Igor Ribeiro Psicologia

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE

PSICOLOGIA

RESENHA CRÍTICA

Idéias para adiar o fim do mundo

IGOR COSTA MEDEIROS RIBEIRO


LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
PROF. HELRY COSTA DA SILVA

Natal/RN
2023

Resenha crítica

IDÉIAS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras,
2019.

O livro “idéias para adiar o fim do mundo”, escrito pelo pesquisador, ativista e
indígena Ailton Krenak, propõe um olhar crítico para discursos ocidentais
mecanicistas e mercadológicos que assumem a lógica racional moderna,
desvirtuando perspectivas individuais, subjetivas, bem como sua ancestralidade. O
livro é dividido em 3 partes, sendo os dois primeiros capítulos retirados de palestras,
e o terceiro retirado de uma entrevista do autor supracitado.
Ainda no primeiro capítulo, “Idéias para adiar o fim do mundo", é
apresentado seu cotidiano para justificar o título do livro (palestra) dizendo que a
escolha se deu por acaso e de maneira corriqueira. É com a mesma naturalidade
que Krenak trará ao seu discurso a reflexão da perda do valor da palavra
“humanidade”. Ainda nas primeiras páginas, indaga o público com uma provocação:
“Como é que, ao longo dos últimos 2 mil ou 3 mil anos, nós construímos a ideia de
humanidade? Será que ela não está na base de muitas das escolhas erradas que
fizemos, justificando o uso de violência?” (KRENAK, 2019, p.7).
Para o autor, o discurso do que faz parte da humanidade é utilizado para
embasar lógicas de mercado, que exploram, extraem, retiram de tudo aquilo que não
engloba essa “humanidade” para o uso, consumo e conforto daqueles que fazem
parte dela. Dito isto, é necessário também identificar aquilo que não é mais
interpretado, contemporaneamente com base na lógica do capital, como
humanidade: a natureza. Com a modernização, também foi-se retirado os povos
originários deste lugar natural. Essas pessoas convenientemente, e
esporadicamente, são englobadas no coletivo da humanidade, contudo são
considerados uma sub-humanidade por representarem uma idéia de adesão à
natureza, o que é desinteressante para corporações.
A tentativa de suprimir o individual em virtude do coletivo também apaga a
história subjetiva da diversidade, separa o homem da natureza e facilita a aceitação
da extração de recursos naturais. Assim, além de lutar pelo ambiente, esses povos
existem até hoje porque sua resistência também é pela comprovação de que não




são iguais e não seguem os protocolos dessa “humanidade” contemporânea,


criticando a idéia de homogeneização do comportamento civilizatório.
Já no capítulo 2, “do sonho e da terra”, há a critica a época em que a
“humanidade” está fincada no planeta, identificada como Antropoceno. Em
pouquíssimo tempo os recursos naturais estão sendo dizimados, e não só os
indígenas, mas todas as pessoas deveriam ampliar o entendimento alarmante que
esses dados nos dão para começar a pensar um presente que possa “humanizar” o
planeta.
O capítulo 3, “A humanidade que pensamos ser”, continua a reflexão
através de uma metáfora: a de que todos os povos antigos entendiam a natureza
como uma provedora maternal, todavia a “humanidade” não cansa de ser
amamentada e, tal qual um infante, busca sua saciedade sem refletir sobre o futuro.
Todas as inovações e descobertas são rapidamente projetadas para alimentar um
mercado que não se cansa de “Mamar sem medo, sem culpa, sem nenhum objetivo”
(KRENAK, 2019, p.36).
A obra, apesar de não oferecer as idéias para adiar o fim do mundo, dá seu
passo inicial para a formulação de soluções: a problematização dos discursos
vigentes. Além de nortear argumentos anti-hegemônicos, Krenak não deixa de
oferecer uma suposição para as angústias existenciais de nossa sociedade tão
escassa de perspectivas, tais como a busca pela ancestralidade; o olhar crítico para
a individualidade; a epifania sobre o valor da natureza; a importância da escuta de
demandas dos povos originários; a falta de sentido existencial no coletivo, etc. É
uma leitura recomendada a todas as pessoas que analisam o passado, refletem
sobre o presente e se preocupam com o futuro. Por fim, também é importante dar
destaque a provocação de que, se estamos insatisfeitos com o mundo que nos foi
deixado, devemos atuar para não deixar-mos algo pior para a geração seguinte.

Sobre o autor do livro: Ailton Krenak é um pesquisador, jornalista e ativista


nascido em 1953. Destacou-se pela luta dos povos originários e entre seus
feitos se destacam o movimento ambiental e de defesa dos direitos indígenas, a
organização da Aliança dos Povos da Floresta, a liderança do movimento
indígena na década de 70, as contribuições inestimáveis para a criação da
União das Nações Indígenas, etc.



Sobre o autor da resenha: Igor Costa M. Ribeiro é graduado em Design


gráfico/industrial (bacharelado) pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Atua como ilustrador e designer gráfico e atualmente está cursando a
graduação de psicologia no Centro Universitário do Rio Grande do Norte.

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