Especies Arboreas Brasileiras Vol 5 Butia Da Serra

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Butiá-da-Serra

Butia eriospatha

volume

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Butiá-da-Serra
Butia eriospatha

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Foto: Francisco C. Martins Foto: Paulo Ernani Ramalho Carvalho Pátio da antiga sede da Embrapa Florestas, Colombo, PR Foto: Francisco C. Martins

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Foto: Paulo Ernani Ramalho Carvalho Foto: Paulo Ernani Ramalho Carvalho

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Butiá-da-Serra
Butia eriospatha

Taxonomia e Nomenclatura Nomes Vulgares por Unidades da


Federação: no Paraná e no Rio Grande do Sul,
De acordo com o sistema de classificação butiazeiro; em Santa Catarina, butiá-azedo, butiá-
baseado no The Angiosperm Phylogeny Group branco e butiá-da-serra.
(APG) III (2009), a posição taxonômica de Butia
eriospatha obedece à seguinte hierarquia: Etimologia: o nome genérico Butia é uma
corrutela do nome indígena mbotia que, por sua
Divisão: Angiospermae
vez, vem de mbo (fazer) e tia (dente incurvo), em
Clado: Monocotiledôneas alusão aos dentes que guarnecem lateralmente o
Ordem: Arecales pecíolo da folha do butiazeiro; o epíteto específico
eriospatha vem do grego erion (lã) e spatha
Família: Arecaceae – Em Cronquist (1981), é
classificada em Palmae (espata), referência à espessa lanugem castanha
na parte externa da espata (REITZ, 1974).
Gênero: Butia
Binômio específico: Butia eriospatha (Martius
ex Drude) Beccari – (Mart. ex Drude) Becc. Descrição Botânica
Primeira publicação: Beccari, Agric. Coloniale
10: 496. 1916. Forma biológica e foliação: Butia eriospatha é
uma palmeira. Seus indivíduos maiores atingem
Sinonímia botânica: Butia eriospatha
(Mart.) Becc. subsp. punctata Bomhard; Cocos dimensões próximas a 7 m de altura e 70 cm
eriospatha Mart. ex Drude. (1881); Cocos de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a
blumenavia Hort. (1910); Syagrus eriospatha 1,30 m do solo), na idade adulta (MAIXNER;
(Mart. ex Drude) Glassman. (1970). FERREIRA, 1978).

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Tronco: apresenta caule simples e ereto, com Distribuição geográfica: no Brasil, Butia
a base das bainhas cobertas, parcialmente, por eriospatha ocorre nas seguintes Unidades da
denso tomento marrom. Federação (Mapa 18):

Ramificação: apresenta espádice com cerca • Paraná (KLEIN, 1962; LIEBSCH;


de 1 m de comprimento ou menos, densamente MIKICH, 2009).
ramificado, glabro ou raramente um dos eixos • Rio Grande do Sul (REITZ, 1974;
portando tomento castanho. OLIVEIRA, 1979; SOUTO, 1984).
Casca: a casca externa (ritidoma) é revestida por • Santa Catarina (REITZ, 1974; REITZ
restos de bainhas. et al., 1978).

Folhas: apresentam pecíolo armado de espinhos


nas margens, com pinas de 50 a 55 pares,
Aspectos Ecológicos
distribuídas regularmente e inseridas num só
plano, ao longo da raque. Grupo sucessional: Butia eriospatha é uma
Inflorescências: são ramificadas com até espécie pioneira.
150 ramos, com espata peduncular coberta por Importância sociológica: nos campos de
denso tomento castanho, na face externa. Itaperuçu, PR, por vezes, se observam grandes
agrupamentos de butiazeiros (Butia eriospatha),
Flores: são amarelas.
uma das características mais importantes dessa
Frutos: são globosos, suculentos, adocicados, sem espécie. Esses butiazeiros, ora se encontram nos
fibras, medindo de 1,8 cm a 2 cm de diâmetro, campos limpos, ora de permeio aos capões, onde
com epicarpo amarelado, quando maduro. se sobressaem sobre a baixa vegetação (KLEIN,
1962).
Sementes: o putámen é ósseo, subgloboso ou
globoso. Nos Campos de Laranjeiras, situados a oeste dos
Campos de Guarapuava, sobre Cambissolo Álico,
o butiá-da-serra aparece comumente associado
ao pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia).
Biologia Reprodutiva
e Eventos Fenológicos
Biomas (IBGE, 2004a) / Tipos
Sistema sexual: Butia eriospatha é uma espécie
hermafrodita.
de Vegetação (IBGE, 2004b) e
Outras Formações Vegetacionais
Vetor de polinização: essencialmente abelhas e
diversos insetos pequenos.
Floração: de novembro a dezembro, em Santa Bioma Mata Atlântica
Catarina (REITZ, 1974), e de novembro a • Floresta Ombrófila Mista (Floresta com
janeiro, no Paraná (LIEBSCH; MIKICH, 2009). presença de Araucária), na formação
Montana, no Paraná (LIEBSCH;
Frutificação: frutos maduros ocorrem de janeiro
MIKICH, 2009).
a fevereiro, em Santa Catarina (REITZ, 1974), e
de março a maio, no Paraná (LIEBSCH; MIKICH,
2009). Bioma Pampa
Dispersão de frutos e sementes: por zoocoria, • Campos, no Rio Grande do Sul
notadamente por animais. Os frutos são muito (SOUTO, 1984).
apreciados pela fauna silvestre.
Outras Formações Vegetacionais
• Ambiente fluvial ou ripário (Mata Ciliar),
Ocorrência Natural em Santa Catarina.

Latitudes: de 25°S, no Paraná, a 30°10’S, no • Estepe ou Campos do Sul: Campos de


Rio Grande do Sul. Palmas, PR (MAACK, 1968). O butiá-
da-serra ocorre como forma de relicto
Variação altitudinal: de 35 m, no Rio Grande do dos primitivos campos, encontrando-se
Sul, a 1.100 m, no Paraná e em Santa Catarina. raramente na Floresta de Araucária. Essa

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Mapa 18. Locais identificados de ocorrência natural de butiá-da-serra (Butia eriospatha), no Brasil.

espécie é a palmeira típica dos campos e Temperatura média do mês mais quente: 20 °C
a mais amplamente difundida. (Palmas, PR) a 22,3 °C (Laranjeiras do Sul, PR).
Temperatura mínima absoluta: -10 °C.
Essa temperatura foi observada em Palmas, PR
Clima (EMBRAPA, 1986).

Precipitação pluvial média anual: de Geadas: são frequentes, no Planalto Sul-Brasileiro.


1.200 mm, em Santa Catarina, a 2.300 mm, no As ocorrências médias de geadas ficam entre 5 a 20
Paraná. por ano, com amplitude de até 50 geadas.

Regime de precipitações: as chuvas são Classificação Climática de Köppen: Cfa


uniformes. (subtropical úmido, com verão quente), no Rio
Grande do Sul. Cfb (temperado, com verão
Deficiência hídrica: nula, no Planalto Sul- ameno), no centro-sul do Paraná.
Brasileiro.
Temperatura média anual: 15,6 °C (Palmas,
PR) a 18,7 °C (Laranjeiras do Sul, PR). Solos
Temperatura média do mês mais frio: 10,7 °C Butia eriospatha ocorre, naturalmente, em
(Palmas, PR) a 14,1 °C (Laranjeiras do Sul, PR). afloramentos rochosos, em solos rasos de textura

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sílico-argilosa e com fertilidade baixa a alta. Melhoramento e Conservação
Quanto ao relevo, essa espécie desenvolve-se
de Recursos Genéticos
tanto em relevo ondulado como em relevo forte
ondulado. Em Pelotas, RS, a Embrapa Clima Temperado
mantém um programa de conservação in situ
dessa espécie.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: o fruto do butiá- Crescimento e Produção
da-serra é colhido quando maduro, ocasião
em que as sementes podem ser extraídas Existem poucos dados sobre o crescimento de B.
manualmente. eriospatha em plantios. Contudo, seu crescimento
é lento.
Número de sementes por quilograma:
200 sementes por quilo (LORENZI et al., 1996).
Tratamento pré-germinativo: não há Características da Madeira
necessidade. As sementes dessa espécie Massa específica aparente (densidade
germinam com facilidade, o que é raro nessa aparente): 0,80 g cm-3.
família (REITZ, 1974). Contudo, poderá
Cor: a madeira do butiá-da-serra apresenta
haver necessidade de acelerar e uniformizar
coloração parda.
o estabelecimento das plântulas, uma vez que
a germinação dessa espécie é desuniforme e Características gerais: a madeira dessa
espécie é dura e fibrosa.
lenta, podendo ser acelerada com a remoção do
endocarpo e imersão em água.
Longevidade e armazenamento: a semente Produtos e Utilizações
de B. eriospatha mantém a viabilidade por até
1 ano (LONGHI et al., 1984). Apícola: Butia eriospatha é uma espécie de
grande potencial melífero, com produção de
néctar e de pólen.
Produção de Mudas Aproveitamento alimentar: os frutos de B.
eriospatha são comestíveis e ricos em vitamina
Semeadura: é feita em recipientes individuais, C (FRANCO; FONTANA, 1997). Por isso, na
com 1 cm de terra em cobertura. região Sul, essa espécie é cultivada em pomares
domésticos.
Germinação: é hipógea e as plântulas são
criptocotiledonares. A emergência das plântulas Artesanato: na região de Lebon Regis, SC,
ocorre aproximadamente 6 meses após a os butiazais são consideráveis, a ponto de
semeadura. O poder germinativo é superior a abrigar a instalação de pequenas indústrias que
aproveitam as fibras de suas folhas no fabrico de
60%. As mudas atingem porte adequado para
crina vegetal, chapéus, cestas, etc. (REITZ, 1974).
plantio, cerca de 12 meses após a semeadura.
Celulose e papel: a madeira de B. eriospatha é
inadequada para esse uso.
Características Silviculturais Energia: suas espatas produzem lenha de boa
qualidade.
O butiá-da-serra é uma espécie essencialmente
heliófila e tolerante a geadas. Medicinal: na medicina popular, o chá da flor do
butiá-da-serra é indicado no combate ao amarelão
Sistemas de plantio: Butia eriospatha pode e como calmante, para equilibrar o sono; ainda
ser plantado a pleno sol, tanto em plantios puros segundo os saberes dessa medicina, a polpa do
como em plantios mistos. fruto, consumida in natura, ajuda a eliminar o
ácido úrico (FRANCO; FONTANA, 1997).
Sistemas agroflorestais (SAFs): o butiá-
Alerta: as informações sobre o uso medicinal dessa espécie
da-serra é usado em sistema silvipastoril, são apenas um registro factual da pesquisa, não devendo
principalmente em Santa Catarina. servir de orientação para prescrever tratamento, curar, aliviar

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ou prevenir qualquer doença, muito menos substituir cuidados espécies nativas do Sul do Brasil, em programas
médicos adequados. de reflorestamento (REFLORESTAR…1992).
Paisagístico: o Butia eriospatha é uma espécie
muito ornamental e amplamente usada em
paisagismo, principalmente no Sul do País. Espécies Afins
É também recomendada para paisagismo
rodoviário (BATISTA, 2002). O gênero Butia (Beccari) Beccari compreende
sete espécies nativas da América do Sul e
Plantios com finalidade ambiental: o butiá- ocorre na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no
da-serra está relacionado entre as 100 principais Uruguai.

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Referências Bibliográficas
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