro do peito.
Eu me viro e entro no quarto antes de perder completamente o
controle e fecho a porta atrás de mim.
Eu controlo meu lobo furioso e observo o quarto grande e simples.
Este bando está sendo extremamente hospitaleiro e não é bem o que
estou acostumado.
Sento-me na cama e penso na conversa que acabei de ter. Eu disse a
verdade ao irmão dela. A lei da matilha afirma que quando um macho
encontra sua fêmea, ela deve retornar à sua matilha.
Essa tem sido a lei muito antes de eu nascer. Eu me deito na cama,
sentindo-me relaxado com a ideia de minha companheira estar tão perto.
Talvez ter uma não seja uma ideia tão ruim. Minha matilha se
beneficiaria muito por ter uma Luna.
O que eu estou pensando? Tenho um trabalho a fazer e prometi a
mim mesmo que não a deixaria ficar no meu caminho.
Se eu não encontrar mais terras em breve, meus lobos ficarão sem
teto ou, pior, morrerão.
Os humanos estão tomando nosso belo território e transformando-o
em cidades caóticas que não são lugares para lobos. Eu tenho que
proteger minha matilha.
Temos uma boa extensão de terra — nosso território cobre o
Missouri e grande parte de Illinois.
Mas, com todo o desmatamento acontecendo, eu tenho que
encontrar outro lugar para meus lobos irem.
Estou perdido em meus pensamentos quando ouço uma batida na
porta.
— Sim? — Eu respondo.
— Alfa, sou eu. Eu preciso falar com você, — Toby diz atrás da porta.
Eu me levanto e abro para ver o que ele quer.
— O que? — Eu pergunto, não me sentindo particularmente falante.
Não que eu seja.
— Meu lobo está inquieto e normalmente não é assim. Eu continuo
captando um cheiro que acredito ser minha companheira. Acho que ela
está aqui nesta matilha. Você me dará permissão para persegui-la se ela
estiver?
Eu olho para ele e aceno com a cabeça.
— Sim.
Ele sorri de orelha a orelha e meu coração amolece um pouco.
— Obrigado, Alfa.
Ele sai e eu fecho a porta atrás dele. Dez minutos depois, há outra
batida. Eu me levanto e abro a porta para ver o irmão da minha
companheira.
— Alfa Stone, estou aqui para escoltá-lo até o jantar da matilha.
Eu rapidamente conecto minha mente aos meus lobos e digo a eles
que é hora do jantar da matilha.
Eles saem de seus quartos e nós o seguimos para outro prédio
vizinho. Parece uma espécie de pequeno local de congregação.
— Este é o refeitório da nossa matilha, — afirma o beta enquanto
entramos.
Assim que entro no prédio, meus olhos imediatamente a encontram.
Ela também me vê; seus lindos olhos esmeralda me olham de forma
calorosa enquanto faço o mesmo com ela.
Ela é mais que linda, definitivamente a mulher mais linda que eu já vi.
Seu longo cabelo de obsidiana cai até a cintura e eu desejo envolver
minhas mãos nele, puxá-la para perto de mim e reivindicá-la aqui para
todos esses lobos verem.
As curvas de seu lindo corpo se encaixariam perfeitamente no meu.
Meu lobo está vindo à tona, pronto para pegar o que é dele. Antes que
eu perceba, estou indo na direção dela. Tento me conter, mas meu corpo
continua se movendo por conta própria.
Eu não consigo lutar contra o vínculo, é muito forte.
Quando a alcanço, ela não tira os olhos dos meus e posso vê-la
tremendo. Meu lobo reivindica o que é dele fazendo com que todos
saibam.
— Minha.
Capítulo 7
Alexia

Estive na sala de jantar da matilha nas últimas horas, limpando e


arrumando tudo. Está quase na hora do jantar e sei que Alfa Stone está
aqui.
Estou muito ansiosa, então respiro fundo para acalmar meu coração
acelerado.
Eu ainda não sei como me sinto sobre isso, mas minha loba
definitivamente sim. Não demorou muito e ela estava caída por ele.
Não vejo meu irmão desde esta manhã e estou um pouco nervosa
para saber se algo aconteceu entre eles.
Meu irmão pode ser superprotetor, mas ele sabe que nunca poderia
enfrentar Alfa Stone.
Isso o mataria e eu sei que ele faria isso por mim, mas eu nunca vou
deixar tal coisa acontecer. Eu nunca vou colocar minha família ou minha
matilha em perigo.
Os membros da minha matilha começam a chegar e eu olho para
cima para ver Gennie caminhando em minha direção.
— Ei, — ela diz, sorrindo. — Tudo está pronto, finalmente. Você está
bem?
Eu dou um sorriso amarelo.
— Só um pouco nervosa.
— Isso era de se esperar, — ela diz, me abraçando. — Se você quiser se
sentar comigo e Adam durante o jantar, venha nos encontrar.
Ela sai e eu vou pegar um copo d'água quando, de repente, os pelos da
minha nuca se arrepiam.
Eu me viro e vejo ele passar pela porta.
Seus olhos travam nos meus e seu olhar carrega claramente sua
intenção. Ele caminha em minha direção, dando passos longos e
assertivos. Ele nunca tira os olhos dos meus quando se aproxima, e eu
fico completamente imóvel.
Ele para na minha frente, tão perto que posso ver meu reflexo em
seus olhos que agora lembram duas ônix.
— Minha, — ele rosna baixo.
Meu corpo fica tenso quando ele me agarra e enterra o nariz no meu
pescoço.
Suas mãos enormes apertam minha cintura com força e ele me cheira
profundamente.
— Minha. — ele diz mais uma vez, correndo o nariz pelo
comprimento do meu pescoço até atrás da minha orelha, fazendo uma
corrente de eletricidade disparar direto para dentro de mim.
Um rosnado estrondoso sai de seu peito quando ele levanta a cabeça e
olha nos meus olhos como se estivesse penetrando o fundo da minha
alma. Estou olhando nos olhos de seu lobo e me sinto em casa.
— É ali nosso lugar, — minha loba me diz.
Faíscas intensas queimam minha pele, em cada lugar onde ele me
toca e um arrepio percorre minha espinha. Sinto sua masculinidade
saliente, grossa e muito ereta pressionada contra meu corpo e minha
loba rosna.
— Nosso macho é muito impressionante, — diz ela, e eu não posso
deixar de concordar.
— NÃO TOQUE NELA! — Adam grita, sacudindo-nos do nosso
transe.
Ele agarra o ombro de Stone, e meu companheiro é rápido no reflexo,
agarrando a mão do meu irmão e a inclinando tanto para trás que eu
ouço estalar.
Adam solta um grito agonizante quando meu companheiro o agarra
pela garganta.
— PARE! — Eu grito, mas é como se o Alfa não me ouvisse. Ele aperta
a garganta ainda mais forte e meu irmão engasga. Eu agarro seu braço e
tento novamente.
— Por favor, pare! — Eu imploro.
Seus olhos encontram os meus e eles se suavizam. Ele solta meu
irmão e agarra minha mão.
— Você vai comer comigo. — ele afirma severamente.
Eu olho para o meu irmão, horrorizada.
— Eu não vou! — Eu levanto minha voz. — Você não pode
simplesmente vir aqui e machucar as pessoas como você faz em sua
matilha!
A mágoa aparece em seus olhos, mas com a mesma rapidez é
substituída por apatia.
— É aí que você está errada, pequena loba. Eu posso fazer o que achar
melhor. Na verdade, decidi que vou tomá-la como minha companheira.
Encrenqueira assim, você se transformará em uma Luna forte para
minha matilha. Você vai voltar para casa comigo quando eu partir.
— Não vou porra nenhuma! Você não pode me fazer ir embora com
você! — Eu grito com ele.
Suspiros coletivos podem ser ouvidos ao redor da sala enquanto
minha raiva aumenta.
— Oh, pequena loba, eu posso mandar você fazer o que eu quiser.
Mas, se você quer ir direto ao assunto, a lei da matilha afirma que quando
um homem encontra sua companheira, ela deve retornar à sua matilha,
— ele diz, sorrindo.
Eu olho para meu irmão para ver se o que este Alfa disse é verdade.
Ele não me olha de volta e naquele momento eu sei que meu destino
está nas mãos deste Alfa.
Não consigo pensar agora, não com tudo que acabei de escutar. Eu
corro e abro a porta.
Assim que estou no lado de fora, deixo minha loba assumir. Um
espesso pelo cor de obsidiana brota da minha pele e meu nariz se alonga
em um focinho. Sacudindo meu pelo, eu corro para a floresta.
Quando chego a uma boa distância do refeitório, paro e inalo o ar
fresco e frio da noite.
Sento-me na neve e solto um uivo longo e triste. Minha loba canta
sua bela canção enquanto lamento minhas perdas.
Lamento por meu irmão que não sei se poderei ver novamente.
Lamento pelo impulso destrutivo de meu companheiro, que deveria me
amar incondicionalmente.
À distância, eu ouço um uivo distinto chamando minha loba,
respondendo ao seu chamado triste com outro. Eu posso ouvir a tristeza
no uivo do meu companheiro.
O uivo é tão melancólico quanto o dela e parte meu coração ainda
mais, mas não vou deixá-la ceder a ele.
É aqui que eu defendo minha posição. Eu não terei medo dele. Eu não
me importo com o que ele fez. Se vou viver com ele como sua
companheira, serei forte.
Não vou deixá-lo passar por cima de mim, vou manter minha cabeça
erguida e lidar com isso como lidei com todas as outras merdas que
aconteceram na minha vida.
Com isso, eu corro mais para dentro da floresta para escapar de meus
pensamentos, mesmo que seja por pouco tempo.
Capítulo 8
Rainier

Enquanto ela sai correndo do refeitório da matilha, me viro para ir


atrás dela, mas sou interrompido por Alfa Greg. — É verdade? Alexia é
sua companheira? — ele me pergunta preocupado.
Eu não digo nada, apenas continuo a segui-la porta afora. Porém, ela
não está mais à vista.
Eu não queria assustá-la, mas meu lobo não permitirá que ninguém
nos desrespeite.
Eu tive que colocar aquele beta em seu lugar e se ela não tivesse me
impedido, eu provavelmente o teria matado.
Deixando meu lobo vir à tona, eu me transformo sem esforço. Eu
coloco meu focinho no chão e respiro profundamente.
Rastreio seu cheiro e o sigo até que estou no meio da floresta
congelada. A neve cobre o solo e as árvores, a noite é negra como breu.
Um uivo longo e triste preenche o silêncio da noite e meu lobo levanta
suas orelhas. Parece tão comovente, tão lindo.
A música preenche meu coração com tristeza, meu lobo geme e
abaixa as orelhas contra a cabeça. É ela.
Meu lobo levanta a cabeça para o céu estrelado e responde ao uivo
dela com outro.
Um uivo tão longo, profundo e tão pesaroso quanto o dela. Eu não
quero nada mais do que confortá-la, dizer a ela que eu nunca a
machucaria.
O vento aumenta e eu sinto seu cheiro novamente. Eu sigo seu rastro
até que seu cheiro vai ficando mais forte.
Eu sei que ela está perto, então aumento a velocidade.
Entrando em uma clareira, vejo um pequeno lago. Eu vejo sua loba,
sentada perto da água de costas para mim. Ela deve me sentir porque me
olha por cima do ombro.
Eu me aproximo dela lentamente, não querendo assustá-la.
Quando eu a alcanço, ela se levanta e me encara. Ela é uma bela loba,
seu pelo preto como a noite tem uma mancha em forma de lua crescente
em seu peito. Eu rosno em admiração enquanto cutuco seu lado com
meu focinho. Ela hesita por uma fração de segundo, mas se deita e rola,
expondo sua barriga para mim em submissão.
Eu corro meu focinho para baixo de sua barriga, direto para entre
suas pernas e inalo profundamente.
— Minha, — meu lobo rosna baixinho enquanto dá algumas lambidas
nela. Seu lobo ronrona profundamente, mostrando sua apreciação por
mim.
Alexia pode me afastar o quanto quiser, mas sua loba me quer, isso eu
posso dizer.
Depois de outra inspiração longa, levanto minha cabeça e lambo seu
focinho. Ela se levanta e eu esfrego meu corpo ao lado do dela,
entrelaçando nossos cheiros.
Ouço seu estômago roncar e percebo que ela ainda não jantou. Eu a
cutuco com meu focinho novamente e saio correndo, esperando que ela
me siga.
Eu imediatamente pego o cheiro de uma lebre selvagem e a rastreio.
Quando a encontro, eu ataco, agarrando a lebre com meus dentes.
Mordo com força e ela sucumbe.
Ela me alcança e me observa cuidadosamente enquanto coloco o
animal em suas patas. Meu lobo está tentando provar que pode cuidar
dela, prover para ela. Ela olha para a lebre e de volta para mim, vejo
confusão em seus olhos. Meu lobo bufa, irritado por ela ainda não estar
comendo. Eu dou a volta e a cutuco suavemente.
Ela finalmente aceita minha oferta e começa a comer e não posso
deixar de sentir alívio.
Assim que termina, ela me deixa limpá-la, lambendo o sangue de seu
focinho. Meu lobo está satisfeito por ter fornecido para sua fêmea. Eu a
sigo de volta para a casa da matilha e antes de entrarmos, eu me
transformo de volta para minha antiga forma. Eu estou diante dela, nu,
em toda minha perfeição.
— Transforme-se, — eu exijo. Sem se mover ela não tira os olhos de
mim.
— Transforme-se agora, — eu digo novamente, usando um tom Alfa
firme, sabendo que ela não será capaz de negar. Ela se transforma e eu
vejo sua pele nua. Ela é a mulher mais bonita — seios fartos e redondos
com curvas primorosas.
Ela lambe os lábios nervosamente e eu imediatamente fico duro.
Seus olhos me observam, encarando meu membro ereto, e seus olhos
se arregalam.
— Gosta do que está vendo? — Eu sorrio. Ela cruza os braços sobre o
peito e me encara. Virando-se de costas para mim, ela entra na casa da
matilha. Eu a sigo para dentro e subo as escadas.
— Você deveria ir em frente e arrumar suas coisas. Vou discutir o que
preciso com o seu Alfa esta noite e vamos nos despedir pela manhã, —
digo a ela. Ela levanta o queixo para mim desafiadoramente e acena com
a cabeça. Então desaparece atrás de uma porta que suponho ser o quarto
dela.
Sabendo que ela vai voltar comigo, não estou com humor para ficar
por aqui mais do que o necessário.
Vou para o quarto que foi designado para mim e visto um jeans com
uma camisa preta. Colocando minhas botas, eu saio novamente para
encontrar o Alfa Greg. Volto para o refeitório da matilha, de onde a
maioria dos lobos está saindo agora. Vejo o Alfa conversando com um
grupo de lobos do lado de fora.
Ele me nota imediatamente e acena para mim.
— Alfa Greg, agradeço sua hospitalidade, mas depois dos eventos
desta noite, gostaria de ir em frente e discutir o motivo pelo qual vim até
aqui.
Ele concorda.
— Me siga. — Caminhamos de volta para a casa da matilha e
entramos no que parece ser seu escritório. Ele senta atrás de sua mesa,
mas eu fico de pé, não querendo demorar mais do que preciso.
— Eu não sou de rodeios. Eu quero parte de sua terra para minha
matilha.
Ele responde com rosto impassível:
— Seu território abrange todo o Missouri e Illinois. Por que você
precisaria de alguma das minhas terras? — Eu mantenho meu rosto sério.
— Seu território abrange todo Wisconsin, Iowa e Minnesota. O que
uma pequena matilha como a sua precisa com tanto território?
— Não precisamos de tudo, de fato, mas quero saber por que você
quer parte disso? — ele pergunta novamente.
— Os humanos estão tomando nosso território, — eu respondo. —
Eles estão construindo suas cidades e expulsando meus lobos de suas
casas. Eu quero tirar toda minha matilha do Missouri.
— OK. O que recebemos em troca? — ele me pergunta.
— Ouvi dizer que sua matilha está tendo problemas com bandidos.
Oferecerei a você minha proteção e ajuda em troca de sua terra. — Ele
fica em silêncio por um segundo, então acena com a cabeça.
— Nós não somos como você e seu bando. Somos pacíficos e
geralmente não precisamos de proteção, mas estamos tendo problemas
com bandidos ultimamente. Se você puder cuidar desse problema, eu lhe
darei a quantidade de terra que você precisar. Eu suspiro aliviado, grato
por não ter que causar nenhum dano ao bando da minha companheira.
Ela me odiaria por isso.
O Alfa estende sua mão para mim e eu a pego, solidificando o acordo
que acabamos de fazer.
— Vou deixar os guerreiros que trouxe comigo aqui. Eles vão cuidar
do seu problema. — digo a ele enquanto faço meu caminho para a saída.
— Envie-me um contrato e a escritura da terra. — Ele acena em resposta
e eu me levanto caminhando até a porta, mas ele então fala novamente.
— Cuide dela. Ela é uma boa loba, filha de um beta que já teve muito
respeito nesta matilha. Prometi ao pai dela que ela seria protegida. Agora
eu preciso que você me faça a mesma promessa.
Eu controlo meu lobo, que está chateado porque este Alfa está
questionando sua capacidade de proteger sua companheira. Eu aceno
uma vez e saio do escritório antes de fazer algo do qual possa me
arrepender.
Voltando para o meu quarto, fecho a porta e deito na cama.
Faço um contato mental com Toby, Damon e Jay e digo a todos o que
está acontecendo. Eu caio no sono rapidamente, minha mente cheia de
imagens daquela linda mulher de cabelos escuros.
Durmo em paz pela primeira vez em muitos anos.
Capítulo 9
Alexia

— Aquele é um belo macho, — minha loba diz com admiração


enquanto eu entro em meu quarto e fecho a porta. Ele definitivamente
não tinha vergonha de ser visto nu.
— Por que ele teria vergonha? Você viu o tamanho dele? — minha loba
ronrona animadamente.
Eu reviro meus olhos. Esse macho é incrivelmente irritante.
Sento-me na beira da cama, tentando dar sentido a tudo o que acabou
de acontecer. Em apenas dois dias, toda a minha vida virou
completamente de cabeça para baixo.
Se eu for fazer parte de seu bando, terei que ser mais durona. Eu não
posso mostrar qualquer tipo de fraqueza para sua matilha.
A Deusa da Lua me colocou nessa situação por um motivo. Serei forte
pelo meu irmão, pelo meu bando, por mim mesma.
— Ele nos alimentou. Ele nos sustentou. Ele é um homem forte. Ele vai
cuidar de nós, — minha loba repete na minha cabeça. Não consigo pensar
direito com ela constantemente o elogiando.
— Ele está nos levando para longe de nosso bando, nossa família! —
Tento argumentar, mas ela já está decidida.
Eu me levanto e começo a arrumar o pouco que tenho. Depois de
verificar duas vezes e ter certeza de que peguei tudo que preciso, ouço
uma batida na minha porta.
Abro a porta e vejo Adam parado do outro lado com a cabeça baixa.
Eu jogo meus braços em volta dele e o abraço com força.
Lágrimas correm livremente pelo meu rosto enquanto ele me abraça
de volta.
— Eu sinto muito. Lex. Eu falhei com você. — ele diz com uma voz
derrotada. Eu me afasto e limpo meu rosto.
— Isso não é culpa sua, Adam. Não havia nada que você pudesse ter
feito.
Eu sorrio, tentando fazê-lo se sentir melhor, mas ele ainda não me
olha. Eu seguro seu rosto em minhas mãos e o forço a olhar para mim.
— Eu vou ficar bem. Eu posso cuidar de mim mesma, — digo a ele.
Ele zomba de brincadeira.
— Isso é só porque você teve o melhor beta ensinando tudo o que
você sabe. — Nós rimos mas logo ficamos sérios novamente.
— Se você tiver qualquer problema, você corre, Lex. Você corre o mais
rápido que pode até estar em uma posição segura o suficiente para me
ligar. Eu irei buscar você. Eu sempre estive aqui para você e sempre
estarei.
Eu aceno com a cabeça e uma lágrima solitária escapa pela minha
bochecha.
— Eu te amo, irmãzinha. — Nós rimos mas logo ficamos sérios
novamente.
— Eu também te amo, — eu digo enquanto o abraço novamente.
Ele sai e eu deito de volta na cama e puxo as cobertas sobre minha
cabeça. Isso não é um adeus. Não pode ser.
Exigirei que Alfa Stone deixe ele me visitar. Tenho a sensação de terei
que fazer muitas exigências.
Meu telefone toca e vejo que é Gennie. Nos falamos ao telefone por
mais de duas horas apenas para ela chorar na maior parte do tempo.
Dizemos nosso adeus e estou tão exausta que logo caio em um sono
profundo.
Eu sonho com um lobo e seus olhos são tão negros quanto seu pelo. A
paz que isso me traz tira o caos gerado por meu companheiro.
Uma batida na minha porta me acorda de manhã. Abro meus olhos
brevemente antes de fechá-los mais uma vez.
Outra batida, mais alta desta vez.
— Partimos em uma hora. Eu espero que você esteja pronta, pequena
loba. — Alfa Stone diz atrás da porta fechada.
Sento-me e esfrego meus olhos.
Eu saio da cama e tomo um banho rápido antes de vestir uma legging
e um suéter largo.
Então seco meu cabelo e começo a escovar os dentes quando ouço
outra batida na porta. Abro para ver Alfa Stone de pé com os braços
cruzados sobre o peito largo, seus braços grossos e musculosos cruzados.
Imagens de seu corpo nu passam pela minha mente e eu balanço
minha cabeça para dissipar os pensamentos.
— Preparada? — ele me pergunta.
Eu olho para ele e vou pegar minhas malas. Ele as pega de mim e
acena para que eu vá na frente dele. Desço as escadas e deixo a casa da
minha infância, provavelmente pela última vez.
Eu ando até seu veículo, onde meu irmão espera.
Adam me abraça brevemente e acena com a cabeça, me dizendo para
ser forte sem precisar dizer uma palavra. Alfa Stone abre a porta do
passageiro e eu entro.
Ele coloca minhas malas no bagageiro e se senta no banco do
motorista.
— E quanto ao meu carro? — Eu pergunto, não querendo deixar o
Firebird para trás.
— Meu Gama vai levá-lo de volta para minha matilha.
— E os outros dois lobos que vieram com você? — Pergunto-lhe.
— Eles vão ficar aqui para ajudar seu Alfa a cuidar de alguns
problemas com bandidos.
— Problema com bandido? Eu sabia que tínhamos avistado alguns,
mas não sabia que isso tinha se tornado um problema. Eu não digo nada
enquanto ele me encara intensamente.
Depois de um segundo, ele se inclina para o meu lado, seu rosto
apenas alguns centímetros do meu.
Seus olhos são chamas ardentes, tons de laranja e amarelo girando e
se misturando em uma bela labareda de fogo. Ele inspira, respirando
profundamente. Eu não consigo tirar meus olhos dos dele quando um
grunhido profundo ressoa em seu peito e seus olhos ardentes se tornam
negros como a noite.
Prendo minha respiração, esperando o que quer que esteja prestes a
fazer, quando ele rosna novamente, com raiva desta vez, como se
estivesse lutando com seu lobo interior. Seus olhos finalmente retornam
a linda cor de brasa ardente e ele agarra meu cinto de segurança,
encaixando-o no lugar. Ele liga o carro sem dizer uma palavra e dirige.
Depois de uma hora na estrada, ele para em uma pequena
lanchonete.
— O que estamos fazendo?
— Comendo, — ele afirma friamente. Este homem é tão confuso:
quente em um minuto, frio no seguinte. Ele sai e dá a volta para o meu
lado abrindo a porta. Eu suspiro e saio do carro. Seria estúpido irritá-lo
agora.
Colocando a mão nas minhas costas, ele me leva para dentro da
lanchonete.
Sento-me em uma pequena mesa no canto oposto e ele ocupa o lugar
na minha frente. Uma garçonete loira baixinha se aproxima com uma
caneta e um bloco de notas. Seus olhos se arregalam ao ver meu
companheiro enquanto ela se aproxima de nós.
Inclinando-se em direção a ele, ela coloca a mão em seu ombro e lhe
dá um sorriso brilhante.
— O que posso fazer por você, querido? — ela diz docemente, e uma
fúria cega me domina.
— Uma ameaça! Mate-a! — minha loba exige. Um rosnado baixo
ressoa no fundo da minha garganta. A garçonete olha para mim
assustada, mas Alfa Stone me dá um sorriso malicioso, parecendo muito
satisfeito consigo mesmo. Idiota.
— Desculpa — digo tossindo, tentando disfarçar — algo estava preso
na minha garganta.
Que diabos? Nunca fui agressiva com ninguém. Este homem
vexatório está causando desequilíbrio em todos os aspectos da minha
vida.
Ela anota rápido nosso pedido e vai embora, provavelmente pensando
que estou louca. Eu acho que concordo com ela. Eu olho para cima para
vê-lo ainda sorrindo.
— Você pode tirar esse sorriso afetado do rosto ou eu farei isso por
você, — eu digo, aborrecida. Seu sorriso se dissipa rapidamente.
— Cuidado com as palavras quando você fala comigo, pequena loba.
Não vou tolerar desrespeito de você. Só porque você é minha
companheira, não significa que não irei puni-la. Eu ainda sou seu Alfa.
— Você NÃO é meu Alfa! Você me tirou do meu Alfa, lembra? Na
verdade, você me tirou da única família que tenho! — Eu digo,
fumegando.
A veia em sua testa lateja e ele rosna.
A garçonete escolhe o momento perfeito para voltar com nosso
pedido.
— Tivemos uma mudança de planos, — diz ele à garçonete. —
Precisamos disso embrulhado para viagem. — Ele está seriamente
chateado e eu engulo em seco. Maldita seja eu e minha boca grande.
A garçonete embala nossa comida e ele paga a conta. Agarrando meu
braço, ele me puxa para fora da porta da lanchonete e eu tropeço atrás
dele.
Ele abre a porta e eu vou entrar quando sinto sua mão enorme bater
firmemente na minha bunda uma, duas, três vezes.
— Que diabos?! — Eu grito, minha bunda ardendo como se estivesse
pegando fogo.
— Você não vai me desrespeitar novamente. Eu disse que iria puni-la
e farei isso até que você saiba qual é o seu lugar.
Lágrimas enchem meus olhos, mas eu as contenho rapidamente. Eu
não posso acreditar neste homem. Ele está me tratando como uma
criança!
— Você mesmo causou isso, — minha loba diz. — Além disso, isso foi
meio excitante.
Deusa! Até minha loba, minha outra metade, se voltou contra mim.
Eu mantenho minha boca fechada, não quero minha bunda ardendo
novamente. Eu entro no carro e rapidamente coloco meu cinto de
segurança para que ele não tenha uma desculpa para chegar perto de
mim.
Ele entra e liga o carro. As próximas horas passam em completo
silêncio. Ele olha de vez em quando como se fosse dizer algo, mas parece
pensar melhor no assunto.
Ficar presa neste carro com ele está me irritando muito, mas minha
loba está curtindo cada segundo que fica sozinha com ele.
— Estaremos em casa em algumas horas, — diz ele depois de um
tempo. — Antes de chegarmos lá, precisamos repassar algumas regras. —
Eu suspiro pesadamente e reviro meus olhos.
— Sim, senhor, — eu digo enquanto faço uma saudação zombeteira.
Ele agarra minha coxa e aperta, um pouco forte demais para o meu
gosto.
— Não me teste, lobinha. — ele diz, deixando sua mão na minha
coxa.
Eu reviro meus olhos novamente e aceno para que ele saiba que estou
ouvindo.
— Em primeiro lugar, você vai me mostrar respeito, especialmente na
frente da minha matilha. Se não, vou puni-la. Em segundo lugar, você
fará tudo o que eu disser.
— E se eu não fizer isso, você vai me punir. Já entendi, — eu digo
sarcasticamente, cruzando os braços sobre o peito.
— Terceiro, você não deve ir a qualquer lugar sem supervisão.
— O quê?! Por que preciso de uma babá?! — Eu digo, não acreditando
no que estou ouvindo.
— Eu tenho meus motivos, lobinha.
— Quer dizer que você me tira da minha matilha, o único lugar que
eu já conheci, para me fazer uma prisioneira em seu bando?
Ele dá outro aperto forte na minha coxa e eu abaixo minha voz.
— Por que? — Eu pergunto.
— Você não é minha prisioneira. Há um propósito para tudo que eu
faço, então seria sábio você me ouvir. Está entendendo?
Eu aceno e encosto minha cabeça contra a janela, me sentindo
exausta. Fechando meus olhos para descansá-los um pouco, cochilo
imaginando o inferno que me espera em minha nova matilha.
Capítulo 10
Rainier

Essa pequena loba está prestes a conseguir o que ela quer.


Ser desbocada assim vai colocá-la em um monte de problemas.
Dar uns tapas na sua bunda redonda era algo que eu esperava não ter
que fazer ainda, mas caramba só isso já me deixa duro.
Eu olho para ela pelo que parece ser a milionésima vez desde que
deixamos sua matilha. Ela está dormindo agora, e eu juro que nunca vi
nada mais bonito. Nenhum sinal de medo ou tristeza permeia seu rosto
e, neste momento, ela parece etérea.
Meu lobo está lutando contra mim para reivindicá-la. Tudo que posso
fazer é impedi-lo de despi-la e tomá-la como um animal selvagem no cio.
Ela está longe de estar pronta para isso.
Depois de chegar ao Missouri, eu pego o longo trecho de estrada de
cascalho que leva à casa de minha matilha. Já no fim da estrada, meus
guardas de plantão baixam a cabeça quando entro.
Tenho milhares de hectares de terra, guardas patrulhando todas as
fronteiras. Eu designei guardas extras recentemente. Os humanos
destruindo nossa terra empurraram os bandidos e delinquentes ainda
mais para perto de nós. Eles até mataram alguns membros da minha
matilha.
Eu falhei com eles assim como falhei com minha mãe.
Eu esfrego meus olhos, tentando me livrar desse pensamento.
Eu tenho que tirar meus lobos que estão no Missouri e deslocar todos
para o norte, então eles estarão seguros. Eu não queria trazer Alexia aqui.
Ela nem tem ideia do perigo que a ronda, mas meu lobo não iria embora
sem ela.
— Não seja fraco. Eu posso e vou protegê-la, — meu lobo rosna para
mim.
Eu paro na frente da casa da matilha e desligo o carro.
— Chegamos, — digo em voz alta, despertando-a assustada. Ela se
senta e observa nosso entorno. Os lobos estão espalhados, alguns
transformados e outros não. Ela respira fundo e sua ansiedade é quase
palpável.
Eu saio do carro e dou a volta para ajudá-la enquanto ela observa a
enorme casa da matilha de quatro andares.
O exterior é em estilo de cabana de madeira, mas o interior é elegante
e moderno.
Pego suas malas e faço um gesto para que ela me siga. Ela me segue
para dentro em silêncio, olhando cada detalhe ao seu redor. Subimos as
escadas até o quarto andar, meu andar.
No caminho, encontro uma das empregadas da matilha carregando
uma pilha de toalhas. Ela abaixa a cabeça e olha para baixo.
— Bem-vindo ao lar. Alfa. Posso pegar alguma coisa para você?
— Na verdade, sim. Venha ao meu escritório mais tarde esta noite e
eu lhe darei uma lista. — Ela abaixa a cabeça e seus olhos se viram para
minha companheira com curiosidade. Ela não fala nada e passa por nós
em silêncio.
Continuando até o meu quarto, abro a porta e a levo para dentro.
Acendendo as luzes, eu a deixo à vontade.
É um quarto enorme com uma suíte principal e paredes cinza escuro.
O preto predomina em quase todo o resto. Um sofá e uma namoradeira
ocupam parte do quarto junto com minha cama king-size que parece
feita especialmente para mim.
Uma das paredes dá lugar a uma porta de vidro deslizante que leva a
uma varanda com vista para as exuberantes florestas verdes do Missouri.
— Seu quarto, eu suponho? — ela me pergunta.
— Sim, todo este andar é meu. Meu escritório também está aqui.
— Não vou dividir o quarto com você, — ela afirma.
— Sim, você irá. Você é minha companheira e futura Luna. Você vai
agir como tal.
— Bem, eu não vou dividir a cama com você. Eu realmente espero que
esses lençóis estejam limpos, — diz ela, bufando.
— Eu fico com o sofá. Os lençóis estão limpos, — eu digo, a irritação
adentrando minhas veias. Ela simplesmente acena com a cabeça, então
eu continuo. — Eu farei uma reunião da matilha na primeira hora da
manhã para que eles saibam quem você é. Amanhã à noite, você será
formalmente apresentada como a nova Luna. Até lá, você precisa ficar
neste quarto.
Sua boca se abre e seus olhos se arregalam de surpresa.
— O quê?! Por que eu tenho que ficar neste quarto? — Ela pergunta,
com tom raivoso.
— Porque eu disse. Eu disse a você que tudo o que faço tem um
propósito. Você não vai me questionar, — eu digo a ela usando meu tom
Alfa.
— Eu te odeio, — diz ela. — Você é apenas um assassino. Um idiota
psicótico que tem prazer em machucar os outros. Já ouvi falar de você.
Eu sei tudo.
Minha cabeça gira com o que ela acabou de me dizer. Porra, ela nem
me conhece ou sequer sabe as razões pelas quais eu faço o que faço.
Estou furioso, tão furioso que não consigo pensar direito. Juro que
nunca ninguém me desrespeitou assim.
Meu lobo não vai tolerar isso, nem mesmo vindo de sua companheira.
Ele é um Alfa e exigimos respeito e obediência total e completa. Eu a
agarro e a empurro contra a parede, prendendo-a com meu corpo.
Passando minha mão por suas costas até chegar em seu cabelo, eu então
a puxo de volta para que ela esteja olhando para mim.
Ela fica surpresa e seus olhos se arregalam de medo. O cheiro de sua
excitação inunda o quarto. Que porra é essa?
— Você tem o hábito de julgar alguém antes de conhecê-lo? — Eu
pergunto a ela, respirando com dificuldade, tentando me controlar.
Ela lambe os lábios e balança a cabeça lentamente.
Meus olhos seguem o rastro de sua língua em seus lábios carnudos e
isso, misturado com o doce aroma de sua excitação, faz meu pau
endurecer dolorosamente em meu jeans.
Eu tenho que dar o fora daqui. Eu a deixo ir e dou alguns passos para
trás.
— Tenho trabalho a fazer. Vou mandar alguém com comida e o que
mais você precisar. Eu volto mais tarde, — eu digo a ela, saindo pela porta
e trancando-a atrás de mim.
Eu preciso controlar a mim e ao meu lobo. Ela é uma mulher
irritante, mas tenho que admitir que o que ela disse doeu. Nunca me
importei com o que os outros pensavam, mas quero que ela me aceite. Se
não for por mim, então que seja pelo meu lobo.
Eu faço meu caminho para o meu escritório e estabeleço contato
mental para meu beta vir me ver. Cinco minutos depois, alguém bate na
minha porta.
— Entre, — eu digo, ríspido, ainda chateado com tudo o que
aconteceu.
Lucas entra na sala e eu faço um gesto para ele se sentar.
— Tudo correu conforme o planejado. Alfa Roberson aceitou minha
proposta. Estaremos transferindo todos de Missouri para Minnesota, —
digo a ele.
— Eu tenho alguns telefonemas a fazer para que a nova casa da
matilha seja construída o mais rápido possível assim que o Alfa enviar a
escritura. Toby e Jay ficaram para trás para cumprir nossa parte do trato.
Ele acena com a cabeça e continua a ouvir.
— Eu também conheci minha companheira enquanto estava lá e a
trouxe comigo. Eu preciso que você marque uma reunião para às oito da
manhã para que eu possa dizer à matilha que encontrei sua Luna. Diga a
eles que esta reunião é obrigatória. Eu também preciso que você marque
um jantar formal para apresentá-la ao bando amanhã à noite.
Seus olhos se arregalam de surpresa mas ele rapidamente disfarça. Ele
já me viu com mulheres antes, mas nunca as deixei ficar por mais tempo
do que uma foda rápida.
— Claro. Alfa. Parabéns por encontrar sua companheira. Teremos
orgulho de ter uma Luna, — ele me diz. Eu apenas concordo.
Assim que o dispenso, outra batida vem à porta.
— Entre, — eu digo, irritado. A empregada de antes entra pela porta e
inclina a cabeça para mim.
— Vim buscar a lista, Alfa.
— Ah sim, eu preciso que você compre algumas coisas que uma
mulher pode precisar. Shampoo, escova de dentes, coisas dessa natureza.
Traga tudo para o meu quarto, — digo a ela, — e peça que uma refeição
seja entregue no meu quarto também.
— Sim. Alfa. — Ela abaixa a cabeça e sai. Eu inclino para trás na
minha cadeira e fecho os olhos, exausto de discutir com aquela mulher
teimosa o dia todo.
Ela provavelmente está procurando uma maneira de sair daquele
quarto, isso se ainda não encontrou uma.
Ela ainda está com medo de mim, mas tenta tanto esconder isso se
fazendo espertinha. Não sei se ela será capaz de superar o fato de que já
matei e provavelmente irei matar novamente. Sua matilha é frouxa, não
precisaram lutar para ter nada. Eu não sou tão ruim quanto meu pai era.
Aquele lobo fez coisas que eu sei que nunca poderia fazer. As coisas
que ele fez com minha mãe e comigo foram desprezíveis.
Eu me sento, não querendo pensar nisso agora. Aprendi que focar no
passado por muito tempo não é bom para ninguém. Minha mente
vagueia de volta para Alexia, dissipando os pensamentos de merda de
antes com facilidade.
Não consigo descrever a sensação de querer estrangulá-la e fodê-la ao
mesmo tempo.
Com esse pensamento, eu me levanto e faço o caminho de volta para
o meu quarto, meu lobo ansioso para vê-la novamente.
Capítulo 11
Alexia

Eu olho em volta pela milionésima vez tentando encontrar uma saída.


Eu não posso acreditar que aquele idiota me trancou em seu quarto.
Finalmente desisto, sabendo que a única saída seria uma longa queda
de uma varanda no quarto andar. Eu deito de volta na cama e suspiro
pesadamente. Eu não queria dizer aquelas coisas odiosas para ele, mesmo
que fossem verdade. Quero dizer, a parte do assassinato é real, mas não a
parte de eu odiá-lo.
A verdade é que eu não poderia odiá-lo, mesmo que quisesse. O
vínculo do companheiro garante que isso não aconteça.
Ele ficou tão na defensiva quando eu disse aquelas coisas. A dor que
ficou gravada em seu rosto quase quebrou meu coração. Quase. Mas a
maneira como ele me empurrou contra a parede me deixou muito
assustada.
Depois de um momento, porém, o medo foi rapidamente substituído
por uma necessidade repentina de ele estar dentro de mim.
Nunca senti a necessidade de ser completamente dominada por
alguém como naquele momento. Eu rolo na cama e inspiro
profundamente, sentindo o cheiro dos lençóis limpos. Mesmo que
tenham sido lavados há poucos dias, ainda posso sentir seu cheiro de
chuva fresca e pinheiro profundamente marcado neles.
Eu respiro fundo algumas vezes, o cheiro do meu companheiro é
como um toque calmante na minha alma. Eu fico ali por um tempo e
quase caio no sono antes de ouvir a porta sendo destrancada. Fecho os
olhos e não me movo, esperando que ele pense que estou dormindo.
Eu o ouço entrar e ir para o banheiro. Alguns momentos depois, ouço
o chuveiro ligar.
Depois de um tempo, o chuveiro é desligado e eu o ouço sair e abrir
sua cômoda. Abrindo um olho, tento dar uma espiada nele. Ele está com
uma toalha pendurada na cintura e ainda parcialmente molhado. Ele
pega um short e deixa cair a toalha. Estou quase tão atordoada quanto na
primeira vez que o vi nu.
— Ah, minha Deusa do céu! — minha loba ronrona.
Meus olhos percorrem rapidamente seu corpo, tentando assimilar o
máximo que posso. Este homem tem o corpo de Adônis, seu abdômen
espesso se transformando em um V. Meus olhos vão mais para baixo e
seu membro muito grande e muito ereto se contrai como se pudesse
sentir meus olhos nele e meus lábios se abrindo.
Ele puxa o short rapidamente e vira de costas para mim.
Eu seguro meu suspiro ao ver suas costas, uma dor imensa ressoando
em minha alma. Cicatrizes longas e profundas marcam suas costas.
Minha loba choraminga e não consigo imaginar a dor que ele deve ter
suportado enquanto isso estava sendo infligido.
Há uma vida inteira de sofrimento marcada permanentemente em
suas costas.
Ele pega uma camisa e a veste no momento em que escuta uma batida
na porta. Eu não me movo, ainda fingindo estar dormindo. Eu o ouço
trocar algumas palavras com alguém antes de fechar a porta e caminhar
até onde estou deitada.
— Eu sei que você está acordada, lobinha.
Eu fico paralisada, me perguntando se ele sabia que eu estava
acordada o tempo inteiro.
— Você não comeu a comida que pedimos na lanchonete. Eu trouxe
uma refeição para você, — ele diz, segurando um prato.
Meu estômago ronca alto com a menção de comida, então eu me
sento e pego o prato dele.
— Você vai comer? — Pergunto-lhe.
— Mais tarde. Você precisa comer.
Dou de ombros, pego um pedaço de presunto cru e coloco na boca.
Ele me observa atentamente enquanto como.
— Ele está com fome também, sua tola, deixe-o comer, — minha loba
rosna para mim.
Eu bufo e reviro os olhos, estendendo o prato para ele.
— Já estou cheia. Toma aqui, você pode comer o resto, — digo a ele,
embora ainda esteja com fome.
Ele suspeita da minha súbita oferta, mas eventualmente pega o prato
e termina a refeição em algumas mordidas.
— Você deveria dormir um pouco. Amanhã vai ser um dia agitado, —
diz ele, raspando o prato.
— O que exatamente vai acontecer amanhã?
— Amanhã à noite, você será formalmente apresentada como a Luna
da minha matilha, — ele me diz, levantando-se e apagando as luzes.
— E se eles não gostarem de mim? — eu pergunto, a ansiedade
revirando meu estômago.
— Eles não têm escolha. Eu decido o que é melhor para esta matilha.
Agora durma um pouco.
Ele se deita no sofá e eu mal consigo ver sua enorme silhueta na
escuridão. Seu corpo ocupa todo o sofá e mais um pouco.
— Você deveria deixá-lo dormir aqui conosco. Ele está desconfortável, —
minha loba me diz. Eu reviro meus olhos e deito na cama. Por que eu
deveria me importar se ele está confortável? Ele não me deixou nada
confortável, mantendo-me trancada em seu quarto como se eu fosse uma
prisioneira.
Ainda tenho tantas perguntas que quero fazer a ele, mas minha
mente continua pensando naquelas cicatrizes.
Que tipo de monstro poderia infligir esse tipo de ferida em alguém? O
que ele poderia ter feito para merecer isso?
Eu eventualmente ouço sua respiração se aprofundar e fecho meus
olhos, caindo em um sono profundo sem sonhos.
Na manhã seguinte, a luz brilhante do sol entrando no quarto me faz
abrir os olhos. Checando em volta, noto que estou sozinha. Eu olho para
a mesa ao lado da cama, onde um prato cheio de panquecas e bacon está
junto com uma xícara de café ainda fumegante. Há uma nota deixada ao
lado dela.
Volto para buscá-la esta noite. Esteja pronta. — R. S.
— Que charmoso, — eu digo, em tom sarcástico. Eu me levanto, vou
até a porta e tento abrir a maçaneta. Trancada novamente, é claro. Acho
É
que vou ficar presa nesse quarto pelo resto do dia. É melhor me
conformar com isso.
Pego o prato e a xícara de café e vou para a varanda. Sento-me do lado
de fora e tomo meu café da manhã com o sol quente em minha pele.
Tenho saudades da minha casa, mas tenho que admitir que este lugar
é lindo. Minha loba está ansiosa para correr e explorar o novo território,
perguntarei ao meu companheiro se podemos sair depois de encontrar
sua matilha esta noite.
Um pouco depois, ouço uma batida na porta e, em seguida, alguém a
destranca.
Volto para dentro do quarto e vejo a mulher que encontramos nas
escadas ontem passando pela porta. A julgar pela conversa deles, ela deve
ser uma empregada doméstica. Minha loba rosna alto, enviando uma
mensagem clara. Ela não gosta que essa mulher esteja no quarto de seu
homem.
Seus olhos se arregalam de medo e ela rapidamente abaixa a cabeça.
— Bom dia, Luna. Alfa me pediu para trazer algumas coisas que você
possa precisar.
Luna? Meu companheiro obviamente já informou sua matilha sobre
mim. Eu pego as sacolas de seus braços e checo o que tem dentro.
Realmente vou precisar de desodorante, escova de dentes e mais alguns
produtos de higiene pessoal. Eu olho para cima e a vejo segurando um
outro pacote.
— Alfa solicitou que você usasse isso hoje à noite, — diz ela, sem me
olhar nos olhos.
Eu observo o pacote com atenção antes de abri-lo. É um lindo vestido
branco. Eu fico admirando o vestido, pasma, até lembrar que a mulher
ainda está parada na minha frente.
— Obrigada, — eu digo, disfarçando.
— Claro, Luna. — Ela balança a cabeça e sai do quarto rapidamente,
trancando a porta atrás dela. Eu olho para o vestido em minhas mãos
novamente e o coloco na cama. Por que ele me compraria um vestido?
Ele provavelmente pensa que não posso me vestir sozinha para um
evento formal. Quer dizer, eu realmente quero mesmo ser uma Luna?
— Eu quero, — minha loba rosna para mim. Revirando os olhos, vou
para o banheiro. Depois de um banho longo e quente, começo a me
animar. Eu seco meu cabelo e enrolo as pontas, deixando-os soltos pelas
minhas costas.
Escolho um look mais natural, apenas um delineado gatinho e um
toque de rímel.
Eu coloco o vestido e devo dizer que me vestiu muito bem. A parte
superior do vestido se ajusta perfeitamente, a frente caindo para baixo, a
parte inferior fluindo lindamente até os meus pés. É simples, mas
elegante.
Isso está muito longe de minhas camisetas de banda habituais, mas
quem está na chuva, é pra... sabe?
Estou olhando para meu reflexo no espelho do banheiro, quando a
porta se abre. Alfa Stone entra e para no meio do caminho, seus olhos
vagando lentamente pelo meu corpo até que param no meu rosto. Parece
que ele estava avaliando.
— Alfa Stone, — digo.
Ele rosna com um certo prazer enquanto seus olhos me olham
novamente e ele dá mais alguns passos até que fica bem atrás de mim.
— Alfa Stone? — eu digo novamente.
Ele agarra minha cintura e me gira tão rapidamente que fico tonta. Eu
sinto seu lobo lutando pelo controle enquanto ele abaixa a cabeça e
enterra o nariz no meu pescoço.
Ele cheira profundamente e eu o sinto endurecer através do tecido
fino do short que está vestindo.
O calor inunda meu corpo e tenho que colocar minhas mãos em seu
peito para me equilibrar.
Ele agarra minha cintura com força, seus dedos longos e grossos
cavando em minha pele. Faíscas parecem sair de todos os lugares que ele
me toca e meu corpo se contrai.
Ele me pressiona uma vez, seu membro duro empurrando minha
barriga, e meu corpo roça contra sua dureza por conta própria.
Ele libera um gemido profundo que vibra por todo o meu corpo e
meus dedos do pé se curvam. Sinto seus dentes na pele sensível do meu
pescoço e então paraliso. Ele deve ter notado porque me solta e dá alguns
passos para trás.
Ele ajeita seu short e esfrega sua nuca.
— Desculpe, estou tendo dificuldade em controlar meu lobo perto de
você, — ele me diz.
Eu não digo nada, apenas olho para qualquer lugar evitando olhar pra
ele.
— Então — ele pigarreia — espero que goste do seu vestido. Eu
mesmo escolhi.
— Eu gostei, — digo, balançando a cabeça. — Obrigada, Alfa Stone.
— Você pode me chamar pelo meu primeiro nome, sabe? Você é
minha companheira. — Ele sorri um sorrisinho sexy que faz meus dedos
do pé se curvarem novamente.
— Obrigado, pelo vestido. Rainier. É lindo. — eu digo honestamente,
e ele sorri de novo, uma covinha profunda marcando uma de suas
bochechas.
Droga, eu realmente poderia me acostumar com esse sorriso.
— Deixe-me tomar um banho rápido antes de sairmos, — diz ele. —
Estava treinando alguns dos meus lobos mais jovens hoje. — Eu
concordo, saindo do banheiro rapidamente. Procuro em minhas bolsas
um par de sapatos.
Não gosto muito de coisas chiques e com babados, então opto por
deixar essa roupa mais ao meu estilo.
Puxando meus tênis All Star Chuck Taylor, sento na cama e começo a
amarrá-los.
Ele termina de tomar banho e sai com uma toalha enrolada na
cintura. Enquanto ele está tirando as roupas do armário, meus olhos
fixam em suas costas machucadas e não consigo segurar as palavras que
saem da minha boca em seguida.
— Quem fez isso com você? — eu sussurro.
Seu corpo fica tenso e ele fica parado. Tudo fica em silêncio até que
ele fala novamente.
— Você se lembra de como você me chamou de monstro? — ele range
os dentes e eu estremeço, sentindo uma pontada de culpa no estômago.
— Isso é o que um monstro de verdade faz, — diz ele com raiva.
Pegando suas roupas, ele volta para o banheiro e fecha a porta.
— Você não pode ver que ele está sofrendo? Dê uma folga para ele, —
minha loba me repreende enquanto eu fico olhando para ele. Ele volta
alguns minutos depois usando um jeans escuro e uma camisa de manga
comprida preta.
Ele ainda parece chateado e nem mesmo olha para mim.
— Vamos acabar com isso, — diz ele friamente. — Minha matilha está
animada para conhecer sua Luna, que nem mesmo quer estar aqui.
Outra pontada de culpa assola meu estômago e começo a me
desculpar, mas em vez disso, mantenho minha boca fechada. Eu me
levanto e o sigo porta afora, esperando que um dia minha vida faça
sentido para mim.
Capítulo 12
Rainier

Hoje tudo correu bem, tão bem que eu sabia que não iria durar
muito.
Dava para notar o desgosto em seu rosto quando ela viu minhas
costas, não que eu estivesse tentando esconder. Ela as teria visto mais
cedo ou mais tarde. As cicatrizes que meu pai deixou para trás são
horríveis, então não posso dizer que não esperava essa reação. Não tenho
vergonha delas porque me xinguei. Aquele merda nunca vai machucar
outra alma.
Eu desço as escadas com ela me seguindo logo atrás. Percebo que ela
quer dizer algo, mas espero que não diga.
Não preciso que ela me julgue e definitivamente não quero sua pena.
Eu vou até o local onde minha matilha organizou a recepção. O cheiro de
churrasco preenche o ar e o som das conversas e risadas chega aos meus
ouvidos.
Eu faço um gesto para que ela me siga, levando-a para a frente da
matilha. Estou tentando ao máximo me concentrar no agora e não ficar
no passado.
Minha matilha fica em silêncio com a nossa entrada, todos os olhos
voltados exclusivamente para sua Luna. Chegamos à frente e posso ouvir
o coração de Alexia batendo de forma acelerada em seu peito.
Dou um pequeno aperto em sua mão e ela fica tensa no início, mas
depois de alguns segundos, ela relaxa.
— Obrigado a todos por terem vindo, — eu me dirijo ao meu bando.
— Como vocês sabem, eu encontrei minha companheira enquanto
visitava a Matilha de Northridge.
As felicitações e aplausos da minha matilha me enchem de orgulho.
Eu puxo Alexia para que ela fique na minha frente.
— Esta é Alexia Moon, sua Luna.
Os lobos fazem ainda mais barulho, a excitação preenche o clima
quente da noite. Ela dá um pequeno aceno e se coloca ao meu lado como
se isso fosse protegê-la de todos os olhares curiosos. Eu levanto minha
mão para silenciar meus lobos.
— Todos vocês terão a chance de conhecê-la depois, mas por agora
vamos comer.
Eu pego a mão da minha mulher e a levo para uma enorme mesa
cheia de comida. Todos os tipos de carnes e vegetais são servidos e ouço
seu estômago roncar. É costume o Alfa comer primeiro, então minha
matilha se alinha atrás de mim.
Pego dois pratos e os encho com costelas bovinas e carne de porco
desfiada. Ela me segue até a mesa do Alfa e eu coloco os pratos na mesa.
Puxando sua cadeira, faço um gesto para que ela se sente.
Eu me acomodo na cabeceira da mesa e ela do meu lado direito. Pego
uma garfada de carne de porco desfiada e levo até sua boca. Eu olho ao
redor e percebo que minha matilha parece genuinamente chocada.
Ela hesita por uma fração de segundo, seus olhos cheios de incerteza,
mas ela finalmente dá a mordida. Eu rosno, grato por não ter que
envergonhá-la na frente do bando batendo em sua bunda.
A conversa aumenta ao nosso redor novamente e todos começam a
comer. Jantamos em silêncio até que ela descansa o garfo e pigarreia.
— Eu não queria te chatear mais cedo, — ela sussurra enquanto estou
terminando meu prato. Eu apenas aceno com a cabeça, não querendo
tocar nesse assunto aqui.
Ela entende a dica, sem dizer mais nada. Quase me sinto mal por
censurá-la, mas não é isso que ela está fazendo comigo?
Depois que terminamos de comer, passamos as próximas horas
deixando os membros de nossa matilha se apresentarem a ela. Ela parece
genuinamente feliz pela primeira vez desde que chegou aqui.
Ela se encaixa muito bem com meus lobos.
Eu me afasto para deixá-la conhecer a todos, e não posso deixar de
admirar o quão bonita ela é.
Seu sorriso ilumina seu rosto e seus olhos fazem a lua cheia parecer
feia. Nunca vi nada mais lindo do que aquele sorriso. Porra, eu sabia que
isso ia acontecer. Ela não pode sair sozinha, não com todos os malandros
vagando por aí, e eu duvido que vá aceitar isso, mas não vou deixar nada
acontecer com ela.
A noite finalmente está acabando e muitos da matilha foram para
casa. Estou perdido em pensamentos, absorvendo cada pedacinho dela
enquanto posso, quando ela se vira e fala comigo.
— Alfa Stone?
Eu aceno para ela para que ela saiba que estou ouvindo.
— Posso correr hoje à noite? Eu realmente preciso deixar minha loba
sair, — ela diz nervosamente. Ela esfrega as mãos e me olha com
esperança.
Porra, eu sabia que isso ia acontecer. Ela não pode sair sozinha, não
com todos os malandros vagando por aí, e eu duvido que vá aceitar isso,
mas não vou deixar nada acontecer com ela.
— Você pode, — eu digo a ela, e ela suspira de alívio.
— Com uma condição. Eu vou com você.
— Por que? Eu disse que não preciso de uma babá, — ela diz,
estreitando os olhos.
— Há coisas perigosas nesta floresta. Coisas que não hesitarão em
rasgar sua garganta. Ou eu vou com você ou você não vai. Ponto final. —
eu digo em meu tom Alfa.
— Tudo bem, — diz ela, revirando os olhos.
— Cuidado como você fala, pequena loba ou vou pintar sua bunda de
vermelho. Agora, eu sugiro que você seja uma boa menina. — Seus cílios
se arregalam e suas bochechas ficam em um tom profundo de rosa. Ela
fica em silêncio, o que provavelmente é a melhor ideia que ela já teve.
— Vamos, — digo, e ela me segue rapidamente, tentando acompanhar
meus passos largos.
Eu a levo até o começo da floresta, onde campos abertos encontram
uma linha de árvores densas e suntuosas. Eu começo a tirar minhas
roupas para me transformar e minha pequena fêmea me encara
profundamente.
Ela pode me negar tudo o que ela quiser, mas não a maneira como seu
corpo responde ao meu.
Eu chamo meu lobo e ele vem mais rápido do que nunca. Ele vai
direto até ela e começa a cheirá-la, inalando-a profundamente. Ele lambe
suas bochechas algumas vezes e se deita aos seus pés ansioso para ver sua
companheira.
Ele pode ser mortal para qualquer outro lobo, mas ele morreria por
ela.
Ela vacila, parecendo pesar os prós e os contras e quase acho que ela
vai desistir. Meu lobo choraminga e isso parece convencê-la. Ela tira a
roupa rapidamente e se transforma sem esforço, um pelo grosso de ônix
aparece, substituindo o que era sua pele.
Seu lobo é impressionante, incrível.
Ela lambe meu focinho e nos revezamos esfregando nossos corpos
um contra o outro, compartilhando nossos cheiros. Eu mordo seu
pescoço suavemente, sem machucá-la, apenas o suficiente para que ela
saiba quem eu sou. Ela oferece o pescoço para mim, em seguida, me
belisca de brincadeira.
Ela foge, e meu lobo não consegue resistir à perseguição. Eu corro
atrás dela, mordendo sua cauda.
Ela corre para o meio da floresta, pulando sobre árvores caídas com
graça, mas ela não é páreo para mim. Eu pulo sobre ela e rolamos vários
metros, beliscando levemente um ao outro.
Ela se levanta, sabendo que foi pega, e levanta o rabo para o meu lobo.
Ele imediatamente a monta.
Eu me afasto, desejando que ele pare, mas é tarde demais. Ele afunda
os dentes profundamente em seu pescoço, reivindicando-a como sua.
Eu sinto o vínculo de companheiro se aprofundar ainda mais, alguma
parte oculta do meu coração se mostra, uma parte que eu pensei que não
existia.
Depois que ele finalmente está saciado, ele a solta e eu me transformo
instantaneamente. Ela faz o mesmo e começa a voltar por onde viemos.
— Alexia, — eu grito para ela, mas ela me ignora.
Eu a sigo, sem saber o que dizer. Eu não pude pará-lo. Sua loba o
convidou totalmente, e ele viu sua chance e aproveitou. Finalmente
conseguimos voltar e ela começou a se vestir rapidamente. Eu começo a
dizer algo, qualquer coisa, mas meu beta nos interrompe antes que eu
tenha a chance de terminar.
Eu rosno alto, não gostando de outro homem perto da minha mulher
enquanto ela ainda está seminua.
— Alfa Stone. sinto muito incomodá-lo, — diz ele, sem fôlego. Eu fico
na frente da minha mulher e ele continua com seus olhos fixos em mim.
— Um bandido foi pego a alguns quilômetros da fronteira sul. Ele
passou pelos primeiros guardas de alguma forma e atacou uma de nossas
mulheres. Nós o colocamos em uma das celas.
— Por que você não fez contato mental comigo? — eu grito. Estou
muito puto, por não ter sido informado dessa merda imediatamente.
— Sinto muito. Alfa. Eu tentei, porém não consegui.
Tenho certeza de que a culpa está evidente no meu rosto quando
penso no que estava fazendo quando isso aconteceu.
— A garota, ela está viva? — eu pergunto a ele em voz baixa. Ele
balança a cabeça de um lado para o outro lentamente.
Eu tremo de raiva, meu lobo e eu irritados por não termos protegido
outro membro da matilha.
Eu uivo, meu corpo vibrando de pura fúria. Eu tento ficar calmo pelo
bem da minha mulher, mas não há como me conter agora. Este bandido
vai morrer esta noite pelas minhas mãos. Vou arrancar sua garganta e
terei grande alegria com isso.
Eu olho para ela e não acredito no que vejo. Esperava ver uma mulher
acuada pelo medo, mas ela permanece imóvel, completamente silenciosa.
— Certifique-se de que sua Luna volte para o meu quarto em
segurança, — digo a ele, e ele acena com a cabeça.
— Claro, Alfa. — Eu me viro e vou para as celas da matilha. Caralho,
essa vai ser uma noite longa.
Capítulo 13
Alexia

Não vou voltar para o quarto dele agora de jeito nenhum.


A dor profunda que emana dos olhos de Rainier pela morte de um
membro da matilha é o suficiente para colocar meus sentimentos sobre o
que aconteceu antes em espera.
Minha loba choraminga e eu sinto uma leve dor no peito enquanto
ela rosna novamente, a fúria irradiando de seu corpo. O beta vem até
minha frente e fala, mas meus olhos estão grudados nas costas de Rainier
enquanto ele sai.
— Deixe-me levá-la de volta para o seu quarto, Luna, — Lucas diz.
— Nosso macho precisa de nós, — minha loba me encoraja.
— Eu tenho que ir com ele, — eu digo e corro para alcançar meu
companheiro.
— Eu quero ir com você, — digo a ele enquanto o alcanço.
— Volte para o nosso quarto, agora, — ele rosna baixo. — Você está
muito fraca.
— Fraca? Eu sou sua Luna e aquela fêmea fazia parte da minha
matilha também. Eu quero estar lá.
— Você não é oficialmente Luna até que estejamos totalmente
acasalados e você mostre minha marca em sua pele, — ele afirma
friamente.
— Como você chama o que seu lobo acabou de fazer comigo? — eu
digo, ficando sem fôlego tentando acompanhá-lo.
— Meu lobo marcou o seu. Não estamos totalmente acasalados até
que sua pele ostente minha marca, o que você parece totalmente
decidida a não deixar acontecer.
Outra pontada de dor atinge meu peito e eu esfrego o local, tentando
aliviá-la.
— Eu quero ir, por favor, — eu digo. Ele não diz nada mas também
não me impede, então eu continuo a segui-lo.
Chegamos a um prédio perto da fronteira da matilha e meus olhos
percebem a condição degradada dele.
É de tijolo maciço, quase escondido por hera e outras folhagens.
Dois guardas estão do lado de fora de uma porta de metal que leva ao
prédio. Eles baixam a cabeça quando nos aproximamos e abrem a porta
para nos deixar entrar. Caminhamos por um corredor escuro e descemos
algumas escadas, tochas mal iluminadas estão colocadas ao longo do
caminho.
Um arrepio percorre minha espinha e eu instintivamente me
aproximo do meu companheiro.
O cheiro de carne podre invade meu nariz quando chegamos ao final
e tenho que conter a bile que ameaça sair do meu estômago. Virando o
corredor, vejo várias celas pequenas fechadas com barras de prata. Uma
risada psicótica preenche o espaço, eu paraliso e o som que ecoa faz os
cabelos na minha nuca se arrepiarem.
Rainier vai direto para a cela mais distante, a fúria comanda cada
movimento seu.
— Quem diabos é você? — ele exige.
— Então, quer dizer que esta é a sua Luna, Alfa Stone? — diz uma voz
seca e enrouquecida vinda de dentro da cela. — Ela tem um cheiro
delicioso.
Meu coração quase para e minha garganta aperta, restringindo minha
respiração.
Rainier rosna alto, o som retumbando no fundo de seu peito. Ele
destranca a cela e puxa o bandido para fora. Ele cai no chão de concreto,
seu corpo nu sujo e crivado de cicatrizes.
Seus olhos me encontram, e ele sorri, um sorriso sádico e cheio de
dentes que se espalha por todo o seu rosto.
— Ele vai comê-la, pequena loba, — ele diz. cantarolando.
Rainier se abaixa e o agarra pelo pescoço.
— Que merda que você está falando? — ele grita e o bandido ri
friamente.
— Meu líder está vindo para levar tudo o que por direito pertence a
ele, incluindo aquela vadiazinha, — diz ele, olhando para mim e
rosnando.
— Quem é o seu líder? — Rainier rosna baixinho, seus dedos
apertando a garganta do homem ainda mais forte.
— Você não sabe nada sobre sua família, lobo? — Ele ri de novo ao
mesmo tempo que tenta recuperar o ar, com os olhos saltando das
órbitas.
As unhas de Rainier se alongam em garras longas e afiadas. Ele segura
o bandido no lugar com uma mão e a outra mergulha direto em seu
peito.
O sangue encharca o chão e o cheiro metálico quase encobre o cheiro
rançoso e podre da cela. Quase não consigo acreditar no que estou
assistindo enquanto ele puxa a mão de volta, o coração do bandido ainda
batendo em seu punho.
O corpo dele desfalece e Rainier o joga no chão junto com o coração.
O sangue está espalhado por todo o rosto do meu companheiro,
fazendo-o parecer um guerreiro e eu nunca vi nada mais bonito, mas ao
mesmo tempo assustador. Ele vem até mim e agarra minha mão, me
puxando para seu lado. Eu fico em silêncio durante todo o caminho de
volta para a casa da matilha e até seu quarto.
Quando chegamos em seu quarto, ele vai direto para o banheiro e eu
ouço o chuveiro ligar.
Eu queria ficar enojada com o que acabei de ver. A imagem dele
segurando um coração ainda batendo passa pela minha mente, mas não
me afeta como eu pensei que faria.
O bandido havia matado um dos membros de sua matilha. A justiça
foi feita no que me diz respeito, mas estou curiosa para saber o que o
bandido disse.
Ele sai do chuveiro e veste uma cueca boxer. Ainda estou parada
enquanto ele apaga as luzes e se deita no sofá.
— Rainier?
— O que? — ele responde de volta.
— O que aquele bandido quis dizer? Sobre seu líder vir tomar o que é
seu por direito? — eu pergunto com cuidado.
— Não sei. Agora durma um pouco, — diz ele asperamente. Eu
rapidamente troco minhas roupas por uma de suas camisetas antes de
subir na cama. Depois de alguns segundos, decido tentar a sorte.
— Por que ele perguntou se você não sabia nada sobre sua família?
Ele não responde e eu quase acho que ele adormeceu quando ele
rosna baixo em sua garganta.
— Minha família está morta, — ele rosna, e isso é tudo que preciso
ouvir para calar a boca. — Durma um pouco. Faremos uma visita à
família do falecido na primeira hora da manhã, — diz ele friamente.
Fico deitada em silêncio, tentando encaixar as peças de um quebra-
cabeça que não se encaixam. Sempre ouvi que ele era um assassino
sádico, mas a maneira como ele cuida de sua matilha parece indicar o
contrário. Ele estava realmente chateado com a morte de um membro da
sua matilha esta noite. Ele se preocupa profundamente com eles, disso
não posso duvidar.
Eu fecho meus olhos e depois de algumas horas, caio em um sono
profundo.
Um barulho me acorda durante a noite. Sento-me na cama e olho em
volta, apurando os ouvidos para ouvir de novo. Rainier grunhe e se
contorce no sofá, sons quase inaudíveis saindo de sua boca.
— Não, não, não, por favor, — ele choraminga. — Não a machuque de
novo.
De quem ele está falando? Ele parece tão vulnerável, tão fraco, nada
parecido com o que ele é normalmente. Eu fico em silêncio e imóvel,
meu coração palpitando enquanto ele grita.
— Ele precisa de nós, — minha loba me diz. — Vá até ele. — Eu me
levanto e caminho lentamente em direção ao sofá. Descendo, eu passo
meus dedos ao longo de sua testa e pela sua bochecha mal barbeada,
tentando suavizar a tensão de seu rosto.
Ele se acalma até eu tirar minha mão e ele logo fica tenso novamente.
Sento-me ao lado do sofá e passo os dedos por seus cabelos. Ele relaxa
mais uma vez e sua respiração fica mais regular. Deito minha cabeça ao
lado da dele com meus dedos ainda em seus cabelos, sentindo o conforto
de estar perto de meu companheiro.
Eu fecho meus olhos para descansá-los por um momento, e antes que
eu perceba, o cheiro de chuva fresca e pinheiro me embala em um sono
profundo.
***

Na manhã seguinte, eu esfrego meus olhos enquanto o som da chuva


enche meus ouvidos. Sinto grandes braços em volta de mim e enterro
meu nariz profundamente no cheiro quente de pinheiro.
Acho que nunca me senti tão confortável.
Uma luz brilhante cruza o quarto e o som alto de um trovão, me
acorda completamente. Eu olho e vejo que estou deitada em cima de
Rainier. Tento me levantar antes que ele saiba que estou aqui, mas seus
braços grossos me apertam.
É neste momento que eu sinto seu membro endurecer contra minha
coxa e, minha Deusa, é enorme.
Eu me movo levemente e ele lateja embaixo de mim.
— Continue se contorcendo assim, lobinha, e veja o que acontece, —
ele diz sonolento, e eu olho para cima novamente e vejo o sorriso mais
sexy curvando seus lábios.
Eu aperto minhas coxas com força, tentando aliviar a necessidade
repentina dentro de mim.
Ele rosna baixinho, o som vibrando por todo o meu ser, e ele inala
profundamente, minha excitação permeando o ar que nos rodeia. Ele
agarra a parte de trás das minhas coxas e me vira de costas.
Seus olhos encaram os meus antes de viajar pelo resto do meu corpo,
arrepios explodindo onde quer que seus olhos me toquem.
— Você é a mulher mais linda que eu já vi, — ele diz suavemente,
quase para si mesmo.
Ele abaixa a cabeça no meu pescoço, e sinto seus caninos se
alongarem contra a minha garganta. Ele morde levemente, sem romper a
pele, e não posso evitar o pequeno gemido que me escapa.
Apoiando-se com uma mão, ele segue com a outra pela minha
cintura, seu polegar roçando a parte inferior do meu seio enquanto beija
minha mandíbula e meu pescoço.
— Você tem um gosto tão bom. — ele diz, sua voz abafada por seus
lábios sendo pressionados contra a minha pele. Seus lábios queimam
minha pele em todos os lugares que tocam e meu corpo não consegue
deixar de responder.
Estou tão perdida neste momento com ele que quase não ouço a
batida na porta.
Ele também não ouve, ou talvez simplesmente ignore, porque não
para o que está fazendo.
Outra batida vem, mais urgente do que a anterior.
— Porra, é melhor que seja importante, — ele rosna alto. Ele se
levanta e leva um momento para se recompor antes de abrir a porta. Seu
beta está do outro lado com uma expressão nervosa.
— O QUE?! — ele grita.
— Alfa, sinto incomodá-lo, mas pegamos outro bandido a oito
quilômetros da fronteira sul.
— Porra! Alguém se machucou? — Rainier exige enquanto passa a
mão pelos cabelos grossos e escuros.
— Não, ninguém se machucou, mas esse não é o problema, — afirma
Lucas com cautela. — Este bandido é do mesmo clã da noite passada e
você não vai acreditar no que ele está dizendo.
Depois de mais um minuto, ele fecha a porta e começa a se vestir.
— Tenho negócios importantes para cuidar, — diz ele. — Eu espero
que você não se meta em problemas. Não deixe os arredores da casa da
matilha e não vá para a floresta. Um dos meus guerreiros estará com você
o tempo todo até que eu possa nomear um guarda exclusivo para você.
Eu aceno, curiosa sobre o que o bandido falou. Eu não digo nada, mas
começo a fazer planos para segui-lo. Ele abre a porta para sair e olha para
mim, uma expressão paira em seu rosto como se ele soubesse
exatamente o que estou pensando.
Eu sorrio docemente e ele fecha a porta, deixando-me sozinha.
É hora de descobrir por mim mesma o que está acontecendo por aqui.
Capítulo 14
Rainier

Entro no prédio mal iluminado e desço até as celas. Meu lobo rosna
quando o cheiro fresco de bandido invade meu nariz.
— Quem é você e por que está no meu território? — eu pergunto ao
homem quando chego em sua cela.
— Meu líder pediu que lhe trouxesse uma mensagem, — ele rosna.
— E do que se trata?
— Ele quer conhecer seu irmão mais novo, é claro, — ele diz
enquanto me olha. — Você se parece muito mais com ele do que eu
imaginava.
— Eu não tenho um irmão. Eu não tenho mais família, — eu solto.
— Ah, tem sim, lobo. Não há como negar.
— CHEGA! — eu grito. — Não quero mais ouvir suas besteiras. — Eu
saio imediatamente para não matá-lo como fiz com o último. Ele pode
ser útil mais tarde. Volto para as escadas e vejo Alexia parada ali,
provavelmente me espionando.
— Por que você me seguiu?! — eu pergunto a ela em voz alta. — Você
não consegue seguir instruções simples?!
Ela abre a boca para falar, mas eu agarro seu braço e a arrasto para
fora do prédio e de volta para casa da matilha. A pego e a jogo por cima
dos meus ombros, subo as escadas e vou para o meu quarto. Eu a coloco
no chão logo que entramos e bato a porta atrás de mim.
— Você me desrespeitou pela última vez, pequena loba. — eu digo a
ela, tirando meu cinto.
Ela me olha horrorizada, eu a agarro novamente e a curvo sobre a
cama. Ela se contorce em protesto, mas eu a seguro e puxo suas calças
para baixo. Assim que sua bunda redonda perfeita é exibida diante de
mim, minha raiva se dissipa e todo o sangue do meu corpo corre direto
para o meu pau.
Eu pressiono uma mão contra suas costas para segurá-la e uso minha
outra mão para bater com o cinto em sua bunda. Ela grita e se contorce,
sua bunda ficando em um bonito tom de vermelho.
Eu coloco minha mão sobre a vermelhidão e aperto suavemente antes
de arrastar devagar meus dedos por sua pele.
Eu a ouço suspirar suavemente e eu fico ainda mais duro. Eu quero
essa mulher enrolada em volta de mim, me apertando por todos os lados.
Eu bato com o cinto de novo, com mais força desta vez. Ela se
contorce debaixo de mim, então eu corro minha mão sobre o local
suavemente. Eu levo minhas mãos por sua bunda até seu o meio de suas
pernas.
Meus dedos mal raspam sob sua calcinha de renda preta, provocando
o mais lindo gemido vindo dela.
Deusa, ela está encharcada, mel escorregadio cobrindo meus dedos
quando eu os puxo para inspecioná-los.
Eu gemo alto, meu pau latejando dolorosamente no meu jeans.
Pegando-a, eu a viro para me encarar. O desejo permanece em seus
olhos, mas ainda vejo uma pitada de medo.
Eu sei que não posso tê-la ainda, mas quero que ela me sinta. Não
quero nada mais neste momento do que dar prazer a minha fêmea. Eu
seguro sua nuca e a puxo para perto. Meus lábios tocam sua mandíbula e,
em seguida, sua orelha levemente.
— Deixe-me cuidar de você. Eu prometo que não vou fazer nada
enquanto você não estiver pronta. — eu sussurro.
Verdade seja dita, não há nada que eu não faria por esta mulher,
mesmo ela sendo tão irritante.
Ela já conquistou meu coração de alguma forma e aconteceu tudo tão
rapidamente. Ela lambe os lábios nervosamente e acena com a cabeça.
Eu corro meus dedos por seu cabelo escuro e o agarro suavemente.
Abaixando minha cabeça, eu toco meus lábios nos dela. Eu a beijo e
ela abre a boca, me convidando para entrar.
Ela traça sua língua sobre a minha, nossos lábios se movendo em
perfeita sincronia. O sabor dela me preenche completamente, sendo
marcado com fervor em minha memória. Eu sei que este é um momento
do qual vou lembrar até o dia em que encontrar a lua.
Agarrando sua cintura, eu a puxo para mim e a beijo com mais força.
Suas mãos percorrem minha barriga antes de tirar minha camisa.
Eu corro ambas as mãos por sua blusa e sob suas curvas, fazendo
arrepios correrem por sua pele macia. Correndo meus polegares por cima
de seus seios, eu removo sua camiseta rapidamente e a jogo para o lado.
Suas mãos se movem para desabotoar minha calça, mas eu agarro seu
punho rapidamente.
— Agora não, lobinha, — digo a ela. — Deixe-me vê-la.
Eu dou um passo para trás e minha boca enche de água ao vê-la
vestida com nada além de uma pequena calcinha de renda preta. Seus
seios fartos e redondos são perfeitos e seus lindos mamilos se contraem,
mostrando sua excitação.
Eu lambo minha boca enquanto meus olhos percorrem sua cintura
sinuosa até suas coxas grossas, coxas que eu quero enroladas em mim
com força.
Eu a empurro de volta para a cama e ela se deita, sem tirar os olhos de
mim.
— Abra suas pernas para mim. bebê. Eu quero ver você, — eu digo a
ela. Ela abre as pernas lentamente, exibindo-se para mim, o pequeno
pedaço de renda esconde suas dobras rosas e escorregadias.
Eu gemo alto e acaricio meu pau enquanto a admiro. Ela é linda pra
caralho, tão linda.
Eu subo entre suas pernas e beijo a parte interna de seu joelho antes
de me dirigir para entre suas coxas, o lugar onde ela mais precisa de mim.
Ela suspira quando eu beijo sua parte mais sensível e delicada e chupo
levemente.
Leva apenas um minuto lambendo-a até que ela se contraia e inunde
meu rosto com sua essência. Eu vou para cima dela e a beijo com força, o
gosto dela ainda na minha língua. Ela desabotoa minhas calças e as baixa
até a metade antes que eu possa impedi-la novamente. Agarrando seus
dois punhos, eu os prendo acima de sua cabeça e me inclino ao lado de
sua orelha.
— É melhor você parar, lobinha, você ainda não está pronta para isso,
— eu digo enquanto esfrego meu membro duro contra seu corpo. Que
bom que ainda estou de cueca ou eu já estaria dentro dela.
Ela se curva e eu não posso deixar de também me curvar de volta para
ela. Em pouco tempo, estou me esfregando nela, uma fina camada de
roupa é a única coisa bloqueando meu caminho.
Eu mexo meus quadris uma última vez antes de sentir meu pau
quente pulsar, um líquido espesso vaza pelo tecido da minha cueca e cai
na barriga dela, seus olhos reviram enquanto eu a domino novamente.
— Porra, — eu gemo alto descansando minha cabeça em seu peito.
Consigo escutar meu coração bater forte e meu pau ainda pulsa a
cada batida. Eu saio de cima dela e deito ao seu lado na cama, ainda
respirando com dificuldade por causa do esforço. Nenhum de nós diz
nada por um tempo até que ela quebra o silêncio.
— Sinto muito por me intrometer mais cedo.
Quase me esqueci disso. Essa danadinha vai me dar mais problemas
do que eu imaginava.
— Você vai me obedecer. Senão da próxima vez, sua punição será
muito pior, — digo a ela, sabendo que nunca poderia machucá-la de
verdade. Ela fica em silêncio por um instante e eu acho que finalmente
ela entendeu.
— Vai me contar sobre você? — ela pergunta baixinho.
— Não há muito o que saber.
— Como você se tornou Alfa? — ela continua.
— Como você acha que me tornei Alfa? — eu questiono de volta,
percebendo que ela já sabe a resposta. Ela fica quieta, então eu continuo e
confirmo suas suspeitas.
— Eu matei meu pai há cinco anos e tomei seu título. Meu único
arrependimento é não ter feito isso antes.
— Como você pode matar sua própria família? — ela pergunta ainda
mais baixinho do que antes.
— Não fale sobre o que você não entende, lobinha.
— Então me ajude a entender, — ela sussurra.
Eu não quero pensar sobre isso agora.
Memórias de meu pai batendo em minha mãe até a morte passam
pela minha mente e a tristeza enche minha alma por completo.
— Você pode me dizer, — ela diz calmamente e um olhar de
preocupação brota em seus olhos.
— Meu pai tinha muito orgulho de seu bando, mas de mim e minha
mãe, nem tanto. Ele é a razão das cicatrizes nas minhas costas. Ele me
dava duas chicotadas com um chicote de prata todos os dias quando era
mais jovem. Ele disse que isso me deixaria mais resistente, — eu digo,
minha voz tensa enquanto me lembro da minha infância.
— Ele batia na minha mãe também, até que um dia ele só parou
quando ela já não respirava mais. Ele a matou bem na minha frente,
mesmo eu implorando para ele parar. Eu simplesmente não era forte o
suficiente para detê-lo. Ele disse ao nosso bando que foi um bandido que
a matou, — eu continuo enquanto a raiva cresce dentro de mim.
— Depois que ele fez isso, treinei todos os dias durante quatro anos.
Dia e noite, eu ia até nosso complexo de treinamento e dava tudo de
mim. Então, um dia, quando meu pai tentou me bater com o chicote
novamente, eu rasguei sua garganta com minhas próprias mãos.
Eu observo uma lágrima solitária caindo pela sua bochecha. Eu
estendo a mão e a seco com meu polegar antes de me inclinar e beijar
suavemente em sua testa.
— Tenho trabalho a fazer. Seu antigo Alfa enviou a escritura da terra
e eu tenho que ligar para os empreiteiros para começar a construção da
casa da matilha. Será que você consegue ficar longe de problemas? — eu
pergunto e levanto uma sobrancelha para ela.
Ela acena com a cabeça que sim, então eu coloco minhas roupas de
volta e faço o meu caminho para o meu escritório. Eu tenho que
construir esta casa de matilha e garantir meus lobos em segurança.
Eu ainda não consigo tirar da cabeça o que aquele bandido me disse.
Eu não tenho mais ninguém da minha família.
E o outro bandido disse que ele estava vindo para tomar o que era seu
por direito.
Preciso descobrir isso o mais rápido possível.
Capítulo 15
Alexia

Sento-me na cama, atordoada com tudo o que aconteceu.


Ele parecia conhecer cada detalhe do meu corpo e assim, com seu
toque, me levar exatamente onde eu precisava estar. A Deusa sabe que eu
desejava tudo que ele me oferecia naquele momento, e ele não me
decepcionou em nada.
Seu cheiro masculino ainda permanece na minha pele, sua essência
ainda espalhada em minha barriga. Eu suspiro enquanto me levanto e
faço meu caminho para o banheiro. Ligo o chuveiro e tudo o que ele me
contou sobre seu passado se repete na minha cabeça como um disco
arranhado.
As coisas que ele me disse apenas confirmam minha teoria de que ele
não é o monstro que sua reputação retrata. Ele é o produto de seu pai, o
verdadeiro monstro. Meu coração se contrai dolorosamente no peito,
uma dor dilacerante que pode ser sentida nas profundezas da minha
alma.
Meu companheiro foi tratado tão mal, torturado diariamente como
um cachorrinho por seu próprio pai. Não me admira que ele seja do jeito
que é. Minha loba choraminga alto quando entro no chuveiro.
Eu me esfrego rapidamente antes de colocar um short e uma das
camisetas de Rainier. Seu cheiro me acalma, um calor se espalha em mim
enquanto eu visto a camiseta sobre a minha cabeça.
Eu realmente quero ligar para meu irmão hoje para que ele saiba que
estou bem. Tenho certeza que está louco de preocupação. Os telefones
celulares não têm serviço aqui, então meu telefone está praticamente
obsoleto agora.
Abro a porta para encontrar Rainier e perguntar se há algum telefone
que eu possa usar. Certamente ele tem um em seu escritório.
Saio e encontro um homem alto e robusto parado ao lado da porta.
Eu levo um susto, afinal não esperava que alguém estivesse ali.
— Minhas desculpas, Luna. Eu não queria assustar você, — diz o
homem, baixando a cabeça.
— Está tudo bem, — eu digo, sorrindo, — mas, por que você está do
lado de fora do meu quarto?
— Meu nome é Ardon. Alfa Stone me nomeou como seu guarda.
Estou honrado em atendê-la, Luna.
— Umm, obrigada, — eu respondo, sem realmente saber o que dizer.
— Eu preciso encontrar Rainier, quero dizer, Alfa Stone.
— Ele está em seu escritório. Venha, eu levo você.
Sigo atrás de Ardon até chegarmos ao escritório de Rainier e bato na
porta.
— Entre, — a voz do meu companheiro fala do outro lado.
Abro a porta e entro. Rainier está sentado em uma grande cadeira
atrás de uma mesa e seu beta está em uma cadeira do outro lado da sala.
— O que é, Alexia? — ele me pergunta severamente.
— Posso usar seu telefone para ligar para meu irmão? O meu não
recebe nenhum serviço aqui.
Ele e seu beta compartilham um olhar que não consigo decifrar. Ele
está se comportando ainda mais estranho do que o normal. Será que se
arrepende do que fizemos antes?
— Por favor, só quero que ele saiba que estou bem, — continuo. Ele
olha para trás para seu beta e acena com a cabeça. Lucas se levanta e sai
da sala, deixando eu e meu companheiro sozinhos.
— Sente-se, — diz ele, com um olhar cauteloso cobrindo seu rosto.
— O que é? O que há de errado? — eu pergunto, nervosa.
— Alfa Roberson ligou mais cedo, — ele diz lentamente e faz uma
pausa. Ele me lança outro daquele olhar indecifrável.
— E? — eu questiono.
— Seu irmão foi morto ontem à noite em um ataque criminoso.
Meu coração acelera, ele bate tão forte que acho que pode sair do meu
peito. Não há como meu irmão estar morto. Ele está mentindo pra mim.
— Você está mentindo, — eu digo, as lágrimas enchendo meus olhos.
Ele se levanta e dá a volta em minha direção. Rainier segura meu rosto
com as mãos e olha diretamente nos meus olhos, seus próprios olhos se
enchem com uma tristeza profunda.
— Eu nunca mentiria para você, lobinha, — ele me diz. — Eu sinto
muito.
Meu coração aperta e minhas pernas ficam bambas antes de cair
completamente. Ele me pega antes que eu bata no chão e me levanta em
seus braços.
— Sinto muito, bebê, — ele diz enquanto uma onda de tristeza e
náusea passam por mim.
Em prantos, as lágrimas caem pesadamente pelo meu rosto. Minha
loba uiva alto enquanto se retira para o fundo da minha mente,
lamentando a morte de meu irmão.
Rainier se inclina e coloca um braço sob a parte de trás dos meus
joelhos e o outro nas minhas costas. Levantando-me suavemente, ele me
carrega para fora de seu escritório enquanto enterro meu rosto em seu
peito. Minhas lágrimas encharcam sua camisa enquanto os soluços
atormentam meu corpo.
— Você está dispensado por hoje, — ouço-o dizer a Ardon, que está
esperando por mim do lado de fora da porta. Eu não consigo pensar. Eu
não consigo falar. Apenas soluços de agonia escapam de mim enquanto
ele me carrega de volta para seu quarto e me deita em sua cama.
Meu irmão está morto. Ele se foi. Assim como mamãe e papai. Eu não
tenho mais família. Não consigo respirar com a dor que estou sentindo. É
muito profundo para entender.
A cama afunda quando sinto o corpo forte de Rainier envolver o meu.
Ele coloca o braço em volta da minha cintura e me puxa para ele, o calor
me envolve enquanto o frio profundo da dor escoa de mim.
Minha mente e corpo exaustos, eu choro até cair no sono, meu
companheiro sempre ao meu lado. Quando acordo, está escuro lá fora.
As lágrimas retornam assim que penso em Adam. Eu não posso acreditar
que ele se foi.
— Você precisa comer, pequena loba. — eu ouço a voz de Rainier
atrás de mim. — Eu trouxe o jantar para você. — Ele me acaricia com
carinho enquanto ele beija meu ombro suavemente.
A última coisa que quero fazer é comer. Não há como pensar em
comer agora. Preciso ver Gennie, para ver se ela está bem.
Perder um companheiro é a coisa mais difícil pela qual um lobo pode
passar. A maioria deles se mata logo depois para assim seguir seu
companheiro até a lua.
— Eu preciso voltar para minha matilha, — eu digo, virando e
encarando Rainier.
— Não. É muito perigoso. Eu não vou deixar você ir sem mim. Não
serei capaz de protegê-la e não posso deixar minha matilha agora. Isso os
colocaria em perigo.
— Rainier, meu irmão está morto. Não vou perder seu funeral. Eu
nem tive a chance de dizer adeus, — peço a ele em meio às lágrimas.
Seus olhos parecem ceder por um momento, mas logo voltam a se
mostrar severos.
— Não, — diz ele em seu tom Alfa. A raiva toma conta de mim
rapidamente, quase superando a mágoa que sinto. Eu me sento na cama
e ele faz o mesmo.
— Por que você é assim? Parece que está desesperado pelo meu amor
em um minuto e no outro quer que eu te odeie — eu quase grito com ele.
Ele rosna em advertência, mas isso não me impede de continuar.
— E pensar que eu estava começando a acreditar que você não era um
monstro. Na verdade, até pensei que poderíamos ser felizes juntos.
— Cuidado com a boca, pequena loba, ou você vai se arrepender. —
ele diz. — Eu sei que você está sofrendo, e eu realmente sinto muito, mas
isso não dá a você o direito de desrespeitar a mim e minhas decisões. —
Eu levanto minha mão para esbofeteá-lo, mas ele segura meu punho no
ar. Eu tento desviar minha mão, mas ele me aperta com mais força.
— O bandido que matou seu irmão está com o mesmo clã que tem
tentado entrar em minha matilha, — ele diz bruscamente. — Quem está
por trás disso está tentando chegar até mim através de você.
Ele me solta enquanto a informação se instala na minha cabeça.
— Então é sua culpa ele estar morto, — eu sussurro.
Ele se encolhe e estende a mão para mim, mas eu me afasto dele.
— Sai daqui, — eu esbravejo.
Ele começa a se aproximar de mim novamente, mas parece pensar
duas vezes. Saindo da cama, ele se veste em silêncio e caminha até a
porta.
Ele se vira e olha para mim, a tristeza cobrindo seus traços
masculinos.
— Lamento que tenha que ser assim. Eu não vou deixar nada
acontecer com você. Eu vou te proteger, mesmo que isso signifique que
você tenha que me odiar.
Ele sai e eu deito na cama novamente.
Rainier meteu minha matilha no meio de suas merdas mal resolvidas.
Eles foram incluídos em uma guerra da qual nada sabem, mas não posso
deixar de sentir tristeza e raiva quando penso nos membros da matilha
de Rainier que também foram massacrados por bandidos.
Quem poderia ser forte o suficiente para liderar um bando de
bandidos desse tamanho?
Fechando os olhos, tento bloquear a dor pensando na minha infância
e na do meu irmão. Quando nossa mãe ficou fraca demais para cuidar de
nós depois que nosso pai morreu, ele me criou e me protegeu.
Adam estava lá para tudo, a única pessoa com quem eu sabia que
podia contar.
A fúria ressoa em minha alma, minha loba rosnando com desejo de
vingança. Eu quero que quem esteja por trás disso sofra. Eu quero ser
aquela que os fará sofrer. Eu pulo da cama rapidamente, minha mente
está decidida. Não posso ir ao funeral de Adam, mas vou vingar sua
morte.
É hora de ser a fêmea que eu deveria ser, a Luna que eu deveria ser.
Vou começar a treinar hoje; eu não me importo com o que Rainier
tem a dizer sobre isso.
Capítulo 16
Rainier

Quatro Semanas depois


Eu gostaria de poder dar o melhor para minha mulher, fazer de sua
dor, a minha.
Ela falou comigo apenas uma vez nas últimas quatro semanas e foi
para me dizer que ela iria começar a treinar.
Fiquei um pouco preocupado no início, mas o sentimento que tive
quando a vi superar uma das minhas guerreiras mais experientes na
semana passada, foi de puro orgulho. Eu sei que ela me culpa pela morte
de seu irmão. Inferno, eu também me culpo e me odeio por isso.
Ela me evita constantemente e sei que ainda chora quando acha que
ninguém está olhando.
Eu poderia ter feito mais para proteger seu bando. Acabei enviando
mais de dez dos meus guerreiros para Northridge com o intuito de
mantê-los seguros, na esperança que isso lhe fizesse bem. Meu
empreiteiro tem me atualizado constantemente sobre a nova casa da
matilha que estamos construindo ao norte. Mais um mês e deve estar
pronta.
Eles até já começaram a trabalhar nas casas menores para as famílias
da minha matilha.
Só mais um pouco e posso mover meus lobos para longe dos
humanos que estão destruindo nossa terra e de todos esses ataques
criminosos. As coisas têm estado estranhamente calmas nos últimos dias
e não posso deixar de sentir que algo ruim está para acontecer.
Toda a informação que consegui tirar daquele bandido me leva a
acreditar que o seu clã é louco o suficiente para atacar.
Ando tão angustiado com essa situação que me junto aos guardas
todas as noites para patrulhar meu território. Acabo de voltar de outra
patrulha sem intercorrências. Tenho dormido em meu escritório para
dar espaço a Alexia.
Meu lobo se tornou quase inconsolável, afinal ele sente falta de sua
fêmea para alimentar sua fúria.
Esforcei-me para pensar em quem poderia estar por trás desses
ataques criminosos e por qual razão. Nenhum bandido venceria um Alfa,
então eles devem saber que seus esforços serão inúteis a longo prazo.
Eu sei que não tenho família, então quaisquer ideias delirantes que
esses bandidos tenham de que seu líder possui algum tipo de parentesco
comigo é pura loucura. Seja quem for, tudo que posso fazer é estar de
prontidão assim que eles decidirem dar o primeiro passo. Eu estarei
pronto para minha matilha e para minha Luna.
Sento-me na cadeira do meu escritório e olho para o relógio. São
quase três da manhã.
Eu fecho meus olhos por um momento para tentar acalmar minha
mente. Preciso dormir um pouco, embora saiba que não será tarefa fácil.
Preciso estar pronto para lutar quando chegar a hora, porque sinto que
está chegando.
Demora pouco mais de uma hora antes que eu finalmente consiga
cair em um sono agitado.
****

Eu acordo na manhã seguinte me sentindo um bosta. Tropeçando


para fora da minha cadeira me dirijo até a cozinha para encher meu
estômago vazio.
Quando chego, vejo Alexia sentada à mesinha ao lado da janela.
Pego um pouco de bacon e algumas costelinhas de porco que a
empregada preparou mais cedo e me sento à mesa na frente dela. Ela não
levanta e considero isso um bom sinal. Alexia me observa atentamente
enquanto como e noto que ela aparenta estar muito mais forte do que
quando chegou aqui. O treinamento está tonificando seu corpo, fazendo-
a parecer uma verdadeira fêmea beta.
— Como está indo o seu treinamento? — eu pergunto enquanto olho
para ela.
— Tudo bem, — diz ela enquanto toma um gole de café.
— Fale sobre você.
— Não há muito o quê dizer, — ela diz baixinho, desviando o olhar.
— Conte-me sobre sua família, seu bando, — eu digo suavemente.
— Não há muito o quê dizer sobre isso também. Não tenho mais
família.
— Amigos? — eu pergunto a ela.
— Ninguém além da companheira do meu irmão e eu nem sei como
ela está.
— Vou ver se consigo arranjar para você um telefonema com ela. —
digo enquanto me levanto da mesa. — Eu preciso tomar um banho,
colocar uma roupa limpa, então vou precisar do quarto um pouco.
Ela balança a cabeça e vejo seu lábio tremer, mas ela se mantém firme
e forte.
Começo a dizer outra coisa, mas penso melhor e paro. Subo as
escadas de volta para o meu quarto e ligo o chuveiro. Embaixo da água
quente, eu me recosto contra os azulejos do banheiro para tentar aliviar a
dor latejante na minha cabeça.
Poucos minutos depois, ouço a porta do box deslizar e Alexia entra.
Sou pego de surpresa, mas não digo nada quando sinto suas mãos
tocarem minhas costas. Ela então pressiona os lábios contra minha pele
marcada, eu imediatamente fico duro.
— Você não tem que fazer isso. Eu sei que você fica desconfortável
quando vê minhas cicatrizes, — eu digo rispidamente.
Ela não para, apenas continua a beijar cada uma delas como se isso
fosse tirar a lembrança de como chegaram lá.
Eu me viro e meu coração quase para quando vejo uma única lágrima
cair em seu rosto.
— Desculpe, não sou perfeito, — digo a ela. Sei que minhas costas são
horríveis e eu já me conformei com isso, mas neste momento eu gostaria
que ela não tivesse que olhar para nada daquilo.
— Não é isso. Eu acho tudo em você lindo, mesmo as partes que você
acha que não são.
Chocado com a revelação estendo a mão e passo pela lateral de seu
rosto até o queixo.
— Achei que você me odiasse, — digo a ela.
— Eu nunca poderia odiar você. Eu sei que nada disso foi culpa sua.
Levei um tempo para ver isso, mas eu consigo perceber agora.
— Então por que você está chorando, lobinha? — eu pergunto a ela
enquanto levanto sua cabeça para olhar seus brilhantes olhos esmeralda.
— Eu preciso de você, — ela sussurra tão baixinho que quase não a
ouço por causa do som da água do chuveiro batendo contra o azulejo.
Seus olhos estão me suplicando, implorando por algo. Eu faria qualquer
coisa por ela, faria qualquer coisa para livrá-la de sua dor.
É absolutamente incrível o que o vínculo dos companheiros faz você
sentir. Parece que conheço essa mulher há anos, tão profundamente que
sinto minha alma entrelaçada à dela.
— O que você quer de mim, bebê? — eu pergunto suavemente. Ela
morde o lábio inferior e olha para mim com desespero, tentando
transmitir exatamente o que quer sem de fato ter que dizer alguma coisa.
— Pode falar, Alexia, — eu digo enquanto me viro e passo meus lábios
contra sua orelha.
— Eu preciso de você. Rainier. De todos vocês.
Um ronronar profundo soa em meu peito enquanto me inclino e a
beijo com ternura, deixando meus lábios apenas tocarem os dela.
Quando sua boca se abre deixando sair um suspiro suave, eu junto a
minha língua com a dela e sinto seu gosto implorando o meu.
Meu membro endurece instantaneamente contra seu corpo enquanto
a puxo para perto de mim. Eu intensifico o beijo, deixando minha língua
explorar sua boca enquanto a dela faz o mesmo com a minha. Eu a
empurro de volta contra a parede, um suspiro escapa de seus lábios
quando suas costas tocam o azulejo frio.
Meus lábios nunca deixam os dela enquanto deslizo minhas mãos por
suas costas nuas, para em seguida correr até seus seios. Eu seguro e
aperto suavemente, sentindo um arrepio percorrer todo o corpo dela.
Ela pega minha mão e a move da barriga para perto do quadril.
— Por favor, — ela diz enquanto eu me inclino para trás e olho em
seus olhos. — Faça-me esquecer tudo.
Eu sei que não posso negar isso a ela enquanto mergulho a mão em
sua parte central, deixando-a engolir meu dedo.
Deslizando de dentro para fora, eu faço pequenos círculos vagarosos
sobre seu pequeno botão enrijecido. Suas pernas tremem quando aplico
mais pressão e mergulho minha língua em sua boca novamente. Seu
cheiro arrebatador me enche quando eu tomo sua boca, seus gemidos
suaves me encorajam ainda mais.
— Você é muito perfeita, caralho — eu gemo enquanto mexo com
dois dedos dentro dela.
Meu pau lateja dolorosamente enquanto eu vejo sua boca se abrir,
seus olhos reviraram e seus quadris movendo no mesmo ritmo que meus
dedos enquanto ela se abre tão lindamente.
Quando ela termina, meus olhos se arregalam e ela fica de joelhos.
— O que você está fazendo? — eu pergunto a ela. Ela não diz nada,
apenas envolve sua boca em volta de mim e me chupa profundamente.
Eu gemo alto, nunca nenhuma mulher havia feito isso antes.
— Caralhooo, — eu gemo enquanto me sinto endurecer ainda mais.
Eu me afasto rapidamente antes que eu chegue lá antes da hora e a pego
no colo.
Ela envolve suas pernas em volta de mim enquanto eu desligo o
chuveiro e a levo de volta para o quarto, nos enxugando rapidamente.
Ela fica em silêncio enquanto continuo o que estou fazendo, seus
olhos observando cada pequeno movimento que faço.
— Você tem certeza disso? — eu pergunto enquanto a coloco na
cama. Ela balança a cabeça enquanto agarra minha mão e me puxa para
cima dela. Sonhei com este momento por tanto, tanto tempo.
Capítulo 17
Alexia

— Por favor, Rainier.


Minha voz soa carente, desesperada e quase não suporto isso, mas ele
está sendo gentil demais. Ele está se movendo muito devagar.
Eu preciso dele agora. Eu preciso dele há semanas, mas minha
teimosia não me permitia admitir a verdade.
Eu o culpei pela morte do meu irmão, apenas machucando nós dois
no processo. Eu virei minhas costas para o vínculo de companheiro por
tanto tempo que dói fisicamente ficar longe dele.
Não quero admitir para mim mesma, mas preciso desse homem, não
importa as coisas que ele tenha feito.
A Deusa da Lua o fez para mim, para preencher a outra metade da
minha alma. Seria uma loucura negar tal presente.
— Você é tão linda, minha fêmea, — ele sussurra enquanto chupa
meu lábio inferior em sua boca.
Eu inclino meus quadris para cima em direção a ele buscando algum
tipo de alívio, mas ele me nega, então eu mordo seu lábio com força,
deixando um pouco de sangue.
Minha loba fica louca com o gosto da essência de seu macho.
Ele rosna alto enquanto agarra um punhado do meu cabelo e puxa
para trás. Formigamentos intensos de dor percorrem meu couro
cabeludo e eu gemo com a sensação.
— Você gosta disso, lobinha? — ele diz enquanto seu nariz desce pela
curva do meu pescoço, inalando profundamente. — Você gosta quando
sou grosso com você, não é?
Estendo a mão para agarrá-lo e mostrar o quanto eu gosto, mas ele
segura meus punhos e os prende acima da minha cabeça.
Ele nunca tira os olhos dos meus enquanto eu o sinto cutucar a
cabeça de seu membro quase dentro de mim.
Ele geme alto enquanto a cabeça de seu pau desliza pela umidade
entre minhas pernas.
Sem aviso, ele me penetra, empurrando e me preenchendo
completamente. É quase avassalador, a imensidão de seu tamanho me
dividindo ao meio. Ele é perfeito.
— Puta merda, — ele respira enquanto tira até a ponta apenas para
meter de volta. Ele logo ganha velocidade e eu sei que não vou durar
muito. Meu corpo inteiro está tremendo com a necessidade de liberação.
Ele está tão lindo neste momento, estou tentando fazer tudo que
posso para manter meus olhos nele.
Eu não consigo ver direito, meus olhos reviram enquanto ele me
toma por inteira.
— Você. É. Tão. Perfeita. Porra, — ele rosna enquanto se inclina e
crava os dentes na minha garganta. — Goza pra mim, meu amor.
Inclinando seus quadris, ele mete em mim novamente, acertando um
ponto que me deixa maluca.
Eu grito enquanto meu corpo convulsiona e pulsa em tomo dele e eu
sinto um tipo de eletricidade correndo por dentro.
— Você é minha, — ele rosna enquanto mete em mim ainda mais
forte, prolongando o orgasmo que está me tomando por inteira.
Quando termino, meus olhos encontram os dele e a escuridão que os
preenche quase me tira o fôlego.
Seu lobo está vindo à tona, pronto para pegar o que é seu. Ele
empurra profundamente, um rosnado feroz saindo de seu peito e eu o
sinto endurecer. Seu pau se contrai e pulsa profundamente dentro de
mim enquanto ele me preenche e me reveste por completo com sua
semente.
Sentindo seus dentes afundarem no meu pescoço, eu grito e estrelas
parecem explodir em meus olhos enquanto eu desfaleço de novo, quase
que violentamente. O vínculo do companheiro surge através do meu
corpo de imediato, me fazendo sentir tonta e sem chão.
Ele remove os dentes depois de um momento e lambe meu sangue
em seus lábios.
— Você é minha agora, lobinha, — ele rosna enquanto encosta sua
testa na minha.
Minha alma está desnuda para ele, o vínculo do companheiro se
envolve em torno do meu coração com força. Procurando em meu
coração e mente, eu posso senti-lo nas profundezas da minha alma. Só há
uma coisa que me impede de me sentir completamente inteira.
— Eu quero reivindicar você, — digo a ele enquanto seus lábios
pairam sobre os meus. Ele fica tenso enquanto olha para mim, uma
expressão de dor aflige seu rosto.
— Não, — ele diz enquanto sai de cima de mim e se levanta. Eu fico
olhando para ele em descrença enquanto ele começa a colocar suas
roupas de volta.
— Como assim não? — eu mordo enquanto sinto a tristeza em meu
coração. Eu me entreguei completamente a ele e agora ele está recuando?
— Você não está pronta.
Que diabos? Quem é ele para me dizer que não estou pronta? A raiva
enche minha alma e um grunhido sai do meu peito. Seus olhos se
arregalam quando eu me levanto da cama e vou em direção a ele.
Venho treinando há um mês com seus guerreiros mais fortes e isso
me deu uma confiança que eu não sabia que tinha.
Estendendo a mão, pego um punhado de seu cabelo e puxo sua
cabeça para trás.
Movendo-me rapidamente, tento cravar meus dentes em seu pescoço.
Ele me agarra com força e me empurra contra a parede. Colocando a mão
em volta da minha garganta, ele aperta levemente.
— Você não quer fazer isso, loba, — ele rosna para mim, seu rosto a
apenas alguns centímetros do meu.
Ele aperta minha garganta um pouco mais forte quando eu rosno
para ele novamente e sinto minhas coxas encharcadas. Ele inala
profundamente antes de me girar e pressionar meu rosto na parede. Eu
ouço a corrente de ar antes de sua mão fazer contato com a minha
bunda, o som ecoando pelo quarto.
Eu gemo alto enquanto aperto minhas coxas juntas, meu corpo já o
desejando novamente.
Ele dá mais alguns tapas fortes na minha bunda e eu me contorço e
me contraio tentando me libertar quando ouço sua calça sendo aberta.
— Fique quieta, — ele morde.
Eu grito quando ele mete em mim violentamente por trás, a dor e o
prazer se misturando para criar uma euforia única dentro de mim.
— Você vai aprender quem é o seu Alfa e quem é que manda. — ele
diz enquanto continua metendo em mim.
Ele estende a mão e belisca meu pequeno botão, me fazendo tremer
dos pés à cabeça enquanto outro orgasmo me toma.
— Você ainda não superou a perda de seu irmão. Você não precisa de
mais nenhuma outra mágoa agora e se você me reivindicar agora, você
conseguiria ler na minha mente e no meu coração. Você veria tudo e não
precisa disso agora.
— Eu não sou mais uma menininha. Eu posso lidar com isso, — eu
respondo. — Eu sou sua companheira. Você deve ostentar minha marca
também. Existe mais alguém? É isso?
— Não, — ele rosna. — Você é mais do que suficiente para eu ter que
lidar.
Eu começo a ensaiar outra resposta quando alguém começa a bater
freneticamente na porta. Rainier espera até que eu esteja totalmente
vestida antes de responder.
É o Lucas e, pelo jeito dele, o que quer que tenha a dizer não parece
bom.
— Alfa, Toby acabou de ligar. Northridge está sob ataque neste
momento. São os bandidos. Eles mataram Alfa Roberson e levaram o
resto da matilha como refém. Eles querem você, — ele diz nervosamente.
— PORRA! — Rainier grita enquanto passa a mão pelo cabelo
desgrenhado.
Fico nervosa quando ouço a notícia. Gennie ainda está lá e sei que
algo deve ser feito.
— Nós temos que fazer alguma coisa. Precisamos ir para lá, — digo a
Rainier enquanto ele anda de um lado para o outro.
— Você não vai a lugar nenhum, — ele me diz. — Lucas, reúna o
máximo de informações que puder. Quantos bandidos são e quando eles
chegaram lá. Descubra tudo o que puder pra nos ajudar. Vou notificar
meus guerreiros. Partimos em duas horas. — Lucas balança a cabeça e sai
rapidamente. Rainier se volta para mim.
— Fique aqui, — ele diz severamente enquanto me dá um olhar me
avisando para não desobedecê-lo.
— O que você vai fazer? A companheira do meu irmão ainda está lá.
Eu tenho que ajudá-la! — eu levanto minha voz para ele.
— Farei o que puder, — ele me diz. — mas você deve ficar aqui, onde
estará segura. Os bandidos estão atrás de mim e farão de tudo para me
atingir, incluindo matar você.
— E se eles nos atacarem enquanto você está fora? Por favor, deixe-
me ir com você.
— Você estará mais segura aqui. Não vou demorar muito, — ele me
diz. Ele dá um passo em minha direção e envolve seus braços grossos em
volta de mim com força.
Inclinando meu queixo para cima, ele me beija profundamente,
deixando sua língua deslizar sobre a minha.
— Por favor, fique seguro. — digo a ele quando ele se afasta. Ele
balança a cabeça e me dá mais um beijo antes de se virar e sair. Eu saio do
nosso quarto logo depois e Ardon está parado do lado de fora da porta
esperando por mim.
— Venha, — digo a ele, — preciso treinar — Eu preciso fazer algo para
tirar minha mente de tudo isso. Preciso estar pronta se algo acontecer
por aqui enquanto Rainier estiver fora.
Ele abaixa a cabeça enquanto me segue para fora da porta para o
campo de treinamento. Quando chegamos lá, todos os lobos se dividem,
abrindo caminho para mim.
Ardon tem sido meu parceiro de treinamento, então eu aceno para
ele para que tome sua posição de combate enquanto os outros lobos
formam um círculo ao nosso redor.
Nós nos rodeamos algumas vezes antes de ele tentar me pegar de
surpresa e numa manobra rápida, mas estou pronta para ele. Eu o evito
facilmente enquanto ele tenta se jogar em cima de mim.
Na terceira vez que ele tenta me pegar, eu o soco na garganta o mais
forte que posso, deixando-o sem fôlego.
Ele se dobra e puxa por ar, mas eu aproveito e pulo em suas costas.
Ele é um homem muito grande, então preciso de toda a minha força
para envolver meu braço em volta do seu pescoço. Eu aperto com força,
bloqueando suas vias respiratórias enquanto ele ainda tenta recuperar o
fôlego. Depois de alguns momentos tentando me tirar de cima dele,
Ardon bate na minha mão, me avisando que ele desistiu.
— Deusa, Luna, — ele engasga, — você me pegou em cheio dessa vez.
Eu sorrio para ele, mas minha mente está em outro lugar. Quero estar
com Rainier e ajudar minha velha matilha, mas preciso ficar aqui. Eu
preciso ser forte para esta matilha.
Esta é minha matilha agora e devo proteger esses lobos a qualquer
custo. Eu levanto meu queixo e sinalizo para Ardon que estou pronta
para lutar novamente.
Capítulo 18
Rainier

Erguendo meu focinho e inalando profundamente, sinto o cheiro


fresco de bandido nas proximidades e sei que estamos quase na fronteira
da Matilha de Northridge.
— Estamos chegando perto, — eu faço contato mental com meus
guerreiros cujos corpos grandes e peludos me seguem.
Acabei trazendo apenas cinco deles comigo, deixando o resto para
trás para defender minha matilha caso necessário. Viajar pela floresta em
forma de lobo entre a distância da minha matilha e a de Northridge foi
uma decisão fácil.
Não apenas é mais rápido, como temos uma melhor chance de entrar
sem sermos detectados do que se passarmos pela frente.
Meu lobo está pronto e ansioso para entrar em ação. Queremos
justiça e vingança tanto para nossas mulheres quanto pelas mortes dos
membros do nosso bando. Quanto mais cedo pudermos acabar com isso
melhor.
Chegamos à fronteira sul e a cruzamos facilmente. Nenhum vestígio
de qualquer animal ou criatura pode ser visto ou ouvido e isso me deixa
em alerta máximo. Algo definitivamente não está certo, então coloco as
roupas que trago na boca no chão e trato de me transformar
rapidamente.
Meus guerreiros seguem o exemplo e nos vestimos da forma mais
silenciosa possível.
Estou colocando minha camisa pela cabeça quando uma voz
profunda e familiar me pega desprevenido.
— É bom finalmente conhecê-lo. — Virando em direção à voz, eu fico
pálido e os cabelos na minha nuca se arrepiam.
Memórias da minha infância embaçam minha mente e as lágrimas
embaçam minha visão quando eu percebo que é o homem que matei há
cinco anos.
— Pai? — eu digo, não acreditando e mal contendo meu lobo. Meu
coração bate acelerado em meus ouvidos e sinto como se tivesse acabado
de ver um fantasma.
— Eu realmente me pareço tanto com ele? — O macho fala. —
Sempre achei que eu parecia mais com a nossa mãe. Eu sou Silas,
irmãozinho, e esperei muito tempo para conhecê-lo.
Ondas de choque percorrem meu corpo enquanto tento entender o
que está bem na minha frente.
Não há como negar que este homem é meu irmão. Ele quase poderia
se passar por gêmeo do meu pai, mas agora que estou realmente olhando
para ele, posso ver algumas pequenas diferenças.
Como eu não sabia de sua existência?
Dou alguns passos em direção a ele e ele recua um pouco, erguendo
as mãos como se não fosse uma ameaça. Vários lobos bandidos saem de
seus esconderijos e circulam atrás dele. Meus guerreiros se movem ao
meu redor, prontos para atacar, se necessário.
— O que você quer de mim? — Eu digo quando consigo organizar
minhas ideias. — Por que você tem enviado bandidos para atacar minha
matilha? Por que você atacou Northridge?
— Acho que devemos sentar e ter uma boa conversa. Sozinhos, — ele
diz, olhando meus guerreiros. — Podemos conversar em meu escritório
recém-adquirido.
— Onde está o resto da Matilha de Northridge e meus guerreiros?
Onde estão Toby e Damon? — eu exijo que ele me diga.
— Seus guerreiros e Alfa Roberson lutaram bastante. Venha comigo e
eu conto tudo para você, — diz ele com uma pitada de irritação. Eu rosno
baixo, não confiando neste lobo na minha frente, mas aceno e faço um
gesto para meus guerreiros ficarem aqui. Eu faço contato mental e digo a
eles para matarem os bandidos assim que estivermos fora do campo de
visão.
Eu continuo seguindo meu irmão para a casa da matilha e sorrio
quando percebo que ele está mancando. Quando chegamos ao que uma
vez foi o escritório de Alfa Roberson. Silas dá a volta atrás da mesa e se
senta.
— Então, irmão, diga-me como a vida em Southridge tem te tratado.
— Ele faz um gesto com a mão para que eu me sente, mas permaneço de
pé. Tudo nele parece estranho, igual ao meu pai.
— Chega de conversa fiada. — eu rosno. — Diga-me o que você quer
de mim. Não estou aqui de brincadeira.
— Eu sou seu irmão mais velho. Achei que você ficaria feliz em me
ver. — Ele sorri, mostrando a boca cheia de dentes podres.
— Eu nem sabia que você existia.
— Foi o que eu imaginei, — ele suspira pesadamente. — Ninguém
sabia que eu existia. O pai não queria que ninguém soubesse que seu
filho primogênito era aleijado. — ele zomba enquanto levanta as calças
revelando uma perna retorcida e mutilada. — Ele me levou para a floresta
quando eu tinha quatro anos e disse que se eu voltasse, ele me mataria.
— Então, você viveu como um bandido esse tempo todo? — Eu
pergunto a ele curioso.
— Sim, vivi sozinho por muitos anos, quase sempre morto de fome.
Isso até Ezra me encontrar e me apresentar a seu clã de bandidos. Eles
me receberam de braços abertos quando ninguém mais aceitaria um
aleijado. — Um sentimento de pena invade minha mente quando penso
em como meu pai me tratou.
Não consigo me imaginar sendo completamente abandonado e
forçado a ser um bandido. Tive sorte de não ter sido jogado para os lobos,
figurativamente falando.
— Lamento que nosso pai fosse um merda. Eu entendo isso muito
bem, eu realmente entendo, mas por que matar os membros da minha
matilha? Por que atacar o bando da minha companheira? O que
exatamente você quer de mim? — Eu exijo.
— Bem, é realmente simples, — diz ele, encolhendo os ombros. — Eu
quero o que por direito me pertence. Afinal, sou o filho primogênito. Eu
deveria ser o Alfa da Matilha de Southridge. Tenho certeza que você me
entende.
Meus olhos encontram os dele e, neste momento, não consigo ver
nada além do reflexo de merda que era meu pai.
Eu rosno baixo com raiva.
— Eu matei nosso pai pelo título de Alfa. Se você quiser, você sabe o
que tem que fazer.
— Achei que você pudesse dizer isso. — Ele sorri enquanto se levanta
e fica na minha frente.
Eu percebo apenas clarão prateado antes de sentir uma dor profunda
e lancinante em minhas costelas.
Olhando para baixo, vejo um vermelho profundo encharcando minha
camisa.
— Eu esperei anos por este momento, — ele diz animadamente.
Sinto os estilhaços de prata entrarem em minhas veias, a dor é
insuportável. Eu gemo e caio de joelhos no chão, o choque repentino
enviando uma nova onda de agonia por todo meu corpo e direto para a
ferida.
Pressionando a ferida, tento estancar o sangue que jorra de mim.
— Lamento que tenha que ser assim, irmãozinho, — diz ele ao se
inclinar sobre mim, — mas não há outra maneira.
Ele levanta a faca novamente e, pela primeira vez em muito tempo,
sinto medo. Tenho medo de nunca mais ver Alexia, de nunca mais
segurá-la ou beijá-la.
Tenho medo do que meu irmão fará com ela quando a encontrar.
Imagens de minha linda mulher permeiam minha mente, aliviando a dor
que percorre meu corpo, e assim tento reunir cada grama de força que
me resta.
Se minha morte significa salvá-la, morrerei feliz.
Eu chamo meu lobo em desespero e ele ainda tem um pouco de
energia para aparecer. Ele está pronto para lutar até seu último suspiro se
isso significar a proteção de sua companheira. Silas grita enquanto meu
lobo afunda os dentes em sua perna manca, o som de ossos quebrando
entremeados pelos lamentos de agonia.
Silas abaixa a faca novamente e a enfia direto no ombro do meu lobo,
mas isso não o detém.
Meu lobo balança a cabeça violentamente, rasgando pele e osso e
arrancando a perna por inteiro. Gritos se transformam em uivos quando
o lobo do meu irmão emerge e sai mancando pela porta com três patas.
Ordeno meu lobo a ir atrás dele, mas ele usou o que restava de sua
energia, deixando-me em uma poça de sangue no chão.
Estou perdendo a consciência rapidamente e sinto meu lobo
desaparecendo. Eu chamo a lua pela última vez e peço para ela proteger
minha mulher e mantê-la segura. Fechando meus olhos, eu sorrio
enquanto lembro da imagem de Alexia uma última vez antes que a
escuridão me acometa por inteiro.
Capítulo 19
Alexia

— Xeque-mate! — Ardon diz, sorrindo como um idiota. — Eu ganhei!


Ele sorri satisfeito e eu reviro meus olhos.
— Eu acho que há uma primeira vez para tudo, — digo
sarcasticamente.
Ele levanta uma sobrancelha para mim e me lança um olhar curioso.
— Por que você está de mau humor?
Eu dou de ombros e olho para o relógio pela milionésima vez desde
que Rainier saiu. Eu já deveria ter notícias dele.
— Alfa. Ficará. Bem. Ele não é um Alfa por acaso. — Ele me dá um
sorriso tranquilizador enquanto arruma o tabuleiro de xadrez
novamente, mas não consigo acreditar nele.
Tive um pressentimento muito ruim nas últimas horas.
Minha loba está ansiosa e algo simplesmente não parece certo. Se
Rainier tivesse me deixado reivindicá-lo ou pelo menos ir com ele, eu
saberia com certeza. Agora estou presa aqui sem saber de nada.
Toco a marca em meu pescoço e um arrepio percorre meu corpo. Não
quero admitir para mim mesma que estou me apaixonando por ele.
Eu sei que esse era meu destino, mas honestamente não sabia o que
iria acontecer quando o conheci e soube quem ele era. Agora, encontro-
me querendo saber tudo sobre ele, tudo que vai em seu coração e sua
alma, tudo o que é importante para ele.
— E você? Onde está sua companheira? — Eu pergunto, tentando
mudar de assunto.
Os olhos azuis de Ardon escurecem e ele fica quieto por um longo
tempo antes de falar.
— Ela morreu há alguns anos.
— Nossa. Lamento ouvir isso. — eu digo baixinho, me sentindo mal
por ter perguntado. Já sou amiga de Ardon há algum tempo e quase não
sei nada sobre ele. — Você quer falar sobre isso? Eu não te conheço muito
bem, mas te considero um amigo.
Os cantos de sua boca se curvam em um sorriso tímido.
— Sim, eu não sei se posso ser amigo de uma mulher que pode me
vencer. — Ele me olha sério por um momento antes de começar a rir e
então eu me junto a ele. A maneira como esse homem me trata me
lembra tanto Adam e isso me deixa à vontade.
— Talvez um dia eu consiga falar sobre esse assunto, mas por
enquanto, prefiro não pensar nisso, — diz ele depois que nosso ataque de
riso passa. — Então, você está pronta para tomar uma surra do mestre do
xadrez de novo?
— Mestre de xadrez, uma ova. Você teve sorte, — eu digo brincando.
Eu rio enquanto olho para o tabuleiro fingindo me concentrar quando
ouço uma gritaria do lado de fora.
Eu rapidamente pulo e corro para fora da porta, Ardon seguindo logo
atrás.
Está escuro como breu e meus olhos demoram apenas um segundo
para se ajustar à escuridão. Um SUV preto está estacionado do lado de
fora da casa da matilha e três homens grandes saem rapidamente.
Um homem alto de cabelos escuros surge do banco do motorista e eu
o reconheço do dia em que vi Rainier pela primeira vez.
— Toby! O que diabos está acontecendo? — Ardon grita enquanto sai
em direção ao veículo. Eu o sigo e, de repente, vejo Rainier sendo
retirado do banco de trás. Eu sabia que meu instinto estava certo o
tempo todo.
— Não, não, não, não, não, — repito para mim mesma enquanto me
aproximo de meu companheiro. Meu coração paralisa quando vejo o seu
estado. Ele está coberto de sangue e não consigo nem verificar se ele
ainda está respirando.
Pego seu rosto com as mãos e choro desesperadamente quando meus
dedos tocam em sua pele fria.
Minha loba uiva em agonia, mas não é possível que ele esteja morto.
Ainda posso senti-lo, mesmo que distante, no fundo da minha alma.
O médico da minha antiga matilha sai do veículo atrás dele e coloca a
mão no meu ombro.
— Alexia, preciso levá-lo para dentro agora.
Eu observo enquanto eles levam meu companheiro embora, incapaz
de mover minhas pernas para segui-lo. Alguém agarra meu braço e me
arrasta logo atrás deles.
— Luna, ele terá uma chance muito melhor de sobrevivência se você
estiver com ele. Eu não pude estar junto com Jen. Não cometa o mesmo
erro que eu, — diz Ardon. puxando-me de volta para a realidade. Eu os
alcanço na ala médica da casa da matilha no exato momento em que eles
colocam Rainier em uma mesa de cirurgia.
— O que aconteceu? — eu esbravejo, mal contendo as emoções
correndo dentro de mim.
— Aparentemente, Alfa tem um irmão que não conhecíamos, — Toby
fala enquanto anda de um lado para o outro.
— Eles nos emboscaram. Devia haver pelo menos trinta deles. Nunca
vi tantos bandidos. Isso sem contar os outros que matamos antes. Eu
tentei salvar sua matilha, mas havia muitos deles.
Ele se vira para mim e vejo as lágrimas em seus olhos enquanto
continua falando.
— Eles mataram a maioria, mas mantiveram alguns de nós como
reféns, talvez pra fazer algum tipo de chantagem. Eu não vi o que
aconteceu com Alfa, mas só posso crer que foi o irmão dele o responsável
por isso. — Eu olho e vejo o Dr. Logan examinando Rainier. Concentrado
enquanto ele coloca um tubo de respiração na garganta do meu macho.
Eu tenho que manter o controle para minha loba não vir à tona, o
instinto de proteger seu companheiro é sua força motriz.
Eu respiro fundo para tentar acalmar minha loba enquanto o médico
começa a suturar a grande ferida perto de suas costelas. A médica de
nossa matilha chega logo depois para ajudar e em pouco tempo eles
terminam de dar os pontos. A Dra. Graham olha para mim e quando
meus olhos encontram os dela, meu coração pesa.
— Nós cuidamos do ferimento e conseguimos estancar o
sangramento, mas o que quer que seja que usaram para feri-lo era de
prata. Demos a ele remédios por via intravenosa para tentar neutralizar
os efeitos, mas a única coisa que podemos fazer agora é esperar e ver se
seu corpo vai reagir. Inclusive, seu lobo não está respondendo, então ele
provavelmente foi apunhalado em sua forma de lobo também. Vou ser
honesta com você, Luna. A situação não parece boa. — Eu engulo o
choro e aceno com a cabeça.
— Há algo que eu possa fazer por ele?
— Você já tentou se conectar através de seu vínculo de companheira?
Se você puder fazer isso, então talvez você possa trazê-lo de volta, —
Toby fala com entusiasmo.
Ele me olha esperançoso, mas eu balanço minha cabeça lentamente,
sabendo que isso não será possível. Rainier me proibiu de marcá-lo,
então não há como eu me conectar com ele.
— O que isso importa? — Lucas diz, se levantando de seu lugar no
canto da sala. — O que está feito está feito. Se você tivesse assumido o
controle da situação, não estaríamos aqui agora. Alfa não estaria
morrendo!
— Olha quem está falando. Porra, você é o que sempre escolhe ficar
na segurança da matilha. Não sei porque Alfa o tornou beta. Você é fraco
pra caralho! — Toby grita de volta.
Tudo acontece em um piscar de olhos. Lucas ataca Toby, socando-o
com força no queixo. Antes que eu perceba, eles estão brigando no meio
da sala de cirurgia.
— TODOS PARA FORA! AGORA! — eu grito. — SAIAM DAQUI,
PORRA! — Ardon afasta Toby e Lucas um do outro e os arrasta para fora
da sala, todos os outros seguem atrás deles rapidamente.
Eu levo um momento para me recompor antes de caminhar até
Rainier. Ele parece tão pálido, tão fraco que não consigo evitar as
lágrimas que continuam a encharcar meu rosto.
Eu me sinto uma bagunça completa e sei que preciso ser forte por ele.
Eu deixo as palavras de Toby preencherem minha mente enquanto eu
olho para o meu homem.
Se eu marcá-lo, talvez isso lhe dê força suficiente para se curar. Talvez
isso pudesse ajudá-lo, assim como Toby disse.
Eu sei que não posso ficar sentada aqui sem fazer nada.
Se ele viver e me odiar por isso mais tarde, então que seja assim. Pelo
menos ele estará vivo. Inclinando-me. pressiono suavemente meus lábios
em sua testa, em seguida, o beijo e sinto a frieza de sua pele enviando um
arrepio pelo meu corpo.
Um último beijo em seu pescoço e deixo meus caninos descerem
antes de afundá-los profundamente em sua garganta.
Capítulo 20
Rainier

Trevas. Ao meu redor, a escuridão me consome.


Sinto como se estivesse flutuando, minha alma pairando no limite
entre a vida e a morte, e tudo em que consigo pensar é o quão ingênuo eu
fui por acreditar que ninguém poderia me tocar.
Eu decepcionei minha matilha e decepcionei minha companheira por
causa de minha própria estupidez. Eu deveria ter feito mais. Eu poderia
ter feito mais. Estou perdido em meus pensamentos, suspenso no
desconhecido, quando uma voz suave e feminina canta através do
silêncio ensurdecedor do abismo.
— Bem-vindo ao lar, meu filho.
De repente, me sinto sendo puxado por uma força desconhecida.
Olhando para cima, vejo uma luz vívida e brilhante e meu coração
bate descontroladamente no peito enquanto sou impulsionado em sua
direção. Uma mulher logo surge e minha respiração parece me deixar por
um instante.
Ela é quase angelical enquanto uma luz brilhante emana dela e a
envolve de todos os ângulos.
— Eu esperei muito tempo para conhecê-lo, meu lobinho corajoso, —
ela diz enquanto sorri para mim.
Uma calma como nunca senti antes passa por mim quando ela
estende a mão e toca minha bochecha com os dedos. Isso é quase um
sonho, mas incrivelmente real ao mesmo tempo.
— Quem é você? — eu pergunto a ela, quase sem fôlego. Ela parece
tão familiar, como se eu já a conhecesse, mas não consigo identificar
quem ela é.
O longo vestido branco da mulher flui ao seu redor e seus olhos azuis
brilhantes cintilam com amor.
— Eu sou sua mãe, lobo. Eu criei você assim como todos os meus
outros filhos.
— Você é a Deusa da Lua. — eu sussurro quando a identifico e ela
confirma. A calma que senti momentos antes me deixa rapidamente
quando percebo o que isso significa.
— Eu estou... estou morto? — eu gaguejo. Minha garganta aperta e
minha visão fica turva com lágrimas.
Nunca chorei na frente de ninguém, mas não acho que posso parar
agora.
A Deusa sorri tristemente enquanto limpa as lágrimas do meu rosto.
— Você já passou por tanta coisa em sua vida, meu filho. Você estará
seguro aqui comigo. Ninguém poderá te machucar novamente.
Ela estende a mão para mim, me chamando para ir com ela, mas eu
não me movo.
— Eu não posso estar morto. Minha matilha precisa de mim. Minha
companheira precisa de mim! — eu digo enquanto mais lágrimas rolam
pelo meu rosto.
— Ah, sim, minha Alexia. Ela sempre foi uma das minhas favoritas, —
diz ela enquanto sorri para si mesma. — Ela é muito mais forte do que
você acredita. Alexia só precisa de ajuda para se encontrar. Eu cruzei o
seu caminho com o dela por uma razão, lobo.
Meu coração se parte quando penso em como a tratei da última vez
que estive com ela. Eu disse que ela não era forte o suficiente quando
tentou me reivindicar.
Lembro da dor e da raiva em seus olhos quando recusei que ela me
reivindicasse, e eu sei que a única coisa que tenho feito é ser um
problema para ela.
— Eu sei. Eu não a mereço. — eu digo, baixando meus olhos, e a
Deusa concorda.
— Você a ama, lobo? — ela pergunta. Amor. O único amor que
conheci foi o de minha mãe e nem me lembro como era isso.
— Não sei como é o amor, mas posso te dizer uma coisa. Eu morreria
por ela um milhão de vezes, sem fazer perguntas. Eu suportaria as surras
de meu pai todos os dias pelo resto da minha vida se isso trouxesse
felicidade para ela. Eu mataria qualquer um que tentasse machucar um
único fio de cabelo de sua cabeça. — Respiro fundo para tentar me
acalmar enquanto a Deusa me observa com curiosidade. — Eu faria
absolutamente qualquer coisa se isso significasse mais um dia com ela.
Os olhos da Deusa brilham enquanto eu falo e um estranho
sentimento surge em meu coração, algo diferente de tudo que eu já senti
antes.
— Você sente isso, criança? Ela está chamando por você. — A Deusa
da Lua agarra minha mão e sua pele brilha com todas as cores. — O que
você está esperando, lobo? Vá até ela.
Abro a boca para perguntar como, mas com a mesma rapidez que
cheguei aqui, sou mergulhado de volta na escuridão em queda livre.
Quando abro os olhos novamente, solto um gemido alto enquanto uma
dor imensa percorre meu corpo e o cheiro de remédio invade meu nariz.
— Rainier?! — eu ouço uma bela voz familiar ao meu lado. Eu olho e
o alívio toma conta de mim quando vejo minha linda mulher deitada ao
meu lado.
Sinto meus olhos lacrimejarem quando percebo que a Deusa me deu
uma segunda chance e juro a mim mesmo que não vou estragar tudo.
— Eu pensei que você tivesse morrido! — Alexia grita, então eu a
seguro em meus braços com toda minha força.
— Estou aqui, lobinha. — eu digo baixinho enquanto corro meus
dedos por seu longo cabelo escuro. Seu corpo treme de tanto chorar e
meu coração dói com cada uma das lágrimas. Não tenho certeza do que
mudou, mas sinto um elo indestrutível com ela que não sentia antes.
Eu me inclino e pressiono meus lábios no topo de sua cabeça,
tentando não gemer com a dor dilacerante em meu corpo. Ela se acalma
depois de alguns momentos e olha para mim com aqueles lindos olhos
esmeralda.
— Eu posso sentir sua dor, Rainier, fisicamente e mentalmente. Eu
posso sentir tudo. Sinto muito, — ela diz enquanto sua boca treme.
— Shhh. Tudo vai ficar bem agora, bebê, — eu digo enquanto corro
minhas mãos em suas costas suavemente.
— Não, você não entende. Eu marquei você. Eu estava com tanto
medo que você fosse morrer, que eu tive que fazer algo, — ela sussurra e
meu coração se parte.
É isso que estou sentindo. O vínculo do companheiro é completo e
ela pode sentir tudo, ver tudo.
— Eu sinto muito, querida. Eu nunca quis ser a razão do seu
sofrimento, — eu digo a ela com sinceridade.
— Não é isso. Eu posso lidar com o sofrimento. Isso me ajuda a te
entender melhor. Tive medo de que você me odiasse por ir contra suas
ordens. Você me proibiu de reivindicá-lo. — Ela olha para baixo e eu me
odeio por fazê-la se sentir assim.
Eu inclino seu queixo para cima e pressiono meus lábios nos dela, o
gosto dela é muito bom para ser descrito. — Eu estava errado. Eu não
consigo me desculpar o suficiente. Tenho sido um idiota com você por
causa de minhas próprias inseguranças. Eu não mereço você.
Eu a beijo novamente, deixando minha língua deslizar sobre a dela
como o vai e vem das ondas no mar calmo. Fechando meus olhos,
encaminho tudo o que sinto por ela através do nosso vínculo de
companheiro e a sinto sorrir junto aos meus lábios.
Eu me afasto depois de um momento e descanso minha testa contra a
dela.
— Eu vou te compensar por tudo que fiz. Eu prometo.
Ficamos deitados assim por um longo tempo envoltos nos braços um
do outro antes de me lembrar que preciso preparar minha matilha para
outro ataque.
Sei que meu irmão virá mais cedo ou mais tarde, pela convicção que
vi em seus olhos.
— Eu preciso me levantar. Preciso preparar meus guerreiros, — digo
enquanto tento me sentar, mas meu corpo está tão fraco que não consigo
quase nem me mexer.
— Não, você precisa descansar. — ela diz severamente. — Eu vou
cuidar de tudo.
— Eu tenho um irmão que quer me matar e assumir o controle de
minha matilha. Não vou deixar você lutar minhas batalhas.
— Não são apenas as SUAS batalhas agora. Você não precisa mais
lutar sozinho. Eles mataram meu irmão e atacaram minha matilha.
Apenas confie em mim. Dê-me uma chance, — ela diz enquanto me olha
suplicante. — Deixe-me provar a você e a mim mesma que sou digna de
ser a Luna de nossa matilha.
Abro a boca para dizer não quando me lembro do que a Deusa havia
me falado. Suspirando pesadamente, passo a mão no rosto.
— Ok, eu confio em você, mas há muita coisa que você precisa
aprender e não sei quanto tempo tenho para lhe ensinar.
Ela me olha séria por um momento antes de assentir.
— Como o quê?
— Diferentes estratégias para defender o bando para começar. — digo
a ela. — Estamos perdendo alguns guerreiros, então teremos que jogar de
forma inteligente. Não quero perder mais ninguém da minha matilha.
— E sobre a casa da matilha que você estava construindo no norte? Já
faz mais de um mês.
— Ir embora não é mais uma opção, — digo a ela. — Meu irmão vai
nos perseguir onde quer que eu vá para conseguir o que ele quer.
Inclinando-me, coloco meu nariz em seu cabelo e cheiro
profundamente, o perfume de orquídeas cobrindo o cheiro da sala de
cirurgia.
Depois de um momento, tento sentar-me novamente e, dessa vez,
consigo com uma ajudinha de Alexia.
— Venha, — ela diz. — vamos levá-lo ao nosso quarto. Estou pronta
para sair daqui.
Trinta minutos do que pareceram horas de uma dor insuportável e
estou finalmente de volta à minha cama.
Alexia troca o curativo com cuidado antes de se deitar ao meu lado.
Eu sinto um pouco de arrepio enquanto ela passa a mão em minha
barriga nua, me fazendo desejar ter força para fazer amor com ela.
Em vez disso, eu a beijo profundamente e a puxo contra mim para
que sua cabeça fique no meu peito.
Em pouco tempo, eu me sinto caindo no sono, o vínculo do
companheiro que está vibrando entre nós me embala em um sono
profundo e tranquilo.
Capítulo 21
Alexia

— Hummm, assim você está me matando, lobinha, — Rainier diz


sonolento enquanto eu passo minha mão em seu peito e desço por sua
barriga.
Eu estive acordada nas últimas duas horas apenas observando-o
dormir e não importa o quanto tente, não consigo manter minhas mãos
longe dele. Eu me aconchego mais perto e acaricio meu rosto em seu
peito. Eu inalo profundamente o cheiro de chuva fresca e pinheiro que
invadem meus sentidos e então suspiro contente.
Ele passa os dedos pelas minhas costas e pelo meu cabelo, causando
arrepios na minha pele. Um pequeno gemido escapa dos meus lábios e
Rainier rosna.
— Essa porra de som, — ele respira, — é a coisa mais sexy que eu já
ouvi. — Abaixando a cabeça, ele pega minha boca me beijando
profundamente e eu não posso deixar de gemer de novo.
Ele se afasta depois de um segundo e olha profundamente nos meus
olhos.
— Nunca pensei em um milhão de anos que pudesse sentir as coisas
que você me faz sentir. — Ele me dá outro beijo lento e doce. — Eu sei
que não mereço você, mas farei tudo que puder para ser o homem que
você precisa que eu seja.
Ele segura meu rosto com a mão e beija minha testa.
— Diga que você é minha.
Meu coração acelera e tenho que respirar fundo para conter as
lágrimas. Eu olho para ele para que possa ver a sinceridade em meus
olhos.
— Eu sou sua. Rainier. Apenas sua. — Usando as pontas dos meus
dedos, eu deslizo através da pele nua de seu peito, descendo pelos
músculos de sua barriga.
Quando eu alcanço o lençol que cobre sua cintura pra baixo, seu pau
duro sinaliza para encontrar minha mão.
Sob o lençol, eu o aperto suavemente através de sua cueca boxer.
— Porraaaa, — ele geme. Ele tenta se sentar, mas reclama de dor com
o movimento que vai de encontro ao ferimento e volta a se deitar.
Ele parece desolado com a situação.
— Eu te quero pra caralho mas estou tão fraco...
Sentando-me, subo em cima dele e monto em suas coxas
pressionando o dedo em seus lábios.
— Shhh. Deixe-me cuidar de você agora. — Puxando o lençol para
baixo, eu me inclino e dou um beijo na cabeça de seu membro através de
sua cueca.
Puxando-a para baixo lentamente, vejo como seu pau salta para
frente e encosta em sua barriga, deixando um rastro de pré-gozo
próximo ao umbigo.
Minha boca enche de água com a visão e eu lambo meus lábios
enquanto abaixo minha cabeça. Ele não tira os olhos dos meus enquanto
eu uso minha língua para lamber a essência em sua barriga.
Ele se contorce enquanto eu o beijo até chegar à ponta de seu
membro.
Eu deixo meus lábios trilharem até chegar à base e então eu lambo
meu caminho de volta, fazendo-o uivar por entre os dentes.
— Essa sua boca, lobinha. — ele diz, mas não consegue terminar
quando coloco toda sua cabeça em minha boca. Seus quadris empurram
para cima enquanto eu giro minha língua ao redor dele, o gosto dele me
excitando à medida que eu o levo profundamente em minha garganta.
Ele enfia a mão no meu cabelo e segura enquanto eu o pego de jeito.
— Porra, bebê, eu não vou conseguir aguentar. — ele geme, me
fazendo chupar cada vez mais forte. Eu o sinto latejar e pulsar no fundo
da minha garganta e sei que ele está quase lá.
— Assim eu vou gozar, — ele geme enquanto tenta puxar para fora da
minha boca, mas eu só o levo mais fundo na minha garganta. — PORRA!
— ele grita enquanto fica tenso e puxa meu cabelo. Seu corpo inteiro
treme quando ele jorra em minha boca e eu engulo tudo.
Depois que ele termina, ele agarra meus braços e me puxa para cima
dele.
Ele segura meu rosto e me beija com força, deixando sua língua
deslizar sobre a minha sensualmente.
Quando ele se afasta, ele me segura no lugar enquanto olha nos meus
olhos.
— Obrigado. — Eu levanto uma sobrancelha e olho para ele com
curiosidade.
— Pelo que?
— Pelo que você acabou de fazer. Eu nunca experimentei isso antes e
estou feliz que você foi minha primeira.
Ele me beija novamente antes de me envolver em seus braços e eu
sinto minha loba ronronar feliz, tão profundamente contente pela
primeira vez em sua vida. Depois de um tempo, a respiração de Rainier se
aprofunda e eu olho para cima para vê-lo dormindo novamente.
Eu rastejo para fora da cama e me visto rapidamente antes de fazer
meu caminho para fora do quarto, rumo a cozinha.
Algumas empregadas trabalham em silêncio quando eu entro e elas
baixam a cabeça na minha direção assim que me veem. Eu dou a elas um
sorriso genuíno enquanto vou até a geladeira e pego um pouco de bacon
e ovos. Eu preparo um prato antes de voltar para o nosso quarto.
Quando chego, noto que a porta está ligeiramente entreaberta.
Abrindo a porta, vejo Rainier sentado na cama e a Dra. Graham
inclinada sobre ele enquanto checa seus sinais vitais. O bom senso me
diz que ela está lá apenas fazendo seu trabalho, mas meus instintos mais
primitivos me dominam em vez disso. Um rosnado baixo surge do fundo
do meu peito e a médica olha para cima assustada.
— Luna, você me assustou! — ela diz.
— Fui à ala médica para fazer minhas rondas e vi que o Alfa não
estava na sala de cirurgia. Só vim verificar suas ataduras e sinais vitais,
logo deixo vocês sozinhos. Devo dizer que estou impressionada com a
velocidade de cura dele.
Ela coloca seu equipamento de volta na maleta e se levanta.
— Eu vou indo agora. Se você precisar de alguma coisa, por favor me
avise. — Ela baixa a cabeça e sai rapidamente da sala. Eu olho para onde
Rainier está sentado com um sorriso estampado no rosto.
— O que é tão engraçado? — eu pergunto, um pouco irritada com a
forma como acabei de agir.
— Ah, nada. Eu só acho divertido quando você fica com ciúmes, — diz
ele enquanto me chama com o dedo indicador. — O que você tem aí?
Eu ando em direção a ele lentamente com o prato de comida na
minha mão.
— Bem, eu ia alimentar você, até que você começou a zombar do meu
ciúme. Como se fosse fazer diferente. — eu o provoco.
— Mmmmmm. isso cheira muito bem. — ele fala. — Estou faminto.
— Eu finjo que dou o prato, mas em seguida, quando ele estende a mão
para pegá-lo, puxo de volta rapidamente.
— Nananiiinanão, o que você deveria dizer? — eu pergunto,
brincando.
Ele dá um sorriso bobo que faz meus joelhos fraquejarem.
— Hummm, que você é a mulher mais sexy que eu já vi?
Eu reviro meus olhos e rio enquanto me sento na cama.
Ele me dá um beijo rápido antes de pegar o prato de mim. Pegando
um pedaço de bacon, ele o leva à minha boca e eu dou uma mordida.
Comemos em silêncio por um minuto antes de ele falar.
— Quando é seu aniversário?
— 1° de novembro, — digo a ele enquanto como os ovos. — Quando é
o seu?
— 22 de março. O que você gostaria de fazer no seu aniversário? — Eu
penso por um momento e me ocorre que este ano será o primeiro
aniversário que passarei sem Adam.
— Adam geralmente me trazia um bolo e nós comemorávamos em
casa.
Sinto minha expressão mudar e sei que ele vê.
Ele toca meu queixo e o levanta suavemente.
— Eu sei que nunca poderei preencher o espaço vazio que seu irmão
deixou para trás, mas vou passar minha vida fazendo o que for preciso
para te fazer feliz.
Eu fecho meus olhos quando o sinto invocar o vínculo de
companheiro.
Imagens de cada momento que passamos juntos preenchem minha
mente e eu percebo que estou vendo tudo isso do ponto de vista dele.
Imagens de quando ele me conheceu, quando ele fez amor comigo pela
primeira vez, quando ele me reivindicou como sua, passam pela minha
cabeça ao mesmo tempo que sinto o mais puro amor transbordar.
Ele se inclina quando uma única lágrima escorre pela minha
bochecha e a beija. Quando eu olho para ele, ele sorri calorosamente e
não vejo nada além de adoração e amor em seus olhos.
— Agora, me ajude a levantar, mulher. Eu preciso de um banho. — Ele
joga suas pernas grossas e musculosas para fora da cama lentamente,
expressando um pouco de dor.
De alguma forma, acabamos os dois no chuveiro e ele, sem pressa, usa
seus dedos para me recompensar por mais cedo. Dois orgasmos depois e
ele está acomodado na cama. Ele me observa atentamente enquanto eu
me visto, seus olhos deixando um rastro de fogo onde quer que eles
foquem.
— Pare de me olhar assim, — digo a ele, — ou nunca faremos nada.
— Venha aqui e podemos fazer muito. — Eu olho para ele e ele
balança as sobrancelhas para mim. Jogando minhas mãos em meus
quadris, eu dou a ele um olhar sério.
— Ok, ok, você está certa, — ele resmunga. Estamos repassando os
detalhes das diferentes estratégias de defesa para as próximas horas,
quando alguém bate na porta.
Toby espreita sua cabeça para dentro e seu rosto se ilumina quando
ele vê que seu Alfa está de pé e passa bem. Eu me levanto e dou-lhe um
beijo rápido antes de sair.
— Aonde você está indo, lobinha?
— Vou pegar algo para comermos. Volto em breve, — digo a ele. Ele
me dá um sorriso brilhante e uma piscadela rápida.
Assim que saio do quarto, não acredito em quem esbarro no caminho.
— Gennie? — eu digo, enquanto me aprumo. Mal posso acreditar
quando vejo aquela mulher de aparência desgrenhada diante de mim.
Eu a envolvo em meus braços sem pensar duas vezes e aperto-a
contra mim com força. Estou tão aliviada em vê-la que não consigo evitar
que as lágrimas de felicidade se acumulem em meus olhos.
Ficamos em um abraço profundo ao que parecem horas antes de eu
me afastar dela.
— Venha, — eu digo a ela. — você precisa tomar um bom banho e se
alimentar um pouco. — E nas próximas horas, é exatamente isso que
fazemos.
Capítulo 22
Rainier

Jogando minhas pernas para fora da cama, tento ficar de pé sozinho.


Eu planto meus pés firmemente no chão e uso os músculos das
minhas pernas tanto quanto possível para evitar tensionar a região perto
da ferida.
Para minha surpresa, não dói tanto quanto da última vez que me
levantei.
Depois de vestir um short, eu cuidadosamente desço as escadas em
busca de uma pequena loba que está demorando muito. A menos que ela
esteja preparando uma refeição de cinco pratos, ela já deveria ter voltado.
Assim que chego ao primeiro andar, o cheiro de algo delicioso domina
o ar e meu estômago ronca alto.
Sigo o cheiro até a cozinha e vejo minha garota no fogão mexendo
algo em uma panela enorme. Uma mulher desconhecida está sentada na
mesa atrás dela e presumo que seja alguém de sua matilha que foi trazida
de volta para cá após o ataque a Northridge.
Andando atrás de Alexia, eu envolvo meus braços em volta de sua
cintura e a puxo contra mim.
— Algo cheira delicioso. — eu rosno em seu ouvido. Ela relaxa com
meu abraço e suspira feliz. — Ensopado de carne de veado, — diz ela. Ela
se vira e me dá um beijo breve.
Seus olhos permanecem no meu peito desnudo por um momento
antes de morder o lábio.
— Há alguém que eu quero que você conheça. — Ela pega minha mão
e me leva até a outra mulher. — Esta é Gennie, — ela diz, me dando um
sorriso largo. Eu observo a mulher de aparência esquelética e aceno com
a cabeça. Perder seu companheiro deve ter sido difícil para ela.
— Prazer em conhecê-la, — eu digo, tentando diminuir o tom Alfa
em minha voz.
A mulher mantém a cabeça e os olhos voltados para baixo.
— Prazer em conhecê-lo também. Obrigado por nos salvar.
— Você terá que agradecer aos meus guerreiros por isso, — digo a ela.
— Eu apenas os levei até lá.
Alexia aperta minha mão e me curvo para beijar o topo de sua cabeça.
— Bem, parece que vocês duas têm tudo sob controle por aqui.
Estarei no meu escritório se precisarem de mim.
Eu sei o quanto esta mulher significa para minha companheira e não
quero interferir com o que quer que seja o assunto. De qualquer maneira,
tenho muito o que fazer para me manter ocupado.
— Por favor, fique. Já preparei o jantar para você, — diz Alexia, e
minha boca enche de água pensando no ensopado de veado.
Para me tentar ainda mais, ela vai até o fogão e me serve uma tigela
grande. Ela serve mais duas tigelas e eu a ajudo a colocá-las na mesa onde
Gennie está sentada.
Alexia se senta ao lado da amiga e eu me sento na frente dela para que
possa apreciar a vista enquanto como.
Dando uma grande mordida no meu guisado, eu suspiro quando o
sabor explode na minha boca. A carne de veado está cozida
perfeitamente e todos os temperos que ela usou funcionam
excepcionalmente juntos. Esse é o tipo de comida que conquista um
homem pelo estômago em dois tempos.
Quando eu olho para ela para dizer como está bom, me distraio
vendo ela lamber os lábios e me olhando com desejo.
O movimento de sua língua em seu lábio superior carnudo me faz
endurecer imediatamente e eu rosno baixo avisando-a para não me
tentar. Não quero tomá-la bem aqui na frente de sua amiga, mas só
consigo me controlar até certo ponto.
Gennie fica sem jeito e eu sorrio quando as bochechas de minha
companheira ficam em tom bonito de rosa.
O silêncio preenche o ar enquanto continuamos comendo e eu chego
a repetir o prato. Não é sempre que como comida caseira. Claro, tenho
empregadas que cozinham diariamente, mas infelizmente seus pratos
não se comparam aos de minha companheira. É por isso que geralmente
caço meu alimento e aproveito pra comer enquanto ainda está quente.
Estou na metade da minha segunda tigela de ensopado quando Alexia
para de comer e me olha com uma certa expectativa, então eu paro de
comer e dou a ela toda a minha atenção.
— Eu disse a Lucas para convocar uma reunião da matilha para esta
tarde. — ela diz, sua voz oscilando ligeiramente.
— Pensei que seria melhor definir um toque de recolher para a
matilha até resolvermos essa situação. Ninguém deve sair depois de
escurecer já que é a hora que esses idiotas gostam de atacar. Eu também
estabeleci rotinas de treinamento mais rígidas e alistei mais dez lobos
para treinar para lutar.
Ela faz uma pausa apenas momentaneamente antes de continuar.
— Já que estamos em desvantagem quanto ao número de guerreiros,
vou chamar os guardas das fronteiras da matilha e trazê-los para mais
perto da casa. Eu sei que isso reduz o tempo que temos para nos preparar
quando eles chegarem, mas vai diminuir a chance de entrarem sem
serem detectados.
Eu fico em silêncio, impressionado de ver como ela está tomando a
iniciativa. Devo dizer que todas essas ideias são realmente boas e tenho
certeza que ela pode notar o orgulho que estou sentindo estampado em
meu rosto.
Eu não quero admitir que ver ela assumindo o controle das coisas
desse jeito me deixa excitado.
— Que horas é a reunião da matilha? — eu pergunto, querendo
apoiá-la se houver necessidade.
Ela olha para o relógio na parede.
— Seis horas. — Eu inclino minha cabeça e sorrio.
— Bem, há algo em que eu possa ajudá-la, lobinha?
— Não consigo pensar em nada agora que não seja ajudar a treinar os
novos recrutas, — diz ela. — Mas você precisa se recuperar primeiro.
Eu pisco e dou a ela um sorriso malicioso.
— Não se preocupe comigo, querida. Eu estarei como novo num
piscar de olhos. — Droga, já me sinto melhor. Ainda dói pra caramba,
mas é tolerável e não me sinto tão fraco.
Antes que ela tenha a chance de responder, Gennie fala.
— Acho que vou deitar. Estou muito cansada, — diz ela. — Obrigada
pelo jantar. Lex. — Alexia sorri docemente para ela.
— Sem problemas. Eu vejo você após a reunião do bando.
Depois que Gennie vai embora, chamo minha companheira com meu
dedo indicador e ela me dá um sorriso tímido.
Dou um tapinha no meu colo enquanto ela dá a volta na mesa e me
agrada muito vê-la me obedecer. Eu puxo seu cabelo por cima do ombro
para expor seu pescoço e beijo a marca que deixei, causando um arrepio
por todo seu corpo.
Baixo o tom de minha voz enquanto falo em seu ouvido.
— Estou tendo dificuldade em me controlar perto de você, lobinha.
Ela suspira quando eu a levanto junto comigo. Eu sento sua linda
bunda bem no topo da mesa e me coloco entre suas pernas. Sem avisar,
minha ereção encosta contra sua coxa e ela geme com o contato.
Ela mantém os olhos focados em meus lábios enquanto me inclino
para beijá-la, mas somos interrompidos por uma voz grossa.
— Poxa, desculpe, — diz Ardon. — Não quis interromper. Só pensei
ter sentido cheiro de ensopado de veado, mas, hmmm, volto mais tarde.
— Ele dá a Alexia uma piscadela de — eu avisei — e minha garota tem a
audácia de rir.
— Então, eu percebi que você ficou muito próxima de Ardon nas
últimas semanas, — eu provoco. — Eu deveria estar preocupado? — Eu
cutuco sua cintura de brincadeira quando ela finge que tem que pensar
sobre isso, fazendo-a apenas rir mais.
Eu observo enquanto ela ri, uma risada genuína que faz seus olhos
franzirem nos cantos e então guardo essa imagem mental dela para mais
tarde.
Depois que seu ataque de riso para, ela me olha com sinceridade.
— Eu sou só sua, Rainier. — Quando seus olhos encontram os meus,
uma sensação avassaladora de possessividade toma conta de mim. Porra.
adoro ouvi-la dizer isso.
— Inteira, — digo a ela. — Esses lábios, — eu falo me virando e a
beijando com força. — Este corpo, — continuo, enquanto arrasto minhas
mãos por sua cintura, deixando meus polegares tocarem em seus
mamilos duros. — E essa buceta é toda minha, — eu suspiro
pesadamente. Eu a seguro entre suas coxas e aperto com força, fazendo-a
resistir dentre minhas mãos.
Estou prestes a tomá-la bem aqui na cozinha quando ela coloca as
mãos no meu peito para me impedir.
— Por mais que eu queira você agora, — diz ela, beijando meus lábios,
— eu realmente preciso me preparar para a reunião da matilha. — Antes
que eu tenha a chance de argumentar a respeito, meu beta entra na
cozinha.
— Desculpe incomodá-lo, mas gostaria de saber se poderia ter uma
palavra com você, Alfa.
Eu olho para ele e suspiro.
— Claro, o que é?
Seus olhos se voltam para Alexia antes de encontrar os meus
novamente.
— Na verdade, eu estava me perguntando se poderia falar em
particular.
Capítulo 23
Alexia

Rainier ergue uma sobrancelha para Lucas. — O que quer que você
precise me dizer, você pode dizer na frente de sua Luna.
Lucas me olha com desconfiança, mas logo se liga quando Rainier dá
um rosnado baixo de repreensão.
— Eu só queria ter certeza que você sabia da reunião da matilha que
ela convocou, — ele diz, apontando para mim. Que diabos? Ele
concordou quando eu pedi a ele para convocar a reunião da matilha mais
cedo. Eu não sei porque, de repente, ele cismou comigo.
Rangendo os dentes, rosno para o beta dissimulado.
Rainier cruza os braços sobre o peito largo e estreita os olhos.
— Eu sabia, — ele diz. — Você tem algum problema com isso?
— Você realmente acha que é uma boa ideia deixá-la dar as cartas? —
Lucas diz, nem mesmo tentando esconder o tom inconformado em sua
voz.
Eu me levanto da mesa e fico na frente dele.
— Qual é o seu problema comigo? — eu pergunto. — Por que não fala
na minha cara em vez de chorar para o seu Alfa? — Pra começo de
conversa, eu não sei porque ele simplesmente não disse que tinha alguma
coisa contra mim. Estar puto é um eufemismo agora.
O olhar frio de Lucas viaja dos meus pés por todo meu corpo até que
se fixam no meu rosto.
— Eu não pensei que Alfa concordaria em deixar você dar ordens, —
ele rosna.
Droga, esse cara decidiu ficar arrogante de repente. Antes que eu
tenha a chance de responder, Rainier dá um passo na minha frente,
bloqueando minha visão de Lucas.
— Em primeiro lugar. — ele diz. — você nunca mais vai olhar para a
minha mulher do jeito que você olhou, a menos, claro, que deseje
morrer. E em segundo lugar, por que você achou que eu não concordaria
com isso? — Lucas levanta as mãos e olha para Rainier como se a
resposta fosse óbvia.
— Ela é uma mulher. Você realmente acha que a matilha vai ouvi-la?
O rosto de Rainier se enche de fúria e, de repente, ele está frente a
frente com seu beta.
— Minha matilha sabe que sempre farei apenas o que for melhor para
eles, — ele grita, a apenas alguns centímetros de distância. Lucas desvia
os olhos e dá alguns passos lentos e trêmulos para trás, mas meu
companheiro não desiste. — Quando você desrespeita sua Luna, você me
desrespeita. Se eu não confiasse na capacidade de Alexia, você realmente
acha que eu colocaria a vida da minha matilha nas mãos dela?
— Não, Alfa, — diz ele humildemente, virando os olhos para mim. —
Ela é sua Luna agora. Somos iguais e você a tratará como tal. Você
entendeu?
Lucas diz que sim com a cabeça antes de sair e me deixar sozinha com
meu companheiro novamente.
— Que merda, — diz ele, Virando-se para mim. Ele passa as mãos
pelo cabelo desgrenhado e suspira.
— Por que ele tem tanto ódio pelas mulheres? — eu pergunto, com
meu sangue ainda fervendo por causa da situação.
— Não é que ele odeie as mulheres, — Rainier responde.
— Fomos ensinados que as mulheres não eram tão fortes ou
inteligentes quanto os homens. Nossos pais nos ensinaram que as fêmeas
não serviam para nada além de procriar. Na época em que meu pai era
Alfa, minha mãe não tinha voz em nada que envolvesse a matilha.
Meus olhos se arregalam de surpresa.
— É uma maneira repulsiva de pensar, — digo a ele. — Seu pai era
desprezível.
Ele acena concordando.
— Nem todos os meus lobos pensam assim, mas acho que é hora de
fazer as coisas de forma um pouco diferente por aqui.
Não quero admitir que me sinto magoada com o que Lucas disse.
Sinto raiva mais do que qualquer coisa, mas, principalmente magoada.
Decidida a não deixar alguns idiotas sexistas me deter, eu levanto meu
queixo sem medo do desafio.
— Vou provar a todos quem sou e do que sou capaz.
— Essa é minha garota, — ele diz com um olhar orgulhoso no rosto.
Ele se vira e me beija apaixonadamente e suas ações falam mais alto
do que palavras enquanto sua língua explora minha boca com fervor.
Quando ele se afasta, o olhar de devoção que vejo em seus olhos me
deixa sem ar. O sorriso que ele me dá ilumina todo o seu rosto, fazendo
seus olhos brilharem ainda mais.
— Venha. — ele diz. — Vamos para a reunião da matilha antes de eu
levá-la de volta ao nosso quarto e mantê-la lá por alguns dias.
***

— Você foi bem na sua estreia — Rainier diz quando saímos da


reunião da matilha.
Depois do incidente com Lucas, eu estava preocupada que o bando
fosse me causar mais problemas. Apesar disso, tudo correu bem.
Rainier estica os braços sobre a cabeça e faz uma cara de dor
enquanto subimos as escadas de volta ao nosso quarto.
Pela expressão em seu rosto, ele pode ter se esforçado demais por
hoje.
— Vou dar uma olhada em Gennie, — digo a ele. — Volte para o nosso
quarto e descanse. Não vou demorar. — Dou-lhe um selinho rápido
antes de subir para o quarto de Gennie.
Quando chego lá, fico surpresa ao ver Ardon saindo e fechando a
porta.
— O que você estava fazendo lá? — eu pergunto a ele, colocando as
minhas mãos na cintura. Ele olha para o chão antes de me dar um sorriso
tímido. — Eu estava trazendo algo para sua amiga comer. Achei que ela
pudesse estar com fome.
Eu olho para o prato vazio em suas mãos e sorrio para mim mesma.
Ardon é um homem tão atencioso; sua companheira era uma loba
sortuda.
— Obrigado por cuidar dela. Gennie já passou por muita coisa, —
digo a ele. Conversamos por mais alguns minutos antes de começar a
sentir falta do meu próprio companheiro, então digo-lhe boa noite.
Perdida em meus pensamentos, eu subo os degraus de volta ao nosso
quarto, mas paro do lado de fora da porta quando ouço uma voz familiar
lá dentro.
— Pense no que você está fazendo, Alfa. Você sabe que as mulheres
não podem ser mantidas em uma posição tão elevada de comando. Seu
pai ficaria desapontado.
Através da porta, ouço alguns passos pesados antes de ouvir o som de
alguém sendo sufocado.
— Se você não está feliz com minha decisão, Lucas, você é mais que
bem-vindo para deixar sua posição como beta. Eu estou farto de suas
besteiras. E se você falar do meu pai de novo, eu mesmo vou acabar com
a sua raça. Não quero ouvir mais nenhuma palavra sobre isso. Agora, dê o
fora do meu quarto.
Um estrondo forte segue e eu me afasto da porta assim que ela se
abre. Lucas sai segurando sua garganta, me dando um olhar cruel antes
de passar por mim e eu não posso evitar o rosnado que sobe do meu
peito.
— Talvez ser um pedaço de merda machista foi o que você aprendeu
enquanto crescia e eu odeio que alguém demorou tanto para te contar,
mas uma mulher pode liderar um bando tão bem quanto um homem.
Lunas trabalham junto com seus alfas para fazer o melhor por sua
matilha.
Ele se vira para me encarar e eu o olho profundamente nos olhos.
— Então cale a boca e guarde seus comentários ignorantes para si
mesmo. Existe uma ameaça real lá fora e se você não está conosco, você
está contra nós.
Quando termino, respiro fundo antes de entrar no quarto, batendo a
porta atrás de mim. Nunca estive perto de um homem tão iludido quanto
aquele beta. E eu aqui pensando que meu companheiro que era ruim.
Homens e mulheres eram respeitados sem distinção em minha
matilha. Estou cansada de ser considerada fraca. Vou ganhar meu
respeito como Luna e provar meu valor para todos que duvidam de mim.
Uma Semana depois
Os últimos dias foram um turbilhão completo.
Do nascer ao pôr do sol, tenho treinado até sentir meu corpo chegar
ao limite.
Eu até fui derrotada por alguns dos guerreiros mais fortes, mas posso
dizer que minhas técnicas estão melhorando a cada vez que entro para
lutar.
— Deu por hoje? — Ardon pergunta. Ele me oferece a mão para
levantar logo depois de me vencer. Aceitando sua ajuda, eu levanto e
limpo a poeira das costas.
— Por que? O pobre lobinho está cansado? — eu provoco.
Lentamente, eu o rodeio mais uma vez e ele revira os olhos, mas mesmo
assim assume uma posição defensiva.
— Sim, na verdade, estou cansado, — diz ele. — Estamos aqui desde
às seis da manhã. Todo mundo já foi embora.
Eu aproveito sua distração momentânea como uma chance de atacar.
Movendo-me o mais rápido que posso, uso meu impulso para
derrubá-lo no chão.
Ele luta contra o meu peso enquanto eu me viro e jogo minha perna
em volta de sua garganta, usando minha outra perna para travá-la no
lugar. Ele tenta se desvencilhar por um segundo antes de bater na minha
coxa, como um aviso de desistência. Soltando minhas pernas, eu o puxo
do chão.
— Eu nunca deveria ter te ensinado isso, — ele suspira. — Por falar
nisso, agora deu por hoje.
Dando tapinhas nas costas dele, dou um sorriso cansado.
— Ok, mas volto pela manhã no mesmo horário. Precisamos treinar
tanto quanto possível.
— Estarei aqui, — diz ele com um sorriso. — Boa noite, Luna.
Entrando na casa da matilha, subo os degraus lentamente, sentindo a
tensão em cada músculo do meu corpo.
Quando chego, nosso quarto está vazio e presumo que Rainier ainda
esteja em seu escritório. Não o tenho visto muito nos últimos dias,
andamos extremamente ocupados. Indo para o banheiro, jogo meu
cabelo para cima em um coque bagunçado e tiro minhas roupas suadas.
Abro a torneira o mais quente possível e encho a banheira o máximo
que posso, sem o perigo de transbordar.
A água escaldante queima quando eu entro, mas meus músculos
começam a relaxar, fazendo-me soltar um suspiro trêmulo antes de
fechar os olhos. O perfume masculino do meu companheiro enche o ar
ao meu redor logo depois e eu relaxo ainda mais na água.
Quando eu abro meus olhos, ele está ao lado da banheira
completamente nu com uma esponja na mão.
Eu desencosto e ele desliza atrás de mim, seu corpo enorme
preenchendo quase todo o pequeno espaço. Ele me coloca em seu colo e
começa a me ensaboar. Começando no meu pescoço, ele passa a esponja
com sabonete pelo meu corpo, deixando as pontas dos dedos roçarem
minha pele a cada movimento que ele faz.
Inclinando-me para trás, deixo meu corpo esparramar no dele
enquanto seus lábios chegam bem perto de minha orelha.
— Estou orgulhoso de você, — diz ele, provocando um arrepio pela
minha espinha. Virando minha cabeça, eu olho para ele sem entender.
— Pelo que?
Ele me dá um pequeno sorriso.
— Por estar lá quando mais precisei de você; por ser a Luna que eu sei
que você estava destinada a ser. — Tocando meu queixo suavemente, ele
encosta seus lábios nos meus antes de continuar. — Você me deu mais
esperança na vida do que eu jamais tive. Antes de você, a raiva e ódio
vindas do meu pai era tudo que eu conhecia. Agora, só consigo pensar
em um futuro com você. Eu me pego pensando em como nossos filhotes
serão, com quem eles se parecerão mais. Eu quero tudo com você.
Meus olhos lacrimejam quando sinto a sinceridade em suas palavras.
Ele mudou muito desde que cheguei. Talvez sua experiência de quase
morte tenha colocado as coisas em perspectiva para ele. O que quer que
tenha causado a mudança em sua atitude, sou grata por isso.
Depois de terminar o banho. Rainier e eu nos revezamos nos
enxugando antes de eu vestir uma de suas enormes camisetas e deitar na
cama.
De onde estou, eu observo curiosamente quando Rainier vai para o
closet e pega uma pequena caixa. Ele a coloca na minha frente antes de
subir do outro lado da cama.
Ele abre a caixa e a primeira coisa que meus olhos veem é a foto de
uma mulher. E caramba, ela é linda.
Capítulo 24
Rainier

Uma dor profunda ocupa meu coração enquanto olho para a foto de
minha mãe. Já faz muito tempo desde que vi seu rosto pela última vez.
É difícil para mim imaginá-la de outra forma que não seja sendo
espancada ou machucada.
Nesta foto, ela está de pé com um sorriso genuíno no rosto, seus
longos cabelos negros caindo sobre os ombros e seus olhos ferozes
idênticos aos meus.
— Ela é linda, — diz Alexia em voz baixa. — Você se parece tanto com
ela.
Limpando a lágrima dos meus olhos, eu sorrio tristemente. Eu odeio
me sentir vulnerável assim.
Isso é extremamente difícil para mim, mas sei que é o próximo passo
em direção ao meu futuro com minha companheira. Por mais difícil que
seja para mim, não quero esconder nada dela. Pego as fotos restantes da
caixa e mostro a ela. Enquanto ela observa, eu me lembro do real motivo
pelo qual peguei a caixa.
Eu levanto o colar lentamente, o pequeno pingente da lua balança
enquanto fica pendurado em meus dedos.
Esta joia antiga tem pelo menos duzentos anos e foi passada de
geração em geração até chegar até mim. Minha mãe era uma mulher
muito espiritual, nunca deixando de fazer suas orações à Deusa.
Ela usou o colar como um símbolo de sua fé até o último suspiro.
O colar e algumas fotos são tudo que me restaram dela.
— Isso era da minha mãe, — digo a ela, tirando sua atenção das fotos.
— Eu quero que você fique com ele... ela gostaria que isso fosse seu. —
Desde meu encontro com a própria Deusa, sinto que minha
companheira deveria usar o colar.
Seus olhos se enchem de lágrimas quando eu coloco em volta de seu
pescoço e beijo seu ombro levemente.
— Minha mãe teria te amado, — eu digo a ela com sinceridade.
Ela coloca a caixa de lado e sobe no meu colo antes de envolver os
braços em volta de mim.
— Obrigada. Eu irei guardá-lo para sempre, — ela diz. — Eu gostaria
de tê-la conhecido.
— Eu também gostaria que você a tivesse conhecido, lobinha, — eu
digo, beijando o topo de sua cabeça.
— Pensei muito nisso na semana passada e quero deixar meu passado
para trás. Isso é sobre nosso futuro agora. Assim que meu irmão e seus
bandidos não forem mais uma ameaça, nós realmente começaremos
nossas vidas. — Eu paro por um momento antes de continuar.
— Eu estive pensando... quando tudo isso acabar, eu quero fazer uma
cerimônia especial para comemorar nosso vínculo de companheiro. Nós
nunca fizemos isso aqui, mas eu testemunhei algumas dessas em outras
matilhas que visitei. Você ficaria feliz com isso? — Ela acena com
entusiasmo.
— Tínhamos cerimônias assim em Northridge. Não eram muito
frequentes, mas eram sempre muito especiais quando aconteciam. Você
podia sentir a conexão dos companheiros de longe.
Eu sorrio um pouco mais quando ela traz seus lábios aos meus e me
beija suavemente, o calor dela me envolvendo em um estado de êxtase.
Sentindo a necessidade de me aproximar dela, eu a pego e a coloco de
costas.
Ela suspira satisfeita enquanto eu cubro seu corpo com o meu peso
pressionando-a contra o colchão.
Nosso beijo logo se torna ardente, nossas bocas ficam presas em uma
batalha pelo controle. Meu pau endurece por ela, uma sensação de
excitação me toma quando ela envolve suas pernas macias em volta da
minha cintura. Só estive dentro dela uma vez e parece que foi há muito
tempo.
Estive pensando sobre isso a semana toda e agora que estou quase
totalmente curado, não há nada que me impeça, meu lobo até rosna em
aprovação.
Inclinando-me, tiro sua camiseta expondo as curvas suaves de seus
seios. Eu mergulho minha cabeça em seu pescoço e respiro fundo, seu
cheiro natural é insanamente erótico. Ela suspira de prazer quando eu
coloco seu seio em minha boca, sugando e girando minha língua até que
seu mamilo endurece completamente.
Sem pressa, faço o mesmo com o outro, mordendo levemente e
puxando-o na minha boca antes de soltar com um pop.
Eu me apoio em meus antebraços enquanto meus lábios percorrem
sua barriga, deixando pequenas mordidas de amor à medida que o cheiro
de sua excitação quase me deixa entorpecido.
Meu lobo rosna admirado quando coloco minha cabeça entre suas
pernas e quase perco o controle quando inalo seu cheiro ainda mais
fundo.
— Porra, seu cheiro é incrível, — eu grito, mal contendo meu lobo.
Pegando meus dedos, eu abro seus lindos lábios rosados e uso minha
língua para lambê-la do começo até o fim de sua fenda molhada.
Pequenos ruídos de gemidos vibram em sua garganta quando me
concentro em seu pequeno clitóris que treme levemente, deixando-me
saber o efeito que estou tendo sobre ela. Deslizando um único dedo
dentro de sua pequena boceta carnuda, eu o mexo para cima, acariciando
o local que a fez empurrar seus quadris para cima em minha direção.
Eu posso sentir ela apertando meu dedo, me levando ao quase êxtase
Ela grita quando eu chupo seu pequeno botão em minha boca e
mordisco, meus dentes afundando na carne macia e isso é tudo o que
basta. Seu corpo convulsiona quase violentamente quando ela desfalece
na minha boca, fazendo meu pau latejar dolorosamente enquanto eu,
inconscientemente, esfrego meu corpo contra os lençóis, tentando
encontrar algum tipo de alívio.
Quando seu corpo para de tremer, eu afasto meus dentes e beijo meu
caminho de volta até sua boca. Quando eu a olho novamente, algo
profundo passa entre nós, me enchendo de tanta emoção que tenho que
conter as lágrimas que ameaçam estragar o momento.
Seus olhos procuram os meus intensamente, minha alma exposta
enquanto eu meto contra sua entrada molhada.
Não consigo tirar os olhos dela enquanto a penetro lentamente, suas
expressões faciais transmitem o quanto ela precisa de mim. Nós dois
exalamos um suspiro de alívio quando estou totalmente acomodado
dentro dela, minha cintura se esticando e preenchendo-a perfeitamente.
E neste momento que realmente sinto que encontrei meu lugar.
Finalmente, minha alma pertence a algo.
Movendo meus quadris lentamente, me mexo em um ritmo
silencioso e a pulsação rítmica dentro dela me traz mais perto do ápice.
Sem tirar meus olhos dela, eu vejo uma devoção genuína em seu rosto
fazendo algo brotar bem dentro de mim.
Isto é amor. Nada mais pode explicar a maneira como ela me faz
sentir.
— Eu te amo, lobinha, — digo a ela enquanto olho profundamente
em seus olhos. Uma lágrima escorre por sua bochecha e sua boca se abre
ligeiramente quando ela olha para mim. Então, eu sinto sua doce fenda
me apertar com força. Seu corpo treme e vibra enquanto ela goza em
torno do meu pau, fazendo meus músculos tensionaram de desejo.
Beijando-a com força, engulo seus deliciosos gemidos enquanto ganho
velocidade.
Eu envolvo meu braço em volta de seus ombros, segurando-a no lugar
enquanto o outro passa por seu cabelo e dá uma puxada. Eu bombeio
mais forte, mais rápido, tão perto que posso sentir meu corpo tenso, mais
do que pronto para ir além do limite.
Eu gemo alto enquanto empurro profundamente dentro dela, meu
corpo inteiro tremendo enquanto eu cubro seu interior com minha
semente.
Abaixando minha cabeça até seu pescoço, meus dentes se alongam
antes de cravarem profundamente. Ela grita novamente, fincando suas
unhas compridas e afiadas nas minhas costas enquanto ela espreme até a
última gota de mim.
Ela segura meu rosto enquanto minha língua lentamente traça a dela,
deixando a última das ondas de choque se moverem através de nossos
corpos. Depois de um momento, ela se afasta e olha para mim.
— Eu também te amo. Rainier. — ela sussurra. — Eu te amava mesmo
antes de te conhecer.
Eu encosto meus lábios sobre sua testa antes de virar para o lado. Eu a
puxo para o meu peito e envolvo meus braços em volta dela com força,
mantendo-me totalmente situado dentro dela. Eu faço amor com ela
várias vezes antes de cair no sono mais tranquilo que já tive na vida.
Capítulo 25
Alexia

— Hora de levantar, querida. — Rainier sussurra, tirando-me de um


sono profundo.
Eu esfrego meus olhos e um gemido suave desliza de meus lábios
quando o sinto tencionar dentro de mim. O calor que irradia de seu
corpo musculoso pressionado contra minhas costas me faz praticamente
derreter.
— Você me ouviu, — diz ele com uma pitada de entusiasmo. Confusa,
eu olho para trás por cima do ombro para ver um sorriso enorme
estampado em seu lindo rosto.
— Como assim? — eu pergunto, minha mente ainda grogue de sono.
Claro que eu o ouvi.
— Agora mesmo, quando eu disse para você acordar. Eu fiz isso
através do contato mental — ele esclarece, e meus olhos se arregalam de
surpresa. — Minha capacidade de fazer contato mental estava uma
merda desde que fui esfaqueado e imaginei que era porque meu lobo
ainda estava se curando.
— Então podemos fazer contato mental agora? — eu pergunto, e o
sinto acenar com a cabeça atrás de mim. — Sim. Devíamos ter sido
capazes de fazer contato mental completo depois de você completar o
vínculo de companheiro, mas o objeto de prata que me infectou, fez meu
lobo ficar fraco e eu não pude fazer contato com a mente de ninguém.
— Quando serei capaz de fazer contato mental com o resto do bando?
— eu pergunto a ele, animada para sentir essa conexão com todos os
membros da minha matilha.
— Assim que toda essa merda for resolvida, — diz ele, — teremos uma
cerimônia de união com o resto da matilha junto com a nossa cerimônia
de acasalamento. Então, você também poderá fazer contato com todos
mentalmente. Na verdade, quero me antecipar e começar a planejar a
cerimônia.
Ele faz uma pausa por um momento enquanto desliza seus dedos pelo
meu quadril antes de apertar minha bunda com sua grande mão.
— Falando em acasalamento, — ele diz. — Ficamos trancados aqui a
noite toda.
Eu tremo quando ele se move dentro de mim novamente e por
instinto, eu arqueio minhas costas.
— Essa é a única maneira que quero dormir de agora em diante, — ele
diz enquanto agarra meus quadris, pressionando seus dedos na minha
carne.
Ele tira um pouco antes de meter suavemente de volta em mim e eu
fico tensa com a dor entre minhas pernas.
— Estou tão dolorida, — digo a ele, apertando meus músculos
internos em torno dele. Ele pressiona seus dedos em meus quadris com
ainda mais força e sibila por entre os dentes.
— É por isso que estou indo devagar, — ele respira.
Ele permanece fiel à sua palavra enquanto se move lentamente atrás
de mim, mexendo seus dedos em círculos lentos ao redor do meu clitóris.
Não demora muito para que a dor diminua e estou movendo meus
quadris para trás para encontrar suas estocadas.
Ele acelera enquanto envolve a mão em volta da minha garganta e
aperta possessivamente.
— Goze para mim, bebê, — ele range alto.
Eu sinto suas estocadas ficarem descontroladas e quando ele aperta
meu clitóris entre os dedos, eu desmorono.
— Alexia! — ele rosna enquanto mete forte, seus músculos
tensionando e relaxando enquanto ele se derrama dentro de mim.
Meu corpo inteiro treme enquanto minha fenda se fecha e se abre em
movimentos rápidos junto com ele e eu juro que cheguei a perder a
consciência por um segundo. Momentos depois, ficamos em silêncio,
nada além de nossa respiração ofegante preenchendo o quarto antes que
ele falasse novamente.
— Droga, acho que nunca vou conseguir me fartar de você, — diz ele
depois que seu corpo para de tremer. — Você é incrível pra caralho.
— Você também não é tão ruim, — eu provoco.
Ele rosna de brincadeira e belisca meu ombro com os dentes antes de
deslizar para fora de mim. Ele me levanta facilmente e me leva para o
banheiro antes de ligar o chuveiro e me levar para dentro.
— Então, eu estava pensando em me juntar a você no treinamento
hoje, — ele diz enquanto lava meu cabelo com shampoo. — Meu lobo
está ficando louco e quer ser solto. Além disso, estou pronto para ver
minha matilha.
— Tenho certeza que eles ficarão felizes em ver você, — digo a ele. Ele
termina de enxaguar meu cabelo e começa a lavar meu corpo.
Eu fico feliz porque ele está cuidando de mim e depois disso não me
sinto mais tão dolorida.
— Você tem visto Lucas ultimamente? — eu pergunto curiosamente
enquanto pego a toalha dele e a esfrego em seu peito. Eu não o vi muito
desde a semana passada e eu realmente queria que ele superasse todas
aquelas merdas que ele disse.
É angustiante saber que existe um homem assim por perto.
— Sim, ele está por aí, mas tenho quase certeza de que está me
evitando, — ele me diz. — Tenho certeza que ele vai superar isso e, caso
contrário, ele pode encontrar outro bando. — Quando terminamos o
banho, nos vestimos e saímos para o campo de treinamento. Assim que
chegamos lá. Toby corre até nós com um grande sorriso no rosto.
— Fico feliz em ver você por aqui. Alfa, — diz ele, batendo nas costas
do meu companheiro.
Eu fico olhando chocada enquanto vejo Rainier estender a mão e
puxá-lo para um abraço forte e pelo olhar no rosto de Toby, ele está tão
surpreso quanto eu.
— É bom ver você também, irmão, — ele diz alegremente. Toby me
lança um olhar perplexo e eu apenas sorrio.
É tão diferente ver meu homem tão feliz e sem se preocupar
constantemente, mas eu não trocaria isso por nada no mundo.
O sorriso genuíno em seu rosto me deixa mais feliz do que nunca.
Ardon se junta a mim logo depois e eu acho estranho quando vejo as
bolsas escuras sob seus olhos.
— Tudo certo? — eu pergunto quando ele se aproxima de mim.
Ele me encara por um momento como se estivesse tentando decidir
se seria uma boa ideia me contar ou não.
— Você pode me contar. Ardon, — eu digo suavemente.
Passando a mão pelo rosto cansado, ele suspira.
— Os pesadelos de Gennie a mantiveram acordada a noite toda, —
diz ele, desviando o olhar. — Eu sentei do lado de fora da porta dela para
que ela não ficasse sozinha. Ela não me permite entrar, a não ser para
alimentá-la ocasionalmente.
Eu aceno solenemente, meu coração doendo por ambos.
Ele tem sido tão atencioso desde a semana passada, substituindo-me
quando eu não pude estar lá para ela. Ele fez tudo para ajudá-la, tanto
que estou me perguntando se não há algo mais que ele esteja sentindo.
— Você é um bom lobo, Ardon, e um ótimo amigo, — eu digo,
deixando-o ver a sinceridade em meus olhos. — Você merece ser feliz.
Por uma fração de segundo, o que parece ser culpa encobre seus
olhos, mas logo desaparece e eles voltam ao normal.
— Está tudo bem aqui? — Rainier interrompe. Ele se vira para ficar ao
meu lado e, pensativo, lança um olhar de preocupação para Ardon. —
Você está bem, mano?
— Tudo bem, Alfa, — diz ele. — Apenas um pouco cansado.
Meu companheiro envolve seu braço em volta da minha cintura e
acena com a cabeça.
— Vá dormir um pouco, Ardon. Parece que você precisa disso. — Ele
acena com gratidão antes de sair. Eu me viro para meu companheiro e
levanto uma sobrancelha para ele.
— Bem, acho que preciso encontrar um novo parceiro de treino, —
digo a ele, e ele me dá um sorriso malicioso.
— Bem, eu acredito que posso te ajudar com isso, lobinha.
***

— Te peguei de novo. — Rainier sorri arrogantemente enquanto me


joga no chão pela décima vez hoje. Está muito quente aqui e por mais
que tenha tentado, não consegui imobilizá-lo nem uma vez.
Rosnando baixo, eu o deixo me ajudar a tirar a poeira das minhas
costas.
Quanto mais irritada fico, mais desleixados se tornam meus
movimentos. Estou me sentindo mal hoje, mas me convenço de que é
porque não tomei café da manhã.
Depois de lutar um pouco mais, Rainier se despede para ir verificar
alguns outros membros da matilha e tranquilizá-los de que estão
seguros.
Com os eventos recentes, a matilha ficou nervosa, a necessidade de
seu Alfa é evidente.
— Não vou demorar muito, — ele me diz. beijando o topo da minha
cabeça. — Faça um contato mental se precisar de mim. — Ele encosta
seus lábios nos meus e eu o sinto em minha mente. — Eu te amo, lobinha.
Dando a ele o meu melhor sorriso, fico na ponta dos pés e pressiono
outro beijo doce em seus lábios.
— Eu também te amo, meu macho. — Amo poder ouvir sua voz dentro
da minha cabeça. É quase como se eu pudesse mantê-lo comigo o tempo
todo e é uma sensação tão reconfortante.
Ele me dá um último olhar demorado antes de sorrir de maneira sexy
e sair correndo.
Enxugando o suor da testa, decido fazer uma pausa e tomar um café
da manhã tardio, esperando que isso me faça sentir melhor. Voltando
para a casa da matilha, entro na cozinha e pego um pouco de bacon que
as empregadas prepararam mais cedo.
Sento-me na pequena mesa perto da grande janela e olho para a
floresta incrivelmente exuberante e verde que me cerca.
Minha loba quer vir à tona, me lembrando de quanto tempo faz desde
que eu a deixei sair. Eu termino de comer meu bacon, decidida que uma
corrida faria bem para nós duas. A terra úmida sob minhas patas e o
vento quente em minha pele sempre me acalmam quando não estou me
sentindo bem.
Saindo da casa, eu deixo minha loba vir à tona. Ela capta o cheiro de
seu companheiro rapidamente e antes que eu possa impedi-la, ela foge
para a floresta atrás dele. Eu a repreendo enquanto ela acelera o passo,
sabendo muito bem que eu não deveria estar aqui sozinha. Enquanto ela
corre pela floresta procurando por ele, eu não posso deixar de sentir que
estou sendo observada.
Capítulo 26
Rainier

— Obrigado por nos visitar, Alfa, — diz o homem loiro na minha


frente. — Estou feliz que você esteja se sentindo melhor.
Eu aceno minha cabeça.
— Disponha. E se não se sentir seguro aqui, você será bem-vindo na
casa da matilha até que eu consiga resolver tudo isso.
Olhando ao redor, eu dou um sorriso genuíno para sua companheira
e para os dois filhotes que estão bem atrás dele. A menor, uma menina
que parece ter cerca de cinco anos, passa correndo pelo pai e envolve seus
bracinhos em uma de minhas pernas.
Por um momento, posso imaginá-la sendo minha filha, me dando um
abraço depois de um longo dia de trabalho. Exceto que, em minha mente,
minha filha é igualzinha à mãe. Ela terá seus cabelos longos e escuros e
aqueles olhos esmeralda que parecem duas pedras de jade quando o sol
se reflete neles.
— Estou feliz que você esteja se sentindo melhor, Alfa, — diz a
menininha, sorrindo para mim.
Me abaixo e afago sua cabeça sem jeito.
— Obrigado, — digo, percebendo que não sei lidar muito bem com
filhotes. A vontade de ser pai nunca passou pela minha cabeça antes de
conhecer Alexia.
Quando ela solta minha perna, eu me despeço e no caminho de volta
a ideia de Alexia estar grávida invade minha mente. Sei que agora não é o
melhor momento para pensar nisso, mas não consigo resistir a ela. Não
me faria bem lutar contra a ideia.
Meus instintos me dizem para engravidá-la, preenchê-la com minha
semente e colocar um filhote em sua barriga.
Eu deveria ter tomado mais precaução. Enquanto meu irmão for uma
ameaça à minha matilha, não há como cogitar falar sobre filhotes. Não
importa o quanto eu queira ter um filhote com minha companheira,
preciso me concentrar no problema que estamos passando.
O pensamento afeta meu humor, e eu rosno para mim mesmo. Agora
seria um bom momento para deixar meu lobo sair, eu o chamo e como
sempre ele assume o controle naturalmente.
Dou um rosnado profundo e estrondoso enquanto alongo meu corpo
e sacudo meu pelo. Esqueço os pensamentos que há pouco me
incomodavam quando sinto o cheiro de um coelho, o lanche da tarde
perfeito.
Começo a correr atrás dele, mas o barulho de um galho quebrando
perto de mim chama minha atenção. Meus instintos assumem enquanto
eu pulo e assumo uma posição de defesa. Eu imediatamente relaxo, mas
rosno com raiva quando uma linda loba preta sai do mato, cheia de
folhas e galhos grudados em seu pelo.
Eu me transformo de volta rapidamente, furioso que minha
companheira veio até aqui sozinha.
Ela sabe que essa floresta se tornou muito perigosa nos últimos
tempos.
— Se transforme, — eu digo a ela com um tom severo e ela obedece
imediatamente, incapaz de resistir ao comando Alfa.
Ela está na minha frente totalmente nua, e eu realmente tenho que
me concentrar para evitar que meus olhos fiquem vagando pelo seu
corpo.
— Por que você veio até aqui sozinha? — eu a repreendo. — Você sabe
do perigo! — Ela levanta o queixo me desafiando e cruza os braços sobre
o peito nu.
— Eu posso cuidar de mim mesma, — ela bufa.
— Eu não tenho dúvidas que sim, — eu digo, ainda com um tom
severo. — Mas, você de todas as pessoas deveria ter mais juízo. Você não
deve vir mais para essa floresta sozinha, estamos entendidos? — Teimosa,
ela mantém contato visual comigo e me lança um olhar desafiador.
— Sim, senhor, — ela rosna sarcasticamente.
Eu estreito meus olhos para ela e agarro seu queixo com força,
inclinando sua cabeça para cima.
— Pequena loba, eu te amo. Você é minha Luna, minha alma gêmea e
a futura mãe dos meus filhotes, — digo a ela, — mas se você não tomar
cuidado, vou pintar sua bunda de vermelho. — Olhando para ela, espero
ver raiva ou talvez até um pouco de medo, mas em vez disso, desejo está
escrito em cada traço de seu rosto.
— Não tenho medo de você, — ela provoca.
Seus olhos se direcionam para o meu membro endurecido, e quando
sua língua corre sobre seu lábio superior, eu quase perco o controle. Eu
sigo em direção a ela, colocando-a contra um grande carvalho.
Agarrando seus punhos com uma mão, eu a viro e os prendo acima de
sua cabeça.
Ela grita quando minha mão bate em sua bunda nua e estou quase
hipnotizado pela forma como balança. Minha fogosa companheira se
contorce em minhas mãos, mas eu a seguro com força. Eu sei que não é
seguro estar aqui na floresta, onde estamos vulneráveis para sermos
atacados, mas isso se dilui em minha mente quando uma risada
arrogante escapa de seus lábios.
— Isso é tudo que você consegue fazer? — ela provoca.
Um estrondo profundo escapa do meu peito, sua teimosia faz meu
pau inchar. Eu pressiono todo o meu corpo contra suas costas e deixo
minha mão em torno de sua garganta.
— Uma lobinha tão corajosa, — eu rosno baixinho enquanto meus
dedos apertam seu pescoço. — Mal posso esperar para pegar essa sua
bunda linda.
Eu massageio a grande marca vermelha de mão em sua bunda e o
cheiro de sua excitação inunda meus sentidos.
Afastando-me, solto seus punhos e, como uma comportada lobinha,
ela não se mexe. Eu afundo dois dedos dentro de sua pequena boceta
apertada e coloco minha outra mão em sua bunda novamente.
Um gemido alto escapa de sua boca enquanto eu mexo os dedos
dentro dela, e quando sinto que ela está prestes a gozar, eu tiro.
— Que mer... — ela começa a falar, mas eu a silencio batendo meu
pau nela. Ela grita quando agarro seu cabelo e meto com mais força, mais
rápido, o som de pele encontrando pele enche o ar.
— Eu quero gozar dentro de sua boquinha bonita. — eu rosno, minha
respiração ficando difícil e pesada.
Isso parece excitá-la enquanto ela me aperta com força, seu belo
corpo vibrando de puro prazer.
Seus gritos quase me fazem chegar ao limite e tenho que cerrar os
dentes para me conter. Virando-a, eu a coloco de joelhos e aperto seu
cabelo com força. Sua boca se abre imediatamente para me receber e eu
gemo alto enquanto deslizo em sua garganta.
Minha companheira ronrona profundamente e o ritmo frenético me
faz soltar o gozo em sua barriga.
Eu a levanto e a seguro contra mim enquanto suas pernas ainda estão
cambaleantes. Se ela estava um pouco dolorida antes, agora ela vai ficar
dolorida pra caralho. Eu tiro algumas folhas de seu cabelo antes de beijar
o topo de sua cabeça.
— Lamento ter vindo aqui, — diz ela calmamente. — Minha loba
queria ver você.
Eu corro minhas mãos por seus cabelos e a beijo suavemente.
— Tudo bem, mas da próxima vez faça contato mental para ir buscá-
la. — Agarrando sua mão, começo a conduzi-la de volta para a casa da
matilha quando os cabelos na minha nuca se arrepiam e vejo algo se
mover com o canto do meu olho.
Viro minha cabeça na direção do vulto e estreito meus olhos quando
meu beta aparece.
— Que porra você está fazendo aqui? — pergunto, rosnando. Eu fico
na frente da minha mulher para protegê-la de sua visão e um sorriso
arrogante se espalha por seu rosto.
Ele vai aprender hoje.
Capítulo 27
Alexia

— Volte para a casa da matilha, — Rainier me diz por cima do ombro,


seus olhos fixos em seu beta.
Lucas está com um olhar mal-intencionado, a poucos metros de
distância.
Meus olhos alternam entre os dois homens, mas não me mexo.
Mesmo sabendo que estou prestes a ver esse beta morrer, não consigo ir
embora. Meus instintos me dizem para ficar e proteger o que é meu.
— AGORA! — ele grita comigo, usando seu comando Alfa, quando vê
que não estou me mexendo.
Não sendo capaz de desobedecê-lo. eu choramingo quando minhas
pernas começam a se mover para trás, mas antes de me afastar por
completo, minhas costas se deparam com um peito duro. Que diabo é
isso? Os cabelos na minha nuca se arrepiam enquanto eu me viro devagar
e meu coração quase para ao ver aquele homem grande e estranhamente
familiar.
— Indo embora tão cedo, Luna? — ele pergunta em um tom
malicioso.
Ele me agarra pelos braços e aperta com força, fazendo com que um
grunhido de reprimenda saia do meu peito.
Mesmo que eu nunca tenha visto este homem antes, não há como
confundi-lo. Uma de suas pernas está faltando e em seu lugar está uma
espécie de prótese improvisada.
Ele tem um cheiro que lembra o do meu companheiro, exceto que o
dele se mistura a um fedor forte que me faz ter vontade de vomitar.
Rainier rosna alto assim que vê seu irmão, mas antes que ele possa
fazer qualquer coisa, um grande número de bandidos aparece por detrás
do mato denso e o cerca. Eu assisto horrorizada quando meu
companheiro percebe a armadilha, e então tento sacudir e empurrar
meus braços na tentativa de me libertar das garras daquele homem.
— O que você fez? — ele grita com Lucas, que parece bastante
satisfeito consigo mesmo.
— O que tinha que ser feito, — ele responde friamente. — Lamento
que tenha que ser assim, mas você não está mais apto para ser Alfa. —
Um dos bandidos se lança contra meu companheiro, mas ele
rapidamente o agarra pelo pescoço e com um movimento rápido, ele vira
a cabeça do sujeito, fazendo um estalo alto ecoar ao nosso redor.
Depois disso, as portas do inferno estão abertas.
— Corra, Alexia! — eu ouço seu grito em meio aos mesmos barulhos
de estalo de antes. O pânico em sua voz me faz torcer meus braços com
mais força em um esforço para escapar de seu irmão.
Eu sei que tenho que fazer alguma coisa agora.
Este é o momento para o qual venho me preparando. Fechando meus
olhos, invoco cada centímetro de coragem e força que tenho. Inspirando
profundamente, eu levanto minha perna para trás e dou uma joelhada
tão forte quanto posso entre suas pernas, fazendo com que ele me solte
imediatamente.
— PUTA QUE PARIU — ele grita, irritado. Ele se curva, segurando-se
de dor, seu rosto ficando em um tom escuro de vermelho.
Meus olhos procuram imediatamente por Rainier, mas não vejo nada
além de uma pilha de cachorros, literalmente. Massas de pelos e dentes
rosnam e rangem, mas não consigo ver meu companheiro em lugar
nenhum.
Começo a correr para aquele monte de lobos raivosos, mas grito de
dor antes mesmo de chegar quando alguém agarra meu cabelo e me
puxa.
Eu olho para trás e vejo Lucas, e então sinto uma raiva pura e
imaculada espalhando-se por todo o meu ser. Traidor do caralho.
Empurrando minha cabeça para frente, eu me liberto e um punhado do
meu cabelo fica em sua mão.
Surpreendentemente, não sinto nenhuma dor então aproveito para
pular rápido, mas assim que fico de pé, ele me dá um soco forte na boca.
Minha cabeça gira por um segundo, mas eu rapidamente me
recupero. Consigo sentir um familiar gosto metálico de sangue na boca.
— Silas disse que você é dele, — ele fala baixinho, — mas acho que
iria me divertir um bocado domesticando uma pequena diabinha como
você.
— Eu pertenço ao seu Alfa! — eu grito. — Você realmente vai trair
Rainier?
— Trair ele? Você que o deixou fraco! — ele rosna. — Se ele morrer a
culpa é sua.
A raiva fervendo dentro de mim explode enquanto eu cuspo um
bocado de sangue em seu rosto.
— Vai se foder. — Sabendo que é agora ou nunca, eu vou até ele com
a fúria guiando todos os meus movimentos.
Eu sei que meu companheiro está sob ataque e meu instinto é me
livrar da ameaça.
Meu corpo colide com o dele e caímos no chão duro com o choque
violento. Nós dois lutamos e eventualmente eu fico em vantagem.
O tempo parece parar enquanto tudo em minha volta fica preto. Eu
travo minhas pernas em torno da barriga de Lucas, não consigo ver nada
além do rosto do beta sendo pego de surpresa, e tudo que eu sinto é
raiva.
Na primeira vez que meu punho acerta seu rosto, ouço um barulho
alto e não sei se foi minha mão ou seu nariz, mas acerto um segundo
soco em seguida. Então, vou acertando um soco atrás do outro, o barulho
logo se transformando em um som úmido de respingos.
Eu não paro, mesmo depois que seu corpo fica mole, meus golpes
continuam firmes no ataque.
De repente, uma dor aguda passa pelo meu pescoço e tira minha
atenção do rosto do beta agora irreconhecível. Virando-me, vejo o irmão
de Rainier segurando uma seringa e, em dois segundos, me sinto
sonolenta.
Eu luto contra o que quer que estivesse naquela seringa o máximo
que posso, mas logo, tudo fica escuro.
***

Abrindo meus olhos, eu reconheço o ambiente familiar do quarto do


meu companheiro e suspiro de alívio. Porra, obrigada. Foi apenas um
pesadelo. Esticando meu corpo, noto que estou incrivelmente dolorida e
quando flexiono meus braços, percebo que estou presa.
Eu olho para cima para ver que minhas mãos estão amarradas às
colunas da cama, e quando tudo começa a fazer sentido é que o pânico se
instala.
Não, não, não, não. Isso não pode estar acontecendo. Onde está
Rainier? Não acho que ele esteja morto porque ainda posso senti-lo
através do vínculo, mas ele certamente não está aqui comigo. A porta se
abre de repente, fazendo meu coração pular na garganta. O irmão de
Rainier entra com um pequeno sorriso no rosto.
— Você acordou, — ele diz.
— Me deixe ir, — eu digo calmamente. — Onde está Rainier?
Seu rosto fica pensativo por um momento antes de ele falar.
— Ele não está morto. Ainda. Porém, eu acho que você já sabia disso,
uma vez que está vinculada a ele. — Rosnando baixinho, fecho meus
olhos e tento fazer contato mental com ele.
— Você não conseguirá fazer contato mental com ele, querida. A
prata geralmente impede. Eu dei a vocês dois uma boa dose, — ele diz. Eu
rosno e tento fazer contato mental de qualquer maneira, mas só
encontro o silêncio. Antes de eu abrir meus olhos novamente, Silas
envolve sua grande mão em volta da minha garganta. Eu me debato
contra ele mas as amarras me impedem de arrancar a porra de seus olhos.
Ele fica a poucos centímetros do meu rosto e respira fundo.
— Eu me pergunto se você tem um gosto tão doce quanto cheira, —
ele sussurra e sobe em cima de mim. Levanto meu joelho para chutá-lo
nas bolas novamente, mas, desta vez, ele está pronto para isso. Ele prende
minhas pernas embaixo de seu corpo aproximando seu rosto do meu.
Quando seus lábios chegam perto, o fedor pútrido de bandido atinge
em cheio meus sentidos e meu estômago se revira de náusea. Desejando
desesperadamente que ele saia de cima de mim, eu mordo seu lábio tão
forte quanto posso assim que nossas bocas se encontram.
— Sua vadia estúpida! — ele berra. Sua reação automática é me dar
um tapa, e isso deixa meus ouvidos zumbindo em um volume
ensurdecedor.
Seu rosto fica vermelho de raiva enquanto um fluxo de sangue cai de
seu lábio.
— As coisas vão ser muito diferentes por aqui, — diz ele, limpando a
boca na parte de trás do braço, sujando o queixo de sangue.
— O que você vai fazer com a gente? — eu pergunto. O nervosismo
está se misturando com a raiva e estou tendo dificuldade em me
concentrar em qualquer coisa.
— Bem, depois que você tiver o prazer de me assistir matar seu
companheiro, eu vou reivindicar você como minha. Eu sou o Alfa daqui
agora, então você não tem escolha.
— Por que você me quer? — eu pergunto a ele enquanto tento
respirar fundo para me acalmar.
— Tudo nesta matilha pertence a mim, — ele responde. — E isto
inclui você.
— Eu vou lutar toda vez que você chegar perto de mim, — eu
respondo. — Você terá que me matar primeiro.
Ele sorri ameaçadoramente e seu olhar vai se tornando perigoso.
— Não vou matar você, querida, — ele diz. — Onde está a diversão
nisso?
Ele dá alguns passos em minha direção e aperta minhas bochechas
entre o polegar e os outros dedos com tanta força que meus dentes
mordem o interior das minhas bochechas.
— Mas, vou fazer você desejar estar morta.
Ele joga meu rosto para o lado e sai sem dizer mais nenhuma palavra.
Eu engulo o sangue da boca e imediatamente começo a pensar num jeito
de tentar me libertar.
Capítulo 28
Rainier

Eu me levanto num sobressalto, meu coração batendo violentamente


enquanto meus olhos procuram automaticamente por minha mulher.
Pânico e desespero se instalam quando vejo as já conhecidas paredes
de concreto e as barras de prata na porta. Aquele imbecil me trancou em
uma das celas de minha própria matilha.
— Merda! — eu grito furiosamente.
— Alfa Stone? É você? — eu ouço uma voz familiar vinda da cela ao
lado.
— Ardon? — eu pergunto. — O quê você está fazendo aqui? Toby está
com você?
— Eles trouxeram vários de nós pra cá, — diz ele, — mas eu não vi
Toby. O que diabos aconteceu?
— O maldito do Lucas, — eu falo. — Aquele filho da puta vai pagar
por isso.
— Pagar pelo quê? — ele pergunta.
— Ele me traiu. Ele traiu a todos nós, — eu digo, levantando minha
voz tão rápido quanto a minha fúria. — Ele está ajudando meu irmão a
assumir o controle da matilha. Eles pegaram minha mulher, caralho.
— O que nós vamos fazer? — ele pergunta, nervoso, mas eu não
tenho uma resposta para isso ainda. Passos pesados descem as escadas,
fazendo com que o silêncio caia sobre nós, e eu caminho até a frente da
cela e espio tentando ver quem é.
Assim que Silas aparece, eu abro minha boca para falar, mas tudo que
sai é um rosnado baixo.
— É bom ver você também, irmãozinho, — ele diz. cantarolando. O
olhar doentio trai o sorriso em seu rosto e eu odeio o fato de que isso só
o faz parecer ainda mais com nosso pai.
— Onde está Alexia? — Eu rosno, mal me contendo para não perder a
cabeça completamente.
— Ela não é mais problema seu. — ele afirma friamente. — Ela é uma
boa lutadora, eu admito, mas não se preocupe. Eu irei domesticá-la
rápido.
— Você não vai tocá-la, porra. — eu rosno, enquanto minha raiva
aumenta. — Eu vou matar você e depois vou matar aquele meu beta de
merda.
— Oh, por favor, — diz ele zombeteiramente. — Não há muito o que
você possa fazer com toda aquela dose de prata que eu injetei em você.
Você não pode se transformar, você não pode fazer contato mental com
ninguém, e eu tenho doses o suficiente dessa merda para derrubá-lo mais
cem vezes. Você não tem como escapar.
— O caralho que não tenho. — eu rosno. — Você e Lucas estarão
mortos a esta hora amanhã. Onde está aquele traidor de merda, afinal?
Eu dou a ele um olhar desafiador, mas ele apenas dá de ombros.
— Ele está se recuperando no momento, — diz ele. — Sua preciosa
lobinha quase o espancou até a morte, mas ele deve ficar bem. Porém,
duvido que o rosto dele vá ficar igual ao que era antes. — Eu não posso
evitar o sorriso que se instala em meus lábios enquanto meu peito se
enche de orgulho.
Eu ouço Ardon dar uma risadinha na cela ao lado da minha antes de
falar.
— Fico feliz em saber que minhas aulas estão sendo bem
aproveitadas, — diz ele. — É uma pena que ela não tenha acabado com
ele.
— É melhor você se cuidar, — eu digo, olhando diretamente para
meu irmão. — Ela vai te matar se tiver a chance.
— De qualquer forma, — Silas fala arrastado e revira os olhos, sua
expressão ficando entediada, — Eu só vim aqui para perguntar se você
tinha algum pedido especial antes de sua execução amanhã. Afinal, não
sou um monstro sem coração.
— Lute comigo. — digo a ele sem hesitação. — Se você é um
verdadeiro Alfa, não pode recusar um desafio. Deixe-me sair e lute
comigo como um macho Alfa.
Ele me encara por um longo momento antes de se inclinar para trás e
gargalhar histericamente.
— Isso não seria muito justo, né? — ele diz, apontando para a peça de
metal estranha que substitui sua perna.
— VOCÊ tirou isso de mim. Além disso, quero dar um exemplo para o
resto da matilha. Amanhã, eles terão duas opções: ou juram lealdade a
mim ou morrem com você.
— Vai se foder, — eu cuspo. — Eu vou sair daqui. Eu prometo isso a
você. E quando sair, você desejará ter morrido naquela floresta em que
nosso pai te deixou. — Sua expressão muda de repente e ele rosna
ameaçadoramente, o que me leva a ter certeza que toquei no seu ponto
fraco.
— Bem, — ele range, — se você não tiver mais nenhum pedido,
estarei de volta para buscá-lo amanhã e, desta vez, vou me certificar que
você vai mesmo estar morto. — Ele se vira e sobe as escadas sem dizer
uma palavra, deixando-me apenas com um pensamento. Eu tenho que dar
o fora daqui.
***

As próximas horas parecem nem passar de tão lentas e a noite então


cai, deixando as celas escuras, exceto pelo brilho fraco de uma vela
reluzente.
Tudo está estranhamente quieto. Envolto por essa espessa camada de
silêncio não há nada além de vingança martelando em minha mente.
Eu inclino minha cabeça para trás contra a parede de cimento e tento
fazer contato mental com Alexia, porém, mais uma vez, há algo me
impedindo de alcançá-la.
Eu encontro algum consolo sabendo que ela está viva e uso isso para
me fortalecer, mas tenho que dar o fora daqui para resolver isso.
Para começar, é minha culpa que ela esteja nessa merda, mas a única
coisa que posso fazer agora é esperar até que eles venham me pegar
amanhã e tentar lutar para sair. O fracasso não é uma opção.
— Alfa? — uma voz familiar sussurra do lado de fora da porta da cela,
fazendo minha cabeça levantar rapidamente.
— Toby? — eu pergunto quase nem acreditando. — Como você
chegou aqui?
— Eu fugi. Até consegui derrotar alguns daqueles bandidos, — diz ele
com um sorriso animado no rosto. — E agora vou ajudá-lo a salvar nosso
bando. — Ele puxa uma fina lâmina de prata e a ergue para que eu veja.
— Você acha que ainda consigo abrir uma fechadura? — ele pergunta
maliciosamente.
— Você aprendeu com o melhor, — digo a ele enquanto a esperança
floresce dentro de mim.
— Só há uma maneira de descobrir.
Eu observo atentamente enquanto ele desliza a lâmina na fechadura
da porta e a gira suavemente.
Alguns segundos depois, ouço o clique da trava. Soltando a respiração
que não percebi que estava segurando, empurro a porta silenciosamente.
— Obrigado, — digo a ele com sinceridade. — Você é um lobo muito
bom, Toby, e um amigo ainda melhor. Sempre foi.
— É isso aí. — ele diz com um sorriso.
— Agora, vamos buscar nossa Luna. — Deixamos Ardon e os outros
lobos saírem de suas celas e então eles me seguem até o topo da escada.
— Você sabe onde ela está? — eu pergunto a Toby em voz baixa.
— Seu irmão a trancou em seu quarto. Eu não teria como entrar na
casa da matilha sem ser notado.
Meu sangue ferve quando penso no que ele poderia estar fazendo
com ela, e é quase o suficiente para me fazer enlouquecer.
Assim que estamos na entrada, respiro fundo para me acalmar e
empurro a porta ligeiramente. Olhando para fora, eu examino nossos
arredores e imediatamente localizo vários dos lobos do meu irmão.
— Ok, há cinco ou seis deles parados bem na frente da casa da
matilha, — eu digo a eles enquanto fecho a porta novamente. — Eu
contei ontem cerca de trinta deles, mas eu matei pelo menos oito antes
de me emboscarem.
— Há mais dois que matei do lado de fora desta porta, — diz Toby. —
Seu irmão foi um idiota de colocar apenas dois vigiando as celas e eu
matei mais dois antes disso. Então, há menos de vinte sobrando agora.
— A única coisa que resta a fazer agora é lutar, — eu digo.
Eu saio do prédio, meus companheiros de matilha seguindo atrás de
mim, e os bandidos nos avistam imediatamente.
— Saiam agora ou morram com o seu líder. — eu digo, minha voz
aumentando com autoridade. Grunhidos grosseiros respondem ao
ultimato e eu aceno para os homens atrás de mim. silenciosamente
deixando-os saber que é a hora de agir.
Eles atacam rapidamente de uma só vez, mas não são páreos para nós.
Seus pescoços se quebram como gravetos em minhas mãos e em pouco
tempo não há mais nenhum de pé. De repente, ouço um grito vindo da
casa da matilha que arrepiam os cabelos da minha nuca.
Meu lobo se agita no fundo da minha mente assim que escuta o grito
de sua companheira e eu olho para Toby e Ardon.
— Encontre o resto do bando e mate-os, — eu digo a eles e ambos
acenam com a cabeça.
— Alfa? — Toby diz quando começo a sair e me viro para ele. Ele
estende a lâmina de prata que usou para abrir a cela e a coloca na minha
mão. — Salve nossa Luna.
Eu aceno e saio correndo em direção a casa da matilha, minhas
pernas se movendo mais rápido do que nunca. Arrombando a porta da
frente, eu corro pelos corredores vazios até encontrar meu irmão no
último andar, onde meu quarto está localizado.
Seus olhos se arregalam assim que ele me vê, sem dúvida,
completamente surpreso com a minha presença.
— Que grande Alfa você é, — digo a ele, com tom sarcástico na minha
voz. — Você não conseguiu nem me manter trancado por dois dias
inteiros. Tenho certeza que nosso pai ficaria muito orgulhoso.
— Como você conseguiu escapar, caralho? — Sua voz vacila
nervosamente enquanto seus olhos se voltam para a saída mais próxima.
Dou alguns passos em direção a ele e ele recua, fazendo com que um
sorriso sinistro se espalhe pelo meu rosto.
— Eu prometi a você que iria sair, e eu não quebro minhas promessas.
Certifique-se de dizer ao nosso pai quem o enviou.
Capítulo 29
Alexia

Mais cedo esse dia


— Coma. — Essa é uma palavra dirigida a mim que nunca pensei que
desprezaria.
O ódio corre através de mim enquanto eu olho para o irmão do meu
companheiro e rosno.
— Foda-se, — eu solto.
Silas me encara e juro que se não estivesse amarrada a esta cadeira, o
mataria com minhas próprias mãos.
— Não me faça obrigar você, — ele diz humildemente, ainda
segurando o garfo perto da minha boca. Eu inclino meu queixo
desafiadoramente e mantenho minha boca fechada, causando um
rosnado baixo em seu peito.
Inclinando-se sobre a mesa, ele aperta minhas bochechas entre seus
dedos sujos e abre minha boca à força. Tento afastar minha cabeça, mas
ele me segura firme e enfia a garfada de esquilo cru na minha boca.
Sorrindo, ele se senta novamente, sentindo-se satisfeito consigo
mesmo, então, assim que ele se inclina para me dar outra garfada, eu
cuspo a comida nele, com sangue e tudo.
Aposto que se eu tivesse um espelho agora, minha imagem estaria tão
selvagem quanto me sinto. Ele fica quieto enquanto limpa o rosto com o
braço, como se esperasse isso, mas assim que ele me olha de volta eu sei
que não deveria ter feito isso.
Ele sorri maliciosamente enquanto se levanta e caminha ao redor da
mesa. Eu faço uma cara de nojo quando ele envolve sua mão no meu
cabelo e empurra minha cabeça para trás com força.
Seu nariz roça meu pescoço, fazendo meu estômago revirar.
— Saia de cima de mim, — eu digo com os dentes cerrados.
— Eu ia ser um cavalheiro, — ele sibila, seu hálito quente e rançoso
soprando em meu rosto, — mas você insiste em lutar contra mim e
tornar isso mais difícil. Se é assim que você quer, quem sou eu para
negar? — Ele desamarra minhas mãos da cadeira e as amarra nas minhas
costas novamente antes de me jogar por cima de seus ombros, mas eu
não vou ceder facilmente.
Eu até consigo mordê-lo antes dele me dar um forte tapa na parte de
trás da coxa, levando lágrimas aos meus olhos.
Porém, não são lágrimas de dor. Não, são lágrimas de pura raiva. Ele
me puxa de volta para o quarto do meu companheiro e me joga na cama.
Meu coração acelera quando o vejo abaixar as calças e percebo o que ele
está prestes a fazer.
Trazendo meus joelhos para baixo, tento me levantar para me
defender, mas ele agarra meus tornozelos e me arrasta para trás em sua
direção. Ele rasteja pra cima de mim, e o peso de seu corpo pressiona
minhas costas e me empurra para o colchão.
— Eu vi seu companheiro mais cedo, — ele zomba. — Ele está
completamente perdido, então nem pense que ele está vindo atrás de
você. Acho que vou fazer com que ele me veja foder você antes de matá-
lo. — Ele está tão focado no momento que esquece que minhas mãos
estão amarradas nas minhas costas, porque assim que sua ereção toca
nelas, eu o agarro firmemente e giro o mais forte que posso.
Tudo o que ouço é ele gritar antes de um golpe na minha cabeça
quase me deixar inconsciente.
Minha cabeça lateja e minha visão embaça, quando o sinto me
levantar e me amarrar de volta na cama. A última coisa que ouço é ele
resmungando sobre como sou uma vadia psicopata antes que a porta se
feche.
Agradeço silenciosamente à lua antes que meus olhos se fechem e eu
seja arrastada para um abismo escuro. Quando acordo novamente, está
de noite, a lua rastejando pelas portas da varanda lançando sombras em
tudo ao meu redor.
Minha visão ainda está embaçada enquanto tento enxergar algo no
quarto escuro como breu.
Meus olhos se fixam em uma grande silhueta sentada no sofá,
fazendo-me quase saltar de susto. Quando aquela silhueta se levanta e
acende a luz, um suspiro escapa dos meus lábios e uma onda repentina
de náusea toma conta de mim novamente.
— Surpresa, Luna, — Lucas diz enquanto faz uma tentativa de sorrir
para mim, mas seu rosto está tão destruído que chega a ser repugnante.
Um olho está completamente fechado e inchado e o nariz claramente
quebrado, mas não é isso que me incomoda. É a maneira como uma de
suas maçãs do rosto está completamente afundada que fica difícil de
olhar para ele.
— Por quê você está aqui? — Eu pergunto, rosnando para ele.
Ele se aproxima de mim lentamente com um sorriso grotesco no
rosto. Ele puxa uma seringa do bolso antes de se aproximar de mim.
— Vingança, vadia, — ele rosna.
— Rainier vai te matar se você me tocar, — digo a ele rapidamente
enquanto torço meus braços tentando me soltar das minhas amarras.
— Não, ele não vai, — ele diz. — Ele estará morto amanhã.
Eu grito o mais alto que posso quando ele dá outro passo, esperando
que isso chame a atenção de alguém. A corda machuca meus punhos
enquanto tento desesperadamente escapar de minhas amarras e, no
último segundo, fico surpresa quando uma das minhas mãos se solta.
Eu agarro sua mão assim que ele desce com a seringa, e o solavanco
repentino a envia voando pelo quarto.
Lucas me olha surpreso antes de correr atrás da seringa, e eu uso essa
distração momentânea dele para liberar minha outra mão. Já estou de pé
quando ele se vira com a seringa em mãos, e assim que nossos olhos
fazem contato, ele corre em direção a mim.
Ele balança a seringa descontroladamente enquanto caímos no chão
e, antes que eu possa impedir, ele a enfia direto na minha mão.
Puxando minha mão para trás, eu fico olhando com horror apenas
para ver a agulha passar por toda palma e atravessar pelo outro lado. A
substância prateada dentro da seringa escorre direto para o chão, em vez
de entrar no meu corpo.
Então, meu coração bate mais rápido fazendo zumbir meus ouvidos
enquanto tiro a agulha da minha mão. Eu sequer consigo pensar
enquanto afundo a agulha no olho de Lucas e empurro o líquido
restante.
Seus gritos de agonia enchem a sala enquanto ele se debate
violentamente, e eu envolvo minhas duas mãos em volta de sua garganta.
Ele segura meus punhos enquanto eu aperto ainda mais forte, mas já
consigo notar que seu corpo está enfraquecendo.
Deixando minhas unhas se alongarem, eu uso toda a minha força
para cravá-las em sua carne, fazendo-o gemer alto. Quanto mais eu
aperto, mais meus dedos afundam em seu pescoço e uma vez que eles
estão fundos o suficiente, eu fecho meus punhos com força e rasgo sua
garganta.
Ele agarra seu pescoço enquanto o sangue jorra pelo corte e eu sorrio
de satisfação.
Ele estende a mão em minha direção, deixando uma mancha de
sangue em meu rosto antes de dar seu último suspiro. Eu fico olhando
para seu corpo sem vida por mais alguns segundos antes que o choque do
que eu fiz desapareça.
Com minha adrenalina alta, faço meu caminho para a porta
rapidamente e antes de abri-la, ouço um tom de voz familiar do lado de
fora.
— Certifique-se de dizer ao nosso pai quem o enviou. — Abro a porta,
meus olhos imediatamente encontrando os do meu companheiro e
quando ele sorri para mim, o alívio inunda todo o meu corpo.
— Sua vadia! — eu ouço Silas rosnar a alguns metros de distância, e
antes que eu possa me mover, ele corre em minha direção. Ele dá apenas
dois passos antes de Rainier interceptá-lo e jogá-lo no chão.
— Algum último pedido? — Ele rosna na cara do irmão. — Afinal, não
sou um monstro sem coração.
Silas abre a boca para falar, mas antes mesmo que ele diga uma
palavra, Rainier puxa uma lâmina de prata e a afunda em seu peito até o
cabo, silenciando-o para sempre.
Posso sentir a raiva irradiando de seu corpo enquanto ele puxa a
lâmina e enfia a mão profundamente na ferida. Quando ele puxa a mão
de volta, o coração de Silas ainda bate dentro de seu punho fechado e eu
tenho que desviar o olhar.
Por mais feliz que eu esteja por ele estar morto, eu vi sangue
suficiente nas últimas semanas que vale por uma vida inteira.
Sinto braços enormes me envolverem, o calor e o cheiro do meu
companheiro acalmando meu coração acelerado. Eu relaxo em seu
abraço e, em pouco tempo, estou soluçando em seu peito, os eventos dos
últimos dias finalmente estão cobrando seu preço.
Suas mãos correm para cima e para baixo nas minhas costas
suavemente enquanto ele se afasta e olha para mim.
— Onde está Lucas? — Ele pergunta, tirando meu cabelo do rosto.
Aponto para o nosso quarto e ele me solta por um momento enquanto se
aproxima e olha para dentro.
Quando ele volta, seus olhos estão arregalados e ele mal acredita no
que vê.
— Você que fez aquilo?
Eu aceno minha cabeça lentamente enquanto ele me envolve de volta
em seus braços.
— Estou tão orgulhoso de você, bebê. Eles te machucaram? — Ele
pergunta, sua voz tensa de emoção.
— Não, — eu digo em seu peito. — Nada que eu não pudesse lidar.
Ele me pega facilmente e me embala em seu peito. — Essa é minha
garota, — ele sussurra enquanto leva seus lábios à minha testa e me beija
suavemente. — Acabou. Ninguém nunca mais vai te machucar.
Capítulo 30
Rainier

Um mês depois
Minhas patas enormes batem contra o chão úmido enquanto eu
ganho velocidade, as árvores densas cobrindo a maior parte do sol
poente.
Pequenos feixes laranja e amarelo refletem como manchas no chão da
floresta ao meu redor enquanto eu salto rapidamente sobre um arbusto
de rosas. O cheiro de minha companheira me impele para frente
enquanto eu entro em uma clareira a alguns quilômetros da fronteira sul
do território da minha matilha.
Tenho um rápido vislumbre de pelos negros voando para o mato, e
faço uma curva fechada para a esquerda para dar a volta e tentar cortar a
frente dela. Quando eu a encontro do outro lado, ela foge novamente,
suas patas se movendo rapidamente. Sua cauda chicoteia contra meu
focinho enquanto eu fico logo atrás dela, perseguindo-a até a beira de um
pequeno lago que fica no território da minha matilha.
Eu a belisco de brincadeira, meu rabo balançando com tanta força
que sacode todo o meu corpo com ele. Um ronronar profundo vibra em
meu peito enquanto ela expõe sua garganta em submissão, e eu
reconheço isso com uma leve beliscada em seu pescoço antes de baixar
minha cabeça em submissão a ela.
Nunca fui submisso a ninguém, desde criança, nem mesmo quando
apanhava do meu pai. Minha garota, porém, domina meu coração e
minha alma em todos os aspectos. As batalhas que eu travava dentro de
mim não tem chance contra ela.
Uma alma que nunca pensei que encontraria; ela é muito mais do que
eu esperava.
Ela era a parte de mim que eu nunca soube que estava faltando até
encontrá-la. Esfrego meu corpo grande contra o dela, nossos cheiros já
tão profundamente entrelaçados que se confundem. Pinheiros e
orquídeas. Chuva fresca e amoras.
Eu observo como ela se transforma facilmente, sua linda pele macia
substituindo seu pelo de obsidiana. Eu me transformo logo depois com a
necessidade incontrolável de senti-la. Gentilmente, eu a puxo e envolvo
meus braços em torno de seu corpo delicado.
Um suspiro suave e satisfeito escapa de seus lábios enquanto eu passo
meus dedos por seu longo cabelo e inclino sua cabeça para trás para que
eu possa ver seu lindo olhar esmeralda.
— Seu beta deve estar procurando por você, — ela brinca enquanto
pressiona seu corpo contra mim. Suas mãos sobem pelo meu peito e ao
redor do meu pescoço enquanto eu mordisco a marca em sua garganta.
— Toby pode esperar. — eu rosno, o tom grave da minha voz envia
um arrepio através ela. — Eu, entretanto, não posso.
— E a Matilha Lobos? — ela questiona. — Eles chegarão a qualquer
minuto. Precisamos estar presentes para recebê-los.
Esta noite é a nossa cerimônia de acasalamento, que não foi
necessária porque já estávamos acasalados, mas ambos queríamos uma,
pois é uma ocasião tão especial.
É uma festa da nossa união, que merece ser comemorada. Ela até me
convenceu a convidar a Matilha Lobos na esperança de que alguns de
nossos lobos solteiros encontrassem suas respectivas companheiras.
— Isso vai levar apenas alguns minutos, — digo a ela, fazendo-a rir.
Ela geme quando eu me inclino e puxo seu lábio inferior entre meus
dentes, o gemido me fazendo endurecer contra ela. Nossos lábios se
encontram, sua língua macia se movendo contra a minha em perfeita
sincronia, mas antes que eu possa ir longe demais, ela me empurra de
volta.
Meu olhar confuso encontra o dela antes que suas próximas palavras
me surpreendam completamente.
— Estou grávida, Rainier, — ela deixa escapar, fazendo-me congelar.
Meu coração quase para por um momento enquanto suas palavras são
registradas em minha mente.
— O que você disse? — eu pergunto, com minha voz agora séria.
— Você vai ser pai, — ela confirma, e o orgulho logo cresce em meu
peito.
Eu vou ser pai.
— NÓS vamos ser pais!
Meu lobo uiva, sua alegria e excitação são nítidas. Abaixando-me, dou
um leve beijo em sua barriga antes de fazer o mesmo em seus lábios.
— Esta é uma notícia incrível, — digo a ela. segurando seu rosto em
minhas mãos. — Você me faz muito feliz, lobinha.
— Estou um pouco nervosa, — ela sussurra contra meus lábios
quando tento beijá-la novamente.
— Por que você está nervosa? — eu pergunto a ela suavemente.
Seus olhos mantêm contato com os meus enquanto ela responde:
— Tudo, eu acho. Trabalho de parto, o parto em si, ser uma boa mãe.
Pode escolher.
Puxando-a em meus braços, pressiono meus lábios no topo de sua
cabeça.
— É normal ficar um pouco nervosa, mas saiba que estarei lá em
todos os momentos. Você é forte e sei que será uma mãe incrível.
Estamos nisso juntos e pretendo ser o melhor pai e companheiro que
puder.
Ela relaxa instantaneamente, o vínculo de companheiro enviando
minhas vibrações calmantes direto para ela.
— Eu quero isso com você, — eu digo a ela honestamente. — O amor
que tenho por você e nossos futuros filhotes é infinito. Este é o começo
do nosso futuro e, além de você, acho que nunca vi nada tão brilhante e
promissor.
Quando voltamos para o limite da floresta, colocamos nossas roupas
de volta enquanto o som de rock pesado explode no ar.
— Parece que Toby está se divertindo. — eu rio enquanto fazemos
nosso caminho na direção da música.
Nós viramos a esquina da casa da matilha, e parece que a festa está em
pleno andamento quando vejo meu beta conversando com um grande
homem que presumo ser o Alfa da Matilha Lobos. Toby está com o braço
em volta de uma pequena mulher.
— Alfa Stone, Luna, — o Alfa nos cumprimenta quando nos
aproximamos deles. — Obrigado por nos convidar.
— O prazer é meu, — eu respondo. — Desculpe, estamos um pouco
atrasados.
Alfa Eridian sorri.
— Sem problemas. Eu entendo. Parece que nossa visita já está valendo
a pena. — Ele acena para o meu beta, que parece mais feliz do que eu
jamais o vi.
— Esta é minha companheira, Camille, — Toby afirma com orgulho
enquanto apresenta a fêmea.
Minha garganta se aperta com a felicidade que sinto por meu amigo
mais antigo.
Depois de anos de busca, ele finalmente encontrou sua outra metade
e devo agradecer à minha companheira por isso.
— Prazer em conhecê-la, Camille, — diz Alexia, fazendo a fêmea
sorrir timidamente.
— Prazer em conhecê-la também, Luna, — ela diz.
O cheiro de churrasco de repente flutua no ar, fazendo com que
minha mulher se anime ainda mais.
— Estou morrendo de fome, — ela diz. Eu sorrio para mim mesmo
enquanto me viro e dou um beijo em sua testa.
— Bem, vamos encontrar algo para comer, — digo a ela. — Não posso
deixar meu filhote ficar com fome, não é mesmo?
— Filhote? — Toby pergunta confuso enquanto ouve o que eu disse.
— Você acabou de dizer filhote?
Envolvendo meu braço em volta da minha mulher, eu aceno com
orgulho.
— Isso mesmo. Vamos ter um filhote.
— Caralho, eu vou ser tio!? — ele exclama em voz alta enquanto me
abraça. — Eu encontro minha companheira, e descubro que vou ser tio
tudo num dia. Tem como essa noite ficar melhor?
— Sim, você vai ser tio, — eu rio enquanto bato em seu ombro
algumas vezes. — Agora, vamos buscar algo para sua Luna comer.
Eu preparo um prato para nós dois e nos sentamos em uma das mesas
que foram colocadas fora da casa da matilha. Pego uma grande garfada de
carne de veado defumada, levo até sua boca e ela come rapidamente.
— Mmmmm, — ela geme. — Isso é tão bom! — Eu continuo a
alimentá-la e em pouco tempo, ela termina seu prato e metade do meu.
— Estou cheia, — ela diz enquanto esfrega sua barriga ligeiramente
arredondada. Seus olhos procuram os rostos ao nosso redor antes de
falar novamente. — Você viu Ardon ou Gennie? — ela pergunta. Olhando
em volta, eu os vejo em uma mesa próxima.
— Parece que eles estão ficando confortáveis na presença um do
outro, — digo a ela enquanto aponto para eles. Ele envolve o braço em
volta dela enquanto a alimenta também.
— Estou feliz, — ela diz, um olhar nostálgico passando rapidamente
por seus olhos. — Ambos merecem ser felizes. Eu só queria que meu
irmão pudesse estar aqui para comemorar conosco. — Inclinando seu
queixo para cima, eu limpo uma lágrima solitária com meu polegar
enquanto ela cai por sua bochecha.
— Seu irmão está aqui, — digo a ela suavemente. — Ele vive através
das memórias que você guarda dele. Ele sempre estará com você em seu
coração. — Ela sorri tristemente antes de enxugar o resto de suas
lágrimas.
— Você está certo, — diz ela enquanto inspira profundamente. — Eu
te amo, Rainier.
— Eu também te amo, bebê, — digo a ela antes de me levantar e
puxá-la pela mão. — Agora, vamos acabar com isso para que eu possa
levar você de volta para o nosso quarto. — Ela sorri tristemente antes de
enxugar o resto de suas lágrimas.
***

A lua cheia paira bem alto no céu noturno enquanto caminhamos


para a plataforma de madeira à luz de velas que geralmente usamos para
reuniões da matilha.
Estamos diante de nossa matilha e de nossos convidados, e todos eles
ficam em silêncio quando chegamos.
— Quero agradecer a todos por terem vindo esta noite, — digo a eles.
É
— É uma ocasião muito especial para a sua Luna e para mim, e significa
muito para nós que todos vocês quisessem fazer parte dela.
Meu beta se levanta e caminha para a plataforma pronto para oficiar a
cerimônia conforme planejado.
— Vocês estão prontos? — ele pergunta.
Nós dois acenamos com a cabeça quando me viro para minha mulher
e pego suas mãos.
— Alexia, você é minha lua, meu amor, minha alma e a mãe de meus
futuros filhotes. Prometo amar e proteger você e nossos filhotes com
tudo que há em mim. Serei tudo o que você precisa que eu seja e sempre
tratarei você como minha igual.
Lágrimas brotam de seus olhos, seu lindo sorriso conforta minha
alma.
— Rainier, você é minha rocha e a força que sempre precisei. Você me
fez ver coisas em mim que eu nem sabia que existiam. Quando olho para
você vejo todo o meu futuro e não poderia estar mais orgulhosa de tê-lo
como meu companheiro. Meu coração é seu. Sempre foi.
Limpando as lágrimas dos meus olhos, eu me inclino e dou um beijo
suave e doce em seus lábios.
— Sob a luz da lua cheia, peço à Deusa que abençoe esta união de
almas, — diz Toby. — Que vocês dois vivam muito e prosperem. Agora
você pode reivindicar sua companheira.
Sem perder tempo, eu a puxo para mim e deixo minha cabeça descer
até seu pescoço.
Meus dentes afundam profundamente em seu ombro e, ao mesmo
tempo, os dela se cravam na pele logo acima da minha clavícula, fazendo
com que ambos se desequilibrem ligeiramente enquanto o vínculo do
companheiro corre através de nós. Um coro de aplausos ecoa ao nosso
redor enquanto seu perfume percorre meus sentidos. Não tenho certeza
do que esperar do resto da minha vida, mas enquanto ela estiver comigo,
sei que vou ficar bem.
— Eu te amo, minha mulher, — digo enquanto ela olha para mim
com adoração. Inclinando-me, descanso minha mão em sua barriga e
sussurro suavemente: — E eu te amo, meu pequenino.
Capítulo 31
Alexia

— Bom dia, linda, — meu macho fala sonolento ao meu lado


enquanto o sol da manhã aparece através das janelas.
Um sorriso lento se espalha pelo meu rosto enquanto sua grande mão
trilha sobre meu peito até minha barriga saliente que acaba lhe dando
um pequeno chute vindo do filhote que estou esperando.
— Bom dia para você também, pequenino, — ele ri.
— Bom dia, bebê, — eu respondo enquanto bocejo sonolenta.
Inclinando-me, dou um beijo rápido em seu rosto mal barbeado antes de
me aninhar mais profundamente no calor de seu colo.
Seus braços se apertam em volta de mim, me puxando para mais
perto dele enquanto a batida rítmica do coração em seu peito me embala
de volta ao sono.
De repente, a porta do nosso quarto se abre com um baque, nos
assustando.
— Pai! — Raiden grita animadamente ao mesmo tempo que ouço
seus pezinhos correndo pelo chão.
Sentando, eu estico meus braços acima da minha cabeça enquanto o
pequeno sobe na cama e pula em seu pai.
— Podemos ir ver o tio Toby e Jackson agora? Podemos? Você me
disse que poderíamos ir hoje! — Eu sorrio com a maneira como meu
companheiro finge pensar sobre a resposta como se ele não fizesse tudo
no mundo por este garotinho. Eu não poderia pedir um pai melhor para
nossos filhotes ou um companheiro melhor.
Ele manteve sua palavra quando me disse que estaria lá para tudo.
Cada consulta médica, troca de fraldas até ensiná-los as tradições de
nossa espécie e tudo mais. Meu companheiro foi e é tudo que eu sempre
imaginei que ele seria.
Quando o conheci, nunca pensei que ele pudesse mudar tão
drasticamente. As cicatrizes deixadas por seu pai não atrapalham mais
seus pensamentos ou envenenam sua mente.
O amor que ele tem por mim e seus filhotes preenche todos os
espaços que antes abrigavam o ódio.
Vê-lo amar nossos filhos fez meu amor por ele crescer dez vezes mais.
Eu vejo quando ele se vira e dá um beijo no topo da cabeça de Raiden.
— Sim, podemos ir, — diz ele com um sorriso, — mas tenho alguns
lobos que tenho que treinar hoje, então teremos que ir depois do
treinamento, ok?
— Siiiim! — Raiden exclama em voz alta enquanto dá pequenos socos
no ar. — Você é o melhor, pai!
— Posso ir com você, papai? — Uma pequena voz feminina diz da
porta. A irmã gêmea de Raiden vai até a cama e sobe entre nós, seu longo
cabelo escuro ainda trançado do jeito que eu fiz antes de colocá-la na
cama ontem à noite.
— Eu quero ir treinar com você.
Rainier sorri para a pequena fêmea.
— De novo? — ele pergunta brincando. Ela acena com a cabeça
rapidamente, sua expressão ficando séria. — Eu quero ser igual a você,
papai, — ela diz, seus olhos brilhando com intensidade.
— Eu vou ser Alfa algum dia.
Quando descobri que estava grávida, nunca esperei que fossem
gêmeos e, embora eles compartilhassem um útero, suas semelhanças são
poucas. Raiden é idêntico a seu pai, enquanto Artemis se parece comigo a
não ser seus olhos de fogo que ela herdou de Rainier.
Raiden também é mais brincalhão, enquanto Artemis é uma criança
mais séria.
Ela definitivamente herdou a personalidade de seu pai. A pequena
fêmea é toda Alfa.
Desde que ela tinha idade suficiente para falar, ela deixou claro que
será a primeira mulher Alfa. Ela é mais forte do que qualquer outro
garoto de sua idade, incluindo seu irmão, mas não é disso que estou mais
orgulhosa.
Ela é atenciosa, amorosa e carinhosa. Ela está sempre pensando no
que pode fazer para ajudar os outros. Eu sei no meu coração que ela seria
uma Alfa incrível. O sorriso do meu companheiro se alarga enquanto ele
olha para ela com orgulho.
— Eu não tenho dúvidas que você vai ser Alfa um dia, querida, — ele
diz, fazendo com que a boca de Raiden se abra em protesto.
— E quanto a mim? Eu quero ser Alfa também! — ele faz beicinho,
uma careta se espalha por seu rosto.
— Não tenho dúvidas de que vocês dois se tornarão exatamente o que
desejam ser, — ele se corrige rapidamente. — Vocês dois podem fazer
qualquer coisa que quiserem.
Ele bagunça o cabelo de Raiden antes de puxar Artemis para seu colo
e abraçá-la com força.
— E sim, você pode ir comigo, Art.
— Seu pai está certo, — eu interrompo. — Vocês apenas têm que dar
o seu melhor para alcançar as coisas que desejam. Ambos são filhos
incríveis. Podem conquistar qualquer coisa se trabalharem duro.
Os dois sorriem para nós, seus sorrisos brilhantes derretendo meu
coração como sempre. Eu amo minha pequena família e meu bando.
Dizer que tenho sorte seria um eufemismo completo.
— Mal posso esperar, — diz Artemis com determinação. — Eu vou ser
a melhor Alfa que já existiu.
Continua no Livro 2…
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