Fascic4 Lentes de Contato Do Basico Ao Avancado
Fascic4 Lentes de Contato Do Basico Ao Avancado
Fascic4 Lentes de Contato Do Basico Ao Avancado
4
Ficha catalográfica por Maria Nazaré Fabel,
Bibliotecária, CRB-199, 14.Região
617.7523
C787 CORAL-GHANEM, Cleusa, STEIN, Harold A. & FREEMAN,
Melvin I. Lentes de Contato; do básico ao avançado.
Joinville: Soluções e Informática, 2000. 44p.
Capítulo 9
LENTES DE CONTATO GELATINOSAS (LCG) DE USO PROLONGADO (UP) /
USO CONTÍNUO (UC) / USO FLEXÍVEL (UF) ............................................................... 01
Autores: Cleusa Coral-Ghanem, Harold A. Stein e Melvin I. Freeman
9.1 - TERMINOLOGIA .......................................................................................................... 01
9.2 - O OXIGÊNIO NO METABOLISMO DA CÓRNEA .................................................. 01
9.2.a - Com o Olho Aberto ............................................................................................. 01
9.2.b - Com o Olho Fechado .......................................................................................... 02
9.2.b.1 - Temperatura .......................................................................................... 02
9.2.b.2 - pH das Lágrimas ................................................................................... 02
9.2.b.3 - Osmolaridade das Lágrimas ................................................................ 03
9.2.c - Oxigenação da Córnea na Presença da LC ....................................................... 03
9.3 - EFEITOS DO UP/UC .................................................................................................... 04
9.4 - INDICAÇÕES ................................................................................................................. 05
9.5 - CONTRA-INDICAÇÕES PARA UP/UC ..................................................................... 05
9.6 - TIPOS DE LCG UTILIZADAS PARA UP, UC/UF .................................................... 05
9.6.a - LCH de Alta Hidratação .................................................................................... 05
9.6.b - LCH Finas e de Baixa Hidratação .................................................................... 06
9.6.c - LCH de Médio/Alto Conteúdo de Água ........................................................... 06
9.6.d - LC de Elastômero de Silicone ........................................................................... 06
9.6.e - LCG de Silicone-Hidrogel .................................................................................. 06
9.7 - SELEÇÃO DO CANDIDATO ....................................................................................... 07
9.8 - CONCEITOS ESTABELECIDOS ................................................................................ 07
9.9 - TEMPO DE USO ............................................................................................................ 07
9.10 - COMPLICAÇÕES DE LCH UP/UC ......................................................................... 08
9.11 - COMO AUMENTAR A SEGURANÇA DO UP/UC ................................................. 08
9.12 - CONTROLE DA ADAPTAÇÃO ................................................................................. 08
9.13 - RECOMENDAÇÕES ÚTEIS ...................................................................................... 09
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 10
Capítulo 10
LENTES DESCARTÁVEIS E DE TROCA PROGRAMADA ........................................... 12
Autora: Cleusa Coral-Ghanem
10.1 - INDICAÇÕES ............................................................................................................... 13
10.2 - VANTAGENS ................................................................................................................ 13
10.3 - CONTRA-INDICAÇÕES ............................................................................................. 13
10.4 - TIPOS DE LC DESCARTÁVEIS/TROCA PROGRAMADA .................................. 13
10.4.a - Esféricas Transparentes e/ou Tonalizadas ..................................................... 14
10.4.a.1 - LC Descartável de 1 Dia ................................................................ 14
10.4.a.2 - LC Descartável 1-2 Semanas ......................................................... 14
10.4.a.3 - LC Descartável de 30 Dias ............................................................. 15
10.4.b - Esféricas Cosméticas ....................................................................................... 15
10.4.c - Tóricas ............................................................................................................... 15
10.4.d - Bifocais / Multifocais ...................................................................................... 16
10.5 - TÉCNICA DE ADAPTAÇÃO DA LC DESCARTÁVEL ESFÉRICA .................... 16
10.6 - TEMPO DE DESCARTABILIDADE ......................................................................... 16
10.7 - MANUTENÇÃO ........................................................................................................... 17
10.8 - ACOMPANHAMENTO OFTALMOLÓGICO .......................................................... 17
10.9 - COMPLICAÇÕES MAIS FREQÜENTES ................................................................ 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 19
Capítulo 11
ADAPTANDO LENTES DE CONTATO GELATINOSAS (LCG) TÓRICAS ................ 20
Autora: Cleusa Coral-Ghanem
11.1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 20
11.2 - MÉTODOS DE FABRICAÇÃO .................................................................................. 20
11.3 - DESENHOS DE LCG TÓRICAS ............................................................................... 21
11.3.a - Superfície Posterior Tórica com Superfície Frontal Esférica ...................... 21
11.3.b - Superfície Posterior Esférica ou Asférica
com Superfície Frontal Tórica ....................................................................... 21
11.4 - TÉCNICAS DE ESTABILIZAÇÃO ............................................................................ 21
11.4.a - Superfície Posterior Tórica ............................................................................. 22
11.4.b - Prisma de Lastro .............................................................................................. 22
11.4.c - Peri-Lastro ......................................................................................................... 22
11.4.d - Desenho Truncado ........................................................................................... 22
11.4.e - Estabilização Dinâmica ................................................................................... 23
11.4.f - Lenticulação Excêntrica .................................................................................. 23
11.5 - INDICAÇÃO DE LC CONFORME O TIPO DE ASTIGMATISMO ..................... 24
11.6 - CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A INDICAÇÃO DE LCG TÓRICAS ..................... 25
11.6.a - Quantidade e Tipo de Astigmatismo ............................................................. 25
11.6.b - Eixo do Astigmatismo ..................................................................................... 26
11.6.c - Predominância Ocular .................................................................................... 26
11.6.d - Avaliação das Necessidades Visuais .............................................................. 26
11.6.e - Considerações Ópticas .................................................................................... 26
11.6.f - Anatomia e Tônus Palpebral ........................................................................... 27
11.7 - FATORES QUE INTERFEREM NA ESTABILIZAÇÃO DA LCG ........................ 27
11.8 - MÉTODO DE ADAPTAÇÃO EMPÍRICO ................................................................ 28
11.9 - MÉTODO DE ADAPTAÇÃO COM LCG TÓRICA DE TESTE ............................ 29
11.9.a - Técnica de Adaptação ...................................................................................... 29
11.9.b - Avaliação da Adaptação .................................................................................. 29
11.9.b.1 - Movimento ...................................................................................... 29
11.9.b.2 - Diâmetro .......................................................................................... 29
11.9.b.3 - Rotação ............................................................................................ 30
11.9.b.4 - Determinando o Grau .................................................................... 31
11.9.c - Características de uma LCG Tórica bem Adaptada ..................................... 31
11.9.d - Características de uma LC Apertada ............................................................. 31
11.9.e - Características de uma LC Plana ................................................................... 32
11.10 - PRINCIPAIS CAUSAS DE DISTÚRBIOS VISUAIS ............................................. 32
11.11 - DICAS DE ADAPTAÇÃO ......................................................................................... 33
11.12 - DICAS DE AVALIAÇÃO DA LCG TÓRICA SOLICITADA ............................... 33
11.13 - TIPOS DE LCG TÓRICAS ....................................................................................... 34
11.13.a - Convencionais - Troca Anual ...................................................................... 34
11.13.a.1 - Exemplos de LCG Tóricas - Troca Anual ............................... 34
11.13.b - LCG Tóricas Descartáveis / Troca Programada ....................................... 35
11.13.b.1 - Exemplos de LCG Tóricas Descartáveis /
Troca Programada ..................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 38
V
Exame Prévio do Candidato / Seleção das Lentes de Contato Capítulo 7
Lista de Siglas
AV Acuidade Visual
CB Curva Base
cm Centímetro
6
VI
Capítulo 9 Lentes de Contato Gelatinosas
Lentes de Contato
Gelatinosas (LCG)
Uso Prolongado (UP) /
Uso Contínuo (UC) /
Uso Flexível (UF)
9
Cleusa Coral-Ghanem, Harold A. Stein e Melvin I. Freeman
Terminologia 9.1
O Oxigênio no
Metabolismo da Córnea 9.2
9.2.a Com o Olho Aberto
1
Lentes de Contato Gelatinosas Capítulo 9
9.2.b.1 Temperatura
C ARNEY e HILL (1976) estabeleceram que o pH das lágrimas, com o olho aberto,
exibe um padrão de variação diurna de 7,45 ± 0,16, com um aumento geral na
alcalinidade durante o dia. Após o sono, ao abrir os olhos, o pH das lágrimas está reduzido a,
aproximadamente, 7,25 e se recupera para níveis médios dentro de 3 a 4 horas.
2
Capítulo 9 Lentes de Contato Gelatinosas
1
Ver Fascículo 1, Capítulo 2, página 12, figuras 8.a e 8.b.
3
Lentes de Contato Gelatinosas Capítulo 9
4
Capítulo 9 Lentes de Contato Gelatinosas
Indicações 9.4
R ecomenda-se o UC/UF em
casos de:
- falha persistente na manutenção das
LC.
- dificuldade de manuseio; O grande interesse dos pacientes
nessa modalidade de uso deve-se à conve-
- erros refrativos altos;
niência, ao conforto da visão contínua e à
- necessidades profissionais; falta de habilidade no manuseio das LC.
5
Lentes de Contato Gelatinosas Capítulo 9
O polímero poli-dimetil-siloxane
(PDMS) pareceu ser ideal para
o UC de LC pelo fato de possuir um bai-
adesão à córnea, sob condições nor-
mais, por apresentar baixo transporte
de água e alta recuperação das caracte-
xo módulo de elasticidade, excelente rísticas do silicone;
transparência e alta permeabilidade ao
natureza hidrofóbica, que obriga a tra-
O2. A permeabilidade ao O2 de um puro
tamentos de superfície.
PDMS é, aproximadamente, 600 barrers,
que significa 60 vezes a permeabilidade LC de elastômero de silicone deve
de PHEMA ao O2. Resultados clínicos ser adaptada mais plana do que a de
mostraram que o UC de PDMS não pro- hidrogel, visto ter tendência a aderir à
vocou mudança na fisiologia da córnea, córnea, pelo alto módulo de elasticidade
mas apresentou outros problemas: do material.
6
Capítulo 9 Lentes de Contato Gelatinosas
Um dos maiores desafios no projeto Nesses materiais, que tem um Dk/L su-
da LC silicone-hidrogel foi o tratamento perior a 100 x 10-9, a parte de silicone é
de superfície, em função dos monômeros responsável pela alta permeabilidade ao
de base siliconada serem hidrofóbicos e O2, enquanto a porção hidrofílica promo-
insolúveis em monômeros hidrofílicos. ve o movimento e o conforto.
O UC não significa deixar a LC no olho por As LC devem ser removidas ao primeiro sinal de
tempo indeterminado. hiperemia, turvação visual e dor.
O risco de complicações oculares aumenta a Os olhos necessitam de períodos regulares de
cada dia de UC. descanso para retornarem à sua atividade me-
tabólica normal.
O UC facilita a formação de depósitos na super-
fície, diminuindo o tempo de vida útil da LC. O UC, mesmo quando sem sintomas, exige
exame oftalmológico semestral.
2
Para seleção do candidato, ver Fascículo 3, Capítulo 7.
7
Lentes de Contato Gelatinosas Capítulo 9
8
Capítulo 9 Lentes de Contato Gelatinosas
9
Lentes de Contato Gelatinosas Capítulo 9
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10
Capítulo 9 Lentes de Contato Gelatinosas
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11
Lentes Descartáveis e de Troca Programada Capítulo 10
Cleusa Coral-Ghanem
10 Lentes Descartáveis e
de Troca Programada
1
Ver Fascículo 1, Capítulo 2, página 11.
12
Capítulo 10 Lentes Descartáveis e de Troca Programada
Indicações 10.1
UC - por conveniência ou por dificul- Ambientes poluídos
dade de manuseio
Formação excessiva de depósitos
Sensibilidade a produtos químicos
Portadores de CPG
Usuários que necessitam LC sobressa-
Uso terapêutico
lentes
Uso pediátrico
Usuários que perdem as LC com
freqüência
Vantagens 10.2
Menor acúmulo de depósitos Fácil reposição
Menor número de complicações Desnecessário o uso de produtos químicos
Fácil manutenção Possibilidade de testes gratuitos
Contra-Indicações 10.3
Tipos de LC Descartáveis/
Troca Programada 10.4
Tipo de LC Formas de Uso Descartabilidade
13
Lentes Descartáveis e de Troca Programada Capítulo 10
14
Capítulo 10 Lentes Descartáveis e de Troca Programada
A s LC descartáveis de 1 dia e de
1-2 semanas têm como maté-
ria-prima grupos químicos hidroxil que
LC, ela deve ter um Dk/L de pelo menos
87 x 10-9, embora a transmissibilidade
ideal, para evitar alterações fisiológicas,
absorvem água. Essa água absorvida é o deva ser maior do que 120 x 10 -9. Uma
meio pelo qual o O2 atravessa o material nova geração de materiais com um Dk/L
hidrogel. As moléculas de O2 dissolvem- superior a 100 x 10-9 foi desenvolvida em
se na lágrima e são levadas através do 1998. É o silicone hidrofílico, cuja super-
material da LC até a córnea. A permea- fície é tratada para ser resistente a depó-
bilidade e a transmissibilidade para o O2, sitos. Nesse tipo de material, a fase aquosa
portanto, são diretamente proporcionais tem a função de promover o conforto e o
ao conteúdo aquoso. Esses materiais têm movimento, enquanto a parte de silicone é
um Dk/L médio de 30 x 10-9 (cm/seg ml responsável pela alta permeabilidade ao
O2/ml mm Hg). Conforme já menciona- O2 (Focus Night & Day da Ciba Vision e a
do2, para que possa ser feito o UC de uma Purevision, da Bausch & Lomb).
O s parâmetros de adaptação a
serem respeitados são os mes-
mos exigidos para as LCH transparentes.
lher a marca da LC com base nessa medi-
da. As LC descartáveis cosméticas opa-
cas, disponíveis no Brasil, são fabricadas
Muitos usuários queixam-se da visão em pela Wesley Jessen. O material é Phem-
ambientes pouco iluminados devido ao filcon A, 55% de conteúdo aquoso, com
aumento do diâmetro pupilar que se tor- CB de 8,6 mm e Æ de 14,5 mm. A Color-
na maior do que o tamanho da pupila da Blends é encontrada nas cores azul, ver-
LC. Recomenda-se medir o diâmetro de, cinza e mel, enquanto a FreshLook
pupilar em baixa iluminação para esco- está disponível, também, na cor violeta.
10.4.c Tóricas3
2
Ver Fascículo 4, Capítulo 9, página 03.
3
As LCH tóricas serão estudadas no próximo capítulo.
15
Lentes de Contato Gelatinosas Capítulo 9
Técnica de Adaptação
10.5 da LC Descartável Esférica
4
As LC bifocais serão estudadas num capítulo à parte.
16
Capítulo 9 Lentes de Contato Gelatinosas
Manutenção 10.7
A responsabilidade do médico é
adaptar a LC criteriosamente e
dar boa assistência oftalmológica. O paci-
me à lâmpada de fenda deve ser feito
cada vez que forem fornecidas novas cai-
xas de LC.
ente deve ter fácil acesso aos auxiliares e
É indispensável que todo o usuário
ao médico.
com queixas seja atendido e reavaliado
Recomenda-se examinar os usuários para evitar complicações oculares mais
que dormem com as LC a cada 6 meses; sérias e o abandono do uso da LC.
os outros, a cada ano. Além disso, o exa-
17
Lentes Descartáveis e de Troca Programada Capítulo 10
18
Capítulo 10 Lentes Descartáveis e de Troca Programada
Referências Bibliográficas
HAMANO H. K., WATANABE K., HAMANO T., et al: A study of the complications
induced by conventional and disposable contact lenses. CLAO J 1994; 20
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POGGIO, E. C.; GLYNN, R. J.; SCHEIN, O. D. et al. The incidence of ulcerative keratitis
among users of daily-wear and extended-wear soft contact lenses. N. Engl. J. Med.,
321
321: 779-783, 1989.
19
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
11
Adaptando Lentes de
Contato Gelatinosas
Cleusa Coral-Ghanem
(LCG) Tóricas
11.1 Introdução
20
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
21
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
11.4.c Peri-Lastro
A estabilização é conseguida
através da remoção de um
carrier lenticular alto negativo da porção
um lastro na porção inferior da mesma.
Na prática, é semelhante ao prisma de
lastro, exceto que, no peri-lastro, todo o
superior da LC. Essa técnica reduz a prisma está fora da região da ZO.
interação pálpebra-borda da LC e produz
1
Ver Fascículo 1, Capítulo 3, página 18, figura 3.
2
Ver Fascículo 1, Capítulo 3, página 19, figura 4.
22
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
LCG. Quanto maior o diâmetro, maior mente na primeira parte do dia. Com o
poderá ser a parte seccionada. A finali- passar das horas de uso, ela pode resse-
dade da truncagem é apoiar a borda car, formar uma pequena bolha que afas-
cortada na borda palpebral inferior. Para ta a LC do globo ocular, irritando a pál-
o sucesso do uso da LCG truncada, o pebra inferior. Outra dificuldade com
posicionamento da borda palpebral infe- esse desenho, semelhante ao que ocorre
rior deve estar no limbo inferior. Com o com o prisma de lastro, é a instabilidade
propósito de melhorar a estabilização, em casos de cilindros oblíquos. A espes-
costuma-se associar prisma de lastro de sura irregular produzida por esse tipo de
base inferior, de 1 ou 1,50 D, que tem a cilindro pode tornar muito difícil a esta-
desvantagem de aumentar a espessura e bilização da LC.
o desconforto.
Para o sucesso do uso da LCG trun-
Uma LCG tórica truncada, bem cada, o posicionamento da borda palpebral
adaptada, costuma funcionar confortavel- inferior deve estar no limbo inferior.
3
Ver Fascículo 1, Capítulo 3, página 19, figuras 5a e 5b.
23
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
Indicação de LC conforme
11.5 o Tipo de Astigmatismo
4
Adapta-se abaixo de K.
5
A diferença entre a curvatura horizontal e vertical auxilia na estabilização da LC.
24
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
Exemplo 2: Exemplo 3:
Rx = -3,00 -1,50 x 40o Rx = -3,00 -1,50 x 90o
C = 43,00 / 44,50 x 130o C = 43,00 / 44,50 x 180o
(astigmatismo oblíquo) (astigmatismo contra-a-regra)
- Rígida esférica - Rígida esférica
- LCG tórica - LCG tórica
Evita-se em astigmatismo:
- irregular, sempre que for possível adaptar RGP;
- associado à LC bifocal/multifocal gelatinosa8;
- pequeno, associado à ambliopia;
- abaixo de 1,00 D, quando o paciente estiver satisfeito com LCG esférica, especialmente
se fizer apenas UO, ou se estiver preocupado com o custo da LCG tórica.
6
Indica-se LC bitórica quando a córnea apresenta K mais plano do que 42,00 D e astig-
matismo maior do que 3,00 D.
7
Os graus do astigmatismo lenticular/residual variam de -0,75 a -1,50 D e os eixos
oscilam em torno de 90o (± 15o).
8
Os pacientes présbitas com astigmatismo que têm melhor desempenho com RGP bifocal.
25
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
26
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
O deslocamento da LC e sua
rotação têm como causa princi-
pal a dinâmica das pálpebras.
pelos pacientes portadores de alterações
do FL. A pálpebra ideal deve ter tensão
normal e uma abertura relativamente
ampla. Além disso, não deve apresentar
Fissuras palpebrais pequenas ou
elevação de tecido conjuntival
pálpebras muito apertadas costumam
(TOMLINSON, 1982).
provocar pressão excessiva sobre a LC,
alterando sua estabilidade rotacional. A posição ideal da pálpebra inferi-
No entanto, uma abertura palpebral mui- or é no limbo inferior. Quando ela se
to ampla, quando associada a um padrão posiciona a 2 mm ou mais acima do
de piscamento incompleto, facilita a desi- limbo ou é movida bruscamente do
dratação da LC e a formação de depósi- plano horizontal, provoca distúrbios
tos. Os sintomas são mais percebidos visuais pelo deslocamento do eixo.
27
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
28
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
Método de Adaptação
com LCG Tórica de Teste 11.9
11.9.b.1 Movimento
11.9.b.2 Diâmetro
9
Ver Fascículo 3, Capítulo 8.
29
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
11.9.b.3 Rotação
OPTIFIT Hydrocurve 3 Hydrasoft e Flexlens Toric Focus Toric Hydron Ultra Fresh Look Acuvue Toric
(WJ) Preference (Flexlens) (CIBA) T (Ocular Toric (WJ) (Johson&
TORIC
Toric Sciences) Johson)
Optima Toric e Proclear Toric
D2 ou D3 (CooperVision)
Soflens 66 Tailor Separação Separação
(WJ)
Toric (B&L) Sunsoft Made Toric de 15o de 10o
Separação (Sunsoft) (Biocompatibles)
Separação
de 20 o
de 30o
Essas marcas servem para orientar o oftalmologista quanto à posição do eixo e deter-
minação da rotação. Além disso, auxiliam o usuário na forma correta de colocá-las, a fim
de alcançar uma rápida estabilização.
Figura 4.a - LC centralizada Figura 4.b - LC deslocada 20o Figura 4.c - LC deslocada 20o
no sentido horário no sentido anti-horário
Se as marcas da LC (3, 6 e 9 h) coinci- Se a LC de teste apresentar rotação Quando a rotação for no sentido
direm com as de um relógio, nenhuma no sentido horário, adicionar o total anti-horário, deve-se subtrair o total
da rotação ao eixo da refração. da rotação do eixo da refração.
compensação do eixo da refração será
Eixo da LC a ser adaptada = Eixo Eixo da LC a pedir = Eixo da recei-
necessária.
da receita do óculos + graus de rota- ta dos óculos - graus de rotação
Eixo do cilindro da LC a ser solicitada ção apresentados pela LC de prova. apresentados pela LC de prova.
= Eixo da receita dos óculos. Exemplo: Exemplo:
Rx dos óculos: -3,50 -1,50 x 100º Rx dos óculos: -3,50 -1,50 x 100º
LC de teste: -3,50 -1,50 x 90º LC de teste: -3,50 -1,50 x 90º
Localização: marca das 6 h desviada Localização: marca das 6 h desviada
20º no sentido horário. 20º no sentido anti-horário.
LC a solicitar: -3,50 -1,50 x 120º LC a solicitar: -3,50 -1,50 x 80º
30
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
Boa centralização.
Bom conforto.
Possível deslocamento estável do eixo.
Pouco ou nenhum movimento durante o piscar, em posição primária ou no olhar
para cima.
Visão borrada entre um piscar e outro.
31
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
Rotação da LC
32
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
Dicas de Avaliação
da LCG Tórica Solicitada 11.12
Se a visão for 20/30 ou 20/40, num sua face posterior criam um outro
paciente que apresenta AV 20/20 com sistema óptico, podendo fornecer uma
óculos, é recomendável reavaliá-lo após melhor AV.
1 semana de uso, antes de solicitar a
Se uma LC não apresenta a estabili-
troca da LC.
dade ideal, mas o paciente está satis-
Se a visão for insatisfatória e a sobre- feito, é recomendável não perseguir a
refração da LC não alterar o resultado, perfeição. Como há poucas opções de
recomenda-se modificar a CB. Fisica- CB e Æ disponíveis para LCH tóricas,
mente, a LC no olho poderá parecer a deve-se determinar um nível de tole-
mesma, mas as diferentes curvas da rância aceitável.
33
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
Optima Toric Hefilcon B - Sup. tor. anterior/ 8,3 +4,00 -0,75 14,0
(Bausch & Lomb) 45% (1) prisma de lastro a a
UD (fig. 5) torneamento tórico 8,6 - 9,00 -2,75 (Br)
10
Relação completa das LCH disponíveis no Brasil está em O Consultor, 1999 (SOBLEC) e nos EUA
em Contact Lenses Quarterly, Summer 2000.
11
Classificação dos materiais de LCH quanto à hidratação e à ionicidade (FDA - Federal Drug Administration
- USA).
34
Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
CB = 8,6 mm
Æ = 14 mm
ZO = 8 mm Espessura
Central =
0,13 mm
Chanfro Anterior de
Conforto = 1,9 mm
Base do Prisma = 1,25D
12
Ver Fascículo 3, Capítulo 7, página 19-22.
35
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
Focus Toric Vifilcon A Sup. tor. posterior / 8,9 -6,00 -1,00 14,5
(CibaVision) 55% (4) prisma de lastro a -1,75
Moldeamento 9,2 +4,00 -2,25
30 dias
Zona Óptica
independente da
estabilização
periférica
13
Relação completa das LCH disponíveis no Brasil está em O Consultor, 1999 (SOBLEC) e nos EUA
em Contact Lenses Quarterly, Summer 2000.
14
Classificação dos materiais de LCH quanto à hidratação e à ionicidade (FDA - Federal Drug Administration
- USA).
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Capítulo 11 Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas
Zona superior
de estabilização
Cilindro na
superfície posterior
Zona inferior
de estabilização Marca de inversão
Zona óptica
balanceada
Geometria de
estabilização com Chanfro de
prisma de lastro conforto de 360o
Face posterior
bicurva
Bordas arredondadas
37
Adaptando Lentes de Contato Gelatinosas (LCG) Tóricas Capítulo 11
Referências Bibliográficas
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