Dissertação - Luciana Dias Bauer
Dissertação - Luciana Dias Bauer
Dissertação - Luciana Dias Bauer
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale
do Itajaí, a Coordenação do Curso de Mestrado em Ciência Jurídica, a Banca
Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca dele.
MESTRADO
Posição Original- Experimento teórico de Rawls (do seu contrato social) que
idealizou as pessoas de seu pacto inicial em uma ‘posição original’ em que ‘sob o
véu da ignorância’ estavam livres para fazerem as melhores escolhas políticas para
fundamentar o pacto político. Na posição original as pessoas não sabem sua
posição na sociedade e somente se concentram em quais princípios de justiça irão
adotar para que a sociedade seja justa5.
Razão Pública- É a formulação obtida por cidadãos racionais, por meio do pacto
político e respeitando sua pluralidade. São razões que respondem a interesses
políticos fundamentais dos cidadãos. A razão pública se perpetua por meio de uma
constituição política e leis infraconstitucionais. A razão pública, por ser política,
deve ser estritamente respeitada por juízes quando justa8.
RESUMO ............................................................................................ X
RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA ........................................... XI
INTRODUÇÃO ................................................................................. 12
1 O SIGNO DA LIBERDADE NA TEORIA LIBERAL IGUALITÁRIA
DE JOHN RAWLS ............................................................................ 15
1.1 O QUE SÃO AS LIBERDADES PARA O FILÓSOFO JOHN RAWLS .......... 15
1.2 A LIBERDADE NAS REVOLUÇÕES DE 1789 E DEMAIS DECLARAÇÕES
DE DIREITOS UNIVERSAIS ................................................................................ 17
1.3 OS CONCEITOS CENTRAIS NA TEORIA CONTRATUALISTA DE JOHN
RAWLS ................................................................................................................. 19
1.4 O PRIMADO DA LIBERDADE ....................................................................... 27
1.5 A CRÍTICA SOBRE UMA TEORIA DA JUSTIÇA E O PRIMADO DA
LIBERDADE ......................................................................................................... 35
1.6 PLURALISMO POLÍTICO E A LIBERDADE FORMADORA DO CONSENSO
DEMOCRATICO ................................................................................................... 44
10 PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 14 ed. ver., atual. e
ampl. Florianópolis: Empório Modara, 2018. p. 112-113.
11 PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 114.
15
JOHN RAWLS
desejável para um pacto fundador de uma sociedade, e como hoje este acordo
democrático entre pluralidades dentro de uma democracia se forma.
RAWLS, John. For the Record. Entrevista concedida a Samuel R. Aybar, Joshua D. Harlan, e
15
Won J. Lee. The Harvard Review of Philosophy, vol 1, num. 1, 1999, pp 38-47.
17
HÄBERLE, Peter. Un Derecho constitucional para las futuras generaciones. in Lecciones y
Ensayos. número 87. Buenos Aires: Departamento de Publicaciones Facultad de Derecho – UBA.
2009.
19
18
HÄBERLE, Peter. Un Derecho constitucional para las futuras generaciones in Lecciones y
Ensayos n. 87. Buenos Aires: Departamento de Publicaciones Facultad de Derecho – UBA. 2009,
p. 49.
19KUKATHAS,Chandran e PETTIT, Philip. Rawls: Uma Teoria da Justiça e seus críticos. 2. ed.
Lisboa: Gradiva, 1995, pp. 19 e 21.
20
Isso tudo, sem descuidar que “uma teoria da justiça terá de explicar e
sistematizar o nosso sentido intuitivo de justiça”21.
20 KUKATHAS,Chandran e PETTIT, Philip. Rawls: Uma Teoria da Justiça e seus críticos. 2. ed.
Lisboa: Gradiva, 1995, p. 20.
21 KUKATHAS,Chandran e PETTIT, Philip. Rawls: Uma Teoria da Justiça e seus críticos. 2. ed.
24 BOUCHER, David e KELLY, Paul. The Social Contract from Hobbes to Rawls. Londres:
Routledge, 1992. p. 227, tradução nossa.
25 BOUCHER, David e KELLY, Paul. The Social Contract from Hobbes to Rawls. Londres:
27 RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2002, pp. 7-8.
28 ARNESON, Richard. Introduction. In Ethics. Chicago: The University of Chicago Press, 1999,
pp. 696-699.
29 RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes,2002, p. 54.
30 RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes,2002, p. 9.
23
33 RAWLS, John. Libertad, igualdad y derecho. Barcelona: Ariel, 1988, pp. 24-26.
34 RAWLS, John. Libertad, igualdad y derecho. Barcelona: Ariel, 1988, p. 26
35 RAWLS, John. Libertad, igualdad y derecho. Barcelona: Ariel, 1988, p 26.
36 RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes,2002, p. 03.
25
37 KUKATHAS, Chandran e PETTIT, Philip. Rawls: Uma Teoria da Justiça e seus críticos. 2. ed.
Lisboa: Gradiva, 1995, p. 65.
38 RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes,2002, p. 212 e ss.
26
É uma certeza para Rawls que esta liberdade, descrita em Uma Teoria
da Justiça e por ele considerada prioritária, básica ou de primeira ordem, “somente
pode ser limitada em nome da própria liberdade”43. E, neste caso, o papel primordial
da justiça seria a fundamentação do que seria justo ou não nestas limitações, a fim
de que, obtido o consenso sobre o justo, se pudesse enfim colocar a pedra inicial
do pacto e se fundar a democracia constitucional. Isto seria um conceito imutável
chave para o filósofo.
Rawls, ao analisar a liberdade como vista por Kant, interpreta que este
último tencione dizer que
Mais adiante, ele elenca cinco traços da lei moral que evidencia como
uma lei de liberdade:
43 RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 267.
44 RAWLS, John. História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
45 RAWLS, John. História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 323.
46 RAWLS, John. História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 237.
29
47 RAWLS, John. História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 331.
48 Ciclo Tanner de Conferências sobre os Valores Humanos pronunciado na Universidade de
Michigan em 10 abril de 1981. https://tannerlectures.utah.edu/_documents/a-to-z/r/rawls82.pdf
49 RAWLS, John. Libertad, igualdad y derecho. Barcelona: Ariel, 1988, p. 84.
30
Nesta palestra de 1981, tais pilares continuam sendo seu foco, mas
já com modificações não tanto nas liberdades e seu primado, e sim nos conceitos
de diferença e no segundo postulado da justiça. Vemos neste artigo uma primeira
revisão pública de sua obra, na qual Rawls discorre — com mais densidade — sobre
alguns destes conceitos iniciais e os aprofunda.
50 MILL, John Stuart. Sobre a liberdade. Lisboa: Edições 70, 2019, pp. 39-40.
31
Rawls divide as liberdades, que são aqui o principal foco e que são
fundamentais para a igualdade moral dos contratantes do pacto, também em duas
vertentes. Para ele, as liberdades formam o primeiro princípio basilar da justiça.
54 BERLIN, Isaiah. Estudos sobre a humanidade: uma antologia de ensaios. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002, pp. 226-272.
55 BERLIN, Isaiah. Estudos sobre a humanidade: uma antologia de ensaios. São Paulo:
56 FREEMAN, Samuel. Rawls. México: Fundo de Cultura Económica, 2016, pp. 90-92.
36
58 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, pp.
85-85.
59 SEN, Amartya. A ideia de justiça. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
60 SEN, Amartya. A ideia de justiça. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, pp. 93-94.
38
61 SEN, Amartya. A ideia de justiça. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, pp. 95- 96.
62 SEN, Amartya. A ideia de justiça. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 99.
63 SEN, Amartya. A ideia de justiça. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.96.
39
Por fim, o último, mas não menos importante, grande filósofo crítico
de Rawls foi Jürgen Habermas, que se opunha à possibilidade de imparcialidade
das pessoas na posição original:
A obra que teve por nome Pluralismo Político veio reunir as muitas
reflexões, críticas e esclarecimentos que o próprio Rawls achou importante fixar
para a revisão de sua Teoria da Justiça. Um dos nós principais que o próprio Rawls
percebeu no confronto de suas ideias com as democracias reais dá nome ao
próprio livro. Como formar o consenso democrático em sociedades plurais e muitas
vezes divididas, a fim de formar sua sociedade do desejável e do factível? Rawls
fundamenta sua resposta em como as sociedades manejam suas pluralidades
políticas.
75 Ciclo Tanner de conferências de 1981 em que Rawls proferiu a palestra A Liberdade e sua
Prioridade.
45
Roberto Gargarella soube muito bem analisar esta dinâmica dual que
Rawls vislumbrou na ideia de pensamentos plurais versus democracia. Em seu
artigo El constitucionalismo segundo John Rawls77, ele coloca que:
76RAWLS, John. Libertad, Igualdad y Derecho. Barcelona: Ariel, 1988, pp. 23-24.
77GARGARELLA, Roberto. Rawls post Rawls. Buenos Aires: Universidad Nacional de Quilmes,
2006, p. 11.
46
Rawls faz questão de frisar que não são somente doutrinas diferentes,
mas, e principalmente, doutrinas incompatíveis que compõe o pluralismo.
Gargarella indica que esta mudança de paradigma gerou um conceito novo e
fundamental em Rawls, o de consenso sobreposto, em que este último não se
contenta mais com um conceito de justiça hipotético, mas com um conceito de
justiça partilhado e que funcione, afastando a maior crítica da teoria, que é a de que
ela não se sustenta em um mundo real. Este consenso sobreposto, ou overlapping
78 BERLIN, Isaiah. Estudos sobre a humanidade: uma antologia de ensaios. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002, p. 272.
79 RAWLS, John. O liberalismo político. 2. ed. São Paulo: Ática, 2000, p. 24.
47
2006, p.12.
49
também do sistema judicial. Neste sentido, a Razão Pública tem seu centro nos
valores morais e políticos passados pelo crivo da maioria e sem ferir direitos de
minorias, antes de se corporificarem em leis.
85 RAWLS, John. O liberalismo político. 2.ed. São Paulo: Ática, 2002, pp. 205-210.
52
A esfera pública pode ser descrita como uma rede adequada para
a comunicação de conteúdo, tomadas de posição e opiniões; nela
os fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados, a ponto de
86
RAWLS, John. O Direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 176.
87 BAUER, Luciana. O conceito de Razão Publica como imperativo democrático. Revista da
Escola da Magistratura do TRF da 4ª Região. Porto Alegre, 2020, Ano 6, Número 17.
88 RAWLS, John. O Direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, pp. 180-181.
53
91 HABERMAS, Jürgen e RAWLS, John. Débat sur la Justice Politique. Paris: Editions du Cerf,
2005. Este livro reúne os principais debates que Rawls e Habermas dirigiram um ao outro.
92 GRECCO, Luis. Tem futuro a teoria do bem jurídico? Reflexões a partir da decisão do Tribunal
Constitucional Alemão a respeito do crime de incesto (& 173 Strafgesetzbuch). Revista Brasileira
de Ciências Criminais, v.18, n. 82, p. 165-185, jan/fev/2010.
55
93 RAWLS, John. O Direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 220-221.
94
BAUER, Luciana. A razão pública como imperativo democrático. Revista da Escola da
Magistratura do TRF da 4ª Região. Porto Alegre, 2020, Ano 6, Número 17.
56
95LEVITSKY, Steven e ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar,
2018, pp. 208-209.
57
política fora de qualquer razão pública. Afinal, qualquer liberdade imposta não será
uma liberdade real.
dados gratuitos uma grata mina de ouro, começou também a manipular as vontades
e desejos dos usuários de redes sociais e internet.
Meu argumento aqui é que ainda não definimos com sucesso "big
data" porque continuamos a vê-lo como um objeto tecnológico,
efeito ou capacidade. A inadequação desta visão nos força a voltar
ao mesmo terreno. Neste artigo eu tomo uma abordagem diferente.
"Big data", eu argumento, não é uma tecnologia ou um efeito
tecnológico inevitável. Não é um processo autônomo, como
97ZUBOFF, Shoshana. Big Other: Surveillance Capitalism and the prospects of an information
civilization. Journal of Information Technology (2015) 30, p. 75.
59
98 ZUBOFF, Shoshana. Big Other: Surveillance Capitalism and the prospects of an information
civilization. Journal of Information Technology (2015) 30, p. 76-77.
99 ZUBOFF, Shoshana. Big Other: Surveillance Capitalism and the prospects of an information
100 ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p.
358.
101 O DILEMA das redes sociais, Diretor Jeff Orlowski, 2020, disponível Netflix.
102
BAUER, Luciana. Liberdades, pluralismo político e redes sociais binárias. Revista da Escola da
Magistratura do TRF da 4ª Região. Porto Alegre, 2020, Ano 6, Número 16
61
103
EUROPE UNION. European Parliament resolution on the use of Facebook users’ data by
Cambridge Analytica and the impact on data protection (2018/2855(RSP):
https://www.europarl.europa.eu/doceo/document/B-8-2018-0480_EN.html
104
ZUCKERMAN, Ethan. Mistrust, efficacy and the new civics: understanding the deep roots of the
crisis of faith in journalism. Knight Commission Workshop on Trust, Media and American
Democracy, Aspen Institute, 2017. Disponível na internet:
https://dspace.mit.edu/bitstream/handle/1721.1/110987/deeprootsofmistrust.pdf?sequence=1&isAll
owed=y acesso em 04 de março de 2021. Tradução nossa.
63
105
ZUCKERMAN, Ethan. Mistrust, efficacy and the new civics: understanding the deep roots of the
crisis of faith in journalism. Knight Commission Workshop on Trust, Media and American
Democracy, Aspen Institute, 2017. Tradução nossa.
64
108 DA EMPOLI, Giuliano. Os engenheiros do caos. São Paulo: Autêntica, 2019, p. 167.
66
109 WOOLLEY, Samuel C., HOWARD, Philip N. - Computational Propaganda_ Political Parties,
Politicians, and Political Manipulation on Social Media. Nova York: Oxford, 2019.
110 WOOLLEY, Samuel C., HOWARD, Philip N. - Computational Propaganda_ Political Parties,
Politicians, and Political Manipulation on Social Media. Nova York: Oxford, 2019, p. 241.
Tradução nossa.
111HASEN, Richard. Election Meltdown: Dirty tricks, distrust, and the threat to american democracy.
112HASEN, Richard L. Deep Fakes, Bots, and Siloed Justices: American Election Law in a Post-
Truth World (July 10, 2019). St. Louis University Law Journal, 2019, Forthcoming; UC Irvine
School of Law Research Paper No. 2019-36. Disponível em:
SSRN: https://ssrn.com/abstract=3418427 Acesso em 03 junho 2021. Tradução nossa.
68
E isso ficou claro para mim em dois aspectos. Por um lado, como
filósofo, estudei a noção de privacidade: podemos sequer defini-la
e defendê-la? E concluí que não, graças sobretudo ao filósofo
britânico Isaiah Berlin, que me ajudou muito a entender que não se
pode definir a privacidade, ela é indefinível.
115 CASTERO, Antia. ‘Não podemos salvar nossa privacidade, mas a democracia nunca precisou
dela’, diz filósofo político Firmin DeBrabander. BBC News Mundo, publicada em 06 janeiro de 2021.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55238831. Acesso em 03 junho 2021.
116 Para uma leitura adicional sobre o direito a Privacy Law, sugiro a leitura do o artigo de WARREN,
117 DEBRABANDER, Firmin. Life after privacy: Reclaiming democracy in a surveillance society.
Cambridge: Cambridge University Press, 2020, p. 07-09. Tradução nossa.
118 DEBRABANDER, Firmin. Life after privacy: Reclaiming democracy in a surveillance society.
08.
73
124 O’NEIL, Cathy. Algoritmos de destruição em massa. Santo André: Rua do Sabão, 2020, p.
337.
125 DAVID, Marie e SAUVIAT, Cédric. Intelligence artificielle: La nouvelle barbarie. Mônaco:
Essas são as perguntas que ele traz e que aqui analisamos com a
Teoria da Justiça de Rawls.
129 DEBRABANDER, Firmin. Life after privacy: Reclaiming democracy in a surveillance society.
Cambridge: Cambridge University Press, 2020, p. 25.
130 DEBRABANDER, Firmin. Life After Privacy: Reclaiming democracy in a surveillance society.
131 BAUER, Luciana. Liberdades, pluralismo político e redes sociais binárias. Revista da Escola da
Magistratura do TRF da 4ª Região. Porto Alegre, 2020 Ano 6 Número 16, p.71.
132 NUSSBAUM, Martha C. Fronteiras da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
133 NUSSBAUM, Martha C. Fronteiras da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2013, p. 13.
79
RAWLS, John. For The Record. Entrevista concedida a Samuel R. Aybar, Joshua D. Harlan, e
134
Won J. Lee. The Harvard Review of Philosophy. Nova York: Routledge, 2002, p. 1-13.
136 RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 560.
137 KANT,
Immanuel. A metafísica dos costumes. São Paulo: Edipro, 2003, p. 407.
138 RAWLS, John. História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 312.
80
capítulo dedicado aos seminários kantianos, na sua obra História da Filosofia Moral,
ao analisar a doutrina de Kant como uma forma de construtivismo moral. Se a
racionalidade humana em Kant é um atributo universal, dela há de advir uma lei
igualmente universal e racional. Isso que Rawls desenvolve. Esta é sua crença
primária que se constitui no fio condutor de sua obra.
Mas o que seria para Rawls esta lei universal? Onde se constroem na
teoria rawlsiana os conceitos de cooperação social e o dever natural de auxílio
mútuo que são imperativos kantianos?
SHULE, Stephen e HURLEY, Susan (org.). On Human Rights: The Oxford Amnesty Lectures,
139
A ideia básica é seguir o plano de Kant tal como esboçado por ele
em A Paz Perpétua (1795), e a sua ideia de foedus pacificum.
Interpreto-a no sentido que devemos começar com a ideia de
contrato social, pertencente à concepção política liberal de regime
constitucionalmente democrático, e depois estendê-la, introduzindo
uma segunda posição original, no segundo nível, por assim dizer,
no qual os representantes de povos liberais fazem um acordo com
outros povos liberais. (...) Cada um destes acordos é compreendido
como hipotético e não histórico, e neles entram povos iguais
simetricamente situados, na posição original, por detrás de um
adequado véu de ignorância. Portanto, o empreendimento entre
povos é justo. Tudo isso também está em concordância com a ideia
de Kant de que um regime constitucional deve estabelecer um
direito dos povos eficaz para concretizar plenamente a liberdade
dos seus cidadãos.142
140 KANT, Immanuel. Rumo à paz perpétua. São Paulo: Ícone, 2010, p. 49.
141 RAWLS, John. O direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 9.
142 RAWLS, John. O direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, pp. 12-13.
143 RAWLS, John. O direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 20.
82
ocorre também na união entre cidadãos de vários povos, pois a racionalidade que
ambiciona um governo baseado na justiça como equidade é uma só.
144 FREEMAN, Samuel. Rawls. México: Fondo de Cultura Económica, 2007, p. 423.
83
145 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992, pp. 206-207.
146 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 213.
147 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 207.
84
Mais adiante Rawls conclui ao dizer que tal pluralismo tolerante nas
nações é a base da coesão social, interna e externamente:
148 RAWLS, John. O direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 78 e 159.
85
Esta é uma solução óbvia para o ataque das liberdades por meio das
mídias e plataformas digitais, pois sendo os ataques também transacionais (roubo
de dados de uma determinada população específica para dirigir conteúdo e
influenciar compras e eleições, por exemplo), consegue-se uma eficácia maior na
coibição de tal comportamento.
Como Rawls mostra, a regulação pelo direito dos povos é uma saída
para boa parte dos problemas comuns às democracias constitucionais (e países
decentes, como o autor mesmo refere).
149 RAWLS, John. O direito dos povos. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 161.
86
abocanhada pelo contrato social. Esta é uma tradição acolhida por Rawls e do qual
ele faz nascer seus princípios de justiça.
150 RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 22.
151 FORST, Rainer. Contextos da justiça. São Paulo: Boitempo, 2010, p.20.
87
152 HÄBERLE, Peter. Estado constitucional cooperativo. Rio de Janeiro: Renovar, 2007 p 62-63.
88
153 NUSSBAUM, Martha C. Fronteiras da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2013. pp.17-19.
89
154 NUSSBAUM, Martha C. Fronteiras da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2013. pp. 40-42.
155 FREEMAN. Samuel. Rawls. México: Fondo de Cultura Económica, 2007, pp. 388-399.
90
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
159
2013, p. XXI.
93
os homens de seu pacto em estado de natureza, mas num estado que sabem (e
festejam) as conquistas humanas (não sabem originalmente somente o seu lugar
nelas). Estas conquistas são as advindas da racionalidade, e, principalmente, de
uma racionalidade perpetuada pela educação.
160CABRAL, Guilherme Perez. Educação para a democracia no Brasil. São Paulo: Alameda,
2017, p. 331.
94
161 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
162 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020, p.
52.
163 PERRENOUD, Philippe. Escola e cidadania: o papel da escola na formação para a democracia.
165 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
166 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020, p 111.
96
Este capítulo afronta todos esos retos teóricos. Por discordante que
pueda sonar al principio, sí resulta coherente aseverar que las
personas son racionales en algunos asuntos y en otros no. Es muy
posible que las convicciones irracionales desempeñen un papel en
todas las actividades humanas, pero la política da cabida a una
depurada selección de materias en las que la irracionalidad se
acentúa en extremo. Pero hay más: la teoría económica básica,
correctamente interpretada, nos ayuda a trazar las fronteras que
delimitan la racionalidad. Así pues, la irracionalidad política no
constituye una anomalía ad hoc, sino una respuesta predecible ante
unos incentivos desacostumbrados. 167
167
CAPLAN, Bryan. O mito del votante racional. Londres: Innisfree, 2016, p. 115.
97
168SARTORI, Giovanni. O que é democracia? Curitiba: Instituto Atuação, 2017, pp. 329-230.
169 BÖCKENFÖRDE, Ernest- Wolfgang. Estado de Direito e democracia. Curitiba: Instituto
Atuação, 2017, p. 93.
170 BÖCKENFÖRDE, Ernest- Wolfgang. Estado de Direito e democracia. Curitiba: Instituto
Atuação, 2017, p. 93
98
obstante, esta citação poderia ser tranquilamente atribuída a Rawls, tão próxima
ambas são de postulados kantianos.
171 Sobre o ensino da democracia direta na Suíça, ver a página oficial do Conselho Federal suíço:
https://www.eda.admin.ch/aboutswitzerland/pt/home/politik/uebersicht/direkte-demokratie.html
acesso 16.05.2021.
99
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste contexto, afirmou-se que a obra do autor, bem como seu livro
Uma Teoria da Justiça, que ora completa 50 anos de sua primeira edição, mantêm
sua absoluta atualidade. Rawls construiu sua teoria para responder à pergunta
fundamental de qual concepção de justiça cria o justo em uma sociedade
democrática. E seus fundamentos de filosofia liberal distributiva ainda hoje
possuem validade.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. 24.
ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BOUCHER, David e KELLY, Paul. The social contract from Hobbes to Rawls.
Londres: Routledge, 1992.
GRECCO, Luis. Tem futuro a teoria do bem jurídico? reflexões a partir da decisão
do Tribunal Constitucional Alemão a respeito do crime de incesto (& 173
Strafgesetzbuch). Revista Brasileira de Ciências Criminais, v.18, n. 82, p. 165-
185, jan/fev/2010.
HASEN, Richard L. Deep fakes, bots, and siloed justices: American Election Law in
a Post-Truth World (July 10, 2019). St. Louis University Law Journal, 2019,
Forthcoming; UC Irvine School of Law Research Paper No. 2019-36. Available at
SSRN: https://ssrn.com/abstract=3418427
HASEN, Richard L. Election meltdown: dirty tricks, distrust, and the threat to
american democracy. New Haven: Yale University Press, 2020.
KANT, Immanuel. Rumo à paz perpétua. Tradução Heloisa Zarzana Pugliese. São
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KANT, Immanuel. A metafísica dos costumes. Trad. Edson Bini. São Paulo:
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