Dissertação Modernismo em Nova Iorque
Dissertação Modernismo em Nova Iorque
Dissertação Modernismo em Nova Iorque
São Paulo
ABRIL - 2021
Marshall Berman em seu texto “Na Floresta dos Símbolos: Algumas Notas sobre o
Modernismo em Nova Iorque” faz uma análise crítica a origem da estrutura urbana moderna e como
isso refletiu na divisão social estrutural da cidade americana.
Nascido no Bronx, Berman inicia seu raciocínio com o surgimento da Via Expressa Cross-
Bronx - construída por Robert Moses - que fora responsável por desabrigar uma grande parcela do
bairro durante seu processo de construção. Assim, partindo deste ocorrido, o autor utiliza de uma
narrativa linear, que avança através dos anos, para explicitar como a Modernidade influenciou
diretamente o ritmo frenético da cidade de Nova Iorque, dissertando a respeito das grandes
construções arquitetônicas que posteriormente tornariam-se importantes símbolos da cidade.
Sendo assim, começa-se uma discussão a respeito do investimento público, que ao invés de
ser direcionado para necessidades sociais é investido em grandes obras que visam transferir a
atenção das áreas periféricas - as quais necessitam de cuidados - para a beleza da cidade. Dessa
maneira, nota-se o cunho político em cima da arquitetura, que futuramente tornou-se uma maneira
de separação dos bairros de acordo com as suas características raciais, afetivas e de gênero.
Entretanto, visando a rápida e frenética evolução, o Modernismo se auto destrói,
substituindo suas antigas produções por novas mais modernas, e assim em diante. Em contrapartida,
chegou-se em um momento onde o moderno tornou-se comum, iniciando um processo de utilização
das áreas urbanas como forma de arte e se apropriando do que antes fora esquecido e
marginalizado.
Dessa maneira, as artes urbanas passam a ser elitizadas e suas ruas romantizadas. Por
exemplo, o Hip Hop - estilo originário da periferia como forma de resistência - passa a ser ensinado
dançado, ensinado e ouvido pela elite de Nova Iorque, perdendo sua essência. Em contrapartida, os
artistas começaram a utilizar desta visibilidade como símbolo de resistência, produzindo uma arte
que seria, como disse Allen Kaprow em 1958, “Preocupada e mesmo fascinada pelo espaço e os
objetos da vida cotidiana, seja nossos corpos, roupas, quartos ou, se necessário, a vastidão da 42th
Street”.
Durante a minha vida, já tive a oportunidade de ir a cidade de Nova Iorque algumas vezes e
sempre fui muito fascinada pela cultura do grafite. Sempre a compreendi politicamente, visto que é
uma forma de arte que fora muito utilizada pela minha família, mas sabia que nem todos a
compreendiam dessa maneira. Áreas como o Bronx se tornaram grandes pontos turísticos dentro da
cidade, atraindo uma quantidade de turistas exorbitante, algo que definitivamente não era suportado
pelo bairro. Os murais estavam sempre lotados e por mais que apresentassem uma abordagem
política social clara, ainda não eram respeitados por tais visitantes. Ao realizar a leitura deste texto
pude entender a relação das construções Modernistas com o contexto de popularização destas
produções artísticas, algo que antes, não havia estudado.
Além disso, um fato interessante é como o padrão de expansão urbano é similar em diversas
partes do mundo. Em São Paulo, por exemplo, com o processo de modernização, a população
pertencente as classes mais baixas foram realocadas para as periferias, reafirmando todo um
contexto social que fora pauta dentro do grafite, inclusive, sendo parte de sua origem e de suas
produções até hoje.
Como complemento, após a leitura do texto, passei a refletir sobre o ritmo frenético presente
na cidade de São Paulo e como ele é resultado de um amplo processo de modernização da cidade.
Nota-se que as construções públicas visam uma rapidez de deslocamento e não uma admiração das
obras arquitetônicas. Portanto, hoje vejo que o contexto histórico cultural esta muito mais presente
na vida cotidiana do que imaginava, adquirindo uma visão mais ampla a respeito da cidade onde
moro.