Desenvolvimento de Sistema Embarcado para Biossensores
Desenvolvimento de Sistema Embarcado para Biossensores
Desenvolvimento de Sistema Embarcado para Biossensores
Maringá
2022
Universidade Estadual de Maringá
Maringá
2022
Universidade Estadual de Maringá
Banca examinadora:
Agradeço ao meu orientador por ter abrido as portas do conhecimento para a área
de Engenharia Biomédica, um campo ao qual me encontrei durante a graduação e obtive
experiências tanto técnicas quanto profissionais. Possuo muita gratificação pelo constante
apoio e compartilhamento de informações durante a pesquisa, realizada desde 2020, até o
momento de revisão desse documento.
Ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá
(DEQ - UEM), pelo suporte de infraestrutura disponibilizado para a realização dos testes
desse projeto.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo investi-
mento fornecido durante o período de projeto (2021/2022).
Aos professores do curso de Engenharia Elétrica, mesmo diante de uma infraestru-
tura insuficiente e baixa quantidade de efetivos, fornecem uma ótima qualidade de ensino,
buscam meios para contornar essas dificuldades e inspiram alunos a se desenvolver em
suas futuras profissões.
Ao Ramo Estudantil IEEE UEM por ter fornecido grandes amizades, meios para
obtenção de conhecimentos externos à graduação e capacitação profissional.
Aos meus pais que sempre me apoiaram durante todo o período de graduação.
Resumo
Os biossensores são dispositivos que realizam a leitura ou quantificação de um determinado
composto biológico, sendo ele chamado de analito-alvo. Podem se tornar uma alternativa
aos exames realizados em laboratórios de análises clínicas, em consultórios médicos ou por
agentes de saúde em visitas às residências de pessoas que vivem em regiões remotas do país.
Os meios para realizar a leitura, se baseiam em métodos eletroquímicos com o objetivo
de estipular a concentração, aliado a um monitoramento de substâncias em tempo real,
intensificando o controle e reduzindo complicações de possíveis doenças, como relacionadas
à Diabetes mellitus. O desenvolvimento e criação do circuito auxiliam projetos futuros
relacionados à biossensores vestíveis, principalmente na busca pelo monitoramento em
tempo real de biomarcadores. Faz parte do desenvolvimento desse projeto a construção de
circuito impresso, o qual possibilita realizar voltametria cíclica e cronoamperometria com
o objetivo de ser aplicável em biossensores amperométricos. Para o primeiro módulo neces-
sitará de um potenciostato programável (LMP91000, Texas Instruments) sendo controlado
por um o microcontrolador (ATmega168PA-MU, Atmel®). Em um segundo protótipo,
as informações gráficas de voltametria cíclica e cronoamperometria serão ilustradas em
uma interface gráfica via smartphone e para o controle do sistema, o microcontrolador
STM32L031G6U6 produzido pela ST Microelectronics. Os dados serão transmitidos por
uma antena NFC e interpretados pelo aplicativo contido no smartphone. O transdutor
apresenta características eletroquímicas, pois fará uso de eletrodos impressos de carbono
e Ag/AgCl para verificar o funcionamento do circuito através da concentração do íon
ferricianeto. Além disso, a portabilidade e acessibilidade são quesitos fortes para o projeto,
ficando na vanguarda de dispositivos pertencentes a era dos SIoT (Sensor Internet of
Things).
IgY Imunoglobulina Y
CI Circuito Integrado
S Substrato
ES Complexo Enzima-Substrato
P Produto
NZ Nanozeólitas
CE Contra eletrodo
RE Eletrodo de referência
WE Eletrodo de trabalho
VC Voltametria cíclica
T Temperatura em Kelvin
k Constante de velocidade
V Velocidade da reação
k Constante de Boltzmann
h Constante de Plank
V0 Velocidade inicial
Km Constante de Michalis-Menten
F Constante de Faraday
Dj Difusividade do eletrodo
P Permeabilidade
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.1 Objetivos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 Funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.1 Enzimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.1.1.1 Reação Enzimática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.1.1.2 Sítio Ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.1.3 Velocidade e o Equilíbrio da Reação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.1.4 Cinética Enzimática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.1.5 Equação de Michaelis-Menten . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.1.6 Glicose Oxidase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.1.1.7 Reação Enzimática - Glicose Oxidase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.1.8 Mecanismo da Reação - Glicose Oxidase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.1.1.9 Imobilização de Enzimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.1.2 Eletroquímica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.1.3 Potenciostato AFE (Analog Front End) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.4 Métodos eletroquímicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.1.5 Near Field Communication (NFC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1.5.1 Energy Harvesting . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2 Classificação de biossensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2.1 Suor como fonte de biomarcadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.1.1 Glândula sudorípara écrina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.1.2 Células e suas funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.1.3 Mecanismo e Biofísica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.1.4 Lei de Fick da Difusividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Materiais e métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.1 Processamento do sinal eletroquímico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2 Desenvolvimento do firmware inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.3 Testes de voltametria cíclica e cronoamperometria . . . . . . . . . . 50
3.4 Protótipo final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.5 Definir módulo comunicação NFC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.6 Definir módulo de alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.7 Desenvolvimento do aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Resultados e Discussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1 Módulo responsável pelo processamento do sinal eletroquímico . . . 56
4.2 Desenvolvimento do programa em relação à cronoamperometria e à
voltametria cíclica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.3 Testes de voltametria cíclica e cronoamperometria . . . . . . . . . . 60
4.4 Definir módulo potenciostato AFE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5 Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.1 Análise do módulo de alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.2 Correções para a segunda versão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.5.3 Firmware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.6 Desenvolvimento do aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
6 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Cronograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
17
1 Introdução
computacional (CALIL, 2011). Sendo assim, é dado como eixo deste estudo, os processos
eletroquímicos envolvidos, o circuito e controle responsável por essas operações.
Com o avanço dos biossensores, teve-se a necessidade de desenvolver produtos de
uso contínuo, com isso surge a solução de vestir esses sensores com o objetivo de conquistar
o monitoramento em tempo real. Os sensores eletroquímicos vestíveis empregam um
sistema de eletrodos para a detecção de íons na pele ou a partir de reações ocorridas no
transdutor. Em biossensores amperométricos o sistema básico de células eletroquímicas se
baseia em eletrodos flexíveis (eletrodo de trabalho, eletrodo de referência e contra eletrodo).
Alguns exemplos de materiais para as células são Ag/AgCl, Pt, nanotubos de carbono e
entre outros. A flexibilidade se dá por meio da serigrafia (screen-printing) dos eletrodos
em polímeros (LEGNER, 2019).
O núcleo que realiza as operações eletroquímicas, nos eletrodos impressos, é chamado
de potenciostato. Com esse dispositivo, é possível realizar os métodos necessários para a
obtenção da concentração do analito-alvo. O potenciostato, é um dispositivo que possui
o controle de tensão entre os eletrodos de trabalho e contra eletrodo, essa tensão é
ajustada para manter a diferença de potencial entre os eletrodos de trabalho e referência
de acordo com o algoritmo definido. Além disso, o contra eletrodo, um dos três eletrodos
da célula eletroquímica, é utilizado para movimentar íons de acordo com a reação de
oxirredução, alterando a diferença de potencial entre o eletrodo de trabalho e referência
até que esta fique igual à programada (BARD & FAULKNER, 2019). Deste modo, o
desenvolvimento de circuitos que possibilitem a realização da voltametria e amperometria
poderá auxiliar projetos futuros relacionados a biossensores vestíveis, principalmente na
busca de monitoramento de glicose em tempo real, de forma não invasiva, podendo utilizar
o suor como meio de obtenção da concentração de glicose no sangue.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivos gerais
2 Revisão bibliográfica
2.1 Funcionamento
O funcionamento geral de um biossensor, em sua grande parte, vai seguir o com-
portamento da ilustração contida na Figura 2.
assim, modelos computacionais são criados de modo a obter informações desejadas (YOON,
2016).
2.1.1 Enzimas
A maioria das enzimas são proteínas, porém, é tomado como exceção alguns grupos
de moléculas RNA catalíticas. As enzimas são catalisadores altamente eficazes, sendo
sua estrutura proteica dividida em primária, secundária, terceária e quaternária, como é
possível visualizar na Figura 3 (CHAMPE et al., 2006).
Algumas enzimas precisam de um cofator, que podem ser íons inorgânicos como
F e2+ e M g 2+ . Outras precisam de uma molécula orgânica ou metalorgânica1 complexa
denominada coenzima. O restante das enzimas somente precisam de seus aminoácidos
para realizar sua atividade. Quando se trata da classificação de enzimas, o número EC
(Enzyme Comission), classifica a enzima, por exemplo, a Glicose 1-oxidase tem o seu
número sendo "1.1.3.4". O primeiro número simboliza a classe oxirredutase, por seu tipo
de reação catalisada ser a transferência de elétrons. De uma forma completa, esse número
EC representa que a enzima em questão é da classe oxirredutase que catalisa a oxidação
da d-glicose em peróxido de hidrogênio e d-Glucono-1,5-lactone (NELSON & COX, 2002).
Com isso, as reações podem ter várias etapas, incluindo a formação e o consumo
de espécies químicas transitórias denominadas intermediários da reação2 .
E + S ES EP E + P (2.1)
′ [P ]
Keq = (2.2)
[S]
′
Segundo a termodinâmica. a relação entre Keq e a variação de energia padrão
bioquímica ∆G′ ◦ pode ser descrita pela expressão:
V = k[S] (2.4)
2
Qualquer espécie da reação que tenha uma vida química finita maior que 10−13 segundos.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 24
+
kT e−∆G
k= (2.5)
h
Onde k é a constante de Boltzmann, h é a constante de Plank e T a temperatura
absouta em Kelvin. Dentro dos parâmetros de uma enzima, um dos que possui uma grande
importância é a especificidade, sendo a capacidade da enzima distinguir o substrato de outra
moléculas. A especificidade deriva da formação de muitas interações fracas entre enzima e
a molécula específica do substrato (NELSON & COX, 2002). Os fatores termodinâmicos,
de acordo com Nelson & Cox (2002), são os seguintes:
• Entropia;
Para quebrar essas barreiras termodinâmicas a energia de ligação pode ser usada.
A formação de ligações fracas entre substrato e enzima resulta na dessolvatação do
substrato. Uma mudança de conformação surge quando a molécula de afinidade se liga à
enzima, induzindo múltiplas interações fracas, esse processo é chamado de ajuste induzido.
Alguns grupos calíticos específicos contribuem para a catálise, sendo a geral covalente e
catálise por íons metálicos (NELSON & COX, 2002). Dentro da análise dos componentes
que influenciam na atividade enzimática, os inibidores são as substâncias que realizam o
papel contrário ao dos catalisadores, pois aumentam a energia de ativação, diminuindo
a velocidade de reação da enzima. Quantidades micromolares de metais pesados como
mercúrio, chumbo e prata são inibidores da GOx. Quantidades milimolares de hidrazina,
hidroxilamina e hidroxiquinolina se juntam ao grupo de inibidores. A atividade da enzima
também decresce quando há a presença de aldohexoses, resultando em inibidores competi-
tivos. É constatado também que quantidades de poliamidas inibem a enzima (WILSON,
1992).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 25
K1
E + S ES (2.6)
K−1
K2
ES E + P (2.7)
K−2
A velocidade inicial máxima de uma reação catalisada (Vmáx ) ocorre quando quase
toda a enzima estiver presente como complexo ES e [E] é despresível. Após o rompimento
do complexo ES, fornecendo o produto P, a enzima fica livre para catalisar a reação de
mais uma molécula do substrato. Embora a velocidade inicial (V0 ) limite-se à parte de
partida da reação, a análise da V0 é denominada cinética do estado estacionário3 (NELSON
& COX, 2002).
Vmáx [S]
V0 = (2.8)
Km + [S]
3
Estado estacionário significa que a concentração do complexo ES e dos intermediários permaneçam
constantes ao longo do tempo.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 26
Figura 6 – Representação gráfica da enzima glicose oxidase e seus ligantes. Fonte: EMBL’s
European Bioinformatics Institute.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 27
Propriedade Valor
Relação axial 2, 5 : 1
Diâmetro médio 8 nm
Volume parcial específico 0, 75 ml/g
Coeficiente de Difusãoa (20 ◦ C) 4, 94 × 10−7 cm2 /s
Coeficiente de Sedimentação (pH 5,5) 8,0 S
Massa molecular 151 × 103 − 186 × 103 u
Absorvância (280nm) 16 ± 0, 32 cm−1
Absorbtividade molar (450 nm) 1, 41 × 104
A reação disposta na Equação 2.9 é exotérmica, sendo que sua mudança de entalpia
é suficientemente grande para ser detectada termodinamicamente. Co-imobilização com a
enzima catalase pode aumentar a sensibilidade de biossensores termométricos. O produto
inicial da oxidação da glicose é o D-gluconolactone, sua formação é ilustrada na Figura 7,
sendo um fraco inibidor para a GOx. Este produto pode ser espontaneamente hidrolisado
formando o ácido glucônico (gluconato).
4
Enzima que quebra as ligações peptídicas das proteínas.
5
Processo de desidratação por congelameto a vácuo.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 28
sítio ativo e o eletrodo é larga para os elétrons atravessarem. Essa transferência pode ser
facilitada com o uso de um mediador. O ferroceno como aceitador de elétrons se mostrou
muito difundido na criação de biossensores. Os mediadores permitem que os dispositivos
funcionem a uma tensão menor, sendo que isso diminui a interferência de compostos
eletroativos (vitamina B e ácido úrico) presentes em fluídos fisiológicos (WILSON, 1992).
A glicose oxidase é comercialmente fornecida como um componente de kits de
diagnóstico a partir de calorimetria com a finalidade de determinar a concentração da
glicose no sangue. O peróxido de hidrogênio é detectado, a partir de uma reação com
O-dianisidina na presença de peroxidase resultando em um produto oxidado marrom
detectado entre 425-475 nm. Os dispositivos sensíveis à alteração de pH não se mostraram
muito efetivos. A criação de biossensores eletroquímicos com a utilização de eletrodos de
platina se difundiu na indústria, sendo que a partir de 1970 muitas empresas alimentícias
adotaram esse método (WILSON, 1992). A detecção de glicose se dá, a partir da corrente
gerada pela decomposição do peróxido de hidrogênio, demonstrado pela seguinte reação:
ter a capacidade de diferenciar moléculas, tanto em seu tamanho quanto pelo formato,
servindo como uma peneira molecular. As zeólitas oferecem um ambiente favorável à
imobilização de enzimas. Nanozeólitas (NZ’s) que desempenham uma boa interação
com biomoléculas, possuem excelentes características, como uma vasta área superficial,
propriedades de superfície abundantes/ajustáveis (ajuste de hidrofobicidade/hidrofilicidade)
e alta dispersabilidade em ambos ambientes aquosos ou orgânicos. Com isso, é dado a
característica às NZ’s de terem alta capacidade de adsorção10 , uma montagem menos
complexa, resultando em um candidato promissor à imobilização de enzimas e a construção
dos eletrodos (NENKOVA et al., 2013).
O desenvolvimento de processos simples e confiáveis para a imobilização e estabili-
zação de enzimas reativas em eletrodos é a questão principal das NZ’s em biossensores. O
objetivo seria obter um baixo potencial operacional, próximo ao redox da enzima. Nesse
caso, o elétron é transferido diretamente da glicose para o eletrodo através do local ativo
da enzima. O baixo custo de extração, disponibilidade em ótimos volumes e sua excelente
estabilidade em processos químicos/térmicos são algumas das principais vantagens de utili-
zar a zeólita em um projeto. Um tipo de zeólita para essa aplicação é a Zeólita Silicalita-1,
sendo classíficada como high-silica ZSM-5 (Zeolite Socony Mobil–5, framework type MFI
from ZSM-5 (five)). Os ZSM-5’s são aluminossilicatos pertencentes a família das zeólitas
pentassil. Sua formula química é Nan Aln Si96−n O192 · 16H2 O (0 < n < 27) (VALDÉS et al.,
2006). Estudos sobre diferentes tipos de zeólitas, tendo como resultado a tabela ilustrada
na Figura ??, mostraram que a Silicalita-1 foi o material ao qual obteve um alcance em
veríficar concentrações na ordem de 10−4 mM, sendo que, as concentrações médias de
glicose no suor ficam em torno desse valor. Também foi constatada uma maior estabilidade
de armazenamento comparada as outras espécies (GORIUSHKINA et al., 2010).
10
Processo pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na superfície de sólidos através de interações
de natureza química ou física.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 32
2.1.2 Eletroquímica
Sensores eletroquímicos vestíveis empregam um sistema de eletrodos para a de-
tecção de íons na pele ou a partir de reações ocorridas no transdutor. Em biossensores
amperométricos o sistema básico de células eletroquímicas se baseia em eletrodos flexíveis
(eletrodo de trabalho, eletrodo de referência e contra eletrodo). Alguns exemplos de materi-
ais para as células são Ag/AgCl, Pt, nanotubos de carbono e entre outros. A flexibilidade
se dá por meio da serigrafia (screen-printing) dos eletrodos em polímeros (LEGNER et al,
2019). É possível visualizar, na Figura 11, o eletrodo produzido pela empresa Tailkuke, ao
qual foi utilizado nesse estudo.
[Fe(CN)6 ]3− + e− ↽
−−
−⇀
− [Fe(CN)6 ]
4−
(2.10)
Figura 15 – Curva de resposta padrão de uma voltametria cíclica. Fonte: (ROBSON et al.,
2013).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 36
nF Ac0j Dj
i(t) = √ (2.11)
πt
Os parâmetros são: n número de elétrons na reação, F constante de Faraday, A área
do eletrodo de trabalho, c0j concentração inicial do analito e Dj difusividade do eletrodo.
Manipulando a equação, a partir de uma regressão linear, obtém-se que a corrente está
em função do tempo em uma ordem de -½ e um coeficiente angular constante b, como é
possível visualizar na seguinte equação:
nF Ac0j Dj
b= √ (2.13)
π
nF ADj
K= √ (2.14)
π
b
c0j = (2.15)
K
Para processar a informação dada pelo potenciostato, como uma curva de corrente e
aplicação de métodos para cálculo da concentração de glicose é necessário um processamento
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 37
• Memória (RAM);
• Periféricos do processador.
Até certo ponto, estes são intercambiáveis. Por exemplo, existe a possibilidade de
trocar espaço de código por ciclos de processador, escrevendo partes do firmware para
ocupar mais espaço, mas executar mais rapidamente, ou pode reduzir a velocidade do
processador para diminuir o consumo de energia. Outro conjunto de desafios vem do
trabalho com o hardware, durante o desenvolvimento de um projeto, a incerteza de se um
bug está no hardware ou no software pode tornar os problemas difíceis de resolver. Diferente
do computador, o software que é desenvolvido pode causar danos reais ao hardware. Acima
de tudo, é necessário saber sobre o hardware e do que ele é capaz (YOON, 2016).
Figura 16 – Acoplamento magnético entre o leitor (reader) e sua etiqueta (tag). Fonte:
(ST Microelectronics, 2019).
Figura 17 – Circuito esquemático geral para comunicação NFC. Fonte: (ST Microelectro-
nics, 2019).
Para uma determinada antena, Rant , Cant e Lant são constantes, mas a impedância
resultante, depende da frequência. Na frequência de auto-ressonância a parte imaginária
da impedância da antena é nula e a antena é puramente resistiva. Abaixo da frequência de
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 39
Figura 18 – Tabelas com dados de energy harvesting utilizando ST25DV, para sintonia
em 100 % e 10 % respectivamente. Fonte: (ST Microelectronics, 2021).
(SATO, 1983). As regiões do dedo do pé, da palma da mão, nuca, antebraço e abdômen são
áreas que ocorrem uma maior densidade de glândula sudorípara écrina por cm2 (LEGNER
et al., 2019). Com isso, o suor torna-se um alvo nos estudos, para desenvolvimento de
biossensores não invasivos com aferição contínua de glicose, sendo um indicador ao qual
pode auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares, hipertensão ou Diabetes mellitus.
O desequilíbrio na temperatura corporal, faz com que o sistema nervoso simpático
(hipotálamo) estimule o trabalho das glândulas sudoríparas, levando ao processo da sudorese,
com o objetivo de manter o equilíbrio térmico corpóreo. Para destacar a importância da
regulação corpórea, estudos indicam que 1% do peso humano precisa ser evaporado como
suor, para prevenir um aumento de 10 ◦ C (SATO, 1983). Atualmente existem formas de
estimular o suor artificialmente, como por exemplo o processo de iontoforese utilizando
o íon carbacol. A chave para o entendimento do transporte da glicose está na análise do
funcionamento da glândula sudorípara écrina.
1 2 3 4
Figura 20 – As diferentes camadas da pele. Epiderme, Derme, Hipoderme, Plexo
superficial.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 43
• Células claras: Responsáveis pela porção aquosa, são hipoteticamente definidas como
uma fonte dominante de secreção de suor por sua grande quantidade de mitocôndrias
(GARTNER, 2007);
• Células mioepiteliais: Formam uma rede de suporte entre a membrana basal, tem
função contrátil, de modo a conduzir as moléculas ao seu destino (GARTNER, 2007);
• Membrana Basal: Permite a ancoragem das células epiteliais ao tecido conjuntivo, tem
importante função na seleção por dimensão e cargas, no transito de moléculas e células
no meio extracelular através do epitélio (filtro para controle de macromoléculas)
(GARTNER, 2007).
Figura 21 – Difusão das moléculas de glicose nas células da glândula. Adaptado de (JA-
JACK et al., 2018)
C = CA + CB (2.17)
CA
xA = (2.18)
C
Entre as junções das células da glândula acontece esse processo, pois existe uma
diferença de concentração entre a glicose no fluido intersticial e a glicose no lúmen. A
constante de difusividade D é análoga ao coeficiente de permeabilidade P , no estudo em
questão, pois é a grandeza responsável em possibilitar a passagem da molécula de glicose
entre as junções da célula, fornecendo o controle da diferença de concentração entre os
diferentes meios (INCROPERA et al., 2008).
Sendo assim, a equação,
∗
Jglic = −CP ∇xglic (2.19)
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 45
∗
Jglic = −P ∇Cglic (2.20)
11
Parte da membrana plasmática apical que forma um canal de membrana luminal envolto estreito,
revestido com numerosos microvilos, que parece se estender para o citoplasma da célula.
12
São compostos que imitam a ação da acetilcolina ou butirilcolina.
13
Adrenérgico significa "trabalhar com adrenalina ou noradrenalina".
46
3 Materiais e métodos
Registro Valor
TIACN 00010111
MODECN 00000011
REFCN 10110000
for, que altera a polarização através da modificação do registrador REFCN. Nesse campo,
é possível controlar o sinal e a porcentagem da tensão de referência que será enviada aos
eletrodos, utilizando a função lmp91000.setBias(VALUE) a cada passo. A saída é lida da
porta analógica A0 e os dados são inseridos em uma planilha em formato .csv. A leitura
e interpretação dos dados é feita a partir de um código Python, utilizando a biblioteca
Matplotlib.
Para obter a corrente (µA) na saída analógica do potenciostato, utiliza-se a seguinte
operação:
27,3 mV/s, 40,9 mV/s e 82,0 mV/s foram usados como taxa de varredura para os testes.
Foram realizados um total de 24 ciclos para cada um dos testes, a fim de observar a
existência de ruído e obter valores mais precisos para análise.
• Conversor AD de 12 bits;
1
f0 = √ = 13, 56 M Hz (3.2)
2π Lant C1
• A capacitância C1 teórica é aproximadamente 49,376 pF, sendo assim para os
primeiros testes pode-se utilizar capacitores nos valores comerciais de 47pF 51pF,
ou associações em paralelo. A placa foi projetada sem preenchimento de cobre no
interior da antena, pois isso poderia gerar ruídos indesejáveis para a comunicação
NFC. O design do circuito e alguns valores tomaram como base a placa projetada
pela ST Microelectronics™, ao qual utiliza o mesmo componente ST25DV64K para
aplicações IoT (ST Microelctronics, 2018).
entre uma alimentação e outra, com o objetivo de prolongar a vida útil da bateria utilizada
no circuito.
Pensando no protótipo final, três linhas de alimentação principal devem ser proje-
tadas, com no mínimo 1.8 V para a alimentação do microcontrolador de baixa potência e
para a tag NFC. Outra linha de tensão deve ser a do módulo potenciostato, tanto para
sua alimentação interna sendo um valor entre 2,5 V e 5,0 V, quanto para um valor de
referência (2,048 V) utilizado nos processos de cronoamperometria e voltametria cíclica.
As opções para regular as tensões nessas faixas, são as seguintes para teste:
4 Resultados e Discussões
Foram idealizadas duas versões da placa para análise teórica, a primeira versão
possuía preenchimento de cobre somente na parte inferior da placa, sendo a camada de
terra. A segunda versão possuía o preenchimento em ambas as partes da placa e com
um conector no meio para aferir a tensão de referência da placa. A segunda versão foi
a escolhida, pois ela possui mais resistência a variações de temperatura e também é
melhor para os fabricantes não gastarem tanto ácido para corroer o cobre que não seria
utilizado. Um dos problemas da versão 1, que pode ser visualizada na Figura 33, é o vasto
caminho de elétrons que irão percorrer muito próximo das trilhas de sinais e alimentação.
Sendo que, como existe um clock em certa região da placa podemos ter um certo ruído
indesejável. Para corrigir isso, normalmente são colocadas vias próximas aos capacitores
de desacoplamento.
Os arquivos do projeto foram enviados para a empresa JLCPCB produzir 5 placas
em um período de 1 mês. O resultado final com os componentes é ilustrado na Figura 34.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 57
Por fim, utilizando a voltametria cíclica programada para nove ciclos, sendo laços
da função for que alteram a polarização, através da função lmp91000.setBias(VALOR)
e pelo registrador REFCN controlando o sinal e porcentagem da tensão de referência que
será enviada aos eletrodos. A leitura da saída é feita a partir da porta analógica A0, com
uma taxa de amostragem em torno de 6,67 Hz (150 ms por amostra). Os resultados a
serem apresentados, serão divididos de acordo com uma sequencia cronologia para melhor
Capítulo 4. Resultados e Discussões 58
LMP91000 lmp91000 ;
// R e a l i z a nove c i c l o s de v o l t a m e t r i a
f o r ( i n t j =0; j < 9 ; j ++){
lmp91000 . w r i t e (LMP91000_REFCN_REG, 0 b10110000 ) ;
f o r ( i n t i = 0 ; i < 1 3 ; i ++)
{
// A l t e r a c a o na porcentagem de t e n s a o
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
// L e i t u r a de Vout
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
Serial . println ( i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
}
f o r ( i n t i = 1 1 ; i >= 0 ; i −−)
{
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
Serial . println ( i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
Capítulo 4. Resultados e Discussões 59
}
lmp91000 . w r i t e (LMP91000_REFCN_REG, 0 b10100000 ) ;
f o r ( i n t i = 1 ; i < 1 3 ; i ++)
{
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
S e r i a l . p r i n t l n (− i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
}
f o r ( i n t i = 1 1 ; i >= 0 ; i −−)
{
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
S e r i a l . p r i n t l n (− i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
}
lmp91000 . s e t B i a s ( 0 ) ;
}
}
void loop ( void ) {
}
Capítulo 4. Resultados e Discussões 60
O teste de voltametria cíclica foi realizado em nove ciclos envolvendo uma faixa de
tensão de -486 mV a 486 mV, para uma taxa de varredura de 82 mV/s. Foram feitas três
amostragens para cada concentração, realizando uma média entre os dados obtidos para
cada amostragem. O resultado final da voltametria cíclica é ilustrado na Figura 37.
A tensão de pico anódica foi registrada na etapa que realiza a polarização positiva a
20% da tensão de referência, aproximadamente em 409,6 mV. Com isso, esse valor já pode
ser utilizado no processo de cronoamperometria com o objetivo de obter concentrações. Na
Figura 38 fica claro que a corrente de pico anódica aumenta à medida que a concentração
aumenta. Essa relação de acordo com a Equação de Cottrell, tende a ser linear, com isso,
outras análises são feitas realizando uma regressão linear.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 61
De acordo com a Figura 39, a corrente aumenta à medida que a taxa de varredura
aumenta, o mesmo comportamento observado no artigo de referência (NKUNU, 2017).
Capítulo 4. Resultados e Discussões 62
Os valores catódicos não foram obtidos com precisão, sendo considerado um erro na
análise pela parte negativa do ciclo, a principal hipótese para a causa é ruído e alta taxa
de varredura para esta amostragem. O distúrbio mecânico causado pela má junção dos
conectores é outro fator relacionado ao problema citado acima e foi utilizado apenas
o eletrodo de um fabricante, sem parâmetros para testar em outros eletrodos vestíveis.
Tratando-se de dados experimentais, a relação de corrente de pico anódico por corrente
de pico catódico, obtida experimentalmente deveria ficar próximo de 1, indicando que
está acontecendo algum erro em um dos ciclos. Pelo erro obtido e pela análise citada nos
resultados alcançados, a maior chance é de ser o ciclo negativo ou ruídos já observados
através do osciloscópio quando a voltametria cíclica atinge a parte negativa.
Para o primeiro experimento de cronoamperometria, ele é necessário para definir a
constante da Equação de Cottrel e essa seria basicamente uma etapa de calibração para o
eletrodo. Outros testes foram realizados, para as soluções com concentrações 6mM, 8mM,
10mM e 12mM. Com isso, o comportamento desejado é que o coeficiente angular das
retas na regressão aumente conforme a concentração seja maior. É possível visualizar os
resultados nos gráficos da Figura 40.
4.5 Protótipo
O protótipo LSPC - v1.0, ilustrado na Figura 42, possui as seguintes dimensões:
53.4 x 52.4 x 1 mm.
Figura 43 – Placa com comunicação NFC devidamente soldada para os primeiros testes
ativar o LED, que é 2 V de acordo com o datasheet (Wurth Elektronik, 2019). Após isso é
necessário analisar qual a corrente necessária para observar realmente o LED funcionando,
sendo em torno de 15mA até 20mA, observando isso através dos gráficos disponibilizados
pelo datasheet, ilustrados na Figura 46. Considerando a alimentação em 5 V para os testes,
2V de queda de tensão, a resistência necessária para 15 - 20 mA será de 200 - 150 Ω.
Figura 46 – Gráficos para efetuar os cálculos do circuito responsável pelo acionamento dos
LED’s. Fonte: (Wurth Elektronik, 2019).
Com isso, o circuito final foi projetado, sendo ilustrado na Figura 47. Os itens em
funcionamento na placa de circuito impresso estão ilustrados na Figura 48.
com uma tensão superior a 3,5 V. As melhorias realizadas para a versão v2.0 foram as
seguintes:
• Incluir mais footprints de capacitores 0603 em paralelo com a antena para aumentar
a precisão da ressonância;
• Inseridos dois slots de bateria moeda em série para solucionar o problema da tensão
de entrada.
A solda foi feita da nova placa e um primeiro teste foi realizado. A maior dificuldade
encontrada no processo de solda foi em relação ao microcontrolador STM32L031G6U6.
Um ponto já observado de melhoria, seria uma distância maior entre os suportes de bateria
moeda, pois eles estão muito próximos um do outro, dificultando a inserção das baterias.
Um novo teste foi efetuado para validar a porta PB4, ao qual está a entrada analógica
para efetuar a leitura de dados da cronoamperometria/voltametria cíclica. Porém nesse
teste não houve êxito, sendo que foi constatado também que existia um curto entre a porta
SDA e o GND. Com isso, a solda foi realizada em uma nova placa e o mesmo problema foi
constatado. Uma investigação foi feita no footprint utilizado no software KiCAD v6.0 do
microcontrolador, comparando com o datasheet do STM32L031G6U6. Foi identificado que
existem duas footprints muito parecidas para o mesmo componente, como é ilustrado na
imagem a seguir:
Portanto, uma nova placa foi efetuada para realizar esse ajuste. Com isso, a placa
final com as devidas melhorias foi finalizada para prosseguir com a programação final do
dispositivo. Na Figura 50 é possível visualizar o circuito final devidamente montado. Para
última placa projetada foi aferida a sua indutância utilizando um medidor LCR UT612,
fabricado pela UNI-T. A indutância aferida foi de 2,6 µH sendo próximo do calculado pelo
software com os valores descritos na figura 32, possuindo um desvio de 6,8%.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 69
Figura 50 – Placa final v2.1 com comunicação NFC devidamente soldada para os primeiros
testes.
4.5.3 Firmware
Para o desenvolvimento de firmware desse projeto, primeiramente foi estudado a
arquitetura do microcontrolador, ilustrado na Figura 51 e seu mapa de memória.
/∗
∗ b a s e a d r e s s e s o f p e r i p h e r a l s which a r e hanging on IOPORT bus
∗/
/∗
∗ b a s e a d r e s s e s o f p e r i p h e r a l s which a r e hanging on APB1 bus
∗/
i f ( Value == GPIO_PIN_SET)
{
pGPIOx−>ODR |= ( 1 << PinNumber ) ;
}
else
{
Capítulo 4. Resultados e Discussões 71
Onde a função necessita dos dados de qual GPIO (A,B,C,D) será utilizada, o
número do pino e valor lógico desejado na saída. Com isso, se o valor for verdadeiro, é
configurado o registrador ODR (Output data register) como 1 na posição de memória
dependendo do número do pino. Na Figura 52 é possível ver os espaços dedicados para os
pinos do microcontrolador.
i n t main ( v o i d )
{
GPIO_Handle_t GpioLed ;
Capítulo 4. Resultados e Discussões 72
while (1)
{
GPIO_WriteToOutputPin (GPIOB, GPIO_PIN_NO_4, 1 ) ;
delay () ;
GPIO_WriteToOutputPin (GPIOB, GPIO_PIN_NO_4, 0 ) ;
delay () ;
return 0;
}
funciona como o esperado, conectando da forma ilustrada na Figura 41. O código para
cronoamperometria foi testado, utilizando a amostra de 10 mM, possuindo a resposta
indicada na Figura 53. O trecho desenvolvido do programa, com os comentários explicando
os trechos, é o seguinte:
#i n c l u d e <s t d i n t . h> // f u n c o e s b a s i c a s da linguagem C
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6 . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / Inc / stm32l031g6u6_gpio_driver . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / Src / stm32l031g6u6_gpio_driver . c "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / lmp91000 . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / lmp91000 . c "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_i2c . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_i2c . c "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_usart . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_usart . c "
i n t 1 6 _ t opVolt = 2 0 4 8 ; // m i l l i V o l t s s e e s t a t r a b a l h a n d o com a t e n s a o de 3 , 3
V
uint8_t r e s o l u t i o n = 1 2 ; //12− b i t s ( r e s o l u c a o do m i c r o c o n t r o l a d o r )
i n t main ( v o i d )
{
p S t a t = LMP91000_Init ( ) ;
// I n i c i a a f u n c a o de cronoamperometria
runAmp ( 2 , 0 , 5 0 0 0 , 2 0 , 5 0 0 0 , 4 0 8 , 5 0 0 0 , 8 0 , 6 ) ;
/∗
∗ Funcao : runAmp
∗
∗ O b j e t i v o : P l o t a r dados de t e n s a o , tempo , c o r r e n t e do p r o c e s s o de
cronoamperometria
∗ para a n a l i s a r dados com o uso da equacao de c o t t r e l
∗
∗ Entradas : u s e r _ g a i n ( Ganho ) , pre_stepV ( t e n s a o i n i c i a l (V0) ) ,
∗ quietTime ( tempo morto para a t e n s a o i n i c i a l ) , v1 ( p r i m e i r o
s t e p de t e n s a o em mV) ,
∗ t 1 ( tempo para o p r i m e i r o s t e p de t e n s a o em ms) , v2 ( segundo
s t e p de t e n s a o em mV) ,
∗ t 2 ( tempo para o segundo s t e p de t e n s a o em ms) , s a m p l e s (
numero de a m os t ra s ) , r a n g e ( unidade de c o r r e n t e )
∗ r a n g e = 12 i s p i c o a m p e r e s
r a n g e = 9 i s nanoamperes
r a n g e = 6 i s microamperes
range = 3 i s milliamperes
∗ S a i d a s : Tensao , tempo , c o r r e n t e
∗
∗/
}
// r a n g e = 12 − p i c o a m p e r e s
// r a n g e = 9 − nanoamperes
// r a n g e = 6 − microamperes
// r a n g e = 3 − milliamperes
pStat . unlock ( ) ;
p S t a t . w r i t e (LMP91000_TIACN_REG, 0 b00010100 ) ; // Rload = 10ohm ,
Capítulo 4. Resultados e Discussões 75
TIA_Gain = 35kohm
p S t a t . w r i t e (LMP91000_REFCN_REG, 0 b10110000 ) ; // ExtRef , IntZ = 20%,
I n i c i a neg , 0% b i a s
p S t a t . w r i t e (LMP91000_MODECN_REG, 0 b00000011 ) ; // FET_Short = 0 , 3− l e a d
amperometric
// P r i n t column h e a d e r s
String current = " " ;
i f ( r a n g e == 1 2 ) c u r r e n t = " Current (pA) " ;
e l s e i f ( r a n g e == 9 ) c u r r e n t = " Current (nA) " ;
e l s e i f ( r a n g e == 6 ) c u r r e n t = " Current (uA) " ;
e l s e i f ( r a n g e == 3 ) c u r r e n t = " Current (mA) " ;
e l s e c u r r e n t = "ERRO" ;
i n t 1 6 _ t v o l t a g e A r r a y [ 3 ] = { pre_stepV , v1 , v2 } ;
uint32_t timeArray [ 3 ] = { quietTime , t1 , t 2 } ;
// i = 0 −> t e n s a o i n i c i a l
// i = 1 −> p o t e n c i a l de r e d u c a o
// i = 2 −> p o t e n c i a l de o x i d a c a o
uint32_t f s = timeArray [ i ] / s a m p l e s ;
v o l t a g e A r r a y [ i ] = determineLMP91000Bias ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ;
/∗
∗ Funcao : determineLMP91000Bias ( v o l t a g e A r r a y [ i ] )
∗
∗ O b j e t i v o : Retorna um novo v a l o r da p o s i c a o do r e g i s t r o TIA_BIAS , para
ser a polarizacao correta
∗ e sua porcentagem para a l c a n c a r o v a l o r proximo de t e n s a o redox
desejada .
∗
∗ Entradas : v o l t a g e A r r a y [ i ]
∗ i = 0 −> t e n s a o i n i c i a l
i = 1 −> t e n s a o de r e d u c a o
Capítulo 4. Resultados e Discussões 76
i = 2 −> tensAo de o x i d a c a o
∗ S a i d a s : r e t o r n a +−posicao_TIA_BIAS .
∗
∗
∗/
// S e l e c i o n a o s i n a l da p o l a r i d a d e
// S e t a a p o l a r i z a c a o/%V r e f
p S t a t . s e t B i a s ( abs ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ) ;
w h i l e ( m i l l i s _ s t m 3 2 ( ) − s t a r t T i m e < timeArray [ i ] )
{
s p r i n t f (MSG, ( uint16_t ) ( opVolt ∗TIA_BIAS [ abs ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ] ∗ (
v o l t a g e A r r a y [ i ] / abs ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ) ) ) ;
s p r i n t f (MSG, " , " )
s p r i n t f (MSG, m i l l i s _ s t m 3 2 ( ) ) ;
s p r i n t f (MSG, " , " )
f l o a t a n a l o g = Analog_Read (PORTB, 4 ) ;
f l o a t corrente_ua = ( ( ( ( analog ∗ 5 . 0 ) /1024.0) − 2 . 0 4 8 ) /(35000.0) )
∗1000000.0;
s p r i n t f (MSG, c o r r e n t e _ u a ) ;
HAL_UART_Transmit(& huart2 , MSG, s i z e o f (MSG) , 1 0 0 ) ;
// p S t a t . g e t C u r r e n t ( p S t a t . getOutput (A0) , opVolt / 1 0 0 0 . 0 , r e s o l u t i o n )
// Ele l e o v a l o r a n a l o g i c o de A0 , c o n v e r t e e s s e v a l o r na t e n s a o de
s a i d a do a m p l i f i c a d o r de t r a n s i m p e d a n c i a ,
// para d e p o i s c o n v e r t e r em c o r r e n t e de a c o r d o com a equacao que
depende do ganho do a m p l i f i c a d o r .
// Termina com 0 V
pStat . s e t B i a s (0) ;
}
Capítulo 4. Resultados e Discussões 77
s i g n e d c h a r determineLMP91000Bias ( i n t 1 6 _ t v o l t a g e )
{
// D e f i n e o s i n a l de t e n s a o
signed char p o l a r i t y = 0 ;
i f ( v o l t a g e < 0 ) p o l a r i t y = −1;
else polarity = 1;
// C o l e t a o modulo do v a l o r de t e n s a o em mV
v o l t a g e = abs ( v o l t a g e ) ;
i f ( v o l t a g e == 0 ) r e t u r n 0 ;
// I t e r a c a o f o r , t e s t a n d o p o s s i v e i s t e n s o e s que o p o t e n c i o s t a t o p o s s a
atingir
// ( compara com [ i ] e [ i +1] para v e r s e o v a l o r e s t a d e n t r o ) , de a c o r d o
com a t e n s a o de r e f e r e n c i a , ao q u a l o p o t e n c i o s t a t o p o s s a a t i n g i r .
i f ( v o l t a g e == v1 ) r e t u r n p o l a r i t y ∗ i ;
e l s e i f ( v o l t a g e > v1 && v o l t a g e < v2 )
{
i f ( abs ( v o l t a g e −v1 ) < abs ( v o l t a g e −v2 ) ) r e t u r n p o l a r i t y ∗ i ;
e l s e r e t u r n p o l a r i t y ∗ ( i +1) ;
}
}
return 0;
}
Onde o diretório assets é o local onde são inseridas figuras e fontes, routes possui
o arquivo homeStack.js que tem a função de inserir quais são as telas do aplicativo e
seus respectivos códigos que serão carregados. Finalmente a pasta screens com as telas
desenvolvidas. A tela inicial do aplicativo é ilustrada na Figura 57.
Nela existem três botões, sendo "Iniciar Teste" para realizar uma leitura simples
de uma tag NFC, já o botão "Dados" leva para uma tela ao qual são disponibilizados
Capítulo 4. Resultados e Discussões 80
5 Conclusão
Para os objetivos que foram planejados para este projeto, ele desempenha a função
principal de teste de voltametria cíclica, sendo possível observar os valores de tensão e
corrente de pico anódicos, com o objetivo de proceder aos testes de cronoamperometria,
obtendo a concentração de substâncias. Para tornar a análise mais precisa, próximos estudos
relacionados ao projeto podem consistir em adaptar as conexões de suporte, pois em alguns
testes resultaram em perturbações mecânicas, impactando na amostragem da solução.
Outro ponto seria realizar testes de cronoamperometria em soluções de ferrocianeto com
concentrações maiores e investigar os valores catódicos de voltametria cíclica, com o objetivo
de aumentar o intervalo de análise. Nos gráficos de resultado para cronoamperometria, um
comportamento indesejado foi visualizado no início da curva, indicando uma influência de
ruído, constatado através do espectro, sendo de baixa frequência. Para isso, complementa
a ideia anterior de melhorar a resposta do circuito, estudando o espectro de frequências
do sinal e inserindo um filtro para esse fator. Outra questão interessante na adaptação
do sistema seria testar outras soluções e eletrodos de outros fornecedores, para aumentar
a confiabilidade do projeto. Em relação às dificuldades encontradas na parte de definir
os módulos do circuito, o componente LMP91000 atualmente está em falta no mercado,
devido principalmente a crise decorrente da pandemia e falta de demanda, atualmente
sua previsão para voltar a ser vendido nas distribuidoras é no segundo semestre de 2023.
Ocorreu uma demora para a chegada dos componentes e placas, sendo que somando esses
atrasos resultou em dois meses de espera para conseguir efetuar alguns testes, com isso,
as validações para comunicação NFC não foram efetuados a tempo, porém o circuito já
está projetado com as especificações devidas da antena e com o módulo que performa os
métodos eletroquímicos funcionando corretamente.
Para os objetivos específicos traçados no desenvolvimento desse trabalho, houve a
validação da lógica dos modelos de voltametria cíclica e cronoamperometria, utilizando
Arduino IDE para primeiros testes, pois os métodos foram realizados de acordo com o
comportamento desejado, atingindo a personalização dos passos de tensão realizado pelo
potenciostato LMP91000. A biblioteca para a utilização do microcontrolador funcionou
como o esperado, validando seu comportamento com o teste de configuração do barramento
GPIO para o acionamento do LED. Para a utilização de periféricos, a biblioteca de
comunicação I2C foi desenvolvida com sucesso, identificando o endereço do componente
LMP91000 e realizando processos de leitura e escrita. Porém para o transponder NFC, a
comunicação não foi efetuada, sendo um processo para futuros estudos, validando com
outros tipos de circuitos para comunicação NFC. A precisão projetada para a indutância
da antena foi teoricamente suficiente para ter uma boa sintonização com o celular, com isso
Capítulo 5. Conclusão 82
a potência entregue ao circuito tende a ser suficiente para a alimentação do sistema. Como
diferentes configurações foram inseridas com sucesso no circuito integrado LMP91000, ele
prova sua capacidade de ser versátil em diferentes análises.
83
6 Referências
energy-harvesting-ulp-mcus-eliminate-batteries?utm_source=embarcados&utm_medium=
harvesting&utm_campaign=harvesting&utm_content=harvesting>, acessado no dia 10
de outubro de 2022.
[27] ST Microelectronics. STM32L031x4 STM32L031x6, Access line ultra-low-power
32-bit MCU Arm®-based Cortex®-M0+, up to 32KB Flash, 8KB SRAM, 1KB EEPROM,
ADC. DS10668 Rev 6. Março, 2018.
[28] ST Microelectronics. ST25DV04K ST25DV16K ST25DV64K, Dynamic NFC/R-
FID tag IC with 4-Kbit, 16-Kbit or 64-Kbit EEPROM, and fast transfer mode capability.
DS10925 - Rev 9. Fevereiro, 2021.
[29] ST Microelectronics. Energy harvesting delivery impact on ST25DV-I2C Series
behaviour during RF communication. Applicaton Note - AN4913. Junho 2021.
[30] SATO, K. & SATO, F. Individual variations in structure and function of
human eccrine sweat gland. Am J Physiol. 1983;245(2):R203-208.
[31] GARTNER, L. P. & HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. Tradução
da terceira edição. Editora Elsevier, 2007.
[32] SAGA, K. Structure and function of human sweat glands studied with histo-
chemistry and cytochemistry. Prog. Histochem. Cytochem. 37, 323/386 (2002).
[33] JAJACK, A.; BROTHERS, M.; KASTING, G.; HEIKENFELD J. Enhancing
glucose flux into sweat by increasing paracellular permeability of the sweat gland. Julho,
2018.
[34] LA COUNT, T. D.; JAJACK A.; HEIKENFELD J.; KASTING, G. Modeling
glucose transport from systemic circulation to sweat. Journal of Pharmaceutical Sciences,
108 (2019) 364-371.
[35] Frank P. Incropera, David P. DeWitt, Theodore L. Bergman, Adrienne S.
Lavine. Fundamentos de transferência de calor e de massa (ARRUMAR REFERENCIA)
[36] WESTBROEK, P. Analytical Electrochemistry in Textiles. 1st edition. 2005.
[37] JLCPCB. PCB Manufacturing & Assembly Capabilities. Disponível no link:
<https://jlcpcb.com/capabilities/pcb-capabilities>, acessado no dia 10 de dezembro de
2022.
[38] ST Microelectronics. How to use the ST NFC Sensor TAG evaluation board.
User manual - UM2427, Junho 2018.
[39] ST Microelectronics. NFC Inductance Software, RF Design. Disponível no link
<https://eds.st.com/antenna/>, acessado no dia 4 de abril 2022.
[40] Mouser. SMTU2032-C.TR. Suportes de bateria de célula tipo moeda SMT
HOLDER ON T&R FOR CR2032-485/REEL. Disponível no link: <https://br.mouser.com/
Capítulo 6. Referências 86
ProductDetail/Renata/SMTU2032-C.TR?qs=UxeAxwACbqlbJ4Hul%252BCKVg%3D%3D>,
acessado no dia 20 de novembro de 2021.
[41] Vishay Semiconductors. Small Signal Schottky Diodes, Single and Dual: BAT54,
BAT54A, BAT54C, BAT54S. Document Number: 85508. Junho 2017.
[42] Wurth Elektronik. WL-SMCW SMT Mono-color Chip LED Waterclear: 150060RS75000.
Fev. 2019.