2022-1 - Capitulo 3 - CARGAS VARIÁVEIS
2022-1 - Capitulo 3 - CARGAS VARIÁVEIS
2022-1 - Capitulo 3 - CARGAS VARIÁVEIS
CARGAS VARIÁVEIS
Uma carga varia em função do tempo, as teorias que regem o comportamento dos
elementos mecânicos sob solicitação estática não mais se aplicam. Para este tipo de
carregamento variável, as falhas podem ocorrer muito antes do previsto. Materiais
dúcteis, e de forma ainda mais pronunciada os materiais frágeis, falham em valores de
tensão muito abaixo do limite de resistência a fratura e até do limite de escoamento.
A característica principal desse tipo de falha é o surgimento de uma trinca que se
propaga através da secção normal à solicitação. Essa trinca continua se propagando com
a variação da carga, até que a área resistente à tração não é mais suficiente para conter a
fratura súbita devido a diminuição da área resistente e com a progressão da trinca, esse
tipo de falha é chamado também de fratura progressiva.
Com a descrição anterior é permitido definirmos três fases distintas desse tipo de
falha: o surgimento, a propagação da trinca e a ruptura súbita. Na grande maioria das
vezes, não é possível prever o surgimento de trincas com exatidão. Elas podem surgir a
partir de uma inclusão, ou de uma irregularidade superficial, ou ainda de uma falha na
rede cristalina do material, ou até por um risco proveniente do processo de fabricação. O
tempo para o surgimento da trinca não pode ser facilmente estimado, já que a trinca só é
acompanhada a partir do momento em que começa a se propagar. O tempo de ruptura
também não é suficientemente longo para que possa ser computado na vida do elemento.
O tempo de propagação da trinca é o período que se convencionou relacionar à vida sob
carregamento variável.
Na representação da figura 3.1 mostra uma roda ferroviária que falhou por fadiga.
A trinca surgiu em uma marcação no aro da roda e se propagou em direção perpendicular,
gerando certas marcas características de propagação de trincas, chamadas de marcas de
praia. Quando a trinca atingiu um tamanho crítico, o material se rompeu. A região onde
houve ruptura súbita está claramente definida. Nessa região o material mostra-se
espelhado. Isso ocorre porque a ruptura súbita aproxima-se da condição de fratura frágil.
(C)
Para n=106
(D)
(E)
Ou
(F)
De (A):
(H)
Ou
Então:
(I)
Ou
(J)
Onde:
103 ≤ n ≤ 106
O ensaio de fadiga é realizado com o corpo de prova solicitado à flexão. Este não
é o caso de todos os componentes de máquinas que devem ser projetados. Na realidade,
somente um pequeno número de componentes sofre flexão pura. Os demais sofrem algum
tipo de combinação entre flexão, torção e tensão normal. Como utilizar os resultados do
ensaio de tração em situações onde o carregamento é diferente?
Quando o carregamento é por tensão normal alternada (tração alternada), toda a
área resistente ao carregamento é submetida ao mesmo nível de tensão. A possibilidade
da existência de um defeito ou alguma característica que leve ao enfraquecimento da
amostra é maior do que no ensaio de flexão, onde apenas a superfície da peça sofre a
tensão máxima. É de se esperar que o limite de resistência à fadiga seja menor no caso de
tração do que no caso de flexão. De fato, experimentos mostram que este limite é cerca
de 10% menor para o caso de tração-tração. Além disso, cargas axiais acrescentam um
agravante quando da sua aplicação: a excentricidade. É extremamente difícil centralizar
a aplicação da carga. Pode-se esperar uma diminuição maior que 10%, dependendo do
controle que se tem quanto à excentricidade. Normalmente, considera-se um limite de
resistência à fadiga por tensão normal alternada de 20 a 30% menor que o por flexão.
Quando não existirem dados sobre excentricidade, deve-se considerar a diferença de 10%
e levar em conta a incerteza do procedimento no coeficiente de segurança.
Quando o carregamento é por torção alternada, pesquisas mostram que a teoria da
energia de distorção é adequada para relacionar os valores das resistências. Assim, o
limite de resistência à fadiga por torção alternada é aproximadamente 58% do valor do
limite de resistência à fadiga por flexão alternada, obtido no ensaio de fadiga. Dessa
forma, todos os limites estão relacionados, permitindo que possam ser determinados
conhecendo-se apenas o valor da tensão utilizada como crítica no projeto.
Da mesma forma, a resistência à fadiga por torção alternada para 1000 ciclos de
vida pode ser obtida considerando que o valor da resistência é 90% do valor do limite de
ruptura. A única diferença é que o limite de ruptura a ser utilizado é a resistência ao
cisalhamento.
Para tensão normal alternada, os resultados são obtidos através de avaliação
experimental. Com isso, determina-se que o limite de resistência para 1000 ciclos em
tração-tração. Pode-se observar que os valores de resistência à fadiga para os diversos
tipos de carregamento também podem ser estimados a partir dos resultados de um ensaio
de tração.
Com base no que foi exposta, a resistência à fadiga de elementos mecânicos pode
ser calculada por:
n Fa.Ft . n´
Onde:
Fa = Fator de acabamento superficial ( tipo de superfície )
Ft = Fator Gradiente, que leva em conta o tamanho da peça
'
σn = Limite de resistência à fadiga obtido no ensaio de flexão
σn = Limite de resistência à fadiga corrigido
Conforme será visto nas figuras a seguir, as cargas variáveis podem ser:
alternadas, com tensão média nula, ou flutuantes, com tensão média diferente de zero.
Em ambos os casos a tensão que deve ser comparada com a resistência à fadiga é a semi-
amplitude de tensão, mostrada com o símbolo a na figura. O valor da tensão média para
o caso de tensões flutuantes é mostrado com o símbolo m. Goodman propôs um diagrama
denominado Diagrama de Vida Constante, apresentado.
3.10 – Fadiga para cargas flutuantes ou variáveis
A influência das tensões médias e alternadas na fadiga de uma peça foi idealizado
inicialmente por Goodman, que propôs o conhecido diagrama de Soderberg/Goodman.
3.12 - Conclusões
O processo de falha por fadiga em alto ciclo é complexo e o entendimento dos
conceitos envolvidos requer aplicação por parte do profissional de engenharia. Saber
projetar não está necessariamente entre os dons de todos os Engenheiros, mas esforçar-se
para aprender e buscar o melhor projeto é o mínimo que se espera desses profissionais. O
conhecimento do processo de falha por fadiga é um diferencial importante, que nem todos
os engenheiros se preocupam em ter. Este texto procurou dar a visão inicial desse tipo de
falha. Aprofundar-se é sempre necessário. Aprimorar-se? Ainda mais.
Não será somente esse texto que trará proficiência no tema, nem deixará de
contribuir para isso. Nunca é demais reforçar que o bom senso, a experiência e o
conhecimento formarão o engenheiro. Este texto é sobre conhecimento e, como tal,
atingiu seus objetivos.
Observação: O limite de resistência a fadiga obtido de um ensaio de flexão alternada de
uma barra polida de 7,62 mm de diâmetro, pode ser calculado conforme tabela abaixo;