Referências - A Política Educacional Brasileira
Referências - A Política Educacional Brasileira
Referências - A Política Educacional Brasileira
1 Parte da dissertação: Avaliação X relações de poder: um estudo do Projeto Nova Escola/ Rio de Janeiro defendida
em 2007 no Programa de mestrado em Ciências Sociais UFJF Sob a orientação do Professor Dr. Eduardo Magrone
2 Pedagoga, Mestre em Ciências Sociais / UFJF professora do Colégio de Aplicação João XXIII / UFJF
ser competência do sistema federal.
Com isto, o Brasil vive um momento de dualidade de sistemas educacionais e de
competências, já que o sistema federal tinha a preocupação de formar a elite enquanto o Estadual
limitava-se a organizar e manter a educação das camadas pobres, através do ensino primário e
profissionalizante, mesmo assim de forma bastante precária.
Segundo Sento-Sé (1999) na década de 80 do século XIX ou seja, um pouco antes da
republica dois problemas precisavam ser debatidos: a monarquia e a escravidão. A monarquia
naquele período segundo o autor constituía numa “aberração”, pois o Brasil estava preso a um
passado heterônomo e colonial, e a escravidão era uma vergonha , pois manchava a sociedade com
a desigualdade e a desqualificação para o trabalho.
Mas mesmo com o fim da monarquia e da escravidão não ocorreram as mudanças que se
esperavam. Isto porque a “abolição” não veio acompanhada das iniciativas de integração social e
econômica do negro” (131, 132). E a república precisava ser construída pois, “não se transforma
um contexto social e cultural com uma “penada” que altere a institucionalidade política” (132).
Sento-Sé aponta ainda três atitudes que ficaram evidenciada no final do século XIX até os anos 20
do Século XX em relação a questão nacional.
A primeira tinha por característica a adesão acrítica dos modismos europeus. Uma segunda
atitude estava em forjar uma imagem positiva do país, valorizando os traços locais, exaltando o
Brasil pela sua riqueza em recursos naturais e a generosidade de seu povo. O mestiço era visto
como prova da interação entre as raças. A terceira atitude era dos intelectuais influenciados pelas
correntes do pensamento europeu. Eles assumiram atitudes européias e viravam as costas para a
realidade nacional, viam na ciência uma forma de conhecer e atuar sobre os problemas brasileiros.
Uma outra característica era em relação ao mestiço que de acordo com Sento-Sé (1999) “o mestiço
era um hibrido corrompido de raças supostamente puras”. (134). Acreditavam que com o tempo
ocorreria um embranquecimento das raças e com isto ela seria poderosa no país. O sertanejo era o
percussor deste homem novo.
A partir da década de 10 do século XX, o problema da educação popular passa a
ocupar um lugar de destaque na política do país, devido a onda de nacionalismo gerada pela lª
guerra mundial. A campanha pela divulgação da escola elementar adquire um caráter de combate ao
estrangeirismo. Ao ser apontado como o país de maior taxa anual de analfabetismo do mundo por
uma pesquisa feita pelos Estados Unidos, o analfabetismo adquire um caráter de uma enorme
doença, que impedia o país de pertencer ao grupo das nações cultas e desenvolvidas.
Para combater o anarquismo (estrangeirismo), os comícios e as greves, foi criada a Liga de
Defesa Nacional, em 1916 no Rio de Janeiro por Olavo Bilac, Pedro Lessa e Miguel Calmon, sob a
presidência de Rui Barbosa, que era favorável ao apoio brasileiro aos Aliados na Primeira Guerra
Mundial. A guerra ajudava a popularizar a idéia do serviço militar obrigatório e reforçava a
importância das Forças Armadas. Por defender a idéia do "cidadão-soldado" e do serviço militar
como escola de cidadania, a Liga recebeu desde o início o apoio do Exército. Bilac foi o mais
importante líder desta liga e enfatizava a importância do engajamento dos intelectuais na causa
nacionalista, apontando-os como responsáveis pela defesa da pátria e pela modernização das
estruturas sociais.
Para a gravidade de nossa situação moral, o remédio se encontrava, de um lado, no serviço
militar obrigatório, para fazer frente ao perigo externo (cobiça internacional) e de outro lado, na
instrução, que deveria combater o perigo interno, que se manifesta pela quebra de unidade, pelo
extermínio do caráter e pelo perecimento do patriotismo.
Este movimento visa a estabilidade e a grandeza das instituições republicanas e segundo
Peixoto (1983,42) seus estatutos objetivam:
Mas toda esta mobilização ligada ao nacionalismo, este interesse pela alfabetização das
massas e a preocupação com a qualificação do ensino, não era um interesse dominante, pois
mesmos aqueles que embora comprometidos com o nacionalismo se preocupavam com a migração
rural- urbana e com os efeitos da alfabetização sobre a estabilidade das instituições. Podemos
observar de forma clara esta preocupação no livro de Paiva 1983 que afirma:
Toda essa gente que, inculta e ignorante, se sujeita a vegetar, se
contenta em ocupações inferiores, sabendo ler e escrever aspirará
outras coisas, quererá outra situação e como não há profissões
práticas nem temos capacidades para criá-las, desejará também ela
conseguir emprego público. (Paiva, 19983, p. 92)
Assim, como cada Estado tinha autonomia para fazer seu ensino, alguns destes
entusiasmados por estas idéias procuraram reformar seus sistemas de ensino, renovando e tornando
mais eficientes tanto o ensino primário quanto o técnico-profissional. As reformas do período que
mereceram maiores destaques foram as de Sampaio Doria (1920) em São Paulo, Lourenço Filho
(1923) no Ceará, Anísio Teixeira (1925) na Bahia Francisco Campos e Mário Casasanta (1927) em
Minas Gerais e a de Fernando Azevedo (1928) no Distrito Federal.
O movimento do otimismo pedagógico ganhou força a partir de 1927 com a introdução das
idéias da Escola novista que são aplicadas nas escolas normais e primárias de vários estados.
Podemos perceber que a década de 20 as discussões sobre a educação no Brasil ganharam
ênfase, neste período foi fundada também a ABE (Associação Brasileira de Educação, esta
associação foi fundada por Heitor Lira em 1924, era fruto de um movimento que pretendia chamar
atenção das autoridades e educadores em gral para os problemas da Educação brasileira.
De acordo com Cury (1978), até 1930 a Educação estava voltada para os interesses
oligárquicos, ou seja, cumpria basicamente três funções: ornamento cultural, preenchimento dos
quadros da burocracia do Estado e das profissões liberais (Cury, 1978, p. 18). Foi ao longo desta
década ainda segundo este autor que as forças sociais emergente começaram a lutar por uma
educação prática, voltada para a formação da força de trabalho. Este tipo de educação era refutada
pela Igreja Católica, que lutava por uma educação que preservasse a sua hegemonia político
cultural.
Portanto até 1930 vários princípios educacionais são discutidos, entre eles a gratuidade e
obrigatoriedade, direito a educação, liberdade de ensino, obrigação do estado e da família no
tocante a educação. Estes princípios tornam se então preceitos para a constituição de 1934, onde
muitos destes ideais forma implantados, sendo retirados depois na Constituição de 1937, com a
implantação do Estado Novo.
Em 1931 é realizado a IV Conferencia nacional de Educação, organizada pela ABE, onde é
criado o Ministério da Educação e Saúde Publica (MESP). Nesta conferencia também consolidou a
divisão entre católicos e liberais além de resultar num documento fundamental para a historia
política da Educação brasileira que foi o Manifesto dos Pioneiros.
Este manifesto foi dirigido por Fernando de Azevedo, que defendia a escola pública
obrigatória, laica e gratuita; a construção de um sistema educacional completo, ou seja, conforme as
necessidades brasileiras, com uma estrutura orgânica que estruturasse: a escola secundaria; a escola
técnica profissional, de nível secundário e superior; universidades que pudessem construir a ciência
e criar mecanismos para transmiti-la e divulga-la.
Apesar da implantação do Estado Novo os projetos que vinham sendo desenvolvidos
tiveram continuidade, o que resultou na implantação definitiva de órgãos como a Universidade do
Brasil, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Instituto Nacional do Livro.
Também foi consumada a reforma do ensino secundário e foi estimulado o ensino
profissionalizante, que permitiria a criação do Senai e do Senac. A afirmação dos princípios
católicos na condução do ensino superior se faria com a abertura das Faculdades Católicas, que
daria origem à criação da Pontifícia Universidade Católica. Modernizar a educação, incentivar a
pesquisa e preservar as raízes culturais brasileiras foram metas almejadas pelos intelectuais que
cercavam o ministro ??, mas essas metas nem sempre foram alcançadas, pois muitas vezes
esbarravam nos procedimentos centralizadores e burocráticos do regime.
Entre os anos 20 e 40 do século XX os intelectuais acreditavam que o Breasil já tinha uma
sociedade:
Neste período também proliferaram os mitos de identidades nacionais (Casa Grande Senzala
e Sobrados e Mocambos de Gilberto Freire) é por muito tempo tido como a declaração da
democracia racial brasileira. (Idem, 144)
Novas imagens do homem brasileiro podem ser figuradas no homem cordial (Sérgio
Buarque) e Macunaíma (Mário de Andrade) estas imagens se diferem em muito do homem triste
(Paulo Prado) e Jeca Tatu (Monteiro Lobato).
Em 9 de abril de 1942, é promulgada, a Lei Orgânica do Ensino Secundário, também
conhecida como Reforma Capanema. Por essa lei, foram instituídos no ensino secundário um
primeiro ciclo de quatro anos de duração, denominado ginasial, e um segundo ciclo de três anos. Os
novos currículos previstos na Lei Orgânica caracterizavam-se pela predominância do
enciclopedismo, com valorização da cultura geral e humanística.
Por influência da Segunda Guerra Mundial, a lei instituiu também a educação militar para os
alunos do sexo masculino. Reafirmou o caráter facultativo da educação religiosa e obrigatória da
educação moral e cívica, e recomendou ainda que a educação das mulheres fosse feita em
estabelecimento distinto daquele onde se educavam os homens.
Entre os anos 50 e 60 do século vinte é construída um novo tipo de brasileiro: O banguela. O
brizolismo retira das tradições anteriores a tarefa de tornar o povo uma nação mediante mecanismos
emancipadores. O Estado tem um papel crucial, pois é este que deverá difundir o ensino formal pelo
país e dar forma á nação. A educação aqui tem um papel fundamental.
Na primeira metade dos anos 50 o eixo dos debates políticos estava no confronto de duas forças:
Como este trabalho esta interessado em resgatar os acontecimentos do Rio de Janeiro faz
necessário nos deter no nome do senhor Leonel Brizola, político atuante com grandes participações
na historia política brasileira e principalmente carioca.
Ao definir Brizola Sento-se (1999) afirma que um dos poucos consensos sobre Brizola o
seu caráter fortemente carismático. Sendo identificado não somente como um líder carismático, mas
também como liderança populista.
Para weber definir um líder carismático é:
A partir do estudo de Sento-Sé vemos que a figura de Brizola é quase como um mito que
tirou o Brasil da pré-história obscura, marcada pela escravidão e posteriormente pela exclusão
política e social das massas, assim Brizola aparece como:
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