Cartilha Heteroidentificao

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o processo de

H ETERO
I DENTI
F ICAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL
Ceará
Campus Quixadá
o processo de
H ETERO
I DENTI
F ICAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL Campus
Ceará Quixadá
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará
Sistema de Bibliotecas - SIBI

I59p Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará –


Campus Quixadá.
O Processo de heteroidentificação / Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Quixadá,
edição Rebeca Cavalcante, layout e diagramação Ângelo
Santos, revisão Caio Montenegro. – Quixadá : IFCE, 2021.
27 p. : il.

1. Heteroidentifacação 2. Cotas – instituição de ensino I.


Rodrigues, Danielle. II. Martins, Aterlane. III. Pedrosa, Fredson
Maciel. IV. Augusto, Amanda Maria. V. Gonçalves, Renan. VI.
Ferreira, Haulivan. VII. Título.
CDD 379.26

Bibliotecária responsável: Rousianne da Silva Virgulino CRB Nº 3/921


Instituto Federal do Ceará campus de Quixadá

Os Núcleos de Estudos Afro-brasileiros


e Indígenas (Neabis) do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará (IFCE) são voltados para o estudo, o
debate, as reflexões e as ações afirmativas
sobre cultura e história da africanidade e
dos povos afro-brasileiros e indígenas no
Brasil.

Esses núcleos foram construídos a partir


da implementação das Leis Nº 10.639/2003,
acerca das questões afro, e Nº 11.645/2008,
sobre as questões indígenas, e de diretrizes
curriculares que normatizam a inclusão
das temáticas nas áreas do ensino, pesqui-
sa e extensão.

No campus de Quixadá do IFCE, o Neabi


iniciou as atividades em 2016. Desde então,
integram o grupo professores, técnicos
administrativos, estudantes e representantes
da comunidade externa.
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O grupo atua no desenvolvimento


de diferentes atividades para colocar o
debate sobre cor, raça e etnia na pauta da
comunidade. Assim, realiza eventos, participa
de ações promovidas por parceiros, promove
grupos de estudo, rodas de conversa,
palestras, capacitações, oficinas, minicursos,
elabora projetos de pesquisa e de ex-
tensão, além de administrar um perfil
próprio na rede social Instagram e compor
a equipe local da Comissão de Heteroiden-
tificação.

Foi a partir da vivência nessa última


experiência — a Comissão de Heteroiden-
tificação — que constatamos: embora a
demanda de jovens negras e negros por
vagas em cursos do IFCE tenha aumenta-
do de modo expressivo nos últimos anos,
ainda há aqueles que, por conveniência
ou desconhecimento, têm se inscrito
nas referidas cotas sem cumprirem as
exigências para isso.

Tal atitude dificulta o bom andamen-


to do processo e tira a oportunidade de in-
gressarem na instituição os estudantes
que têm garantido o direito às cotas raci-
ais e a um processo justo de heteroidenti-

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ficação (previstos pela Lei Nº 12.711, de


agosto de 2012).

Esta cartilha foi pensada para isto:


contribuir para a diminuição da ocorrência
de estudantes inscritos nas cotas raciais
mesmo não cumprindo as exigências
legais para isso.

O projeto de extensão “Enegrecendo


informações” surgiu para suprir essa lacuna
e tem como principal objetivo produzir e di-
fundir, junto às escolas da Educação Básica
da Crede 12 e da Secretaria Municipal de
Educação (SME) do município de Quixadá,
material educativo e informativo sobre o
processo de autodeclaração e heteroidenti-
ficação realizado pelo campus como uma
etapa complementar aos processos sele-
tivos para ingresso nos cursos técnicos e
superiores.

A gente acredita que esta cartilha vai


nos ajudar enquanto comunidade a entender
melhor por que as cotas foram criadas, a
partir de qual compreensão de sociedade
nós precisamos defendê-las, promovê-las e
garantir que tenham uma implementação
efetiva. Boa leitura, pessoal!

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Equipe gestora
do Neabi
Danielle Rodrigues
Aterlane Martins
Renata Linhares

Textos
Danielle Rodrigues
Aterlane Martins Imagens
Fredson Maciel Pedrosa geledes.org.br
Amanda Maria Augusto nappy.co
pixabay.com
Renan Gonçalves
unsplash.com
Haulivan Ferreira

Edição de texto
Rebeca Cavalcante

Layout e diagramação
Ângelo Santos

Revisão
Caio Montenegro

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o que s ã o
c o tas ?

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Por que
precisamos de
cotas raciais?
Qual a
importância
dessa
garantia?

A reserva de vagas
para candidatos negros
(pretos e pardos) é um
direito constitucional
implementado para
reparar uma dívida
histórica com a população
negra escravizada
no país.

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Por séculos, a população


negra foi deixada à
margem da sociedade e
discriminada, o que tem
refletido em processos de
exclusão até os dias
atuais.

Assim, a existência das instituições de ensino.


bancas de É uma ferramenta que,
heteroidentificação é embora não resolva essa
uma grande conquista questão, é necessária
no combate às fraudes para tornar o acesso à
de cotas em instituições educação mais justo.
de ensino. nas
universidades e Esse processo minimiza
as fraudes nas reservas
de vagas que são
destinadas aos pretos e
pardos, assegurando o
correto cumprimento da
ação afirmativa.

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L2 É destinada a
candidatos autodeclara-
dos pretos, pardos ou in-
Quais dígenas que possuam
as cotas renda familiar bruta per
capita igual ou inferior a
do IFCE? 1,5 salário mínimo e que
tenham cursado integral-
mente o ensino médio
em escolas públicas (Lei
Nº 12.711/2012).

L6
O IFCE tem quatro
tipos de cota para
negros e pardos, que É para candida-
são nomeadas assim: tos autodeclarados
L2, L6, L10 e L14. Calma, pretos, pardos ou indí-
a gente vai explicar genas que, independen-
o que é cada uma delas. temente da renda (art. 14,
Bora conhecer? II, Portaria Normativa Nº
18/2012), tenham cursado
integralmente o ensino
médio em escolas públi-
cas (Lei Nº 12.711/2012).

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L10 É para candi-


datos com deficiência
L14 É para can-
didatos com deficiência
autodeclarados pretos, autodeclarados pretos,
pardos ou indígenas que pardos ou indígenas que,
tenham renda familiar independentemente da
bruta per capita igual renda (art. 14, II, Portaria
ou inferior a 1,5 salário Normativa Nº 18/2012),
mínimo e que tenham tenham cursado integral-
cursado integralmente mente o ensino médio
o ensino médio em em escolas públicas
escolas públicas (Lei Nº 12.711/2012).
(Lei Nº 12.711/2012).

Ao realizar a inscrição,
Como posso quando você faz a opção
pela cota racial, deve se
comprovar apresentar no dia
marcado para a aferição
que pertenço da heteroidentificação
a uma cota? e deve possuir as
características próprias
da população negra
brasileira (fenótipos).
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Quem pode
concorrer
a vagas de
negros (pretos

C
e pardos)? aso não sejam com-
provados o pertenci-
mento e o direito à
cota racial, candidatos que
Qualquer pessoa pode não se enquadrem como
se candidatar. Não há negros serão indeferidos
recusa no processo de do processo seletivo, per-
inscrição. No entanto, dendo a vaga e a possibili-
serão considerados dade de concorrer em outra
negros os candidatos cota ou mesmo a uma vaga
marcados por traços de ampla concorrência.
negróides relativos à cor
da pele (preta e parda)
e aos aspectos físicos
predominantes como
cabelos, lábios ou nariz
que os caracterizem
como pertencentes
ao grupo racial negro.

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h e teroi d e n -
t i ficaç ã o

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O que é
heteroidenti-
ficação?
A quem se
destina?

É
Isso é feito a partir das
características físicas
uma etapa (fenotípicas) do candida-
complementar ao to ou da candidata que
processo seletivo do IFCE se autodeclarou preto ou
para aferir e identificar pardo no ato da inscrição
étnico-racialmente os do processo seletivo do
candidatos negros IFCE campus de Quixadá.
(pretos e pardos).

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Tá,
então tem
diferença entre
heteroidenti-
ficação e
autodeclaração?

Tem sim. A auto- designada em portaria


declaração é uma pelo IFCE, para reafirmar
declaração que o candi- ou indeferir a auto-
dato faz sobre si mesmo, declaração do candidato.
sobre como ele identifica
as suas características Ou seja, a autodeclaração
físicas. pode não ser confirmada
durante o processo de
Já a heteroidentificação heteroidentificação.
é feita por uma comissão,

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o
p r ocess o

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Como ocorre
o processo de
heteroidenti-
ficação?

A contece em dia
e hora marcada no site
de seleção do IFCE.
O candidato se apresenta
à instituição, no local
indicado.

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São 3 etapas: e uma de perfil, nas quais


apareçam o crachá e os
Etapa 1 dados que nele constam
(nome completo e número
Na Sala de Espera. de inscrição).
Ao chegar, o candidato
deverá preencher e Etapa 3
assinar a parte reservada
para si na Declaração O candidato é levado
de Cor/Raça ou Etnia e para a Sala da Aferição.
entregá-la aos membros Nela, vão estar os com-
da comissão local de ponentes da banca de
heteroidentificação heteroidentificação, que
presentes. indicarão aos candidatos
que façam sua auto-
Etapa 2 declaração de modo claro,
para que seja captada
O candidato é pela câmera que filma
acompanhado da Sala esse processo.
de Espera à Sala de
Fotografia, onde fará as Essa etapa não é realizada
fotos com o crachá de de forma individual.
identificação. A indicação é de que
entrem no mínimo dois
Nessa etapa, são feitas candidatos por vez.
duas fotos de cada
candidato: uma de frente

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Quais os
critérios da O fenótipo está
relacionado com as
comissão de características externas,
morfológicas, fisiológicas
heteroidentifi- dos indivíduos, ou seja, o
cação na fenótipo determina a
aparência do indivíduo
avaliação dos (em sua maioria, aspectos
visíveis), resultante da
candidatos? interação com o meio e de
seu conjunto de genes
(genótipo).

A comissão de Exemplos de fenótipo


heteroidentificação, são o formato dos olhos,
formada por cinco a tonalidade da pele, a cor
pessoas, faz a avaliação e a textura do cabelo.
com base exclusivamente
nas características físicas
dos candidatos, que são as
características fenotípicas.

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É
vedada à Comissão Ou seja, o candidato pode
de Heteroidentifi- ter pais, irmãos, avós ne-
cação a análise de gros ou pardos, mas, se
ascendência para homo- o próprio candidato não
logação ou não homolo- tiver essas características,
gação de candidatos. A essa relação não será leva-
Comissão NÃO considera da em consideração.
a constituição genética e
o parentesco.

Quem é São considerados negros


os candidatos pretos e
considerado pardos com característi-
cas da população negra,
negro na como cor da pele, cabe-
heteroidenti- los com características
afro, formato do rosto
ficação? (olhos, boca, nariz).

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i n defe-
r i mento s

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Quais as
possíveis Não atende aos
critérios fenotípicos (cor
causas de de pele, características da
face e textura do cabelo)
indeferimento para a homologação da
ou não autodeclaração de pretos
e pardos;
homologação
da candida-
tura como
candidato
Não se autode-
clarou preto ou pardo;

negro?

O candidato poderá ter


sua autodeclaração não
Não compare-
ceu à entrevista;
homologada pelos
seguintes motivos:

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Negou-se a participar do
processo de heteroidentificação em qualquer de suas
etapas — filmagem, foto e entrevista;

Tentou burlar
o processo de heteroidentificação por meio de pro-
cedimentos estéticos “enegrecedores” (bronzear-se,
frisar o cabelo, maquiar-se com intuito de burlar a
tonalidade da pele, editar fotos quando for o caso
ou atitudes similares).

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possibilidade
de se perder
a vaga?

Sim! Caso não se com-


prove o pertencimento
do candidato à cota de
estudantes negros (pre-
tos e pardos), ele será
indeferido e perderá
a possível vaga.

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Nesse caso, o recurso


é avaliado por cinco
membros da Comissão
Posso entrar de Heteroidentificação
do IFCE que não tenham
com recurso participado da primeira
avaliação.
contra a
decisão da Em caso de mudança
do resultado com o
comissão de deferimento da auto-
declaração, o candidato
heteroidenti- passa a figurar com o
ficação? status “aprovado”. Caso
tenha o recurso aceito,
o candidato vai realizar
Sim. O candidato pode in- a matrícula no período
terpor recurso, uma única estipulado pelo campus.
vez, à comissão recursal
conforme procedimentos
e prazos a serem descritos
no parecer emitido.

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Em caso de
indeferimento
do recurso,
perco a vaga?

Perde. Se for mantida


a decisão da Comissão
Recursal de averiguação
quanto à não homolo-
gação, o candidato
terá a sua solicitação
de matrícula indeferida
e perderá o direito
à vaga.

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