Artigo de Opinião - Interpretação Do Texto - Eu Não Quero Saber Da Sua Vida

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LÍNGUA PORTUGUESA - 8º ANO

ARTIGO DE OPINIÃO

Em diferentes situações do cotidiano, expressamos nossa opinião a


respeito do mundo que nos cerca. Opinamos sobre a melhor revista em
quadrinhos, o ator ou a atriz mais competente, o professor mais atencioso,
o programa de TV mais divertido, o melhor presidente do país, o livro mais
bonito que já lemos, e assim por diante.

Opinar é, enfim, tomar uma posição diante das coisas que existem
ou acontecem no mundo, seja para apoiá-las, seja para rejeitá-las. Opinar é
não só um direito de cada cidadão, mas também um dever: o dever de
transformar o mundo e torná-lo melhor para todos.

Encontramos o artigo de opinião em revistas e jornais, nos quais


profissionais, personalidades e especialistas são chamados a expor seu
ponto de vista sobre determinado assunto, argumentando em favor de suas
ideias a fim de conquistar a adesão de seus interlocutores.

Nós (eu, você), também podemos escrever um artigo de opinião,


chamado "Carta do Leitor", onde podemos, com base em argumentos,
comentar sobre um determinado assunto que nos desagrada ou agrada.

Assim, nesse gênero, o uso da 1ª pessoa é permitido (e, em alguns


casos, até mesmo desejável), pois, como em geral se trata de um texto
escrito por formadores de opinião e especialistas no assunto, espera-se
que eles escrevam o que realmente pensam e, trazendo fatos e
argumentos, ajudem seus leitores a construir seu próprio ponto de vista.

No artigo de opinião, portanto, é importante que o posicionamento do


autor esteja claro e bem fundamentado, pois assim ele terá mais chances
de persuadir seus leitores e convencê-los de que sua visão é a mais
sensata e coerente sobre o tema em questão.
A OPINIÃO E OS ARGUMENTOS

Quando produzimos um texto de opinião, temos em vista a finalidade


de convencer os nossos interlocutores. Para alcançar esse objetivo,
precisamos fundamentar nosso ponto de vista com bons argumentos, isto
é, com motivos, razões e explicações que o esclareçam e o justifiquem.
Assim quanto mais polêmico é o tema, mais precisamos nos esforçar para
reunir uma argumentação clara e consistente.

Fonte: Português Linguagens, de William Cereja e Thereza Cochar

EXERCÍCIOS

Você vai ler, a seguir um artigo de opinião sobre o problema da


exposição excessiva das pessoas nas redes sociais. O texto foi escrito por
Luli Radfahrer, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP e
pesquisador nas áreas de Internet e inovação digital.

EU NÃO QUERO SABER DA SUA VIDA

Reclama-se de invasão de privacidade, mas quem tem vida privada


hoje em dia?

Quando foi a última vez que você comeu em um bom restaurante,


viu uma bela obra de arte ou foi para uma balada sem tirar uma foto e
postar on-line? Quando foi a última vez que um amigo seu o surpreendeu
com algo que tenha feito que não foi fofocado pelo Facebook?

Um tipo de privacidade muito desrespeitada é a dos


desinteressados, que não se comovem com a vida de seus vizinhos, não
lêem a revista "Caras", não assistem a Big Brothers, Domingões,
Caldeirões ou Vídeo Shows e mal conseguem guardar os nomes dos atores
e diretores dos filmes que veem.

Para estes pobres, alheios a quem dorme com quem, quando e


onde, as redes sociais devem parecer ferramentas desenvolvidas para uma
multidão narcisista, burra, voyeur e birrenta, pronta para dar opiniões
impensadas a respeito dos assuntos mais bestas possíveis, cuja única
regra parece ser a do "compartilho, logo existo". [...]

É praticamente impossível entrar em uma rede social e não ficar


sobrecarregado com o volume de imagens e dados demasiadamente
pessoais. A necessidade que alguns têm de falar do seu desejo por uma
roupa nova, de sua higiene pessoal, de seu mau humor quando serviços
e/ou serviçais falham parece patológica. [...]

Tudo o que deveria ser guardado para si parece material de


divulgação. O que é essa compulsão por dividir? Esse ataque coletivo de
ansiedade cujo único antídoto parece ser compartilhar ainda mais?

Psicólogos dizem que um dos motivos principais para a troca de


informações é o contato emocional, que demanda um esforço razoável para
administrar a opinião do outro e tentar impressioná-lo. Quando isso é feito o
tempo todo, é fácil provocar situações embaraçosas precisamente entre as
pessoas que mais queremos impressionar. [...]

Como a noiva na festa de casamento, cada usuário precisa dar


atenção a todos, mesmo que de forma efêmera e rasa. Com isso boa parte
da riqueza das relações interpessoais é perdida, desumanizando seus
atores e forçando os mais carentes de atenção a exagerarem suas atitudes
para que pareçam interessantes o suficiente.

O Facebook é a rede da vez. Ela morrerá, surgirão outras.


Abandoná-las é tão inviável quanto viver sem cartão de crédito, celular,
conta bancária, plano de saúde, emprego ou qualquer tipo de atividade que
deixe registros.

Mais do que isso, abandoná-las reduz oportunidades reais de


autoexpressão, convívio, crescimento pessoal, aprendizado e intercâmbios
sociais em geral.

Já que os processos de socialização digital e construção de


identidade são inevitáveis, é importante redefinir, com eles, os limites e
regras de etiqueta no convívio.
- O autor introduz o tema e o seu ponto de vista sobre o assunto nos quatro
primeiros parágrafos do texto.

1) No 1º parágrafo ele começa citando um fato sobre o qual as pessoas em


geral reclamam. Qual é esse fato?

A- Que ninguém vê suas postagens.

B- Que as pessoas reclamam sem motivo.

C- Que tem sua privacidade invadida.

D- Que há muitas postagens desnecessárias.

2) Nos três parágrafos seguintes, ele expõe sua opinião sobre o fato
mencionado. Qual é ela?

A- As pessoas deveriam comentar mais as postagens dos amigos.

B- Que não é errado expor sua privacidade, afinal, a vida é sua.

C- Que os mesmos que reclamam são os mesmos que expõem suas vidas.

D- Pode-se postar o quiser, pois quase ninguém vê as redes sociais.

- Nos três últimos parágrafos, o autor finaliza sua argumentação, ratifica


seu ponto de vista e conclui seu texto com uma sugestão que ele acredita
ser interessante para minimizar os problemas levantados.

3) O autor faz uma constatação sobre o assunto em debate. Qual é ela?

A- Que não é viável simplesmente abandonar as redes sociais.

B- Para não ter a privacidade invadida, é melhor não ter redes sociais.

C- Que todas as redes sociais são ótimas, portanto, devemos ter todas
possíveis.

D- Podemos ter uma única rede social, e não postar nada.


4) Após a leitura do artigo de opinião "Eu não quero saber da sua vida",
percebemos que é necessário:

A- Defender os dois lados da discussão.

B- Dizer que um lado é bom e o outro é ruim.

C- Defender apenas um lado, e negar completamente o outro.

D- Defender somente a sua opinião, não levar em consideração a opinião


de outra pessoa.

5) Qual a vantagem de se fazerem ponderações sobre os diferentes lados


do assunto, em um artigo de opinião?

A- Mostrar a imaturidade de quem escreveu.

B- Poder ser rebatido mais facilmente.

C- Haverá somente um lado certo.

D- Mostrar a maturidade do autor.

Referências

Português Linguagens, de William Cereja e Thereza Cochar

GABARITO

1) C

2) C

3) A

4) A

5) D

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