E Book 4 Etica Profissional e Relacoes Interpessoais 1685367254

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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ÉTICA PROFISSIONAL
E RELAÇÕES INTERPESSOAIS

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 4

Brasília – DF
2022  
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ÉTICA PROFISSIONAL
E RELAÇÕES INTERPESSOAIS

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 4

Brasília – DF
2022  
2022 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2022 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Hishan Mohamad Hamida – Conasems Colaboração:
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Leandro Raizer – UFRGS Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
Educação na Saúde
Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
Departamento de Gestão da Educação na
Marcelo A. C. Queiroga Lopes – MS Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
Saúde
Musa Denaise de Sousa Morais – MS Marcia Cristina Marques Pinheiro –
Coordenação-Geral de Ações Educacionais
Roberta Shirley A. de Oliveira – MS Conasems
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO
Rejane Teles Bastos – SGTES/MS
700, 4º andar
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Direção técnica: Roberta Shirley A. de Oliveira– SGTES/MS
Tel.: (61) 3315-3394 Hélio Angotti Neto Rosângela Treichel – Conasems
E-mail: [email protected] Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS
Organização:
Secretaria de Atenção Primária à Saúde Núcleo Pedagógico do Conasems Assessoria executiva:
Departamento de Saúde da Família Conexões Consultoria em Saúde LTDA
Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar Supervisão-geral:
CEP: 70058-90 – Brasília/DF Rubensmidt Ramos Riani Coordenação de desenvolvimento gráfico:
Tel.: (61) 3315-9044/9096 Cristina Perrone – Conasems
E-mail: [email protected] Coordenação Técnica e Pedagógica:
Cristina Crespo Diagramação e projeto gráfico:
Secretaria de Vigilância em Saúde Valdívia Marçal
Aidan Bruno – Conasems
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO Alexandre Itabayana – Conasems
700, 7º andar Elaboração de texto: Bárbara Napoleão – Conasems
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Cristina Crespo Lucas Mendonça – Conasems
Tel.: (61) 3315.3874 Ygor Baeta Lourenço – Conasems
E-mail: [email protected] Fabiana Schneider Pires
Valdivia Marçal
Fotografias e ilustrações:
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS Biblioteca do Banco de Imagens do
MUNICIPAIS DE SAÚDE - Conasems Revisão técnica:
Conasems
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Andréa Fachel Leal – UFRGS
Sala 144 - Zona Cívico-Administrativo Diogo Pilger – UFRGS
CEP: 70058-900 – Brasília/DF Imagens:
Érika Rodrigues de Almeida – SAPS/MS
Tel.: (61) 3022-8900 Freepik
Fabiana Schneider Pires – UFRGS
José Braz Damas Padilha – SVS/MS
Núcleo Pedagógico Revisão:
Kelly Santana – Conasems
Rua Professor Antônio Aleixo, 756 Núcleo Pedagógico/Conasems
Lanusa Gomes Ferreira – SGTES/MS
CEP: 30180-150 - Belo Horizonte/MG
Tel.: (31) 2534-2640 Michelle Leite da Silva – SAPS/MS
Normalização:
Patrícia Campos – Conasems
Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Rubensmidt Ramos Riani – SGTES/MS
Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha
CEP: 90040-060 – Porto Alegre/RS Designer educacional:
Tel.: (51) 3308-6000 Alexandra Gusmão – Conasems
Juliana Fortunato – Conasems
Coordenação-geral: Pollyanna Lucarelli – Conasems
Adriana Fortaleza Rocha da Silva – MS Priscila Rondas – Conasems
Cristiane Martins Pantaleão – Conasems
Hélio Angotti Neto – MS

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Ética Profissional e Relações Interpessoais [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. - Brasília : Ministério da Saúde, 2022.
55 p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 4)

Modo de acesso: World Wide Web:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/programa_saude_agente_etica_relacoes_interpessoais.pdf
ISBN 978-65-5993-332-7

1. Atenção Básica em Saúde. 2. Prática profissional. 3. Ética profissional. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2022/0365


Título para indexação:
Professional Ethics and Interpersonal Relationships
BEM-VINDA (0)!

Este é o seu e-book da disciplina “Ética Profissional e Relações


Interpessoais”.

Este material visa apoiá-lo(a) no seu  processo de aprendizado sobre a


importância do estudo da Ética Profissional e das Relações Interpessoais
para a sua vida pessoal e prática profissional.

Nesta disciplina, você verá que o estudo desses dois temas relacionam-se
com a nossa forma de ser e como nos relacionamos com nosso
semelhante.

Leia o material com atenção e consulte-o sempre que necessário!


Lembre-se de acompanhar também as informações apresentadas na
aula interativa e de realizar as atividades propostas para assimilação das
informações apresentadas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS

ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio


PE - Pernambuco
SUMÁRIO

6 ÉTICA MORAL

12 VALORES HUMANOS E MORAIS

16 MANDAMENTOS DA ÉTICA

21 ELEMENTOS DA ÉTICA

23 CONSCIÊNCIA ÉTICA

CONDUTA ÉTICA
26

29 ÉTICA E CIDADANIA

32 ÉTICA NAS CULTURAS

ÉTICA NA EDUCAÇÃO
40

43 A CRISE NA ÉTICA

45 DILEMA

49 A PRÁTICA DE VALORES ÉTICOS PARA


O BEM COMUM

51 RETROSPECTIVA

55 REFERÊNCIAS
ÉTICA MORAL
ÉTICA MORAL
A origem da palavra Ética nos Comunitário de Saúde (2015) que
remete ao grego “ethos”, que precisam ser conhecidos e
significa modo de ser. Por refletidos em
outro lado, a palavra Moral sua prática profissional. 
tem a sua origem no
latim e vem de “mores”,  Nas palavras sintéticas de Boff
que significa costumes.  (2003), a Ética está ligada aos
princípios e leis como formadora
Entende-se, na atualidade, que de caráter (ligada ao modo de
a Moral refere-se a um ser); e o Moral, voltada aos
conjunto de normas que costumes, hábitos e maneira de se
regulam o comportamento do portar (ligada ao modo de agir). 
homem em sociedade. Tais
normas são adquiridas e Conforme Tiburi (2013), o campo 
assimiladas, desde o da  ética  começa com  nossas 
nascimento, pela educação, palavras:  por  meio de  ações 
pela tradição e pelo cotidiano.   como promessas, exposição de
  sentimentos, intenções,
Resumidamente, pode-se dizer, transmissão de informações,
então, que a ética é um conhecimentos, comunicações 
conjunto de valores e de  toda  sorte.
princípios destinados a
regular a conduta de um A  conversação cotidiana trata-se
indivíduo, de um grupo ou de de um campo  aberto à  ação
uma sociedade.  O profissional ética, todavia é território de 
Técnico em Agente guerra, ou  campo abandonado
Comunitário de Saúde, por por nossa consciência.  
exemplo, possui postulados em
seu Código de Ética do
Profissional Técnico em Agente

7
Dias (2014) afirma que a ética tem sempre no centro a pessoa
humana, a sua dignidade e igualdade fundamentais, o seu direito à
realização e à felicidade na sua vocação pessoal, organizacional e
comunitária. Percebemos assim, as razões pelas quais a ética se
tornou uma questão central do nosso tempo, mas também
condição do futuro para as pessoas, para a organização e para a
sociedade concreta, construída na base destes princípios e valores. 

Costumes Tradição

Normas
Comportamento

O termo Ética, conforme o Dicionário de Filosofia


(2021), representa a Ciência da conduta. Existem
três concepções fundamentais:

● Ética considerada como ciência do bem para o qual a conduta


dos homens deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim,
deduzindo tanto o fim quanto os meios da natureza do homem.

8
● Ética considerada como a ciência do fundamento da conduta
humana que procura determinar tal fundamento com o
objetivo de dirigir ou disciplinar essa conduta. 

● Ética é a busca de argumentos para que os outros façam aquilo


que nós acreditamos ser justo fazer. 

Ser ético, dessa forma, é agir em função do bem, combater os vícios e


as fraquezas, cultivar virtudes, proteger e preservar a vida e a
natureza. O agir ético envolve prestar atenção aos direitos da criança
e do adolescente, aos direitos da mulher, dos indígenas e das
minorias desfavorecidas, da pessoa idosa, do consumidor, do meio
ambiente, da informação e da privacidade, como também prestar
atenção ao racismo (CIMADON, 2005). 

Segundo Dias (2014), a ética investiga a fundamentação do agir, os


princípios e valores, a dimensão da interioridade dos atos, aquilo que
é mais pessoal enquanto a  moral indica ações e normas concretas.

No fundo, a ética é a ciência da moral e a arte de dirigir a conduta


das pessoas. 

Valores

Princípios

Respeito
Conduta

9
Traduzindo o verbete Moral da Enciclopédia de D´Alembert e
Diderot assim obtida segundo Romano (2001), p. 97: 

MORAL, s.f. (ciência dos costumes) é a ciência que nos prescreve


uma conduta sábia e os meios de a ela conformar os nossos atos.
Se é apropriado para as criaturas racionais aplicar suas
faculdades às coisas a que elas se destinam, a Moral é a ciência
própria dos homens. A ciência dos costumes pode ser adquirida
até um certo grau de evidência, por todos os que desejam usar a
sua razão, em todo estado em que encontrem. A mais comum
experiência da vida e um pouco de reflexão sobre nós mesmos e
sobre os objetos que nos envolvem por todos os lados bastam
para fornecer às pessoas mais simples as ideias gerais de certos
deveres, sem os quais a sociedade não poderia ser mantida.

10
Conforme Dias (2014), as ações desenvolvidas nas organizações
não podem prescindir dos comportamentos éticos, tanto pessoais
como coletivos, sob pena de não cumprirem os seus deveres. A
ética é um instrumento de conduta das responsabilidades sociais,
das obrigações da organização, para atingir os fins pessoais e
coletivos a que se propõe. 

Comportamento ético significa tratar os outros como gostaria que


o tratassem: com justiça e equidade. Portanto, agir eticamente,
tanto como cidadão ou dirigente de organizações, é ter um padrão
de relacionamento justo com os outros seres humanos, com o
mercado e o ambiente de negócios, incluindo funcionários,
fornecedores, clientes, consumidores e a comunidade (CIMADON,
2005).

O desenvolvimento da ética é muito


importante para a construção de
atitudes e comportamentos bastante
úteis nas relações pessoais e
institucionais. 

11
VALORES
HUMANOS E
MORAIS
VALORES HUMANOS
E MORAIS
O envolvimento das pessoas nas organizações é impossível
sem uma ética de responsabilidade individual e coletiva,
apoiada na moral e nos valores defendidos pelas regras
universais. As funções e os papéis das pessoas nas
organizações tornam-se efetivos quando todos se
envolvem no seu conjunto, pondo de parte o individualismo,
os interesses pessoais e se adotam comportamentos éticos
em consonância com os valores presentes nas realidades
que as integram (DIAS, 2014). 

13
Dias (2014) destaca a relevância atribuída à ética quando posta em
prática pelos membros das organizações, evidenciando que: 

● os princípios ligados à ética: justiça, honestidade, verdade,


respeito, dignidade e os direitos humanos são violados
constantemente pelas organizações com riscos prejudiciais
para as pessoas; 

● Ética não é apenas pessoal, mas é sobretudo coletiva; 

● A base de qualquer organização são as pessoas cujas


capacidades intelectuais lhes permitem seguir modelos de
pensamento, mas também de comportamento, mas que, no
entanto, estão sujeitas a influências que podem vir de diversos
ambientes tanto de dentro como de fora da organização; 

● As experiências podem ser boas ou más, os sucessos e


insucessos, conhecimentos que se interiorizaram, e continuam
a interiorizar, determinam os comportamentos que podem ser
identificados como éticos ou antiéticos; 

● As organizações além de uma estrutura física e financeira são


também compostas por estruturas ou sistemas humanos, o
que exige a integração de pessoas diferentes, com uma vida
própria que obriga a uma integração harmoniosa de todos os
seus membros com objetivos de sucesso das organizações; 

● A ética é condição necessária nas relações interpessoais que


somente se torna possível quando há confiança entre as
pessoas, que direta ou indiretamente, estão relacionadas com
a organização. 

14
Dias (2014) investiga os valores ético-morais nas organizações e
observa que:  

● os valores associados à ética exigem critérios de coerência,


empenho, comprometimento e verdade na e com a
organização; 

● a ética tem como objetivo integrar de forma harmoniosa os


recursos humanos, técnicos e financeiros, de modo a otimizar
os valores pessoais e sociais da e na organização; 

● a ética é a base de toda a atividade seja ela econômica,


política ou social; 

● a ética e a moral são um exercício nos negócios, os valores


sustentam o envolvimento das relações nas organizações onde
as responsabilidades se distribuem em função do lugar que
ocupam; 

● a conduta de um chefe, diretor ou responsável é muito maior


que aquela de um subordinado; 

● A ética e os valores, nas sociedades atuais, exigem muito no seu


segmento, porém dão um conforto considerável, uma
tranquilidade, às pessoas que investem em pô-los em prática.

15
MANDAMENTOS
DA ÉTICA
MANDAMENTOS
DA ÉTICA
Gabriel Chalita a partir de sua longa experiência desenvolveu dez
propostas, as quais ele chama de mandamentos essenciais,
universais e imprescindíveis para se levar uma vida de forma
ética, que são os seguintes (ALMEIDA, 2015):

17
O primeiro mandamento “Fazer o bem” demonstra que isto é a
finalidade da ética. Porém, fazer o bem representa fazê-lo sem egoísmo,
sem pensar em vantagens para si.  

Já o segundo mandamento consiste em “Agir com moderação” que,


para Chalita, consiste em equilibrar a excelência intelectual e a
excelência moral. A primeira diz respeito às faculdades intelectuais em
todos os campos que envolvem a razão. Contudo, não é interessante
apenas adquirir este tipo de conhecimento, o qual o autor diz ser
libertador, sem se comportar de acordo com a excelência moral, já que
ambas devem estar em equilíbrio. A excelência moral, de acordo com
Chalita, relaciona-se com o coração, com as emoções e afetos.  

O terceiro mandamento diz respeito a “Saber escolher”. Para Chalita, as


escolhas que fazemos revelam o nosso caráter. Porém, saber escolher
entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, não é algo tão fácil quanto
parece.

Nossas escolhas ainda revelam nossos conceitos e preconceitos. Um


dos elementos fundamentais para a escolha é a vontade, que pode ser
voluntária (quando uma pessoa tem consciência do que faz),
involuntária (quando uma pessoa é obrigada a realizar alguma ação da
qual é obrigada por alguma circunstância ou por outrem) e
não-voluntária (quando uma pessoa realiza uma ação da qual não tem
controle, não tem consciência). Saber escolher depende do equilíbrio
entre a razão e a emoção e deve ser sempre a favor do bem. Saber
escolher deve ser uma atividade reflexiva entre aquilo que queremos,
podemos e devemos.  

O quarto mandamento proposto por Chalita é “Praticar as virtudes”,


tais como: liberalidade (meio-termo entre a prodigalidade e a avareza),
magnificência (meio-termo entre a vulgaridade/ exibicionismo e a
mesquinhez), amabilidade (meio-termo entre os extremos das
manifestações de cólera: fúria e apatia), sinceridade.

18
(meio-termo entre o excesso de humor e o mal-humorado), o recato
(meio-termo entre a impudência e o acanhamento), a
justiça (meio-termo entre aqueles que julgam erroneamente e aqueles
que não se manifestam), temperança (meio-termo entre o omisso e o
agir por impulso) e coragem (meio-termo entre a covardia e a
temeridade). 

O quinto mandamento é “Viver com justiça”, considerada por Chalita


como a excelência mais completa, sinalizada pela consciência. Chalita
ainda discute a justiça distributiva e corretiva. A primeira diz respeito às
diferentes responsabilidades, atribuições e posses conforme o trabalho
que realiza, enquanto a segunda refere-se às relações interpessoais
entre duas pessoas ou dois grupos.  

“Valer-se da razão” é o sexto mandamento. Chalita considera a razão


em duas categorias: a primeira é a faculdade científica (verdades
imutáveis) e a segunda é a faculdade deliberativa ou

calculativa (coisas invariáveis e desconhecidas). Todas elas exigem um


comportamento ético, entretanto a segunda parece exigir mais, pois
segundo Chalita, diante de tantas incertezas, o ser- humano precisa se
adequar para viver em comunidade. Para o autor, ainda há cinco
disposições que compõem a racionalidade: a ciência, a técnica, o
discernimento, a inteligência e a sabedoria.

O sétimo mandamento, discutido por Chalita, propõe “Valer-se do


coração”, “controlar nossos impulsos interiores, as nossas emoções,
utilizando para isso nossos conhecimentos e nossas capaciddes de
deliberação e discernimento”. Chalita ainda comenta a incontinência e
a bestialidade, que, segundo ele, desvirtua aquele que busca a ética, já
que faz com que a emoção se sobreponha a consciência.  
 
O oitavo mandamento é “Ser amigo”, o qual é uma virtude e algo
necessário para o bom convívio em sociedade. Ninguém vive
totalmente isolado, por isso para conviver

19
com os outros é preciso cultivar O reconhecimento e a 
a amizade, pois ela é que nos
liga ao mundo. As amizades prática dos 10
vão se construindo pela mandamentos da
convivência.   ética, são condutas
O nono mandamento é fundamentais que
“Cultivar o amor” em que toda pessoa poderia
Chalita continua discutindo as pensar em ter, em
relações entre os amigos, que
segundo ele, os amigos são busca de conviver bem
pessoas que realmente consigo e em
amamos e aos quais é preciso sociedade.
dedicar-se plenamente.  
 
O décimo mandamento, é “Ser
feliz”, segundo Chalita seria
muito mais uma consequência
dos outros mandamentos do
que um próprio, um prêmio
para aquele que pratica as
excelências e vive de forma
ética. 

20
ELEMENTOS DA
ÉTICA
ELEMENTOS DA
ÉTICA
Segundo o Dicionário de Filosofia (2021), existem três concepções
fundamentais para a Ética, tais como:

1 - A que a considera a Ética como a ciência do


bem para o qual a conduta dos homens deve
ser orientada e dos meios para atingir tal fim,
deduzindo tanto o fim quanto os meios da
natureza do homem.

2 - A que considera a Ética como a ciência do


fundamento da conduta humana e procura
determinar tal fundamento com o objetivo de
dirigir ou disciplinar essa conduta.

3 - A de que a ética é a busca de argumentos


para que os outros façam aquilo que nós
acreditamos ser justo fazer.

A ética como ciência apresenta fundamentos e auxilia os seres


humanos na elaboração de argumentos para as condutas
humanas.

22
CONSCIÊNCIA
ÉTICA
Romano (2001, p. 103) menciona a importância de não ressaltar o
mérito da fé às expensas da moral, pois embora a fé seja
necessária para todos os cristãos, a moral supera a fé em
diversos pontos como os a seguir citados:

a) Porque estamos em condições de fazer o bem, e nos


tornarmos mais úteis ao mundo pela moral sem a fé, do que pela
fé sem a moral;
 
b) Porque a moral possibilita maior perfeição à natureza
humana, pois tranquiliza o espírito, acalma as paixões, adianta a
felicidade de cada um em particular;

c) Porque a regra para a moral é ainda mais certa do que a da


fé, visto que as nações civilizadas do mundo concorram sobre os
pontos essenciais da moral, enquanto diferem na mesma
intensidade nos da fé;

d) Porque é conveniente em geral que um incrédulo virtuoso


possa ser salvo, sobretudo no caso de ignorância invencível,
enquanto não há salvação para um crente vicioso.

Com relação à atuação profissional, Miguel (2017), afirma que a


formação de uma consciência ética e moral na sociedade não
envolve somente o profissional e a empresa, mas sim cada
pessoa que está envolvida naquela sociedade, e principalmente
aqueles profissionais a quem são atribuídas as maiores
responsabilidades.

24
Conforme Miguel (2017), todos devemos assumir nosso papel
contribuindo por um objetivo comum que é o de exterminar
estas redes de corrupção e imoralidade e, especificamente, o
profissional que considerar os princípios éticos como
fundamental em todas as suas escolhas, ações e decisões, verá
que a sua vida profissional terá mais qualidade não somente
técnica, mas também humana.

Esta postura baseada em princípios éticos irá se estender a


todos que o cercam em sua vida pessoal, seus colegas de
trabalho e também aos demais níveis da organização onde
trabalha. A atividade profissional fica impossível de ser
exercida sem a ética, porque ela é a base de toda atividade
econômica e é fundamental para o desenvolvimento do
homem e das organizações.

A prática da ética na profissão insere-se


nos deveres relativos à responsabilidade
que cada um tem no seu trabalho, ela
não é enganosa e nem abusiva. Ferir a
ética pode significar violar as leis dos
deveres profissionais (MIGUEL, 2017).

25
CONDUTA ÉTICA
Sobre as Condutas Éticas com o paciente, Miguel (2017),a partir de
sua vivência profissional, afirma em seu artigo que muitos
profissionais da saúde têm condutas inapropriadas quanto à ética e
mesmo à moral. Alguns profissionais, muito frequentemente mentem
sobre os efeitos fisiológicos e benefícios terapêuticos, conduzindo os
pacientes, que são leigos, a realizarem tratamentos ou pacotes
terapêuticos desnecessários, indevidos ou mesmo iatrogênicos, ou
seja, qualquer alteração patológica provocada no paciente pela má
prática médica.

Conheça sobre as condutas éticas na equipe


multidisciplinar!

Segundo Miguel (2017), o conhecimento na área da saúde tem


crescido de forma avassaladora nas últimas décadas, levando a um
incremento considerável dos conteúdos, artigos e relatos clínicos ou
científicos sobre as mais diversas especialidades e disciplinas em
saúde. Desta forma, cada vez mais, um único problema de saúde em
um dado paciente tem merecido a assistência conjunta de vários
profissionais.

A atuação mútua em colaboração de vários profissionais em prol


da recuperação de um paciente torna necessário o estabelecimento
de políticas éticas para o relacionamento entre esses profissionais,
diminuindo assim possíveis atritos que possam interromper um
sincronismo e uma harmonia que possam ser vitais para a saúde e a
qualidade de vida dos pacientes.

27
E você, como tem se comportado frente às
situações em seu local de trabalho?
A ética no cotidiano está profundamente ligada ao respeito ao próximo,
não apenas no nível profissional. Isso inclui cortesia, honestidade,
princípios, que estão presentes em várias situações do dia a dia e se
traduzem em dar passagem no trânsito, abrir uma porta, dar um lugar
para um idoso no ônibus, respeitar (embora discorde) a opinião alheia,
não se apoderar do que não lhe pertence, entre outras atitudes, que hoje
são consideradas de outro mundo, mas que fazem deste mundo aqui um
lugar melhor.

A ética no cotidiano está profundamente ligada ao respeito ao próximo,


e não apenas a nível profissional, externo. Faz parte da vida.

28
ÉTICA E
CIDADANIA
ÉTICA E
CIDADANIA
Segundo Pasa e Nogaro (2010), Ela é histórica e construída
a ética e a humanidade são socialmente, tendo como base
como princípios de cuidado, referencial as relações
amor e responsabilidade em humanas coletivas.
relação às outras pessoas e ao
entorno que cerca cada um e a É percebível que a ética
todos, considerando-se a procura equilibrar a conduta
dimensão global. O sentido de do cidadão, do profissional e,
humanidade está inserido na principalmente, do político,
ética em toda sua dimensão e suscitando nesses indivíduos
ambas constituem-se em uma profunda reflexão,
pilares-mestre para o agir incitando-os ao cumprimento
cotidiano do ser humano, já da responsabilidade e à
que a existência de cada um realização de previsões das
aqui na Terra só se realiza na supostas consequências
comunhão com a vida dos resultantes de suas decisões.
demais seres do planeta. No mundo globalizado e nos
países capitalistas, onde há a
Segundo Bastos (2017), não ganância desenfreada e o
poderia haver cidadania se a imensurável egocentrismo,
ética deixasse de ser cumprida. cresce, substancialmente, a
O cidadão ético é aquele que necessidade das instituições
sabe buscar os seus direitos e educacionais contribuírem
os seus benefícios sociais em com a formação integral dos
conformidade da lei. A ética indivíduos e, portanto, com o
deve ser compreendida como favorecimento da construção
crítica reflexiva e responsável da ética dos sujeitos.
pela conduta humana em
todos os setores sociais. Na medida em que os anos
passam, no mundo

30
pela sociedade a que ele
globalizado, nos países
pertence pois, ele procura
capitalistas e os das
fundamentar as suas ações
tecnologias de ponta,
morais de acordo a razão.
observa-se, com frequência, o
Contudo, em meio a essa
rompimento das ações e o
gama de influências, atitudes e
atropelamento à dignidade
comportamentos negativos e
humana sem nenhum receio
corrompedores vivenciados no
ao descumprimento da ética.
ambiente hodierno, a ética
deve apresentar-se bastante
No entanto, para que a
consistente para não se
dignidade seja imposta e a
desnortear.
cidadania efetivada, faz-se
necessário que a ética seja
Contudo está nitidamente
buscada, uma vez que ela
percebível que a ética é algo
exige a apregoação do
que se constrói ao longo da
respeito mútuo, da justiça, da
vida.
solidariedade e do diálogo. A
dimensão da ética favorece a
Certas normas que,
plena formação e construção
anteriormente, eram exigidas,
do sujeito cidadão
atualmente passaram a ser
permitindo-lhe compreender a
cumpridas pelo
sua importância como
reconhecimento de sua
membro social.
importância, como o exemplo
do professor Cortella: “quando
O cidadão que exerce sua
o uso do cinto de segurança
ética preserva a estreita
passou a ser de
relação humanizadora em
obrigatoriedade, alguns
seus diferentes contextos –
motoristas, para atropelar a lei,
econômico, político, social,
usavam camisas do Vasco, por
educacional etc., além de
apresentarem uma tarja preta
assumir o caráter da cidadania
e coincidir com o cinto, para
coletiva. Viabilizar a educação
confundir os agentes de
ética é, ao mesmo tempo,
trânsito. Hoje ao entrar no
proporcionar aos educandos o
veículo, a primeira coisa que se
combate ao preconceito e à
faz é colocá-lo sem, no
discriminação de várias
entanto, se precaver de multa
naturezas, valorizando o
mas da própria segurança”.
diálogo com os presentes em
Portanto, conclui-se que a ética
seu meio social.
vai se construindo a partir da
conscientização no dia a dia.
A ética de um indivíduo é
sempre observada e admirada

31
ÉTICA NAS
CULTURAS
ÉTICA NAS
CULTURAS
Silva (2014) afirma que buscavam colocar a natureza
somente o ser humano possui a seu dispor, mas, devido aos
comportamento moral, pois é o rudimentos dos instrumentos, a
único ser histórico, social e natureza ainda prevalecia, se
prático, que transforma apresentava a eles como um
conscientemente a natureza, mundo estranho e hostil. Para
ao mesmo tempo em que enfrentar esse poder hostil e
transforma sua própria dominá-lo, era preciso reunir
natureza. Sendo a moral um todos os esforços e multiplicar
conjunto de normas e regras o poder dos seres humanos.
que regulam as relações das Dessa forma, o trabalho
pessoas em uma determinada adquire, necessariamente, um
sociedade, ela não pode ser, caráter coletivo e o
por sua vez, uma manifestação fortalecimento dessa
eterna e imutável, pois é uma coletividade se transforma em
parte do processo de uma necessidade vital, pois é a
transformação que constitui a partir deste trabalho coletivo, e
história da humanidade e está da vida social, que se garante
sujeita a ele, variando a subsistência da comunidade.
historicamente nas diferentes Para garantir essa coletividade
sociedades. surgem normas, mandamentos
ou prescrições não escritas,
Segundo Silva (2014), cada baseadas nas qualidades ou
sociedade possui uma moral, atos dos membros da
de acordo com as relações comunidade. Dessa forma,
sociais de produção da época, nasce a moral, com o propósito
sendo a ética o estudo dessa de garantir a concordância do
moral. Nas comunidades comportamento de cada
primitivas, os sujeitos já

33
sujeito aos interesses coletivos, E, do ponto de vista econômico,
o que leva a ser considerado a escravidão torna-se uma
bom ou proveitoso aquilo que necessidade social,
contribui para reforçar a união caracterizada na aparência
ou atividade comum da como respeito à vida dos
comunidade, e a ser prisioneiros de guerra, que
considerado mau ou perigoso anteriormente eram mortos.
o oposto, aquilo que vai contra
a união, como o isolamento ou Na Atenas da Antiguidade, a
a dispersão dos esforços. moral estava relacionada com
a política, entendida como
Com o aumento geral da técnica de dirigir e organizar
produtividade do trabalho, racionalmente as relações
através do desenvolvimento da entre os membros da
criação de gado, agricultura e comunidade. Por isso há
trabalhos manuais, elevou-se a necessidade de exaltar as
produção material, passando a virtudes cívicas, como
existir uma quantidade de fidelidade e amor à pátria,
produtos excedentes, que valor na guerra, dedicação aos
podiam ser estocados por não negócios públicos acima dos
serem exigidos imediatamente particulares, sendo
para a subsistência. Dessa fundamental, do ponto de vista
forma, foram criadas as moral, a compreensão de que
condições para que surgisse a existia um domínio pessoal,
desigualdade de bens entre os porém este era inseparável da
membros da comunidade, que comunidade, o que conduzia a
até aquele momento eram uma consciência da
repartidos com igualdade, de responsabilidade de cada
acordo com as necessidades membro da comunidade como
de cada um. Essa parte de uma conduta moral
desigualdade tornou possível a autêntica. Já na sociedade
apropriação privada dos bens medieval, a moral estava
ou produtos do trabalho alheio. impregnada de conteúdo
A partir do surgimento desse religioso, devido à existência de
excedente na produção que um papel principal da Igreja na
aparecem os escravos, ou seja, vida da sociedade, e como
novas forças de trabalho, que esse poder eclesiástico era
permitem aumentar ainda aceito por todos os membros
mais a produção. da comunidade, de todas as

34
distintas classes existentes, A promoção da atenção
esse conteúdo religioso primária em saúde coincidiu
garantia certa unidade moral. com uma turbulência política
global e o início de movimentos
Apesar desta coesão moral, de libertação nacionais em
cada classe possuía sua moral muitos países em
própria, com exceção dos desenvolvimento.
servos, considerados sem
moral destacando-se a moral Nesse processo, o então
de uma classe dominante da Diretor-Geral da Organização
época, a aristocracia. A moral Mundial da Saúde, Halfdan
dessa classe exaltava o ócio e Mahler, desempenhou um
a guerra, ao mesmo tempo em papel fundamental na
que desprezava o trabalho reformulação do problema de
físico. Além disso, a moral cobertura de saúde,
cavalheiresca partia da deslocando a questão de uma
premissa de que o nobre já abordagem puramente técnica
possuía qualidades morais que para uma baseada em
o distinguia das outras classes, princípios éticos e políticos.
devido a sua linhagem Mahler defendeu a mobilização
sanguínea e, portanto, somente da comunidade e uma
o nobre possuía realmente abordagem comportamental
uma moral, diferentemente do baseada na responsabilidade
servo, que não podia levar uma individual, de forma que a
vida realmente moral, pois era reforma do sistema de saúde
aquele que se dedicava ao tornou-se uma estratégia
trabalho físico. global para a mudança social.

À medida que os países Mais recentemente, OPAS


evoluíram para governos (2017) analisando o período
democráticos, na região das 2012-2017 reforça que os
Américas, a Organização fatores sociais, como a
Pan-Americana da Saúde – instabilidade política, a
OPAS, lançou a criação de violência, os conflitos armados
sistemas locais de saúde, e as desigualdades têm um
fortalecendo as ações efeito negativo sobre a saúde
intersetoriais como nova e o desenvolvimento, de forma
abordagem para a saúde que a saúde e o
pública (OPAS, 2012). desenvolvimento sustentável

35
ganham uma dimensão ética que os conecta com a saúde
universal. Dessa forma, a saúde da população deixa de ser um
simples fator causal ou um aspecto aleatório do desenvolvimento
econômico e se transforma em um componente essencial pois o
propósito do desenvolvimento é melhorar as condições para o
pleno gozo da saúde e do bem-estar da sociedade, de maneira
equitativa e não excludente.

A saúde não é apenas um direito indispensável,


mas também uma das condições para que
possamos gozar plenamente de outros direitos.

A Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) para o


Desenvolvimento Sustentável reflete esse conceito ao propor uma
visão universal, integrada e indivisível que expressa claramente a
natureza interconectada da saúde humana e do bem-estar com o
crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental.

Essa ambiciosa Agenda definirá o curso das políticas públicas nas


próximas décadas, e a realização dos seus objetivos exigirá mais
abordagens colaborativas para fazer frente às desigualdades nas
dimensões sociais, ambientais e econômicas do desenvolvimento
da Região, incluindo uma visão intergeracional clara.

No período de 2012 a 2017, atingiu-se o ponto culminante dos


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e, nesse contexto,
a América Latina e o Caribe fizeram avanços importantes contra a
pobreza e a miséria, a fome e a mortalidade de lactentes e
crianças. Mas os desafios ainda persistem. Entre eles, destacam-se
as profundas disparidades de saúde que afligem a região.

36
Muitos indivíduos na América Latina e no Caribe carecem de acesso à
atenção básica à saúde. As desigualdades nos resultados de saúde
estão presentes desde o princípio da vida e são moldadas pela
interseção de características como condição socioeconômica, gênero,
raça, etnia e local de residência (OPAS, 2017).

A Saúde Pública apresenta como


missão proporcionar um ótimo nível
de saúde às pessoas e à população;
distribuir, de forma equitativa, o nível
de saúde e proteger as pessoas dos
riscos de adoecer. Como Princípios
Éticos da Saúde Pública, a
promoção da justiça e da equidade;
o respeito à dignidade humana;
promoção do bem-estar da
população e respeito e estímulo à
autonomia (FORTES, 2007).

Neste contexto, Schuh e Albuquerque (2009) sustentam a necessidade


do ensino da ética aos profissionais da saúde, considerando-o como
fator de suporte e balizamento na formação do caráter, indispensável
ao controle da vida e a manipulação do semelhante.

37
Para as autoras, quando se fala em ética, se está vislumbrando uma
sociedade mais justa, onde a dignidade, os valores morais e culturais
dos indivíduos sejam respeitados, nos mais diversos espaços de
atendimento à saúde.

Para alcançar a responsabilidade estratégica, é necessário acolher a


colaboração dos especialistas nas mais diversas áreas, respeitando a
multidisciplinaridade, promovendo a educação permanente, visando a
humanização da prática médica.

Conheça uma ação de


integração dos agentes
realizada no município
paraibano Barra de
Santana (PE). Clique no
link abaixo.

38
É importante compreender o amadurecimento da vivência da
ética na cultura de uma sociedade e no aspecto da saúde em
particular.

Segundo Monte (2002), o estudo da ética na prática médica tem


sua importância sobre o aspecto funcional das sociedade, pois
além de permitir o estabelecimento de normas para a
convivência pacífica entre as pessoas, a ética orienta os
profissionais para o respeito aos interesses dos indivíduos.

39
ÉTICA NA
EDUCAÇÃO
ÉTICA NA
EDUCAÇÃO
Oliveira, Caminha e Freitas cumprimento às regras e
(2010) analisam que a escola normas é condição suficiente
deve exercer um papel para constituir um indivíduo
fundamental nas discussões como correto, mas não para
em torno da moralidade. torná-lo um sujeito moral; de
Afirmam que a escola, como que ninguém se forma sujeito
instituição educacional, foi moral por obrigação, mas sim
constituída, ao longo do tempo, por desejo, por reconhecer em
cumprindo o papel de determinada regra um
transmissão-assimilação de significado moral; de que
conteúdos tradicionais e compete à escola despertar
desconsiderando, muitas vezes, nos alunos o desejo de ser um
o aspecto sociocultural sujeito moral; de que a escola
impregnado no cotidiano pode ser um lugar de
escolar, reflexionando sobre o experiências compartilhadas
espaço escolar como um na perspectiva da convivência
espaço voltado à educação digna e justa; de que a
moral, à convivência que, com educação pode oferecer
o compartilhar com o outro, oportunidades significativas
possibilite a aquisição de para os educandos,
valores morais formadores de contribuindo na formação de
sujeitos éticos e solidários. sujeitos que primem por
condutas cooperativas, justas e
A partir de uma ampla respeitosas.
investigação, os autores
alcançam algumas Segundo Bastos (2017), tanto a
conclusões: de que a ética quanto a moral são
moralidade está associada ao assuntos que devem ser
sistema de regras que trabalhados no ambiente
conduzem as condutas, os escolar com o intuito de
valores e as ações inseridas nortear o comportamento dos
numa dada cultura ou indivíduos na sociedade em
sociedade; de que o que vivem.

41
Por ser a escola a verdadeira educandos, explicitando regras
formadora de cidadãos, e valores através dos
cabe-lhe a tarefa de orientar o professores, do material
comportamento ético e moralista didático pedagógico, do
dos seus educandos. A partir do comportamento e da
momento em que o indivíduo hibridização de costumes e
não adulterar documentos ou saberes dos alunos. A ética é,
produtos para obter vantagens, pois, um objeto de reflexão que
tratar as pessoas com respeito, contribui com o convívio da
não falar palavrões etc., estaria pluralidade em todos os
cumprindo com as normas da setores públicos, inclusive nas
ética e da moral adquiridas na instituições educacionais,
instituição educacional. principais formadoras da
cidadania.
Para o autor, os educandos
devem ter em mente a
importância do caráter
democrático da sociedade,
levando em consideração a
promoção da liberdade, do
respeito e da tolerância para
vivenciar a diversidade que lhes
rodeia. Nesse contexto, cabe a
escola orientar e viabilizar meios
que possam, de fato, tomar parte
nessa construção e tornarem-se
livres para pensarem e tomarem
decisões. Considera-se que além
da família, a escola é o espaço
extremamente propício para a
formação ética do cidadão,
tendo em vista, que ela participa
da formação dos seus

42
A CRISE NA
ÉTICA
A CRISE NA
ÉTICA
Conforme Senra (2006), o Pasa e Nogaro (2010), afirmam
problema da crise ética que a história da humanidade
remonta às origens do é marcada por diversas crises
pensamento ocidental e e, é pela superação das crises,
trata-se de uma crise de que o ser humano pode
metas, de valores e de sentido alcançar um novo estágio
vivida também na atualidade, evolucionário.
embora seja uma
característica de todos os A crise deve ser analisada
tempos. A situação do ser como uma oportunidade de
humano na construção de si e reflexão e mudanças visando
do mundo tem que se ver, uma superação e mudanças
nessa tarefa, como um positivas.
material de difícil compreensão
e manuseio.

É preciso perguntar-se sobre o


significado dessa crise e o que
ela sinaliza. Em todo caso, é
necessário compreender que
se trata de um processo, de um
contínuo aprimoramento e
ultrapassagem das atuais
condições humanas e sociais.
O desafio ético nos dias atuais
tem a ver com nosso
compromisso com a vida e
com o mundo e essa crise se
mostra como falta de meta,
falta de sentido, falta de valor,
que residem no mundo e
habita em nós.
 

44
DILEMA
DILEMA
Segundo Bastos (2017), o cumprimento da ética torna-se, às
vezes, complexo diante de um dilema. Por exemplo: dever-se-ia
roubar ou não um remédio, cujo preço é inacessível, mas
precisar-se-ia salvar alguém, e que, sem ele, morreria? Quem
deveria ser privilegiado, a vida ou a propriedade privada? Esses
desafios deveriam ser apresentados aos alunos para discussões
a respeito do cumprimento ético no contexto histórico social.
“Uma escola ética é aquela que orienta os seus educandos a se
comportarem com honestidade, retidão e responsabilidade para
a efetivação dos princípios morais na sociedade em que eles se
encontram inseridos.”

Bastos (2017) apresenta a reflexão:


será que poderia criticar os outros
aquele que não age com os
princípios éticos ou morais? A
partir do momento em que se
chega a uma fila e que procura-se
atendimento antecipado, sem
nenhuma justificativa de
prioridade, “jeitinho brasileiro”,
estaria, de certa forma,
descumprindo com o dever social
e ao mesmo tempo asfixiando a
norma ética.

46
Da mesma sorte, quando se recebe um
troco com erro de superávit e não se
preocupa com a sua devolução, uma vez
que o princípio ético exige que não se
deve pegar ou usufruir aquilo que não lhe
pertence, aconteceu a burlação da
eticidade. Semelhante as quebras de
regras de uma instituição, que deveriam
ser discutidas apenas no lócus ou o
apunhalamento a terceiros quando
esses não se fazem presentes para se
defenderem.

Segundo Nunes-Neto e Conrado (2021), o ser humano possui uma


tendência natural em atender, antes de qualquer coisa, seus
interesses próprios, subjugando, em segunda instância, a concepção
de coletividade e convívio social.

Quando visa crescimento próprio, seja aumento de rendimentos ou


subir na hierarquia de sua profissão, pode se utilizar de práticas
viciosas que o conduza ao status almejado. Nesse sentido, o
profissional pode chegar a cometer infrações que venham a
prejudicar, não só, o seu cliente, mas, também, os colegas de classe,
as organizações e a sociedade como um todo. A ética está, pois,
relacionada à opção, ao desejo de realização da vida do homem
enquanto profissional, mantendo, este com os outros, relações justas
e aceitáveis.

Segundo Koerich, Machado e Costa (2005), para a abordagem de


conflitos morais e dilemas éticos na saúde, a Bioética se sustenta em
quatro princípios que devem nortear as discussões, decisões,
procedimentos e ações na esfera dos cuidados da saúde. São eles:
(1)beneficência; (2)não-maleficência; (3)autonomia e (4)justiça ou
equidade.

47
O princípio da beneficência relaciona-se ao dever de ajudar aos outros,
de fazer ou promover o bem a favor de seus interesses. Reconhece o
valor moral do outro, levando-se em conta que maximizando o bem do
outro, possivelmente pode-se reduzir o mal.

Já o princípio de não-maleficência implica no dever de se abster de


fazer qualquer mal para os clientes, de não causar danos ou colocá-los
em risco. O profissional se compromete a avaliar e evitar os danos
previsíveis.

Autonomia, o terceiro princípio, diz respeito à autodeterminação ou


autogoverno, ao poder de decidir sobre si mesmo. Preconiza que a
liberdade de cada ser humano deve ser resguardada. Esta
autodeterminação é limitada em situações em que “pensar diferente”
ou “agir diferente”, não resulte em danos para outras pessoas. A
violação da autonomia só é eticamente aceitável, quando o bem
público se sobrepõe ao bem individual.

O princípio da justiça relaciona-se à distribuição coerente e adequada


de deveres e benefícios sociais.

Dessa forma, todo cidadão tem direito à assistência de saúde, sempre


que precisar, independente de possuir ou não um plano de saúde.

48
A PRÁTICA DE
VALORES ÉTICOS
PARA O BEM
COMUM
A PRÁTICA DE
VALORES
ÉTICOS PARA O
BEM COMUM
Sobre a prática da ética para o Quando uma pessoa
exercício da cidadania, Bastos preocupa-se em praticar o
(2017) afirma que é a partir da bem, fazer o certo e ser justo
atividade ética que se em suas ações na própria
materializa tanto a cidadania comunidade, a prática do
quanto a qualificação do dever individual e social se
indivíduo, pois elas são consolida. É essa
construídas e refletidas pelas homogeneidade do trabalho
suas práticas e ações diárias. executado que habilita o
exercício da cidadania em
Para o autor, os princípios meio a classe social que o
éticos nascem de um homem pertence.
sentimento social com a  
apregoação do respeito, da Conforme (NUNES-NETO;
honestidade e da solidariedade CONRADO, 2021), muitas são as
aos seus semelhantes. O virtudes que um profissional
progresso humano se dá a precisa ter para que
partir da valorização do desenvolva, com eficiência e
trabalho, da fraternidade e eficácia, suas atividades.
principalmente da liberdade. Algumas dessas virtudes estão,
Dessa forma, a ética vai intimamente, ligadas ao
interferindo, orientando e caráter do profissional; outras
conduzindo o homem ao podem ser adquiridas com
cumprimento de sua função esforço e boa vontade,
social e, consequentemente, de aumentando, desta forma, o
sua cidadania. O mérito do profissional que
comportamento do indivíduo consegue aliar tais qualidades
em sociedade deve ser a sua personalidade e
ajustado buscando sempre um profissionalismo.
desempenho virtuoso em prol
do bem comum.

50
RETROSPECTIVA
Nesta disciplina, abordamos um tema tão intrigante e necessário na nossa
sociedade atual, a ética. Você pôde perceber que ela acompanha o
desenvolvimento das sociedades humanas em todos os tempos.

Além disso, você também viu sobre a nossa responsabilidade ética como
pessoas e profissionais e sobre os valores, por exemplo, de justiça,
honestidade, verdade, respeito, dignidade e direitos humanos, como parte
da nossa existência e prática profissional.

Após realizar os estudos do e-book e de participar das atividades


propostas, exercite o seu protagonismo. Busque informações sobre essa
temática para recordar, refletir e se preparar previamente para ampliar
seus conhecimentos em nossa próxima aula.

Fique atento(a): para aprovação na disciplina você deve obter 60% dos
pontos distribuídos. Portanto, participe das atividades avaliativas
propostas e, em caso de dúvidas, acione seu tutor.

No nosso próximo encontro, daremos início aos estudos da disciplina


“Política Nacional de Educação Permanente e Educação Popular em
Saúde”.

Até lá!

52
REFERÊNCIAS
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In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2., 2015, Campina Grande. Anais
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FORTES, P. A. C. Ética da saúde pública. Rio de Janeiro: Escola Nacional de


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OLIVEIRA, G. M. de; CAMINHA, I. de O.; FREITAS, C. M. S. M. de. Relações de


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PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Saúde nas Américas, edição 2012: volume
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55
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br

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