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O Trovadorismo foi um movimento literário que surgiu na Idade Média no século XI, na região da Provença (sul
da França). Ele se espalhou por toda a Europa e teve seu declínio no século XIV, quando começou
Humanismo.
Contexto histórico
A Idade Média foi um longo período da história marcado por uma sociedade religiosa. Nele, a Igreja Católica
dominava inteiramente a Europa.
Nesse contexto, o teocentrismo (Deus no centro do mundo) foi sua principal característica. Sendo assim, o
homem ocupava um lugar secundário e estava à mercê dos valores cristãos.
Dessa maneira, a igreja medieval era a instituição social mais importante e a maior representante da fé cristã.
Ela ditava os valores e agia diretamente no comportamento e no pensamento do homem.
Esse sistema, chamado de feudalismo, estava baseado numa sociedade rural e autossuficiente. Nele, o
camponês vivia miseravelmente e a propriedade de terras dava liberdade e poder. Naquele momento, somente
membros da Igreja e da nobreza sabiam ler e tinham acesso à educação.
O Trovadorismo em Portugal
Na Península Ibérica, o centro irradiador do Trovadorismo foi na região que compreende o norte de Portugal e
a Galícia.
Assim, a Catedral de Santiago de Compostela, centro de peregrinação religiosa desde o século XI, atraía
multidões. Ali, as cantigas trovadorescas eram cantadas em galego-português, língua falada na região.
Os trovadores provençais eram considerados os melhores da época, e seu estilo foi imitado em toda a parte.
O Trovadorismo português teve seu apogeu nos séculos XII e XIII, entrando em declínio no século XIV.O rei D.
Dinis (1261-1325) foi um grande incentivador que prestigiou a produção poética em sua corte. Foi ele próprio
um dos mais talentosos trovadores medievais com uma produção de 140 cantigas líricas e satíricas
aproximadamente.
Além dele, outros trovadores obtiverem grande destaque: Paio Soares de Taveirós, João Soares Paiva, João
Garcia de Guilhade e Martim Codax.
Nessa época, as poesias eram feitas para serem cantadas ao som de instrumentos musicais. Geralmente,
eram acompanhadas por flauta, viola, alaúde, daí o nome “cantigas”.
O cantor dessas composições era chamado de "jogral“, e o autor era o "trovador". Já o "menestrel" era
considerado superior ao jogral por ter mais instrução e habilidade artística, pois sabia tocar e cantar
Características do Trovadorismo
O Trovadorismo representa um período da literatura que ocorreu entre 1189 e 1434. Em Portugal, esse
movimento literário teve início com a “Cantiga da Ribeirinha”, escrita pelo trovador Paio Soares da Taveirós.
A principal característica da produção literária trovadoresca foi, sem dúvida, a relação entre a poesia e a
música.
Isso porque os textos eram acompanhados por instrumentos musicais e, por esse motivo, são chamados de
cantigas.
Assim, eles eram cantados em coro e estavam divididos em cantigas lírico-amorosas (de amor e de amigo) e
cantigas satíricas (de escárnio e de maldizer).
Os cancioneiros são coletâneas que reúnem a produção literária trovadoresca, mais precisamente as cantigas.
Há dois grandes grupos de cantigas trovadorescas:
Cantigas líricas: estão subdivididas em cantigas de amor e cantigas de amigo.
Cantigas satíricas: estão subdivididas em cantigas de escárnio e de maldize
Cantigas de amor
As Cantigas de Amor são atribuídas à influência da arte desenvolvida na Provença, sul da França, entre
os séculos XI e XIII.
Naquela região, surge o "amor cortês". Ele é mais intenso na voz dos trovadores da Galícia e de
Portugal, que não se limitam a imitar, mas a "sofrer de maneira mais dolorida” (coita amorosa).
São muitas as causas do surgimento do lirismo provençal nas terras ocidentais da Península Ibérica.
Entre elas está a chegada de colonos franceses da região de Provença que foram lutar contra os
mouros. Também é considerado o intenso comércio entre a França e a região ocidental da Península,
alcançando o Atlântico Norte
Características
As cantigas de amor são escritas em primeira pessoa. Nelas, o eu-poético declara seu amor a uma
dama, tendo como pano de fundo o ambiente palaciano. É por este motivo que ele se dirige a ela
chamando-a de senhora. Esse tipo de cantiga mostra a servidão amorosa dentro dos mais puros
padrões da vassalagem.
Dessa forma, a mulher é vista como um ser inatingível, uma figura idealizada, a quem é dedicado um
amor sublime também idealizado.
Essas características justificam a presença de um forte lirismo. Esse é representado pela "coita d'amor"
(o sofrimento amoroso). “Coita", em galego-português, significa "dor, aflição, desgosto".
Para os trovadores, esse sentimento é pior que a morte, e o amor é a única razão de viver
Exemplo
Cantiga de amor de Bernardo de Bonaval
Cantigas de Amigo
As cantigas de amigo originam-se do sentimento popular e na própria Península Ibérica. Nelas, o eu-poético
é feminino, no entanto seus autores são homens.
Essa é a principal característica que as diferencia das cantigas de amor, onde o eu-lírico é masculino. Além
disso, o ambiente descrito nas cantigas de amigo não é mais a corte, e sim a zona rural.
Os cenários são de uma mulher camponesa, característica que reflete a relação dos nobres com as
plebeias. Esta é, sem dúvida, uma das principias marcas do patriarcalismo da sociedade portuguesa.
Características
As cantigas de amigo são escritas em primeira pessoa e, geralmente, são apresentadas em forma de
diálogo. Essas cantigas são a expressão do sentimento feminino. Nesse contexto, a mulher sofre por se
ver separada do amigo (sinônimo de amante ou namorado).
Ela vive angustiada por não saber se o amigo voltará ou não, ou, ainda, se a trocará por outra.
Esse sofrimento é, em geral, denunciado a um amigo que serve de confidente. Os demais personagens
que compartilham o sofrimento da mulher são a mãe, o amigo ou mesmo um elemento da natureza que
aparece personificado.
Exemplo
Cantiga de amigo de D. Dinis
"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?