Artigo Durão Baltar ENEM2013
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Resumo:
Esse trabalho investigou a resolução de questões da Olimpíada Brasileira de Matemática
das Escolas Públicas – OBMEP 2012 – sobre área e comprimento, por alunos de 6º ano do
Ensino Fundamental. O marco teórico da pesquisa foi a Teoria dos Campos Conceituais.
Duas turmas de uma escola pública da rede federal do estado de Pernambuco responderam
a um teste, com as quatro questões do eixo grandezas e medidas extraídas da prova da
primeira fase do nível 1, nas quais estavam em jogo os conteúdos comprimento e área. Na
análise das estratégias constatamos que os alunos lidam melhor com as questões que
envolvem comprimento que com aquelas que envolvem área e tem dificuldade em transitar
entre os campos conceituais, o que nos leva a concluir a necessidade de vivenciar em sala
de aula situações que privilegiem a articulação entre eles.
1. Introdução
A questão que norteou esse trabalho foi: como os alunos de 6° ano lidam com
problemas, extraídos das provas da OBMEP, relativos às grandezas geométricas
comprimento e área?
Diversas pesquisas no âmbito da Educação Matemática (DOUADY e PERRIN-
GLORIAN, 1989, BELLEMAIN & LIMA, 2002; FACCO, 2003; TELES, 2007; ARAUJO
e CÂMARA, 2009; FERREIRA, 2010, entre outras) evidenciam dificuldades conceituais
na aprendizagem das grandezas geométricas área e/ou comprimento.
A análise da abordagem dos livros didáticos do 6° ano (SILVA, 2011), por sua vez,
mostra que os aspectos numéricos relacionados às medidas das grandezas são mais
enfatizados que aqueles relativos à compreensão de comprimento e área como grandezas.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática - PCN (BRASIL, 1998)
defende-se a contribuição desta disciplina na formação de um aluno cidadão, capaz de
elaborar estratégias, desenvolver a criatividade, construir argumentos e buscar soluções. A
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
analisar tanto os conteúdos em jogo nas questões, como a produção dos alunos ao
resolverem os problemas.
3. Metodologia
Esse estudo foi realizado com duas turmas do 6º ano do ensino fundamental (58
alunos) de uma escola pública federal da cidade do Recife. A escolha do 6° ano justifica-se
por esses alunos fazerem parte, dentro da classificação da OBMEP do nível 1, e por ainda
não terem trabalhado no respectivo ano letivo os conteúdos de comprimento e área,
presentes em quatro das vinte questões da primeira fase desta avaliação pública.
Foi proposto um teste diagnóstico com as quatro questões transcritas da OBMEP
2012 – fase 1, nível 1: duas sobre comprimento e duas sobre área, com espaço para registro
das resoluções. A ordem de apresentação das questões e as condições de aplicação foram
as mesmas utilizada na avaliação pública (individual, sem consulta e sem o uso de
materiais como régua graduada, por exemplo). Na nossa análise, buscamos classificar cada
uma das situações; verificar o desempenho dos alunos e mapear as estratégias utilizadas.
Vamos a seguir apresentar e analisar as questões propostas, com o referencial
teórico adotado na pesquisa, ou seja, evidenciar a que tipo de situação cada questão
corresponde e como os conhecimentos do campo conceitual das grandezas e de outros
campos conceituais podem ser necessários na resolução.
Na figura 1 a seguir, consta a primeira questão do teste, a qual se trata de uma
situação de medida de comprimento, baseada na comparação com os comprimentos de
outros caminhos dados.
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O aluno precisa perceber que após o corte, o retângulo está decomposto em quatro
triângulos, dois maiores e dois menores, que juntos tem mesma área que o retângulo inicial
Além disso, irá observar que a área do maior triângulo equivale ao dobro da área do menor.
(conhecimento do campo das grandezas).
É solicitada a produção de dois quadrados que serão formados um com os dois
triângulos maiores e o outro com os dois triângulos menores. No campo numérico, o aluno
irá calcular a medida da área de cada quadrado, o menor tem 16 cm² de área e o maior tem
32 cm² de área, sendo a diferença entre essas áreas de 16 cm².
A quarta e última questão do teste (figura 5 a seguir) se refere a uma situação de
medida de comprimento com uso de unidade de medida convencional, sem a presença da
figura.
No campo das grandezas, o aluno deverá perceber que a distância entre as cidades é
a mesma, desconsiderando o trajeto realizado na ida e na volta, embora possamos ter
caminhos distintos entre as cidades, que poderão ter comprimentos distintos. Deverá
perceber ainda que a distância entre as cidades é a mesma, mas a quantidade de
combustível é variável, já que o carro faz 12 km por litro com álcool e 15 km por litro com
gasolina, sendo necessária uma maior quantidade de litros de álcool do que de gasolina
para realizar o caminho, entrando aqui no campo algébrico. O aluno determina os
múltiplos comuns de 12 e 15, e observa qual dentre eles satisfaz a condição de que a
quantidade total de combustível seja igual a 18 L, ou seja, 10 litros de álcool e 8 litros de
gasolina, e a distância entre as cidades é de 120 km.
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4. Resultados da Pesquisa
Seis alunos atribuem valores pelo método da tentativa e erro, como pode ser
observado no extrato a seguir:
Podemos levantar a hipótese de que houve uma tendência dos alunos em utilizarem
o conteúdo de média aritmética, que estava sendo trabalhado com os alunos no momento
da aplicação do teste. Três dos alunos que escolheram uma alternativa incorreta também
utilizaram a média.
Cabe ainda observar que nos testes de oito alunos percebe-se explicitamente a
eliminação das alternativas a e b, a qual corresponde a parte da interpretação da questão ao
observar a representação gráfica e perceber que o caminho que Cecília percorre é maior
que o de Bela e menor que o de Alfredo.
Na questão 12, apenas 14 alunos acertam a resposta e desses, 7 alunos determinam
a área do retângulo e percebem a igualdade das áreas das regiões cinza e branca, como no
protocolo a seguir:
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Ainda dentre os alunos que acertam a questão, três utilizam a simetria da figura, um
não apresenta registro do procedimento e três determinam a área do retângulo e realizam a
contagem de quadrados completos e composição de quadrados, porém sem o uso da
simetria, como apresentado no extrato abaixo:
Nesta questão as alternativas C e E juntas recebem quase 50% das respostas dos
alunos e são aquelas cujo valor numérico da área é um não inteiro. Seria um efeito do
contrato didático visto que, diante da configuração da malha quadriculada na posição não
convencional e da figura, os alunos serem levados a pensar que a resposta seria um número
“quebrado”? Ou uma dificuldade em contar e completar quadrados na malha proposta, sem
perceber a simetria entre as regiões, como pode ser observado no extrato a seguir.
Na terceira questão do teste, dos 23 alunos que acertam a questão apenas quatro
visualizam corretamente o corte realizado e consequentemente, os triângulos obtidos, e
apenas três alunos constroem os dois quadrados solicitados, como pode ser visto no
protocolo a seguir.
7 Referências