Ser Rote
Ser Rote
Ser Rote
Já mencionei acima
alguma coisa sobre formatos de
dentes, mas acho importante
ressaltar de forma
mais detalhada este item. Existem basicamente 2 grupos de formatos de dentes, identificados
pelo ângulo lateral dos dentes. Serrotes de dentes
normais, ou seja, sem os pequenos “chanfros” nas laterais, são eficientes
para cortes longitudinais às fibras da madeira, como exemplificado nas
imagens através do uso de formões (a posição do formão no corte deixa
mais clara a influência do ângulo no corte), ou seja, para desdobramentos
de pranchas. Se usados para cortes transversais às fibras, os serrotes d
e dentes normais podem rachar a madeira, como mostra a imagem ao lado. Para esse fim os
melhores são os serrotes de dentes alternados, porém a técnica de afiação para dentes
alternados é bem mais complexa e demorada, e por isso, muitos profissionais acabam não
usando serrotes com dentes alternados, apesar da sensível diferença na qualidade do corte.
No ocidente as formas mais comumente usadas na afiação de serrotes são as mostradas nas
imagens “A” e “C” da figura abaixo, que são formas de afiação muito eficientes para cortes de
madeiras duras ou médias, na direção das fibras no caso “A” e na transversal às fibras no
caso “C”. No Japão, como as coníferas são muito utilizadas na construção civil, se
desenvolveu serrotes com afiação adequada para madeiras moles e médias, como mostram
as imagem
“B” e “G”. Os dentes afiados desta maneira se tornam mais eficientes para o corte dessas
madeiras, mas também são mais frágeis e só se afiam com limas especiais. O formato “B” é
usado no Japão nos serrotes para cortes longitudinais (tatebikiba) e o formato “G” para cortes
transversais (yokobikiba). O formato “C” e “D” (ibarameba ou barameba) são usados para
serrotes de cortes mistos, para qualquer sentido, como por exemplo, serrotes de ponta
(Mawashibiki-Noko) ou serrotes para bambu ou madeiras duras.Com a lima triangular
comum se consegue afiar os dentes de formato
“D”. O formato “E” de dentes é encontrado em alguns serrotes no
mercado, e não são bons para nenhum tipo de corte. O que
sugiro neste caso é afiá-los no formato “F”, que evita que os
dentes se dobrem nas pontas, e pode ser o primeiro passo para
uma modificação completa no formato dos dentes. O formato “G”,
muito comum no Japão, hoje também é encontrado com
freqüência nos serrotes comuns e serrotes de costa ocidentais.
Alguns profissionais usam uma única forma de afiação para
qualquer caso, mas quem já experimentou mais de uma forma
acaba preferindo usar formas diferentes para cada caso. Para
quem quer aprender, sugiro que comece pela afiação tipo “A”, e
depois passe à “C”. Assim já se pode ter
uma boa noção das primeiras nuances acerca das técnicas de afiação. Abaixo temos
explicações mais detalhadas do processo.
Existem algumas formas de se afiar serrotes. O mais comum e fácil, para restaurar o “corte”
do serrote, começa pelo nivelamento dos dentes, através de 2 ou 3 passadas de lima chata a
90º da lâmina. Caso o serrote seja travado, a etapa seguinte é o acerto do travamento original,
seguido da afiação propriamente dita feita com lima triangular.
Para casos em que
os dentes já estão
muito desnivelados,
onde a lima chata
precisa ser passada
muitas vezes, (como
na
imagem à direita) o melhor é alternar as passadas da lima chata com as da lima
triangular, para evitar se perder o “passo” pré-existente (forma e espaçamento dos dentes
originais da serra). Depois de nivelados os dentes, executa-se então o travamento e afiação
final.
Se a intenção for de modificar formatos e/ou espaçamentos dos
dentes, o procedimento é o mesmo, apenas mais demorado.
Para dobrar o número de dentes de uma serra, se inicia por retirar o
travamento, batendo os dentes sobre uma superfície de madeira bem dura
ou de ferro (bigorna). Em seguida deve-se passar a lima chata de forma a
diminuir pela metade a altura dos dentes. Criar os novos dentes no
espaçamento entre os dentes existentes com a lima triangular e proceder ao
nivelamento, travamento e afiação.
Reduzir pela metade o número de dentes também começa pelo destravamento, seguido da
retirada de dentes alternados em um esmeril elétrico com rebolo fino desbastado no formato
do dente. O passo seguinte é refazer os dentes que ficaram com a lima triangular, nivelá-los,
travar e afiar o serrote.
Para casos mais graves, onde os dentes deixaram de existir, a primeira coisa a fazer é
redesenhar os dentes na lâmina do início ao fim. Se inicia o corte dos dentes com o rebolo fino
no esmeril (1/4”), e se termina com a lima triangular. Verifica-se o nivelamento dos dentes, e
se termina pelo travamento e afiação.
Na figura ao lado, podemos ver as diferenças entre os dentes. O nivelamento deve prosseguir
até que todos os dentes estejam na mesma altura.
A lima deve ser passada até que o topo dos dentes se torne novamente pontiagudo. A partir
do lado interno do primeiro dente, o mais adequado é o uso da lima triangular, sempre se
tendo o cuidado de não alterar o formato original dos dentes. O ângulo frontal do dente deve
ser de 0 a 10º para madeiras mais moles, e de 5 a 10º para madeiras duras.
não foram mexidos. Depois de feito o ângulo lateral nos dentes, é bom verificar se as pontas
dos dentes não ficaram em forma de triângulo, vistas
de cima. Caso isto ocorra deve-se retomar a afiação, sempre
respeitando os ângulos de 60º e 75º.
encostada na face do dente subseqüente ao que será afiado para protegê-lo. Afia-se então
somente a lateral do dente em questão. No mercado pode-se encontrar às vezes o kit de
afiação próprio para este tipo de serrote
Uma dica extra só para complementar: para evitar a oxidação das lâminas e melhorar o corte,
eu costumo usar silicone spray nos meus serrotes, que faz a lâmina deslizar na madeira sem
“engripar”.