ANESTESIOLOGIA

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Anestesiologia

DEFINIÇÃO: condição reversível de hipnose (ausência de consciência), analgesia, acinesia e Legenda!


diminuição dos reflexos autonômicos.
Usado na prática
Os pilares da anestesia geral são: ANALGESIA, HIPNOSE, BLOQUEIO NEUROMUSCULAR E
BLOQUEIO AUTONÔMICO, sendo esse último garantido de forma indireta após manejo da Doses recomendadas
analgesia e hipnose.

FASES DA ANESTESIA GERAL:

I. INDUÇÃO: pode ser feita por medicação IV (sempre que possível) ou inalatória (principalmente em
crianças). Nessa fase, são utilizadas 3 classes de medicação: ANALGÉSICO, HIPNÓTICO e BLOQUEADOR
NEUROMUSCULAR, necessariamente nessa ordem. Na indução inalatória não é preciso seguir esta ordem.
II. MANUTENÇÃO: pode ser IV ou inalatória, independente da forma de indução. A mais utilizada é a
inalatória, já que os gases anestésicos propiciam hipnose e analgesia. A manutenção IV é realizada em
situações especiais, pois precisa de bomba de infusão. Durante a manutenção, serão necessárias doses
adicionais de analgésicos e bloqueadores neuromusculares, isso dependerá do tempo de cirurgia e
características dos pacientes.
III. DESPERTAR: momento de atenção, para o paciente acordar é necessário reverter o bloqueio neuromuscular
e retomar o drive respiratório.

MEDICAÇÕES:

 ANALGESIA: geralmente é utilizado opioide e hipnótico.


o Opioides = com base na morfina, os mais utilizados na indução/manutenção, são os pertencentes a família das
fenilpiperidinas. A dose dos opioides é calculada com base no peso ideal dos pacientes = altura – 105’’ p/
mulheres; altura – 100 para homens).
o Fentanil = opioide sintético, 100x mais forte que a morfina. Dose titulada e infundida em bolus lentamente.
Sua dose inicial é de 2,5 – 5mcg/kg, não é recomendada infusão contínua no intraoperatório, pois a mesma
apresenta recirculação do fármaco mesmo após cessar a administração.
o Sufentanil = 5 a 10x mais forte que fentanil, maior afinidade por receptores opioides, não é usado na infusão
contínua pois prolonga o despertar. Dose recomendada 0,5mcg/kg/h.
o Alfentanil = menor volume de distribuição, terá valor de recirculação baixo. Dose é 25 mcg/kg – 50mcg/kg.
o Remifentanil = opioide metabolizado pela esterase, meia vida muito curta, adequada para infusão contínua,
na dose 0,03 a 0,1 ug/kg/min. Não é feita dose em bolus, pelo risco de bradicardia, hipotensão e rigidez
torácica.
 HIPNOSE: os hipnóticos são classificados em: fenóis (propofol); imidazóis (etomidato), fenciclidinas (cetamina),
bendodiazepínicos (midazolam – pouco usado na indução, mais usado para ansiólise como medicação pré-
anestésica.
o Propofol = é a medicação mais utilizada na indução. É um agonista gabaégico, rápida meia vida e curto tempo
de latência. Alta propriedade antiemética, reduz refluxo de vias aéreas. O propofol é de fácil identificação, pois
possui aspecto leitoso, diferente das demais drogas e por conter glicerol em sua fórmula, o paciente pode
sentir dor local na sua administração. As doses de indução são de 1mg/kg – 2,5mg/kg. Para manutenção, a
dose é de 100mcg/kg/min – 200 mcg/kg/min, com início de ação em 30 segundos durando em média 10
minutos. O propofol possui como principal efeito colateral a hipotensão, que é dose-dependente, relacionada
com depressão miocárdica. Outro efeito colateral é a depressão respiratória.
** Obs: para pacientes pediátricos, a dose é de 2,5 – 4mg/kg.
o Etomidato = agonista GABAérgico, propriedade hipnótica, indicado para doença cardiovascular, hipertensão
intracraniana. Dose de indução de 0,2mg/kg a 0,3mg/kg, iniciando ação em 1 min, durando 5 min. Esse
medicamento é usado apenas na indução anestésica, nunca na manutenção devido sua ação de inibição da
síntese de corticoesteroides. Além disso é um agente nauseante.
o Cetamina = antagonista não competitivo do receptor NMDA, com ação em receptores opióides, é uma droga
de efeito hipnótico e analgésico. Gera amnesia no paciente. Sua dose de indução é de 1 – 2 mg/kg IV ou 4 – 6
mg/kg IM, tem início de ação de 30s, com declínio em 15min. Tem efeito broncodilatador, por isso é uma opção
para pacientes asmáticos e DPOC. Como efeito colateral, sua propriedade psicomimética pode gerar
alucinações. Contraindicada para sinais de hipertensão intracraniana. Pode gerar taquicardia, hipertensão e
aumento do débito cardíaco.
 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR (BNM): é necessário por favorecer a IOT e manejo cirúrgico adequado. Eles se
dividem em despolarizantes e adespolarizantes, esse é dividido em benzoquinolínicos e aminoesteroides.
o Succinilcolina = único bloqueador neuromuscular despolarizante. Rápido início de ação, com reversão
espontânea do bloqueio em 10 min. A dose é de 1mg/kg, não deve ser utilizada contínua pelo risco de
hipercalemia, além de mialgia, bradicardia, anafilaxia e hipertermia maligna.
o Atracúrio = bloqueador adespolarizante da classe benzoquinolínicos. Tem seu pico em 5min. Sem efeitos no
sistema cardiovascular. Sua dose de indução é de 0,4 – 0,5mg/kg.
o Cisatracúrio = bloqueador adespolarizante da classe benzoquinolínicos. Dose de indução de 0,1mg/kg, com
pico de ação entre 5 e 7min.
o Rocurônio = bloqueador adespolarizante da classe aminoesteróides, com dose de indução 0,6 – 1,2 mg/kg.
Quanto maior a dose, mais rápido o bloqueio.

REVERSÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR =

o Neostigmina = reversor inespecífico para bloqueadores adespolarizantes. Pode ser associado a anti-
muscarínico como atropina, para evitar efeitos da acetilcolina como bradicardia e broncoespasmo.
o Sugamadex = reverte rocurônio e vecurônio, pode causar bradicardia. A dose se baseia na dose empregada
do bloqueador.

ANESTÉSICOS INALATÓRIOS =

Podem ser usados na indução e manutenção. São líquidos de alta volatilidade e são ofertados ao paciente como gás,
na ventilação mecânica. A solubilidade dos gases no sangue/tecido determina a velocidade que a concentração alveolar
é dada, desse modo compreende-se que a pressão parcial de anestésicos nos alvéolos determina a dose. Que pode ser
calculada pela monitorização de fases expirados através de analisadores de gases anestésicos. Nesse caso surge a
CONCENTRAÇÃO ALVEOLAR MÍNIMA (CAM) = concentração necessária que bloqueia resposta secundária a um
estímulo doloroso. Com a CAM, o anestesista consegue manejar a dose alvo. Os efeitos colaterais desses anestésicos,
são: hipotensão arterial, náusea, vômitos, depressão miocárdica e respiratória.

 Óxido nitroso = mais antigo, devido à alta CAM não é viável anestesiar com uso exclusivo de óxido nitroso.
Mas pode ser associado a outros anestésicos.
 Sevoflurano = líquido volátil mais utilizado ultimamente, causa menor irritação de vias e sem odor marcante.
Diminui fluxo sanguíneo renal e cerebral, diminuindo a pressão intracraniana. Dose recomendada entre 1 - 2
 Desflurano = líquido volátil de forte odor, causa broncoconstrição e laringoespasmo. Aumenta fluxo sanguíneo
cerebral e pressão intracraniana.
 Isoflurano = líquido volátil, causa relaxamento da musculatura brônquica, inibe a broncoconstrição.

DESPERTAR ANESTÉSICO =

É importante manter a monitorização do paciente.

Para extubação, o paciente precisa manter o drive respiratório e com bom volume corrente. A monitorização do bloqueio
é fundamental para guiar o momento correto da extubação.

A regressão da anestesia pode ser dividida em imediata, intermediária e tardia. A primeira demora alguns minutos, volta
a consciência, tem reflexo de vias e movimentação, é capaz de responder a estímulos verbais, nesse momento pode ser
transferido para a RPA.

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