Determinação Do Diagrama VN para Vants A Partir
Determinação Do Diagrama VN para Vants A Partir
Determinação Do Diagrama VN para Vants A Partir
“ §23.2200 (b) Design maneuvering load factors not 2. Traçar uma missão típica e uma zona de
less than those, which service history shows, may occur within segurança mínima a qual se julga necessária
the structural design envelope.” garantir a segurança da aeronave e do
cumprimento da missão. Esta será a região de
“§23.2215 (a) Atmospheric gusts where the referência mínima que o Diagrama Vn final
magnitude and gradient of these gusts are based on measured deverá abranger. Sugere-se o uso de dados de
gust statistics.” ensaios em voo.
A aeronave exemplo considerada na seção de 3. Simular todas as condições de voo com base em
Resultados é o VANT projetado pela equipe de aerodesign da uma norma utilizando um modelo de corpo
UFMG, Uai, Sô! Fly!!!, para a competição SAE Aerodesign rígido de 6 graus de liberdade. Sugere-se a
2017. A Figura 1 apresenta o avião que competiu na classe norma CFR Part 23 [1].
regular. Nesta classe, o MTOW é limitado a 20kg, valor
utilizado como referência nas análises seguintes. Além disso, a 4. Julgar os resultados obtidos na etapa 3 em
geometria particular da aeronave é devido ao requisito de comparação com o Diagrama Vn de referência
regulamento da competição [3] que impõe restrições definido na etapa 1 e os resultados estimados na
geométricas. etapa 2.
Figura 1 - Aeronave Mach Crítico, equipe de Aerodesing Uai, Sô! 5. Definir o Diagrama Vn final tendo como critério
Fly!!! – UFMG (2017) a segurança em voo desejada para a aeronave e a
redução em peso proporcionada por um
Diagrama Vn mais adequado.
ETAPA 1
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vertical, visto que, para aeronaves de aerodesign em independente do peso total da aeronave por simplicidade,
geral, o voo de uma missão típica acontece a menos dessa forma sugere-se as seguintes configurações de massa:
de 10m do solo. Para a definição da magnitude da
rajada vertical, propõe-se o uso do NACA-Report Tabela 2 - Configurações de massa sugeridas para análise
692 [8] como referência ou dados históricos
utilizados por outras aeronaves). M1 CG de projeto 100% MTOW
M2 CG de projeto 95% MTOW
A partir dessas definições, tem-se um Diagrama Vn típico M3 CG de projeto 90% MTOW
dado pela CFR Part 23 [1] na Figura 2. M4 CG de projeto 7kg + peso vazio (kg)
Parâmetro Referência
A partir desses dados, deve-se escolher um fator para majorar
n_máx 2 [7]
a missão típica visto que os valores estimados se referem a
n_mín -1 [7] uma missão ideal e frequentemente o avião encontra
Design Speeds CFR Part 23 (2011) [1] condições de voo diferentes e um pouco mais severas. Esse
Velocidades de rajada NACA-Report 692 [8] fator para majorar a missão típica deve ser aplicado de forma a
definir uma zona de segurança mínima no Diagrama Vn em
O Diagrama Vn deverá ser avaliado para diferentes que se deseja garantir o voo seguro da aeronave. Por exemplo,
configurações de massa, ou seja, para diferentes posições de majorar com um fator de 20% a velocidade máxima calculada
CG e porcentagens do peso total do avião. No aerodesign, na missão típica e fator de carga máximo calculado de forma a
geralmente a aeronave é projetada para voar com um CG fixo garantir a segurança em voo caso o piloto faça um mergulho
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mais acentuado, permitindo uma aceleração da aeronave e A simulação feita para cada manobra deve considerar duas
posterior recuperação; etc. configurações de tração: tração nula e tração máxima, de
forma a garantir que manobras em valores intermediários de
Outra alternativa para determinação dos parâmetros discutidos tração estejam cobertas pelos extremos simulados. As altitudes
acima é o uso de dados de ensaios em voo com protótipo. de voo consideradas estão na tabela abaixo e as configurações
Quanto maior o número de voos realizados, em diferentes de massa estão na Tabela 2.
configurações de massa e em diferentes condições
atmosféricas, maior a abrangência das condições de voo Tabela 4 - Altitudes de voo consideradas na simulação
encontradas de forma a permitir que os dados obtidos
mensurem missões que se distanciem da missão típica. H1 Nível do mar, h=0
Sugere-se que a equipe de projeto utilize as duas abordagens Altitude de São José dos Campos – SP,
discutidas nessa etapa de forma que a aquisição de dados H2
local onde ocorre a competição, h=600m
contribua na tomada de decisão para definir o fator para H3 h=1000m
majorar os parâmetros de voo estimados para a missão típica.
Sugere-se que a simulação seja feita com um modelo de 6
Por fim, o produto da metodologia até o momento é a graus de liberdade. Para a construção do modelo, sugerem-se
construção de um Diagrama Vn de referência definido na as referências [10] e [11] para as equações de movimento.
etapa 1 sobreposto pela curva de velocidade equivalente vs. Para determinação das derivadas aerodinâmicas necessárias de
fator de carga obtido da missão típica majorada. Neste forma a construir o modelo aerodinâmico e de controle,
momento, será possível julgar inicialmente o Diagrama Vn de sugere-se a referência [12]. Softwares livres para cálculos
referência. Caso ele seja conservador, será visível que a aerodinâmicos como XFOIL® [13], XFLR5® [14] e AVL®
estimativa feita nesta etapa estará contida em uma região [15] também podem ser utilizados. O modelo de 6 graus de
apenas. Caso contrário, poderá ser observado que o Diagrama liberdade proposto parte das seguintes considerações:
Vn de referência é consistente com a segurança desejada pela
equipe de projeto, tendo sido uma boa referência inicial, e, 1. Corpo rígido
provavelmente, o Diagrama Vn final. 2. Simetria no plano ZX da aeronave
3. Aerodinâmica linear
ETAPA 3 4. Terra plana
5. A superfície da Terra é um referencial inercial
O objetivo desta etapa é simular todas as condições de voo 6. Atmosfera estacionária para simulação de manobras
exigidas pela norma para cálculo de cargas de forma a
comparar com os resultados obtidos na etapa 2. Para a simulação sugerida, a aerodinâmica é modelada
linearmente. Dessa forma, é importante conhecer os ângulos
Durante a análise, será possível identificar os limites de estol da asa e empenagens de forma a estabelecer um
aerodinâmicos, de desempenho e de controle que determinam critério de parada que dita o fim da análise de uma manobra
as manobras mais severas realizadas pela aeronave. Essas no tempo. Outro critério de parada importante é a altitude em
condições de voo realizadas serão as condições para cargas relação ao solo. Como os aviões de aerodesign geralmente
limites e espera-se que os componentes sejam dimensionados voam baixo, entre 5 e 10m de altitude, determinadas manobras
(§ 23.305 [1]) por condições de voo simuladas nesta etapa. A podem levar a aeronave a atingir o solo e isso também
partir da norma CFR Part 23 [1], tem-se resumido as seguintes representa o fim da análise no tempo dessas manobras.
condições de voo a serem simuladas nesta etapa:
ETAPA 4
Tabela 3 - Condições de voo a serem simuladas
A etapa 4 é dedicada exclusivamente a analisar os resultados
Condição Tipo
obtidos. Sugere-se que o Diagrama Vn seja sobreposto com os
C1 Pull-up/Push-over (Extremos do Diagrama Vn) Manobra resultados da etapa 2 e etapa 3 para velocidade e fator de
C2 Arfagem Abrupta Não-Corrigida (§ 23.423) Manobra carga. O objetivo é comparar e julgar resultados de forma a
C3 Arfagem Abrupta Corrigida (§ 23.423) Manobra definir opções para o Diagrama Vn final que não prejudiquem
C4 Rolamento a 2/3 de n_máx (§ 23.455) Manobra a segurança em voo desejada pela equipe.
C5 Manobra de Leme (§ 23.441) Manobra
C6 Rajada Vertical e Lateral (§ 23.425, § 23.443) Rajada
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Para a primeira etapa da metodologia, construiu-se um Figura 5 – Time history para um voo instrumentado no MTOW
Diagrama Vn com base na Tabela 1 para duas configurações
de massas sugeridas na Tabela 2: MTOW e 90% MTOW.
Decidiu-se analisar apenas duas configurações de massas de
forma a simplificar a análise exemplo, porém sugere-se que a
análise para o projeto de um VANT seja feita para todas as
configurações de massa sugeridas.
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Como indicado pela linha cheia vermelha, a velocidade trimar a aeronave para Push-over em fator de carga negativo
correspondente a 60% da velocidade máxima da aeronave devido às características da asa da aeronave analisada. Este é
acontece mais de uma vez no voo instrumentado, porém o mais um ponto que indica que o Diagrama Vn de referência
fator de carga máximo mensurado para esta velocidade neste para fator de carga negativo pode estar inadequado.
voo foi um fator de carga de 1.2, indicado pela linha tracejada
vermelha. Com este exemplo, fica claro que a envoltória Tabela 5 - Trimagem para pull-up
resume, para cada velocidade, qual o fator de carga máximo Velocidade Fator de Carga
encontrado em todos os ensaios em voo. Dessa forma, pode-se Velocidade de Manobra, VA 2
afirmar que todos os ensaios em voo realizados se encontram Velocidade de Cruzeiro máxima, VC 2
dentro da envoltória azul e a zona de segurança mínima Velocidade de Mergulho, VD 2
definida pela equipe é compreendida pela envoltória rosa para
as configurações de massa de 90% e 100% de MTOW. Para Arfagem Abrupta Não Corrigida na VA, tem-se nas
Figura 7 e Figura 8 as manobras simuladas ao longo do
Figura 6 - Resultado da Etapa 2 tempo para a configuração de massa de 90% de MTOW em
tração máxima na altitude a nível do mar, visto que esta
configuração de massa apresentou um fator de carga maior. O
ângulo de ataque da asa foi normalizado pelo seu ângulo de
estol. A linha tracejada vermelha representa o momento em
que ocorreu o estol da asa, dessa forma, o restante do gráfico
não representa a continuação física da manobra.
aproxima de zero, porém não se torna negativo, o que indica Figura 10 - Resultado da etapa 3
novamente que o fator de carga mínimo deve ser reavaliado.
Por fim, a Figura 10 sintetiza a envoltória para velocidade e Na etapa 5, avaliou-se a redução em peso estrutural
fator de carga encontrados para as manobras severas proporcionada pela nova opção de Diagrama Vn e foi
simuladas na etapa 3. estimado uma redução de 10% no peso estrutural da aeronave.
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Além disso, o fato do Diagrama Vn final não contemplar fator [4] 14 CFR 25 - Airworthiness Standards: Transport
de carga negativa permite uma redução na análise de casos de
Category Airplanes, 2018.
falha para a asa referente ao envelope negativo de cargas, o
que otimiza o tempo de projeto estrutural. Por fim, em posse [5] 14 CFR 25 – Site Oficial: https://www.ecfr.gov/cgi-
desses dados, é possível escolher o Diagrama Vn final que bin/textidx?SID=685dc1ae97ae3f5e5569e47880fab01e&mc=true&n
melhor combine segurança e eficiência estrutural de acordo
com critérios da equipe. ode=pt14.1.23
[6] MIL-A-8861(1960)
CONCLUSÕES ESPERADAS [7] ROSA, Edison da. Introdução ao Projeto Aeronáutico:
Cada aeronave apresenta características de design que tornam uma contribuição à Competição SAE Aerodesign
seu comportamento em voo exclusivo, ou seja, aeronaves Florianópolis: UFSCGRANTE, 2006.
diferentes respondem em manobras de maneiras diferentes.
Dessa forma, é esperado que cada avião, com sua missão [8] NACA-Report 692 – Effective Gust Structure at Low
típica específica, seja contemplado por um Diagrama Vn Altitudes as Determined from Reactions of an Airplane
distinto. As etapas propostas na seção de metodologia podem
levar a um aumento dos fatores de carga máximo e mínimo, [9] ISCOLD, Paulo Henrique, Introdução às cargas nas
bem como aumento da velocidade de cruzeiro máxima. Não aeronaves, 2002.
necessariamente o produto final da análise é um Diagrama Vn
final mais restritivo que o Diagrama Vn de referência, como [10] STEVENS, Brian L.; LEWIS, Frank L.; JOHNSON, Eric
aconteceu com a aeronave Mach Crítico analisada na seção de N. Aircraft control and simulation: dynamics, controls
Resultados. O principal objetivo deste artigo é propor uma
metodologia que permita julgar o Diagrama Vn em termos de design, and autonomous systems. John Wiley & Sons, 2015.
segurança e eficiência estrutural, porém sempre com a [11] DURHAM, Wayne. Aircraft flight dynamics and
segurança sendo uma prioridade de projeto.
control. John Wiley & Sons, 2013.
A metodologia proposta pode ser modificada de acordo com o [12] ROSKAM, Jan. Airplane flight dynamics and
cronograma de projeto de cada aeronave. Além disso, mais
manobras consideradas importantes pela equipe de projeto automatic flight controls. DARcorporation, 2001.
podem ser simuladas na etapa 3. Dessa forma, conclui-se que [13] DRELA, M. XFOIL Documentation: User’s Guide,
a metodologia proposta atende ao cenário de projeto de
VANTs sendo flexível o suficiente para garantir um Cambridge, MA, 1989
julgamento consistente do Diagrama Vn para qualquer [14] DEPERROIS, Andre. XFLR5 Analysis of foils and
aeronave não tripulada em análise. Espera-se que o produto
final desses estudos sejam Diagramas Vn distintos e wings operating at low reynolds numbers, 2009.
consistentes com as missões típicas de VANTs. [15] DRELA, M. AVL Documentation: User’s Guide,
Cambridge, MA, 2004
REFERÊNCIAS
CONTATO
[1] 14 CFR 23 - Airworthiness Standards: Normal, Utility,
Acrobatic, And Commuter Category Airplanes, 2011. Autora: Geovana Neves Felix Silva
Universidade Federal de Minas Gerais
[2] 14 CFR 25 - Airworthiness Standards: Transport [email protected]
Category Airplanes, 2011.
Co-Autora: Chiara Cotta e Titton
[3] 19ª Competição Sae Brasil Aerodesign 2017, Regulamento Universidade Federal de Minas Gerais
(http://portal.saebrasil.org.br/Portals/0/PE/AERODESIGN/A [email protected]