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(1) Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPEC) pela Universidade Federal
da Bahia, Brasil.
(2) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia, Brasil.
(3) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia.
(4) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia.
Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630
[email protected]
Resumo
As edificações, especialmente as situadas em regiões litorâneas, têm apresentado um grande número de
manifestações patológicas, muitas delas, motivadas pela agressividade do meio ao qual estão inseridas,
comprometendo, portanto, o seu desempenho e durabilidade. A construção deve ser capaz de atender às
exigências dos seus usuários quanto à segurança, habitabilidade e sustentabilidade, durante toda a sua
vida útil, porém, existe uma carência de manutenções preventivas nas edificações, especialmente em
fachadas, sendo a área de maior exposição às intempéries, o que acaba por contribuir com o aumento do
número de danos e deterioração precoce dos revestimentos externos, principalmente em cidades
localizadas no litoral. O surgimento dos danos pode estar ligado a uma determinada causa, porém, na
maioria dos casos, ocorre uma combinação de fatores que acabam por contribuir com a origem ou até
mesmo com o seu agravamento. O estado de conservação do sistema de revestimento das fachadas acaba
sendo um indicativo sobre o quanto o desempenho do interior da edificação pode estar afetado, já que o
mesmo poderá favorecer a ação de agentes deletérios e consequente aparecimento de diversas
manifestações patológicas que degradam as edificações, desvalorizam o imóvel, causam desconforto ao
usuário, tanto referente à estética quanto à salubridade. Diante disso, o objetivo deste trabalho é identificar
e analisar as manifestações patológicas presentes em fachadas de edificações localizadas nas áreas
litorâneas de Salvador/BA, aplicar as metodologias propostas por Gaspar e Brito (2005) e Antunes (2010),
com inspeções e mapeamento da fachada, e diagnosticar os danos. No presente trabalho, as manifestações
patológicas identificadas com maior frequência foram: desplacamento cerâmico, fissuras e manchamentos.
Tendo como causas principais: os materiais utilizados no revestimento, os procedimentos adotados de
execução, falta de planos adequados de manutenção preventiva e corretiva e aspectos relacionados ao
projeto de sistemas de revestimento de fachada.
Palavra-Chave: Manifestação patológica, Orla marítima, Durabilidade.
Abstract
Buildings, especially those located in coastal regions have presented a great number of pathological
manifestations. Many of them, motivated by the aggressivity of the environment on which they are inserted,
thus compromising their performance and durability. Construction must be able to meet the requirements of
its users regarding safety, habitability and sustainability throughout its life, but there is a lack of preventive
maintenance in buildings, especially in facades, that are the area most exposed to bad weather, which
contributes to increase the number of damages and early deterioration of external coatings, especially in
cities located on the coast. The onset of damage can be linked to a particular cause, but in most cases, a
combination of factors that contribute to the origin or even the aggravation. State of conservation of the
facade cladding system is indicative of how much the interior performance of the building may be affected,
1 Introdução
O sistema de revestimento de fachada apresenta diversas alternativas de acabamentos
como pastilhas cerâmicas, argamassas decorativas, pinturas, tijolos aparentes, pedras
assentadas, painéis de vidro, entre outros. Porém, mesmo com essa diversidade e
evolução tecnológica dos materiais utilizados, destaca-se a incidência corrente de
manifestações patológicas, sendo a negligência e omissão de etapas construtivas pela
indústria da construção civil durante as obras, juntamente com a falta de manutenção, os
principais fatores para o surgimento de problemas patológicos (ANTUNES, 2010).
A realização de manutenções e as condições de exposição são fatores que vão
influenciar na redução ou aceleração do processo de degradação das estruturas, onde a
ação do tempo é crucial para o surgimento de alguns danos. Diagnosticar, mapear e
entender suas origens e causas colaboram com a compreensão do processo, trazendo
uma melhoria contínua, com ações preventivas e corretivas durante a construção desse
sistema. (DA SILVA, 2014).
A indústria da construção civil brasileira vem buscando novos parâmetros de qualidade,
onde diversos sistemas construtivos tiveram mudança nos requisitos mínimos de
segurança, com a publicação da Norma de Desempenho para Edificações Habitacionais
NBR 15575 (ABNT, 2013) que estabelece exigências de conforto e segurança em
edificações residenciais. A norma é dividida em seis partes, e umas dessas partes se
refere ao sistema de vedação, onde além de abordar requisitos mínimos de segurança e
desempenho, também traz métodos de avaliação dos limites de deslocamentos,
fissurações e descolamentos, sendo algumas das manifestações bastante frequentes em
fachadas e que acaba colaborando com o surgimento de outros danos.
As proteções verticais das edificações consistem nos sistemas de vedações externas ou
fachadas, onde atuam como primeira barreira para diferentes tipos de solicitações, desta
forma, necessita possuir um bom desempenho para garantir a durabilidade da estrutura
como um todo ao longo de toda a sua vida útil.
Segundo Vilasboas (2013), a degradação das construções acontece pela penetração de
substâncias na forma de gases, vapores e líquidos através de poros e fissuras. A umidade
relativa do ar, a orientação de chuvas e ventos, e as concentrações das substâncias
presentes na atmosfera durante a ocorrência desses fenômenos, a temperatura etc., além
das características dos materiais constituintes do concreto e de seus poros, são fatores
determinantes na interação entre o meio ambiente e o concreto. De acordo com o mesmo
autor, as falhas mais numerosas têm ocorrido em estruturas situadas em orla marítima –
2 Metodologia
Será apresentado um estudo de caso sistematizado das manifestações patológicas nas
fachadas de edifícios na orla marítima da cidade de Salvador/BA. A metodologia proposta
por Gaspar e Brito (2005) e Antunes (2010) será aplicada neste trabalho, dividida em três
etapas: coleta de dados; tratamentos dos dados; e diagnóstico. A inspeção dos três
edifícios (A, B e C) foi de caráter estritamente visual. A versatilidade da metodologia
consiste na possibilidade de aplicá-la em diferentes tipos de edifícios, com diferentes tipos
de alturas, projeto arquitetônico e idades variadas, e estabelecer comparações entre os
mesmos.
Nesta etapa foi calculada a ocorrência de cada manifestação patológica por fachada e
região, depois a confecção de mapas de incidência de manifestações patológicas. Com
isso irá calcular o índice de dano por área de fachada.
(Equação 1)
Id – índice de dano/m² de área de fachada;
Nm – número de manifestações patológicas (quantidade);
Af – área da fachada (m²).
2.3 Diagnóstico
4.1.1 Edifício A
Descascamento da
pintura
Figura 11 – Ocorrência de manifestações patológicas global do edifício A.
A ocorrência dos tipos de manifestações patológicas por orientação das fachadas será
apresentada nas figuras 15, 16 e 17.
9%
Desplacamento Cerâmico
27% Fissuração
55%
9%
Manchamento
Descascamento da pintura
Figura 15 – Ocorrência de manifestações patológicas na fachada
noroeste do edifício A.
5%
Desplacamento Cerâmico
19%
14% Fissuração
62%
Manchamento
Falha de Vedação
Desplacamento
80,8%
Manchamento
Figura 21-Fachada Lateral 1(Sudoeste) – Edif. B Figura 22 - Fachada Lateral 2 (Nordeste) – Edif.B
A ocorrência dos tipos de manifestações patológicas por orientação das fachadas será
apresentada nas figuras 23 à 26.
33%
100% 67% Manchamento
Desplacamento
cerâmico Descascamento
da pintura
100% 93%
Desplacamento
cerâmico
Descascamento da
Deslocamento
pintura
Cerâmico
33,0% Destacamento do
revestimento
51,4% Manchamento
8,3% Descascamento da
pintura
Figura 28 – Fachada Frente (Sudeste) – Edif. C Figura 29 – Fachada Fundo (Noroeste) – Edif. C
A ocorrência dos tipos de manifestações patológicas por orientação das fachadas será
apresentada nas figuras 32 à 35.
34% Destacamento do
revestimento
55% Manchamento
6% Descascamento da
pintura
Figura 32 – Ocorrência de manifestações patológicas na fachada sudeste do edifício C.
17% 8% Fissuração
Destacamento do
75%
Revestimento
Descascamento da pintura
Destacamento do
revestimento
A3 x x x
B1 x x x x x
B2 x x x
B3 x x
B4 x x x
B5 x x x x x x
B6 x x x x
C1 x x x x x
C2 x x
D x x x x
Legenda: A - Falhas de projeto; A1 - Escolha de materiais incompatível, omissa, ou não adequada à utilização; A2 -
Desagregação superficial da argamassa de emboço; A3 - Ausência de pingadeiras; B - Ação de fatores externos; B1 -
Chuva dirigida; B2 – Vento; B3 - Radiação solar; B4 - Choque térmico; B5 - Focos de umidade; B6 - Envelhecimento
natural; C - Comportamento em uso; C1 - Ausência de Manutenção; C2 - Acomodação estrutural; D – Erro no
Processo Executivo.
6 Referências
ANTUNES, G. R.. Estudo de manifestações patológicas em revestimento de fachada
em Brasília: sistematização da incidência de casos. Dissertação de Mestrado em
Estruturas e Construção Civil. Universidade de Brasília, 2010.
GASPAR, P.; BRITO, J. de. Mapping Defect Sensitivity in External Mortar Renders. In:
Journal of construction and building materials, v. 19(8), 2005.