Humanização Da Saúde E Promoção Do Lúdico: Uma Proposta de Brinquedoteca Hospitalar

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HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE E PROMOÇÃO DO LÚDICO: UMA

PROPOSTA DE BRINQUEDOTECA HOSPITALAR

Ana Caroline da Silva1


Cinthya Vernizi Adachi de Menezes2

RESUMO

A brinquedoteca hospitalar é uma ação pedagógica de atendimento ao público


infantil em tratamento de saúde. O direito é garantido pela lei federal n.11.104/05.
(BRASIL, 2005). O espaço é propício para a interação social, para o desenvolvimento
emocional e afetivo, contribuindo, dessa forma, com o Programa Nacional de
Humanização da Assistência Hospitalar. O estudo em tela apresenta uma pesquisa
de iniciação científica realizada no Centro Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina
Moura Xavier (CHR), em Curitiba, que tem como objetivo apresentar subsídios
efetivos e necessários para a criação de uma brinquedoteca hospitalar. Nesse
contexto, a base teórica do estudo considerou os seguintes autores: Cunha (2OO1),
Lucietto (2018), Oliveira (2011), Santos (2000), Paula (2007), Pontes (2017). Para
tanto a metodologia utilizada é de abordagem qualitativa, de definição exploratória
e descritiva e de natureza aplicada. O delineamento previu a pesquisa bibliográfica,
análise documental e aplicação de entrevista semiestruturada. Os resultados
obtidos possibilitaram analisar a importância da criação de uma brinquedoteca
hospitalar com estrutura adequada, garantindo o cumprimento do dispositivo legal
e evidenciando a necessidade de abertura do espaço no CHR.
Palavras-chave: Brinquedoteca Hospitalar. Garantia do Direito. Humanização.

1
Aluna do 5º período de Pedagogia pela FAE Centro Universitário (Curitiba). Bolsista do Programa de
Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2018/2019. E-mail: [email protected]
2
Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora da FAE Centro
Universitário. E-mail: [email protected]/[email protected]

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INTRODUÇÃO

A necessidade de assegurar um direito consolidado em se ter um espaço como


a brinquedoteca no hospital é de extrema importância, pois além de ser um direito da
criança possibilita oportunidades que contribuem para o desenvolvimento daqueles que
a frequentarem. Colabora de maneira significativa com o tratamento, principalmente
com aqueles que precisam permanecer internados.
Dessa forma, a brinquedoteca necessita tanto de cuidados especiais para com
a limpeza e zelo do local, quanto de profissionais que atendam as demandas de cada
criança que pode usufruir do espaço e, portanto, contribuir para o Programa Nacional
de Humanização da Assistência Hospitalar.
Assim, o problema levantado surge com o seguinte questionamento: quais são
os elementos necessários para estruturar uma brinquedoteca hospitalar no Centro
Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier – CHR?
Partindo dessa inquietação, a presente pesquisa visa contribuir com a apresentação
de subsídios para a implantação da brinquedoteca no CHR Ana Carolina Moura Xavier, de
acordo das normativas vigentes conforme a lei nº 11.104/05 (BRASIL, 2005) que versa
a obrigatoriedade de brinquedotecas em hospitais. O espaço visa a humanização do
ambiente hospitalar, trazendo mais possibilidades às crianças internadas ou até mesmo
para aqueles que frequentarem o hospital para atendimentos durante o dia (consultas
de rotina, exames entre outros procedimentos).
Neste sentido, é possível evidenciar o amparo legal que regulamenta a existência de
brinquedotecas em hospitais, elencar as contribuições do desenvolvimento de atividades
lúdicas com um enfoque pedagógico em brinquedoteca hospitalar, contextualizar o
Centro de Reabilitação Hospitalar Ana Carolina Moura Xavier e identificar os recursos
necessários para compor uma brinquedoteca hospitalar.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 HISTÓRICO E AMPARO LEGAL PARA A IMPLANTAÇÃO DE


BRINQUEDOTECAS HOSPITALARES

É evidente a importância da brinquedoteca direcionada para as crianças, ao


possibilitar atividades (de cunho pedagógico ou não) e brincadeiras lúdicas em um

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ambiente que é propício para a interação social com os demais, tornando-o ainda mais
rico em termos de desenvolvimento emocional, afetivo e interacionista.
Segundo a Los Angeles Toy Loan – ABBri (2018), a primeira brinquedoteca surgiu
em meados da década de 1930, nos EUA em um período de instabilidade econômica,
após o relato de um empresário ao notar que algumas crianças estavam furtando
brinquedos do seu estabelecimento. Elas estudavam próximas e, devido ao ocorrido, o
proprietário da loja foi conversar com o diretor da escola para tentar entender a causa
desses furtos. Após a conversa o empresário chegou à conclusão de que esses roubos
estavam acontecendo devido à carência de brinquedos que essas crianças tinham. Com
isso, o proprietário da loja resolveu contribuir para que não precisassem mais furtar,
e pensou que emprestar os brinquedos poderia ajudar. Partindo desse pressuposto, e
com o intuito de contribuir com a comunidade, deu origem a ABBri.
No Brasil de acordo com a ABBri (2018), a ideia surgiu devido à necessidade em
ajudar as crianças que com deficiência. Na abertura da Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE) houve uma exposição de alguns materiais pedagógicos, tornando-
os mais visíveis e despertando o interesse sobre eles. Com isso, foi necessário dispor de
um espaço destinado para essa temática em 1973, chamado de Ludoteca. No entanto,
somente em 1981, a pedagoga Nylse Cunha, a responsável pela criação do termo
Brinquedoteca, assumiu a direção da primeira brinquedoteca do país, a Brinquedoteca
Indianópolis, em São Paulo, atualmente conhecida como Instituto de Indianópolis.
É importante salientarmos os aspectos positivos desse espaço para as crianças
e da contribuição que ele propicia,
É um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a
uma grande variedade de brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico.
É um lugar onde tudo convida a explorar, a sentir, a experimentar. Quando uma criança
entra na brinquedoteca deve ser tocada pela expressividade da decoração, porque a
alegria, o afeto e a magia devem ser palpáveis. Se a atmosfera não for encantadora
não será uma brinquedoteca. Uma sala cheia de estantes com brinquedos pode ser
fria, como são algumas bibliotecas. Sendo um ambiente para estimular a criatividade,
deve ser preparada de forma criativa, com espaços que incentivem a brincadeira de
“faz de conta”, a dramatização, a construção, a solução de problemas, a sociabilização
e a vontade de inventar: um camarim com fantasias e maquilagem, os bichinhos,
jogos de montar, local para os quebra-cabeças e os jogos (CUNHA, 2010, p. 36-37).

Nesse contexto, Santos (2008) entende que a brinquedoteca é um ambiente livre


em termos de uso, não existe um estereotipo a ser seguido, ou seja, toda criança pode
frequentar esse tipo de ambiente. Desse modo, a brinquedoteca pode ser inserida em
diversos contextos, como escolas, shoppings, hospitais, entre outros. Nos hospitais,
está amparada legalmente.

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A importância da brinquedoteca no ambiente hospitalar justifica-se pelo fato de
que a criança está por um período de tempo distante do seu convívio social e familiar,
privada de sua rotina, do brincar e ir à escola, devido a algum problema de saúde. Isso
pode acarretar uma fragilidade emocional ainda maior e poder brincar e se socializar
com outras crianças na brinquedoteca do hospital, pode trazer grande alívio à dor e
ao sofrimento por meio da diversão, distração e carinho da parte dos seus colegas e
acompanhantes (PAULA, 2007).
Devido a uma necessidade em ter um espaço direcionado para as crianças
hospitalizadas, no ano de 2005, a lei nacional n°11.104/05 (BRASIL, 2005) tornou
obrigatória a instalação de brinquedotecas em hospitais brasileiros, pois foi vista
a necessidade de um ambiente em que as crianças hospitalizadas pudessem fazer
suas atividades pedagógicas e suas práticas voltadas ao lúdico. Esse espaço é muito
importante por promover a interação, valoriza a saúde e o brincar. A brinquedoteca
ajuda a minimizar os efeitos da doença e seus tratamentos, assim como auxiliar no
apoio familiar. A criança que é internada deve dar continuidade em diversos aspectos
que assegure uma vida mais próxima da sua rotina.

1.2 IMPLICAÇÕES E CONTRIBUIÇOES EM BRINQUEDOTECAS HOSPITALARES

A brinquedoteca hospitalar é um ambiente que requer mais atenção do


que uma brinquedoteca encontrada em outros contextos, pois são necessários
cuidados mais específicos quanto à higiene e o manuseio dos materiais, móveis
e brinquedos. As crianças que lá frequentam estão vulneráveis, com a saúde
debilitada e qualquer contato com objetos sem higiene pode comprometer todo
o tratamento do paciente.
Normalmente esse espaço em hospitais tem restrições quanto à circulação de
pessoas. Por ser um espaço destinado aos enfermos, todo cuidado é para manter a
integridade dos pacientes.
A chegada dos pacientes e a inserção deles são relatadas por Bowlby (1995)
Quando as crianças e os adolescentes são hospitalizados, passam por três fases.
No princípio, revoltam-se com a internação pelos procedimentos invasivos.
Posteriormente, entram em um estado de apatia no hospital. Com o processo de
formação de vínculos com a equipe médica e paramédica, começam aos poucos
substituir a reação de revolta e de apatia por afetividade e aceitação a esses cuidados
que estão sendo oferecidos. Sendo assim, é essencial que as intervenções realizadas
com as crianças e com os adolescentes atuem no sentido de minimizar as sequelas
deste processo e destas fases (BOWLBY, p.2 ,1995).

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Esse espaço contribui para diversos fatores positivos na permanência dos
hospitalares, na sua ambientação e nas possibilidades para uma melhor adequação. A
brinquedoteca é um ambiente que permite ser moldado de acordo com a necessidade
do paciente, se houver um planejamento prévio e organizado de acordo com a
particularidade de cada um.
Assim sendo, Andrade e Silva (2013) ressaltam que:
A brinquedoteca assume um papel relevante no ambiente hospitalar, [...] promovendo
contribuições no desenvolvimento do ser humano emocional, físico e mental das
crianças[...].
[...] faz as crianças renascerem lhes dando alegria ao brincar com objetos que
estimulam sua fantasia, fazendo-as descobrirem amigos e um lugar cheio de histórias,
músicas, desenhos e teatro (ANDRADE; SILVA, 2013, p.77).

A maioria dos hospitais não foi planejada para dispor de um espaço destinado
às crianças. A maior preocupação sempre foi com a saúde e tratamento convencional.
Ou seja, nem todos os hospitais estão preparados para implantar uma brinquedoteca,
pois isso requer um espaço para que possa ser destinado para esse fim. No entanto, o
processo requer tempo para que seja encontrado um local adequado, ou até mesmo o
remanejamento de algumas salas, além de subsídios teóricos que contribuam de forma
a demonstrar a importância da brinquedoteca no contexto hospitalar.

1.3 A PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE BRINQUEDOTECA HOSPITALAR NO


CENTRO HOSPITALAR DE REABILITAÇÃO ANA CAROLINA MOURA XAVIER

O CHR visa promover um serviço de saúde pública qualificada às pessoas com


deficiência física no estado do Paraná. Foi fundado em março de 2008 e surgiu a partir da
constatação da urgência na alteração de serviços públicos (100% gratuito) à população
que depende de reabilitação locomotora no estado, objetivando ser uma referência
no assunto (PARANÁ, 2018).
A sua estrutura é moderna e conta com 23 consultórios para atendimento
diversos como: psicológico, fonoaudiólogo, de nutrição, enfermagem, serviço social,
terapia ocupacional, fisioterapia (solo e aquática), e três piscinas aquecidas. Tem uma
área construída de 9.787,88 m2 e atualmente sua mantenedora é a APR- Associação
Paranaense de Reabilitação (CHR, 2019).
O atendimento inclui o público infantil e adulto com as seguintes patologias:
Doenças Neuromusculares; Lesões Encefálicas Adquiridas; Lesões Medulares; Mal
Formações Congênitas; Mielomeningocele; Sequelas Físicas causadas pela Hanseníase;

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Paralisia Cerebral; Amputações de Membros e; SPP (Síndrome Pós-Poliomielite). Caso
haja a necessidade de internamento o CHR conta 60 leitos para internações, UTI, 4
salas de procedimentos cirúrgicos, visando sempre a reabilitação e assim assegurando
o bem estar do paciente (PARANÁ, 2018).
Das demandas surgidas no referido centro, a implantação de uma brinquedoteca
hospitalar se faz necessária, pois o CHR já conta com o Programa SAREH (Serviço de
Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar), atendendo alunos da modalidade
regular e EJA (ensino de jovens e adultos). O SAREH tem como objetivo o atendimento
educacional para os estudantes que se encontram impossibilitados de frequentar a
escola, em virtude de situação de internamento hospitalar ou tratamento de saúde,
permitindo-lhes a continuidade do processo de escolarização, a inserção ou a reinserção
em seu ambiente escolar (PE, 2018).
Assim, a brinquedoteca hospitalar é um espaço que contribui com a humanização
do hospital e auxilia no tratamento da patologia, mas também com aspectos
relacionados à interação e a aprendizagem. Com isso promove a elevação da autoestima,
estimulando-o a uma possível recuperação mais rápida (CUNHA; VIEGAS, 2003).
Lucietto (2018) confirma essa perspectiva enfatizando:
No que diz respeito ao desenvolvimento infantil, a relevância da brinquedoteca
respalda-se em proporcionar a interação social destacada pelas narrativas dos
profissionais, evidenciando a melhora na interação da criança-criança, criança-equipe
e criança-acompanhante, após sua implementação. Outro aspecto observado diz
respeito à inserção dos acompanhantes no processo de hospitalização. Na percepção
dos participantes, a oferta de um espaço como o da brinquedoteca possibilita que o
acompanhante esteja mais próximo da criança, atento as suas necessidades, e isso o
fortalece para enfrentar o processo juntamente com a criança (LUCIETTO, 2018, p.13).

Por conseguinte a brinquedoteca hospitalar, segundo Santos (2008), é um


ambiente que não precisa necessariamente ter atividades direcionadas a todo o
momento, pode agregar com o desenvolvimento das crianças de forma livre, mas
sim por meio da exploração do espaço e, a partir disso, despertar a curiosidade
de criança.
A proposta de implantação da brinquedoteca pretende, segundo Hipolytto
(2001), contribuir para a sua criação de acordo com as normativas vigentes
respaldando e assegurando o direito das crianças hospitalizadas que é de extrema
importância para o seu desenvolvimento integral.

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2 METODOLOGIA

A presente pesquisa apresenta abordagem qualitativa, de definição exploratória e


descritiva e de natureza aplicada. O delineamento previu a pesquisa bibliográfica sobre o
referido tema e análise documental (GIL, 2002). O levantamento de bases bibliográficas
foi realizado no Scielo e Google Acadêmico. Contou com entrevista semiestruturada,
contendo roteiro de 12 questões e que foi organizada visando analisar três categorias
de análise: aspectos legais e normativos, contexto do CHR e recursos necessários e
contribuições.
O instrumento foi aplicado com a pedagoga e coordenadora do Programa
de Humanização Hospitalar do CHR. Para identificar os recursos necessários e as
contribuições da brinquedoteca hospitalar ocorreu uma visita técnica em um hospital
de referência no atendimento infantil em Curitiba e, que tem em sua estrutura, esse
espaço lúdico.
Tendo em vista o referencial teórico elaborado e a análise das informações
levantadas foi possível apresentar uma proposta de subsídios para a implantação
da brinquedoteca hospitalar no Centro Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina
Moura Xavier.

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

A entrevista semiestruturada respondida pela Pedagoga responsável pelo Sareh e


pelo Setor de Humanização do CHR, que atua no hospital há três anos, auxilia a descrever
a perspectiva do funcionamento do ambiente hospitalar, especialmente relacionado
às expectativas da criação da brinquedoteca hospitalar no que se refere à questões
ligadas ao amparo legal; a importância da implantação da brinquedoteca no CHR e a
necessidade desse espaço; o público alvo; e as possíveis contribuições e desafios em
implantar a brinquedoteca no ambiente hospitalar.
Para obter mais informações para subsidiar a proposta, foi realizada uma visita
técnica em um hospital infantil de referência em Curitiba. O contato foi realizado com a
pedagoga da instituição que orientou a respeito do funcionamento, estrutura, materiais
e atendentes daquela brinquedoteca hospitalar.
Dessa forma, os resultados contemplam três categorias de análise: os aspectos
legais e normativos; o contexto do CHR; e os recursos necessários e contribuições para
a implantação da brinquedoteca hospitalar.

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A entrevista em análise foi respondida pela Pedagoga responsável pelo SAREH
do Estado do Paraná e pelo Setor de Humanização do CHR para retratar aspectos e
particularidades da necessidade em implantar a brinquedoteca hospitalar.
Com objetivo de preservar a identidade da entrevistada, utiliza-se a
identificação “PE1” para a pedagoga do CHR e “PE2” para a pedagoga do hospital
de referência comentado.
Quanto ao histórico e amparo legal “PE1”, ressalta a importância legal em
implantar a brinquedoteca hospitalar, pois enfatiza esse aspecto e cita que a Lei nº11.
104/05 (BRASIL, 2005) tornou obrigatória a instalação de brinquedotecas nos hospitais
brasileiros e, dessa forma, o CHR não está de acordo com essa normativa e necessita
se adequar.
Essa preocupação apresenta uma relevância social e legal fundamental, pois a lei
nacional reforça que todo hospital que oferte o atendimento infantil deve ter em suas
dependências a brinquedoteca hospitalar. Essa lei versa sobre a obrigatoriedade de
brinquedotecas em hospitais, visando a humanização do ambiente hospitalar, trazendo
mais possibilidades às crianças que estão internadas ou até mesmo para aqueles que
estiverem no hospital para ter atendimentos durante o dia (consultas de rotina, exames
entre outros procedimentos) (BRASIL, 2005).
Nesse contexto a proposta de estrutura do CHR deve abordar os aspectos
condizentes e específicos da criança no meio hospitalar, pois o ECA apresenta como
direito da criança e do adolescente,
Art. 7º [...] a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência (BRASIL, 1990).

Ao ser questionada sobre a importância da implantação da brinquedoteca no


Centro Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, a profissional respondeu
que a brinquedoteca é de suma importância, pois, o espaço ajuda a minimizar os efeitos
das doenças, auxilia no apoio familiar, possibilita o desenvolvimento físico, motor da
criança hospitalizada.
Dessa feita, segundo Lucietto (2018 )
No que diz respeito ao desenvolvimento infantil, a relevância da brinquedoteca
respalda-se em proporcionar a interação social destacada pelas narrativas dos
profissionais, evidenciando a melhora na interação da criança-criança, criança-equipe
e criança-acompanhante, após sua implementação. Outro aspecto observado diz
respeito à inserção dos acompanhantes no processo de hospitalização. Na percepção

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dos participantes, a oferta de um espaço como o da brinquedoteca possibilita que o
acompanhante esteja mais próximo da criança, atento as suas necessidades, e isso o
fortalece para enfrentar o processo juntamente com a criança (LUCIETTO, 2018, p.16).

Quanto ao contexto do CHR, com relação às experiências vividas no ambiente


hospitalar, a respondente relata que as necessidades são diversas. A necessidade desse
ambiente é para proporcionar um lugar adequado para o atendimento das crianças
do Ensino Fundamental Fase I. Hoje o SAREH (Serviço de Atendimento à Rede de
Escolarização Hospitalar), atende esse público, porém, não é o foco do serviço. Esse
ambiente também proporcionará lazer para os pacientes que ficam por longos períodos
diários no CHR.
No que se refere ao fato do CHR já possuir o programa SAREH, mas não atender
necessariamente todas as crianças, somente alunos do Ensino fundamental II (anos
finais), Ensino Médio e modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), PE1 ressalta
que a faixa etária que irá frequentar esse espaço serão crianças da Educação Infantil,
Ensino Fundamental Fase I, crianças sem matrícula e seus acompanhantes, pois todo
paciente do CHR, obrigatoriamente, precisa de um acompanhante. Assim, a sala teria
que ser aberta ao público geral do CHR. Com isso, se pode destacar que a “consolidação
do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, no Brasil, dá o direito à criança
e ao adolescente de ter um acompanhante em período integral durante toda a sua
permanência no hospital” (BRASIL, 1990).
Ainda nessa perspectiva:
Identificou-se que o papel da brinquedoteca é oferecer seu espaço de forma a
promover a interação entre criança e seus acompanhantes, a socialização com
outras crianças, bem como um espaço de diálogo entre acompanhantes e equipe
(LUCIETTO, 2018, p.12).

Esse espaço possibilita, portanto, que haja interações entre as crianças, com os
familiares, com a equipe médica e atendentes. E, permite que a criança tenha momentos
de lazer para com isso recuperar a autoestima, alegria e ter perspectivas positivas para
o futuro, contribuindo de forma direta no tratamento (PAULA, 2008).
Segundo PE1, o objetivo desse espaço no CHR é de que a brinquedoteca é um
ambiente hospitalar específico para os pacientes pertencentes à Educação Básica, e
deve funcionar com qualidade e um direcionamento mais adequado.
No Brasil, a Resolução n. 41, de 13 de outubro de 1995, do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e dos Adolescentes, que zela pelos direitos da criança e do adolescente

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hospitalizado, descreve 20 itens a serem assegurados, dentre eles, o direito de desfrutar
de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde e acompanhamento
do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar (BRASIL, 2004).
Em relação à estrutura adequada para a brinquedoteca, PE1 aborda que o
espaço deve zelar com relação à limpeza prevenindo focos de infecção. Exemplifica
que não pode haver objetos de pano e pelúcia. Todos os itens têm que ter a
possibilidade de serem limpos com álcool. Será uma sala multisseriada para crianças,
adolescentes e adultos, pois o ambiente do CHR não tem a possibilidade de separar
as crianças de seus responsáveis. Durante a visita realizada, PE2 apresenta que,
de acordo com a estrutura do hospital que trabalha, os elementos necessários são
brinquedos que possam ser higienizados diariamente, jogos e livros de acordo com
a faixa etária atendida.
Quanto à estrutura física, PE2 afirma que o hospital conta com dois espaços
destinados especificamente para a brinquedoteca contendo mesas, cadeiras e
armários. Vale ressaltar a importância de esse espaço ser acessível para cadeirantes,
pois há casos em que as crianças se deslocam com cadeira de rodas, por isso há
preocupação com esse aspecto.
A equipe que cuida, atende e organiza as brinquedotecas neste hospital onde
PE2 atua é composta por voluntários, que passam por um processo de formação
para atender o público de forma humanizada. O atendimento é das 8h às 11h e das
13h30min às 16h30min, vindo ao encontro do dispositivo legal.
Quanto ao funcionário responsável pela organização e manutenção da
brinquedoteca e a responsabilidade da oferta, sendo do SAREH ou de um possível
convênio com a prefeitura, PE1 sugeriu que cabe solicitar uma professora da prefeitura
para realizar os atendimentos e deixando a sala aberta a convênios para estágios de
instituições de ensino superior. A pedagoga se compromete a trabalhar em conjunto
com o município, caso tenha essa possibilidade ou, até mesmo, que o SAREH seja
responsável por esse espaço.
Nesse contexto e, de acordo com o referencial teórico levantado, pode-se
enfatizar que os subsídios necessários para a implantação da brinquedoteca versam
sobre estrutura física e de infraestrutura, de recursos humanos e de recursos materiais.
Assim, o quadro abaixo, descreve os elementos necessários para a implantação da
brinquedoteca hospitalar:

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QUADRO 1 – Elementos necessários para a implantação da brinquedoteca hospitalar

Estrutura física e de
Estrutura de recursos humanos Estrutura de recursos materiais
infraestrutura

- brinquedos
- 1 sala - pendrive
- 1 computador - jogos
-1 impressora - quebra-cabeça
-1 linha telefônica - 1 brinquedista - livros de literatura infantil e
-1 armário - 1 atendentes infanto-juvenil
-1 mesa - 1 pedagogo (para orientar - filmes
- 8 cadeiras e ajudar na elaboração das - fantasias
- 1 tapete de borracha atividades planejadas) -lápis de cor
- 1 DVD -1 responsável pela limpeza do - canetas
- 1 televisão espaço e materiais - papel
- 1 notebook ou tablet - giz de cera
para ser levado ao leito, - massinha
quando necessário. (a quantidade depende do
número de atendimentos)

FONTE: Elaborado pelas autoras (2019)

Cabe destacar que a necessidade de se ter a brinquedoteca no CHR é apoiada


por PE1 e também pela direção, porém até o presente momento o CHR não dispõe
de um local adequado para que a brinquedoteca seja implantada. Em 2018 existia a
previsão de uma sala ao lado do serviço SAREH, porém, devido às mudanças na gestão
da instituição, houve necessidade de se repensar o local de instalação do espaço do
brincar no hospital. Existem esforços envidados por parte de PE1 que está em constante
articulação com a nova direção do CHR.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa objetivou buscar referencial teórico para subsidiar a implantação da


brinquedoteca no Centro Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier.
A fundamentação teórica pautou-se em no aporte legal das normativas
vigentes que assegura à criança hospitalizada espaço no ambiente hospitalar como a
brinquedoteca. De igual forma, buscou-se referencial teórico de autores que se destacam
nas pesquisas e desenvolvimento dessa temática.
Quanto ao processo de desenvolvimento dessa pesquisa, pode-se ressaltar que
a ausência de material teórico, principalmente em aspectos relacionados à higiene

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e estrutura, foi um elemento obstaculizador. De toda forma, a visita ao hospital de
referência no atendimento infantil em Curitiba possibilitou verificar os elementos que
constituem uma brinquedoteca hospitalar em funcionamento.
Percebe-se que, mesmo com a obrigatoriedade legal, há hospitais que não estão
de acordo com essa normativa, o que acaba gerando ociosidade para as crianças que
estão em tratamento de saúde. Com isso, cabe a direção de cada hospital que atende o
público infantil estabelecer projetos para que essa lei possa ser estabelecida e garantir
o direito da criança em tratamento de saúde.
A abordagem dessa temática também permitiu a seguinte reflexão: quão
importante é esse espaço no contexto hospitalar principalmente com o que diz respeito
a importância em promover atividades que ocupem o tempo ocioso das crianças de
forma lúdica e interativa.
Assim, é interessante ressaltar que deve haver investimento para que o espaço se
organize com os elementos que compõem a Estrutura física e de infraestrutura; Estrutura
de recursos humanos; Estrutura de recursos materiais, identificadas nesse artigo.
Nessa perspectiva pode-se enaltecer a possibilidade da continuidade da pesquisa,
quando houver definição do espaço físico adequado, para verificar as contribuições da
brinquedoteca hospitalar para o público atendido no Centro Hospitalar de Reabilitação
Ana Carolina Moura Xavier.
Certamente, para além do cumprimento do dispositivo legal, a implantação de
um espaço dessa natureza pode proporcionar momentos de ludicidade e brincadeiras,
colaborando sobremaneira para a humanização do ambiente hospitalar.

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REFERÊNCIAS

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436 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

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