Ética e Direito No Mundo Digital
Ética e Direito No Mundo Digital
Ética e Direito No Mundo Digital
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo introduzir a discussão das implicações éticas decorrentes
do avanço do Direito no mundo digital. Para tal, foi adotado a análise sob o prisma do Direito brasileiro em
conjunto com a Ética, juntamente com o desenvolvimento das leis relacionadas ao tema, com suas devidas
análises e críticas, demonstrando como a evolução tecnológica, a Ética e o Direito brasileiro, vislumbram
dilemas presumidos antes do auge tecnológico e novas teorias após essa evolução, sob os quais questionam se a
tecnologia em ascensão pode substituir a figura do operador do Direito. Nisso, o Direito, em seu aspecto digital,
em encontro com a Ética, vem explicar seu entendimento e demonstrar que a introdução da Inteligência Artificial
98 no âmbito jurídico, é uma nova forma de evoluir e facilitar o serviço daqueles que operam os pilares da Justiça.
Palavras-Chave: Ética; Direito; Justiça; Mundo Digital; Inteligência Artificial
ABSTRACT: This article aims to introduce the discussion of the ethical implications arising from the
advancement of Law in the digital world. To this end, the analysis under the prism of Brazilian Law was adopted
in conjunction with Ethics, along with the development of laws related to the subject, with their due analysis and
criticism, demonstrating how technological evolution, Ethics and Brazilian Law, envision dilemmas presumed
before the technological peak and new theories after this evolution, under which they question whether the rising
technology can replace the figure of the Law operator. In this, the Law, in its digital aspect, in meeting with
Ethics, comes to explain its understanding and demonstrate that the introduction of Artificial Intelligence in the
legal sphere is a new way to evolve and facilitate the service of those who operate the pillars of Justice.
Keywords: Ethic; Right; Justice; Digital World; Artificial Intelligence
INTRODUÇÃO
A imersão do mundo digital está mais que presente no cotidiano do ser humano. Com
um clique é possível registrar uma conta nas redes sociais, mas também com o mesmo clique
é possível disseminar notícias e informações falsas.
A transmissão de fake news tornou-se um verdadeiro problema para a liberdade de
expressão, visto que, por falta de aprofundamento da suposta notícia, ocorre a disseminação
Ética e Direito no mundo digital
de informações inverídicas no mundo digital, tornando isso um problema ético a ser discutido.
Zygmund Bauman (2008, p. 20) explica que:
Para quem dissemina notícias falsas, o que importa é quantas pessoas receberão e
transmitirão para outras. Pela ótica de Bauman, aqueles que recebem as fake news são
mercadorias que, se alcançarem as capacidades esperadas, tornam-se consumidores e
retransmissores desse tipo de notícias.
Visto que os avanços tecnológicos tendem a levar as pessoas as fronteiras da ética, Klaus
Schwab (2016, p. 105-106) questiona a imposição que a inteligência artificial proporciona
perante questões complexas e fronteiriças:
Se essa tentativa permitiu essa sugestão de que a mente humana poderia ser descrita
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como uma execução de um software, então o questionamento para tal ato seria sobre a relação
que se deve fazer entre a ética e o mundo digital.
A falta da ética no mundo digital poderia dar vazão a insegurança para quem navega
pela Internet, com o acesso irrestrito a dados pessoais para o compartilhamento e vendas
ilegais desses. Além dos crimes cibernéticos, tais como bullying, crime de falsa identidade,
estelionato, divulgação de fotos e dados, entre outros. Susan N. Herman (2013) explica que:
A Lei nº 12.965/2014, também conhecida como Marco Civil da Internet define e tem 101
por objetivo, conforme estabelece em seu preambulo e em conjunto com seu artigo primeiro,
estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres para uso da Internet no Brasil, em que
determina diretrizes para atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
em relação à matéria.
Ao estabelecer o comando do referido artigo primeiro pelo legislador, resultou em
equívoco e dissonância do sistema jurídico em que se insere, visto que quem estabelece esses
comandos é a Constituição Federal do Brasil, enquanto o Marco Civil é tão somente uma
legislação infraconstitucional, na qual deveria implementar e regulamentar a Carta Magna.
Victor Hugo Pereira Gonçalves (2017, p. 1-2) explica que:
constituído do conjunto de protocolos lógicos, estruturado em escala mundial para uso público
e irrestrito, com a finalidade de possibilitar a comunicação de dados entre terminais por meio
de diferentes redes”, não segue a melhor definição possível, primeiramente por não dever
se tratar de internet, e sim por tecnologias de informação e comunicação, deixando de lado
o conceito formulado na década de 1990, em que Vilha (2002, p. 20) explica que pode ser
definida como um conjunto de recursos que “possibilita navegar na Internet por meio de textos
hipersensíveis com hiper-referências em forma de palavras, títulos, imagens ou fotos, ligando
páginas de um mesmo computador ou de computadores diferentes.”
Com isso, se fixou somente regular o uso da ferramenta, regulando apenas o meio,
a Internet, deixando a deriva os fins, que são as pessoas e seus valores. Sendo um lugar
de redes físicas para a interação de pessoas, a rede mundial de computadores (world wide
web) tornou-se algo a mais do que somente uma ferramenta e protocolos que identificam e
viabilizam conexões entre pessoas com o objetivo de informação, comunicação e produtores
de conhecimento e ideias, mas sim num meio infinito de possibilidades e realizações humanas
sem um fim e si mesmo. Damásio de Jesus (2014, p. 22) explica que antes do Marco Civil
“não se dispunha de uma legislação que protegesse o cidadão em face da violação de sua
privacidade ou dados pessoais”, nisso toda demanda de violações na Internet era resolvida
extrajudicialmente, não tendo uma segurança jurídica e o mesmo tema ser decidido de formas
distintas em lides semelhantes.
102 A liberdade de pensamento dispõe de um problema jus filosófico que não foi enfrentado
na lei e não visto pelo legislador. Enquanto que a liberdade de expressão, bem como ensina
José Afonso da Silva (2005, p. 246), é somente o aspecto externo da liberdade de pensamento,
englobando as liberdades de comunicação, religião, expressão intelectual, artística, cientifica
e cultural e de transmissão e recepção de conhecimento. No entanto, essa opção que fora
escolhida pelo legislador afastou a liberdade do pensamento como uma dimensão intrínseca ao
ser humano, viabilizada pela internet. Segundo Gonçalves (SILVA, 2005 apud GONÇALVES,
2017, p. 246):
que a liberdade de expressão, (...) protege do vigilantismo estatal e do tratamento de dados por
empresas, bem como antecipa em relação a uma posterior lei de proteção de dados pessoais”.
Embora o Marco Civil tenha iniciado uma nova elaboração de cuidados com a utilização
da Internet, ainda sim trouxe problemas dentro de sua própria legislação, tal como o artigo 20,
que em sua redação descreve que o titular do conteúdo deverá ser avisado e comunicado sobre
todos os detalhes que resultaram na remoção de seu conteúdo do ar, tendo a possibilidade
de exercer o contraditório e ampla defesa, salvo se a decisão judicial determinar em sentido
contrário. À primeira vista, o disposto pelo artigo não gera confusão, porém, ao aprofundar o
entendimento, gera confusão quando se interpreta, pois se torna nebuloso qual será a função
do provedor nessa situação. Ao interpretar essa determinação, poderá dar permissão ao
provedor a uma atitude proativa, a fim de realizar censura prévia em seu conteúdo e informar
o usuário sobre as atividades por ele realizadas, ocorrendo, assim, uma dúbia interpretação do
artigo.
Contudo, não existe orientação no Marco Civil de como fazer o procedimento da prática
de retirada de conteúdo estabelecidas nos Termos de Uso e de Privacidade dos provedores
de aplicação de internet, ocasionando assim um preconceito contra a cultura. Com isso,
publicações feitas por veículos de mídia oficial do Estado demonstrando acervo histórico do
país e campanhas de saúde podem simplesmente serem bloqueadas mediante tal contradição
disposta em Lei. Nisso, a evidência de violações dos direitos humanos contra a cultura torna
evidente o preconceito contra a cultura de um país e de um mal que acomete as mulheres 103
de todo o mundo, tão somente por não adequar os princípios de direitos humanos em suas
práticas tecnológicas e nos Termos de Uso e Privacidade.
Virgílio Afonso da Silva (2008, p. 93) argumenta sobre um julgado do STF sobre o
sentido de defender a aplicação dos princípios de direitos humanos aos sujeitos de direito
privado:
Antes de ser publicado e vigorar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, havia
apenas normas setoriais sobre a proteção de dados pessoais, destacadas por meio da
Constituição Federal, do Código de Defesa do Consumidor, da Lei do Cadastro Positivo, a Lei
de Acesso à informação, Lei Carolina Dieckmann, Marco Civil da Internet e outras legislações
esparsas.
A Carta Magna assegurou em seu artigo 5º, inciso X, a inviolabilidade da intimidade,
vida privada, honra e a imagem das pessoas, sendo assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente da violação. Além disso, estabeleceu, no inciso LXXII,
a possibilidade de impetrar habeas data a fim de assegurar o conhecimento de informações
relacionadas à pessoa do impetrante, presentes nos bancos de dados ou registros de entidades
governamentais ou de caráter público.
Para determinar procedimentos a serem observados pelos órgãos públicos, segundo
Oliveira e Lopes (2019, p. 65), a Lei de Acesso à Informação veio cumprir o objetivo de
garantir o acesso a informações a todos, conforme previsto no inciso XXXIII do artigo 5º
da Constituição Federal. A fim de formar banco de dados de adimplentes para a finalidade
de concessão de créditos, surgiu a Lei do Cadastro Positivo, que dentre os direitos previstos,
conforme ensina Bioni (2019, p. 129), o titular dos dados pessoais possui o dever de gerenciá-
los, tendo o referencial da autodeterminação informacional.
Diante do caso midiático de exposição de fotografias íntimas da atriz Carolina
104 Dieckmann, o qual repercutiu por causa da invasão de dispositivo informático, Cots e Oliveira
explicam que (2019, p. 35) a Lei 12.737 de 2012 tipificou como crime a invasão de dispositivo
informático alheio, gerando o aumento da proteção da privacidade dos usuários.
De acordo com o artigo 2º da LGPD, a fundamentação da matéria de proteção de dados
pessoais possui relação com o texto constitucional no que diz respeito à proteção aos direitos
fundamentais, garantindo a privacidade, intimidade, honra, imagem e dignidade, sendo
elucidado que o respeito à privacidade está relacionado em que seja oportunizado que a pessoa
tenha o controle do que está permitindo na sua vida privada, decidindo sobre a inclusão ou
não de terceiros, sendo, para isso, necessário à autodeterminação informativa. Nisso Cots e
Oliveira (2019, p. 49) explicam:
Cabe ainda que, se for violado os direitos de terceiros, acerca das operações não
permitidas de dados pessoais, deve-se dar a prioridade para a proteção da privacidade. A
inviolabilidade da intimidade, honra e imagem, estão associados à personalidade. Alonso
(2005, apud COTS, OLIVEIRA, 2019, p. 52) ensina que:
escondido dentro dela. É, assim, algo inacessível, invisível, que só ela conhece, onde
ela só elabora ou constrói livremente seu próprio agir e onde se processa sua via
interior. Na intimidade a pessoa constrói-se e descobre-se a si mesma.
Essa Lei possui abrangência quanto aos seus destinatários, vez que sua aplicação
incidirá em qualquer operação de tratamento de dados realizados por pessoa natural ou
jurídica de direito privado ou público na qualidade de controladora ou operadora, recaindo,
ainda, sua aplicação independente do meio o qual os dados estejam alocados e operados. Ou
seja, conforme ensina Tepedino, Frazão e Oliva (2019, p. 192), a lei incidirá até mesmo no
meio físico, off-line, não apenas nos meios digitais como estabelece o Marco Civil da Internet.
A aplicação da lei não dependerá da localização da sede da empresa ou de proveniência dos
dados, ou seja, caso alguma das etapas tenham sido realizadas em território nacional, tanto
a coleta quanto o processamento, terão como norma a LGPD. Ainda, acerca da atividade de
oferta ou fornecimento de bens ou serviços, Pinheiro (2018, p. 30) explica que, incidirá essa
lei, independentemente se a empresa armazene os dados fora do país, terão que cumprir as
exigências da LGPD.
Historicamente, o atual excesso de conectividade da vida moderna compartilhados pela
Internet e dispositivos eletrônicos podem ser vistos como uma anomalia. Como regra, a vida
social humana estava confinada às comunidades limitadas em sua maior parte rurais, sendo a
urbanização o fator recente, o que aglutinou a população mais perto de onde as interações se
tornaram mais frenéticas, e que integraram o que criou a necessidade crescente de proteger 105
a intimidade se esfacelava à medida que a vida urbana concentrava mais e mais pessoas. Por
se tratar de um problema nativamente moderno, encontramos uma maior preocupação com a
privacidade por juristas em um mundo pós Revolução industrial, onde a onda de urbanização
de fato tomou propulsão.
O marco do avanço da discussão sobre o direito de privacidade teve como origem no
termo cunhado pelo juiz americano Thomas Cooley, que expressou a frase “the right to be let
alone” em 1880, cujo termo foi expandido por Samuel D. Warren e Louis D. Brandeis com
o artigo intitulado “The Right to Privacy”, em que os autores evidenciaram a ocorrência de
transformações sociais, políticas e econômicas, conforme explica Zanini (2015), bem como o
surgimento de novos inventos que contribuíram para a ocorrência de violações da vida privada
das pessoas. Para eles, como entende Fortes (2016), a criação desse novo modo de difusão
da informação proporcionados pelas novas tecnologias causariam um tipo de “sofrimento
espiritual”, ao invadirem a intimidade de outrem, e uma angustia que extrapolam os meros
danos pessoais.
A modernidade trouxe novas maneiras de cometer atos ilícitos, burlando o direito
constitucionalmente assegurado da privacidade, sendo essencial que, se realize a análise para
a averiguação de que as leis vigentes no ordenamento jurídico atual são suficientes e capazes
de suprir a necessidade de proteção à privacidade ensejada pelos avanços tecnológicos.
Destaca-se que para uma possível análise mais precisa, para produzir resultados relevantes
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para o quadro atual na privacidade das pessoas que se encontram, é necessário a compreensão
de que existe certo conflito de entendimento acerca do próprio conceito de privacidade, em
que assume duas ideias distintas que se complementam: a privacidade propriamente dita e a
confidencialidade.
Os dados pessoais das pessoas são tão valiosos para o mercado que elas mesmo
não percebem, até o momento que uma simples falha de segurança as deixa vulneráveis.
Algoritmos são alimentados diariamente com informações pessoais que indicam o modo
de pensar e o desejo das pessoas, elaborando perfis de consumo dos usuários, com fins de
publicidade direcionada e venda desses dados para outras empresas. De acordo com Ricardo
(2018):
É lícito afirmar que se outro ente for encontrado dotado desses mesmos elementos a
conclusão lógica é a de se lhe atribuir o mesmo status jurídico de pessoa. [...] Hoje
as legislações vigentes em Portugal e no Brasil aboliram adjetivos dos seus conceitos
de pessoa, abrindo a porta para que se compreenda como pessoa, como dotado de
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personalidade jurídica, não apenas o Homem, mas à moda da visão oriental sobre a
equiparação da dignidade de todos os seres com o Homem, dando chances à teoria
do direito animal e, assim, também a do direito robótico para que um robô seja
juridicamente qualificado como Pessoa.
No caso de existirem várias atividades, sendo que cada uma delas, por si só, teria
sido suficiente para produzir o dano, mas em que persiste incerteza sobre qual
efetivamente o causou, cada uma será considerada como causa do dano até o limite
correspondente à probabilidade de o ter causado. [...] existe um único nexo causal
que não pode ser identificado de forma direta. Daí a sua presunção em relação ao
grupo como um todo. [...] O que se busca com a causalidade alternativa é possibilitar
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A tese defendida por Mulholland vai além, portanto, dos casos de: (a) responsabilidade
solidária entre os imputados causadores do dano; (b) responsabilidade atribuída de acordo
com a contribuição causal de cada agente para a obtenção do resultado danoso; (c) a
responsabilidade atribuída somente a um dos agentes, quando for possível identificar o
rompimento do nexo de causalidade entre as condutas sucessivas. Quando pensamos, no
entanto, nos danos causados dentro de sistemas sociotécnicos, temos uma aplicação de nexo
causal e de responsabilidade ainda mais complexo. Isso porque estamos falando muitas
vezes da ação causada por um somatório de agências de seres humanos, instituições e
coisas inteligentes com autonomia e poder de agência próprio. Nesse caso, o foco no grupo
econômico, apesar de conseguir responder a diversos casos de dano, pode não ser suficiente
para a atribuição justa de responsabilidade na era de IoT e de Inteligência Artificial forte.
A doutrina, desde a promulgação da Constituição Brasileira de 1988, segundo Perlingieri
(2008, p. 764), tem defendido a configuração de uma cláusula geral de tutela e promoção da
pessoa humana como valor máximo do ordenamento jurídico, sendo assim, bem como entende
Tepedino (2004, p. 27) a personalidade seria caracterizada pela expressão maior dos valores
108
constitucionais pelos quais são capazes de superar a ordem jurídica a novos critérios de
legitimidade. Na aplicação das IAs, essa atribuição não parece ser possível àquelas conferidas
as pessoas jurídicas, visto que, por maior que seja sua autonomia, não há como enquadrá-
la como pessoa, pelo fato de ser algo criado pelo ser humano, não sendo confundido com a
pessoa natural.
Os mecanismos de IA têm origem em dados abstratos incluídos por programadores
com informações fornecidas ao sistema de IA e com a finalidade de prever soluções e/ou
resultados futuros. De acordo com Nunes e Marques (2018), esses dados fazem com que
haja pontos cegos nos algoritmos, os quais refletem as concepções de seu criador, envolvidos
pela subjetividade de quem os desenvolve. Às vezes, esses pontos cegos podem não ter
importância, outras vezes podem ignorar informações relevantes e prejudicar a resposta dada
pelo sistema, posto que tais dados podem ter sido coletados em ambientes desiguais, com
exclusões e discriminações.
perguntas feitas ao indivíduo e utilizadas no cálculo, de modo que o réu não sabe
por qual motivo possui um alto ou baixo indicador, tampouco de que forma suas
respostas influenciam no resultado final. Vale salientar que não se pergunta a raça
do acusado no questionário, porém são feitas perguntas que acabam por selecionar
indivíduos pobres e, em sua maioria, negros, como prováveis reincidentes. (NUNES;
MARQUES, 2018, p. 432)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é
naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele
que, por instinto, e não por que qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte
de uma cidade, é um vil ou superior ao homem. Tal indivíduo merece, como disse
Homero, a censura cruel de ser sem família, sem leis, sem lar. Porque ele é ávido de
combates e, como as aves de rapina, incapaz de se submeter a qualquer obediência.
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REFERÊNCIAS
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direito. (Tese) – Doutorado em Direito, Programa de Pós-Graduação em Direito, Faculdade
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JESUS, Damásio de. Marco Civil da Internet: comentários à Lei n. 12.965/14 - São Paulo:
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MENEZES, Joyceane Bezerra de; COLAÇO, Hian Silva. Quando a lei geral de proteção de
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NUNES, Dierle; MARQUES, Ana Luiza Coelho. Inteligência artificial e direito processual:
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Paulo: Edipro, 2016.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25ª Ed. Malheiros Editores.
São Paulo. 2005.
jurídicos, isto é, capacidade de ter direitos e obrigações, enquanto que na acepção objetiva
consiste no conjunto de atributos axiológicos que compõem a própria condição de pessoa.
Sobre o tema, cf. TEPEDINO, Gustavo. A tutela da personalidade no ordenamento civil-
constitucional brasileiro. Temas de direito civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 27.
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