Ebook Trabalho Escravo Vs02-1
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conversa sobre
trabalho escravo
Foto: Wikimedia Commons
Foto: Akulininaolga/Freepik
Introdução
Este material foi desenvolvido pela equipe da Oxfam Brasil com base Nossa estratégia foca na
em sua experiência de trabalho e na consulta a fontes internas e situação do Brasil rural e
externas. O objetivo é ajudar as pessoas a se apropriarem de conceitos nas cadeias produtivas
e referências importantes do tema. O conteúdo apresentado aqui é uma globais que levam as
introdução e recomendamos às pessoas interessadas que pesquisem commodities primárias ali
mais. produzidas para o resto
do mundo. Em nossa
A Oxfam Brasil trabalha com o tema de combate ao trabalho escravo
atuação, dedicamos
de diversas maneiras. Nossa atuação inclui, por exemplo, defender
um olhar específico
o aumento do orçamento federal para a inspeção e fiscalização
aos trabalhadores
do trabalho por meio de incidência política no Congresso Nacional.
e trabalhadoras
Também atuamos em parceria e buscamos fortalecer os sindicatos de
assalariados rurais.
trabalhadores e trabalhadoras assalariadas rurais. Cobramos, no Brasil
Todo trabalho da Oxfam
e em outros países, empresas que se beneficiam do trabalho escravo
Brasil integra uma
por meio de suas cadeias de fornecedores. Buscamos influenciar
abordagem antirracista e
políticas públicas relacionadas com questões estruturais que envolvem
de justiça de gênero – o
a vulnerabilidade de trabalhadores e facilitam o trabalho escravo.
que recomendamos a
Também defendemos o estabelecimento de mais regras e regulação,
todas as organizações
voluntárias e obrigatórias, para o comércio internacional e a atuação
interessadas em direitos
empresarial com relação aos direitos humanos. Entre as organizações
humanos em geral.
parceiras da Oxfam Brasil nesse trabalho estão, por exemplo, a
Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados
Rurais, a ONG Repórter Brasil, a Comissão Pastoral da Terra e a Conectas
Direitos Humanos.
Mas afinal, o que é
trabalho escravo?
O trabalho escravo seguiu, e segue, como uma preocupação global
desde que a escravidão foi formalmente abolida pelo último país a fazê-
la (no caso, o Brasil!). No começo do século XX, em 1919, foi reconhecida
na criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) a necessidade
de se coibir os abusos trabalhistas como base para a justiça social e a
paz no mundo.
• quando há um aliciador da mão de obra, o chamado “gato”. Alguém, ou uma empresa, que
contrata os trabalhadores e os leva ao local de trabalho. Esses intermediários muitas vezes
fazem falsas promessas e deduzem seus custos do trabalhador e não do empregador.
Nesse sentido, a terceirização das atividades-fim trouxe maior possibilidades para o
trabalho escravo;
No mundo
No Brasil
• A maioria dos casos está no setor rural, com 55.222 resgates até
maio de 2023;
Foto: PxHere
ESTRUTURA E HISTÓRIA
Existem fatores históricos e estruturais que fazem com que a situação dos trabalhadores empregados
nas fazendas seja de especial risco para o trabalho análogo ao escravo. Em primeiro lugar, devemos
lembrar que no Brasil colônia e no Brasil imperial os principais motores da escravidão eram a cana
de açúcar, o café, a pecuária e a mineração. A agricultura foi a maior responsável pelo sequestro e
escravização de pessoas da África que foram trazidas à força ao Brasil.
No século XIX, a escravidão se tornou ainda mais lucrativa e com o ‘boom’ do café, o Brasil se tornou
o principal destino de pessoas escravizadas. E mesmo quando o tráfico de pessoas escravizadas já
estava legalmente proibido no país, milhões de africanos continuaram sendo sequestrados e trazidos
para o país. A escravidão era prevalente na sociedade brasileira, estando presente em todos os
setores. Mesmo as classes médias do país, como profissionais liberais, usavam o trabalho escravo em
suas atividades. Mas o principal destino das pessoas escravizadas sempre foi o trabalho nas fazendas.
Ao mesmo tempo, durante o século XIX, o país se consolidou como uma nação independente. Leis e
instituições públicas foram criadas, a cultura e a economia foram se consolidando. Essa consolidação
conviveu com a escravidão e se beneficiou dela. Por isso, a escravidão é marca que está tão presente
até os dias de hoje na sociedade e economia brasileiras.
Isso fica evidente quando vemos que a maioria (83%) das pessoas resgatadas do trabalho
análogo ao escravo no Brasil são negras. Além disso, mesmo no trabalho em condições
regulares, o racismo está presente. Segundo o Dieese, enquanto um homem negro tem R$
2.141,00 como rendimento médio mensal, um homem não-negro recebe R$ 3.708,00 – os dados
são de 2022.
Outra “coincidência” nada acidental: a agropecuária tem o maior número de casos de trabalho
análogo ao escravo e uma maioria de negros entre seus trabalhadores rurais.
Foto: CUT
Políticas públicas
PLANO NACIONAL PARA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO Foto: Wikimedia Commons
ESCRAVO (PNETE)
O Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (PNETE) é um
conjunto de medidas que diversos atores, instituições e poderes do
governo, sociedade civil e empresarial devem realizar para combater o
trabalho escravo em todo o país. A primeira edição foi aprovada em 2003
e a segunda edição, em 2008. O plano estabelece ações de combate ao
trabalho escravo nos seguintes âmbitos:
GRUPO MÓVEL
O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) é composto por diversos
órgãos que colaboram no combate ao trabalho escravo. São eles:
Auditoria Fiscal do Trabalho, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública da União. O Grupo
Móvel realiza operações especiais, não anunciadas, em todo o país,
libertando trabalhadores e garantido seu acesso à reparação dos danos
Foto: Freepik
e acesso às políticas públicas.
Foto: Rodrigoandrade3880/Pixabay
FLUXO NACIONAL DE ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE
TRABALHO ESCRAVO
A partir da identificação da necessidade de maior continuidade no
acompanhamento das pessoas que foram resgatadas de situações
análogas à de escravo, foi promulgado em 2021 o Fluxo Nacional de
Atendimento às Vítimas de Trabalho Escravo, por meio da portaria Nº
3484 do Ministério de Direitos Humanos.
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