Relatorio de Estagio - David Pinto
Relatorio de Estagio - David Pinto
Relatorio de Estagio - David Pinto
II
Agradecimentos
A consecução deste trabalho assume para mim a concretização de um objetivo
pessoal. O balanço realizado no final desta etapa é para mim muito positivo.
Assim, é minha intenção demonstrar a minha gratidão para todas essas pessoas
que contribuíram de alguma forma para a concretização desta etapa da minha
vida.
Ao Luís Merêncio, treinador com o qual tive o prazer de realizar o meu período
de estágio, e que de tudo fez para me auxiliar nesta minha caminhada de
aprendizagem.
Aos meus Pais e irmão, sem os quais nunca teria sido possível concluir este
grande passo na minha formação rumo ao meu sonho. Pelos valores e saberes
transmitidos durante estes largos anos. Pelo incentivo, um muito Obrigado!
III
Índice Geral
CAPÍTULO I ....................................................................................................... 1
1. Introdução ................................................................................................ 1
CAPÍTULO II ...................................................................................................... 7
V
2.3. Macro Contexto de Natureza Conceptual ........................................ 17
VI
3.2.3. Observar e Assistir – Dois conceitos diferentes ........................ 71
CAPÍTULO VII..................................................................................................... i
8. Anexos ...................................................................................................... i
VII
Índice de Figuras
IX
Índice de Tabelas
XI
Tabela 11 - Propensão comportamental média dos acontecimentos dos
subprincípios da organização ofensiva entre o 1º grupo de 5 jogos analisados e
o 2º grupo de 5 jogos analisados (valores arredondados às décimas) .......... 128
XII
Índice de Anexos
XIII
Lista de Abreviaturas
AD – Associação Desportiva
EXT - Extremo
FC – Futebol Clube
GR – Guarda-redes
h – Hora
LAT - Lateral
min – minutos
m - metros
nº - Número
OF – Organização Ofensiva
OD – Organização Defensiva
SC – Sport Clube
vs - Contra
XV
Resumo
XVII
Abstract
The game model, the sport training exercise, observation and the coach’s
leadership capability are assumed to be fundamental factors for the
operationalization of the training process. The objective of the presented
internship are based on this premiss.
The final considerations in relation to the experiences show that the thematics
explored in this document are key elements in the training process. The study
allowed to verify that the game model idealized by the coach was largely in line
with the practised game by the team. Although, it was also observed that no
suficient attention was paid to the results obtained through the first observations,
which resulted in a process of stagnation / regression in the development of the
specific playing style of the team.
XIX
Resumé
Les considérations finales en lien avec les expériences du stage montrent que
les thèmes explorés dans ce document ont un rôle central dans le processus
d’entraînement. L’étude, quant à elle, a permis de démontrer que le modèle de
jeu idéalisé par l’entraîneur est dans sa majorité conforme le jeu pratiqué par
l’équipe. Par contre, nous avons constaté qu’un manque de considération
suffisante à l’égard des résultats de la première observation a causé une
stagnation/régression du développement du style de jeu spécifique de l’équipe.
XXI
CAPÍTULO I
1. Introdução
Foi realizado no Leixões Sport Clube (Leixões SC) e a escolha teve como
principal motivo as boas relações que a Faculdade de Desporto da Universidade
do Porto mantém com a instituição em questão. O Leixões SC é conhecido como
sendo uma escola de formação de renome, o que para mim se revelou muito
proveitoso vivenciar e experienciar um contexto desta natureza, onde a formação
adquire um papel muito importante. Sendo que, dado a realidade do nosso país,
as principais oportunidades para iniciar uma carreira no mundo do Futebol
passam, primariamente, pelo Futebol de formação.
1
igualmente, um momento de análise e reflexão acerca de todas as práticas
realizadas, vivências e experiências com as quais tive o privilégio de me
confrontar. Bem como as dificuldades e estratégias adotadas para ultrapassar
algumas situações de maior stress e ansiedade, nas quais me foi colocada toda
a responsabilidade de comando da equipa (jogos e treinos).
2
meios observacionais à disposição e tinha como objetivo o controlo do processo
de treino. Pretendia-se com isto demonstrar a importância da análise da própria
equipa. Pensando que fosse pertinente, sensibilizar e promover uma maior
preocupação com o nosso próprio jogar e não, apenas e só, focar as nossas
análises e preocupações nos nossos adversários.
3
numa equipa técnica de formação, procurando uma pessoa com as ditas
funções. Não pretendia um treinador estagiário dono do seu bloco de notas,
afastado dos jogadores e do campo, simplesmente, tirando apontamentos. Mas
sim alguém com capacidade criativa e interventiva.
4
Obviamente, tal como iremos referir mais adiante, os projetos idealizados
e perspetivados para efetuar durante o período de estágio, não se concretizaram
na totalidade. Um conjunto de fatores derivados do próprio contexto envolvente
e das condições de trabalho fornecidas, não possibilitaram a realização do
projeto pretendido inicialmente, tendo que adaptar os meus objetivos à realidade
e ao contexto com o qual me vi confrontado.
5
O capítulo IV é formado pela autorreflexão acerca do “Desenvolvimento
Profissional”, no qual se pretende uma reflexão sobre o seu percurso e processo
vivenciado durante o período de estágio.
6
CAPÍTULO II
2. Contextualização da prática
Neste ponto, irá ser exposto toda a informação que seja considerada
relevante e pertinente para caracterizar o contexto envolvente, em que foi
realizado o estágio no âmbito do Mestrado de Alto Rendimento Desportivo.
Iremos caracterizar a instituição, os seus objetivos para o futebol de formação,
bem como as condições de trabalho que nos foram proporcionadas. Poderemos
ainda, abordar um ou outro problema relacionados com questões de natureza
logística e/ou funcional, que possam ter dificultado, em algum momento, o
desempenhar das nossas funções enquanto treinadores.
7
Campeão Nacional da Liga Vitalis na época de 2006/2007;
E possui ainda o feito de ser a única equipa a nível europeu, que
estando na terceira divisão conseguiu o acesso à Taça UEFA (facto
consumido por ter alcançado a final da Taça de Portugal em 2002,
a qual acabou por sair derrotado contra o Sporting Clube de
Portugal).
Em relação aos jogos, estes também não têm um local fixo, pelo que,
geralmente, alternam entre os seguintes campos de futebol:
8
“Complexo Desportivo de Lavra”.
9
exponenciação da individualidade de cada jogador.
10
bastante competência, para conseguir realizar um trabalho de qualidade, sem
perda de conteúdo e, consequentemente, de aprendizagem para os jogadores.
11
redes e 17 jogadores de campo) constituíam o plantel de Sub 18. Sendo que, os
outros três já integravam a equipa de Sub 19. Aquando do final do campeonato
o plantel acabou com 19 jogadores (2 guarda-redes e 17 jogadores de campo).
Para tal facto, contribuiu a subida aos Sub 19 de 3 jogadores ainda numa fase
precoce da época desportiva, bem como a saída de um jogador do clube. Para
colmatar estas saídas deu-se, consequentemente, a entrada de 2 jogadores Sub
18 que se encontravam nos Sub 19, e a entrada de um jogador oriundo do
Padroense Futebol Clube. Posteriormente, numa fase já transitória da
preparação desportiva, na qual a equipa estava a competir na Taça Acácio Lello,
muitos jogadores dos Sub 18 foram promovidos aos Sub 19, com o objetivo de
realizar, ainda antes do término da época desportiva, a respetiva transição de
escalão. Por outro lado, recebendo nós, igualmente, alguns jogadores
provenientes do escalão de Sub 17.
12
O treinador principal, natural de Mirandela e Licenciado no 2º Ciclo na
Escola Superior de Educação Jean Piaget e Mestrado no 3º Ciclo e Secundário
na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, contava com uma vasta
experiência no seio do contexto do Leixões SC. De tal modo que, após a saída
do treinador do escalão de Sub 19, passou a ser o treinador com mais anos no
clube. O seu percurso no clube teve início com uma experiência como treinador
principal no escalão de Sub 13, tendo, a partir desse momento, subido
progressivamente de escalão até chegar ao escalão de juniores. Antes de iniciar
este trajeto, colaborou ainda com alguns clubes, como observador de jogadores.
Nesta experiência, é de realçar a sua colaboração com o Sport Clube de
Mirandela, clube que milita no Campeonato de Portugal, e no qual ainda colabora
quando solicitado.
Em relação ao treinador adjunto, dado ter tido uma passagem curta pelo
clube, não penso que se torne relevante realizar uma extensiva caracterização
do mesmo. Apenas de referir que assumiu as funções no clube oriundo dos
juniores do Clube União Desportiva Leverense.
13
ter um treinador estagiário que estivesse apenas preocupado em tirar
apontamentos sobre o trabalho realizado, mas sim uma pessoa capaz de o
ajudar no trabalho prático, no trabalho de campo, quer fosse intervindo
diretamente ou indiretamente no treino.
14
Habitualmente, quando não presente no banco, durante o tempo de
intervalo procurava sempre estar presente no balneário. Nesse momento, eu e
o treinador principal tínhamos sempre um pequeno diálogo, de alguns minutos,
sobre alguns aspetos de jogo dos quais eu poderia ter tido a perceção “do lado
de fora”. Posteriormente, o treinador principal transmitia à equipa os respetivos
feedbacks.
15
Esta competição caracterizava-se por ser um campeonato com exigências
bastante diferentes das exigências com as quais os jogadores eram
confrontados nos Campeonatos Nacionais. Estas competições distritais eram,
de algum modo, muito enriquecedoras pois expunham os jogadores a novos
estímulos.
16
2.3. Macro Contexto de Natureza Conceptual
17
posse de bola. Cabendo assim, “…aos jogadores de ambas as equipas,
individualmente, em pequenos grupos ou coletivamente, assumir
comportamentos que induzam o aparecimento de situações favoráveis
conducentes à concretização dos objetivos…” (Garganta & Pinto, 1998, p. 98).
Ou seja, sendo o Futebol um jogo de constante interação e cooperação, os
jogadores têm necessariamente que procurar soluções e respostas para fazer
face à imprevisibilidade de situações e de contexto que caracteriza o Futebol e
os JDC, quer seja numa escala individual, grupal ou coletiva.
18
jogadores” (Gréhaigne, 1992 cit. por Garganta & Pinto, 1998, p. 99). Por isso, o
treino da técnica não se deve restringir ao aspeto “biomecânico” mas deve ter
em conta a adequação às situações de jogo, isto é, só fazem sentido quando
inseridas num contexto o mais próximo possível da realidade, que é o jogo
(Garganta & Pinto, 1998, p. 99).
19
reconhecimento e importância dado ao processo de treino para a elevação do
rendimento individual e coletivo de uma equipa. A influência tendencial das
Faculdades no processo de formação desta “nova geração de treinadores”
também tem contribuído para o confronto de uma vertente mais “tradicional” do
treino e uma vertente mais “inovadora”, resultando nestas constantes evoluções
e desenvolvimentos, com o objetivo de tornar o processo de treino num processo
cada vez mais eficaz de ensino/aprendizagem. Sendo o exercício de treino um
dos principais meios de ensino/aprendizagem que o treinador tem à sua
disposição torna-se, portanto, pertinente refletir acerca dele e tentar melhorá-lo.
20
com efeitos duradouros e, consequentemente, para uma melhoria no rendimento
individual e coletivo da equipa, isto é, uma melhoria no seu “jogar”.
De acordo com Castelo (2002, p. 74), seria uma tarefa fácil definir
exercício de treino se o considerássemos apenas como sendo “a unidade lógica
de programação (prescrição) do treino desportivo”, isto é, se considerarmos o
exercício de treino apenas como o ato de prescrição, não tendo em consideração
todos os aspetos que nele estão inseridos. Contudo, ainda segundo o mesmo
autor, quando pensamos acerca da grandeza e dos diversos limites que esta
definição implica, a mesma torna-se mais complexa quanto maior for o número
de aspetos centrais que procuramos abranger. Ou seja, o exercício de treino não
se restringe apenas e só ao facto de prescrevermos um determinado exercício
de treino, revela ser muito mais do que apenas o ato prescritivo. Há que pensar
acerca de um conjunto de características e aspetos essenciais em torno do
exercício para uma prescrição e operacionalização adequada e potenciadora da
performance dos jogadores e, respetivamente, da equipa. Por exemplo, no
futebol, o modelo de jogo deve ser a base para a criação dos exercícios de treino.
Estes devem procurar fazer emergir os princípios e subprincípios de jogo que o
treinador pretende ver acontecerem. É a principal ferramenta de treino que o
treinador dispõe, de modo a tentar fazer emergir uma forma de jogar específica
na equipa.
21
Concluindo, os exercícios de treino auxiliam a atividade do treinador, na
emergência de um jogar específico – Modelo de jogo, bem como na resolução
de certos problemas específicos com os quais se podem confrontar, por
exemplo, dependendo dos adversários a defrontar, estes podem promover
problemas diferentes à equipa e, consequentemente, exigências diferentes de
jogo para jogo.
22
Assim sendo, a preocupação do treinador para a criação de exercícios
adequados que permitam a exponenciação individual e coletiva deve ser grande.
Como é sabido, cada treinador tem a sua própria metodologia de treino, não
existindo apenas um único método de treino através do qual se possa alcançar
o sucesso. Temos como exemplos vários treinadores que alcançaram grandes
vitórias e grandes títulos, todos eles com métodos de treino distintos. Atualmente
podemos referir dois grandes nomes na qual esta diferença de conceções e
abordagens ao jogo de futebol é flagrante, que é o caso de Diego Simeone, atual
técnico do Atlético de Madrid, e Pep Guardiola, atual técnico do Manchester City.
Contudo, e apesar da variabilidade de metodologias existentes, o olhar do
treinador sobre o exercício e o respetivo processo de treino tem sofrido
alterações nos últimos anos, de acordo com uma tendência evolutiva a qual
iremos abordar em contraste com o “treinar tradicional”.
Os JDC, nos seus tempos primórdios, sofreram uma grande influência dos
métodos de treino praticados no atletismo (Alvarez del Villar, 1987), o chamado
treino convencional.
23
circuitos de trabalho de força”, que nunca mais eram repetidos ao longo da época
desportiva, com exceção das paragens que ocorreriam ao longo da mesma
(Carvalhal, 2001, p. 37). Segundo o mesmo autor existiria uma valorização do
trabalho em volume em detrimento da intensidade. Daí esta metodologia se
caracterizar também pelo grande desequilíbrio entre o binómio
carga/recuperação, sendo a componente tático-técnica treinada e trabalhada
com níveis de fadiga muito elevados (Carvalhal, 2001).
Para além disso, será que todos os jogadores devem ser submetidos ao
mesmo tipo de treino? Todos têm a mesma função no decorrer do jogo? Será
que a especificidade do esforço fisiológico é igual para todos? Como podemos
verificar surgem de imediato uma infinidade de questões que põem desde logo
esta linha de pensamento em causa. Segundo Reilly, 1996 cit. por Cruz (2005,
p. 17) “a taxa de trabalho realizado durante uma partida de futebol é determinada
24
em grande parte pela posição ocupada, pelo jogador, dentro da equipa”. Como
refere (Brito, 2012) as exigências físicas do jogo de Futebol são multifatoriais.
Deste modo, a preocupação dos treinadores deve focar-se não só no trabalho
coletivo mas, também, na identificação das necessidades ou deficiências
individuais que podem ser melhoradas pelo treino, assegurando a especificidade
do treino para todos os jogadores da equipa (Brito, 2012). Posto isto, estamos
aptos a referir que as exigências físicas presentes num jogo de Futebol assumem
uma natureza diferente, dependendo da posição que o jogador ocupa no terreno
de jogo. Neste sentido, podemos verificar que surgem de imediato uma infinidade
de questões às quais esta linha de pensamento não responde. Desta forma, e
com o objetivo de dar respostas a todas estas questões surge, então, uma nova
realidade - o treino integrado, que iremos abordar de seguida.
Deste modo, podemos definir Treino Integrado como sendo a junção dos
fatores físicos, técnicos, táticos, psicológicos, etc, condicionantes da prestação
desportiva de uma equipa, existindo a predominância de uma componente do
rendimento sobre as outras, dependendo do objetivo da sessão de treino
(Chirosa Ríos cit. por Novais, 2003). Segundo Antón cit. por Novais (2003) o
Treino Integrado promove a preparação integral do atleta em todas as
componentes do rendimento, isto é, a nível físico, psicológico e tático-técnico.
25
Esta preparação é desenvolvida num contexto no qual intervêm na competição,
ou seja, permite que haja um desenvolvimento das capacidades e qualidades
dos atletas em contextos semelhantes aos que enfrentarão na competição. Este
tipo de treino tem, portanto, como característica fundamental incorporar na
mesma sessão de treino os aspetos físicos, com os seus parâmetros de volume
e intensidade, os aspetos psicológicos e os aspetos tático-técnicos, com os
devidos ajustes espaço temporais em relação aos colegas e oponentes (Chirosa
Ríos e Chirosa Ríos, s d cit. por Novais, 2003).
26
dimensões do rendimento (física, tática, técnica, psicológica etc.) seriam
desenvolvidas a partir das referências principais desse modelo de jogo. Desta
forma, o modelo de jogo funcionaria como um guia para todo o processo de
treino, não caindo no erro de trabalhar no abstrato, mas sim, constantemente,
com o objetivo de atingir o respetivo modelo de jogo e assim um jogar específico,
uma realidade objetiva.
Assim, surgiu uma nova conceção de treino que iremos abordar e explorar de
seguida a “Periodização Tática”.
27
Segundo Frade (1985), a inquietação do treinador, desde o primeiro dia,
deve ir ao encontro da forma de jogar que pretende para a equipa, isto é, colocar
a equipa a jogar conforme quer, em função de um Modelo de Jogo, previamente
definido e que é criado através do processo de treino. Reforçando esta ideia
Castelo et al. (1998) refere que o que se deve procurar treinar, desde o primeiro
dia, é a organização de jogo da equipa, o que implica que todos os exercícios de
treino, desde a parte inicial do treino (aquecimento) até ao último exercício, deva
promover o trabalho organizacional da equipa.
28
ofensiva; a transição ataque-defesa; a organização defensiva e a
transição defesa-ataque. (Oliveira, 2004);
Organização dos princípios de jogo: estes podem ser divididos em
grandes princípios de jogo (padrões gerais que caracterizam a
equipa), subprincípios de jogo (padrões de jogo intermédios que dão
vida aos padrões gerais) e subprincípios dos subprincípios de jogo
(padrões de jogo micro), referentes aos pormenores que dão
imprevisibilidade à previsibilidade (Oliveira, 2004).
29
Princípio da Progressão Complexa:
30
em cada exercício. Neste sentido, importa realçar, tal como já referido em pontos
anteriores, a importância de se ter em conta este desgaste mental no
planeamento do processo de treino, promovendo uma distribuição lógica dos
princípios, subprincípios e subprincípios dos subprincípios ao longo do
Morfociclo Padrão. De modo a procurar ter sempre os jogadores predispostos
para o processo de aprendizagem. No seguimento desta ideia o segundo dia
aquisitivo será aquele em que se poderá apresentar situações de maior
complexidade, visto ser o dia em que predomina o trabalho dos grandes
princípios (maior número de jogadores, espaço maior etc), podendo até mesmo
atingir níveis muito semelhantes aqueles encontrados em jogo (Oliveira et al,
2006 cit. por Sousa, 2007) .
31
que permitirá a modelação do jogar que se pretende, fazendo deste modo
emergir os comportamentos que se desejam.
32
2.3.3.3.1. A Tática…uma “Supradimensão”
1Material fornecido nas aulas do Professor José Guilherme Oliveira referente à apresentação
de “Periodização Tática? Quais os objetivos?”
33
2.3.3.3.2. O Modelo de jogo como elemento nuclear
34
dimensões deverão, portanto, surgirem subjacentes a esta dimensão tática que
se concretiza no Modelo de Jogo específico da equipa.
35
A modelação pode assim, ser entendida como “a ação de elaboração e de
construção intencional, por composição de símbolos, de modelos suscetíveis de
tornar inteligível um fenómeno complexo” (Garganta, 1996, p. 75). Ou seja,
procura-se, através da criação dos exercícios de treino e consequentemente do
estabelecimento de uma metodologia de treino, simplificar e facilitar a
transmissão das ideias de jogo do treinador (modelo de jogo) aos jogadores.
Revela ser, desta forma, um processo no qual se relaciona o exercício de treino
com as características próprias que caracterizam a competição (Castelo, 1996).
Procura-se perceber quais as características do contexto competitivo em
questão, de modo, a criar no exercício de treino um contexto muito semelhante
ao que se verifica no momento da competição. Deste modo, quanto maior for a
aproximação entre as situações vivenciadas e experienciadas em treino e o jogo
mais qualitativos e eficientes serão os resultados atingidos (Queiroz, 1986).
36
Trata-se, concomitantemente, da existência de duas facetas
caracterizadoras do jogo de futebol. Uma das facetas prende-se com aquela na
qual podemos intervir e na qual podemos diminuir o seu grau de imprevisibilidade
e desordem, através precisamente do modelo de jogo, estabelecendo um
conjunto de princípios e regras reguladoras dos comportamentos dos jogadores
(Silva, 1997). Por outro lado somos confrontados com uma faceta mais oscilante
e instável, que depende do adversário e da criatividade e interpretação que os
jogadores fazem das diversas situações com as quais são confrontados nos
diversos momentos de jogo (Silva, 1997). Posto isto, o papel do treinador deve
ser direcionado para a diminuição destas características que são a
imprevisibilidade e o caos que caracterizam o jogo de futebol. Porém, sem nunca
perdendo totalmente estas particularidades, correndo o risco de tornar o jogo
numa realidade “mecanizada” onde a criatividade individual e coletiva tende a
ser perecível, acabando por deixar de existir.
37
específico o futebol, interpretam e intervém no contexto no qual estão inseridos,
está subordinado a uma linha orientadora superior - Um Modelo de Jogo.
Modelo de jogo pode então ser definido como “...a organização dos
diferentes elementos constituintes do jogo…” (Gonçalves, 2011, p. 60) em que o
próprio treinador é que deve ser responsável pela sua elaboração “…devido à
sua responsabilidade e ao seu conhecimento técnico” (Gonçalves, 2011, p. 60).
Segundo Castelo (1996) Modelo de Jogo pode também ser definido como sendo
um guia, um mapa algo reflexivo. Pois assenta num processo intelectual de
ideias e pensamentos, que apresenta as linhas gerais, explanadas de uma forma
acessível à compreensão das diversas situações e interpretações das inúmeras
variáveis presentes em si mesma. É uma representação global dos princípios
gerais e subprincípios, e variáveis aos mesmos associados, que o treinador
pretende para a sua equipa, organizados e explorados de forma a facilitar a
compreensão dos intervenientes que irão “dar vida” a esse mesmo Modelo.
38
variáveis”. “Essas variáveis representam a informação específica de
determinado contexto. Assim, as variáveis só são consideradas específicas se
as suas relações informacionais e, consequentemente, de envolvimento se
puderem predizer umas às outras” (Beek et al. cit. por Oliveira, 2004, p. 152).
Isto é, no futebol, os jogadores e treinador representam as variáveis que irão
proporcionar uma informação específica àquele contexto. Através do processo
de treino, irão começar a estabelecer interações de tal ordem, que irão constituir
uma certa linguagem específica entre eles, que só tem sentido naquela equipa,
com aqueles jogadores e com aquele treinador. Ou seja, é referente a uma
identidade própria específica daquela equipa. Trata-se portanto, da criação de
um sistema informacional, que é específico porque é resultado da interação entre
os diversos conhecimentos específicos daqueles jogadores e treinador e é
dinâmico porque está em constante transformação e criação, nunca chega a
atingir um patamar de conclusão. Trata-se assim, como de uma “pequena
sociedade” (equipa) que tem uma linguagem específica que só os agentes
(jogadores/treinador) incluídos nessa sociedade percebem, entendem e
interpretam, como se verifica nos diversos idiomas existentes no Mundo.
Concluindo, o treinador deve ter sempre como objetivo, no seu horizonte, o
modelo de jogo da sua equipa, de forma a ir criando este sistema informacional
baseado nas suas ideias de jogo e jogadores à sua disposição.
39
sistema informacional específico da equipa. O treinador deve,
concomitantemente, ser o responsável pelo envolvimento dos jogadores no
processo, sentirem-se como parte integrante do projeto. Como refere Cano
Moreno (2009) os jogadores devem perceber o porquê das suas ações,
promovendo não só a vertente de repetição do treino mas também a vertente
psicológica. Ou seja, encaminhar os jogadores a pensarem sobre o porquê das
suas ações, tentando assim, de alguma forma, descodificar o Modelo de Jogo
da equipa na qual estão envolvidos, com o objetivo de tornar as ideias de jogo
muito mais claras e objetivas e, consequentemente, mais fáceis de interpretar.
Segundo Cano Moreno (2009) o Modelo de Jogo é, desta forma, responsável
por criar contextos que permitam a exponenciação coletiva. Quer dizer, a criação
de condições e contextos favoráveis que exponenciem as características
específicas dos jogadores e consequentemente elevem o rendimento coletivo a
uma escala superior.
40
as ações e comportamentos que devem privilegiar em cada momento de jogo e
face a cada situação que lhes apareça em jogo. Caso se verifique um
desajustamento entre o Modelo de Jogo preconizado e as ações que os
jogadores e a equipa desenvolvem em treino e/ou competição, esta situação
levará a “…um desajustamento indesejável entre o discurso do treinador e o
percurso da equipa” (Araújo & Garganta, 2002, p. 162). Este desajustamento e
incoerência do treinador, na operacionalização do seu Modelo de jogo, apenas
dificulta o aparecimento de uma identidade, de uma cultura própria de jogo da
equipa. Como refere Cano Moreno (2009) o Modelo de jogo tem como objetivo
ser um mapa geral que servirá de guia para o aparecimento de um jogar
específico, de uma identidade própria, e não dificultar esse aparecimento de
identidade. Ou seja, não pode ser interpretado pelos jogadores como algo
confuso e sem uma lógica processual coerente.
41
Contudo, pela imprevisibilidade e caos que caracteriza o jogo de futebol
os jogadores podem ter de solucionar os problemas que surgem de outra forma
que não esteja preconizada nos princípios de jogo, visto estes servirem de
referência e não serem regras limitadoras que restrinjam a criatividade e
liberdade de cada jogador (Cano Moreno, 2009). O seu principal objetivo não é,
portanto, limitar a ação dos jogadores mas sim proporcionar direção aos
comportamentos, influenciando a tomada de decisão dos jogadores, mas sem
nunca restringir a criatividade individual (Mateo & Valle, 2007). A liberdade
individual de cada jogador deve estar sempre presente, procurando até,
promovê-la ao máximo, pois é essa criatividade individual que irá enriquecer
ainda mais o nosso modelo de jogo, as nossas ideias de jogo. O treinador não
pode nunca ser visto como um elemento castrador, mas sim como um elemento
promotor das suas ideias, concomitantemente, com a criatividade dos jogadores
que tem à sua disposição. Esta conjugação irá permitir maximizar os níveis de
rendimento individual e coletivo.
42
de demonstrar, revela assim ser uma característica muito importante no caminho
para o sucesso.
43
A conceção de jogo do treinador, como já referido anteriormente, prende-
se com as suas ideias e interpretação própria que faz do jogo, baseadas nas
suas experiências, organizando o seu pensamento, de modo a dar-lhe “vida”
através de um Modelo para posterior operacionalização e gestão do processo de
treino (Oliveira, 2004).
44
fatia de bolo. Esta mesma fatia de bolo é representativa do bolo inteiro, isto é,
representa um fratal do bolo, pois naquela fatia estão presentes todos os
constituintes que caracterizam o todo, que é o bolo na sua globalidade.
Consequentemente, ao comer uma fatia do bolo vamos posteriormente, estar
capazes de identificar a que bolo a respetiva fatia pertence. Este aspeto revela-
se muito importante na criação e operacionalização do Modelo de jogo (Oliveira,
2004). Esta fratalidade deve promover de forma harmoniosa a relação dos
diversos princípios de jogo de modo a levar a equipa a criar uma identidade de
jogo própria, ou seja, conseguir identificar a equipa em questão, apenas pelos
comportamentos e interações expostas em campo, durante a competição
(Oliveira, 2004). Concluindo, é fundamental que o treinador aquando do
estabelecimento dos diversos princípios e subprincípios de jogo para cada
momento de jogo, tenha em consideração o “todo” para as “partes” fazerem
sentido e vice-versa, organizando os princípios de jogo de cada momento de
forma lógica e a encaixarem-se “uns nos outros”. Isto é, se atacamos de uma
determinada forma é porque queremos defender de uma determinada forma e
vice-versa, tudo tem que se encaixar de modo a fazer sentido e fluir com
naturalidade.
45
diferentes consoante os jogadores que estão em campo, mas sempre guiados
por um mapa – o Sistema Informacional que a equipa vai criando.
46
2.3.4.1.1. Tempo e espaço, a sua relevância no futebol
moderno
47
janelas de oportunidades para se conseguir entrar na organização defensiva da
equipa adversária, podemos aferir que o futebol é caracterizado por estes
pormenores e momentos, que podem ou não ser aproveitados pelas equipas de
acordo com a eficácia que os jogadores demonstram na interpretação do jogo e
na execução das suas ações.
48
Momentos de Jogo e a Especificidade. A sua concretização é alcançada através
dos exercícios de treino eleitos pelo treinador e pelo seu feedback nos mesmos
(Oliveira, 2004).
49
o contexto informacional de jogo presente no dia da competição (Brunswik, 1956
cit. por Pacheco, 2015). Tal como refere Brunswik, 1956 cit. por Pacheco (2015,
p. 25), “no âmbito da psicologia experimental, reportando-se à estruturação das
condições dos testes laboratoriais, para que estes representassem o ambiente
específico da tarefa em questão…”. Seguindo esta linha de pensamento, no
âmbito do jogo de Futebol, o exercício de treino deve ser criado de modo a
procurar representar o contexto específico do jogo de Futebol com o qual os
jogadores serão confrontados no dia da competição. Desta forma, é possível um
exercício revelar ser específico e não representativo ou vice-versa (Oliveira,
2004). Vejamos o seguinte exemplo: Uma situação de jogo 10x0. Esta situação
poderá em virtude dos constrangimentos que o treinador poderá colocar revelar-
se específica, contudo, não se revela representativa, pois não representa o
contexto informacional com o qual os jogadores se irão confrontar no dia da
competição (ausência de adversários). Deste modo, o treinador aquando da
criação dos seus exercícios de treino deve ter em atenção a inclusão de todas
estas características. Assim, os jogadores irão vivenciar, no treino, situações e
problemas muito semelhantes com os quais serão confrontados no jogo, de
modo a criar imagens mentais da melhor forma de resolver os problemas
presentes, e assim ultrapassar os constrangimentos com que se deparam
(Oliveira, 2004). Com o objetivo de potenciar ao máximo a transferência dos
comportamentos realizados em treino para o dia do jogo (competição).
50
caracterizadores do modelo de jogo da equipa. Como referido em capítulos
anteriores, de entre esses fatores estão presentes a cultura do clube, a entrada
e saída de novos jogadores, as condições de trabalho, entre outras.
51
CAPÍTULO III
3.1 O Compromisso
53
Deste modo, após uma avaliação e análise dos jogadores à nossa
disposição e contexto envolvente, uma das nossas principais preocupações
prendeu-se com o estabelecimento deste compromisso. Isto é, de objetivos a
atingir para a época desportiva 2015/2016.
54
Os resultados eram classificados de insuficiente, suficiente, bom e muito
bom. Dependendo da habilidade motora específica avaliada, os critérios de
avaliação utilizados foram os seguintes:
Pontapé de Baliza:
Entre os postes:
55
Passe:
Desarme:
Cabeceamento:
56
Bom: executa o cabeceamento com a intensidade adequada à
situação ocorrente.
Muito bom: executa o cabeceamento com a direção e intensidade
adequada à situação ocorrente.
Cruzamento:
Receção:
Remate:
Drible:
57
Suficiente: executa o drible, ultrapassando por poucas vezes o
adversário.
Bom: executa o drible, ultrapassando o adversário, embora
deixando esporadicamente a bola jogável para a próxima ação.
Muito bom: executa o drible, ultrapassando o adversário e deixando
a bola jogável para a próxima ação.
Numa escala coletiva, o nosso objetivo passava por conseguir criar uma
união e um espírito de equipa muito forte dentro do balneário, visto a entrada de
muitos jogadores “de fora” na equipa. O segundo objetivo relacionava-se com a
implementação das nossas ideias de jogo na equipa. Ou seja, conseguir
transmitir o modelo de jogo idealizado, e tendo o mesmo como guia de todo o
processo de treino, construir um “jogar” específico e de qualidade. Para tal, era
utilizado a visualização dos vídeos dos jogos (os que nos foi permitido realizar a
58
filmagem), de modo a perceber o desenvolvimento da qualidade de jogo da
equipa.
3.2 Conceção
Desta forma, a atenção que o treinador deve dar à sua equipa deve ser
máxima, quer ao nível do processo de treino, quer ao nível da competição. A
tendência de se preocupar apenas e só com a observação do adversário, já não
se revela suficiente para alcançar um patamar constante de vitórias e sucessos.
Neste sentido, pensamos ser de toda a pertinência a tarefa desenvolvida,
durante o período de estágio, prender-se com estes aspetos.
59
Contudo, e devido a uma série de impedimentos relacionados com o
contexto envolvente, não foi possível realizar esta análise pormenorizada de
todo o processo de treino conforme desejado. Deste modo, optou-se por
perceber se o modelo de jogo idealizado pelo treinador para a equipa, se
aproximava na realidade do jogo praticado pela mesma. Deixando assim, de
parte, como complemento ao estudo, a análise aos exercícios de treino. Esta
análise seria efetuada no que diz respeito ao momento da organização ofensiva,
segundo indicadores que iremos identificar, e pormenorizar, mais à frente.
Tal como referido em capítulos anteriores, o Modelo de Jogo revela ser muito
importante na condução de todo o processo de treino. Este demonstra ser das
principais ferramentas que o Treinador deve procurar ter à sua disposição, de
modo a sustentar a operacionalização de todo o processo de treino da sua
equipa.
60
Em suma, o objetivo do modelo não é mais do que, fazer emergir uma
profunda identificação com o que é preconizado, com o objetivo de atingir um
“jogar específico” que se repercute a nível individual e a nível coletivo, dotando
assim os jogadores e consequentemente a equipa de um sistema informacional
específico. Sendo que, o treinador está ciente, que ao contrário do que se possa
pensar, o modelo de jogo não é uma realidade fechada, pelo contrário, encontra-
se recetível a constantes modificações, nunca chegando a um patamar de
conclusão.
Sendo assim, uma das primeiras funções que procuramos realizar quando
assumimos a equipa de Sub 18 do Leixões SC, foi avaliar os recursos à nossa
disposição bem como o contexto envolvente, de forma a criarmos um modelo de
jogo específico para a nossa equipa. Tendo, claramente, a plena consciência de
que poderíamos ter que adaptar a nossa conceção de jogo aos jogadores que
iríamos ter sob o nosso comando, bem como, ao contexto do clube no qual
estávamos envolvidos.
61
2º Momento – Transição Ataque-Defesa (TAD);
62
Transição Defesa-Ataque: É determinado pelos comportamentos que se
devem apresentar durante os segundos imediatos após se ganhar a posse de
bola. Estes instantes revelam ser fundamentais, tal como na TAD, pois as
equipas encontram-se momentaneamente desequilibradas para as novas
funções, passando portanto o objetivo, por aproveitar este momentâneo
desequilíbrio do adversário para tentar criar situações de golo e marcar golo
(Oliveira, 2004).
Organização Ofensiva
Princípio de jogo
63
Subprincípios de jogo
Saídas em construção;
Jogo posicional (com grande atenção para os laterais e extremos);
Aproveitamento da profundidade nas costas da linha defensiva
adversária;
Variações de corredores laterais;
Circulação rápida e objetiva da posse de bola;
Passe e receção orientada;
Mobilidade dos jogadores (principalmente trocas posicionais entre
extremo e lateral);
Transição Ataque-Defesa
Princípio de jogo
Subprincípios
64
Objetivo: Condicionar de imediato os comportamentos da equipa adversária,
tentando recuperar de imediato a posse de bola ou caso não seja possível, entrar
em organização defensiva de forma equilibrada e organizada, sem abrir espaços
entre linhas.
Organização Defensiva
Princípio de jogo
Subprincípios de jogo
65
Transição Defesa-Ataque
Princípio de jogo
Subprincípios de jogo
Jogo posicional;
Passe e receção direcionados;
Interpretação do jogo, de modo a perceber quando aproveitar de imediato
os espaços deixados pela equipa adversária (ataque rápido) ou manter a
posse de bola e entrar em organização ofensiva;
Mudança de atitude (defensiva – atacante).
Bolas Paradas
Princípio de jogo
Defesa zonal
Subprincípios
66
Nas situações de bola parada tínhamos definido diferentes estruturas
defensivas, dependendo da zona onde se realiza a bola parada e o pé com que
o batedor iria realizar a mesma. De seguida iremos explicitar, através de algumas
figuras, de modo a facilitar a visualização da informação, os comportamentos
pretendidos para as diversas situações de bola parada.
Canto
“Fechado”5 / “Aberto”6
5 Terminologia usada e definida pela equipa técnica, com o objetivo de facilitar a transmissão
de informação para os jogadores. É referente aos cantos em que a bola descreve uma
trajetória em direção à baliza.
6 Terminologia usada e definida pela equipa técnica, com o objetivo de facilitar a transmissão
de informação para os jogadores. É referente aos cantos em que a bola descreve uma
trajetória contrária à direção para a baliza.
67
Figura 2 - Canto aberto
68
Figura 4 - Livre frontal
Canto7
7 Nas situações ofensivas, a equipa técnica pretendia que o canto fosse “fechado”. Esta escolha
foi baseada nas características individuais dos jogadores à nossa disposição. Visto o facto de
não possuirmos jogadores muito fortes no momento de disputa e cabeceamento.
69
Livre Lateral / Livre Frontal
Objetivo: Impedir que a equipa alcance o golo, através de uma atitude agressiva
e ativa na ocupação dos espaços e no ataque à bola.
70
3.2.3. Observar e Assistir – Dois conceitos diferentes
71
perceber a parcela de participação dessas variáveis no rendimento desportivo
(Garganta, 1998).
72
subprincípios de jogo), quer a escala individual (ações/comportamentos
individuais caracterizadores de um dado jogador em específico).
O objetivo passa por planear o processo de treino com base nas observações
e análises realizadas acerca da equipa adversária, bem como nas observações
e análises da nossa equipa. Como refere Talaga, 1985; Olsen, 1988 cit. por
Garganta (1998, p. 7), estas informações decorrentes do processo de
observação e análise, “…quando sistematizadas, permitem configurar modelos
de atividade de jogo, que possibilitam, não só construir métodos de treino mais
eficazes e estratégias de trabalho mais profícuas, mas também indiciar
tendências evolutivas”. Contudo a observação não se estende apenas ao
adversário. No Futebol moderno é notório a crescente preocupação em observar
a própria equipa, de modo a perceber quais os seus erros e assim planear o
trabalho semanal também com base nestas observações (Ventura, 2013). Para
tal a utilização do vídeo revela ser fundamental. Atualmente, este é um dos
recursos mais utilizados pelos treinadores (Ventura, 2013).
Posto isto, revela ser de toda a importância mostrar através de vídeos e/ou
imagens da própria equipa, os momentos menos bons (erros), bem como os
momentos bons aos jogadores. Com a visualização das respetivas situações, os
jogadores conseguem criar imagens mentais que os irão ajudar a ter uma noção
mais esclarecedora e definida do que fazer quando confrontados com uma
situação semelhante. Da mesma forma que a visualização de vídeos/imagens
em relação ao adversário também se revela importante, no sentido de dotar os
jogadores de uma noção mais objetiva da informação que o treinador pretende
transmitir. Como é sabido, uma imagem vale por mil palavras (Robertson, 2002
cit. por Ventura, 2013, p. 46). Tal ideia é corroborada por Ventura (2013) ao
afirmar que é crucial recorrer a um processo de seleção de imagens que
mostrem os comportamentos padrão do adversário, para mostrar aos jogadores.
Ainda segundo o mesmo autor, revela-se mais simples para os jogadores, a
perceção e interpretação da informação transmitida através da visualização de
imagens, do que apenas através da informação verbal do treinador. Dando um
exemplo prático, segundo Rui Jorge cit. por Ventura (2013, p. 37), ex-
internacional português, na altura em que era jogador do Sporting SC e tinha
73
como treinador Fernando Santos, “especialmente no início da época, realizavam
a análise de jogo da equipa leonina em vídeo, e desta forma, analisavam as
situações em que não tinham estado tão bem, ou seja, dissecavam os erros que
cometiam”. Por outro lado, analisavam igualmente, “as situações que tinham
ocorrido bem e que era necessário potencializar” (Pacheco, 2005 cit. por
Ventura, 2013, p. 37). Outro exemplo prático prende-se com a equipa técnica de
José Mourinho, quando Rui Faria cit. por Ventura (2013, p. 47) afirma que “os
jogadores realizam os exercícios com informação que resulta desse
visionamento e do que são as estratégias para o jogo. É um processo muito
exaustivo e que permite aos jogadores terem um conhecimento profundo do
opositor.” Segundo o mesmo autor, o vídeo é ainda, numa fase posterior,
disponibilizado diretamente aos jogadores.
74
adversidades que poderão surgir. Assume-se como uma ferramenta, através da
qual se tenta minimizar o caráter imprevisível que caracteriza o jogo de Futebol.
75
jogo todos os indicadores de rendimento expressados na competição devem ser
alvos de observação. Rocha, 1996 cit. por Ventura (2013) reforça a ideia de que
durante a competição, se devem reunir informações sobre as particularidades
evidenciadas pela equipa adversária, bem como sobre alguns comportamentos
e qualidades individuais realçadas pelos jogadores. Com o objetivo de assegurar
que as informações recolhidas são direcionadas e objetivas para o que é
pretendido, os indicadores e pressupostos da observação devem ser,
indubitavelmente, estabelecidos e definidos antecipadamente, isto é, antes do
processo de observação (Hughes & Franks, 2004 cit. por Ventura, 2013). Parece
deste modo, fundamental estabelecer a priori o que se quer observar durante o
jogo, e como serão numa segunda fase, as informações e dados recolhidos
usados no processo de treino, tendo como objetivo a melhoria do rendimento
desportivo (Carling et al., 2005 cit. por Ventura, 2013).
76
equipa deverá incidir igualmente sobre determinados aspetos tais como,
“atitudes e comportamentos sociopsicológicos dos jogadores e da equipa em
situações de adversidade, tipo de relacionamento com os opositores e com a
equipa de arbitragem” e ainda o meio e as condições em que a competição se
vai realizar. Aspetos relacionados com as substituições geralmente efetuadas e
os seus efeitos nas dinâmicas da equipa, a postura da equipa dependente do
resultado do jogo, e a identificação e caracterização dos jogadores de referência
assumem-se, igualmente, como aspetos muito relevantes no momento da
observação de uma equipa (Ventura, 2013).
77
Após uma entrevista, ao treinador, acerca do seu modelo de jogo referente
ao momento da organização ofensiva, os indicadores definidos para o processo
de observação foram os seguintes:
A opção por estes indicadores foi tomada com base nos aspetos que
consideramos mais relevantes no momento da OF da equipa. Bem como com o
objetivo de escolher um indicador para cada momento distinto dos sub-
momentos que caracterizam este momento de jogo.
78
fatores. O sucesso, principalmente, no alto nível, cada vez mais se encontra
dependente do pormenor. A diferença entre uma vitória e uma derrota é,
frequentemente, decidida num detalhe. Desta forma, os treinadores procuram
cada vez mais, tornar o jogo de futebol em algo “controlável”. Através das suas
inúmeras planificações, periodizações, observações etc, esperam diminuir ao
máximo a imprevisibilidade que caracteriza o jogo de Futebol. Sendo assim, no
início da época desportiva, um grande número de treinadores opta por elaborar
uma periodização de toda a época desportiva, dividindo a mesma em diversos
momentos. Esta divisão tem como grande objetivo, maximizar o rendimento
desportivo alcançando grandes níveis de rendimento em períodos-chave. Bem
como segundo Garganta (1993, p. 259) “…ajuda a organizar o processo de treino
e a fixar de modo mais efetivo o conteúdo da preparação, segundo os objetivos
e o tempo a gerir”.
79
lado, quando nos referimos a modalidades coletivas, como é o caso do futebol,
tal situação já não se verifica transferível, pois o treinador necessita de ter os
seus jogadores com níveis de performance elevados durante o maior período de
tempo possível, visto todas as semanas serem confrontados com 1 ou 2 jogos,
nos quais têm que atingir níveis de desempenho elevados, para conseguir
alcançarem os seus objetivos. Desta forma, resta ao treinador procurar controlar
o estado de forma dos jogadores, dado a inevitabilidade da existência de
momentos altos e de momentos baixos durante a época desportiva (Garganta,
1991). Ou seja, dependendo da natureza da modalidade a abordagem que
devemos procurar no planeamento e periodização de todo o processo de treino
revela ser completamente distinto. Em relação aos aspetos nucleares que se
inserem nestas periodizações, estes podem ser variáveis de treinador para
treinador, dependendo das suas crenças e ideias que têm em relação ao jogo e
ao treino.
80
bolas paradas e ações técnico-táticas individualizadas) a abordar em cada
sessão de treino. Estes conteúdos eram definidos com base em dois aspetos: o
grau de dificuldade dos adversários que iríamos defrontar nesse mês e as
necessidades da nossa equipa. Posto isto, planeávamos a semana de treinos
consequente, definindo os princípios e subprincípios de jogo que quereríamos
treinar, bem como, os respetivos exercícios.
81
De realçar, igualmente, em relação ao planeamento dos diversos mesociclos
que, geralmente, o planeamento de novo mesociclo era realizado na 3ª semana
de treinos do mesociclo em questão. Desta forma, promovia-se sempre uma
interligação entre todas as semanas de treino, nunca deixando acabar por
completo o período delimitado para um mesociclo, para iniciar o posterior. No
nosso entender, esta forma de periodizar o treino revelava ser a mais adequada.
Isto porque, dado o futebol ser um fenómeno imprevisível, não fazia sentido
planearmos uma época desportiva inteira. Aliás, o treinador principal quando
confrontado com essa questão teve uma resposta simples “…não faz sentido,
nem sequer consigo periodizar todos os treinos para toda a época desportiva…”,
pois ao longo da época existem inúmeros fatores que influenciam os princípios
e subprincípios de jogo que se querem treinar em cada sessão de treino. Sendo
assim, sustentávamos o controlo do processo de treino em mesociclos,
microciclos e suas respetivas unidades de treino (Tamarit, 2013).
Operacionalização
Período Preparatório;
Período Competitivo;
Período Transitório.
Esta divisão foi efetuada com base nas ideias e crenças do treinador principal,
sendo o método com o qual ele se familiarizava e gostava de trabalhar.
82
De acordo com as minhas crenças e ideias acerca do treino não me
parece fazer sentido realizar esta divisão da época desportiva. Visto o futebol ser
uma modalidade na qual se exige que a equipa mantenha um rendimento
desportivo constante durante toda a época desportiva, não tendo que atingir um
pico de forma em determinado período-chave. A preocupação do treinador deve
passar por procurar, sim, ter a sua equipa sempre apta a nível físico de modo a
retirar o máximo da sua prestação desportiva em todos os treinos e jogos. Tal
situação permite que os jogadores estejam sempre predispostos e recuperados
para os treinos, com o objetivo de os preparar, igualmente, a nível organizativo
(tático), técnico e psicológico. Esta gestão do binómio esforço/recuperação ao
longo de toda a época desportiva parece revelar-se, desta forma, fundamental.
83
Em suma, como referido em capítulos anteriores, com esta abordagem ao
treino, não existe qualquer divisão em termos de preparação para a época
desportiva. A preocupação centra-se na construção de um jogar específico, de
acordo com o modelo de jogo idealizado pelo treinador (Freitas, 2005). A vertente
física, essa, é adquirida através do treino em situações muito semelhantes às
quais os jogadores serão confrontados no dia da competição. Neste sentido, não
se tratam as diversas dimensões do “jogar” de forma isolada (Freitas, 2005). O
controlo da fadiga é realizado através do treino, com uma alternância horizontal
em especificidade da distribuição das sub-dinâmicas de esforço durante a
semana de treinos, através de uma distribuição lógica dos princípios e
subprincípios de jogo a treinar (Maciel, 2011). O treinador procura, igualmente,
através da inclusão e manipulação de constrangimentos (tempos de descanso e
de exercício, espaço de jogo, número de jogadores, regras dos exercícios,
material utilizado e o grau de emotividade) nos exercícios realizados, controlar o
binómio esforço/recuperação em cada sessão de treino, de forma a nunca
sobrecarregar as mesmas do mesmo modo em dias consecutivos (Pardo,
1998:12 cit. por Sá, 2001). Desta forma, pensaria ser mais adequado ter uma
abordagem ao treino nestes moldes, contudo, visto a última decisão ser do
treinador principal, a estrutura adotada para a época desportiva 2015/2016 foi a
referida anteriormente. Ou seja, a divisão da época desportiva em 3 momentos
distintos (período preparatório; período competitivo; período transitório).
Período Preparatório
84
deles, em permanecerem no treino mais algum tempo, o treino podia alongar-se
até as 2h de duração. Este período “extra”, por assim dizer, nem sempre era
direcionado para a equipa toda (coletivo), muitas das vezes era aproveitado para
trabalhar aspetos de forro mais individualizado.
85
de jogo a treinar era feita, principalmente, com base em aspetos de
organização coletiva.
Seguidamente, como forma de esclarecimento, apresento o exemplo de
alguns exercícios realizados para este momento.
86
pequenas conversas eram originadas por alguma discordância sobre a forma
como se devia desenvolver o processo de treino.
Outro aspeto que suscitou uma reflexão foi o facto do treinador ter como
hábito de treino, a realização de jogo no fim de cada sessão de treino.
87
tempo de treino, já por si só, ser bastante reduzido. Ou seja, muitas vezes, o
treinador interrompia um determinado exercício de treino que estava a ser
bastante proveitoso para se trabalhar determinado conteúdo de treino, para
realizar este tipo de jogo sem qualquer constrangimento. O objetivo apenas
passava por promover algum tempo mais liberto, sem qualquer restrição aos
jogadores. Concluindo, com a realização deste 3º momento de treino, a parte
aquisitiva do treino, muitas vezes, tinha apenas 30 ou 40 min. Após várias
conversas, sobre este tema, com o treinador principal. Este como justificação
para realizar este tipo de trabalho, referia a sua experiência enquanto jogador de
futebol, na qual gostava de acabar o treino com esta parte mais “lúdica”, no qual
jogavam o jogo pelo jogo, sem imposição de qualquer constrangimento. Desta
forma, este 3º momento do treino foi mantido durante toda a época desportiva.
Obviamente, existindo exceções de alguns dias nos quais não foi possível
realizar este trabalho devido, geralmente, à escassez de tempo.
Período Competitivo
Desta forma, na fase inicial do treino deixou de estar presente aquele foco
para a vertente física, sendo agora apenas realizado um aquecimento prévio, de
forma a mobilizar as estruturas que iriam ser solicitadas na parte subsequente
do treino. Este aquecimento durava cerca de 15/20 min no máximo. Nesta fase
de preparação, o objetivo passava por possuir mais tempo na segunda fase do
treino, isto é, na parte aquisitiva (construção do nosso próprio jogar).
88
Esta fase inicial de aquecimento, geralmente, não se alterava muito. A
opção passava por cada dia ter um aquecimento pré-definido. Esta escolha, da
parte do treinador, era sustentada no facto de não querer gastar demasiado
tempo de treino com esta fase inicial. Pois uma das nossas grandes limitações,
que falaremos mais à frente, prendia-se com o facto de possuir bastantes
jogadores que não conseguiam chegar a horas ao treino, o que nos reduzia o
tempo de trabalho disponível.
89
Quarta-feira: neste dia da semana, como aquecimento padrão,
tínhamos estipulado o passe em losango. Este exercício era
realizado com 2 jogadores por posição e com duas bolas. Ao
mesmo tempo que os jogadores realizavam os passes, era
igualmente, realizado algum trabalho de mobilização dos membros
superiores e inferiores.
90
com pequenos jogos como futevólei para os jogadores que tinham sido
utilizados, enquanto os restantes faziam jogo formal (numa fase inicial
este jogo era realizado contra os jogadores da equipa de Sub 19 que
também não tinham sido utilizados. Contudo, com a mudança de treinador
nos Sub 19, esta relação de interligação entre os Sub 18 e os Sub 19 foi
deixando de existir. Para esta situação, também contribuiu o facto da
equipa de Sub 19 ter alterado o seu campo de treinos para outro espaço).
91
Por último, e referindo-me aos 2 últimos momentos do treino, o
conteúdo e estrutura dos mesmos era muito semelhante ao que se
verificava no período preparatório. Alguma da diferença existente residia
no facto de tentarmos reduzir o tempo proporcionado ao 3 momento
(habitualmente, jogo formal), de modo a termos mais tempo para o
segundo momento do treino (parte aquisitiva). Pois nesta fase, a nossa
principal preocupação prendia-se com a consolidação do nosso jogar. A
transmissão e assimilação dos diversos princípios e subprincípios de jogo
(modelo de jogo) revelava ser o nosso objetivo principal durante este
período de preparação desportiva.
Período Transitório
92
com os jogadores do escalão de Sub 17. O principal objetivo era começar a
preparar a próxima época. Tomar conhecimento dos jogadores constituintes da
equipa, para a próxima época, bem como permitir que alguns jogadores
referenciados pudessem vir treinar, de modo a perceber se podiam ou não vir a
ser mais-valias para o plantel para a época seguinte.
93
ou negativamente para o processo de treino/competição. Neste sentido, iremos
explorar, neste ponto, todas as situações que pensamos serem de toda a
pertinência e relevância a sua exploração. De modo a facilitar a compreensão e
contextualização da informação que irá ser apresentada, optamos por fazer esta
análise retrospetiva seguindo a divisão de performance desportiva que foi
realizada durante a época desportiva, isto é, referindo as dificuldades e
problemas encontrados durante o período preparatório, período competitivo e
período transitório. Pretende-se, igualmente, perceber de que modo a equipa
técnica se conseguiu adaptar e reajustar às adversidades, bem como que
estratégias adotou para resolver os constrangimentos com os quais se deparou.
Período Preparatório
94
experiência, e no sentido de conhecer os jogadores que transitavam da época
anterior, à exceção do treinador principal que já os conhecia. Com um período
preparatório curto, com a duração de aproximadamente um mês, a equipa
técnica tinha alguma urgência em definir o plantel de modo a puder iniciar o seu
processo de treino com vista à construção de um jogar específico.
Estas situações revelaram ser a “raiz” de um dos problemas que iniciou neste
período e se arrastou ao longo de toda a época desportiva, que foi o número
reduzido de jogadores ao nosso dispor. Tendo muitas vezes, devido a lesões e
outros problemas de forro externo, treinos em que dispusemos de 13/14
jogadores.
Período Competitivo
Com o início deste período, a coincidir com o início das aulas, os atrasos e
algumas ausências de jogadores em determinados dias, começaram a ser um
problema que revelava ser uma grande condicionante para o trabalho
95
desenvolvido. Esta condicionante prendia-se pela redução do tempo de treino.
Habitualmente, no horário de treino estavam estabelecidas sessões de treino de
uma hora e meia, contudo com estes constrangimentos, frequentemente, a
sessão ficava reduzida a uma hora de treino.
Apenas penso ser pertinente realçar que numa fase final do campeonato, no
qual os jogadores já assumiam que era algo difícil alcançarmos o segundo lugar
(visto estarmos a oito pontos de distância do segundo lugar, faltando 4 ou 5
jogos) e consequente apuramento para a segunda fase do campeonato, os
atletas incorporaram algumas atitudes menos positivas em relação ao empenho
demonstrado, sendo uma delas, relacionada com o cumprimento dos horários.
Nesta situação a equipa técnica, com o objetivo de acabar de imediato com estas
atitudes por se revelarem reincidentes, optou por transmitir aos atletas que quem
chegasse fora de horas simplesmente não iria treinar. Tal situação levou a que
nalguns treinos treinássemos com 8 ou 9 jogadores. Contudo, a equipa assimilou
a mensagem e após esses treinos voltou a assumir os horários com
responsabilidade.
96
Outra preocupação da equipa técnica prendia-se com o facto de não
possuirmos treinador de guarda-redes nesta fase da época, dado que o treinador
responsável por esse trabalho abandonou o clube ainda antes do início do
período competitivo. O clube nada fez para encontrar uma pessoa para essas
funções, sendo que passamos a época desportiva sem treinador de guarda-
redes.
97
treinar determinado princípio ou subprincípio de jogo, e devido à falta desse
mesmo material víamo-nos obrigados a não poder treinar e trabalhar aquilo que
pretendíamos.
98
A equipa técnica que já discutia esta situação no período preparatório tomou
inicialmente a opção de adaptar um defesa-central na posição de médio
defensivo. Esta escolha foi tomada com base nas características do jogador em
questão e pelo facto de já ter vivenciado esta posição em épocas anteriores.
Tratava-se do capitão de equipa, que era dotado de um bom conhecimento
tático, o que o ajudava a adaptar-se rapidamente a uma nova posição, e tinha
uma capacidade técnica evoluída, o que de acordo com o nosso modelo de jogo
também era necessário para aquela posição.
99
Sendo assim, jogamos a maioria da época desportiva num sistema de GR-4-
3-3 com o triângulo invertido.
Agora penso ser importante referir o caso de um jogador que nos foi
dificultando bastante a gestão do processo de treino, pois influenciava
negativamente o comportamento de alguns dos colegas. Tratava-se de um
jogador que estava diagnosticado com alguns problemas de forro psicológico e
medicado na amenização dos seus problemas, tendo sido semanalmente
acompanhado pela psicóloga do Leixões SC. Tínhamos de nos adaptar e
perceber que aquele jogador precisava de uma abordagem, muitas das vezes,
diferente daquela que tínhamos com os restantes elementos do plantel. O
100
jogador em questão era caracterizado por diversas alterações de humor, tendo
a equipa técnica que ter a sensibilidade de perceber estas mudanças de estado
e, desta forma, ajustar as suas intervenções. Nos dias “maus”, alguns jogadores
deixavam-se influenciar negativamente por esses comportamentos,
prejudicando a dinâmica e fluidez da sessão de treino. Nestas situações a equipa
técnica optava por colocar o(s) atleta(s) em questão a correr à volta do campo e
nalgumas situações as consequências estendiam-se à convocatória para o jogo
da semana em causa, sendo o(s) atleta(s) envolvidos excluídos da convocatória.
Outras vezes, os atletas acabavam por serem convocados mas a equipa técnica
já tinha definido que não realizariam qualquer minuto de jogo. Esta segunda
opção era tomada pelo simples facto da equipa técnica se ter apercebido que a
simples exclusão da convocatória de alguns atletas não se revelava suficiente,
pois estes encaravam o castigo como que “uma coisa boa”, como se de um fim-
de-semana livre se tratasse. Assim a equipa técnica obrigava-os a estar com a
equipa e marcar presença no jogo.
101
sentido esta revelou-se uma limitação com a qual tivemos de nos confrontar
durante toda a época desportiva.
Período Transitório
Este período revelou-se bastante difícil para os jogadores, bem como para
a equipa técnica, pois esta teve de se confrontar com uma atitude bastante
negativa da parte dos jogadores. Esta atitude de desmotivação derivada da
frustração por não ter conseguido alcançar o objetivo principal a que nos
tínhamos proposto, o de alcançar a segunda fase do campeonato.
102
resposta aos vários problemas que se foram colocando ao longo do nosso
percurso, vamos agora iniciar a exploração da tarefa desenvolvida no âmbito do
estágio, que tinha como grande objetivo ser um elemento de controlo do
processo de treino. O propósito passava por termos a perceção, se os
subprincípios de jogo transmitidos para o momento da organização ofensiva,
estavam a ser assimilados pelos jogadores.
103
na sua posse, transmitindo a ideia de que na maioria das vezes que optassem
pelo passe longo, o mais provável seria perder a posse de bola.
104
constantemente a ter que regressar a páginas anteriores para visualizar os
resultados.
Aproveitamento da
profundidade nas
Construção a Jogo posicional
costas da linha
partir do GR (%) EXT/LAT (%)
Jogos Resultado defensiva adversária
(%)
Saída Saída Mesma Linhas Sem Com
Golo
curta longa linha diferentes perigo perigo
SC Arcozelo vs
1-0 47.8% 52.2% 43.6% 56.4% 70.6% 29.4% 0%
Leixões SC
Vila FC vs
0-4 71.4% 28.6% 26.6% 73.4% 77.5% 15% 7.5%
Leixões SC
Leixões SC vs
4-0 55.6% 44.4% 51.4% 48.6% 59.3% 25.9% 14.8%
Foz
AD Grijó vs
0-1 65% 35% 32.4% 67.6% 81.3% 12.5% 6.3%
Leixões SC
Avintes vs
1-11 12.5% 87.5% 45.5% 54.5% 48.4% 32.3% 19.3%
Leixões SC
Média dos 5 jogos 50.5% 49.5% 39.9% 60.1% 67.4% 23% 9.6%
Para tal iremos definir uma escala para a propensão com que os
comportamentos desejados acontecem. Neste sentido, a escala definida é a
seguinte:
105
25 – 49.99% - Propensão de nível fraco (cor amarela);
50 – 74.99% - Propensão de nível bom (cor verde claro);
75 – 100% - Propensão de nível muito bom (cor verde escura).
106
a colocar mais bolas de forma longa, o que neste caso, pensamos que se possa
ter repercutido nas percentagens finais.
Neste jogo, pela análise dos resultados obtidos podemos concluir que os
comportamentos que o treinador pretendia para a equipa não aconteceram com
a regularidade e qualidade desejada, o que se refletiu no resultado final do jogo,
acabando por sermos derrotados por 1-0. Tal situação pode ter sido agravada
pelo nervosismo e ansiedade presente nos jogadores por ser o primeiro jogo do
campeonato, visto a equipa ser composta por muitos jogadores novos que
vieram de outros clubes de menor dimensão.
8
Expressão subjetiva relacionada com a interpretação própria da equipa técnica. Visto o trabalho ser
direcionado apenas para uma avaliação interna de controlo do processo de treino, a equipa técnica
chegou a consenso acerca da utilização desta terminologia.
107
Explorando o segundo jogo, que opôs o Vila FC vs Leixões SC, os
resultados podem ser observados na Tabela 2, representada a seguir.
Aproveitamento da
Construção a Jogo posicional profundidade nas costas da
partir do GR (%) EXT/LAT (%) linha defensiva adversária
Jogos Resultado (%)
Vila FC vs
0-4 71.4% 28.6% 26.6% 73.4% 77.5% 15% 7.5%
Leixões SC
108
ofensivo com mais espaço e critério, ou seja, respeitando os subprincípios
definidos para esse momento de jogo.
Aproveitamento da
Construção a Jogo posicional profundidade nas costas da
partir do GR (%) EXT/LAT (%) linha defensiva adversária
Jogos Resultado (%)
Leixões SC
4-0 55.6% 44.4% 51.4% 48.6% 59.3% 25.9% 14.8%
vs Foz
109
Os resultados obtidos revelaram ser menos positivos nos subprincípios de
jogo da construção a partir do guarda-redes e do jogo posicional entre o extremo
e o lateral, e bastante mais positivo em relação à eficácia com que o
aproveitamento da profundidade nas costas da linha defensiva adversária foi
alcançado. Em relação às construções a partir do guarda-redes, verificou-se que
em 55.6% das situações o guarda-redes optou por iniciar a construção de forma
curta e em 44.4% optou por iniciar a construção de forma longa. Com base
nestes resultados classificamos a propensão dos comportamentos pretendidos
numa escala de nível bom, pois o comportamento pretendido aconteceu mais
vezes do que o comportamento não pretendido. Contudo, verificou-se uma
descida em relação ao jogo anterior. Esta descida pode ter derivado do facto do
guarda-redes utilizado ter sido o guarda-redes, habitualmente, suplente. Bem
como um dos jogadores utilizados na posição de defesa central também ter sido
um jogador que não costuma ser a primeira opção. Tais alterações podem ter
induzido numa redução dos índices de confiança e segurança da equipa, numa
1ª fase de construção, em sair de forma curta.
110
originaram golo e 59.3% para as situações que não criaram qualquer perigo.
Neste sentido, podemos inferir, através da soma das situações que criaram
perigo (25.9%) com as situações que originaram golo (14.8%), que alcançamos
uma percentagem de 40.7% que é classificada numa escala de nível bom. Estes
números mostram como a qualidade de execução, eficácia e aproveitamento
deste subprincípio de jogo aumentou bastante em relação ao último jogo, apesar
do número total de tentativas de exploração deste momento ter sido de 27
tentativas, ligeiramente inferior ao verificado no jogo precedente. Para estes
resultados parece-nos fundamental o efeito das dimensões do terreno de jogo.
Dado o campo (Complexo da Bataria) apresentar as dimensões máximas as
equipas, geralmente, denotam alguma dificuldade em conseguir fechar os
espaços vazios. No caso da equipa do FC Foz, derivado da habituação ao campo
de pequenas dimensões quando jogam em casa, foi notória a dificuldade que
demonstraram em fechar espaços quer em profundidade quer entre linhas, o que
nos permitiu explorar o espaço deixado nas costas da linha defensiva adversária.
Este aproveitamento podia ser realizado através de um passe entre linhas para
depois solicitar esse espaço ou de uma forma mais direta.
Aproveitamento da
Construção a Jogo posicional profundidade nas costas da
partir do GR (%) EXT/LAT (%) linha defensiva adversária
Jogos Resultado (%)
AD Grijó vs
0-1 65% 35% 32.4% 67.6% 81.3% 12.5% 6.3%
Leixões SC
111
percentagem de 65%, colocando-se numa escala de nível bom. Por outro lado,
as saídas promovendo o passe longo tiveram uma percentagem de 35%.
112
identificado com as ideias pretendidas pela equipa técnica, e um jogador também
muito pouco utilizado.
Aproveitamento da
Construção a Jogo posicional profundidade nas costas da
partir do GR (%) EXT/LAT (%) linha defensiva adversária
Jogos Resultado (%)
Avintes vs
1-11 12.5% 87.5% 45.5% 54.5% 48.4% 32.3% 19.3%
Leixões SC
113
afetado os níveis de confiança e segurança do guarda-redes em iniciar a
construção de forma curta.
114
percentagem de 51.6%, classificada numa escala de nível bom e muito próxima
da escala de nível muito bom. Bem como, as intenções em cumprir este
subprincípio de jogo também foram bastante boas, com 31 tentativas. Sendo o
2º jogo, dos 5 jogos observados, com maior número de tentativas de
aproveitamento do espaço deixado nas costas da linha defensiva adversária. Tal
como já foi referido anteriormente, as claras facilidades que a equipa adversária
nos concedeu (sendo a equipa mais fraca do campeonato na nossa opinião)
parece ter influenciado em grande escala os resultados apresentados para este
jogo.
De uma forma geral, pela observação dos resultados obtidos, vimos que
os subprincípios de jogo pretendidos pelo treinador, para o momento da
organização ofensiva, estão a ser cumpridos de forma positiva, nestes 5 jogos
analisados. Contudo, as percentagens obtidas, ainda demonstram alguma falta
de consistência na realização destes subprincípios de jogo, bem como na
qualidade e eficácia de realização. De realçar que os valores obtidos podem ser
influenciados por alguns fatores, dos quais alguns deles já foram referidos
anteriormente. Os fatores passíveis de influenciar os resultados obtidos foram os
seguintes:
115
promover algumas alterações, no processo de treino, que fossem de encontro à
melhoria destes subprincípios de jogo, principalmente, na melhoria da eficácia
do aproveitamento do espaço deixado nas costas da linha defensiva adversária,
visto ter sido neste capítulo que a equipa demonstrou menor qualidade, eficácia
e consistência.
116
Tabela 6 - Propensão comportamental dos acontecimentos dos subprincípios da
organização ofensiva no 2º grupo de 5 jogos observados (valores arredondados às
décimas)
Aproveitamento da
profundidade nas
Construção a Jogo posicional
costas da linha
partir do GR (%) EXT/LAT (%)
Jogos Resultado defensiva adversária
(%)
Saída Saída Mesma Linhas Sem Com
Golo
curta longa linha diferentes perigo perigo
Vila FC vs
0-2 77.8% 22.2% 33.3% 66.7% 87.5% 12.5% 0%
Leixões SC
Leixões SC vs
1-3 29.2% 70.8% 64.7% 35.3% 81% 14.3% 4.7%
Padroense B
FC Foz vs
0-3 55.2% 44.8% 38.2% 61.8% 56.3% 37.5% 6.3%
Leixões SC
Boavista B vs
1-1 31.3% 68.8% 62.5% 37.5% 77.8% 22.2% 0%
Leixões SC
Leixões SC vs
Oliveira do 0-1 62.5% 37.5% 40.4% 59.6% 93.3% 6.7% 0%
Douro
Média dos 5 jogos 51.2% 48.8% 47.8% 52.2% 79.2% 18.6% 2.2%
117
Fazendo referência ao jogo posicional entre extremo e lateral, a
percentagem de vezes que ambos não se encontravam nas mesmas linhas foi
de 66.7%, o que se insere numa escala de nível bom.
118
Fazendo referência ao segundo jogo que opôs o Leixões SC vs
Padroense B que podemos ver representado na Tabela 7.
Aproveitamento da
profundidade nas
Construção a Jogo posicional
costas da linha
partir do GR (%) EXT/LAT (%)
Jogos Resultado defensiva adversária
(%)
Saída Saída Mesma Linhas Sem Com
Golo
curta longa linha diferentes perigo perigo
Leixões SC vs
3-1 29.2% 70.8% 64.7% 35.3% 81% 14.3% 4.7%
Padroense B
119
encontraram na mesma linha. Estes números demonstram que os
comportamentos não pretendidos aconteceram mais vezes do que os
comportamentos pretendidos, sendo classificados com uma escala de nível
fraco. Neste capítulo, os resultados revelaram-se mais negativos do que nos
jogos anteriores. Estes resultados parecem-nos passíveis de terem sofrido
alguma influência, para além da alteração de um dos extremos utilizados em
relação ao jogo anterior, do facto da estrutura (GR-3-5-2) se revelar diferente da
maioria das equipas que defrontamos e a oposição da equipa adversária se
estabelecer num nível muito superior comparado aos adversários precedentes.
No que se refere à estrutura da equipa adversária, a nossa equipa demonstrou
bastantes dificuldades em lidar com esta abordagem diferente ao jogo, o que se
refletiu no resultado ao intervalo (0-1). O facto de entrarmos a perder e esta
situação se arrastar até à segunda parte, penso que também pôde influenciar
em alguma escala os resultados obtidos, pois os jogadores começam a
preocupar-se em dar a volta à desvantagem, não olhando, ao modo como
chegam à baliza mas sim chegarem lá pelo caminho mais rápido e fácil.
120
No que concerne ao jogo entre o FC Foz vs Leixões SC representado na
Tabela 8, apresentada a seguir.
Aproveitamento da
profundidade nas
Construção a Jogo posicional
costas da linha
partir do GR (%) EXT/LAT (%)
Jogos Resultado defensiva adversária
(%)
Saída Saída Mesma Linhas Sem Com
Golo
curta longa linha diferentes perigo perigo
FC Foz vs
0-3 55.2% 44.8% 38.2% 61.8% 56.3% 37.5% 6.3%
Leixões SC
121
devido às modificações efetuadas nos jogadores utilizados na posição de
extremos.
Aproveitamento da
Construção a Jogo posicional profundidade nas costas
partir do GR (%) EXT/LAT (%) da linha defensiva
Jogos Resultado adversária (%)
Boavista B vs
1-1 31.3% 68.8% 62.5% 37.5% 77.8% 22.2% 0%
Leixões SC
122
Podemos verificar que no que diz respeito ao subprincípio de jogo de
construção a partir do guarda-redes, 31.3% foram realizadas através de passe
curto e 68.8% foram realizadas através de passe longo. Estes números indicam-
nos que o pretendido pelo treinador não se concretizou com a propensão
desejada, acontecendo mais vezes o comportamento não desejado do que o
comportamento desejado. Ou seja, de acordo com a escala estabelecida, a
propensão do comportamento desejado encontra-se numa escala de nível fraco,
estando muito próxima do nível muito fraco. Neste caso, estes resultados podem
ter sido influenciados pelas dimensões do campo de jogo, que eram muito
reduzidas. Acrescendo a esta situação o facto do adversário ser uma equipa
muito forte (1º classificado do campeonato naquele momento), condicionando
muitas vezes a nossa primeira fase de construção. O que não nos permitia iniciar
a construção do momento ofensivo de forma curta, tantas vezes quantas as que
desejávamos.
123
relação ao aproveitamento deste subprincípio de jogo, estabeleceu-se numa
escala de nível fraco. Neste capítulo os fatores referidos anteriormente, também
nos parecem ter influenciado estes resultados, pois com as dimensões do
terreno de jogo a revelarem-se muito reduzidas (diminuindo o espaço deixado
nas costas da defesa adversária), acrescentado à forte oposição da equipa
adversária, a nossa equipa revelou bastante dificuldade em encontrar espaços
para organizar o seu processo ofensivo e criar dificuldades à equipa adversária.
Aproveitamento da
Construção a Jogo posicional profundidade nas costas
partir do GR (%) EXT/LAT (%) da linha defensiva
Jogos Resultado adversária (%)
124
adequada, acontecendo mais vezes o comportamento desejado do que o
comportamento não desejado. Ou seja, de acordo com a escala estabelecida a
propensão do comportamento desejado encontra-se numa escala de nível bom.
Esta melhoria dos resultados pode ter sido influenciada pelo facto da qualidade
da equipa adversária se revelar menor do que a verificada no último jogo, não
condicionando muito a primeira fase de construção da equipa, visto optarem por
um bloco defensivo baixo.
125
Desta forma, penso que os resultados podem ter sido influenciados por esta
situação contextual em que se realizou este jogo, o que se verificou
principalmente no último subprincípio de jogo onde os resultados foram muito
negativos. Espelhando-se, igualmente, no resultado final de jogo, no qual
acabamos por sair derrotados por 1-0 com uma equipa muito inferior à nossa em
termos de qualidade individual.
126
de jogo, as alterações não são tão significativas, todavia, é notória a diminuição
do compromisso no cumprimento destes subprincípios de jogo relativos ao
momento da organização ofensiva da equipa. Estes dados são passíveis de
confirmação através da observação da Tabela 11, que demonstra as
percentagens médias da propensão com que aconteceram os comportamentos,
no conjunto dos primeiros 5 jogos analisados em comparação com os segundos
5 jogos analisados. Para o cálculo das médias e de modo a perceber se as
diferenças entre as mesmas (médias do 1º grupo de 5 jogos em relação às
médias do 2ª grupo de 5 jogos) eram estatisticamente significativas, utilizamos
os seguintes procedimentos estatísticos, com recurso ao programa SPSS
(Statistical Package for Social Sciences):
127
Tabela 11 - Propensão comportamental média dos acontecimentos dos subprincípios
da organização ofensiva entre o 1º grupo de 5 jogos analisados e o 2º grupo de 5
jogos analisados (valores arredondados às décimas) e valores de p
Aproveitamento da profundidade
Construção a partir Jogo posicional
nas costas da linha defensiva
do GR (média %) EXT/LAT (média %)
Jogos adversária (média %)
Saída Saída Mesma Linhas
Sem perigo Com perigo Golo
curta longa linha diferentes
1º Grupo
de 5 jogos 50.5% 49.5% 39.9% 60.1% 67.4% 23% 9.6%
analisados
2º Grupo
de 5 jogos 51.2% 48.8% 47.8% 52.2% 79.2% 18.6% 2.2%
analisados
Valor de p
0.959 0.960 0.349 0.349 0.216 0.527 0.078
(p=0.05)
128
um processo de estagnação/regressão. Apenas se tendo verificado uma
pequena melhoria no primeiro subprincípio, contudo muito reduzida.
129
130
CAPÍTULO IV
4. Desenvolvimento Profissional
A primeira experiência, desde logo, dita como “nova” para mim foi lidar com
um escalão de juniores. Até ao momento, a minha experiência tinha sido
direcionada para escalões com idades inferiores, lidando com jogadores entre
os 9-12 anos. Neste momento, a minha capacidade de adaptação foi,
imediatamente, posta à prova. A linguagem utilizada com os jogadores quer em
treino ou noutro contexto, formal ou informal, teve que ser adaptada. Numa fase
inicial, revelou-se uma tarefa um pouco complicada pois os 2 anos de vivência
em escalões de sub10 e sub12 criaram em mim hábitos e rotinas de linguagem
que eram desadequados para usar, naquele contexto, com jogadores juniores.
Contudo, observando a linguagem utilizada e o tipo de feedback utilizado pelo
treinador principal, fui adaptando a minha linguagem e conseguindo enquadrar-
me no respetivo contexto.
Primeiramente, o meu principal objetivo passava por, numa fase inicial, não
dar muita confiança aos jogadores, contudo, sem nunca desprimorar alguma
ajuda de que pudessem necessitar. Depois, numa segunda fase, através da
transmissão de alguns feedbacks, em treino, nos quais eles verificavam que os
131
ajudava a melhorar o seu rendimento em determinado aspeto. E pela realização
de alguns trabalhos de vídeo e power points, sendo eu próprio a fazer a
apresentação dos mesmos, bem como o esclarecimento de qualquer dúvida que
eles tivessem. Com todos estes pequenos passos que fui realizando, os
jogadores começaram a reconhecer-me competência, bem como começaram a
identificar em mim alguma influência nas tomadas de decisão, dado as tarefas
que o treinador principal me atribuía.
A partir deste momento, fui podendo estabelecer uma relação mais próxima
com os jogadores, pois eles já demonstravam capacidade para perceber os
limites que podiam ou não ultrapassar. Esta relação com eles foi facilitada a partir
do momento que souberam que era jogador de futebol federado, recorrendo
muitas vezes a mim para alguns problemas ou queixas que poderiam ter e
pensariam, à partida, que eu teria maior capacidade compreensiva por perceber
a posição em que se encontram. Cabendo-me a mim perceber a informação e o
feedback, dos jogadores, que era importante transmitir ao treinador principal,
servindo como de elo de ligação entre jogadores e treinador principal.
132
o que se revelava muito positivo, acabando os mesmos por terem as suas
oportunidades.
Na minha opinião, a minha relação com os jogadores foi um dos aspetos mais
positivos que adquiri este ano, o que demonstra, de certa forma, o resultado
positivo da minha adaptação a escalões de idades superiores.
O facto de ter estado inserido numa equipa de Futebol de 11, também foi uma
“novidade” para mim, tendo apenas estado inserido em equipas de Futebol de 7.
Esta situação permitiu-me desenvolver capacidades de planeamento e
pensamento completamente distintas das que são exigidas para uma equipa de
Futebol de 7. A gestão de um grupo de 20 ou mais jogadores revela-se
completamente distinta da gestão de um grupo de 10/12 jogadores. A primeira
adaptação mental que tive de realizar prendeu-se com o planeamento das
sessões de treino. Este exercício revelou-se muito enriquecedor para mim. O
exercício mental exigido para ajustar as minhas ideias, ao número de jogadores
133
e às interações entre eles, em relação a alguns exercícios, foi muito proveitosa.
Numa fase inicial, sentia dificuldades em conseguir englobar todos os jogadores
no planeamento da sessão de treino, pois muitas vezes tinham de ficar de fora
2 ou 3 jogadores e, nesse momento, demonstrava alguma dificuldade em
perceber o que seria o mais adequado eles realizarem, visto muitas vezes, o
treinador principal delegar-me as funções de ficar a realizar um trabalho
específico com os jogadores que não estavam a participar no exercício em
questão.
A decisão pelo trabalho realizado, com estes jogadores, era deixada ao meu
critério. Pensando no que poderia ser feito, geralmente, com 3 ou 4 jogadores,
cheguei à conclusão que poderia ser muito vantajoso e afetar o rendimento dos
jogadores de forma positiva, se promovesse um trabalho coordenativo, de força
e resistência muscular com uma vertente predominantemente preventiva de
lesões. Após transmissão das minhas intenções, ao treinador principal, este
concordou totalmente e deu-me inteira liberdade para criar os exercícios que
pretendia.
134
futuros desafios e projetos que possa vir a abraçar. Visto, atualmente, devido à
pouca experiência que temos e à impossibilidade de liderar uma equipa de nível
sénior a curto prazo, a área de trabalho ligada à preparação física do atleta pode
assumir-se como uma porta de entrada para futuros voos.
Para mim, nas primeiras vezes que aconteceu, não foi fácil estar sozinho
perante um grupo de 20 jogadores. Tendo que organizar toda a sessão de treino
de modo a conseguir que fosse gerida apenas com um treinador presente, neste
caso eu. Após a passagem por estas situações, posso afirmar que estas
experiências foram das mais enriquecedoras para a minha atividade enquanto
treinador, tendo que atuar, nesses dias, como se fosse eu o gestor de todo o
processo operacional do treino e das restantes questões relativas aos jogadores.
Obrigou-me a perder o receio e a ansiedade de enfrentar os jogadores, tendo
que dialogar com eles quer para a explicação dos exercícios que iriamos realizar
em treino, quer para transmitir outras informações externas ao treino. De realçar,
igualmente, que esta situação se verificou em alguns dias de jogo, nos quais o
treinador principal não pôde estar presente.
Concluindo, este ano de estágio no Leixões SC, penso que foi muito positivo
para o meu desenvolvimento enquanto treinador. Como referido anteriormente,
permitiu-me melhorar capacidades, bem como desenvolver novas
competências. Após esta experiência, num contexto, caracterizado por alguma
135
instabilidade, penso estar preparado para futuros desafios e projetos, quer seja
para assumir funções de treinador adjunto, quer para assumir funções de
treinador principal. Prova do reconhecimento do trabalho realizado foi o convite
do treinador principal em seguir com ele para o Boavista FC, como seu adjunto.
Proposta que aceitei com bastante apraz e satisfação, pois revelou ser o
culminar de uma época desportiva de trabalho, recompensada pelo trabalho e
empenho demonstrado durante o ano.
136
CAPÍTULO V
5. Considerações finais
137
nos a aspetos relativos a todos os constrangimentos, como é o caso da falta de
material e do número reduzido de jogadores;
138
Complementando estas conclusões, cabe-nos referir, de igual modo, a
importância do processo de treino na transmissão das ideias de jogo do treinador
para os jogadores. Demonstrando, deste modo que a simples transmissão verbal
da informação, sem transferência para os conteúdos trabalhados no treino, neste
caso, resultaram numa involução da equipa. Tal situação foi demonstrada, com
a observação de 10 jogos, fazendo a comparação dos 5 primeiros jogos com os
5 subsequentes.
139
análise dos exercícios de treino realizados. De forma a promover uma grande
transferência dos comportamentos realizados em treino para o jogo, o processo
de treino deve ser o mais adequado possível. Tendo o processo de treino, como
elemento central, o exercício de treino, penso ser de toda a pertinência e
importância analisar os exercícios realizados, bem como as respostas dos
jogadores aos mesmos. Isto porque, muitas vezes, podemos estar a realizar um
determinado exercício para atingir um objetivo específico e, quando nos damos
conta, o exercício não se revela totalmente potenciador dos comportamentos
que pretendemos ver acontecerem;
140
durante o jogo. Tal situação deve-se à capacidade de auto-organização9
caracterizadora das equipas. Ou seja, referimo-nos ao facto do treinador
conseguir estruturar a equipa de modo a exponenciar a individualidade de cada
jogador, permitindo que os jogadores consigam estabelecer, de forma autónoma
e organizada, interações entre eles que se desenrolem da melhor forma possível
afetando positivamente o jogo. Sendo assim, podemos afirmar que o modo como
o treinador transmite as suas ideias de jogo e o modo como estrutura a equipa
revelam ser aspetos importantes para fazer emergir uma determinada forma de
jogar na equipa;
9
“Processo em que os comportamentos comunicam espontaneamente entre si e cooperam
subitamente num comportamento comum, coordenado e concertado” (Stacey,1995 cit. por
Maciel, 2011, p. 204)
141
Simeone, que apesar de ter recursos à sua disposição inferiores às restantes
grandes potências da Europa, nestes últimos anos tem conseguido competir com
estas equipas e muitas vezes vencê-las. Tal deve-se à sua capacidade de
liderança, do modo como consegue influenciar os seus jogadores e fazê-los
acreditar que o caminho dele é o indicado e é o que lhes trará mais sucesso.
142
6. Perspetivas para o futuro
Neste ponto do trabalho, pretendo refletir acerca das minha perspetivas para
o futuro profissional no contexto do Futebol. Desde cedo a minha ligação a este
mundo se estabeleceu, primeiro como jogador de futebol federado e mais
tardiamente como treinador de futebol. Dado a minha carreira enquanto treinador
de futebol se revelar ainda precoce, as minhas principais prioridades passam por
vivenciar e experienciar o máximo de contextos diferenciados no seio do Futebol,
de modo a enriquecer o meu leque de competências e capacidades enquanto
treinador de futebol.
143
para além da contínua aquisição de saberes e conhecimentos ao nível do treino
que busco constantemente, o foco para estes aspetos direcionados para a
capacidade de liderança do treinador e consequentes efeitos na gestão do grupo,
assumem em mim uma prioridade que antes da realização deste estágio não
tinha vincada.
144
CAPÍTULO VI
7. Referências bibliográficas
145
compreensão como melhorar o rendimento e a direcção dos jogadores e
da equipa. S.l.: Jorge Castelo.
Castelo, J. (2002). O exercicio de treino desportivo: A unidade logica de
programacao e estruturacao do treino desportivo. Lisboa: FMH.
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Licenciatura apresentada a FCDEF-UP.
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treinador. Carcavelos: PrimeBooks.
148
CAPÍTULO VII
8. Anexos
1) Qual a forma de ataque que a tua equipa privilegia? (Ataque rápido, contra-
ataque ou ataque organizado)
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2) Quando a construção do ataque inicia no GR, privilegia uma saída curta ou uma
saída longa? Ou define outro tipo de princípio para este momento?
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3) Quando a tua equipa está com bola que tipo de circulação/ comportamento
pretendes que a tua equipa adote? Pretendes muitos passes e toques por
jogador até chegar à baliza? Pretendes que ela faça muitas variações de
corredores? Pretendes muita variação de passe e intensidade na circulação?
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i
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4) Pretendes que a tua equipa beneficie o ataque por zonas interiores ou por zonas
exteriores, privilegiando a finalização através de cruzamentos para a área?
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7) Que tipo de passe queres que a tua equipa privilegie quando está em
organização ofensiva? (curto, médio ou longo)
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ii
8) Nas diversas formas de atacar, o momento ofensivo é precedido de um momento
defensivo, de recuperação da bola. Em que zona do campo queres,
preferencialmente, que a tua equipa recupere a bola?
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11) Neste mesmo momento, quais os jogadores que pretende que a sua equipa
incorpore, preferencialmente?
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iii
Anexo 2 – Plano Anual de Competições
iv
Anexo 3 – Ficha de Mesociclo Padrão
v
Anexo 4 – Ficha de Microciclo Padrão
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
vi
Anexo 5 – Ficha de Unidade de Treino Padrão
vii
Anexo 6 – Caracterização Individual do Plantel de Sub 18
viii
Anexo 7 – Caracterização e evolução das habilidades motoras específicas
dos jogadores por posição
ix
Fim da época desportiva
x
Anexo 8 – Tabela Classificativa Final do Campeonato Distrital de Sub 19
xi
Anexo 9 – Tabela Classificativa Final da Taça Acácio Lello
xii