Série Perigosos Cafajestes 2 Parte 2 - Perigosa Redenção-1

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Copyright © 2021 Juliana Souza

Todos os direitos reservados 1º Edição

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios.


Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é
coincidência e não é intencional por parte do autor.

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em


um sistema de recuperação, ou transmitida de qualquer forma ou
por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou

outro, sem a permissão expressa por escrito da editora.

Design da capa por: Magnifique Design

Diagramação: AK Diagramação

Revisão do texto: Claudyanne Ferreira, Isa Oliveira, Thaynara

Rodrigues

ISBN-13: 9781234567890

Número de controle da Biblioteca do Congresso: 312241416


Sumário

Epígrafe

Dedicatória

Agradecimentos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Bônus

Capítulo 10
Capítulo 11

Capítulo 12

Bônus Especial I

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Bônus Especial II

Capítulo 22

Bônus Especial III

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26
Epílogo
Não vou desistir de nós

Mesmo que os céus fiquem violentos

Estou te dando todo meu amor

Ainda estou melhorando

Jason Mraz
Dedico esse livro a todas as minhas leitoras e amigas, as

minhas parceiras por todo o cuidado e ajuda na divulgação. E a


essas meninas super poderosas que me ajudaram nos momentos
de surto. Obrigada pela paciência meus amores...Lorena, Daiany,

Skarlat, Isabella e Isis.


Primeiramente quero agradecer a todas minhas leitoras

incontroláveis pelo carinho, pela paciência e pela força. Vocês são


incríveis.

Agradecer a cada uma das minhas adm's, por mais um sonho

realizado. Obrigada Thamires, Andressa, Claudyanne, Thaynara e

Isa.

"Um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho. Um sonho

sonhado junto é realidade "

Yoko Ono
Sinto um arrepio na alma e cerro os punhos. Meu maxilar
enrijece e trinco os dentes. A sala parece dar um giro de 360 graus.

Minha garganta está seca.

Por um segundo eu achei que estava vendo coisas.

É um sonho.

É um sonho.

É um SONHOOOOOOO!
Alguém bate bem forte na minha cabeça para ver se eu

acordo.

Tinha que ser a porra de um sonho.

Não é sonho.

Não é sonho.

NÃO É SONHO!

Fixo o olhar ao dela, que me encara por rápidos segundos,

usando o sobretudo para cobrir a...

Nego com a cabeça levemente, a fuzilando com os olhos.

Puta que pariu. Caralho. Porra. Cu.

— Lorenzo... — Sinto a mão de Chris em meu antebraço, me

empurrando para baixo.

Mas estou puto, com uma raiva que não consigo medir. Eu
quero gritar. Eu quero rasgar minha garganta em um grito

ensurdecedor. Quero fazê-la me encarar.

Mas não saía nenhum som. Nada.

Eu só estava lá, paralisado, olhando-a.

Um misto de sentimentos passando pela minha cabeça, ela

acaricia a barriga e desvia os olhos dos meus.


— Podemos começar? — A voz rouca do juiz me tira do transe
e me faz o encarar.

Nego veemente.

— Não...Eu... — Tento balbuciar. Eu só queria sair dali.

— Meu cliente precisa de uns minutos meritíssimo. — Arthur


interrompe, me fitando.

— Já demos tempo demais, senhor Gonzáles. — O juiz nos

encara.

Chris assente levemente e segura em minha mão, me fazendo

sentar.

— Pela minha cliente, podemos prosseguir.

Fuzilo o frango do advogado que me encara de relance.

Conheço ele de algum lugar. Parece ser bem jovem.

Odeio ele de algum lugar.

Engulo em seco, balançando a cabeça e meus olhos não

conseguem desviar de Enrique, ele diz algo no ouvido da irmã, que

assente rapidamente.

É patético. Me dá nojo.
— Lorenzo... Você precisa manter seu controle. — Chris

sussurra no meu ouvido. — Por favor.

Manter o controle?

O MEU PAU!

— Como você pôde fazer isso comigo? Como pôde?! —

Disparo, a encarando.

As palavras saem sem ao menos eu perceber, saem com uma


velocidade que me fazem tremer.

— Lorenzo, por favor... — Arthur diz baixo ao meu lado,


segurando em meu ombro.

— Silêncio, senhor González! — O juiz me encara.

Foda-se! Foda-se!

— Como você pôde fazer o que fez com ela, Lorenzo? —


Enrique me fita e sinto meu coração dar um giro. — Traiu minha

irmã e quer se fazer de...

— Enrique, por favor! — Diana sussurra segurando em seu


braço.

— Eu pedi silêncio! Sentem-se por favor!

Eu estava sendo consumido pelo ódio. Pela fúria. Pela Raiva.


Meu coração parece que vai se quebrar a qualquer momento,

aqui mesmo. Como se fosse possível ele se quebrar mais do que já


está.

— Você precisa manter o controle, Lorenzo! — Arthur rebate.

— Eu sei que é difícil..., mas por favor!

Não é difícil.

É impossível.

Está me sufocando.

O juiz começa a falar e minha mente não consegue


acompanhar uma maldita palavra sequer. Cláusulas contratuais

sendo faladas, como se eu não soubesse de cada maldita palavra


que está escrito nesta merda.

Quero sair desta sala.

— Bom, minha cliente trouxe cópias do contrato que assinaram


antes do casamento. — O frango pau no cu do advogado empurra a

pasta sobre a nossa direção. — Aqui é bem claro que a maioria das
cláusulas só beneficiam o senhor Gonzáles.

Sorrio, abrindo o blazer.

— Posso garantir que não... — Arthur se adianta e semicerra


os olhos o encarando. — Senhor...
— Fairfield. Elliot Fairfield.

Encaro Chris, que me fita.

Arthur empalidece no mesmo instante, o olhando.

Bingo.

Eu sabia que conhecia a alma sebosa.

Mesmo com a cabeça perturbada e querendo matar todo


mundo, o nome veio como uma flecha.

Elliot Fairfield é o irmão mais novo de Camille.

Mais conhecida como a ex noiva que fodeu com a vida do


Arthur.

— Agora ferrou foi tudo. — Chris diz baixo levando a mão na

testa.

— O contrato de casamento é bem específico, senhor Fairfield.


E beneficia tanto o meu cliente, quanto a sua. — Arthur rebate sério,
empurrando a pasta na sua direção.

E uma longa batalha de farpas se inicia.

Enquanto eu sinto minha garganta se fechar a todo momento.

Fecho os punhos e mordo o lábio.


— Minha cliente deve ser indenizada pelas inúmeras traições
do senhor Gonzáles. Como diz a cláusula da terceira linha. — Elliot
diz me olhando.

Os olhos azuis me fitam e suspiro pesadamente, me ajeitando

na cadeira.

Vou mandá-lo tomar no meio do cu.

Estou prestes a surtar...

Jesus... Segura minha mão.

— Sendo assim o meu cliente terá que ser...

— Chega! — Bato com as mãos na mesa, me erguendo em

um salto.

— Senhor Gonzáles, se contenha!

— Você quer realmente que eu assine alguma coisa? — Ignoro


as palavras de protesto do juiz. Chris me segura e minha voz corta

enquanto fito Diana.

— Lorenzo... — Chris me encara.

Os olhos se cravam nos meus, e ela assente.

— Pois fique sabendo que não vou assinar merda alguma, se


quiserem anular isso, que partam para o litigioso! — Disparo, me
desvencilhando das mãos de Arthur e Chris sobre os meus braços.

Minha voz sai esganiçada e balanço a cabeça, a fitando ainda

sentada.

— Eu nunca trai você! Nunca! No começo eu queria, admito

Diana..., Mas eu nunca traí você! — Disparo com a voz embargada.

Estou tomado por uma fúria que não cabe dentro do meu peito.

Ela se levanta, erguendo o queixo e fixando os olhos aos

meus.

Os lábios trêmulos e os olhos marejados.

Falsa.

— Acabe com isso, Lorenzo. Não foi o que sempre quis?

Assine... Acabe com isso.

— Silêncio! — O juiz diz em alto e bom som.

— Senhor juiz, é melhor dar um tempo, os ânimos estão


exaltados nessa sala. — Arthur diz firme.

Sinto um bolo se formar em minha garganta. O silêncio se


instala novamente e engulo em seco.

— Vinte minutos para os ânimos se acalmarem.


Sou o primeiro a sair daquela merda de sala, afrouxo o nó da

gravata sentindo-a me sufocar. Tudo parece pequeno demais e me

sinto a porra de um animal enjaulado.

Chris me encara e balanço a cabeça, o olhando.

— Lorenzo...

— Pelo amor de Deus, Christopher! Que merda é essa? Que

porra ela fez?

Estou sentindo um misto de desespero e incredulidade.

O corredor está vazio, a sala que mamãe ficou é mais


afastada. Viro o rosto assim que Diana me encara, erguendo o

queixo me olhando.

— Eu preciso falar com você. — Diz em um sussurro inaudível.

Sorrio balançando a cabeça.

— Não vou deixar você sozinha com ele. — Enrique me fita.

— Você acha que ainda temos o que conversar? — Indago a

encarando de cima a baixo.

Meu Deus. Meu Deus.

— Lorenzo, é o mais prudente agora. — Arthur fala e Chris


confirma. — Posso pedir uma sala para vocês...
— Obrigada, Arthur.

Cerro o punho, assim Arthur se põe a nossa frente. Sinto meu

sangue ferver em surtos de adrenalina.

Foram semanas de angústia.

— Estamos aqui fora. — Chris avisa enquanto entro na sala.

Me viro, olhando a janela à minha frente.

É uma sala pequena e sufocante. Tão sufocante quanto o que


estou sentindo em meu peito.

Me viro assim que ouço o tumulto passar e a porta se fechar.

Denunciando que apenas nós dois estávamos aqui.

Engulo em seco e me viro.

Meus olhos param e encaram fixamente a barriga enorme.

Bem desenhada pelo vestido azul bebê, o sobretudo preto dá uma

espécie de camuflagem.

Suas mãos pousam na barriga rapidamente, como se

estivessem protegendo alguém.

Meu peito aperta.

Parece que a merda da ficha caiu apenas agora.


Que Deus segurasse a minha língua. Porque a raiva já está

me cegando.

— Assine os papéis da anulação, Lorenzo... — Ela suspira


baixo em um sussurro inaudível. — Você nunca quis esse

casamento... Eu nunca...

— Quando descobriu a gravidez? — A interrompo, cuspindo as

palavras e a olhando.

Ela abaixa os olhos, ficando em silêncio.

— Quando descobriu a gravidez? — Torno a perguntar, com a

voz estrondosa de raiva.

Arfo a encarando e ela continua em silêncio.

— Quando descobriu a merda dessa gravidez, inferno! — Me


aproximo, segurando em seus antebraços enquanto seus olhos se

arregalam me encarando.

Foi por isso que... Que ela tinha ido embora.

Foi por isso...

— Me sol...te. — Ela me encara com os olhos cheios d'água.

— Quando descobriu essa merda, Diana?! Quando?


Ela se desvencilha e vejo a respiração acelerar, as lágrimas

descendo pelo seu rosto.

— Acabe com isso, Lorenzo! Assine esses papéis! Dê um fim

nisso.

— Foi por isso que foi embora? — Aponto para a barriga,

gargalhando. — Foi por isso?

Mas a gargalhada não tem sentimento algum.

Ela me encara e limpa o rosto rapidamente com as costas das

mãos.

— Eu fui embora pelas suas mentiras! Como pôde fazer tudo

aquilo, Lorenzo?!

A risada sai alta enquanto pendo a cabeça para trás, passando

as mãos pelos cabelos e voltando a encará-la.

— Como eu pude?! Eu mudei a merda da minha vida por você!

Ela para me encarando e negando veemente.

— O velho Lorenzo nunca saiu aí de dentro. — Aponta com o

queixo em minha direção.

— Você preferiu ir embora, dar as costas quando o que eu

mais queria era que você acreditasse em mim, inferno! Em mim!


Aquilo foi tudo armação do seu pai! — Coloco o dedo em riste,
sentindo meu coração palpitar com toda a força dentro do meu

peito.

Ela desvia os olhos dos meus e balança a cabeça, me olhando

fixamente.

Eu já não conseguia conter a raiva que parece pulsar em todas

as veias e poros do meu corpo.

A raiva. O descontrole. Tudo junto.

— Você usou aquela armação para camuflar isso... — Aponto

para a barriga enquanto ela me encara, limpando o rosto


rapidamente. — Você não se deu nem ao trabalho de me falar...

Isso!

— Isso? — Ela me fita com as mãos pousando na barriga.

Poderia vê-las trêmulas.

— Isso é o seu...

— Nem abra a merda da sua boca pra falar isso! — Ofego com

o dedo em riste.

Não quero escutá-la.

Não quero ouvir aquelas malditas palavras.


— Você é doente, Lorenzo!

Minha garganta seca.

— Você é uma falsa! Mentirosa! Se fingia o tempo todo de


inocente, mas você não passa de uma aproveitadora interesseira! —

Grito as palavras me aproximando e olhando-a encurralada na


parede.

Ela engole seco enquanto me aproximo, segurando em seu

braço.

— Deixa de ser falsa ao menos uma vez na vida! — A voz sai


alterada, quase um grito.

Ela empalidece no mesmo instante, me encarando.

Soco a parede ao seu lado olhando as lágrimas descerem pelo


seu rosto.

— Você engravidou achando que ia se dar bem nessa... Com

essa merda de golpe da barriga. Se veio atrás de um pai para o seu


filho! Você perdeu a MERDA DA SUA VIAGEM! Porque eu não
quero essa criança! Eu não quero a porra dessa criança!

Vi sua mão erguer no ar e acertar em cheio meu rosto.

A porta se abre rapidamente e como uma avalanche, todo


mundo está dentro da sala.
O que parecia ser pequeno, agora parece se tornar um buraco
quente e horrendo.

— Diana?! — Enrique a encara enquanto ela se agarra a ele,

escondendo o rosto em seu peito.

— Foi por isso que voltou agora, não foi? — Grito olhando-a.
— Conseguiu o que seu pai queria!

— Lorenzo, que porra é essa? — Chris segura em meu braço


enquanto Arthur tenta segurar Enrique, que tenta a todo modo partir
para cima de mim.

— Você é um verme, Lorenzo! — Enrique dispara.

— Lorenzo, meu filho... Pare com isso! — Minha mãe aparece


na porta, ao lado de Ágata e Helena, que param petrificadas na
porta e encarando Diana.

Eu estou pouco me fodendo.

— Me soltem! — Grito me desvencilhando de Chris e Patrick.


— Você quer a merda da anulação desse inferno?! Você vai ter a

merda da anulação! Mas vai sair do mesmo modo que entrou nessa
merda! SEM NADA!

— Lorenzo, caralho! — Ouço Chris trincar os dentes. — Pare!


— Só que vai sair disso sem um centavo meu! — Disparo
olhando-a. — Nem você... Nem essa crian...

— Ela está grávida, Lorenzo! Ela vai passar mal! — Ágata


dispara, se aproximando de Diana.

Seus olhos presos aos meus e nego com a cabeça, me

soltando enquanto limpo meu rosto.

— Lorenzo, olhe para mim! — Minha mãe me encara. —


Lorenzo!

Eu estou sendo consumido pelo ódio. Eu não consigo olhar.

— Não quero essa criança! Se livre! Mas não conte comigo


para merda nenhuma que no que diz respeito a isso...

Falo entre os dentes e vejo apenas o vulto e sinto o peso do


soco que Enrique lançou em meu nariz.

Caio no chão, com a mão sobre o rosto enquanto Patrick o


segura.

— Enrique, por Deus!

— Me tire daqui, Enrique! — Diana dispara, me olhando

friamente. — Por favor...

— Diana, minha querida... — Mamãe se aproxima a olhando.


— Me tire daqui, por favor!

Me ergo, ignorando a mão estendida de Heitor.

— Mas que merda você tá falando seu tapado?! — Bianca


avança para cima de mim, mas é segurada por Heitor. — Você é um
filho de uma mãe muito do cachorro. Cretino!

— Bianca!

— Bianca é um cacete! Me solta que eu quero dar na cara


desse energúmeno. — Ela se debate insistentemente. — Bocó!

Engulo em seco e saio da sala ouvindo os passos logo atrás

de mim. Eu quero sair dessa merda. Tiro a gravata, jogando-a no


chão. Aperto os botões do elevador com toda a força, fazendo a

porta do mesmo se abrir.

— Lorenzo! — Chris me encara enquanto aperto o botão


centenas de vezes para aquela merda fechar logo. — Lorenzo fale
comigo!

— Vá para o inferno, Christopher! — Bato com as duas mãos


na caixa de metal como se aquilo fosse aliviar a merda do ódio que
me consome.

Encosto as mãos nas paredes de metal abaixando a cabeça.

É a merda de um plano? Tudo foi uma mentira?


As lágrimas nublam a minha visão e soluço baixo, limpo o
rosto assim que as portas se abrem e saio daquele prédio maldito.
Paro no estacionamento tirando as chaves do meu carro do bolso.

Arthur e Patrick aparecem quase correndo.

— Você enlouqueceu, inferno?! — Arthur dispara me olhando.

— Lorenzo, pelo amor de Deus! — Patrick me encara. — O


que pensa que está fazendo?

— Eu vou dar um conselho a vocês... — Paro os encarando e


aponto o dedo em suas direções. — Não venham atrás de mim!
Saíam de perto ou vai sobrar para vocês!

— Vai sobrar pra quem, seu pau no cu?! — Arthur me encara.


— Olha a merda que você fez! Você estragou tudo, Lorenzo! Perdeu
toda sua razão!

— Que a razão tome no cu e se foda! — Disparo o fitando. —


Eu quero que se explodam!

Passo por Arthur como um furacão, batendo em seu ombro e


pegando as chaves do carro.

— Você não vai dirigir assim Lorenzo! — Patrick diz tomando a


chave das minhas mãos.

— Saia da minha frente, Patrick!


— Lorenzo... Esfrie a sua cabe...

— Saia da merda da minha frente, Patrick! — Empurro-o


tomando as chaves de suas mãos.

Meu irmão me encara e Arthur me fita.

— Quer se foder?! Ótimo! Então foda-se sozinho seu


arrombando do caralho! — Arthur dispara, puxando Patrick. — Seu

imbecil!

Bato a porta do carro com toda a força. Soco o volante,


arranco com o carro rapidamente. Deixando os dois comendo
poeira. Os nós dos meus dedos esbranquiçados pela força em que

seguro a direção.

Eu não faço ideia de para onde estou indo. Eu só quero


acordar desse maldito sonho.

Sonho não.

Pesadelo.

Porque é a porra de um pesadelo horrendo e mal-assombrado.

O celular toca insistentemente no bolso da minha camisa,

retiro-o rapidamente e jogo pela janela.

Ela me enganou. Diana é tão falsa quanto o pai.


Eu não quero aquela criança.

— Você é um burro Lorenzo! Burro! — Digo para mim mesmo

batendo a mão na cabeça.

Estaciono o carro bruscamente em frente a um bar, preferia


não pensar em merda nenhuma. Quero apagar aquela porra da

minha mente.

Meses sentindo a porra do meu coração sendo rasgado no


peito, sem saber onde ela estava. Como estava.

Idiota. Burro.

— O senhor deseja algo? — O garçom me encara assim que


me sento à mesa.

— Esquecer essa maldição. — Sorrio e vejo que ele me fita

sem entender. — Traga uma garrafa de Bourbon, e cigarros.

Nego com a cabeça, o olhando.

— Não, traga duas garrafas.

Estava me fodendo para tudo e todos.

Cada gota de álcool que descia rasgava minha garganta. A

nicotina entrando em meu organismo me anestesiando por


segundos. A primeira garrafa se esvai em poucos minutos e não

demora para segunda ir também.

E foi assim com a terceira... Quarta... E quinta garrafa.

Esperava não sentir mais nada.

Só que é uma merda. Porque tudo ainda estava ali.

— O senhor precisa de algo? — O garçom me encara


enquanto o encaro. — Não está em condições de dirigir. Posso
chamar um táxi?

Sorrio, segurando em seu ombro.

— Eu vou ser pai. E eu não quero ser pai... — Desabafo


sorrindo.

VALEU DESTINO, POR ENFIAR UM PAU DO TAMANHO DO

MUNDO NO MEU CU!

— Deveria estar feliz, senhor. — O garçom me encara


enquanto abro a carteira, tirando algumas notas jogando na mesa.

— Não quero aquela criança. Não quero... Ser pai... N-não

quero... — Bato em seu peito novamente e coloco a garrafa


embaixo do braço. — Não quero ser pai!
Saio meio cambaleante. Quase caindo de cara na calçada. A
porta do táxi se abre e sorrio enquanto o garçom diz algumas
palavras ao motorista.

Ele com certeza já tinha me visto nessas condições.

Sou figurinha carimbada em todos os bares.

Aceno enquanto bebo no gargalo da garrafa, limpo o canto da


boca que escorre o líquido e soluço.

— Eu... Não quero ir para casa. — Sussurro para o senhor de


idade que dirige o automóvel.

Meu carro tinha GPS e não iria demorar muito para o grande e

fodão senhor Patrício Gonzáles me localizar e vir com sua lição de


moral.

— O senhor precisa...

— Shiii... — Coloco um dedo sobre meus lábios, abraçando a

garrafa. — Eu sou dono do meu nariz... Quero ir à casa de uma


pessoa.

Dou o endereço em meias palavras e o motorista apenas

segue a instrução.

Desço alguns minutos depois, jogando alguns dólares e me


encosto na parede tocando a campainha insistentemente.
A porta se abre e sorrio, encarando Lana de cima à baixo.

— Lorenzo? O que...

Ergo a garrafa em meu braço, a olhando.

— Estou solteiro novamente...


— Ele me odeia Bianca.

A voz sai arrastada, quase em um sussurro inaudível. Coloco


uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto me sento,

bebericando o copo d'água.

Minhas mãos tremem e ofego baixo, deixando algumas

lágrimas descerem copiosamente, fungo mordendo o lábio.


— Por mais ódio que ele tivesse, Lorenzo foi um burro em ter

dito aquilo Diana! — Bianca anda de um lado para o outro de braços


cruzados. — Parecia que estava, sei lá, possuído!

Sinto o entalo na garganta, as palavras rodam em minha


mente novamente.

— Ele não deveria ter... Dito... — Acaricio minha barriga,

balançando a cabeça. Bianca se senta ao meu lado e segura minha


mão. — Eu olhei dentro dos olhos dele, eu vi o ódio.

Abafo um soluço que teima em escapar.

E é como se visse a faísca de raiva em seus olhos sempre que

fechava os meus.

Quis xingá-lo. Gritar. Ao mesmo tempo que quis abraçar.

— Não chora, Di... — Bianca me abraça afagando meus

cabelos. — Estou aqui...

Uma lágrima desce rolando pelo meu rosto e a limpo

rapidamente.

— Não aguento mais Bianca... Foram meses guardando essa

angústia aqui dentro. — Coloco a mão sobre o peito. — Eu sabia

que não seria fácil, imaginei. Mas eu não posso mais pensar apenas

em mim.
Acaricio a barriga que estava perceptivelmente grande.

— Acha mesmo que Lorenzo deixaria alguma coisa acontecer?

— Diz firme e eu a encaro.

— Depois de tudo que ele disse hoje? Ele não quer essa

gravidez, Bianca!

Passo as mãos pelos cabelos e suspiro.

Fecho os olhos, sentindo meu peito se apertar. Milhares de

coisas passaram pela minha mente durante todo esse tempo em

que estive fora.

E estar de volta é como reviver tudo.

A escolha mais dolorosa que tive que fazer.

Aquele dia angustiante é como uma fita que passa diante dos

meus olhos sempre que os fecho.

Dói, maltrata, me sufoca.

— Diana...

— Bianca, eu não posso colocar a vida dos meus irmãos em

perigo. — Engulo em seco, encaro ela e balanço a cabeça. — Eu

não posso...

E não posso mesmo.


Não conseguiria ficar tranquila se soubesse que algo

aconteceu com meus irmãos por culpa minha.

Ágata aperta o meu braço enquanto fecho os olhos depois de

ver aquela cena.

— Patrick, leva ela daqui! — Chris grita e Patrick me empurra


gentilmente para fora, fechando a porta atrás de si.

Ponho a mão sobre meu peito, sentido a dor aguda me

penetrar, a dor é tão forte, tão sufocante que me impedia de gritar. E


eu queria.

Queria gritar até fazê-lo acordar.

A garganta fechava e eu não conseguia emitir som algum.

— Diana!

Foi a última coisa que ouvi antes de Patrick me segurar e a


escuridão me tomar por completo.

Meus olhos pesavam e não conseguia abri-los de jeito algum,


ouvia as vozes ao meu redor. Muitas.

Uma delas era a de Ágata.

Aquele peso sobre o meu corpo me fazendo novamente cair


em um sono profundo. Meu braço doía tanto, estava quase imóvel.
E sou tomada novamente pela escuridão sem ouvir

absolutamente mais nada.

Abro os olhos, tornando a fechá-los assim que a luz reluzente


me invade. Pisco diversas vezes tentando me acostumar. Era um

quarto branco. O soro pingava em minha veia. Mexo os dedos.

— Está tudo bem, Diana... — Ágata sussurra segurando em

uma das minhas mãos. — Enrique está chegando. Você precisou


fazer uns exames. Mas está tudo bem.

Assinto com a cabeça, não conseguindo falar absolutamente

nada. Viro o rosto para o outro lado, deixando todas as lágrimas


presas rolarem.

Eu não podia acreditar naquilo.

Lorenzo me traiu. Da forma mais suja e nojenta.

Todas as palavras bonitas... Não passou de nada.

— Eu vou lá fora. — Ágata diz e alguns minutos depois a porta

se abre e Enrique entra.

— Diana... — Meu irmão me encara.

Não conseguia mais falar nada. Agarro na lapela do casaco de


Enrique, enterrando meu rosto sobre seu peito, explodindo em um
soluço e desabo.
Sufocante. Angustiante.

— Me tire daqui, Enrique, Eu não... Eu não quero.

— Vamos pra minha casa. — Ele sussurra baixinho,

segurando minha cabeça entre suas mãos. — Eu vou matá-lo! Vou


acabar com a vida dele! Eu juro por Deus, Diana!

Meu queixo treme pelos soluços abafados que rasgam minha


garganta.

Estava doendo. Doendo como nunca.

Ágata precisou ir embora e apenas se despediu, avisando que

viria assim que possível.

A noite caiu rapidamente e eu só queria ir embora desse lugar

horrível. Fito a marca da aliança sobre meu dedo e limpo o rosto


rapidamente, olhando a porta se abrir.

— Diana Martín Gonzáles? — Um senhor de idade vestindo

um jaleco entra no quarto.

Gonzáles...

— Ela já está de alta doutor? — Enrique pergunta.

Ele analisa os papéis e sorri me olhando.


— Sim. Foi apenas uma queda de pressão. Mas isso é bem
normal no começo de uma gravidez.

Viro o pescoço, o encarando.

Poderia ouvir as batidas do meu coração acelerado. Batendo


descompassado.

Grávida.

— Gravidez?!

— Oh, eu sinto muito! Vocês ainda não sabiam?

Nego com a cabeça levemente.

Ah, Deus!

— O senhor... Tem certeza? — Indago o encarando.

— Pelos meus anos de trabalho e os resultados dos exames.


Tenho toda a certeza. — Ele ri me olhando. — Podemos fazer uma

ultrassonografia para sabermos com exatidão as semanas. Mas

está bem recente.

Engulo em seco e meu coração acelera, descompassado.

Estava grávida.

— Parabéns papais. Sua alta já está assinada,

senhora Gonzáles.
Minhas mãos pousam rapidamente na barriga, ainda

imperceptível.

Estava grávida.

Estava grávida de Lorenzo.

Como se o destino tivesse nos dado um novo elo que nos

prendia, e dessa vez era para sempre.

Um filho.

Eu só precisava sair desse lugar, Enrique assinou alguns

papéis e saímos sem deixar vestígios de nada. A volta para a

casa de Enrique foi feita em total silêncio.

Eu não queria pensar em absolutamente nada naquele

momento.

A não ser na dor que dominava meu peito, e naquela criança

que crescia a cada dia em meu ventre.

Mesmo sentindo um vazio imenso em meu peito, as lágrimas


descendo pelo meu rosto enquanto me aninho na cama. Sinto o

peso da cama ceder um pouco quando Enrique se senta em total

silêncio.

— O que vai fazer? — O encaro sob a névoa de lágrimas,

negando com a cabeça.


Não conseguia falar absolutamente nada.

Meu irmão passa as mãos pelo rosto e seguro em sua mão,

apertando-a.

— Não sei, Enrique. Não sei o que fazer. — Nego veemente e

suspiro.

"Não quero amarras depois disso Diana."

"Não podemos ter acidentes..."

As palavras de Lorenzo rodam em minha mente, me deixando

completamente absorta.

— Descanse, Diana. Estarei aqui, seja qual for sua decisão. —

Fecho os olhos, sentindo o beijo demorado em minha testa.

Me aproximo da janela, puxando a camisa de mangas

compridas e enfiando as mãos entre o agasalho de algodão. A noite

está fria e o céu repleto de estrelas.

Parece um déjà-vu das noites incontáveis que fiquei

observando-as.

Encaro um quarto pequeno e confortável. Enrique faz questão

de me manter bem instalada. E não fez menos que isso quando

alugou um apartamento em Seattle.


E não. Não fui embora para outro país.

Estava perto e ao mesmo tempo longe de tudo.

Bianca estava dormindo no quarto ao lado, onde ocupou desde


que chegamos aqui. Ela é o meu porto seguro e não saí do meu

lado um segundo sequer.

Também foi a única que pude contar tudo que estava me


afligindo.

Enrique deveria estar trancado no escritório, trabalhando.


Também é nítida sua preocupação comigo.

Sorrio sentindo os movimentos intensos em meu ventre,

movimentos que me assustaram de início. Mas hoje eram o motivo


de não me sentir mais sozinha.

Espalmo as duas mãos sobre a barriga, suspirando


pesadamente.

"Só que vai sair disso sem um centavo meu! Nem você... Nem

essa crian..."

Sinto o efeito das palavras sobre mim e suspiro.

Ele realmente pensou isso de mim?


Sabia que Lorenzo não iria ficar extasiado quando soubesse

da notícia, não do modo em que tudo aconteceu. E talvez no fundo,

eu esperasse tal surto de sua parte, mas a raiva estampada em

seus olhos, o ódio brilhando em suas írises, me fizeram congelar.

Só conseguia sentir o aperto forte em meu peito, que parece

ter triplicado. O frio em meu estômago, o bolo formado na garganta.

— O pai de vocês é um idiota. — Meus dedos brincam com a

pele esticada e sorrio levemente. — Um tremendo idiota.

Não me sinto mais tão sozinha. Tenho por quem lutar agora.

E as vidas que estão sendo geradas dentro de mim, são a


maior prova disso.

Fecho os olhos, sentindo uma fisgada intensa.

Saio do banheiro olhando Bianca, que está parada no meio do

quarto.

Não dormi muito bem, não sei se por causa das dores ou pela

falta de ar, que está começando a fazer parte da minha rotina, mas

meu coração está impaciente.


— Quer ajuda pra se vestir? — Pergunta e nego, tirando a

toalha dos cabelos.

— Acho que ainda consigo. — Sorrio olhando-a morder o lábio

impaciente.

— O que foi, Bianca?

Franzo o cenho enquanto ela engole em seco.

— Tem visita para você lá embaixo, Di...

Coloco um vestido simples e desço alguns minutos depois, ao


lado de Bianca, que me ajuda a descer as escadas lentamente.

Enrique está sentado em um dos sofás de costas e ergue o

queixo assim que me encara.

Clarisse e Patrício se erguem, se virando para me olhar. Os

dois param e me encaram fixamente.

— Ah meu Deus! — Clarisse me encara de cima à baixo com

as duas mãos na boca. — Como você está linda...

Sou pega totalmente de surpresa quando ela se aproxima e

me abraça.

— Eu... Queria ter falado com você ontem, mas tudo


aconteceu tão depressa. — Ela sorri segurando em minhas mãos.

— Meu Deus, você está linda!


Os olhos azuis me fitam e sorrio levemente.

Senhor Patrício apenas me olha.

— Eu sinto muito, Diana. Por tudo. — Fala e fecha os olhos,

voltando a se sentar.

— Ainda estou absorvendo tudo isso que está acontecendo. —


Clarisse suspira pesadamente, me ajudando a sentar ao seu lado.

— Eu imagino que seja difícil. — Mordo os lábios a encarando.


— Acredite. Para mim também é.

Enrique continua sentado, me encarando.

— Diana, Clarisse me contou do episódio horroroso no fórum.

— Senhor Patrício me encara. — Lorenzo não mede palavras e não

sabe as consequências delas.

— A gravidez da minha irmã é delicada, senhor Patrício. E


confesso que se Diana tivesse ido parar no hospital por conta das
grosserias do Lorenzo, eu mesmo o deixaria em coma. — Enrique

se remexe desconfortável. — Ele traiu minha irmã e depois agiu


como um maluco.

Engulo em seco, suspirando.

— Foi uma surpresa enorme para nós sabermos que está

grávida, Diana. Para Lorenzo não seria diferente. — Clarisse sorri


me olhando.

— Eu sei que não deveria ter escondido de vocês. — Os


encaro e coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Não deveria mesmo, Diana. — Senhor Patrício me encara.

— Entendo realmente a preocupação do seu irmão, e peço perdão


pela atitude do meu filho. Mas se foi uma surpresa e tanto para nós,
imagine para ele.

Bianca me fita de relance e a encaro.

— Ele vai aceitar, Diana. Ele só está... Confuso e nervoso. Mas


Lorenzo... — Dona Clarisse dá de ombros, me encarando. — Eu

imagino o que deve ter passado, grávida e sozinha.

— Ela tem a mim. Sempre teve. — Enrique fala e sorrio o


olhando. — E com o... Com a gravidez não seria diferente.

— Saiba que daremos todos o suporte que precisarem, Diana.

Todos. — Senhor Patrício me fita e assinto.

— Não nos prive da sua gravidez, Diana. Não mais. Você não
sabe o quanto me deixou feliz em saber que... — Dona Clarisse

sorri e limpa os olhos rapidamente. — Que meu bebê vai ter um


bebê.
Sinto seus braços me rodearem em um abraço apertado e
forte.

O abraço de mãe que eu deveria ter recebido, mas não chegou

em todos esses meses.

Enrique vai com o senhor Gonzáles ao escritório para


conversar, Bianca se despede e pelo olhar que ela me lançou foi

apenas para me deixar a sós com dona Clarisse.

— Como está se sentindo? Está fazendo todos os exames?


Pré-natal?

Ela me fita e assinto.

Meus olhos marejam e engulo em seco, sentindo as lágrimas


descendo pelo meu rosto.

Não sei com exatidão o que estou sentindo.

Sorrio limpando o rosto.

— Estou... — Encaro Clarisse sorrir e acariciar minha


bochecha com o polegar. — Estou fazendo tudo certinho.

Ela sorri e espalma a mão sobre minha barriga.

— Vai ser um super bebê... — A encaro e fecho os olhos. —

Ele não te traiu, Diana. Lorenzo foi dopado. Foi uma armação do
seu pai... Para separar vocês.

Abaixo a cabeça, sentindo a garganta arder.

— Lorenzo te ama. Ele sofreu muito nesses meses, sem

notícias suas... — Ela diz me encarando fixamente. — Ele é


impulsivo e imaturo. Mas meu filho te ama, Diana.

Mordo o lábio, suspirando levemente e sentindo meu peito se

apertar.

Fiquei aliviada em ver a felicidade estampada no rosto dos


dois ao saber que vão ser avós.

— Não nos prive de sua gravidez, Diana. — Seguro nas mãos


de Dona Clarisse, apertando-as entre as minhas. — Já perdemos
alguns meses...

— Não irei, eu prometo. — Sorrio, sentindo-a me abraçar

fortemente.

Nos erguemos assim que senhor Patrício aparece com


Enrique. Ambos estão sérios e calados.

— Temos que ir. — Ele diz se aproximando de mim. — Foi


bom rever você, Diana.

Sorrio timidamente o olhando.


— Vamos te ligar e... — Dona Clarisse sorri me olhando. —

Não vai sair daqui, não é?

Nego os olhando.

— Não. — Sorrio a abraçando.

Me despeço deles e aceno enquanto saem. Enrique me

encara, se sentando no sofá e me aconchego ao seu lado.

Não falamos nada. Ficamos em silêncio por alguns minutos.

— Eu só quero que você seja feliz, Diana... Estando casada ou


não. — Ele fala e mordo o lábio.

Ergo o rosto o encarando e balanço a cabeça.

— O que eu puder fazer para te ver bem e feliz, eu vou fazer.


— Ele sussurra me olhando. — Eu amo você.

— Eu também amo você, Enrique. — O encaro beijar minha

testa.

E também seria capaz de tudo para te ver bem.

Completo em pensamento.

Suspiro pesadamente, sentindo a inquietação me tomar


novamente.

Estou sufocada com tudo isso.


Fito Enrique franzir o cenho, me olhando.

— Tem notícias da nossa irmã?

— Não. Sabe que Eudora é incomunicável, a não ser que


Hugo a deixe falar. — Ele me encara e segura em meu queixo. —

Coma alguma coisa. Sabe que não pode ficar em jejum por causa
dos...

Assinto sorrindo.

— Vou sim. — Me ergo devagar, sentindo uma nova pontada


em meu ventre.

Paro e balaço a cabeça.

É apenas nervoso, Diana. Apenas.

Foram dias agitados e repletos de emoções.

— Vou ligar para o Elliot. Ainda temos uns contratos para


analisar. — Enrique passa a mão pelos cabelos e eu assinto. —
Estou no escritório.

Observo-o subir as escadas e desaparecer no andar de cima.

O apartamento está longe de ser um simples lar, é bem


equipado e bem a cara do meu irmão. Sem nada chamativo e bem

luxuoso.
Engulo em seco andando devagar e esfregando uma mão a
outra.

O medo de acontecer algo com meu irmão ainda me paralisa,

não apenas com ele, mas com Eudora também.

Ou até mesmo Lorenzo.

— Eudora? — Abro a porta rapidamente limpando o rosto com

as costas das mãos.

— Me perdoe vir assim, mas eu sabia que você estava aqui. —


Diz entrando rapidamente, olhando de um lado para o outro. —
Enrique está?

Nego com a cabeça veemente a encarando.

— O que está fazendo... Eudora? — Passo a mão pelos


cabelos.

— Eu já sei tudo que aconteceu. — Sussurra se sentando.

Claro que sabia. Todo mundo já deveria saber.

— O que veio fazer aqui, Eudora? — As palavras saem mais


duras do que eu gostaria.

Seus olhos encontram os meus e ela balança a cabeça


repetidas vezes. Um soluço se rompe de sua garganta, fazendo-a
entrar em um choro compulsivo.

— Diana... Me perdoe... Eu... Eu tentei impedi-los eu juro...,

Mas Hugo...

Suspiro, balançando a cabeça.

— Do que está falando, Eudora? — Minha garganta arranha e


as palavras saem arrastadas.

— Papai armou tudo, Diana... Tudo... — Ela ofega enquanto


me encara.

As lágrimas descendo copiosamente e os soluços se

misturando com as palavras.

Me sento no sofá com a mão sobre a garganta, olhando-a.

— O quê? O que está me dizendo? Armou? — Repito as


palavras.

— Keyla é... — Ela para e me encara fixamente. — A amante


de Hugo... Foi tudo um plano para te separar do Lorenzo e
romperem o contrato para o papai sair beneficiado disso tudo.

Ela dispara, balançando a cabeça negativamente.

Meu coração aperta e abro a boca olhando-a.

Não conseguia emitir som algum. Nada saía.


A garganta fechada.

O peito doendo como se tivesse levado a mais dura flechada.

Meu próprio pai.

Ah Deus...

Lorenzo.

— Eu preciso... Eu preciso... Lorenzo, eu...

— Não! — Ela segura em meu braço me apertando e a encaro.


— Não pode contar que fui eu, Diana. Por favor, não faça isso!

Olho para as mãos frias e só então percebo as marcas

roxas em seu antebraço. Ela logo se encolhe cobrindo o mesmo,


limpando o rosto rapidamente.

— Ele te bateu? Eudora! Por Deus!

— Se papai souber que você sabe de algo, Diana... Eu não sei

do que... — Eudora balança a cabeça rapidamente.

— Ele já acabou com minha vida! Ele acabou com minha vida,
Eudora!

— O que ele pode fazer comigo! Ou com o Enrique! — Ela

limpa o rosto me encarando. — Diana, eu estou com medo.

— Ele não seria louco... — Paro no meio da frase.


Eudora chorava desesperada. Ele é louco.

A revelação de tudo foi como um baque, certeiro e doloroso.


Era como se peças se encaixassem no longo quebra cabeça, que

antes não fazia sentido.

Lorenzo não me traiu.

— Eu estou grávida, Eudora. — Revelo e ela ergue os olhos


me encarando. — Descobri a pouco tempo.

Ela abre a boca, limpando o rosto com as costas das mãos e


sorri.

— Ah, Di... — Sinto os braços me rodeando e sorrio.

— Por que ele fez isso comigo, Eudora? Por que papai fez

isso?!

Uma inquietação me toma por inteira novamente, meu próprio


pai. O homem que deveria zelar e cuidar da minha felicidade, o

homem que não pensou duas vezes antes de me vender.

E tudo isso para quê?

Dinheiro. É sempre a merda do dinheiro.

Manipulador e cruel.
Viro o rosto assim que a porta se abre e Bianca entra
rapidamente.

— Como foi a conversa? — Indaga.

Sorrio a olhando se sentar.

— Foi boa. — Engulo em seco e Bianca se ergue rapidamente.


— Melhor do que foi com o Lorenzo.

— Ele ficou fora de si. Vocês precisam conversar, Diana.

— Acha que ele vai me ouvir, Bianca? — Sorrio jogando os


braços. — Não vai.

— Vocês precisam conversar, Diana! — Bianca olha de um

lado para o outro e me encara. — Se o Lorenzo descobrir o que


Luttero fez, ele pendura os testículos dele em um colar. E com
razão.

— E Enrique? Eudora? O que acha que meu pai pode fazer?

— A gente tem que botar a boca no mundo, Diana! Seu pai só


fez aquilo pra poder ter o dinheiro da família do Lorenzo...

Assinto, mordendo o lábio.

Bianca têm razão.

Não dá para fugir pelo resto da vida.


Um dos motivos que me fez passar meses longe, foi fugir do

meu pai e da sua ganância.

Está na hora de enfrentar os monstros, Diana.


— Caralho arrombado! — Praguejo baixo e fecho os olhos.

Coloco a mão no rosto tentando amenizar a luz do sol, que

queima a minha retina, seguro o blazer nas mãos junto com a


gravata e meus sapatos.

Olho o táxi parado, me decidindo entre voltar para dentro dele

e ir para o meu lar sagrado. Mas aquilo estava mais abandonado

que a casa do caralho.


Ah, quer saber?

Foda-se!

Vou pegar as minhas coisas e picar a mula da casa dos meus

pais.

Estou possuído com raiva e ódio correndo por minhas veias.

Estou puto.

Estou tão puto de ódio como nunca achei que ficaria em toda

minha vida.

Passei meses chorando, me debatendo, tomando no meio do

meu cu... Tudo isso para quê?

Para Diana vir lá da casa do caralho gra...

Cerro os punhos.

Tal palavra me dá arrepios.

Passo pelos seguranças apenas acenando rapidamente com a

cabeça e subo de dois em dois degraus apressadamente. Puxo o

painel digital abrindo a porta em solavanco, ergo a cabeça e vejo

que todo mundo me encara.

Papai se ergue e mamãe me encara, jogo meu blazer e

sapatos no chão sorrindo. Chris me fita e Patrick coloca a mão na


testa prevendo o cabaré que vai começar.

Arthur está no canto da sala e Heitor também. Assim como Tia

Catarina e Tio Thomas.

Pronto.

Vão comer meu cu sem cerimônia.

— Lorenzo... — Mamãe me encara.

— Onde você estava, Lorenzo? — Papai me olha e sorrio.

— Curtindo minha vida de solteiro. — Abro os braços sorrindo.

— Foi uma noite muito boa.

— Meu filho... — Mamãe se aproxima negando com a cabeça.

— Lorenzo, onde você estava com a cabeça quando...

Estendo a palma da mão, soltando um pigarro forte.

— Sabe onde estávamos, Lorenzo? — Reviro os olhos

encarando meu pai parado.

— Não sei e nem quero saber, papai. — Enfatizo sorrindo.

— Patrício, deixe-o se acalmar para poder conversar depois.

— Tio Thomas o segura.

— Não se torne o irresponsável que você era novamente,

Lorenzo! Você agora vai ser pai e...


— Vou é? — Gargalho sonoramente. — Se manca pai! Eu não

quero essa criança! Por mim podem ir para o...

— Lorenzo! — Mamãe segura em meu braço e me solto a

olhando.

— Eu vou subir. — Me viro, pronto para subir as escadas.

Não vou desabar na frente deles.

Não vou...

Sinto as lágrimas queimarem e minha garganta arranha.

— Não suba um degrau, Lorenzo.

Sinto o estalo em meu pescoço e encaro meu pai parado no

meio da sala.

— Papai, deixe-o descansar e depois... — Patrick o encara.

— Ele tem razão... Papai, por favor!

Sorrio me encostando na escada.

— Podem deixá-lo falar! — Ergo o dedo sorrindo. — Vamos lá,


senhor Patrício Gonzáles! O homem mais perfeito do mundo!
O homem que é temido, respeitado... Ovacionado por onde passa!

Vamos lá, dono da razão e dos bons costumes! Vamos lá... Mostre
ao mundo a sua face!
Ele para, me encarando.

Sinto as mãos tremerem enquanto Arthur se aproxima de mim.

— Lorenzo, pare com isso...

— Você deveria rever seus atos, Lorenzo. Diana está


esperando um filho seu...

— Filho esse, que ela escondeu! — Abro os braços sorrindo.

— Ela escondeu a gravidez! Ela não me ouviu quando a única coisa


que eu queria era me desculpar... Mesmo sem eu ter feito porra

nenhuma!

— A culpa não foi minha!

Mamãe segura em seu braço e vejo as veias do pescoço dele

saltar.

Explodo em uma gargalhada sonora pendendo a cabeça para


trás.

— Patrício, por favor!

— Você me colocou nessa merda! Você me casou a força!


Então sim, papai, a culpa dessa merda, é toda e exclusivamente

sua!

— Você vai ser pai, Lorenzo!


— Dane-se! Dane-se! — Bato as mãos uma na outra. — EU
NÃO QUERO ESSA CRIANÇA! EU NÃO QUERO!

As lágrimas vão descendo e limpo o rosto rapidamente.

— Lorenzo, vamos lá para cima!

— Ela escondeu a porra dessa gravidez, então ela que arque


com as consequências agora! Eu não quero saber dessa merda,
não quero saber de nada!

— Você é um irresponsável! Imaturo! Seu inconsequente! Está

agindo como...

— Papai, por favor?! — Patrick tenta pará-lo.

— Como você! — Abro os braços e sinto meu queixo tremer. A

voz cortando. A respiração ofegante. — Não foi isso que você fez?
NÃO FOI A MESMA COISA, PAPAI?

Ele me encara e Arthur entra na minha frente.

Seus olhos desviam dos meus.

— Olhe para mim, pai... — Bato no peito o encarando. — Olhe


bem pra mim! Não foi exatamente isso que você fez?

— Lorenzo, vá lá para cima. — Mamãe pede me olhando. —

Por favor, meu amor...


Só que é tudo culpa dele. O que eu sou hoje, é tudo culpa
dele.

— Lorenzo... — Chris se aproxima e eu me afasto.

— Cala a boca, Lorenzo!

— Papai...

— Não! — Disparo com o dedo apontado para Patrick, que me


fita. — É pra falar tudo, é pra jogar tudo no ventilador? Então vamos!

Vamos lá! VAMOS JOGAR NO VENTILADOR TODA A MERDA!

— LORENZO EU DISSE CHEGA! CHEGA! POR DEUS,


CHEGA! — Mamãe grita, colocando a mão sobre meu peito.

Tia Catarina se aproxima e arfo baixo, as olhando.

— Eu não quero saber... Dessa criança!

Me solto com brusquidão e subo as escadas sem olhar para


trás, fecho a porta com um estrondo gigantesco e me encosto na

mesma.

Porra.

Tudo está doendo.

Meu coração parece está sendo destroçado de mil e uma


maneiras diferentes. Porque a porra do meu orgulho parece ser o
maior dos sentimentos que está dentro de mim.

As batidas na porta me fazem recuar e me viro, limpando o

rosto enquanto as lágrimas vão caindo copiosamente.

Estou sufocado. Engasgado.

Ouço os passos e me viro, olhando Arthur, Chris e Patrick

parados me encarando.

— Não venham encher a porra do meu saco! Pedindo para ter

paciência ou o caralho! — Soluço os encarando e aponto para o


meu peito. — Estou com ódio. Com raiva, e ninguém... Ninguém

entende a porra que estou sentindo.

Porque nem eu mesmo entendo.

— Ela está grávida e... E se foi um golpe... — Puxo o ar

enquanto Arthur se aproxima segurando em meu ombro.

— Cala a boca, Lorenzo. — Pede em um sussurro.

— Você está se ouvindo, meu irmão? — Patrick passa a mão


pelos cabelos.

Me sento com as mãos no rosto e enfinco as mãos nos


cabelos e puxo.
— Não vou passar a mão na sua cabeça, mas vou respeitar

seu momento de surto. — Chris fala se aproximando. — Mas

quando a sua ficha cair... Você vai ver que está culpando uma
criança inocente. E você já foi essa criança.

Ergo os olhos o encarando.

— Então por que ela foi embora? Por que ela não me ouviu?

— Me ergo e Arthur me força para baixo, me fazendo sentar

novamente.

— Esfria essa cabeça. Toma um banho. — Patrick diz

levemente.

— Eu vou ver como nosso pai está. — Chris dá as costas e

sai.

Continuo parado, sem mover um músculo sequer. Fito meus


pés descalços ainda de cabeça baixa enquanto Patrick e Arthur

continuam de pé na minha frente.

Ergo o rosto os encarando.

E fecho os olhos soprando o ar devagar.

Eu não quero ser pai.

Eu não quero...
Eu não quero, realmente.

É egoísta. É uma burrice. É estúpido.

Mas eu não quero.

— Espero que não demore muito para perceber o erro que

está cometendo, Lorenzo. — Patrick sussurra e o fito.

— Vocês amam falar dos meus erros... Mas eu não errei

sozinho!

E não mesmo.

— Diana foi embora grávida! Ela estava grávida e nem teve a

decência de me contar! — Disparo com o dedo em riste.

— Isso não é motivo. Eu sei. Mas imagine a cabeça dela! Olhe

os pais que ela tem, Lorenzo! — Patrick branda, balançando a


cabeça. — Olha a criação que a Diana teve. Você não acha...

— Não, Patrick. Eu não acho nada. — Passo a mão pelos

cabelos e solto o ar pesado, que pesava meus pulmões. — Eu vou


tomar um banho. Estou cansado.

Entro no banheiro batendo a porta e me encosto na pia. Me


encaro na porra do espelho, estou um caco.

Foi uma noite turbulenta na casa de Lana.


Tiro a roupa e me jogo embaixo do chuveiro, deixando a água

morna me invadir. Fecho os olhos me encostando na parede, vendo

a fumaça embaçar o vidro do box. Encosto a testa na parede,

suspirando enquanto sinto as lágrimas descerem se misturando com


a água que cai.

É incrível que ao mesmo tempo em que a raiva me tomava, o


alívio permanecia. Em saber que ela está bem...

Mesmo estando feia grávida.

Parecia que tinha perdido a identidade.

Saio do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e outra


no pescoço.

— Achei que tivesse ido embora. — Fito Arthur sentado na

minha poltrona.

— Passou a noite com a Lana? — Pergunta sério e estalo a

língua.

— Passei. — Dou de ombros, secando os cabelos. — Transei

a noite toda com ela, sexo selvagem. Bruto. Mal dormi.

Me viro para não encará-lo.

— Lorenzo... Sou eu. — Arthur sussurra e dou um giro, o


olhando. — Você descobriu que vai ser pai... Deve estar surtando
por dentro.

— Eu estou bem. Sério. Estou pouco me fodendo pra essa

criança! E pra Diana!

Assinto e me sento na cama, dando de ombros.

Os olhos azuis de Arthur me encaram como se estivessem me

hipnotizando. Mas isso é a porra da conexão que tínhamos desde


criança.

E eu odeio quando ele faz isso.

— A noite foi mal dormida... Pois passei a noite dormindo no

tapete da sala da Lana. — Desabafo o olhando me encarar.

Fiquei jogado igual um cachorro sarnento.

— Assim que ela abriu a porta, vomitei nela. — Sussurro

olhando Arthur colocar a mão na boca, escondendo um sorriso.

Me jogo na cama com as mãos no rosto.

Perdi minha postura de cafajeste.

Que ódio. Que ódio.

— Você vomitou na Lana? — Ouço a risada estrondosa de

Arthur e estiro o dedo sem me erguer.

— Bebi demais. — Assumo suspirando.


E realmente estava fora de mim.

— O que eu faço, Arthur? — Pergunto olhando para o teto.

Vendo as pedras do lustre de cristal balançando de um lado

para o outro.

— Nunca fomos adeptos a relacionamentos, mas você foi


único a ter esse medo de casamento. — Viro o rosto de lado para

encará-lo. — Mas não posso dizer algo que tem que partir de você.

Nego com a cabeça levemente.

— Não posso te dizer para correr atrás da Diana, se isso não

for uma vontade sua. — Arthur sorri de lado. — O que eu posso te


dizer, é pra não culpar uma criança pelos erros de vocês dois.

Uma criança...

Puta que pariu.

Passo as mãos pelo rosto e parando nos cabelos. Vou


enlouquecer nesse caralho.

Arthur sai alguns minutos depois, me deixando sozinho com

meus pensamentos. Continuo deitado apenas de cueca, virado de


bruços, jogado igual um saco de merda.
A porta se abre e não preciso abrir os olhos para saber quem
é. O perfume adocicado me faz pensar nas vezes em que só o seu
colo me acalmava.

Viro o pescoço a olhando parada no meio do quarto.

Ela se senta na cama enquanto a encaro de relance.

E chega aquele momento em que você tenta segurar o choro,


a voz embarga e os olhos queimam tentando controlar as lágrimas

que parecem que vão explodir à menção de qualquer palavra.

— Lorenzo... — Engulo em seco e deito a cabeça em seu colo.


— Meu filho...

Fecho os olhos sentindo-os queimarem com o peso das

lágrimas.

— Por muitos anos passei a mão em sua cabeça pelos seus


atos rebeldes, pelas suas escolhas... — A voz sai meio que em um

sussurro e a mão segura o meu queixo, me fazendo a encará-la. —


Não cometa erros do qual pode se arrepender.

Sinto o entalo enquanto ela balança a cabeça.

— Entendo sua dor em saber da gravidez desse modo, mas

não renegue uma criança...


— E se eu não conseguir amar essa criança, mãe? E se eu for
um pai de merda como...

— Olhe para mim, Lorenzo. — Ela segura em meu queixo me

fitando. — Você não é o seu pai! Os erros do passado não devem


ser repetidos no presente... Patrício sente o remorso o corroer de
dentro para fora. E sabe por que, meu filho?

Não respondo. Apenas continuo a olhando.

— Porque há três coisas que jamais voltam, Lorenzo. A flecha


lançada, a palavra dita e a oportunidade perdida.

Mordo o lábio enquanto ela se ergue me fitando ainda parado.

— Você quer um tempo para raciocinar tudo isso? Você terá.


Mas lembre-se que dentro da Diana cresce um serzinho a cada
instante. E não perca esse tempo... Porque eu te garanto que irá se

arrepender amargamente lá na frente.

E ela sai.

Sai me deixando ali com o coração apertado de um sentimento

que eu não quero sentir.

Culpa.

Puxo um travesseiro e cubro meu rosto.


Culpa quem tem que sentir é ela. Não eu.

Ela quem escondeu a gravidez. Ela que lide com isso agora.

Foda-se! Foda-se!

— Tem certeza de que vai ficar bem? Eu peço para darem um


jeito com a minha ausência.

— São seus negócios, Enrique. Você não pode deixá-los de

lado por minha causa. — Aperto seus dedos entre os meus, o


olhando sorrir. — Eu... Estamos bem. Estou confortável nesse sofá
e eu nem faço nada.

Puxo o cobertor o encarando.

— Bianca vai ficar aqui com você, sabe que volto correndo se
me ligar. Não vou soltar o celular um minuto.

— Enrique, eu estou bem. — Balanço a cabeça sorrindo. —

Agora faça sua mala e vá, antes que perca o vôo.


— Só vou precisar de uma mala de mão. — Meu irmão se

ergue e assinto. — Tem certeza de que vai ficar bem?

— Enrique, estou grávida e não inválida. — Digo sorrindo.

Bom, daqui a uns meses talvez fosse impossível me


locomover.

Enrique some quando sobe os degraus que eu prontamente


estava evitando. Fico na parte de baixo na sala de TV reservada ou
em meu quarto.

Acabei almoçando mais cedo e nem estava com tanta fome


assim, apenas para não ficar passando mal. Enrique recebeu uma
ligação importante de uma de suas empresas e por isso teria que ir

correndo para o Brasil.

Já estou acostumada com suas viagens rápidas e


inesperadas.

O abraço forte enquanto ele beija minha testa demoradamente.

— Sabe que pode me ligar a qualquer momento, né? Volto


correndo no próximo vôo Diana.

Bianca revira os olhos, passando o braço ao redor de seu

pescoço.
— Eu estou aqui, Enrique. Vou ficar igual um cão de guarda...
Quem se aproximar eu mordo. — Ela pisca sorrindo.

Enrique suspira a olhando.

— Doida.

— Vamos ficar bem. — Coloco as mãos na barriga sorrindo. —


Deem tchau para o titio...

Meu irmão me fita. E mesmo sendo tão sério, o sorriso brota

em seus lábios levemente.

— Amo vocês.

— A gente também te ama.

— Só as vezes. — Bianca faz um bico o olhando. — Tchau,

malvadinho...

Franzo o cenho enquanto Enrique nos fita.

A porta do elevador se fecha enquanto ele acena.

— Temos um apartamento só para a gente. — Me sento no

sofá e Bianca faz o mesmo. A encaro olhar suas unhas esmaltadas


de preto. — E o Lorenzo? Deu as caras?

Mordo o lábio, negando com a cabeça.

— Melhor assim. — Assinto, olhando-a entortar o rosto.


E é mesmo.

— Vou tomar um banho. — Me ergo sentindo um desconforto


nas costas.

— Está ficando difícil, né? — Bianca indaga se erguendo.

Assinto levemente e sorrio enquanto ela coloca as mãos na


barriga.

— Dizem que as dores ficam pior no final... O espaço vai

ficando pequeno. — Solto o ar devagar.

— Quer que eu te dê banho? — Ela oferece, mas nego.

— Ainda consigo tomar banho sozinha, Bia. Faz pipoca? A

gente pode assistir um filme.

— Vou tomar cerveja. — Diz se sentando no sofá e cruza as


pernas.

Algumas lembranças me veem a mente de repente e sinto meu

coração apertar, elas parecem ter sido vividas há anos. Mas fazia
apenas meses.

Que loucura.

A água morninha me faz relaxar, ao mesmo tempo em que


uma forte pontada em minha costela me faz morder o lábio,
agoniada.

Realmente o espaço está ficando pequeno.

— Está ficando apertado aí pra vocês, né?! — Acaricio a


barriga sorrindo. — Eu sei, estou fazendo o máximo de repouso pra
vocês ficarem confortáveis.

Eu passo horas conversando com minha barriga, desde que

descobri que estava grávida. É um modo de não me sentir tão


sozinha.

Mordo o lábio sentindo os movimentos persistentes.

E é inevitável não sorrir e sentir meu coração transbordar com


tanto amor.

Coloco um vestido soltinho e me encaro no espelho.

— O dia está lindo demais para ficarmos aqui. — Bianca me

encara pelo espelho.

Amarro o cabelo em um rabo de cavalo.


Estou com algumas olheiras pelas noites mal dormidas, tantas

preocupações e coisas na cabeça. E isso me faz muito mal.

— Estou indisposta e com dores.

— Só passearmos. Tomar um sorvete. — Ela sorri juntando as

mãos perto do rosto, piscando os olhos.

— Só um sorvete. Nada mais.

— Por isso que te amo. Tem que mostrar esse barrigão lindo
mesmo. — Estalo a língua enquanto Bianca me beija.

Paramos ao ouvir a campainha soar.

— O interfone nem tocou. — Olho para Bianca, que franze o


cenho. — Termina de se arrumar. Vou ver quem é...

Concordo e ela sai do quarto.

Viro para o espelho enquanto o vestido solto rodeia meu corpo,


deixando minha barriga um pouco maior do que está.

Coloco as mãos nas costas enquanto a dor me faz respirar


devagar.

Ouço a voz e sinto um arrepio na espinha, me fazendo


paralisar.

Me aproximo da escada descendo os degraus.


Minhas mãos estão trêmulas enquanto olho para o meu pai,
que me encara com os braços cruzados e um sorriso frio no rosto.

— Vou chamar a polícia e te colocar pra fora daqui! — Bianca

rebate com o dedo em riste. — Saia daqui! Agora!

Ele me encara de cima a baixo.

— Como está, minha filha?

— O que está fazendo aqui? — Digo entre dentes o

encarando.

— Vim conversar. Nossa última conversa não saiu muito bem.


— Ele se senta cruzando as pernas.

Bianca o encara e a fito.

Meu pai é o pior monstro que já existiu sobre a terra.

— O que você quer? Não acha que já acabou demais com a


minha vida?!

— Quanto drama, Diana. Eu te dei um marido muito rico, te dei

a chance de ter um nome de respeito e prestígio. — Ele me encara.


— Esposa do herdeiro de um dos maiores empresários do mundo.

Ele aponta o dedo sorrindo.

— Do mundo. — Sussurra sorrindo. — Meu amor...


Minhas mãos tremem e minhas pernas quase não me
seguravam mais.

— Saia daqui. Agora. — Digo o encarando. — Saia daqui!

Saia!

— Eu vou te dar um minuto pra levantar essa bunda caída


desse sofá e cair fora! — Bianca ralha, o olhando.

Ele sorri abrindo o blazer e me olhando de cima a baixo.

— Confesso que fiquei surpreso quando soube da sua


gravidez. Fiquei orgulhoso também. — Franzo o cenho, trincando os

dentes.

— Meu filho não é uma moeda de troca. — Disparo vendo-o se


erguer. — Não chegue perto de mim! Não chegue perto...

— Essa criança é nosso álibi, Diana! Podemos arrancar uma

boa grana dos Gonzáles... Filha, preste atenção. Você perdeu uma
chance única com a traição...

— Traição que você planejou! Traição essa, que nunca existiu!

— Ofego passando as mãos pelo rosto.

Cuspo as palavras berrando em seu rosto.

— Foi para o seu bem, Diana! Deixe de ser idiota menina! Olhe
o futuro que você vai ter...
— Dinheiro? É tudo que você pensa! Você ferrou a cabeça do

Enrique! Você vendeu Eudora ao Hugo! Você me vendeu! Você


acabou com a vida dos seus filhos...

Soluço sentindo as lágrimas descendo copiosamente.

— Você não vai acabar com a vida dos meus filhos também!

Ele para, balançando a cabeça.

— Deixe de ser tola, Diana! É o seu futuro!

— Saia da minha frente... — Digo entre dentes, sentindo


minhas pernas fraquejarem.

— Você deveria me agradecer por abrir seus olhos, sua idiota!

— Tirem esse homem daqui! Esse velho doido! — Bianca


aparece correndo na porta e dois seguranças se aproximam.

— Não me toquem! Conheço o caminho! — Diz soltando os

braços enquanto me encara.

Viro o rosto, colocando as mãos nos ouvidos.

Sinto um ódio desse homem!

— Di... olhe para mim? Di? O que está sentindo? Diana!

Fecho os olhos, sentindo as lágrimas grossas rolarem.

E os flashes de memória vindo.


O ódio.

— O contrato de casamento foi muito bem elaborado. Lorenzo


não poderia te trair ou acabaria pagando uma quantia alta para
você, mas o advogado do diabo conseguiu quebrá-lo. — Sussurra

com impaciência. Negando com a cabeça — Quando Patrício veio


até mim pra fazer esse casamento, digamos que foi muito bem
explicado. Se um dos dois quebrassem o contrato, o outro ficaria

com tudo.

Franzo o cenho, sentindo o aperto na garganta. O encaro de


cima a baixo sentindo o nojo me tomar.

— Ele iria fazer isso mais cedo ou mais tarde Diana.

— V-Você armou tudo! — Sussurro negando com a cabeça. —


Você... Meu Deus! Meu Deus!

Repito com a mão no peito, sentindo meu âmago se partir.

— Acha que aceitei dar a sua mão para o maior cafajeste de


Nova York por quê? — Ele se ergue e dá de ombros. — Poderia ter
sido o Patrick. Sensato, um cavalheiro..., Mas seria muito fácil.

Lorenzo não. Arredio, possessivo, era questão de tempo, Diana.

— Você é um monstro! — Digo o encarando. — Um monstro!

— Eu quero o melhor para o seu futuro!


— Meu?! Como ousa abrir sua boca pra falar que é o meu
futuro? — Disparo soltando uma risada amarga. — Teve coragem
de vender a sua própria filha! Você colocou aquela mulher na

empresa... V-você...

— Quanto drama! — Revira os olhos como se não fosse


absolutamente nada. — Vamos logo aos finalmente. — Se senta

abrindo a pasta a sua frente, me passando vários papéis. — Você


tem que pedir a anulação. Todas as provas da traição estão aqui.
Chore. Grite. Mas peça essa anulação. Você está com tudo nas
mãos para sair ganhando, minha filha...

Coloco a mão sobre a boca, me sentindo enojada.

Fecho os olhos e balaço a cabeça.

— Por que acha que vou fazê-lo anular esses papéis? O que
te faz pensar que não posso sair daqui e ir direto na casa dele

contar tudo?

— Depois que Lorenzo assinar, você vai sair com tudo. Tudo,
Diana. — Sussurra sorrindo.

Nego com a cabeça, o olhando.

— Você é doente! — Disparo, pegando os papéis. — Vá para


o inferno!
— Você nunca mais verá sua irmã... Seu irmão! Estou falando
sério, Diana! Mando Hugo levar Eudora para bem longe daqui! Faça
o que tem que ser feito. E eu irei administrar tudo...

Balanço a cabeça de um lado para o outro. A minha cabeça


dando voltas e mais voltas sem acreditar.

Queria gritar. Queria bater nele.

— Você é louco se acha que vou fazer isso com Lorenzo!

Louco!

— Haaaa, agora vem a melhor parte! — Bate os dedos na


bancada. — Se você abrir essa boca sobre qualquer coisa que foi
dita aqui, dê adeus aos seus irmãos Diana!

Abro a boca, tornando a fechar no exato momento.

— Está ameaçando-os? Está ameaçando seus próprios filhos?

— Entenda como quiser. Enrique foi um péssimo erro de

cálculo. Não faz total diferença estar aqui ou não. — Diz sério
enquanto me encara. — Conheço você, meu anjo... Jamais deixaria
algo acontecer ao seu irmão, não é?

Me silencio no mesmo instante.

— Você vai assinar esses papéis, meu amor...


Minha cabeça girava e girava. Poderia ter vindo de qualquer
pessoa, mas não.

Era o meu próprio pai.

O encaro abrir a porta do apartamento e sair.

— Amanhã volto para conversarmos.

Reprimo um gemido enquanto as lágrimas descem e Bianca


me encara.

— Diana... Diana, fale comigo! Diana...

Minhas pernas fraquejam e a escuridão me toma por inteira.


Desço as escadas olhando para baixo segurando o blazer no
antebraço e já com os óculos de sol preso na gola da camisa.

Aperto a pequena mala nas mãos.

São algumas peças de roupas que estou levando para o meu

apartamento.

E não quero bater muito papo com ninguém também.

Pelos burburinhos a sala já está cheia.


Essa gente não tem casa, não?!

Chris, Ágata, Arthur, Heitor, Patrick e até meus tios sentados

na sala conversando.

O assunto deve ser eu. Porque todos se calam no exato


momento em que ergo a cabeça. Sorrio mostrando os dentes, mais

falso que uma nota de três dólares.

— Bom dia. — Beijo minha mãe e tia Catarina, que me

encaram sorrindo.

— Aonde vai? — Mamãe indaga encarando a bolsa em minhas


mãos.

Meu pai me fita e viro o rosto rapidamente.

— Para o meu apartamento. Não vou ficar aqui.

— Lorenzo...

Chris se ergue, fechando o botão do blazer e me olhando.

— Ninguém trabalha mais não? — Pergunto estalando a

língua.

— Eu vim comer. — Arthur sorri se erguendo. — Sabe que a

torta de pêssego de tia Clarisse é divina.

Heitor me encara olhando o relógio no pulso.


— Só vim saber da fofoca mesmo.

— Heitor! — Tia Clarisse bate em seu braço e ele acaricia o

mesmo.

Não disse que eu era o assunto?

Continuo pouco me fodendo.

Ágata se ergue, pegando a bolsa enquanto nos encara.

— Eu vou sair. Marquei com Bianca e com... — Ela me fita de

cima à baixo franzindo o cenho. — A Diana.

— Deve estar uma grávida linda. — Tia Catarina suspira.

— Está linda. Um barrigão que você precisa ver... Vai ser um

bebê...

— Podem parar. Todos vocês. É sério. — Me viro as

encarando.

Ágata cruza os braços me olhando fixamente.

— Sinto muito se te incomoda falarmos do seu filho. — Minha

cunhada rebate.

— Ágata...

Sorrio com desdém.


— Podem falar à vontade, não vou ficar aqui mesmo. — Pego

a mala e reviro os olhos.

— Fugir não é a opção mais fácil... — Paro, ouvindo a voz do

meu pai.

Patrick me fita, negando com a cabeça como se pedisse em


silêncio para eu não rebater.

Ao contrário de mim, meu irmão prefere que o mundo se acabe

do que enfrentar o velho.

Mas eu não sou ele.

— Sabe que sua opinião e merda é a mesma coisa para mim,

não é?! — Rebato sorrindo.

— Lorenzo, por favor não comece! — Mamãe se ergue.

— Vamos... — Arthur me encara.

— Quem começou foi ele. Eu só rebati.

— Patrício... — Tio Thomas o encara e sorrio.

— Deixa tio, ele precisa se sentir no controle de tudo. Da vida

dos filhos. Da verdade. Não é, papai?

Sobressalto quando o celular de Ágata toca insistentemente.

— Já estou in... Bianca? O que houve?


O silêncio se estabelece enquanto Ágata empalidece no

mesmo instante.

— O que aconteceu? — Mamãe coloca a mão sobre o peito a


olhando.

— Como ela está? Ah Deus! Calma, Bianca... Estamos indo...


Não. Fica calma... Estamos indo. — Ágata desliga o celular

encarando Chris.

— O que houve?

— Diana está indo para o hospital. Passou mal. Bianca está


desesperada.

— Ah Deus! — Mamãe se ergue. — Precisamos ir até lá,


agora!

— Vamos Clarisse! — Meu pai se ergue. — Rita, chame

Joseph. Peça para preparar o carro agora mesmo. Agora!

Engulo em seco sentindo meu coração parar por um segundo

e voltar a bater freneticamente no peito.

— Lorenzo? — Arthur me encara.

— Meu filho... — Mamãe me fita.

— É sério que não vai vir? — Chris indaga abrindo os braços.


— Pelo amor de Deus! Grávidas passam mal a todo instante.
— Me sento no sofá, dando de ombros.

— Você está sendo um babaca e mimado do caralho! — Chris


rebate com o dedo em riste.

Arthur me fita e Chris sai como todos os outros, desesperados.

Continuo sentado sem me mover, cruzo os braços, dobro uma


perna na outra.

Passou mal...

Aposto que isso é apenas drama de Diana. Falsa do caralho.

Por que falsa? Ela não te enganou! — Meu interior grita.

Enganou sim. Mentiu sobre a gravidez.

Gravidez essa que você não quer nem saber?! Imagine se ela
tivesse contado.

— Ela engravidou de propósito, porque é uma interesseira


igual ao pai pau no cu que ela tem!

— Lorenzo? Está falando sozinho? — Me viro olhando Rita

parada na cozinha.

Me ergo pegando minha mala.


— Falando comigo mesmo! — Dou de ombros. — E eu não
vou para caralho de hospital nenhum! Nenhum!

Saio batendo a porta e entrando na porra do meu carro, que


graças a Deus, Arthur trouxe para mim. Saio em disparada pisando

no acelerador. Cerro o maxilar sentindo os pneus deslizarem sob a


pista, aperto o volante nas mãos firmemente.

Estou com a porra do coração acelerado para um caralho.

Entro no prédio estacionando o carro bruscamente e descendo

com a mala nas mãos, vou direto para o elevador. Só quero cair na

minha cama e descansar em paz.

Apenas. E é isso que eu vou fazer.

Entro na sala olhando para o apartamento, que estava fechado


a alguns meses... E sempre arrumado por Rita ou por qualquer

outra pessoa.

Olho-o de todos os ângulos, sentindo uma inquietação.

Deveria estar feliz.

Por que diabos eu não estou me sentindo bem nesse caralho?!

Mordo o lábio e me viro pegando as chaves no aparador e

saindo do mesmo modo que cheguei...


Rápido como um raio.

Encaro o prédio enorme a minha frente enquanto bato a porta

do meu carro.

Não sei por que diabos estou aqui, mas estou.

Eu só vou saber o que realmente está acontecendo e irei sair,


e não vou colocar mais a porra dos meus pés nesse lugar. Só vou

mesmo mostrar que Diana faz drama.

Foda-se.

As portas de vidro se abrem e passo pelas mesmas. Já entro

no elevador sabendo o andar da obstetrícia.

E como eu sei?

É um dos melhores hospitais da cidade e Ágata pariu aqui.

Minhas suspeitas são concretizadas quando o elevador se

abre e todo mundo...

TODO MUNDO SE VIRA ME OLHANDO.

— Eu sabia que viria. — Mamãe sorri me olhando.


Reviro os olhos e encaro Bianca, que está com as mãos juntas

no rosto como se fizesse uma prece. Ágata ao seu lado acariciando

seus ombros me encara como se eu fosse o culpado.

— Ela ainda está lá dentro sendo medicada. — Arthur sussurra

se aproximando.

— Perguntei nada não Arthur. — Rebato dando de ombros.

— Pois deveria. — Chris suspira passando a mão pelos

cabelos. — Eu não estou entendendo onde está querendo chegar


com essas suas atitudes de merda!

— Quero que me deixem em paz. Apenas. — Rebato me


afastando.

Christopher é um pau no cu do caralho.

Cruzo os braços fitando mamãe apreensiva ao lado de tia

Catarina. Tio Thomas conversa com meu pai, que fecha os olhos

passando a mão na testa.

Quanto drama.

— E-ela ficou tão gelada... Tão pálida... E aí desmaiou. —


Bianca funga balançando a cabeça. — Achei que ela ia perder...

— Não diga uma coisa dessas, Bianca. Diana e o bebê vão


ficar bem. — Ágata sussurra e me fita de relance.
Volto a cruzar os braços.

— Ela sempre teve esses desmaios. — Disparo as olhando.

Bianca parece ter levado um choque quando se ergue como


uma fera vindo em minha direção.

— Seu babaca insensível! Seu... idiota! Cretino!

— Bianca! — Heitor a segura e eu continuo olhando para ela.

— Isso é um hospital! Por Deus!

— Você tem é que se ajoelhar e lamber o chão que a Diana

pisa! Seu cretino desgraçado!

— Bianca!

— Ela está grávida... E é uma gravidez delicada e perigosa! —


Ela dispara e franzo o cenho a olhando.

— Como é?

Bianca nega com a cabeça enquanto todo mundo a encara.

— Como assim perigosa, Bianca? — Mamãe a encara.

— Bianca... — A fito.

Ela morde o lábio, com a mão no peito.

— Eu só quero saber se está tudo bem! Por favor... — Ela diz

se sentando com as mãos nos cabelos. — Enrique vai... Matá-lo...


Ele...

— Lorenzo. Calma. — Patrick segura em meu braço.

— O que ela quis dizer com gravidez perigosa? — O fito negar

levemente com a cabeça.

— Grávida tem seus cuidados, Lorenzo. — Ele me encara e

franzo o cenho.

Gravidez delicada... Perigosa...

O que diabos era isso?!

— Ninguém vai dar uma notícia nesse caralho?! — Me ergo

falando, mais alto do que pretendia.

Chris e Arthur me encaram. E estalo a língua me virando.

Não que eu esteja preocupado.

Não Estou. Um pouco talvez.

Apenas ansioso.

— Ela deve estar fazendo exames. — Tia Catarina fala.


Faz mais de uma hora que estamos nessa sala de espera sem

notícias nenhuma.

Mordo o lábio, estalo o pescoço de um lado para o outro.

— Doutor... — Mamãe se ergue assim que o médico se


aproxima.

Paro estático o encarando.

— Ah Deus. Como ela está? — Bianca suspira impaciente.

O médico nos encara com alguns papéis nas mãos.

— Ela está sendo medicada, A pressão arterial está alta.

Temos que ficar observando. Pedimos alguns exames e deu umas


alterações. — Ele folheia os papéis.

— Que alterações? — Meu pai indaga.

— Anemia e a glicose mais alta do que deveria. Mas vamos

mudar a alimentação e hábitos mais saudáveis para levar até a

trigésima quinta semana de gestação.

Mamãe e minha tia se olham.

— Mas... Será prematuro. Não?

Estou igual um babaca tentando entender um terço do que

eles estão falando.


— Doutor... Eles não sabem... — Bianca me encara mordendo
o lábio.

— Não sabe do que Bianca?! — Disparo olhando entre ela e o


médico.

— Como estão os... Bebês? — Bianca diz tão baixo que mal
consigo ouvir.

Ou ouvi tão bem que parecia não ter ouvido.

Puta que pariu.

Puta que pariu.

Puta que pariu.

Puta que pariu.

Arthur começa a tossir descontrolado. Chris arregala os olhos.


Heitor abre a boca. Patrick cai sentado. Mamãe me encara. Papai

coloca a mão sobre o peito.

— Be...bês? — Repito as palavras. — Vo-você di-disse b-


bebês?

Bianca abaixa a cabeça assim que a encaro.

— Meu Deus... — Ágata sussurra sorrindo.

— A senhora Gonzáles está esperando trigêmeos.


Sinto minhas pernas fraquejarem e caio sentado.

— Lorenzo! Meu Deus!

Puxo o ar que não vinha de jeito algum.

— Lorenzo! Lorenzo!

Quero falar. Quero gritar.

Mas a porra da voz não vinha de jeito algum.

— Há meu Deus, agora mais um pra socorrer! — Ouço a voz


distante.

Continuo imóvel.

— Lorenzo, seu arrombado! — Ouço Arthur falar perto de mim.


— Lorenzo!

— Acho que ele tá em estado de choque!

— Gente... Não é que ele está mesmo...

Sinto meus olhos se fechando... Se fechando...

Ah caralho! Ah caralho!

— Lorenzo meu filho, isso não é hora para brincar!

— Ele não está brincando, mãe. Lorenzo desmaiou.


Eu quero gritar. Quero abrir a porra dos meus olhos, que
parecem não obedecer aos meus comandos.

— O que vamos fazer com o Lorenzo?

— Posso dar na cara dele?

— Heitor meu filho, por favor!

— Enfermeira! Tem um rapaz passando mal aqui! Socorro!

— Lorenzo, meu filho! Lorenzo! Fale comigo... Lorenzo!

Sinto o cheiro forte de álcool e pisco diversas vezes, abrindo

os olhos.

Caralho. Caralho. Caralho. Caralho.

— Lorenzo?

— Três... Três... Três... — Repito meio tonto, me erguendo.

Estavam todos parados me encarando e balanço a cabeça.

— Tomou no cu. — Heitor gargalha me olhando.

— Eita, porra.

— Três?! — Digo olhando para o médico que me encara. —


Um... Dois... Três? Três?

— É Lorenzo, você vai ser papai de trigêmeos! — Ágata me

olha e abre os braços sorrindo.


— Ah, Cristo! — Digo caindo novamente sentado no sofá. —
Ah Deus!

Puxo o ar, que demora a vir mais do que deveria e sinto


minhas mãos tremerem.

— Três bebezinhos... — Mamãe sorri juntando as mãos no

rosto. — Três, Patrício... Vamos ter mais três netinhos.

Tomei no meu cu. Meu Deus.

— O que eu fiz? — Sussurro com a voz embargada.

— Quer mesmo que a gente diga? — Arthur sorri com a mão

na boca.

— Uau. Três. — Patrick assente batendo em meu ombro. —


Parabéns irmão.

— Três... — Chris sorri.

Quero chorar.

MEU DEUS.

TRÊS!

UM... DOIS... TRÊS...

PORRA.

A palavra três está girando em minha mente.


— Como ela está? E os bebês? — Meu pai pergunta.

— Ela está descansando. Mas as recomendações são as


mesmas, e agora com mais cuidados ainda. Evitar estresse,
aborrecimentos e repouso. Muito repouso. Para tentarmos controlar

a pressão para o bem-estar da mãe e dos bebês.

Coloco as mãos no rosto, abaixando a cabeça.

— Gravidez tri gemelar requer muitos cuidados. Podem ir vê-


la, ela vai ficar em observação o restante do dia e a noite. Só para

avaliarmos.

Nem consigo me mover.

Era a porra de mil e uma sensações passando ao mesmo

tempo pelo meu sistema nervoso.

— Eu preciso ver ela... — Bianca se ergue e minha mãe


assente.

Me ergo, negando com a cabeça.

— Quem vai entrar sou eu.

— Lorenzo... Lembra o que o médico disse?

— Ela não tinha o direito de esconder isso de mim. Nenhum.


Direito. — A voz soa baixo e suspiro. — Com licença.
— Se você fizer algo que a faça...

Viro o rosto, sentindo meu coração pesar em cada passo que


direciono ao quarto dela.

Observo o soro gotejar devagar, o acesso preso em minha

mão me faz mexer os dedos devagar.

Ainda estou me sentindo um pouco mal.

Sorrio levemente sentindo os movimentos intensos se

formarem em meu ventre. Espalmo uma das mãos enquanto uma


lágrima desce rolando devagar.

— Me desculpem... — Sussurro com a voz embargada. — Me

perdoem... Vocês são tudo que eu tenho...

Soluço baixo sentindo os movimentos se tornarem mais


intensos.

Nunca senti tanto medo em toda minha vida.

Medo de perder... As três vidas que estão dentro de mim.


Ouço a porta se abrir e paro, olhando-o de relance. Limpo o
rosto rapidamente, fechando os olhos em seguida. O quarto parece

ter ficado pequeno com sua presença, o perfume inebriando todo o


ambiente.

Ele me encara com o cenho franzido, está parado na soleira da


porta, com a mão na maçaneta e sério. Tão sério que dói só de

olhar.

Ergo o queixo engolindo seco quando ele entra fechando a


porta, sem falar uma palavra sequer. Vejo-o dobrar as mangas da

camisa comprida até os cotovelos e cruzar os braços.

O maxilar cerrado enquanto os olhos se fixam aos meus.


Aperto meus dedos e mordo o lábio devagar.

— E-eu...

— Ia esperar entrar em trabalho de parto para me dar a notícia


que está esperando... — Ele para, estendendo três dedos em minha
direção. — Três... Bebês?

Ele sabe.

Também demorei semanas para associar tudo que estava


acontecendo, e a notícia de estar esperando trigêmeos veio como

um furacão.
— É isso? Você não tem nada para me falar? — Lorenzo
indaga sorrindo.

Mas não havia um traço de felicidade em seu rosto.

— Como queria que eu contasse? — Ofego o olhando. —


Você ficou fora de si quando... Quando me viu...

Ele abre os braços, arqueando a sobrancelha.

— Você esperava o que, hm? — Me fita passando as mãos


pelo cabelo. — Você some, você não me deixou sequer explicar. Aí
aparece, grávida... E você queria o quê?!

O encaro suspirar pesadamente e balançar a cabeça.

— Você é tão... Egoísta. Mas tão egoísta. — Ele limpa o rosto


com as costas das mãos.

Fecho os olhos, sentindo meu coração se apertar.

— A última pessoa em que pensei foi em mim, Lorenzo... —


Digo baixo o fitando.

Mas não vai adiantar gritar o que ele não ia ouvir no momento.

A raiva exala por seus poros.

— Em quem pensou, então? Em quem pensou quando foi


embora? Carregando... Essas crianças...
— Essas crianças? Essas crianças são... Meus filhos! — Falo

com o dedo em meu peito.

— Seus?

— Meus. — Assinto com os olhos cravados aos seus. — Não

foi você mesmo que disse que não os queria?

Estou tentando controlar as lágrimas que querem descer a


todo custo.

Lorenzo para e espalmo a mão sobre a barriga.

Seus olhos pousam rapidamente, enquanto ele nega.

— E nada mudou. Nada. — Ele desdenha.

— Eu vou levar essa gravidez sozinha, Lorenzo. Com ou sem


você. — Indago o fitando.

— Não sei por que se deu ao trabalho de voltar...

Abro a boca e torno a fechá-la assim que a porta se abre e


dona Clarisse entra de repente.

Viro o rosto, limpando-o rapidamente.

— Como está sentindo? — Ela se aproxima segurando em

minha mão.

Me viro sorrindo.
— Estou bem.

Dona Clarisse fita Lorenzo, que se vira suspirando, e sem dizer


uma única palavra ele sai.

— Er... Ele está...

Concordo levemente e fecho meus olhos, enquanto sinto a


mão acariciar meu rosto.

— Vai ficar tudo bem, meu amor.

— Tem que ficar tudo bem... — Sussurro, mais para mim

mesma do que para ela.

Recebi todos em meu quarto por algumas horas, estavam


radiantes de felicidade. Meio incrédulos, mas felizes. Bianca

apareceu assim que todos saíram, veio meio chorosa, apenas me


abraçando sem dizer uma única palavra.

Está sentindo meu desespero de perto.

— Eu odeio aquele homem... — Sussurro enquanto ela

assente.
— Vamos acabar com ele, Di. Vamos fazê-lo pagar. — Bianca
sorri. — Enrique vai matá-lo...

E vai mesmo.

Mas eu não me importo mais.

Ele acabou com tudo.

Ele destruiu tudo.

— Eu não tenho mais pai, Bianca. — Nego com a cabeça

suspirando. — Ele queria usar meus bebês como... Como moeda de


troca para arrancar dinheiro.

Choro baixo enquanto ela me encara.

— Vamos derrubar esse velho filho da puta.

Não sei ao certo o que vou fazer, ou sei. Vou tentar deixar
meus irmãos bem, no fundo eu sei que Enrique consegue se cuidar.
Mas Eudora não. Sempre foi submissa as vontades de Hugo.

Eu tinha apenas quinze anos quando minha irmã se casou, e


ainda era tão leiga e boba para acreditar que o casamento dela era
perfeito. Que as marcas que Eudora tentavam esconder, eram de

quedas. As mesmas que nossa mãe tinha.

Foi uma infância infeliz.


E não quero o mesmo para os meus filhos.

Fiz todos os exames e estava ansiosa para ir para casa,

mesmo não contando a Enrique o que aconteceu e sabendo que ele


ia precisar ficar uma semana em viagem junto de seu advogado.
Não quero preocupar meu irmão e pedi a Bianca apenas para omitir

até ele chegar e eu poder conversar pessoalmente.

Odeio hospitais, mas vou ter que passar o restante do dia e


toda a noite aqui, o que é um tormento ter que ficar parada.

Mexo a colher na sopa e entorto o nariz enquanto Ágata sorri.

— Também não gosto da comida do hospital. — Ela balança a


cabeça e assinto.

— Tem gosto de... — Franzo o nariz a olhando. — De nada.

— Nada ainda é um elogio para essa sopa. — Ágata afasta o


carrinho com a bandeja. — O médico disse que... Os bebês pelo
ultrassom estão bem, mas eu não quis saber o sexo ainda...

Brinco com a ponta do lençol.

— Quis esperar um pouco mais. — Umedeço os lábios


enquanto ela sorri de lado.

Não precisei falar muito, no fundo ela deve saber o motivo de

eu esperar um pouco mais.


Eu tinha optado por não saber o sexo sem Lorenzo ao meu

lado.

— Clhoe está ansiosa para conhecer os priminhos. — Ágata


diz de repente, me tirando dos devaneios.

— Estou morrendo de saudades dela.

— Não para de falar em você e nos bebês. — Ágata se senta


ao meu lado.

— Dá pra acreditar que tem três bebês aqui? — Aponto com o

dedo para a barriga. — Tão pequenininhos...

Tão pequenos e capaz de nos dar uma força inabalável.

Estou inquieta. Ando devagar, de um lado para o outro.

— Vai demorar? Quero ter alta. — Me viro para Bianca que se

ergue da poltrona.

— Você vai ter alta Diana. É só esperar o médico.

Amarro os cabelos, mordendo o lábio enquanto ela sorri.


A noite foi bem tranquila e estou me sentindo muito mais
disposta. A porta se abre e encaro dona Clarisse e o senhor Patrício
entrarem com o médico.

— Você já está liberada. — O médico diz me olhando. —


Todas as precauções e vitaminas estão nas receitas que vou te dar.
Vou marcar uma ultra. Só repouso e nada de estresse.

— Cuidaremos muito bem deles. — Dona Clarisse sorri e me


abraça.

— Vou apenas pegar o resultado dos exames e já podem ir.

Senhor Patrício caminha até a porta assim que o doutor a


fecha, está sério e com o semblante cansado. Ele para pôr uns
segundos, me fitando.

— Eu vou... Pegar um... — Bianca balbucia.

— Pode ficar, Bianca. — A voz dele soa firme e ao mesmo


tempo forte.

Dona Clarisse me encara sorrindo.

— Queríamos te fazer um pedido, Diana.

— E gostaríamos muito que aceitasse.


Engulo em seco, mordendo o lábio devagar. Bianca me encara
de relance e assinto de leve, pedindo-os para continuarem.

— Queremos que fique em nossa casa durante sua gravidez.

— Minha filha, é uma gravidez delicada. Requer cuidados. Lá

em casa temos todo conforto e segurança que vão precisar. — Dona


Clarisse me fita. — Nem tanto pelo conforto, mas pelo amor e
cuidados que daremos a vocês.

— Dona Clarisse, eu... — Nego delicadamente, mordendo o


lábio e Bianca dá de ombros me olhando. — Não sei o que dizer.

— Diga que aceita e nos faça muito felizes com a espera da


chegada de nossos netos... — Sr. Patrício suspira pesadamente. —

Queremos te dar o melhor, Diana. A vocês quatro.

Encaro Bianca, que assente sorrindo de lado.

— E-eu... — Suspiro enquanto os dois me fitam.

Deveria estar tendo o apoio dos meus pais nesse momento, e


isso me deixa mais angustiada ainda.

E quer saber?

Não vou mais me lamentar por eles.


— Eu aceito. — Sopro o ar os olhando sorrir. — Preciso pegar
umas roupas e...

— Eu passo lá e pego a sua mala. — Bianca sorri.

— Ótimo. Vamos separar o melhor quarto para você ficar, tudo


que precisar.

Dona Clarisse me abraça apertado e sinto uma paz em saber


que estou rodeada por pessoas que me deixam feliz. Saí do hospital
com todas as recomendações possíveis para manter minha gravidez
saudável.

Terei uma ultra daqui a alguns dias, e meu coração está


aliviado em saber que eles estão bem. Crescendo a cada instante.
O caminho até a mansão foi tranquilo, Bianca foi até o apartamento
de Enrique pegar algumas coisas minhas.

O carro com os seguranças para logo atrás assim que o


motorista estaciona, o vento bate forte em meus cabelos assim que
encaro a enorme mansão a minha frente. Ainda fico abismada.

— Tia Diana! Tia Diana! — Vejo os fios dourados voarem


enquanto Clhoe vêm correndo e minha direção.

— Vou falar com os seguranças. — Sr. Patrício pede licença e


sai rapidamente.
— Oi Clhoe... — A encaro abrir a boca e arregalar os olhos me
fitando.

— Vovó, a barriga da tia Diana está enorme... — Ela sorri e os


olhos azuis me encaram. — É verdade que tem bebês aí dentro? De
verdade mesmo? Igual tinha na barriga da minha mamãe?

— Sim. Tem três. — Levanto três dedos e ela repete o gesto.

Clhoe abre a boca.

— Três, tia Diana?

— Três. — Repito sorrindo.

— Como eles entraram aí, tia Diana?

— Clhoe! — Dona Clarisse a encara.

— Filha... — Ágata aparece balançando a cabeça. — Clhoe o


que já falei com você, meu amor?

— Mãe, é verdade. A barriga da tia Diana está cheinha de

bebês.

— Vamos entrar? — Dona Clarisse me encara e assinto


enquanto Ágata me abraça. — Lorenzo está?

Ágata morde o lábio e faz apenas um leve aceno de cabeça.

— Ele está com os meninos.


— Vamos, Diana. Vou pedir para Rita preparar um suco de
laranja pra você.

— A senhora está linda, tia Diana. Sua barriga parece uma


melancia. — Clhoe segura em minha mão e sorrio a olhando.

— Clhoe! — Ágata a repreende.

— Eu gosto de melancias, mamãe. São bonitas, né tia Diana?!

— Incrivelmente bonitas, Clhoe.

Passamos pelo enorme jardim que alguns funcionários cuidam.


Subo os degraus devagar e as portas de entrada se abrem.

— Não sei como isso foi acontecer... — A voz de Lorenzo soa


abafada.

Chris, Arthur, Heitor e Patrick se erguem no mesmo instante.

— Bem-vinda, Diana. — Patrick se aproxima sorrindo.

— Obrigada.

Mordo o lábio e ergo o queixo enquanto os meninos me


cumprimentam. Lorenzo se ergue estalando a língua e me fita
seriamente.

A última vez que nos vimos foi no hospital.


— Rita vai preparar seu quarto no andar de cima. — Dona
Clarisse diz e sorrio em agradecimento.

— Está ótimo.

— Quer tomar alguma coisa, Diana? — Chris pergunta.

— Vergonha na cara, quem sabe... — Lorenzo sussurra.

Os meninos rapidamente o encaram e dona Clarisse a fita.

Passo a língua pelos lábios e o encaro.

— Lorenzo...

— Não vou cair em suas provocações, Lorenzo. Estou aqui a


pedido dos seus pais e ficarei por eles e pelo bem-estar dos meus
bebês. — Ele para cruzando os braços e todos nos fitam. — Não

vou brigar. Se é isso que espera de mim, você vai brigar sozinho.

— Vamos tomar um suco. — Ágata me chama.

Ele continua parado, sem esboçar reação alguma.

Dona Clarisse cruza os braços e eu atravesso a sala de estar

junto de Ágata. Sinto seus olhos queimando em minha direção e


sigo de cabeça erguida.
— Sua boca deve ter muita inveja do seu cu. — Arthur me
encara de canto. — Só sai merda dela, seu caralho!

Viro o copo fazendo a vodca descer de uma única vez,


deixando o líquido sair rasgando em minha garganta.

— Ela fica agindo como a porra da dona da razão com aquele

nariz em pé. — Balanço o gelo, ouvindo o tilintar no copo.


— Você está com mais raiva de si mesmo do que dela,

Lorenzo!

Deposito o copo na mesa e o encaro.

— Você viu a porra da fossa que eu fiquei quando ela foi


embora. Você viu, Arthur. Fiquei na merda. — Observo-o assentir e

passo as mãos pelo cabelo. — Meu pai fodeu tudo, tudo! E agora

ela volta e achou o quê? Que vamos construir a porra da família


perfeita?

— Você está atacando a Diana e esquecendo que ela está


grávida! — Arthur aponta para a cabeça e o encaro se sentar no

sofá. — Você precisa raciocinar com essa cabeça oca.

— Raciocinar, Arthur? — Abro os braços e ele assente.

— É, seu arrombado do caralho!

— Queria só ver se aquela que não deve ter o nome

mencionado, voltasse e viesse com uma desculpa chinfrim por tudo


que aconteceu. — Digo e Arthur para.

Sinto a almofada bater em meu rosto, me fazendo

desequilibrar.

— Fala nessa merda de novo e eu te chuto para fora.

Entorto a cara e dou de ombros.


O assunto proibido de Arthur.

— Eu sinto que tem algo a mais nessa história. — Ele franze o

cenho e dobra a perna. — Você sabe que meu sexto sentindo de

advogado não me engana.

Reviro os olhos.

Arthur no modo advogado é muito pau no cu. Útil, mas pau no

cu.

Que motivos Diana teria para esconder algo assim de mim?

Sem me dar a chance de me explicar...

— Eu vou descobrir. — Ele suspira. — Ou não me chamo


Arthur Thomas.

Me esparramo no sofá do escritório da casa dos meus tios, fica

no mesmo condomínio da casa dos meus pais, que eu saí quase

escorraçado por minha mãe.

Ela está brava por eu não respeitar a gravidez e blá blá blá.

Falam a todo momento como se eu pudesse esquecer do que

estava bem ali na minha frente.

— Elliot Farfield se tornou advogado. — Arthur se ergue indo

até o aparador enchendo dois copos com vodca. Estendo a mão


pegando um e ele volta a se sentar. — Vi aquele moleque crescer.

O encaro sob a borda do copo, bebericando o líquido devagar.

— Era magrelo e chato pra caralho. — Sorrio enquanto Arthur

permanece sério. Parecendo distante...

— Não tenho notícias dessa família há mais de 15 anos. —

Arthur dá de ombros e vira o líquido de uma única vez.

— É estranho?

Ele nega veemente e dá de ombros.

— Fodam-se.

— É. Fodam-se.

Ficamos parados encarando um ao outro, sem falar

absolutamente nada. Apenas bebendo. O álcool já está subindo e


correndo em minhas veias na velocidade da luz.

Depois de muita insistência de tia Catarina para ficar na sua


casa, resolvi ir para a casa dos meus pais.

Poderia ir para o meu apartamento? Poderia.

Eu fui? Não.

Aliás, nem coloquei o pé lá depois que Diana foi para o

hospital. E nem sei o porquê.


Subo os degraus meio cambaleante, passando as mãos pelo

cabelo. Está tudo escuro e apenas algumas luzes dos arbustos não
me deixava bater com a cara no chão. Me deito em uma das

espreguiçadeiras, enquanto o mundo dá um giro sinistro.

Pisco os olhos encarando o céu estrelado.

Sinto o vento frio e sorrio balançando a cabeça.

Lembro de alguns meses atrás, quando estávamos na lua de

mel e eu fugindo como um idiota indo dormir ao relento apenas para


não ficar ao lado dela.

E agora tudo que eu queria era isso.

Pronto. Estava tendo um Dejá Cu.

Sim. Dejá Cu.

É aquela sensação que você já tomou no cu uma vez pela


mesma situação, mas está cometendo o mesmo erro de novo.

Me ergo decidido a dar a volta no jardim e entrar pela cozinha,


mesmo sabendo que todos já estão recolhidos. Todos no caso são

meus pais. Patrick raramente dorme aqui. Muito raramente mesmo.

Coloco a digital, abrindo a porta, um silêncio de paz e


tranquilidade.
Abro a geladeira tirando uma garrafa de suco e pego a torta de
pêssego, colocando tudo sobre o balcão. Me debruço sobre o
mesmo e espeto o garfo na consistência firme da torta.

Ouço os passos e abro a garrafa de suco, bebendo

diretamente do gargalo.

Olho de canto, fitando os pés descalços e não me viro. O efeito


do álcool está me fazendo borbulhar.

Diana passa na minha frente fingindo que não está me vendo


aqui.

Desço o olhar pelo corpo que está repleto de curvas, os

quadris estão largos e o bumbum...

Meu Deus.

Meu Deus.

Puta que pariu.

Ela passa por trás de mim, indo até geladeira e volta alguns
segundos depois com o copo cheio de leite. Está usando uma

camisola de algodão, bem longe de ser sexy... Ao menos era para


não ser sexy.

Mas ela está.


Os seios marcados pelo tecido, me deixando ver o formato dos
bicos arrepiados. Estão bem maiores. Fartos. Incrivelmente...
Deliciosos.

Perdi todas as mudanças de seu corpo. E parece mesmo que

estão gritantes.

Não apenas pela barriga que está enorme, e parece até estar
maior desde que a vi.

Ou eu que não havia reparado o quanto ela está grande?

O silêncio permanece e a encaro bebericar o líquido devagar,

ainda sem me olhar.

— Uh... — Ela sussurra e coloca rapidamente uma mão sobre

a barriga e outra nas costas. — Devagar...

Franzo o cenho a olhando.

— Vai parir? — Debocho, sentindo um tremor que não sei


explicar de onde vem.

Ela nega, fecha os olhos e solta um meio sorriso.

— Tem alguém enfincado em minhas costelas. — Ela morde o

lábio e volta a sorrir. — Assim machucam a mamãe...

Mamãe?!
Sinto uma pontada no coração e outra no fundo do meu saco.

— Se mexem muito à noite. A hora preferida deles. — Ela diz

baixo, parecendo falar consigo mesma, mas estava prontamente

falando com...

Que sensação estranha.

Caralho.

Ela ergue os olhos e me encara ali, parado com cara de idiota.

— Fala como se... Eles ouvissem. — Desdenho, olhando-a

suspirar.

— Mas ouvem. Sempre mexem quando eu falo... Dizem que é


importante, que quando eles nascem, reconhecem de imediato. —

Ela sorri dando de ombros. — Eu sinto que já reconhecem a minha

voz. São bem agitados, igual...

Ela para me olhando.

— Igual ao pai.

Sinto o ar faltar dos meus pulmões. Meu rosto empalidece,

como se eu tivesse sido golpeado por um soco certeiro em meu


estômago.

Por que eu não gargalho?


Por que eu não digo que isso é uma idiotice do caralho?

Sinto a porra das minhas mãos tremerem, e sinto meu peito

sufocar de uma forma que nunca senti em toda minha vida.

Fito Diana ainda parada. Parece inquieta, assim como eu.

Morde o lábio.

— Boa noite. — A voz soa mais como um sussurro.

Ela gira nos calcanhares, saindo.

E em um movimento tão rápido quanto as batidas do meu


coração, seguro em seu braço e a viro. Uma das minhas mãos se

emaranham em seus cabelos curtos.

E num ímpeto descontrolado enfio minha língua em sua boca,


que abre receptivamente. Seguro em seu rosto com a mão livre a

puxando para mais perto. A beijo profundamente, sentindo o gosto

gelado se misturando a saliva quente. Chupo seus lábios, sentindo


suas mãos espalmarem em meu peito e ela gemer baixo.

É um misto de desespero, rancor e raiva.

Mas principalmente de saudade.

Estou a punindo com minha boca, deixando a barba roçar pela


pele delicada. Sugo os lábios, chupo sua língua ferozmente. Seguro
seu rosto, apertando-os com a minha mão.

Um beijo que dói.

Um beijo que machuca.

— Lorenzo... — Ela ofega contra minha boca quando paro

para respirar, fito os seios subirem e descer pela respiração. Estou

hipnotizado.

Passo o polegar pelos lábios entreabertos, enquanto os olhos

brilham.

As lágrimas queimavam teimando em descer.

Sinto a barriga impedir nosso contato mais íntimo. E ao mesmo


tempo em que eu quero tocá-la, eu não queria que ela estivesse ali.

— Eles estão aqui... — Sinto uma das mãos acariciarem meu


rosto e fecho os olhos. Ela segura em minha nuca, encostando o

rosto ao meu.

Sinto a mão delicada segurar a minha, guiando-a para a


exuberante barriga.

Nego veemente a encarando franzir o cenho.

Ela se afasta rápido, como se eu tivesse acabado agredi-la.

— Diana...
Suas mãos limpam o rosto e ela nega veemente.

— No momento, eu sou essas crianças que carrego, Lorenzo.

Nós somos a mesma pessoa. — Sua voz embarga. — Então se


você tem aversão a eles, você tem a mim também.

Engulo em seco vendo-a se afastar.

E sinto a porra do meu peito sufocar.

Mas não consigo mover um músculo sequer.

Tec... tec...tec...

Aperto a caneta entre meus dedos, fazendo-a estalar.

Tec... tec...tec...

Giro a cadeira de um lado para o outro, mordendo o lábio

devagar.

Tec... tec...tec...

Patrick ergue o rosto me encarando e o fito de volta.

— Que foi?
— Você está apertando a caneta e eu não consigo me

concentrar nessa planilha. — Patrick sussurra e largo a caneta na


mesa, o olhando.

Estamos na empresa, precisamente na sala de reunião. Chris

e Arthur estão em uma vídeo conferência na sala ao lado, revendo


um contrato. Me ergo inquieto, abro a gaveta de cápsulas pegando

uma e colocando na cafeteira.

— Quer cappuccino? — Encaro meu irmão por cima do ombro

assentir enquanto boceja. — Não dormiu bem essa noite?

Patrick se remexe e junta as folhas.

— Dormi pouco.

— Dormiu na casa da mamãe? — Entrego a xícara a ele e

beberico a minha.

Faz dois dias que eu não vou na casa dos meus pais. Dois
dias que estou em meu apartamento, tentando assimilar tudo que

escutei e tudo que estou sentindo. E não são poucas coisas.

Mamãe apenas me mandou mensagem, perguntando se

estava tudo bem, e apenas respondi que sim.

Diana ainda está impregnada em mim. É nítido.

Mas a porra do meu orgulho...


— Dormi. Fiquei trabalhando até tarde. — Patrick deposita a
xícara devagar, me encarando.

Ele suspira pesadamente e dou de ombros.

Fui um babaca. E não é novidade.

— Como ela... Eles estão? — Solto um pigarro e vejo meu


irmão me fitar.

— Estão bem. Diana está fazendo tudo certinho. — Ele


responde sorrindo. — Ela só não pode ficar fazendo muito esforço...

— Teimosa do jeito que é. — Solto o ar.

— Ela está bem tranquila. Os bebês que são bem agitados.

Engulo em seco, sentindo a pontada do remorso me invadir


pela milésima vez naqueles dois dias que se passaram.

E por que não foi lá, seu idiota?!

Por vergonha.

Me ergo afrouxando a gravata e desabotoando o blazer.

— Eu sei que você nunca quis casar e ter... Uma família. —


Patrick sussurra, me fazendo virar para encará-lo. Ele está sorrindo.
— Fazíamos piadas e brincadeiras com seu medo do altar. Lembra?

Assinto levemente, sorrindo também.


— Os espirros passaram, Lorenzo. As crises de alergia
também.

Franzo o cenho enquanto ele se aproxima batendo em meu


ombro.

— E o que eu faço? Se eu não for bom pai? Como ele não


foi... Para mim?

Engulo em seco enquanto Patrick me fita, dobra as mangas da

camisa até os cotovelos e suspira pesadamente.

— Não dá para ficar preso nos "e se", Lorenzo...

— Eu sinto raiva, Patrick. Raiva por ela ter ido embora sem me
deixar explicar... Raiva por ter escondido a gravidez... Raiva por... —

Desabo na cadeira, cobrindo o rosto com as mãos. — Por ela não


ter confiado em mim...

Ele se senta ao meu lado e nego veemente.

— Vocês começaram isso sem se conhecer. Ambos sem


experiência, com medos e preocupações, forçados.
Isso tudo dificulta, Lorenzo. Mas não justifica nada. — Patrick

continua e franzo o cenho junto com o nariz, o observando.

Ele sempre foi a calmaria de nós cinco, sempre teve o seu jeito
mais reservado, mas sempre estava ali quando precisávamos.
O orgulho me sufoca.

— Vocês erraram, mas aprendemos com os erros. Entende?


— Patrick sorri dando de ombros. — Ninguém é cem por cento

perfeito.

— Não sei se...

— Quem ama vai atrás, Lorenzo. Mesmo que se sinta um

pouco idiota. Onde tem orgulho, fica difícil existir amor.

Ele sorri de lado, segurando a xícara.

— Cabe a você decidir se vai virar a página, ou fechar o livro.

Ergo a cabeça assim que Chris e Arthur entram, falando sobre

o contrato que havia sido fechado. Engulo em seco, girando a


caneta nos dedos. Ainda posso sentir os lábios nos meus, o corpo
colado. A mágoa nos olhos quando me neguei a colocar a mão

sobre a barriga.

Me remexo desconfortável e praguejo baixo.

Inferno do caralho.

Ao mesmo tempo que quero abraçá-la e apertar em meus

braços, quero não sentir essa dor em meu peito sempre que a
encaro.
— Trouxe o restante das suas coisas. Enrique deve estar

chegando amanhã de viagem. — Bianca se senta na cama, abrindo


a pequena mala mão. — Era o restante das suas roupas, perfumes
e essas caixinhas que devem ser... Acho que suas joias.

Pego a caixinha de veludo e a encaro, balançando a cabeça

sorrindo.

Realmente são joias, mas não para onde Bianca acha.

— São sim. — Assinto, colocando a caixa na mala

rapidamente.

— Enrique me ligou e falou que está vindo amanhã. Ainda não


contei para ele que tá aqui.

— Fez certo. Vou esperar ele e explico a situação. Enrique as

vezes surta do nada. — Ela revira os olhos, se jogando na cama


enquanto olha ao redor.

— Esse quarto é do tamanho do meu apartamento.

Sorrio e me deito devagar ao seu lado.


Realmente é um quarto enorme. Dona Clarisse e o senhor

Patrício me deixaram bem à vontade. O quarto fica no terceiro andar


e tem uma varanda incrível. Além do banheiro com uma banheira
onde eu posso relaxar por conta das dores nas costas.

Rita traz todas a refeições no quarto, para eu não precisar


descer as escadas, eles me tratam tão bem. Acho que nunca fui tão
mimada assim.

Não fico sempre no quarto. Amo ir ao jardim, ficar na piscina.


Todas as tardes Ágata vem com as crianças. O que me deixa mais
animada.

— E o Lorenzo, pau no cu? — Viro o pescoço olhando Bianca.

Dou de ombros.

— Deve estar na casa dele. Faz dois dias que não o vejo. —
Arqueio a sobrancelha, tentando não me sentir incomodada com

aquilo.

Mesmo estando. E muito.

Os hormônios fervilhavam por todos os meus poros, estavam


há tempos assim, na verdade. Mas ficou mais intenso quando senti

o beijo me tomar por inteira.

É tanta saudade, que dói.


Saudade dos beijos. Das mãos enormes passeando pelo meu
corpo. Mas a raiva por ver aquela rejeição em seu olhar, me deixa
com o peito apertado.

São nossos filhos.

São nossos...

Não contei para Bianca o que aconteceu, ficamos deitadas


conversando por algumas horas. Ela saiu falando que precisava

resolver um problema inadiável e importante. O problema inadiável


e importante, tem olhos azuis e fotografa muito bem. Heitor.

Catarina falou que eles estão juntos novamente, mesmo os

dois negando até a morte que não tinham mais nada.

São solteiros. E livres.

Tomei um banho relaxante, lavei os cabelos e os deixei soltos


para secarem naturalmente. Coloquei um vestido solto, azul bebê

com flores brancas. É a única peça de roupa que me deixa


confortável.

Meus seios estão tão sensíveis e doloridos. Passo as mãos

pela barriga, sorrindo quando os movimentos se intensificam.

Ouço as batidas de leve na porta e caminho para a mesma,


abrindo-a.
Dona Clarisse sorri assim que a fito.

— Já estava descendo para...

— Tem uma visita para você, meu amor. — Ela mexe nos

dedos nervosamente. — Patrício saiu com Thomas e talvez ele não


a deixasse entrar, mas...

Engulo em seco, a encarando.

— É sua mãe, Diana. Ela está lá embaixo, na sala de TV. Pra

dar mais privacidade para vocês..., Mas posso mandá-la embora,


ou...

— Está sozinha?

Ela assente e vejo um sorriso delicado no rosto.

— Eu vou... Falar com ela.

Sinto todo meu corpo pesar enquanto desço as escadas, e não


é pelo estado da gravidez. É da minha alma.

Poderia ter recusado, mas tenho tanta coisa presa dentro de


mim. Mas tantas coisas...

— Estarei aqui na sala de estar.

Assinto, sorrindo de lado enquanto abro as portas duplas da


sala de TV, minha mãe se ergue no exato momento.
Não tem um sorriso em seu rosto.

Nenhum esboço de alegria.

Os cabelos dourados presos como sempre, nenhum vestígio


de maquiagem. Eudora lembra muito nossa mãe, da cor dos
cabelos, até o verde dos olhos.

E na submissão ao marido.

Seus olhos voltam para a minha barriga e ela volta a me


encarar fixamente.

— Seu pai não sabe que vim até você, ele jamais permitiria

depois do que fez a ele. — Ela se senta, alisando a saia do vestido.

— O que fiz a ele? — Repito, franzindo o cenho.

— O que fez à nossa família.

Sorrio, balançando a cabeça, piscando os olhos repetidas

vezes.

— O que fiz à nossa família, mamãe? — Pergunto incrédula,


negando com a cabeça. — Você está se ouvindo?

— Ainda sou sua mãe, Diana. E não foi essa educação que eu

te dei. — Ela me interrompe e suspira. — O seu pai só pensa na


nossa família, no bem-estar de todos nós. E você deveria pensar

nisso também.

Continuo parada, a encarando.

— Não me meto nos negócios do seu pai, mas penso em

nossa família assim como ele. — Ela prossegue, se erguendo e


segura em minhas mãos.

A fito acariciar meu rosto.

— Vamos para casa, Diana. Não temos o conforto que os

Gonzáles têm. Mas somos sua família. Você tem a nós.

Ela aperta as mãos frias junto as minhas, me fazendo sentar


no sofá, ela se senta ao meu lado rapidamente.

— Somos sua família, só queremos o que é melhor para você.

Essa gente só quer nos afastar. Hugo é um ótimo advogado,


podemos pedir uma boa pensão para você e o be...

Retiro as minhas mãos das suas, como se tivesse acabado de

levar um choque tremendo.

— Diana... Pense na sua...

— Família? Pensar na família que destruiu a minha vida? —

Pergunto, sentindo as mãos tremerem e sorrio a olhando. — Meu


Deus... Você nem perguntou como eu estava, como meus filhos
estão...

Me ergo, a encarando me fitar.

— Você nem sequer se preocupa com seus netos.

— Me preocupo, sim. É por isso que estou aqui.

— Está aqui, porque ele mandou! Você nunca deu um passo


sem a autorização dele, não é? — Rebato enquanto ela para,

arregalando os olhos. — Você nunca viria aqui se não fosse por ele!

Puxo o ar, sentindo as lágrimas nublando minha visão.

O coração batendo descompassado.

— Olhe como fala comigo, Diana! Eu sou a sua mãe!

— Que tipo de mãe é você? — Sinto as lágrimas descerem,

queimando meu rosto. — Que tipo de mãe é você que vê o próprio


marido acabar com a vida dos filhos e não faz nada?! Que tipo de

mãe é você?!

Soluço, a encarando.

— Só importa o dinheiro! É tudo sobre o dinheiro! Vocês veem


as filhas como moeda de troca.
— Olhe como fala comigo! — Vejo seu rosto mudar enquanto
ela coloca o dedo em riste, próximo a mim. — Sua insolentezinha...

Você não sabe nada da vida.

— E você sabe, mamãe? — Disparo com a voz embargada de


angústia e raiva. — Luttero acabou com a minha vida, mas ele não

vai acabar com a vida dos meus filhos!

— Seu pai sempre deu o melhor para vocês três, e a única que
soube reconhecer isso é a Eudora! Que preza pelo lar e pela família.

— Eudora é cega, mãe! Como não pode ver as marcas em seu

corpo, olha o que aquele monstro faz nela... Como não enxerga o
que Hugo faz com ela?! — Passo as mãos pelo cabelo, puxando o
ar que parece não vir.

— Hugo ama a sua irmã! Eudora tem a vida perfeita, ele é um


santo!

— Ele tentou abusar de mim, mãe! O que ele não deve fazer

com a minha irmã? Por Deus.

— Nunca mais repita uma atrocidade dessas! Ouviu? Você é


uma idiota que não vê o bem que seu pai está fazendo com você e
com seus filhos, ele quer o melhor para vocês! Luttero sempre deu

tudo a vocês... Dinheiro.


— Não é sobre dinheiro, mãe! É sobre amor, carinho,

cuidado... Vocês nunca... Nunca se importaram com a gente! Ele


quis o melhor para mim quando armou para Lorenzo se deitar com
aquela secretária que é amante do Hugo?! ERA O MEU BEM QUE

ELE QUERIA? DIGA MAMÃE!

Ela me encara.

— ELE É UM MONSTRO E VOCÊ É IGUAL A ELE!

O berro sai alto, rasgando minha garganta.

Viro o rosto no mesmo instante em que sinto a ardência em

minha face, pelo tapa disferido.

Coloco a mão no mesmo instante e a encaro.

Os olhos fixos aos meus, enquanto sua expressão se fecha.

— Saia da minha casa agora! — Dona Clarisse abre a porta

em um solavanco e sinto seus braços me rodearem. — Sua doente!

— Não tenho mais filha a partir de hoje. — Ela me encara


pegando a bolsa no sofá. — Você não é a mesma que criei, que

eduquei... O dinheiro subiu a sua cabeça.

— Vai embora, Carlotta! Agora!


— Tem razão mamãe. — Digo entre dentes. — Aquela Diana

que vocês manipulavam não existe mais. Saia da minha frente.

— Os seguranças estão vindo. Se retire agora, ou eu mesma


te colocarei para fora da minha casa!

Minhas mãos tremem descontroladamente, enquanto ela me


fita erguendo o queixo. Sobressalto quando a porta se bate,
causando um pequeno estrondo.

Me encolho enquanto um soluço se rompe da minha garganta,


nada dói mais que meu peito.

— Diana... — Dona Clarisse me encara. — Minha querida,


fique calma... Diana...

Ela afasta meus cabelos enquanto choro copiosamente.

— Ela não se importa comigo... Nem com meus filhos... Meu


Deus! — Soluço entre as palavras. — Que tipo de pais são esses?

— Minha querida, se acalme. — Ela pede segurando meu

rosto. — Não deveria ter deixado ela entrar. Jamais pensei que ela
faria isso, eu...

Nego com a cabeça.

Como uma mãe não se preocupa com o bem-estar dos seus


filhos?!
— Rita, traga uma água para Diana! Se acalme meu amor.

Estou chorando de ódio. E me sentindo tão mal por ter esse


sentimento em meu coração, mas não dá para sentir outra coisa.

Acho que por isso as lágrimas descem tão pesadas e esganiçados


em cada soluço que se rompe.

Minha mão mal conseguia controlar o copo d'água que me


entregaram. Sr. Patrício anda de um lado para o outro, e o senhor
Thomas ao telefone. Todos tinham chegado praticamente juntos,

Ágata abraça meus ombros acariciando meus cabelos. Chris


também está ao celular e parece bem preocupado.

Patrick se senta ao meu lado e sorri levemente.

— Tenta se acalmar. Faz mal para os bebês. — Sussurra me


olhando. — Sei que é difícil, mas tenta.

Assinto, limpando o rosto devagar por conta da ardência e da


vermelhidão que é nítida.

— Temos que tomar uma medida drástica para essa família


ficar longe da nossa. — Patrício esbraveja, afrouxando o colarinho.

— Já estamos resolvendo, Patrício. Calma.

— O que eles querem? Nos deixar a ponto de cometer uma


loucura? Por que estão quase conseguindo...
— Onde está Lorenzo? — Ouço Catarina perguntar, mas
continuo de cabeça baixa.

— Ele saiu mais cedo com Arthur para resolver um relatório.


Mandei uma mensagem avisando o que aconteceu. — Patrick
explica.

— O que esse abutre quer? — Dona Clarisse indaga. — Ela


bateu na própria filha, e ele? O que ele é capaz de fazer? Meu
Deus! Que família é essa que não vê o sofrimento dos próprios
filhos.

Ergo o rosto sob a névoa de lágrimas.

— Ele sabia que Lorenzo ia me trair mais cedo ou mais tarde,

que dá minha mão para o maior cafajeste da cidade... Seria o maior


investimento. — As lágrimas vão descendo enquanto todos param e
me encaram. — Quando ele viu que estávamos, apaixonados. Ele
deu um jeito de fazer... De fazer todos pensarem que ele havia me
traído.

Fecho os olhos, balançando a cabeça.

— Ele ameaçou os meus irmãos, se eu não anulasse o


casamento e exigisse meus direitos pela infidelidade.
— Há meu Deus! — Ágata exclama, colocando a mão sobre a
boca.

— O que está dizendo Diana?!

— Diana...

Dona Clarisse empalidece no mesmo instante.

— Não fui embora por ser egoísta, eu fui embora porque eu


não sabia o que fazer. Por que ele ameaçou a única pessoa que eu

tenho... Meu irmão.

Me sento no sofá, controlando a voz embargada pelas


lágrimas que descem.

— Eu não acredito que aquele miserável fez isso! — Ágata


fala.

— Meu Deus! — Patrick passa as mãos pelo cabelo.

— Que velho do cão!

— Diana...

— Ele esteve no apartamento do meu irmão... E ele soube da


minha gravidez. — Soluço e continuo com os olhos baixos. —
Queria usar meus filhos para... Para arrancar o dinheiro de vocês.

De repente um silêncio absurdo toma conta de toda a sala.


Ergo os olhos, me deparando com Lorenzo parado na porta,
me encarando fixamente.
Fecho os olhos enquanto as lágrimas caem e ele me fita sério.

O cenho franzido e os lábios em linha reta.

— O-que disse?

— Lorenzo. — Patrick se ergue, o fitando.

— Você sabia quando foi... Foi embora? Você sabia?

— Lorenzo, esse não é o momento. Diana está estressada...


— Você sabia? — Ele ignora a mãe completamente, vindo em

minha direção. — Sabia que eu não havia traído você? E mesmo


assim você foi embora?

Assinto levemente, o encarando. A voz está embargada e o


rosto transformado em uma máscara de tristeza.

— Um dia depois, Eudora me contou. A Keyla era a amante do

Hugo e pa... Eles armaram juntos. — Sussurro o encarando e todos


param. — O plano era eu sentir ódio de você e pedir a anulação, te

deixando sem nada, sem absolutamente nada.

— Meu Deus... — Ágata suspira.

— E por que não confiou em mim, inferno?! Acha mesmo que

o dinheiro importa? Acha mesmo?

— Lorenzo...

— Ele ameaçou o meu irmão! Eu havia acabado de descobrir a

gravidez... Meu Deus! Eu não sabia o que fazer!

— Você deveria ter confiado em mim! — Ele bate no peito me

encarando. — Em mim!

— Posso ter errado, eu assumo! Mas ele estava fora de

controle... Ele queria tudo... E estava disposto a passar por cima de

qualquer pessoa!
As lágrimas vão descendo e passo as mãos pelo cabelo, ele
anda de um lado para o outro.

— E Enrique é tudo o que eu tenho... E eu precisei ir embora

para tentar fazê-lo esquecer dessa ganância.

A voz corta e volto a me sentar, enquanto eles me encaram.

— Estava tão confusa e assustada... — Soluço baixo. — Eu

estava com medo... Com tanto medo de que Enrique ou Eudora

sofressem por minha causa, que eu...

— Acredite, Diana. Eu sei bem como é se sentir acuada e

desprotegida. — Ágata sussurra apertando minhas mãos entre as

suas.

— Ele foi no apartamento pedir que eu usasse os bebês para...

As palavras nem saem. O misto de raiva e ódio me consomem.

— Seu pai é um monstro! — Dona Clarisse abre a boca

tornando a fechá-la. — Ele quis usar os bebês para... Meu Deus,


Patrício!

— Vamos processar o velho. — Arthur fala. — Entrar com

medidas protetivas, isso é uma agressão psicológica. Grave.

Lorenzo me encara e fecho os olhos, apertando os mesmos.


— Ninguém processa o velho. — Lorenzo rebate e o encaro.

— Ninguém processa defunto... Porque eu vou matar ele!

— Lorenzo... — Dona Clarisse o encara.

— Meu amor, escute sua mãe. — Dona Catarina se ergue


rapidamente.

— Lorenzo.

— Eu vou matar ele. Velho desgraçado! — Ele berra,


balançando com a cabeça e encara o pai que está em pé, de

cabeça baixa. — Isso é tudo culpa sua! Você sabe, não sabe?

— Meu Deus! Lorenzo!

Senhor Patrício ergue os olhos o encarando.

— Você sabe que a merda da culpa é toda sua! Você sabe.

Isso tudo começou com você, e olhe o que fez!

— Papai, não revide. — Chris suspira e encara Lorenzo. —

Não vamos começar novamente, por favor.

— Você fodeu com a minha vida, Senhor Patrício Gonzáles! —


Ele abre os braços, sorrindo sem humor.

Me ergo, limpando o rosto enquanto ele me encara. Estou


trêmula por dentro, sentindo minhas pernas fraquejarem sob seu
olhar.

— A culpa foi minha, eu que fugi por medo! Eu que fugi! Eu

escondi a gravidez de você! — Ele me encara e as lágrimas descem


rolando. — Eu tive que fingir um ódio do qual nunca senti. Por

medo! Medo, Lorenzo!

Ofego baixo os encarando.

— Me desculpem por trazer todo esse transtorno da minha

família para vocês.

— Diana...

— Di...

Subo as escadas devagar, sentindo o entalo forte na garganta,

cada degrau que subo meu coração dá um solavanco no peito.


Apertando-o. Esmagando-o.

Coloco a mão na boca assim que abro a porta do quarto e


soluço, desabando em um choro de raiva, de mim... Dos meus pais

principalmente. Pela forma que sempre nos dominou, nos


conduzindo de forma abusiva. De nos impedir de conhecer o

mundo.

Meu rosto ainda queima e o esfrego, enquanto as lágrimas


ainda caem. Espalmo a mão sobre a barriga e choro. Choro por
medo. Por raiva.

Me encolho e fecho os olhos, ouvindo os passos se

aproximarem.

Meu queixo treme e me viro, encarando Lorenzo.

Está parado, sério. O maxilar cerrado, o cenho franzido.

As lágrimas vão caindo e solto o ar pesado, o fitando enquanto

ergo o queixo.

— Grite. Me chame de egoísta. Diga que fui idiota e medrosa...


— Jogo os braços. — Eu fui burra, mas eu tive medo! Eu tive...

Tanto medo...

Fecho os olhos arfando e sinto minhas pernas fraquejarem

assim que os braços me envolvem, me puxando para si. Um misto


de surpresa e inquietude me tomam de imediato.

Ele não diz nada.

Apenas me abraça como se dissesse: "Estou aqui".

A saudade me golpeia com força enquanto enterro o rosto em


seu peito, o agarrando pela camisa. O cheiro me invadindo. Então

choro. Choro por culpa, raiva, medo...


O silêncio predomina no quarto, depois de longos minutos os
únicos barulhos são dos meus soluços, ainda agarrada a ele, que
continua em silêncio com os braços ao meu redor e o queixo

pousado no topo da minha cabeça.

Sou afastada gentilmente e limpo o rosto, o encarando


estender a mão, que aceito de imediato.

— Você precisa descansar. — A voz sai como um sussurro

inaudível. — Não é bom para o estado que está.

O fito sob a névoa de lágrimas que se formam, ele apenas me

encara, erguendo meu rosto.

— Está bem vermelho... — Diz me encarando e levo a mão ao

rosto, sentindo a ardência, me fazendo lembrar do tapa. — Está

doendo?

Nego levemente e ele me encara.

— Não tanto quanto aqui dentro. — Levo a mão ao peito.

E é verdade. Nada dói tanto quanto meu peito, parece que vou

sufocar, de tão apertado que tá.

— Tenta descansar. — Ele pede, me olhando. — Pense nos...

— Ele para e o encaro. — Nos bebês.


Me sento na cama, soltando o ar pesado. O choro cessou e

estou sentindo apenas o cansaço me tomar.

Lorenzo não parece mais o mesmo que estava lá embaixo há

poucos minutos atrás, ainda continua sério, mas não aparenta estar
mais com tanta raiva.

— Tome um banho e descanse. Vou pedir algo para você

comer.

— Não quero.

— Mas vai. Vai tomar um banho, comer algo e vai descansar.

— Diz firme, enquanto me fita sério.

Nego levemente, o encarando franzir o cenho.

— Não quero ficar sozinha, Lorenzo. — Engulo em seco e meu

coração palpita, voltando a bater desenfreado. — Me perdoe por


não ter contado... Me perdoe por ter mentido... E-eu estava com

tanto... Medo.

Abaixo a cabeça, balançando-a e me encolhendo na cama


assim que sinto a mesma ceder, quando ele se senta sobre a

mesma.

— Estou com muita raiva, Diana. — Diz sem rodeios e ergo o

rosto, o encarando. — Não queria estar sentindo isso agora, é um


misto de raiva e angústia, que está apertando aqui dentro.

Passo a língua pelos lábios, o olhando passar a mão pela

barba.

— O que ele fez você passar é... Coisa de...

— Eu nunca aceitaria nenhum acordo que te destruísse,

nunca.

— Mas ele me destruiu, Diana. — Ele se ergue rapidamente e


aponta em minha direção. — Destruiu quando fez você fazer uma

escolha absurda! Ele fez...

Me ergo devagar, o olhando.

— Lorenzo — O chamo e ele se vira, fixando os olhos nos

meus. — Eu fui covarde em fugir, mas eu estava assustada e


confusa. Eu não deveria ter... Me perdoe. Por favor me perdoe.

Aperto as mãos grandes entre as minhas.

— Eu liguei uma vez..., Mas perdi toda a coragem quando ouvi

a sua voz. — Confesso, sorrindo sem humor. — Estava quase

enlouquecendo sozinha.

— Eu estava aqui, Diana. Esperando apenas uma ligação sua

para jogar tudo para o alto. — Ele ofega e o fito sob a névoa de
lágrimas.
O silêncio volta a tomar conta do ambiente. Lorenzo apenas

morde o lábio e suspira baixo.

— Tenta descansar. Estou de cabeça cheia agora. Pensa nos

bebês.

Prendo a respiração enquanto sinto o beijo demorado em

minha testa e em silêncio ele sai do quarto, me deixando ali.

Continuo parada por incontáveis minutos, absorvendo tudo que


aquele dia exaustivo tinha me causado. Estou exausta

emocionalmente, cansada.

Me encaminho para o banheiro, largando o vestido no chão e

entro no box assim que a água morna desce. Me jogo embaixo do

chuveiro, deixando todas as lágrimas descerem com a água.

Estou sentindo um leve desconforto na altura do ventre, e

acaricio a barriga, espalmando ambas as mãos.

— Prometo que não vou fraquejar mais... Por vocês três. —

Deixo um soluço escapar e continuo. — Prometo que não vou deixá-

lo estragar a vida de vocês, como fez com a minha... Eu prometo...

Meu queixo treme enquanto as lágrimas descem rolando, se

misturando a água.

Me encaro no espelho, acariciando o lado do meu rosto.


Eles não vão fazer a mesma coisa com os meus filhos. Nunca.

Enrolo uma toalha na cabeça, coloco um roupão e saio do

banheiro, demorei mais do que esperava no banho. Ainda estou


inquieta e sentindo o cansaço me tomar.

Seco os cabelos e abro a porta devagar, paro estática, fitando


Lorenzo sentado na cadeira perto da mesa de canto.

— Demorou. — Diz me encarando e observo a bandeja em

cima da mesa, com um prato, frutas e uma jarra de suco. — Achei


que estivesse passando mal... E...

Nego com a cabeça levemente e amarro o roupão, que arrasta


no chão de tão grande, mesmo com minha barriga esticando a cada

dia.

— Você precisa comer.

Assinto, me sentando na cadeira a sua frente. Não estou com

fome, mas sei que tenho que comer ao menos pelos bebês. E assim
o faço. Estamos em total silêncio novamente, espeto o garfo na

salada, levando-o a boca.


Sorvo um gole generoso do suco de laranja, assim que afasto

o prato satisfeita. Lorenzo continua me fitando.

— Está sentindo alguma coisa? — Indaga apontando para

minha barriga.

— Não. — Sussurro. — Estão quietinhos...

Ele assente se erguendo e o encaro. Está descalço, a camisa


meio aberta e a calça social sem o cinto. Ele parece preencher todo

o ambiente com seu porte, estende a mão a minha frente e a

seguro, me erguendo da cadeira.

Me leva até a cama, tirando a toalha dos meus cabelos e a

jogando em um canto qualquer do quarto. Ele tira a camisa e o fito

séria.

Passo os olhos pelo peito, sentindo minha boca secar e meu

coração bater descompassado.

— Vêm. Vamos descansar. — Diz, erguendo os lençóis.

— Vai dormir comigo? — Pergunto, tentando controlar a voz


que sai arrastada.

— Não vou deixar você sozinha. Deita.

Assinto levemente e me deito devagar na cama, algumas

posições me dão faltam de ar. Me deito de lado e fecho os olhos,


Lorenzo faz a mesma coisa e o encaro deitar de costas.

Apoiando um braço atrás da cabeça e uma mão no peito.

Encaro o maxilar, os pelos da barba o contornando. Sinto a

saudade me golpear. Saudade do cheiro. Do calor dos seus braços.

Mas diferente das outras vezes em que estivemos juntos em uma


cama, não teve os abraços quentes e os beijos avassaladores.

Ele estava cuidando de mim... Da gente.

Lorenzo vira o rosto, encontrado o meu e o fito.

E sem dizer absolutamente nada, estica o braço e me puxa.

Me aninho, colocando o rosto em seu peito. Fecho os olhos,


deixando todo o cansaço se esvair do meu corpo, não pensando em

mais nada e nem ninguém.

Apenas o ouço sussurrar quando sinto o sono pesado me

tomar:

— Eu estou aqui, Bruxinha...


Passo as mãos pelos cabelos caídos sobre o travesseiro.
Diana está dormindo tranquilamente de lado. A mão apoiada no
rosto e o semblante calmo denunciava o sono pesado.

Os raios de sol entrando pela fresta da cortina mal fechada.

Estou sentindo meu interior borbulhar de uma raiva que me


toma por completo, e a noite foi infernal.

Aliás, são dias infernais.

Estou entre cometer um assassinato, ou mandar internar

aquele velho pau no cu do caralho. Chantagear a própria filha,


ameaçar os outros por... Por dinheiro. Isso é muito, muito fodido.

Quis socar e quebrar tudo quando senti o baque das palavras

vindo em minha direção. Foi um misto de surpresa, raiva,


indignação e a maior de todas, a preocupação.

Preocupação pelo estado em que Diana ficou e está.

O desespero e o medo em seus olhos, me fizeram recuar


sobre qualquer atitude agressiva.

Me viro, a olhando se mexer e voltar a dormir novamente. O nó


frouxo do roupão desata, o deixando meio aberto, revelando a

pequena calcinha de algodão branca. Mas mesmo estando com


tanta saudade e desejo reprimido, não foi o que mais me chamou
atenção.

Foi a barriga exposta pelo tecido do roupão, está bem esticada

e parece tão dura, que dá medo até de tocar. Está linda. Está linda,
toda redondinha.

Puxo o ar, sentindo meu coração falhar uma batida,

encarando-a.

Foram o motivo da minha recuada.

Me sento na cama, dobrando os joelhos e os braços, estava


com medo dela sentir algo depois do dia de merda. Da visita de sua

mãe. Não concordei, nem aceitei a atitude de Diana, mas


compreendi o seu lado. Em temer o monstro que o seu pai é.

E as palavras que ouvi saindo da sua boca ontem à noite,

estão martelando em minha mente.

—"Prometo que não vou fraquejar mais... Por vocês três.


Prometo que não vou deixá-lo estragar a vida de vocês, como fez

com a minha... Eu prometo..."

E aquilo doeu. Ouvir o desespero em sua voz...

A encaro ressonar baixinho, ergo a mão e meus dedos se


mexem indo em direção a barriga, mas não me sinto digno de fazer
tal ato. De tão envergonhado pelas minhas atitudes e palavras.

Me ergo, querendo sair dali e dou meia volta, me ajoelhando

perto da cama.

— Se me ouvirem mesmo, como ela acha que vocês ouvem...


— Sussurro baixo e engulo em seco. — Fiquem quietinhos aí... Por

Favor.

Fecho os olhos, suspirando.

— Sou novo nessa coisa de... — Engulo em seco. — Ser pai...,


Mas se não me obedecerem, quando saírem daí, eu... — Balanço a

cabeça. — Só fiquem quietos. Por favor.

Dou uma freada brusca no carro e desço como um furacão.


Agradeço veemente por meu carro ser uma máquina de velocidade

e sair antes de ser impedido pelos meninos.

Estou com sangue nos olhos e o coração pulsando.

Tinha tomado um banho rápido e deixado Diana dormindo.


Desci as escadas, ignorando minha mãe e Patrick que se colocaram

em minha frente.
Toco a campainha e agradeço por não ser anunciado, a casa

parece bem descuidada desde a última vez em que coloquei os pés


nessa merda.

Talvez seja por causa dos contratos que ele perdeu com o meu

pai.

Vou deixá-lo na merda.

A porta se abre e sem muito rodeio, saio entrando.

— Mas o que é isso... — Carllota me encara e eu encaro de

volta.

— O que é isso? É a porra do inferno que eu vou transformar a


vida de vocês. — A encaro piscar diversas vezes.

Os olhos verdes me fuzilam, mesmo tendo poucos traços que

lembram Diana, elas não têm mais nada de parecido.

— Onde acha que está, seu mole...

— O que está havendo, Carllota? — Encaro Luttero descer as

escadas e me olhar.

O cinismo estampado em sua cara me dá uma ânsia, que dói.

— A que devo a ilustre e adorável presença do meu genro? —


Sorri e fita a esposa. — Se retire, Carllota. A conversa é apenas de
homens.

— Então chama o outro homem, porque eu só estou vendo um


verme na minha frente. — Disparo com a voz estridente.

Luttero semicerra os olhos e sorri cinicamente, me fitando.

— Seu pai me falou do temperamento explosivo que você


sempre teve. — Ele suspira, encarando a mulher que rapidamente
abaixa a cabeça e se retira da sala, sem falar uma palavra sequer.

— Patrício também me falou que você e ele...

Diz e se senta na poltrona calmamente.

— Essa conversa é entre eu e você. Deixe o meu pai fora


disso. — O corto e ele assente, com a merda do sorriso ainda

estampado em seu rosto. — Que tipo de monstro é você que


ameaça a própria filha? Que porra de pai é você, que destrói a vida

da filha? Do seu SANGUE?

Minha voz sai alta e rouca, tamanho é o meu ódio por esse
velho pau no cu.

— Você ameaçou seus próprios filhos, pra Diana assinar

aquela merda de contrato e sair com tudo! Que merda de pai é


você? É o dinheiro? É tudo pela porra do dinheiro? Ele é mais
importante pra você, do que seus próprios filhos?
Jogo os braços para o alto, o encarando.

— Você diz isso, porque sua família tem um dos maiores


impérios de petróleo do mundo, Lorenzo. — Diz sério e sorri,

balançando a cabeça. — Eu penso sim nas minhas filhas, no bem-


estar e no conforto que elas merecem.

— Você suga as suas filhas para o seu próprio conforto, seu

velho babaca! — Cuspo as palavras, o olhando se erguer. — Você é


um verme! Um doente! Um merda...

— Escute aqui, seu moleque insolente...

— Escute aqui você, seu verme! — Venço a pouca distância

que me separa dele e fico cara a cara com ele. — Eu sei que você
coagiu a Diana a fazer esse seu jogo de merda. Acabou. Entendeu?

Acabou qualquer merda que você pensou em fazer.

— Ela é minha filha!

O seguro pelo colarinho, o erguendo até ele ficar na minha


altura.

Pouco me importa se tem a idade do meu pai, que fosse uma


múmia ambulante. Estou cego de ódio.

— Eu sou o pai dela!


— Ela é minha esposa e está carregando os meus filhos! —
Cuspo as palavras bem perto do seu rosto e sinto o velho

empalidecer. — Eu vou acabar com você... Ouviu? Eu vou te deixar


na sarjeta!

Engulo em seco, e vejo ele arregalar os olhos, me fitando.

— Quem você pensa que é?!

— Eu vou ferrar você. — O empurro, vendo ele cair sentado na


poltrona. — E reze, Luttero. Reze para Diana não sentir uma dor na

unha por conta da visita da sua esposa em minha casa. Porque eu


juro que eu venho te matar com minhas próprias mãos!

— Está me ameaçando?

— Estou. — Digo firme. — Eu acabo com você sem nem

piscar.

Giro nos calcanhares para sair e paro, me virando e o


encarando se erguer.

Acerto um soco em seu nariz e ele tomba para trás.

— Isso foi por fazê-la ir embora carregando meus filhos. Pau


no cu.

Saio, batendo a porta atrás de mim com um estrondo, desço

os degraus rapidamente, querendo sair daquele ambiente sujo. A


casa tem uma energia horrível e sombria.

Abro a porta do carro, praguejando baixo.

— Lorenzo? — Viro o pescoço, encarando Eudora cruzar o


portão de entrada. — O que está fazendo aqui?

Está assustada, olhando de um lado para o outro.

— Acertar umas contas com o seu pai.

Eudora pisca os enormes olhos verdes e balança a cabeça.

— Como está minha irmã?

Passo as mãos pelo cabelo e a olho.

— Ela vai ficar bem. A gravidez de Diana é um pouco

delicada... E... — Engulo em seco, negando com a cabeça.

— Delicada? O que...

— Quando quiser vê-la, você é bem-vinda em minha casa,

desde que não toque no nome dos seus pais. Preciso ir. Com
licença, Eudora.

Entro no carro sem rodeios, e vejo-a de relance, ainda parada.

Eudora é submissa e só faz o que os pais e o marido cuzão


pedem, mas no fundo sei que ela é apenas mais uma vítima deles.
Meu celular toca insistentemente e conecto no bluetooth do
carro, o coração já disparando no automático.

— Onde você está, seu pau no cu? — A voz de Arthur ecoa e

aperto o volante firmemente.

— Não sei por que pergunta, se já sabe a resposta. — Engulo


em seco, ouvindo-o respirar fundo. — Como... Estão as coisas aí?

A raiva é rapidamente substituída pela preocupação.

— Você pode perder a sua razão se fizer alguma besteira,


entende? — Arthur indaga do outro lado. — Estamos com tudo nas
mãos pra foder o velho!

— Eu quero massacrar aquele velho, Arthur. Quero acabar


com ele.

— E vamos. Mas pra isso a frieza vai ter que permanecer. Vá


pra casa, já estou chegando.

Soco o volante com força, praguejando. Agir com a porra da


razão é a última coisa que eu quero. Comigo foi sempre no soco.

Mas Arthur tem razão, a frieza em alguns momentos é

necessária.

Desço do carro e vejo a Ferrari estacionada. Arregaço as


mangas da camisa e subo os degraus de dois em dois. Abro a porta
e mamãe rapidamente me encara.

— Graças a Deus você chegou. — Ela fala e se aproxima. —


Estava preocupada.

Meu pai está de pé e observo Enrique se erguer, e pela


expressão fechada em seu rosto é perceptível que ele já está
sabendo de tudo.

Chris e Patrick me encaram, os dois com expressões


indecifráveis.

— Temos que conversar sobre todas as decisões a serem

tomadas. — Papai fala e se senta.

— Não posso permitir que Diana sofra mais com isso. —


Enrique balança a cabeça, me encarando. — Luttero não tem
limites. Diana foi parar no hospital... Isso é doentio!

— Arthur vai entrar com uma ordem de restrição pra Diana.

— Isso não é o suficiente, infelizmente. — Enrique ergue os


braços e franzo o cenho.

— Diana está lá em cima com Bianca, é melhor deixá-la


descansar. — Mamãe diz, me encarando.

Fico observando meu pai e Enrique falarem.


— Concordo com você e entendo a proteção que tem pela sua

irmã, mas Diana está fragilizada... — Meu pai diz e Enrique acena
em concordância.

— Por uma situação em que você e o Luttero fizeram, senhor


Patrício. Esse casamento por contrato foi um erro... E hoje minha

irmã está sendo sobrecarregada por essa decisão. — Enrique ergue


o dedo. — Isso nunca deveria ter acontecido.

Passo a língua pelos lábios e cruzo os braços.

— Mas aconteceu, Enrique. Não há como voltar atrás. Agora


tem três vidas nessa história.

— Três vidas inocentes, que não vão pagar pelos erros de

ninguém, senhor. — Enrique rebate sério.

— Diana... — Ouço mamãe sussurrar e me viro, vendo-a


descer ao lado de Bianca e Ágata.

Continuo no mesmo lugar. Chris me fita com a mão no queixo

e passo as mãos pelo rosto.

— E o que eu puder fazer para protegê-los, eu vou fazer,


Enrique. — Papai afirma. — Assumo meus erros e quero o melhor

para os meus netos.


— Que bom que o senhor concorda comigo. Agradeço pelo

que fizeram pela minha irmã, mas o melhor para Diana e para os
bebês vai ser sair daqui. — Ele encara Diana, que parece ser pega

de surpresa tanto quanto todo mundo. — Vai ser o melhor.

— Enrique... — Diana me encara e a fito rapidamente.

O silêncio se instala na sala. Sinto os olhos dos meus irmãos


sobre mim.

— É o melhor, Diana. — Ele continua.

— Não vou fugir, Enrique. — Diana nega o olhando. — Não


vou fazer o que fiz por medo ou por... Ser idiota.

— Não é idiotice, Diana. É o seu bem-estar e dos seus filhos.

— Nossos. — Solto os braços os encarando. — São meus e


dela.

Diana me fita, assim como todos os presentes.

— Então nós dois vamos decidir o que fazer. Chega! Chega de

nos dizer o que falar e fazer. — Fito meu pai e volto a encarar
Enrique. — Odeio o seu pai e tudo que ele fez. Aliás, odeio o meu
também, então não julgo.

Disparo, erguendo o queixo enquanto meu pai me fita.


— Mas parem de decidir a nossa vida como se fôssemos duas
crianças. Agora chega. Chega de falar pai. E até você, Enrique.

— Lorenzo tem razão, os filhos são nossos. — Diana sussurra

e fita o irmão, que a encara. — Eu amo você, Enrique. Você sempre


me protegeu e eu faço, e faria tudo por você..., Mas eu estou
cansada de me falarem o que fazer.

Ela nega com a cabeça e me fita.

— Eu não sou a mesma de antes e eu, não quero mais ser. Eu


quero que os meus filhos tenham orgulho de mim. — Ela diz e
morde o lábio.

— Eu não vou fugir da minha responsabilidade, nem com


Diana e muito menos com os bebês. — Digo, erguendo o queixo. —
Nós somos dois adultos e vamos resolver isso como tal agora.

Diana assente levemente, me olhando.

— Com licença. — Solto o ar, olhando Chris sorrir de lado.

Patrick me encara e bato em seu ombro, me virando enquanto subo


as escadas.
Um sorriso escapa dos meus lábios, sem eu nem perceber.

"Nossos. São meus e dela."

— Lorenzo tem razão, papai. Estão os tratando como criança.


— Patrick nos encara. — Ele surtou no começo, mas está

enxergando e tentando consertar os erros.

Dona Clarisse ainda sorri enquanto se ergue. O senhor


Patrício nos encara e assente. Percebo os olhos brilharem enquanto
ele me fita, sorrindo levemente.

— Ele demora, mas ele entende o que tem que fazer. — A voz

sai rouca e meia embargada.

Assinto sorrindo e o olhando.

Meu coração bate descompassado, e mesmo com as coisas

ruins dos últimos dias... A visita da minha mãe me deixou mais


desestabilizada do que imaginei. Estou tentando ficar mais tranquila.

Observo meu irmão se sentar ao meu lado no sofá, estamos a

sós na sala de TV. Todos estão na sala de estar, conversando.

Enrique me encara e beija minha testa demoradamente.

— Estou orgulhoso de você, mesmo estando magoado por te

escondido algo tão grave assim de mim, Diana. — Diz segurando

em minhas mãos.

— Me desculpe. Eu estava assustada e... — Nego com a

cabeça levemente.
— Luttero é pior do que pensa, Diana. — Ele afirma me
fitando.

Franzo o cenho e meu irmão pisca algumas vezes. Ele sempre

teve essa angústia e mágoa quando se refere ao nosso pai. Enrique

sempre foi muito distante de nossa casa e eu entendia. Ali era o lar

de sua mãe.

Mas eu sinto que tem algo a mais, aquele algo que ele sempre

desvia e tenta esconder.

— Eu sempre protegi você, e sempre vou fazer isso. —

Enrique fala e concordo, o olhando. — Mas preciso que você fique

segura, Diana. Por que eu juro que se acontecer alguma coisa com

você... Ou com os...

O timbre de sua voz fica irreconhecível.

— Não vai, Enrique. Estamos bem. — Aperto suas mãos entre

as minhas, percebendo-as geladas e trêmulas.

— Eu juro por Deus que eu o mato com minhas próprias mãos.


Eu juro que acabo com a raça dele.

Engulo em seco e o abraço. Ele demora um pouco mais para

retribuir e suspiro quando o sinto me apertar.


— Não vai acontecer nada. — Sussurro, ouvindo-o suspirar

baixo.

Bianca conversou com ele mais cedo sobre tudo que

aconteceu, ou pelo menos tentou, pois ele saiu feito louco, vindo
aqui e me fazendo relatar cada coisa que tinha acontecido. A raiva

em seus olhos era perceptível e a fúria também.

Segurei o choro na maioria das vezes enquanto contava tudo.


Mas não consegui mais me controlar quando contei do plano sobre

usar meus filhos para tirar dinheiro do Lorenzo.

Enrique surtou, falando que vai acabar com ele, e me deixou

com Bianca e Ágata, enquanto ele descia para falar com meu sogro.
Só não pensei que seria para me levar para outro lugar.

Eu não posso fazer isso. Não de novo.

Me despedi do meu irmão algumas horas depois, ele me


deixou mil e uma recomendações de ligar para ele e prometeu que

viria todos os dias me ver.


Ágata e Bianca estão conversando sentadas nas

espreguiçadeiras ao redor da piscina.

— Eu acho lindo esse amor que você e ele tem um pelo outro.
— Ágata sorri e correspondo, me sentando ao seu lado.

— Enrique sempre foi muito protetor comigo. — Suspiro


pesadamente. — Ele é muito diferente do nosso pai.

— Acredite. Eu sei bem o que é ter um pai rigoroso. — Ágata

revira os olhos. — Mas ainda bem que você tem seu irmão.

Ela encara Bianca, que franze o cenho a olhando.

— E você e ele? Namoraram por muito tempo, Bianca?

Sorrio enquanto Ágata a fita.

— Enrique e eu éramos apenas... — Bianca se remexe

enquanto eu e Ágata a observamos. — Sexo. Pronto.

— E você e o Heitor? — A fito estalar a língua.

— É Bianca, e você e o Heitor?

Minha prima suspira, revirando os olhos. Bianca é um cafajeste

de saia. E foge de relacionamentos como o diabo foge da cruz.

— Vocês estão muito fofoqueiras. — Ela rebate e me encara.


— Lorenzo não desceu ainda?
Nego com a cabeça, a olhando sorrir e fugir da pergunta sobre
Heitor.

— Já transaram?

Fito Bianca, que sorri e Ágata a acompanha.

— Dormiram juntos ontem, né?!

— Apenas dormimos. — Sussurro e me ergo. — Eu vou tomar

um banho, estou com calor.

Digo rapidamente e as duas sorriem se encarando.

— Eu sei bem o calor que está sentindo. — Ágata diz um


pouco alto.

— Vai apagar o fogo na mangueira do Lorenzo, né Diana?

Reviro os olhos e me viro sorrindo.

Não é por falta de vontade da minha parte, aliás eu tenho


bastante. Bastante mesmo.

Hormônios.

Dormimos juntos, depois de meses separados e ele não tentou

nada. Nada.

Ah Deus, tanta coisa acontecendo e eu pensando em sexo.

Mas talvez Lorenzo tivesse feito algo com alguém.


Abano a cabeça e passo pelo escritório, ouvindo algumas
vozes. Estava perto de subir os degraus para o terceiro andar, mas
me retenho e me viro, parando em frente ao seu quarto.

— Lorenzo? — Bato na porta devagar.

Mordo o lábio, o ambiente está em total silêncio.

Ele não desceu mais, desde a hora em que Enrique ainda

estava aqui, e ainda estava absorvendo as coisas que foram ditas.


Sua reação.

Nossos filhos...

Sorrio balançando a cabeça e seguro na maçaneta da porta,

girando-a e ela se abre devagar.

Observo o quarto vazio assim que entro, fecho a porta em

seguida, olhando o ambiente bem arrumado. O quarto é menor do

qual eu ocupo na parte de cima, as cores escuras predominam no

ambiente.

A porta do banheiro está fechada e nego com a cabeça,

voltando a encarar o quarto.

A cama ocupa um grande espaço também. Observo a poltrona

em forma de um "S" deitado, no meio do quarto. Bem curvada.


Sinto uma pontada leve em meu ventre e puxo o ar, sentindo

os bebês mexerem juntos.

— É... Estamos no quarto do papai. — Sussurro sorrindo.

É o antigo quarto dele de adolescência, sorrio olhando a

coleção de miniaturas de carros esportivos em um móvel de vidro.

Ouço a porta se abrir e me viro, encarando-o sair do banheiro,


a toalha branca enrolada na cintura, algumas gotículas de água

descem pelo peito.

— Você não desceu... — Puxo o ar, o encarando.

Respira, Diana. Respira.

Esfrego uma perna na outra, tentando controlar o incômodo

que se instala em meu interior.

— Estava de cabeça cheia. — Diz sério, passando as mãos

pelo cabelo.

Mordo o lábio, engolindo em seco.

— Enrique já foi?

— Já. — Assinto, e vejo-o me encarar fixamente.

Ele franze o cenho e me sento na poltrona, o olhando.

— O que foi?
— Eu sei que você não queria essa gravidez, você sempre

deixou isso claro. — Sorrio sem humor, erguendo os olhos e

encontrando os seus. — Mas aconteceu, e eu sei que você...


Sempre prezou pela sua liberdade.

— Acha que estou preocupado com minha liberdade agora? —

Ele suspira, se aproximando.

— Sei que a gravidez é um pouco complicada agora, e eles

são a preocupação maior.

— Vocês quatro são. — Ele me interrompe com a voz rouca e

ergo a cabeça, o encarando. — Você no momento é essas crianças

Diana. São um só.

Abro a boca, sentindo a batida falhar no meu peito e voltar a

bater em uma velocidade frenética, me fazendo arfar. São tantas


sensações passando pelo meu corpo e minha mente nesse

momento.

Me ergo e ele me fita de cima à baixo, dando um passo à


frente. Passo a língua pelos lábios, vendo-o captar o movimento.

Nossas respirações entrecortadas, enquanto ele se aproxima, sem

quebrar o contato dos nossos olhares.


Fecho os olhos, aspirando o cheiro de banho recém tomado,

aquele cheiro forte e intenso que ele exala.

Que saudade.

Ergo a mão, espalmando sobre o peito musculoso. A ponta

dos meus dedos passeando sobre a pele, que se arrepia, então o

encaro, ele está com o cenho franzido, também olhando para mim,

enquanto segura em meu rosto.

— Você quer ir embora? — A voz soa em um sussurro baixo e

nego veemente, o encarando passar o polegar pelos meus lábios,


entreabrindo os mesmos.

— Eu nunca quis ir. — Seguro em sua mão sobre meu rosto e

beijo a ponta de seus dedos. — Eu nunca quis.

— Mas você foi. — O encaro engolir em seco enquanto me fita

sério.

Sinto a respiração entrecortada e seguro em seu rosto, o

encarando fixamente. Posso ouvir as batidas do meu coração

acelerado. Acaricio a barba, sentindo as asperezas dos pelos sob


meus dedos.

— Odeio você, por ter ido embora, eu... Odeio você, Diana.
Odeio tanto você... — Ofega baixo, encostando a testa a minha. —
Meu Deus... Eu te... Odeio...

Sua voz sai baixa e rouca, a mão emaranhando-se em meus

cabelos.
Esfrega o nariz ao meu, os lábios colados aos meus.

— Eu também te odeio, Lorenzo... Eu... Te... — A voz some


quando sinto-o prender meus cabelos, erguendo meu pescoço.

— Eu te odeio tanto, Bruxinha...

Gemo lascivamente, sentindo a língua invadir minha boca,

esmagando meus lábios com uma fome absurda. Com desejo e

volúpia. Seguro em seus braços, apertando-os, ficando na ponta


dos pés para beijá-lo avidamente.

Lorenzo suga minha língua ao mesmo tempo em que chupa

meus lábios. A língua quente fazendo voltas em minha boca, me faz


arfar.

Quente. Intenso. Descontrolado.

— Lorenzo... — Digo entre os lábios e o olho.

Ele me puxa e arfo, abrindo a boca. Ele para e encara minha


barriga, que separa nos dois.

— Eu não quero machucar... Vocês.


Ele parece controlar o impulso de me jogar na cama. Estou

sentindo meu interior se contorcer. O meio das minhas pernas


babando de um desejo desenfreado.

— Não vai. — Desço uma das mãos, parando na toalha que

ainda está enrolada na cintura. O volume extenso e duro marcado


na toalha. O tesão me golpeia de uma forma avassaladora.

Puxo o tecido que cai no chão rapidamente, o encaro fechar os


olhos assim que minhas mãos se fecham sobre o pau, que lateja

entre meus dedos.

— Diana... — Lorenzo trinca os dentes e me encara, fechando


os olhos quando esfrego o polegar na glande, que baba. — Diana...

Engulo em seco, descendo a mão por toda a extensão grande


e grossa, subo novamente, vendo-o revirar os olhos como se

estivesse prestes a perder o controle.

E ele realmente perde.

Perde totalmente, enquanto toma minha boca violentamente,

sugando meus lábios como se estivesse me punindo, me castigando


pelo que estava sentindo.

— Que saudade, sua infeliz... — Mordisca meus lábios

enquanto fecho a mão, descendo a carne dura e apertando-a. —


Que saudade...

Fecho os olhos enquanto a mão se fecha em minha cintura, a

outra segura meu rosto e afunda a língua novamente em minha


boca.

São meses de saudade, de tesão guardado e acumulado. Meu


corpo anseia pelo dele, assim como o dele anseia pelo meu.

— Não sei o que... Por onde começar. — Ele diz balançando a

cabeça.

Franzo o cenho sem entender e o fito olhar para baixo.

— O-que? — Balbucio o olhando, e sorrio. — Eu não vou


quebrar, Lorenzo... Não vamos... Eu...

— E se eu não me controlar? — Diz entre meus lábios, os


chupando. — Quero partir você ao meio... De raiva... De saudade...

De...

O desespero está escrito em seus olhos.

— Você não fez com...? — As palavras mal saem. O medo de

sua resposta me faz paralisar.

— Eu fui ao inferno por você, Diana. — Lorenzo responde,


segurando em meu queixo e o chupando. — Foram meses de

saudade... De raiva.
— Eu estou aqui. — Seguro em seu rosto.

Ele me encara de cima à baixo, e meu coração dispara.

— Até quando está? Você me deixou uma vez, e vai me deixar


de novo.

— Lorenzo. — Nego com a cabeça o encarando. — Não...

Seus olhos encontram os meus, seu maxilar enrijece e o olho


de cima a baixo.

Está completamente nu.

Arfando. Lindo. Perfeito.

— Diana. — É o único som que ouço, antes dele colar os


lábios aos meus novamente.

O corpo se aninha ao meu enquanto nossas bocas se fundem,


o tesão guardado por meses parece que vai me desmontar por

inteiro. Meu pau latejando, meu coração disparado e a porra da


mente em combustão.
Diana geme enquanto puxo os lábios com os dentes,
mordiscando-os de leve.

E a porra dos gemidos baixos são como músicas para os meus

ouvidos, os mesmos se intensificam quando massageio o bico


intumescido do seio. Passo o polegar lentamente, vendo-a arfar.

Os seios estão lindos e fartos. Meio expostos pelo decote do

vestido, algumas veias realçavam na pele clara e bem esticada.

Parecem bem sensíveis.

— Estão lindos. — Sussurro engolindo em seco vendo-a piscar


demoradamente.

A vontade de arrancar esse vestido é maior que o meu pau.

Bem maior.

Eu estou babando por cima e por baixo, para provar cada


pedaço desse corpo.

Mas com um medo filho da puta.

Seguro em seu queixo, erguendo seu rosto e a beijo. Beijo tão


forte, que chega a faltar a porra do ar. Fodo sua boca com minha

língua, rodeando e sugando-a por inteira.


— Lorenzo... — Diana grunhi baixo, passando as mãos pelo
meu peito.

Colo a testa na sua, tomando ar devagar.

Sua respiração está ofegante, os lábios avermelhados e


inchados pelo beijo selvagem.

— Eu quero muito matar essa saudade e foder você com tudo

de mim. — Passo os dedos pelos lábios, enquanto os olhos brilham


me encarando. — Mas eu não quero que seja assim.

— A-assim? — Indaga incrédula.

— De qualquer jeito. — Balanço a cabeça, a olhando. — Eu


quero matar essa saudade lentamente.

Ela sorri e fecha os olhos.

Porra. Caralho. E porra de novo.

Estou me sentindo um cuzão do caralho, mas é o meu


sentimento nesse momento.

— Troca de roupa, vamos sair. — A fito me encarar, franzindo


o cenho.

— Sair?

Assinto, mordendo o lábio.


— É. Vamos. Troca de roupa.

Digo rápido, a encarando assentir.

Sorrio quando ela passa as mãos no cabelo e me encara com


os olhos que me desmontam e me fazem querer protegê-la de tudo.

— Alguma sugestão do que vestir? — Indaga um pouco séria.

E ao mesmo tempo que os olhos inocentes vibram, me


despem sem vergonha e timidez alguma.

— Algo leve. — Sussurro apenas.

Desço os olhos pelo corpo, que ganhou mais curvas e formas.

A barriga bem aparente e marcada pelo vestido. Ao mesmo instante


em que fico a um passo de puxá-la, jogar na cama e matar esse
meu desejo impulsivo e avassalador que me toma. Me faz parar

também.

Sei que tudo vai ter que ser com mais tranquilidade.

E porra.

Eu estou com um medo do caralho.

Além de toda a merda que está acontecendo, a raiva ainda


pulsava dentro de mim. Ver Enrique e meu pai resolvendo nossas
vidas como se fôssemos duas crianças.
Eu sou impulsivo e explosivo para um caralho.

Mas são nossas vidas. Nossas.

Meu pau ainda está meio duro, tadinho. Coloco uma calça
jeans clara, uma camisa creme, de mangas compridas que as dobro

até os cotovelos. Pego meus óculos de sol, as chaves e a carteira.

Desço as escadas enquanto mamãe, Chris e Arthur me


encaram.

— Vai sair? — Mamãe me sonda e concordo.

— Vim para a gente resolver umas coisas. — Arthur franze o


cenho e balanço a cabeça.

— Mais tarde. Estou de cabeça cheia agora. — Ele me encara

e fito Chris. — Se tiver algum relatório da empresa, me manda que


eu vejo assim que puder.

— Eu sei. — Meu irmão diz.

Os três ficam me encarando e ergo a cabeça quando Diana

desce as escadas lentamente. O vestido de alças finas e delicado


caiu como uma luva em seu corpo, o tom pastel de amarelo

combina com o dia meio ensolarado.

— A gente vai sair. — Digo me virando e mamãe assente, e é


impossível não ver o sorriso que se expande em seu rosto. — Não
espere a gente para almoçar.

Ela sorri e abraça Diana.

— Divirtam-se. — Diz me beijando.

Arthur e Chris se encaram e arregalam os olhos, meio que


surpresos. Reviro os olhos, sorrindo de lado para os dois.

— Me espera lá fora? — Proponho e Diana concorda.

— Você se alimentou, Diana? Quer tomar um suco? Comer

algo? — Mamãe e ela saem da sala conversando e enfio as mãos


nos bolsos da calça, encarando Arthur e Chris.

Os dois cruzam os braços e me olham de cima à baixo.

— Estão olhando o quê?

— Quem é você, e o que fez com o Lorenzo? — Chris


pergunta, semicerrando os olhos.

— Nossa, que engraçado você é Christopher. — Entorto a

boca o olhando.

— Estou falando sério. Por que eu estou... Bem...

— Surpreso? Surpreso por eu não estar mais agindo como um


babaca? — Solto os braços ao lado do corpo e os encaro.

Chris nega com a cabeça.


— Bem orgulhoso, Lorenzo. — Meu irmão se aproxima
colocando a mão em meu ombro. — Orgulhoso por você ver e

entender seus erros... Por você estar lutando pelos seus filhos.

Engulo em seco.

— Meu bebê cresceu... — Ouço Arthur sussurrar limpando o

rosto. — Meu Deus, que orgulho de você. Me dá um abraço!

Ele abre os braços, se jogando em cima de mim e me


apertando forte.

— Sai, Arthur! — Tento o empurrar de mentira.

— Eu sei que você quer um abraço.

Reviro os olhos, sorrindo a força e o soco enquanto ele me fita.

— Sai caralho! Esse seu perfume barato vai ficar na minha


roupa. — Limpo minha camisa rapidamente.

— Você ama meus abraços, seu cuzão do caralho. — Arthur


pisca me encarando.

Limpo o rosto e os fito sorrirem abertamente.

— É sério Lorenzo. Estamos orgulhosos de você. Para um

caralho. — Arthur diz e Chris confirma.

— Ainda bem que acordou antes de se arrepender.


Passo a língua pelos lábios e assinto.

Não vou chorar na frente deles.

— Eu já vou. — Reviro os olhos suspirando e encaro Arthur. —


Prepara os papéis pra foder com aquele velho do cão. Ainda quero

a cabeça dele em uma bandeja.

— É só me dizer qual cabeça... — Ele sorri piscando e Chris


bate em seu braço, balançando a cabeça.

Desço os degraus para ir para o jardim e paro, encarando meu

pai que conversa algo com Diana e com minha mãe. Ele me encara
e desvio os olhos para Diana.

A raiva por ele é algo que dói. Dói bem fundo em mim.

Daquele jeito que cega.

— Vamos... — Fito Diana, que se despede.

Abro a porta do carro enquanto ela se senta e puxo o cinto de


segurança, atravesso o mesmo sobre seu corpo, parando sobre a

barriga.

— Está desconfortável?

— Não. — Responde sorrindo.

Fecho a porta a olhando e me viro.


— Se cuidem. — Mamãe fala e reviro os olhos.

— Não estamos indo embora mãe. — Beijo sua testa. — Só


tentando respirar um pouco, como pessoas normais.

Sorrio e meu pai me encara.

Meu semblante se fecha de imediato e dou a volta, entrando


no carro. Diana me olha de relance e puxo o cinto.

— Para onde vamos? — Pergunta baixo, mordendo o lábio e

sorrindo.

Franzo o cenho e a encaro.

—Tentar um recomeço.
Estaciono o carro e Diana me olha franzindo o cenho e

encarando a enorme fachada do Central Park à nossa frente. O


sorriso se expande e tiro o cinto rapidamente.

— É enorme... — Ela fala e eu concordo.

Mesmo morando a poucos quilômetros, eu não costumo vir

aqui, na verdade, eu mal venho. É aquele lugar que eu não pensaria


em ir para fazer um passeio antes.

Antes dela.

Mas é um lugar de liberdade, e eu não pensaria em outro local

para levar ela. Várias pessoas caminham, entrando no parque


sorridentes.

Diana sorri assim que desce do carro, olhando tudo ao redor,


os olhos brilham e encontram os meus.

— Vem... Temos muitas coisas para ver. — Fecho a porta do

carro e vejo seu sorriso expandir.

Compro os ingressos e sem demorar mais, entramos. Não

vamos conseguir ver todas as atrações do parque, que são muitas.


Mas vamos ver o suficiente para esquecer um pouco os problemas.

Sem lembrar dos nossos pais, de nossas brigas e do passado.

Ficamos caminhando lado a lado, no meio de tantos casais de


mãos dadas. Pais com seus filhos, carregando-os nos ombros

sorridentes.

— Chris morava ali antes de se casar. — Aponto para o

enorme prédio na nossa frente e Diana me encara.

— Deve ser uma visão linda de lá. — Ela ergue o queixo e


sorri.
— É. Esse foi um dos motivos do Chris comprá-lo na época. —
Explico e continuamos a caminhar.

Diana para e sorri, encarando o enorme carrossel na nossa

frente, crianças correndo por todos os lados enquanto os cavalos

rodam, tocando aquela musiquinha irritante.

Ela coloca a mão na barriga, acariciando-a.

Um gesto tão simples me faz paralisar no mesmo instante.

Engulo em seco, vendo-a sorrir de lado e me encarar.

— Mexeram. Estava preocupada. — Ela sussurra e a fito.

— Não tinham mexido?

— Hoje de manhã não. — Ela nega com a cabeça levemente.

— Mas acho que gostaram de ouvir a música do carrossel. Eu

amava quando era pequena.

Andamos até os bancos, alguns ocupados e poucos vazios.

— Você vinha? — Pergunto, me referindo ao brinquedo antigo.

Ela nega timidamente, sorrindo.

— Não. Mas amava ouvir. Meu pa... Luttero, não era muito de
nos levar a passeios. Na verdade, ele nunca nos levava.

— Seu pai é um idiota. — Torço o nariz e ela assente.


Ela mexe nas mãos e me olha um pouco séria.

— Quero que eles passeiem, que eles façam o que tiverem

vontade. — Ela sorri, ainda com a mão sobre a barriga. — Que

brinquem e se sujem na grama, que corram descalços ao ar livre...

Balanço a cabeça, a olhando.

— Quer que eles sejam pequenos selvagens? — Brinco e


sorrio quando ela me olha.

— Que sejam livres como eu não fui. — Diz suspirando. — E

que sintam o amor de alguém que daria a vida por eles três.

Ela me encara e a fito.

Sinto um entalo tão grande na garganta, que mal consigo

respirar. Enfio as mãos nos bolsos da calça e volto a olhar para a


frente.

— Eu e os meninos fomos essas crianças selvagens, que


brincávamos descalços e na grama. — Confesso e sinto seu olhar

em mim. — Tínhamos muitas coisas pra fazer... estudar vários


idiomas era um deles. Meu pai não pegava leve também.

Sorrio, lembrando de todas as loucuras que fazíamos juntos.

Mesmo papai sendo mais duro e rígido comigo, Chris e Patrick. Tio
Thomas sempre passava a mão e nos deixava mais à vontade.
— Não vamos falar sobre isso.

Ela assente e suspiro.

Não quero lembrar dessas coisas.

A fito enquanto ela sorri, e mordo o lábio, estendo o braço e


ela entrelaça o dela.

— Vamos?

Ela parece entender que não quero mais tocar no assunto dos

nossos pais. E não quero mesmo.

— Vamos.

Andamos devagar, sem deixar de apreciar cada atração por

onde vamos passando. Paramos em frente ao grande relógio com


estátuas de bichinhos que toca uma música bem chata. Diana fica

encantada com tudo que vê, e não teria como não a levar ao
zoológico que fica bem ao lado.

É o passeio mais simples que levo alguém em toda minha


vida.

Balanço a cabeça quando vejo-a sorrir.

O zoológico está bem movimentado, assim como todo o


restante do parque. Diana mantém os olhos atentos a cada detalhe.
— É uma foca.

— Leão Marinho.

— É da mesma família. — Desço os óculos, olhando o animal

gordo deitado. — É a mesma coisa.

— Não é, Lorenzo. A foca não possui orelhas, e rasteja. —


Explica sorrindo. — Olhe ali, o Leão Marinho tem orelhas.

Franzo o nariz e estalo a língua.

— Balões? — Me viro e vejo a senhora carregar alguns balões


coloridos nas mãos.

— Não, obrigado. — Digo voltando a olhar e Diana me fita.

— Eu quero um.

A encaro incrédulo e a senhora sorri, a olhando.

Estalo a língua e abro a carteira, tirando uma nota e a


entregando, ela abaixa os enormes e coloridos balões.

— Quer escolher uma cor?

— Qualquer um. — Digo impaciente.

— Escolha a senhora. — Diana pede sorrindo.

— Cada cor tem um significado para mim, então escolha uma


cordinha e eu te digo o que significa.
A senhora estende um monte cordinha a Diana, que
rapidamente segura uma ponta, puxando-a levemente.

É um balão branco, com três corações vermelhos bem


desenhados.

Fito Diana de soslaio, fitando o balão que ela segura sorrindo.

— Esse significa o amor triplicado. Cada coração, um amor

que vêm para modificar.

A fito e a senhora sorri me olhando.

— Estou esperando trigêmeos. — Diana fala sorrindo.

O sorriso da senhora se expande a olhando

— Serão belas crianças. — Ela assente e me encara

fixamente. — Terão seus olhos doces...

— Obrigada. — Diana sorri me olhando.

Dou um meio sorriso enquanto ela me observa, atentamente.

Não gosto desses olhares que parecem que estão lendo minha
alma. Coloco a mão na cintura de Diana, nos virando para sair logo

daqui.

— Três joias preciosas.


O vento bate levemente em nossos rostos enquanto nos

aproximamos da Bow Bridge, o ar calmo e tranquilo é considerado

um dos mais românticos do parque.

Nos encostamos no muro olhando o lago abaixo. Caminhamos

por alguns lugares e paramos para almoçar no restaurante que tem

dentro do próprio parque. Agradeci pelo dono ser amigo da minha


família e não precisarmos fazer uma reserva.

Alguns casais tiram fotos abraçados, aproveitando a bela


paisagem.

Diana está com o rosto avermelhado e ficamos parando para

ela não se cansar muito.

— Dizem que aqui é um dos lugares que mais acontecem

pedidos de casamento. — Sussurro baixo e Diana sorri, ainda


segurando o balão entre os dedos. — É bem clichê de filmes

românticos, que o casal fica junto para sempre.

Ela respira fundo e sorri, balançando a cabeça.

— O que foi?
— Seu pedido de casamento foi uma catástrofe. — A fito sorrir.

— Você mal falava, de tantos espirros que dava.

Sorrio e me viro de costas para o lago, ficando de frente para


ela.

— Nem me prepararam.

Ela fica séria, morde o lábio e se aproximando do muro,

colocando uma das mãos sobre o mesmo.

Está com o cenho franzido e fecha os olhos assim que o vento

bate, fazendo seus cabelos voarem.

— Mal tivemos tempo de nos conhecer, não tivemos um

primeiro encontro... — Sussurra e me encara, dando de ombros.

Nego com a cabeça e me viro, ela continua me olhando.

— Daqui a algumas semanas, não seremos mais só nós dois,

Lorenzo...

Engulo em seco e fito a barriga, sentindo meu coração falhar a

porra de uma batida.

Coloco a mão sobre a sua, apertando os dedos sob os meus.

— Você não vai mais estar sozinha... — Minha voz mal sai,
mas tomo o ar novamente. — Eu estou aqui Bruxinha... Sempre.
Ela sorri e me abraça, enterrando o rosto em meu peito, a

aperto fortemente, fechando os olhos. Beijo sua testa, passando o


polegar nas bochechas úmidas pelas lágrimas que caem.

Beijo sua boca, que parece se fundir a minha, sugo a língua


avidamente, que parece estar em uma luta frenética com a minha. É

a porra do desespero e da saudade mais agoniante que já senti em

toda minha vida.

Diana arfa, se agarrando a mim e sorrio, separando nossos

lábios por uns segundos.

— Vamos sair daqui... — Sussurro e ela assente.

— Achei que não ia falar isso...

Coloco uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e a beijo

rapidamente.

Meu corpo inteiro parece doer com a urgência que me toma.

Parece que tudo vai explodir dentro de mim se eu não estiver dentro

dela o mais rápido possível.

Entramos no carro e piso fundo no acelerador, não saindo com

tanta velocidade como gostaria. Mas o suficiente para chegarmos no

Hotel em um tempo recorde. É uma das melhores coberturas.


Entrelaço os dedos aos seus enquanto coloco o cartão na porta,
abrindo-a rapidamente. As janelas de vidro rodeiam todo o quarto,

deixando a luz do dia clarear o ambiente.

Diana suspira, mordendo os lábios enquanto me encara.

— Está se sentindo bem?

— E-estou.

Me aproximo, acariciando o rosto com a ponta dos dedos,

afastando alguns fios de cabelos que caiam.

— Vamos tomar um banho... — Chamo, tirando minha camisa

e jogando em um canto qualquer do quarto.

Tiro os sapatos e dispo a calça, que pelo volume extenso do

meu pau parece que vai partir em dois, está dolorido para um

caralho.

As enormes janelas de vidro vão até o banheiro, aperto o

controle, descendo as persianas. Me viro, olhando Diana descer as


alças finas do vestido e se encaminhar para o box, assim que

o mesmo cai sobre seus pés.

E então ela se vira.

E é a porra da visão mais linda que meus olhos já enxergaram.

Não é mais a menina com curvas de mulher.


É uma mulher com curvas.

É a curva mais linda que ela poderia ter ganhado.

Estou paralisado, porque estou vendo a barriga totalmente

exposta pela primeira vez, está tão grande e esticada... E linda.

Incrivelmente linda.

Eu nem sequer me preocupei, ou sequer perguntei como ela

estava.

São meus filhos.

Meu Deus.

Ela fecha os olhos, me olhando enquanto nego com a cabeça.

Sem saber ao certo o que estou sentindo.

— Me perdoe, meu amor.

Ela sorri e me encara.

— Não, Lorenzo. Eu que errei com você, eu que...

Nego veemente.

— Nós erramos. Nós dois. — Ergo seu queixo, sentindo-o

tremer. — Me perdoe. Podem me perdoar?

Seu sorriso se abre e ela concorda balançando a cabeça.


A puxo para mim com todo cuidado e amor que borbulham
dentro de mim, desço umas das mãos por entre o vão dos seios e

me seguro, parando perto de sua barriga. Paro por que não me

acho nem digno de tocar ali... Onde ela gera o maior dos tesouros.

Os nossos tesouros.

A água morna do chuveiro cai sobre nossos corpos

completamente nus, não só de roupas, mas de mágoas, de raiva e

de todas as decepções.

Esfrego meus lábios aos seus.

Os lábios quase colados, a respiração entrecortada e o desejo


insano entre nós dois. O amor.

Bebo seus beijos, enfiando a língua em sua boca, que se abre,

me recebendo faminta. Acaricio os cabelos molhados e encosto o


corpo pequeno ao meu.

E a toco ali...

Onde eu mais temia...

Espalmo a mão sobre barriga e sorrio, a olhando. Está


extremamente dura e frágil ao mesmo tempo.

Meus olhos lacrimejam no mesmo instante e ofego,

balançando a cabeça.
— Meu Deus, Diana... — Ofego baixo, sem saber ao certo o
que estou sentindo dentro de mim.

É amor.

De todas as formas e palavras possíveis e de todas as

existências.

— Tem três serezinhos aqui dentro. — Ela sussurra e beijo sua


testa, afagando a pele esticada.

Caralho. Mil vezes, caralho.

— Você está linda.

Ficamos em pé no meio do quarto assim que saímos do


banho. Mesmo a ânsia e o tesão exalando por nossos corpos, o

medo de fazer ali, em pé no box molhado, me paralisou.

Mas nada impediu o banho demorado em que tomamos, em


meio a carícias, apertos, beijos, toques íntimos que foram o martírio
da minha saudade durante meses.
Puxo o nó do roupão de Diana, que cai amontoado em seus
pés, me fazendo salivar. Os bicos dos seios estão escuros, mas não
perdendo tanto a tonalidade de antes. Passo o polegar devagar,

olhando sua boca abrir e soltar um gemido sôfrego.

— Dói?

— Às vezes... — Geme, meio sorrindo e é como receber um

tiro de tesão.

— Nunca transei com uma grávida. — Assumo sorrindo,


tentando não transparecer o nervosismo.

— Não vou quebrar Lorenzo. — Sua voz sai baixa e firme. —

Estou com tanto tesão, que dói.

Desço os olhos para os seios e pelo corpo, minha boca saliva


e meu pau dá uma bela fisgada.

O desejo insano e cru.

O rosto corado e os cabelos desgrenhados a deixam mais


linda do que já é.

— Eu juro que teu lado frágil me apaixona. Mas esse teu lado

provocante me faz perder o controle!

Seguro o seu rosto, sentindo a respiração quente.


— Então perca...

Minhas mãos tateiam o lençol assim que minhas costas

colidem com a cama enorme e confortável. Sinto cada centímetro da


minha pele se arrepiar enquanto Lorenzo se mantém em pé à minha
frente.

O abdômen trincado, o membro duro marcando na toalha, que


ele mesmo faz questão de arrancar me encarando. Meu interior se
contrai no mesmo instante.

— Senti tanta saudade... — Ele sussurra e se abaixa, beija


meus tornozelos, subindo para minhas pernas. — Muita saudades.

Engulo em seco, o olhando se aproximar do meu rosto. Os

lábios beijam minhas bochechas, descendo para o meu pescoço.


Cheirando, passando a língua e voltando a beijar.

— Eu... Também... Senti... — Digo, agarrando em seus


cabelos enquanto sua boca desce por entre o vale dos meus seios.
— Estão tão lindos... — Seus olhos se prendem nos mamilos

eriçados.

Passa o polegar devagar, em uma tortura que faz eu me


contorcer por inteira.

Estão sensíveis e um pouco doloridos.

Lorenzo passa a língua pelos lábios e o encaro se abaixar e


roçar a mesma pelo bico enrijecido. Minha boca se abre e um
gemido esganiçado que sai do fundo da minha garganta, um misto

de prazer e dor se instalam.

É indescritível a sensação.

— Ahhh...

Ele sorri enquanto abocanha meu seio, sugando com tudo de

si. Me remexo, gemendo alto, agarrando-me a ele. Os lábios


sugando, a língua serpenteando, fazendo meus olhos revirarem. Ele
reveza de um seio para o outro, em carícias lentas e ao mesmo

tempo intensas. Sugando forte.

— Que saudade... — Sussurra, voltando a beijar meus lábios


com força. A língua quente passando por minha boca. Gememos

juntos... De saudade, prazer e tesão acumulado.


Minhas pernas se abrem involuntariamente enquanto sua boca
vai descendo com beijos molhados.

Os braços fortes o apoiam enquanto ele se curva, parando em

frente à minha barriga, ela está grande, então eu não consigo ver
seu rosto com tanta precisão.

— Não vou machucar vocês... — Ele afirma e sem ao menos


esperar, deposita um... Dois... Três beijos.

Três beijos demorados.

Sorrio, olho para ele e mal tenho tempo de raciocinar quando


sinto a língua me golpear. Quente e úmida, o que foi o suficiente

para sentir a língua deslizar.

— Ohh, Lorenzo... — Abro as pernas e ele afasta mais.

— Abre essa boceta, meu amor. — Ele pede, passando um


dedo de cima para baixo e arfo quando ele penetra.

Fundo. Rápido. Delicioso.

Os lábios prendendo minha carne macia. Chupando de cima


para baixo, de baixo acima em uma caricia desesperada e

agoniada.

— Lor...en...zo...
Ouço sua risada e sinto a sucção em meu clitóris, a língua
estalando enquanto sua boca abocanha toda minha boceta. Meu

corpo se convulsiona por inteiro e um grito fino ecoando seu nome é


a única coisa que sai da minha garganta.

É desesperador o tesão que estou sentindo.

— Por Deus, Lorenzo... — Nos encaramos.

Ele passa descaradamente os dedos molhados pelos lábios,


chupando-os.

— Que saudade dessa boceta, meu amor. Que saudade que


eu estava...

O puxo e beijo-o. Sugando seus lábios, meu gosto marcado na


língua e a porra do tesão me tomando por inteira.

Ele se afasta rapidamente e me encara.

— Sou pesado demais para ficar assim. — Franze o cenho me


encarando.

Nego veemente, passando uma das pernas pelo seu quadril.

— Diana... Não quero machucar vocês.

— Você não vai. — Beijo seus lábios o olhando. — Lorenzo.


— Porra... — Ele pragueja balançando a cabeça e sorri. —
Minha Bruxinha.

Estou com medo também.

Medo pelos bebês, pela barriga e por saber que nós sempre
fomos intensos na cama.

Abro minhas pernas e ele se encaixa perfeitamente, o pau

desliza por minha boceta, que lateja incontrolável. E toda a porra do


medo se esvai quando sinto a carne dura entrar devagar, mas com

urgência.

A sensação me quebra e arqueio as costas enquanto Lorenzo


se retém e estoca com firmeza, o medo e a preocupação
estampados em seus olhos. Beijo sua boca, juntando as mãos em

seu rosto.

— Di...

— Que saudade... Que saudade de você. — Perco o fôlego e o

beijo, sentindo os movimentos intensos.

Minha carne se abrindo, engolindo cada centímetro da longa


extensão.

— Porra, Diana... Eu...


Ele está retendo todo o peso, eu apenas sinto as estocadas

firmes, que me fazem gemer descontrolada.

Arqueio as costas, sentindo-o se enterrar fundo dentro de mim,


e gemo. Gemo contra os lábios, a barba roçando em meu pescoço,

os lábios chupando meus seios e o quadril batendo fundo, me


engolfando de prazer.

— Eu vou machucar você, inferno! — Ele geme e sorrio,

negando com a cabeça.

Espalmo as mãos em seu peito, o fazendo se apoiar na cama,


estamos suados e ofegantes. Lorenzo se senta, apoiando as costas

na cabeceira da cama e as longas pernas esticadas, o pau ereto é


rapidamente acariciado pelas mãos grandes.

— Vira de costas... — Ele pede e rapidamente obedeço.

Devagar, sinto-o pincelar a glande robusta em minha entrada,

e minha boceta o suga. Deslizo, descendo devagar, me engasgando


com o prazer que sinto.

— Porra! — Lorenzo grunhi e viro o rosto, o encarando por

cima dos ombros.

Está bem mais difícil, mas consigo lentamente remexer os


quadris, o recebendo fundo dentro de mim, uma de suas mãos em
meu pescoço enquanto a outra desce.

Intercalando entre meus seios e meu clitóris.

Os gemidos saem intensos, sem eu ao menos perceber.

Rebolo devagar, apertando a carne e Lorenzo geme ofegante.

— Diana... Porra. — Ele rebate e me encara. — Eu vou perder


a porra do juízo... Bruxinha.

— Perde. Perde o que quiser..., Mas perde comigo.

Ele me puxa e me beija sôfrego, e desesperado.

Tudo tão rápido quando sinto-o sair e me colocar apoiada na


cabeceira, as mãos apoiadas e de joelhos, ficando de costas para
ele.

Morde o meu ombro e abro a boca em um grito silencioso

quando sinto um tapa estalado na minha bunda.

— Gostosa de uma porra!

Os dedos se emaranham em meus cabelos, os puxando

levemente para trás. Sorrio perversamente, sentindo-o entrar


lentamente dentro de mim de novo.

O corpo está colado em minhas costas, as investidas fortes me


fazendo arquear o corpo para recebê-lo mais e mais fundo. A mão
espalmada em minha barriga, e gemo, sentindo-o ir fundo.

Nada dói.

É apenas o prazer e o amor exalando por todos os nossos

poros.

— Lorenzo... — Gemo sorrindo, sentindo seu corpo tencionar.

Meu corpo se entrega ao seu, assim como o dele ao meu.

Gememos juntos, sentindo os espasmos do orgasmo se esvair de


nossos corpos completamente suados. Os dedos deslizando pelo
meu braço, enquanto ainda de costas para ele, sinto-o me abraçar.

O silêncio permanece, mesmo sabendo que temos tantas

coisas para falar, decidir..., Mas apenas o barulho de nossas


respirações é ouvida.

Suas mãos acariciam meus braços, descendo até a curva dos

meus quadris, parando em minha barriga. Apenas as pontas dos


dedos passeando.

Seguro em sua mão, abrindo-a e colocando sobre a mesma

com firmeza.

Ouço-o engolir rapidamente e sinto o movimento intenso em


minha barriga.

Sinto a mão tremer e me viro, o olhando.


— Mexeram... — Ele sorri, com os olhos brilhando.

Assinto levemente, o olhando se sentar.

As duas mãos vão uma para cada lado de minha barriga assim
que me ajeito na cama.

— Mexeram... — Repete sorrindo, e outro chute faz

ondulações e Lorenzo sorri.

— Estão impacientes. — Mordo o lábio, sentindo-os se


mexerem fortemente. — Mamãe está aqui.

Repito, acariciando-a e fito Lorenzo balançar a cabeça.

— Isso dói?

— Um pouco. — Mordo o lábio e ele se aproxima. Os


movimentos são intensos e perceptíveis. — Calma...

Com olhos brilhando e o cenho franzido, os lábios se curvam

em um sorriso aberto.

Paraliso, o ouvido sussurrar enquanto se aproxima da minha


barriga:

— Papai também está aqui.


— Papai está aqui. — Repito, sentindo a voz embargar.

Sinto o movimento intenso enquanto minha mão continua ali,


parada sobre a barriga. É uma sensação estranha, que me faz

querer chorar e rir.

E todas as sensações passam pela minha mente ao mesmo

tempo.
Sinto meu coração falhar e voltar a bater descompassado.

Que sentimento é esse, meu Deus?!

Diana sorri com os olhos brilhando, e nego com a cabeça.

— Nossos bebezinhos... Nossos filhos, Lorenzo.

Solto um sorriso e a puxo para os meus braços novamente.


Passo os dedos pelo rosto, beijando a bochecha, o queixo, a boca,

a testa.

A garganta fecha e as lágrimas teimam em descer.

— São nossos, amor. — Digo, com a voz embargada, contra

os lábios sorrindo. — Nossos.

Afago seus cabelos, beijando o ombro exposto e a encaro

fixamente.

É a mãe dos meus filhos.

A mulher por quem eu me refaria mil e uma vezes para a

merecer.

Mas não mereço...

A pontada do remorso me alfineta e solto o ar devagar.

— Eu nem sequer perguntei como você estava... Você carrega

os meus filhos e eu nem sequer me importei. — Balanço a cabeça e


Diana me fita.

Suas mãos seguram em meu rosto enquanto as lágrimas vão

descendo.

— Não, Lorenzo...

— Eu odeio tanto o meu pai e ia fazer igual a ele... Eu... —


Balbucio enquanto o choro forte me toma. — Eu pensei em renegar

meus filhos... Eu...

A afasto gentilmente e me ergo, sentindo meu peito sufocar.

Passo as mãos pelo cabelo e as lágrimas descem em meu rosto,

me fazendo arfar.

— Você foi para o hospital e eu... Eu não estava me

importando! — Sorrio sem humor, a olhando sobre a névoa de

lágrimas. — Que merda de homem eu sou?!

Ela enrola a toalha no corpo, negando com a cabeça.

— Você estava magoado, Lorenzo. — Ela se aproxima e me


afasto. — Eu também não contei no começo da gravidez.

Suas mãos buscam meu rosto, me fazendo encará-la.

— Eu não queria ser igual a ele. — Sussurro baixo, sentindo

as pontas dos dedos limparem as lágrimas. — Mas eu fui.


E fui mesmo. Fui um filho da mãe egoísta e tapado.

— Nós erramos, Lorenzo. Erramos feio. Mas isso não quer

dizer que temos que permanecer no erro para sempre. — Observo-a

passar a língua pelos lábios. — Fomos imaturos, nos deixamos


levar por erros e por vontades que não eram nossas.

Abaixo os olhos, negando com a cabeça.

— Mas aprendemos com nossos erros, Lorenzo. Eu não sou

mais a mesma Diana que chegou em sua vida. E você não é mais o
mesmo também. — A voz soa baixo e engulo em seco. — Nos
magoamos muito, com palavras e atitudes egoístas.

— Eu mandei você se livrar dos... — Me engasgo com meu

próprio choro. — Dos nossos filhos, Diana!

Falo apontando para o meu peito.

— Se tivesse acontecido alguma coisa com você, ou com eles,


eu...

— Estamos aqui, Lorenzo. Não aconteceu nada. — Suspira


limpando o rosto e se encostando em meu peito. — Eles estão aqui,

crescendo a cada dia.

— Eu nunca iria me perdoar Diana. Eu nunca iria me perdoar.

E não iria mesmo.


— Estávamos com raiva, magoados e tristes. — Ela me encara

com aqueles olhos que são capazes de acalmar um furacão.

Eu sou o furacão nesse momento

Com mil e um sentimento se apossando de mim.

— Vamos crescer juntos, Lorenzo. A gente aprende com os

erros. — Diana sorri encostando a testa na minha. — Eu e você


erramos, mas não acabou Lorenzo.

Esfrego o nariz ao seu e ela abre a boca, ofegando.

Acaricio os cabelos que caem sobre o rosto e fecho os olhos.

— Eu mudo Di, eu me refaço, mas nunca mais pense... Em me


deixar.

— Meu amor. — Ela sussurra sorrindo e tomo sua boca em um

beijo quente, como se minha vida dependesse disso.

E talvez dependesse.

Dependesse dela.

Porque eu quero ser alguém melhor por ela. Para ela. E por

eles também.

Diana geme baixinho e sorrio, a erguendo no colo, deito-a na


cama, sem quebrar o contato dos nossos lábios, que se grudam
como um imã.

Meu pau lateja enquanto me enfio no meio de suas pernas. A

boceta me recebe pronta, quente e úmida, como sempre. Seu


gemido soa forte quando a estoco devagar e ao mesmo tempo com

firmeza.

— Se eu te machu-car... — Digo, olhando seus lábios


entreabertos.

— Nunca meu amor. — Diana responde, meio gemendo, meio


sorrindo.

— Senti tanto a sua falta. — Beijo o pescoço, passando a

língua e chupando a carne macia, sentindo-a se arrepiar.

É saudade. Tesão. Tudo reprimido.

Tento ao máximo não colocar todo o meu peso em cima da

barriga, me controlando em cada investida do meu quadril contra a


boceta quente e apertada. E porra... morreria para ficar ali para
sempre.

Diana arfa, se agarrando em meus ombros e fito os seios

fartos, os bicos eriçados roçando no meu peito.

A ponta da minha língua toca a ponta de um dos bicos


devagar. Diana se contorce e o coloco na boca, sugando,
mordiscando-o levemente.

E caio de boca, chupando todo o seio que parece clamar por

atenção. Diana mexe os quadris, acompanhando o meu ritmo. As


unhas enfincadas em meus ombros, a carne macia prendendo cada

centímetro do meu pau, que entra fundo e sai em um ciclo vicioso e


delirante.

Gemo, soltando o seio e indo para o outro com a mesma fome.

As pernas rodeiam minha cintura e uma das mãos estão enfiadas


em meus cabelos, me fazendo aprofundar o desejo que me aflora.

— Ah, minha Bruxinha... — Sorrio, acariciando seu rosto

entorpecido de tesão. — Goza meu amor.

Seu corpo treme e os gemidos se tornam mais intensos, tomo

os lábios em um beijo, abafando os gritos agoniados que saem de


sua garganta.

Não demoro muito para sentir os espasmos se aproximando, o

arrepio passando pelo meu corpo e gemo. Gemo, sentindo-a ser


preenchida com todo meu orgasmo.

Louco e intenso.
— Devem estar preocupados com a gente. — Diana fala me

olhando sobre os ombros, se encostando em meu peito.

— Mandei uma mensagem falando que não iríamos voltar

hoje. — Faço uma concha com a mão, enchendo-a de água e

jogando sobre seus ombros. — Entenderam o recado.

Estamos na hidromassagem, que fica no meio do enorme

banheiro. Passo as pernas por entre as suas, ouvindo-a suspirar por

causa da água morna.

Estamos exaustos, mas ainda dopados de desejo.

Matamos a porra da saudade na cama. Moderadamente, é


claro. Mas várias e várias vezes.

— Tem certeza de que não está dolorida?

— Você me fez essa mesma pergunta há cinco minutos atrás.

— Ela resmunga e encosta a cabeça em meu peito. — E não. Não

estou dolorida. Estou saciada... Por enquanto.

— Por enquanto? — Arqueio a sobrancelha sorrindo. — Estou

acabado.

Sorrio, passando a espuma pelos seus seios e barriga.


— Dizem que desejo de grávida é três vezes mais... No meu

caso, é seis vezes mais. — Ela sussurra e beijo seu pescoço. —

Foram meses de tesão reprimido.

— Digo o mesmo. Meses desejando você. — Sussurro em seu

ouvido, e ela me encara um pouco séria.

— Você, não... — Percebo-a engolir em seco e franzo o cenho.

— Achou que eu estava transando com alguém?

Ela apenas me encara e assente levemente.

— Diana.

— Você estava solteiro, Lorenzo. Não tinha mais contrato,

nem...

Seguro em seus ombros e a viro para me olhar. Ela se senta

em meu colo, abrindo bem as pernas e a fito.

— Eu não transei com ninguém, Diana. E nem sei como pode

pensar que eu faria tal coisa... — Ergo o queixo, olhando-a morder

os lábios. — Fiquei com muita raiva por você não ter me ouvido,

mas eu jamais faria isso.

— Me desculpe... — Segura em meu rosto e me beija. —

Pensei em tantas coisas.


Seguro em suas mãos, a olhando.

— Eu também. Em muitas. — Digo suspirando. — Não vamos

falar sobre o passado, que não é tão passado assim.

Ela sorri e concorda.

O rosto está mais arredondado, deixando um pouco aquele

rosto de menina e ficando mais mulher. Franzo o nariz, pegando


a long neck e sorvendo um gole da cerveja.

Diana se remexe, colocando as mãos na barriga, sorrindo.

— Que foi?

— Estão mexendo. — Sussurra me olhando. — Mexendo


muito.

Pisco algumas vezes e aquela sensação vem tomando conta


de mim novamente.

Me deixa sem palavras.

Coloco a garrafa no lugar e espalmo as duas mãos, devagar,

na barriga.

E de repente um movimento lento, mas firme, se faz presente.

Sorrio, sentindo meu coração disparar e Diana faz o mesmo.


Não tem explicação para o sentimento que aperta meu

coração, algo que jamais pensei que ia sentir na vida.

Diana sorri, me olhando.

— O que é isso Diana? — Pergunto, balançando a cabeça.

Ela me encara sem entender absolutamente nada.

— Esse sentimento, parece que vai partir meu coração... —

Sussurro baixo, acariciando a barriga. — Ou que vai concertá-lo...


Eu não sei.

— É o amor mais puro. É o amor que dar sem receber nada


em troca. — Ela coloca as mãos sobre as minhas. — São nossos.

Assinto sorrindo.

— Eu te amo. — Disparo rápido, engolindo em seco.

— Eu também te amo, Lorenzo. Eu amo tanto você.

Fecho os olhos, suspirando enquanto a abraço fortemente.

Por mais que meu corpo queira se unir ao seu, eu sei o quanto
ela está cansada. Tanto pelo passeio, quanto pelas vezes em que

fizemos amor.

Meu Deus. Eu virei um bobão.

Um escravoceta, como diria Arthur.


Mas estou me sentindo bem. Tão bem, como nunca pensei

que me sentiria.

Ajudo Diana sair da banheira, enxugando-a sobre protesto e a

pego no colo, levando para a cama, está com os olhos pesados de

sono.

— Está com dor? — Indago, com uma pitada de preocupação,

vendo-a se deitar e negar veemente.

— Estou cansada. — Responde fechando os olhos.

Ainda estava com resquícios de espuma pelo corpo, passo a


toalha devagar pela pele ouvindo-a ressonar baixinho. Limpo os

braços e suas pernas, Diana suspira e sorrio a olhando.

Tento me erguer e encaro quando a mão aperta a minha.

— Fica aqui. — Pede sonolenta.

Levo sua mão aos lábios, a beijando.

— Vou tomar um banho e volto.

Ela assente sorrindo e volta a fechar os olhos. Me ergo cheio

de espuma ainda e puxo os lençóis, cobrindo-a. Mesmo o

aquecedor ligado, o quarto ainda está um pouco frio.


Me encaminho para o chuveiro e me jogo embaixo da água
morna. Me sinto exausto, porém saciado. Muito.

Passar o dia longe da casa dos meus pais me deu um certo


alívio e liberdade, sem ter alguém falando o que devo e o que posso

fazer. E Diana com certeza está sentindo o mesmo alívio.

Enrolo a toalha na cintura enquanto saio do banheiro. Ela

dorme relaxada, com os cabelos soltos, espalhados pelo

travesseiro, rosto tranquilo e sereno denunciando o sono pesado.

Me aproximo das janelas de vidro, olhando o escuro da noite.

As luzes ofuscantes dos prédios enormes, o céu repleto de estrelas

e a lua no centro, iluminando toda a escuridão.

Engulo em seco, virando a cabeça e olhando Diana do mesmo

modo que antes. Dormindo.

Ela é a Lua no meio da minha escuridão.

Por ela eu me refaria quantas vezes fossem necessárias,

apenas para não a perder.

E eu não vou. Não de novo.


— Vou trocar de roupa e tenho que ir à empresa. — Concordo,
tirando o cinto de segurança assim que Lorenzo estaciona em frente
à casa de seus pais.

Tomamos café no hotel, mas infelizmente precisamos "voltar a


realidade". Não que eu me sinta mal na casa dos pais dele. Ao
contrário, me sinto muito bem.

Mas é nítido o quanto Lorenzo se sente desconfortável e fica


provocando o pai há todo momento.

— Alguém tem que trabalhar, né? — Sorrio, o olhando

balançar a cabeça e segurar minha mão entre as suas, levando aos


lábios e beijando-a rapidamente.

— Boba. Tenho uns relatórios para ver. Uns contratos também.

— Eu sei. — Encosto a cabeça no banco do carro.

Encaro o rosto amassado, os cabelos ainda úmidos do banho,


fazendo algumas gotículas de água caírem sobre a testa. Ainda
posso sentir os espasmos da noite anterior, e até mesmo de agora

pela manhã, antes de saímos do hotel. Estou dolorida, mas no bom


sentido. No ótimo sentido na verdade.

Nos amamos como se fosse a primeira vez.


— Não me olhe assim... Ou perco a porra do controle que
ainda me resta. — Ele sussurra, segurando em meu queixo e o
apertando.

Sorrio, deitando a cabeça.

— São os hormônios. — Mordo os lábios e suspiro.

— Usando os hormônios pra esconder o tesão Diana? —

Entorta o nariz e sorri.

Abafo a risada, o fitando ficar sério e mexer em meus dedos.

— O que vamos fazer agora? — Pergunto o olhando.

Lorenzo franze as sobrancelhas e deixa o maxilar cerrado,

enquanto olha para frente.

— Recomeçar, Diana. — Diz depois de alguns segundos em


silêncio. — Entende?

Assinto levemente.

— Não dá para esquecer tudo que vivemos, o passado faz


parte. Mas quero um recomeço.

A mão grande cobre a minha e o encaro, sentindo as batidas


frenéticas em meu peito.
Ele chega perto do meu rosto, cola a testa na minha e
sussurra, quase sem emitir som algum:

— Para nós cinco.

Seguro o rosto, acaricio a barba e sorrio, tentando controlar o


choro que faz minha garganta e olhos queimarem.

O amo com todas as minhas forças, e mesmo com todas as

angústias e medos que o passado trouxe, o amor é mais forte que


tudo.

E recomeços são necessários para o futuro.

— Eu te vejo quando chegar. — Diz, acariciando meus lábios.

— Eu vou estar bem aqui.

Descemos do carro juntos, e para Lorenzo não se atrasar mais


do que já está atrasado, ele saiu em disparada para o andar de

cima. Dona Clarisse vem da cozinha assim que entro na sala de


estar.

O sorriso estampado em seu rosto assim que me ver faz a

vergonha me dominar.

Transei com seu filho até não sentir mais as pernas.


— Pela carinha de felicidade, está tudo ótimo com vocês. —

Ela me puxa para sentar ao seu lado no sofá.

Sorrio, assentindo.

— Estamos nos entendendo.

— Isso me deixa tão feliz, minha filha. Aliviada também. —

Dona Clarisse suspira, passando as mãos pelo rosto. — Lorenzo


sempre age por impulso, sempre foi impetuoso e o mais cabeça
quente dos irmãos.

Ela suspira e sorri, me olhando com os olhos marejados.

— Mas no fundo ele ainda é um menino Diana. Não que isso


justifique seus atos, mas Lorenzo tem um coração bom, só é

teimoso. E por mais que ele odeie, é igualzinho ao pai.

A encaro quando suspira pesadamente.

Os olhos azuis ficam distantes e ela se remexe assim que


Lorenzo desce, todo formal, mas sem gravata. Usa apenas a camisa

social e o blazer.

— Mamãe, se o Chris ligar, fala que eu já saí. Meu celular


descarregou. — Diz rápido, a beijando demoradamente.

— Aviso sim, meu amor. Se cuide.


— Pode deixar. — Ele a encara e me fita, sorrindo de lado. —
Tchau Bruxinha.

— Tchau. — Aceno sorrindo, e ele sai rapidamente.

Ficamos apenas nós duas. Ela se ergue, passando a mão pelo

pescoço nervosamente, virando de costas. Sei de quase toda a


história que aconteceu no passado. Do erro do senhor Patrício em
achar que havia sido traído e Lorenzo era o fruto dessa traição.

A raiva de Lorenzo contra o pai é por toda a rejeição que


sentiu da parte dele, quando criança.

Dona Clarisse se vira, negando com a cabeça, e como se

lesse minha mente, volta a se sentar.

— É difícil perdoar, Diana. Ainda mais quando é em um


momento tão delicado, como uma gravidez. — Sua voz soa firme e

ao mesmo tempo trêmula. — O perdão não é para todos. Perdoar


meu marido pelo que fez, foi mais difícil do que imaginei que seria.

Ela sorri e assinto, a encarando.

— Me casei aos dezoito anos também. Por um contrato de

casamento que meu pai fez com meu sogro. — Ela balança a
cabeça. — Patrício sempre foi muito controlador com tudo e todos
ao seu redor, e não foi diferente comigo quando nos casamos. Aí
vieram os meninos.

Seu sorriso aumenta, mas ao mesmo tempo a voz embarga.

— Sempre foram guiados para seguir com o império da família.


O costume dos Gonzáles. Eu amo o meu marido, Diana, amo com
todo meu coração... — Ela me diz e eu só escuto. — Mas eu

nunca... Nunca vou me esquecer das acusações que ele fez.

Sinto a angústia em sua voz e seguro em sua mão.

— Eu imagino o quanto deve ter sido difícil para a senhora...

— As palavras machucam, Diana. Mais do que machucaram a

mim, machucaram o Lorenzo. Tentei impedir Patrício de fazer o


contrato de casamento, porque não queria que a história se
repetisse. E fui falha em não bater de frente com ele. — Suspira,

puxando o ar e soltando devagar. — Eu só não queria mais vê-los


nessa guerra, entre pai e filho. E fechei meus olhos, fui omissa.

— Eles vão se perdoar.

— E se não? Eu também carrego minha culpa, Diana. Em


deixar Patrício sempre tomar as rédeas.

Sei bem o que é isso.

Porque é exatamente isso que Luttero fazia.


— E nenhuma mulher jamais deve fazer isso.

Eudora é totalmente submissa ao casamento, ao marido. Eu

deveria ser também. Já com Enrique, sempre o ensinou a tomar as


rédeas de tudo assim como ele.

Mas meu irmão nunca deve ser comparado com ele. Jamais.

Dona Clarisse sorri e se ergue, limpando o rosto assim que

Clhoe e Henry entram correndo.

— Vovó! Chegamos...

— Ahhh, meus amores... A casa estava tão tristinha sem os

meus tesouros. — Ela sorri, se abaixando e os dois pulam em seu


colo.

— Oi tia Diana! — Clhoe sorri me olhando.

Os longos cabelos dourados estão soltos, o belo par de olhos

azuis me fitam sapecas.

Ágata me beija e se senta ao meu lado, suspirando.

— Estavam ansiosos para vir, apenas para ficar perto dos

bebês. — Ela explica sorrindo.

— Achei que era pra ficar perto da vovó. — Dona Clarisse


finge indignação, sorrindo.
Henry começa a brincar com os carrinhos, inerte ao que está

acontecendo. Enquanto Clhoe a beija, segurando seu rosto.

— Claro que sim, vovó. Mas estou curiosa pra ver os bebês da
tia Diana. Se vão ser meninos ou meninas.

— Já falei que ainda vamos descobrir, Clhoe.

— Vai demorar muito?

— Não. Daqui a pouco vamos saber. — A encaro piscar os


enormes olhos. — Aí vão poder brincar com você.

Clhoe bate palmas, sorrindo animada.

Amo a companhia deles. Ágata se tornou uma irmã para mim,


assim como Bianca. Decidimos ir para piscina, já que o dia está tão
gostoso para isso.

Subi para tomar um banho e coloquei um biquíni por baixo de


um vestidinho solto branco, nos sentamos na espreguiçadeira
enquanto Henry e Clhoe brincam no enorme jardim.

— E aí, como está? — Ágata beberica o suco me olhando.

Está sorrindo de lado, com uma expressão de "Eu sei de tudo".

— Muito bem. — Sorrio e ela semicerra os olhos. — Nem me


olhe assim.
— "Não me olhe assim". — Me imita. — Passou um dia e uma
noite fora, e vem me dizer que está bem? Eu esperava no mínimo
um "Estou saciada, e muito dolorida..."

Balanço a cabeça, gargalhando.

— Você não presta, Ágata.

— Me conta tudo tá Diana. Quero saber de todos os detalhes.

Estou sentindo meus pés inchados, então estico as pernas,

colocando-as sobre seu colo.

— Folgada em, Diana!

— Você quer fofocar e eu quero massagem... Uma coisa pela


outra.

— Vigarista. — Ela sorri, apertando meus pés e fecho os


olhos. — Coisas de grávida... Ainda vai piorar.

— Ahhh... Muito obrigada pelo incentivo. — Balanço a cabeça

e a encaro. — Estamos indo com calma, mas passeamos ontem, e


fomos para um hotel.

— E deu até perder os sentidos, né?! — Ágata gargalha e a


acompanho. — Meses de tesão reprimido. Não julgo, faria o mesmo.

Mas foi com moderação, né?


— Com toda moderação do mundo. — Acaricio minha barriga
e sorrio. — Foi incrível.

— Ahhh o amor. — Ela bate palmas e me fita. — Louca para

saber o sexo desses bebês, para irmos às compras.

Também estou ansiosa, mesmo tendo quase certeza do que é.

Estou sentindo.

Mesmo tendo uma criação diferente das meninas da minha


idade, e sempre ensinada a formar uma família e amar o lar... Eu
sempre achei que demoraria mais para ter filhos.

Ao contrário de Eudora, que sempre sonhou em ser mãe.

Sempre falava que ia engravidar após o casamento, e dar um


filho ao Hugo. Deus está poupando a minha irmã em carregar um
filho daquele ser asqueroso.

Estou com saudades dela.

Eudora não tem telefone e eu sei que não vai vir aqui, não
depois de tudo o que aconteceu.

Almoçamos juntas ao redor da piscina. Dona Clarisse fez uma

massa deliciosa com molhos especiais, que ela diz ser segredo de
família.
Estou me sentindo enorme e pesada, muito pesada. E com um

pouco de falta de ar. Pedi licença e subi para o meu quarto, ainda
estou bem sonolenta. Apenas me deitei na cama, deixando o sono
me tomar por inteira.

Esfrego a esponja em meus ombros, vendo a espuma escorrer

assim que a água desce pelo meu corpo. Acabei dormindo mais do
que pensei. Literalmente apaguei.

Me encaro no espelho, segurando nos seios que parecem que

vão explodir de tão enormes que estão. E bem doloridos também.

— Di? — Ouço as batidas de leve na porta assim que termino


de me vestir.

Abro-a e vejo Ágata parada.

— Estava dormindo, aí eu não quis te acordar. Enrique está lá


embaixo.

— Faz tempo que ele chegou?

— Agora pouco. — Ágata morde o lábio negando. — Lorenzo


chegou há um tempinho também.
— Por que não me acordaram?

— Estava dormindo tão pesado. Eles estão na sala. — Me


encaminho junto de Ágata, que parece um pouco apreensiva.

Ou pode ser coisa da minha cabeça e por causa de todos os

acontecimentos, eu esteja paranoica. Ouço os burburinhos de


conversas enquanto desço as escadas.

E minhas paranoias estavam certas, porque todos parecem

bem nervosos. Lorenzo está de pé perto da janela, e sério. Muito


sério.

Estão todos reunidos.

Arthur, Chris, Patrick e até Heitor.

Bianca segura minhas mãos assim que me aproximo.

Enrique se ergue, beija minha testa e o encaro.

— O que foi? — Pergunto, o olhando.

Na verdade, olhando para todo mundo.

— Não fique nervosa, meu anjo. — Dona Clarisse coloca as

mãos em meus ombros.

Encaro Lorenzo, que engole em seco.

Sr. Patrício respira fundo e me olha.


— Luttero foi até a empresa... — Ele diz, abre o blazer e
suspira. — Quer abrir um processo em contra-ataque e nos
processar por danos morais...

Franzo o cenho olhando o senhor Patrício passar a língua


pelos lábios.

— Ele quer alegar que houve quebra contratual. — Arthur


completa me olhando.

— Ele enlouqueceu? — Indago, balançando a cabeça.

— Não. Lorenzo que enlouqueceu e mandou o velho para o


hospital. — Heitor dispara e arregalo os olhos.

— Heitor! — Patrick diz, batendo em seu braço.

— Boca grande!

— Ué gente! — Ele dá de ombros.

Lorenzo continua parado, sem esboçar reação alguma.

— Ele quer atingir você, Diana. — Enrique engole em seco,


balançando a cabeça.

— Meu Deus, o que esse homem quer?! — Me sento, negando


veemente.

— Calma, Di. — Bianca pede.


— Já falei com o Elliot e vamos tomar medidas drásticas... —
Enrique fala. — Ele quer tentar nos desestabilizar de uma forma ou
de outra.

Arthur o encara e se ergue, passando as mãos pelos cabelos.

Encaro um e outro, sentindo meu coração disparar frenético.

Estou envergonhada.

— Vamos resolver essa situação, Diana. — O Sr. Patrício diz e


me encara. — Prometo que vamos resolver... Eu sinto muito, de
verdade.

Lorenzo solta uma pequena gargalhada, chamando toda a


atenção.

— Lorenzo, por favor... — Dona Clarisse o fita.

— Lorenzo. — Chris o encara e ele solta os braços.

— Está sentindo remorso, por que sabe que toda merda que
está acontecendo, é culpa sua, né? — Sua voz destila sarcasmo e
seu pai o encara.

— Lorenzo, você já perdeu o controle hoje. — Arthur dispara o


olhando.

A tensão recai sobre toda a sala.


Todo mundo se ergue, prevendo o que está por vir.

— Tudo que acontece de ruim, sempre tem a merda do seu


dedo no meio! Tudo! — Lorenzo dispara com o dedo em riste. —

Você arrastou toda essa merda para mim!

Franzo o cenho, o olhando.

Ele nem pisca e está na cara o ódio em suas palavras.

— Lorenzo, pare! — Patrick tenta segurá-lo, mas ele se

desvencilha.

— Deixe-o... — O senhor Patrício pede, o encarando.

— Meu filho...

Lorenzo ofega e vejo a veia do seu pescoço saltar, tamanha a

raiva que sente.

— Não tente fazer essa pose de preocupação não, senhor


Patrício. Pode funcionar com Patrick, ou com o Chris, mas comigo

não! — Ele dispara, balançando a cabeça.

O fito. Está parecendo outra pessoa. Vermelho, os olhos


vidrados de raiva.

— Você tentou me redimir para ver se assim, diminuía a porra


do seu remorso. Fez um complô com aquele velho pau no cu! — Ele
dispara ofegante. — Mas sabe o que conseguiu? Acabar com tudo!
SEU DESGRAÇADO DE MERDA!
— Lorenzo!

Sinto o ar faltar nos meus pulmões, me deixando ofegante.

Meus olhos fixam nos dele. Os punhos cerrados, a mandíbula

trincada.

Eu não consigo falar absolutamente nada.

— Lorenzo... — Christopher se aproxima o olhando. — Pare


com isso! Pense na mamãe...
Clarisse está parada no meio da sala. Os olhos azuis

arregalados, nem tenho coragem de olhar para ela direito.

É tudo culpa minha.

— Papai... — Patrick se aproxima me olhando.

— Eu estou bem. — Sussurro, tomando o ar devagar, que

parece não querer vir.

Meu braço rígido me faz fechar os olhos e suspirar

pesadamente.

— Diana, por favor, vamos lá para cima. — Ágata pede

enquanto Diana nos encara.

— Ele sabe que eu tenho razão! Você sabe, não é Patrício?!

Sabe que todas as merdas e desgraças são por sua culpa! —

Lorenzo rebate e Chris se põe na sua frente.

— Lorenzo, eu mandei parar, inferno!

— Por favor, Lorenzo! — Arthur ralha e segura em seu braço.

Tudo parece rodar e tento ao máximo me manter em pé e

lúcido.

— Diana, por favor...


— Leva ela daqui! — Lorenzo berra alto, fazendo-a
sobressaltar. — Vai! Sai!

— Papai... — Patrick me encara.

Ergo o dedo, negando com a cabeça, e bato em seu peito de

leve, sem conseguir falar absolutamente nada. Apenas avisando,

em silêncio, que eu estou bem.

Mas não estou

Eu não consigo rebater, nem se eu quisesse. Porque sei que o

único culpado que existe aqui sou eu mesmo.

— Será que você pode ao menos parar de ser tão imaturo e


agir com calma? — Christopher ralha, encarando o irmão.

— Agir com calma? Você age com calma, Christopher? —

Lorenzo dispara, ofegante.

— Meu filho... Olhe para mim! Pare com isso, Lorenzo. Diana

está grávida! Ela não pode...

Ele fica sério e volta a me encarar.

— Toda a merda que aconteceu, foi causada por você! Aquele

velho se acha na razão e no direito de exigir coisas... Porque você

inventou toda essa, essa palhaçada!


— Eu fiz o que...achei...que seria bom para você. — Respiro

com dificuldade, fazendo Patrick me soltar. — Luttero está... Fora de


controle, e isso... não é culpa minha!

Minha voz sai arrastada e entrecortada, tamanha a força que


preciso fazer para ela sair.

— A culpa é sua, sim! Você deu a faca e o queijo pro velho!

Você! É isso que você faz, não é? Você tem prazer em me ver
assim! Sempre foi assim, não é, Papai?

A raiva destilando em cada palavra que sai de sua boca.

Luttero obviamente disse algo para deixá-lo desnorteado.


Mesmo sabendo que Lorenzo sempre foi tempestuoso... Assim

como eu.

Sinto uma dor agoniada em meu peito, que me faz arfar.

— Você se acha um Deus, não é? Acha que pode mandar e


desmandar na vida de todo mundo! — Lorenzo se debate enquanto
Christopher o segura de um lado e Arthur do outro. — Você sempre

fez isso! Sempre!

— Lorenzo...

— É verdade! Vocês sabem que é verdade! Você e o Luttero


são iguaizinhos... — Dispara com a voz trêmula. — Ambos
dispostos a foder com a vida dos filhos!

— Lorenzo, para inferno!

— Acha...que eu...acabei com sua vida? — Indago, sentindo a

respiração falhar. — Acha?

— Pai. Pare, por favor. — Me desvencilho de Patrick e fito

Lorenzo.

As lágrimas já descendo copiosamente.

— Eu tenho certeza! Você fodeu a minha vida de todas as


maneiras que se pode imaginar! VOCÊ FODEU COM TUDO!

— Lorenzo, já chega! — Clarisse grita nos encarando. — Pare!


Patrício, Pare!

Minhas mãos tremem descontroladas e meu peito sufoca.

— Eu odeio você! Odeio tanto você... — Lorenzo diz com os


dentes trincados. — ODEIO VOCÊ!

Sinto o impacto das palavras virem como agulhadas em meu

peito.

Os olhos como pedras de gelo em minha direção. Vidrados.

Meu filho me odeia.


Agora não são mais suposições. Saiu de sua própria boca, e
parece ser do fundo de seu coração.

— Lorenzo, por favor! Pare!

— Olhe o que está dizendo. É nosso pai!

— Seu pai, Christopher! Porque ele sempre foi o seu pai. O pai
do Patrick. Meu não. Não era você que ficava esperando uma
mísera migalha de atenção! — Ele cospe as palavras, uma névoa

de lágrimas nubla minha visão. — Foi eu!

A sala inteira fica em silêncio.

Ele limpa o rosto com as costas das mãos, me olhando.

Um tiro doeria menos do que vê-lo assim.

— Você nunca olhou para mim como olha para eles. Nunca!

NUNCA! — Ele desaba ofegante.

A voz embarga e percebo os olhos dele marejados.

— POR QUÊ? — Lorenzo abre os braços me encarando. —

POR QUE EU ERA O INDESEJADO?

Abro a boca, mas as palavras parecem morrer e não saem.

Clarisse me encara e sinto a pontada do remorso pela enésima


vez.
— Chris e Patrick sempre foram os filhos dos seus sonhos! —
A voz trava em minha garganta. — Os herdeiros que você desejou,
não é Patrício?! Os herdeiros planejados.

Nego com a cabeça, olhando para ele.

A voz não sai por nada.

Quero gritar e pedir perdão..., Mas a voz não sai.

— Papai, por favor! — Patrick sussurra e fecho os olhos

pesados.

— Lorenzo...

— Eu sempre fui a ovelha negra. O filho indesejado! — Ele

sorri sem humor algum, me encarando. — O que diz o que pensa, o


que bate de frente com você. E sabe por que, senhor Patrício

Gonzáles?

O silêncio na sala está ensurdecedor.

Os olhos cravados como facas afiadas em mim.

Meu peito dói. Minha cabeça lateja. A falta de ar me deixa

desnorteado.

Um soluço escapa da sua garganta e não me movo.


— Porque eu nunca te senti como meu pai. Porque eu nunca

te amei como um pai. Você para mim foi, e sempre vai ser um
desconhecido que fodeu com minha vida. VOCÊ NUNCA FOI E

NUNCA VAI SER A MERDA DE UM PAI PRA MIM!

Tremo, sentindo minhas pernas cambalearem e me seguro.

— Já chega, Lorenzo! — Patrick grita e me encara. — Já

chega... Por favor.

Ele se solta bruscamente e sobe as escadas como um foguete.

— Deixe-o, mamãe. — Christopher passa as mãos pelo cabelo

suspirando. — Deixe-o colocar a cabeça no lugar.

— Pai... — Patrick sussurra.

Nego com a cabeça levemente, estendendo a mão, sem

conseguir pronunciar uma palavra sequer.

— Patrício. — Clarisse me chama e a encaro de relance,

subindo os degraus devagar.

Minhas pernas pesam tanto, que mal consigo subir. O coração

parece que vai se desmanchar a qualquer momento. Entro no

escritório, fechando a porta devagar atrás de mim.

As palavras que meu pai me falou há alguns anos, vindo com

toda a força, me golpeando de uma dor absurda no peito.


— Tente recuperar o tempo perdido, Patrício. Seu filho está

crescendo. O encaro se erguer e colocar as mãos na mesa, me

encarando.

— Eu estou com vergonha, pai. Clarisse não merece. Muito

menos ele. — Engulo em seco.

— Engula sua vergonha e vá atrás de sua esposa! Lorenzo vai

crescer, Patrício, e quando lembrar que você não estava alí

presente em cada momento da vida dele, a raiva e o ódio vão vir.

Ele para e engulo em seco.

— E é apenas o que vai restar...

E foi apenas o que restou.

A raiva e o ódio por mim.

Continuo parado, ouvindo a porta se abrir, o perfume de rosas

inebriante se espalha por todo o cômodo e fecho os olhos.

— Sempre fui orgulhoso demais para pedir perdão, e demorei

mais do que deveria para pedir o seu... — Digo baixo, sem me virar,

mas sabendo que ela está me ouvindo. — Fui idiota achando que
você me... traiu.

Apoio as mãos nas costas do sofá, fechando os olhos.


— Eu fiquei com vergonha, Clarisse. Não conseguia olhar para

o nosso filho, porque fui egoísta e imaturo. — Passo a mão no peito,


suspirando, meu queixo tremendo junto com as minhas mãos. — A

culpa é minha.

— Eu sei que é. — A voz soa firme e os passos ecoam. A olho

quando para na minha frente.

Esfrega uma mão na outra, mordendo os lábios. O rosto


vermelho pelas lágrimas que ainda caem.

— Lorenzo é igual a você. Fala no impulso e depois se


arrepende. Fala sem pensar no estrago que vai causar. Mas quem

as escuta, guarda. — Diz balançando a cabeça.

Suspiro pesadamente, sentindo o peito sufocar de uma dor


absurda.

— Não vou deixar Lorenzo cometer os mesmos erros que


você. Mesmo você sempre falando que eu passava a mão por cada

erro que ele cometia. Eu também errei nessa história.

Abaixo a cabeça lentamente.

— Eu amo você, Patrício..., Mas está colhendo o que plantou.

Chris e Patrick sempre souberam que você estava ali..., Mas


Lorenzo, não.
— Na verdade, eu errei com os três.

E sei que errei mesmo.

— Eu sei. — Ela pisca e sorri. — O tempo ainda não acabou,

Patrício... Nunca é tarde para reparar os erros do passado.

Me sento devagar, a olhando.

Os olhos azuis que antes refletiam alegria, estão cabisbaixos e

tristes.

Fecho os olhos, respirando com dificuldade.

— Clarisse? — A chamo, vendo-a se virar e me encarar por

cima dos ombros.

O sorriso de lado e meio triste aparece.

A dor dilacerante me golpeia e trinco o maxilar.

Nego com a cabeça e ela sai, fechando a porta devagar.

— Você sempre foi mais do que eu pensei. Você me deu três

filhos perfeitos... E...

Sussurro para o nada.

— Obrigado.

A voz arrastada e o bolo formado em minha garganta, impede

as frases de saírem perfeitas.


Todo mundo deve ter saído, pois tudo ficou em total silêncio

nas horas que se passaram. Não me movi na cadeira. Apenas


encarei os móveis, sentindo o peito apertar.

Chris e Patrick vieram e apenas pedi para me deixarem

sozinho. A vergonha tomou conta, não me deixando nem encarar


meus próprios filhos. Uma angústia tremenda tomando conta de

mim.

O remorso é a maior delas.

O relógio no aparador marca duas da manhã, quando sinto a

dor aguda em meu peito voltar, mas dessa vez muito mais forte.

A fadiga fazendo meu corpo pesar.

Afrouxo a gravata, sentindo a respiração faltar e o ar não vir de

jeito algum.

— Clari...sse. — Balbucio ofegante, tentando me erguer.

Minhas pernas fraquejam e me arrasto cambaleando para a

porta. A dor golpeando.

A visão turva assim que abro a porta, sentindo minha garganta

se fechar, coloco a mão sobre o peito arfando.

— Clari...sse...
Tombo sobre o bar, ouvindo apenas o estrondo dos cristais se
espatifando.

E tudo vira um imenso e gigante borrão, me levando para a


escuridão.
A ...

Bato a porta com força, ouvindo um estrondo atrás de mim.


Coloco as mãos na cabeça, enfiando os dedos no cabelo e

puxando. As lágrimas vão descendo enquanto praguejo alto. Me

aproximo da bancada, jogando todas as peças no chão.

Minhas mãos tremem e minha garganta está seca.


É tudo culpa dele. Eu sou assim por causa dele.

É tudo culpa dele.

Estou cego de ódio. Cheio de uma raiva, que achei que nunca

ia existir dentro de mim.

Fecho os olhos, lembrando de cada palavra saída da boca de

Luttero.

— Me dê um bom motivo para não tirá-lo daqui a socos e

pontapés agora mesmo. — Giro a cadeira, apertando a caneta em

minhas mãos.

O velho sorri, mexendo no paletó.

Eu posso não ter percebido, mas a vontade de soltar os

cachorros em cima dele é maior que tudo.

— É assim que quer criar seus filhos?

— Quem é você para questionar a criação paterna de alguém,


Luttero? — Um verme que só reproduziu os filhos para o próprio

conforto? Pode retirar a máscara, eu sei quem você é.

— Então vamos lá. — Ele se remexe e me olha. — Seu pai foi

muito generoso ao tentar esquecer a dívida que eu tinha, mas eu

não posso ficar no prejuízo... Eu quero uma quantia bem generosa...


Gargalho sonoramente, não conseguindo mais me conter.

— Você quer uma quantia generosa? Você é patético, seu

velho pau no cu!

— Ou eu meto um processo na sua família por danos morais, o

que causará um escândalo tremendo...

— E você acha que eu tenho medo de escândalos, Luttero? —

Me ergo, colocando as mãos sobre a mesa.

Eu vou matá-lo.

Vou enfiar o punho no queixo dele e quebrar cada dente que

tem nessa boca murcha.

— Deveria. Porque eu não vou perder o dinheiro daquela

quebra de contrato, Lorenzo... — Dispara, se erguendo e me

olhando de cima à baixo. — Sou avô dos seus filhos...

— E o que tem a ver, o cu com as calças? — Rebato o

encarando, travando o maxilar. — Me diga. Porque você e merda


pra mim, é a mesma coisa.

— Essas crianças nunca vão ser felizes em um lar cheio de

intrigas, ódio e... Desavenças. — Ele suspira me encarando com

uma cara fingida de pena.

Franzo o cenho, o olhando.


Ele não está...

Está?

— O tio de Hugo é um grande juiz, Lorenzo... E nem sempre o

dinheiro é a maior questão para conseguir a guarda...

Dou a volta na mesa, segurando-o pela camisa com toda a

força que existe dentro de mim.

— Termina essa frase e eu te mato com as minhas mãos, seu


verme asqueroso... Você causa um nojo em mim tão grande, que

chega a embrulhar meu estômago, só de ver essa sua cara de


merda!

— Acha que vai ser um bom pai? Acha? Vai fazer igual o
Patrício fez... Te ignorou durante uma vida inteira.

O aperto, vendo-o ficar vermelho.

— Lave a sua boca.

— Você é... igual a ele. O odeia tanto, mas é... igual.

Nego com a cabeça, o jogando contra a parede.

— Você vem na minha empresa, ameaça tirar meus filhos e


ainda quer vir... — Minha voz corta, enquanto meu punho acerta em
cheio seu maxilar. — Você e o meu pai são iguaizinhos.
Parto para cima dele, o socando com toda a força.

As vozes de Arthur e Chris ecoam enquanto me tiram de cima

do verme. Me debato furioso, o chutando e vendo-o caído no chão,


quase desmaiado.

— Eu vou matar você! — Disparo, o olhando.

— Lorenzo, inferno!

— Pare com isso!

Estou cego de pura raiva. Puro ódio.

Esse inferno parece que nunca vai acabar.

Passo as mãos pelo rosto e ouço a porta se abrir.

Engulo em seco, tentando controlar as batidas do meu próprio

coração.

Estou de cabeça cheia e o peito sufocado.

Me viro, olhando-a parada com o rosto avermelhado.

— Sai daqui... — Peço, fechando os olhos.

— É assim que acha que vai resolver as coisas?

— Saia daqui, Diana! — Peço novamente, tornando a abrir os

olhos.

Ela nega veemente.


— Saia...

— Por que não conversa antes de surtar... Acha que só você

está magoado com tudo? Acha?

— Eu estou mandando você sair daqui. — Falo novamente,


respirando fundo.

— Ou o que? Vai me colocar para fora? Vai colocar a merda


que seu pai colocou em sua vida para fora?

— E-eu não quis dizer, isso. — Passo as mãos pelo rosto. —

Eu não quis...

— Eu falei que não ia mais brigar, Lorenzo. E não vou. —


Diana balança a cabeça e me encara. — Parece que isso nunca vai
acabar. Meu pai não vai deixar vocês em paz.

— Diana... — Ela me encara.

— Eu sei da sua raiva pelo seu pai, sei do que ele fez com

você na infância, ele me contou. — Ela engole em seco, limpando o


rosto. — Me contou quando foi em seu apartamento.

Paro, olhando as lágrimas descerem pelo seu rosto.

— Aí eu fui entender o porquê de você agir assim com ele. A


raiva que tem por ele ter perdido sua infância... Em perder tantas

coisas.
Nego, sentindo as lágrimas descendo copiosamente.

— Mas não estou pedindo para você perdoá-lo, ou esquecer o

que aconteceu. — Diana diz me olhando e passa as mãos pelo


cabelo.

Não me movo.

— Ele errou, Lorenzo. Errou muito. Mas você está fazendo

igual a ele.

— Não me compare com ele, Diana!

— Estou comparando as suas atitudes. — Ela ralha com o


dedo em riste, me fitando. — Mas não adianta falar e falar. Você só

escuta o que quer. Porque é isso que sempre faz.

Vejo-a erguer o queixo e me encarar, e sem falar

absolutamente nada ela sai, fechando a porta.

As lágrimas rolam e tomo o ar, soluçando.

Eu não faço ideia de porque estou chorando. Ou talvez faça.

Só que são motivos demais.

Raiva.

Medo.

Culpa.
Rancor.

Angústia.

Vergonha.

— Lorenzo... Meu amor. — Sinto os braços da minha mãe

rodearem meu corpo e enterro o rosto em seu aperto.

— Me perdoe, mãe. Mas isso não passa... — A encaro negar

com a cabeça. — Parece que isso nunca vai passar.

Essa angústia que sinto por ele.

Limpo a garganta, soluçando como fazia quando criança. Com

um peso enorme no coração.

Sinto as mãos agarrarem meu rosto e ela me abraça

novamente.

— É essa mágoa, meu amor. Você tem que se permitir deixá-la

ir Lorenzo.

Mas não tem nada que faça isso passar.

— Meu amor... Eu, mais que ninguém, sei o que você sentiu.

— Então por que ele é assim? — Fungo baixo, a encarando.

— Por que se acha Deus, que pode mandar e desmandar, mãe?


— Não sei, amor. Mas eu sei que também tenho minha parcela

de culpa, eu sei que tenho. — Ela segura em meu rosto, me fazendo

encará-la. — Não cometa o mesmo erro que o seu pai, Lorenzo.

Nego com a cabeça, sentindo o peso daquele dia me derrubar

por completo.

Estou destruído.

— Diana foi para a casa do Enrique. — Mamãe sussurra e

continuo deitado em seu colo.

Ergo o rosto, olhando-a.

— Ela estava exausta, e depois de tudo que aconteceu... Ela

achou melhor ir pra lá.

— Eu vou buscá-la... — Me ergo rapidamente, mas minha mãe


me segura.

— Não. Você vai tomar um banho e descansar.

— Mãe...

— Amanhã vocês conversam. Amanhã. Por favor... Tome um


banho e descanse. Vou pedir algo para você comer.

Ela afaga meu cabelo, juntando as mãos em meu rosto e me


beijando demoradamente.
— Eu te amo, meu amor. Te amo muito.

Beijo suas mãos, olhando-a sair devagar.

Fecho os olhos por uns segundos enquanto a água do


chuveiro me molha por completo. Minha cabeça parece que vai

explodir a qualquer momento.

Estou exausto mentalmente, mas me recuso a deitar. Desligo o


chuveiro e saio do quarto, encarando bandeja com a comida intacta

em cima da cama.

Me sento na cadeira perto da janela, e fico olhando o céu.

E se Luttero tiver razão...

Se eu for a merda de um pai, igual o meu?

Meus filhos terão orgulho de mim?

Passo as mãos pelo cabelo, bufando.

Eu fodi tudo. Tudo.

Um barulho no corredor me chama atenção, fazendo eu me

erguer devagar.
— Mãe? — Abro a porta, encarando o silencioso e escuro

corredor.

Paraliso no mesmo instante, quando ouço cristais se


quebrando.

Meu pai está caído no chão.

Meu coração acelera de repente e corro até ele, me

abaixando.

— Pai! Pai! — Balanço-o, segurando em seu rosto.

Está pálido.

— Pai, fale comigo! Pai!

Mas ele não se move.

Está imóvel.

Não... Não. Não.

— Pai, por favor... — Minhas mãos tremem e a voz embarga.

— Acorda velho... Não faz isso... Acorda! Mãeeeee!

Meu grito corta o silêncio da noite e minha mãe aparece

segundos depois, paralisando quando vê a cena.

— Patrício! Há meu... Patrício... Fale comigo... Meu Deus!


— Chame o médico, mãe... Faça alguma coisa! — Peço

enquanto tento segurar o rosto dele entre minhas mãos. — Pai, por
favor... Fale comigo...

O silêncio é a única resposta.

— Não pai... Pai... Por favor! — Mexo em seu rosto, mas

apenas a pele fria em contato com a minha, me faz soltar um grito

ensurdecedor. — PAAAAAAI!

— Dormiu bem? — Bianca indaga assim que desço as

escadas.

— Mais ou menos. — Afasto suas pernas, me sentando ao seu

lado.

Na verdade, estou mais para menos, do que para mais.

Me remexi a noite toda de um lado para o outro na cama, os

pensamentos bombardeando minha mente e meu coração apertado,


causando uma angústia forte.
Eu não fugi de lá. Nem o abandonei, como ele deve estar
pensando. Só que suas palavras machucaram, e muito.

— Lorenzo estava fora de si... — Bianca se ajeita, dobrando as


pernas. — Luttero deve ter dito algo muito ruim, para deixá-lo

naquele estado.

Mordo o lábio, suspirando.

— Não quero nem pensar no que ele disse. — Bufo,

arrumando os cabelos e ela segura minha mão. — O que esse


homem quer, Bianca? Será que não percebe o mal que nos causou?

— Ele é egoísta demais, Di. Seu pai é um tremendo pau no cu.


— Ela diz, dando de ombros. — Merece uma panelada.

Sorrio, deitando a cabeça em seu ombro.

Mesmo Bianca sendo sobrinha do meu pai, nunca deixou de

falar o que pensa e acha sobre ele. Diferente dos meus pais, os de
Bianca sempre foram mais liberais. Viajavam muito a trabalho e

esse lado livre dela é por causa disso.

Estou me sentindo um pouco cansada e enjoada.

— Vai voltar pra lá?

— Não sei. — Dou de ombros. — Acho que Lorenzo precisa

de um tempo, Bia... As coisas que ele fala.


— Eu quis chutar o saco dele.

— Não quero ficar nesse meio, entre ele e o pai. Lorenzo


quando sai do controle, a língua parece uma metralhadora, sai
disparando sem se importar em quem vai atingir.

E é isso.

Ele fica magoado e tenta magoar todos ao seu redor. Mas ele
realmente precisa desse tempo para pensar, e até colocar a cabeça

no lugar.

— Onde está Enrique?

— Saiu bem cedo. Disse que ia resolver uma coisa com o


Elliot. — Bianca responde, levando o garfo a boca.

Mexo na salada de frutas, tentando comer ao máximo, mesmo


o enjoo me tomando de todas as formas possíveis.

Estou me sentindo angustiada e inquieta.

Tomei o café da manhã e voltei a me sentar no sofá com

Bianca, que me encara enquanto anda feito louca, de um lado para


o outro.

— Tá sentindo algo, Di?

Nego, apoiando as mãos nas costas e suspirando.


Não é nada físico. É apenas um aperto estranho no peito.

Levanto assim que a porta se abre e Enrique entra.

Está estranho, com o semblante fechado.

Bianca se senta e me encara, voltando a olhar para o meu

irmão.

— Enrique? — Chamo sussurrando, e vejo-o me encarar. —


Aconteceu Algo?

Ele assente levemente e sinto meu coração disparar.

— Enrique... — Bianca o encara.

— O pai do Lorenzo teve um infarto ontem à noite.

Me sento de imediato, o olhando com o coração aos pulos.

— Diana... — Ouço Bianca e nego com a cabeça.

— Ah Deus!

— Como ele está, Enrique?

— Não sei... Todos os jornais estão noticiando, eu liguei pro


Christopher que confirmou. Estão todos no hospital. O quadro dele
não é nada bom.

Abro a boca, tornando a fechá-la.

Lorenzo...
— Há meus Deus, Lorenzo! Eu preciso ir até lá. — Me ergo
rapidamente.

— Diana...

— Lorenzo... Ele deve estar... — As palavras saem arrastadas


por conta das lágrimas que descem.

— Fique calma, Diana. Pense nos bebês.

— Me leve até lá, Enrique! Por Deus!

Ele apenas assente e Bianca sobe, pegando minha bolsa e


seguimos em disparada para o hospital. O que não foi uma surpresa

encontrar uma multidão de repórteres e jornalistas em frente ao


mesmo.

Meu coração bate descompassado e encaro Bianca, que


aperta minha mão na sua. Entramos no estacionamento privado

assim que dou meu nome.

Minha mente só foca em como Lorenzo deve estar.

Subo com Bianca no elevador, não sabendo nem ao certo o

andar em que estão.

— Aí Di... — Ouço o suspiro de Bianca ao meu lado me


olhando.
— Ele não vai se perdoar se acontecer algo com sr. Patrício,

Bianca. Ele não vai.

As portas se abrem e descemos juntas, parando na recepção.


Não faço ideia se Lorenzo vai me mandar embora. Mas eu só

preciso vê-lo.

— O senhor Patrício Gonzáles? Está em que quarto? —


Bianca indaga para a moça na recepção.

— Diana? — Me viro para trás e vejo Ágata, indo até ela.

— Ágata. — Ela chora enquanto a abraço fortemente. — Como


ele está?

— Mal, Diana... Está mal.

Olho dona Clarisse, sentada com as mãos sobre o rosto e

Patrick ao seu lado.

Meus olhos buscam toda a recepção, o procurando..., Mas ele


não está lá.

— Dona Clarisse, eu sinto muito... Sinto muito por tudo. —


Seguro em suas mãos, apertando-as.

— Minha querida... — Ela me aperta e as palavras ficam


presas em minha garganta.
Seu Thomas está de cabeça baixa, enquanto dona Catarina
acaricia seus ombros.

— Eu sinto muito. — Meu queixo treme, a olhando.

— Lorenzo está enlouquecendo. — Ela sussurra perto do meu

ouvido. — Diana... Ele...

Suas lágrimas caem pelo rosto avermelhado.

Bianca se aproxima, conversando com Ágata e Heitor. Meu

coração dispara quando observo-o sair de uma sala no final do


corredor. Chris diz algo enquanto Lorenzo balança freneticamente a
cabeça.

E então meu coração se despedaça em milhares de

pedacinhos, quando ele ergue o rosto e me encara.

O rosto com o semblante indecifrável.

Chris continua falando, mas ele sai com passos largos e

rápidos em minha direção.

Prendo a respiração, quando sinto-o chegar perto de mim.

Ele vai me mandar embora.

— Lorenzo...

Arthur toca em seu antebraço.


Ele se solta rapidamente, em um solavanco. Me olha no fundo
dos olhos.

Uma lágrima desce rolando pelo seu rosto e sinto o impacto do

corpo sobre o meu, quando ele me envolve em um abraço apertado.

— Não me deixe... Por favor, Diana.

— Estou aqui, meu amor. — Digo, segurando seu rosto entre

as mãos. — Eu estou aqui.

Fico na ponta dos pés, para olhá-lo nos olhos.

— Ele vai mo...

— Não, meu amor. Ele não vai. — Passo o polegar devagar,

limpando as lágrimas que descem.

— Não me deixe, Diana... Por favor...

— Nunca mais. — Sussurro depois de uma longa pausa. —


Nunca mais, Lorenzo.

— Doutor? Como ele está? — A voz de dona Clarisse ecoa e


me viro.

Todo mundo se ergue e aperto os dedos de Lorenzo entre os

meus.

O doutor apenas abaixa os olhos, engolindo seco.


— As notícias não são boas...
— O senhor Gonzáles teve mais uma parada cardíaca.

Fecho os olhos, tentando tomar o ar que falta e sinto como se

algo estivesse explodindo dentro de mim.

É culpa minha.

É tudo culpa minha.

Meu pai vai morrer e é tudo culpa minha.


Minhas pernas fraquejam e me sento, juntando as mãos no

rosto, completamente transtornado.

Foi uma madrugada infernal.

Gritei tanto, tentando acordá-lo, mas ele não se mexeu. É


como se não estivesse mais ali.

— Estamos tentando diminuir a lesão e evitar que apresente


complicações. — O doutor explica. — Se ele tiver mais uma parada,

teremos que levá-lo ao centro cirúrgico.

— Ah Deus... — Mamãe suspira, passando as mãos pelo


cabelo.

— Ele vai passar por uma cirurgia de revascularização do


miocárdio, que irá direcionar as artérias a restaurar o fluxo do

coração. — Ele diz, nos encarando. — Ele está no oxigênio e

estamos verificando a frequência dos batimentos cardíacos

— Ele vai ficar... Bem? — Chris pergunta, com a voz pesada


enquanto Ágata se aproxima, o abraçando.

— Vamos fazer o impossível para que sim. É um quadro

delicado... E ele poderia não estar mais vivo.

O suspiro de tensão cai sobre todo mundo.

— A culpa é minha! — Digo me erguendo.


Patrick morde o lábio, escondendo o rosto entre as mãos e
Chris abraça Ágata de imediato.

Sinto a mão delicada tocar em meus ombros e encaro Diana

ao meu lado.

— Não é culpa sua, Lorenzo... Pare.

Ninguém conseguiria tirar essa certeza de mim.

— Lorenzo, pare com isso! — Arthur me fita, negando com a

cabeça.

— Meu amor... — Tia Catarina se aproxima, negando com a

cabeça.

— É culpa minha, tia... Olha o que eu fiz... E disse... Se não

fosse por mim, é claro que ele não estaria aqui!

— Patrício já não estava bem de saúde... — Tia Catarina diz.

Mas é um sentimento de desespero, misturado de culpa, me

corroendo.

Ele não pode morrer. Não pode.

Volto a me sentar, abaixando a cabeça e deixando algumas

lágrimas rolarem.
— Ele vai ficar bem, Lorenzo. Vamos acreditar nisso, meu

amor... Meu Patrício vai ficar bem. — Mamãe fala, me puxando para
os seus braços enquanto choro.

Choro de medo e de culpa.

— Me perdoe, mamãe... — Sussurro, com o rosto enterrado


em seu pescoço.

O silêncio parece tomar toda a recepção. Chris está sentado

com as mãos no rosto, Patrick ao seu lado, Heitor e Arthur me


encarando. Tio Thomas e Tia Catarina ao lado da minha mãe.

Enrique veio nos cumprimentar, e está em pé com Ágata,


Bianca e Diana.

A encaro se mexer devagar, como se tivesse cansada, a

barriga bem desenhada pelo macacão solto. Parece crescer a cada


instante, sem ao menos eu perceber.

Enfio as mãos nos cabelos, puxando-os.

Odeio hospitais e odeio ainda mais essa demora irritante por


notícias. Estou com medo, angustiado e sufocado.
— Pega. — Patrick estende um copo de café e nego com a

cabeça. — Toma.

Seguro o copo, vendo o líquido fumegante.

— Se ele... Não conseguir...

— Pare de falar bobagens, Lorenzo. — Ergo a cabeça

enquanto Chris se senta ao meu lado. — Papai vai sair dessa.

Patrick assente, nos olhando.

— Vai sim, você sabe que ele vai.

Nego, abaixando a cabeça.

— Preciso de um ar. — Me ergo, afrouxando a camisa que

parece diminuir em meu corpo.

Os dois me encaram e passo por Arthur, que está ao telefone.


Me aproximo e paro em frente a enorme janela, no meio do
corredor. Dá pra ver praticamente toda a cidade.

O movimento intenso de carros lá embaixo, meu coração

apertado e a garganta sufocada.

Ouço os passos se aproximarem de mim e apenas pelo cheiro,


eu sei de quem se trata.

A minha tempestade e ao mesmo tempo a minha calmaria.


— Eu o encontrei caído no corredor, estava pálido e frio. Eu o
chamei... Gritei..., mas parecia que ele não estava mais ali. —
Desabafo enquanto Diana fica na minha frente. — Eu não sou forte

como pensam, Diana. Eu já sofri muito.

As palavras saem sem eu ao menos ter controle.

Ela apenas me encara, sem falar nada.

— Eu era uma criança e ele nem sequer me olhava... Nem me

olhava! — A encaro por cima da névoa de lágrimas, que já toma


conta dos meus olhos naquele momento. — Eu só queria que ele

me amasse... Como ama Christopher, Patrick... Até Arthur e Heitor.

A voz embarga e viro o rosto, sem conseguir encará-la.

Eu só queria que ele me olhasse por uma única vez... Me

olhasse e dissesse que me ama.

Mas ele nunca o fez.

— Ele te ama, Lorenzo. — Sinto a mão aveludada afagar meu


rosto e pouso a minha por cima da sua. — Ele ama você, mais que
qualquer coisa nessa vida.

Um soluço rompe da minha garganta, arrancando um choro

desenfreado.
Sinto o corpo pequeno se aproximar e me abraçar,
escondendo o rosto em meu peito.

— Ele vai sair dessa... Ele vai melhorar, e vai falar isso pra
você.

Seus olhos encontram os meus assim que ela ergue a cabeça.

— Se ele...

— Ele não vai morrer, Lorenzo. — Ela diz com a voz

embargada, me encarando. — Ele não vai.

Encaro aqueles olhos claros se fecharam assim que encosto


minha testa a sua.

— Eu não posso perder mais ninguém, Diana. Eu já perdi


você. — Sussurro, vendo-a negar com a cabeça. Ponho minha mão

sobre a sua. — Eu não posso perder meu pai também.

— Você nunca me perdeu, Lorenzo. — Sussurra baixo.

Nego com a cabeça, deixando todas as lágrimas caírem.

Não é o grande cafajeste Lorenzo González, ali.

Eu não sou mais ele há muito tempo.

— Eu não aguento mais todo mundo ir embora da minha vida,


sem olhar para trás... — Digo, dando de ombros. — Eu afasto as
pessoas e... Diana... Eu preciso de você, eu preciso tanto de você,

quanto o ar que... Que eu respiro...

O choro se mistura nas palavras que saem sem controle.

— Então, por favor... — Tomo o ar e fecho os olhos, colocando

as mãos sobre a barriga. — Pelos nossos filhos... Eu estou

implorando... — Disparo me afastando.

Eu já percebo alguns olhares. Mas pouco me importa.

— Imploro, pela segunda vez... Ou quantas você quiser. —


Meus joelhos fraquejam e coloco as mãos sobre o rosto. — Não...

N-não me deixe, por favor... Por favor.

— Lorenzo... — Ergo a cabeça sobre o comando das suas


mãos. — Meu amor, eu não vou te deixar.

A abraço, apertando com força e ao mesmo tempo, com toda a


delicadeza do mundo.

— Levanta, Lorenzo... Pare com isso. — Ela pede

delicadamente e nego com a cabeça.

— Eu sou um imbecil. Eu estrago tudo Bruxinha, mas não

desista de mim, eu sempre te amei. E eu juro que... Que se você


ainda me quiser... Eu... Faço tudo...tudo...tudo... — Sussurro a

encarando.
— Eu não vou desistir de você. Nunca. Agora, por favor...

Me ergo, puxando-a para o meu peito novamente, afago seus

cabelos, a apertando.

— Não desista de mim, amor. Por favor. — Peço, fungando

baixo.

— Eu estou aqui.

— Não acham melhor ir pra casa? Diana não pode passar

muito tempo aqui, e você está exausto meu filho. — Mamãe indaga,

e me remexo na poltrona.

— Eu vou ficar aqui. — Sussurro baixo, limpando os olhos

rapidamente.

— Mamãe está certa. Já está anoitecendo, Diana tem que

descansar. — Patrick se aproxima nos olhando.

— Eu estou bem. — Diana boceja e a fito.

— Está cansada, Diana, passou o dia inteiro aqui. — Mamãe

me encara, segurando em minha mão.


— Vão para casa, vocês dois.

— Mãe...

— Vamos ficar aqui com a mamãe, Lorenzo, ligaremos quando


tiver qualquer notícia. — Patrick me encara e segura em meu

ombro. — Não confia em mim?

— Você sabe que sim. — Ele sorri.

— Não vou sair daqui. — Ele diz. — Mamãe deveria ir

descansar também...

— Daqui eu não saio. — Ela me encara. — Mas por Diana,

meu amor, vá para casa. Ligaremos pra vocês.

Fito Diana, que está com os olhos pesados me encarando.

Assinto, me erguendo e Chris se aproxima, me abraçando.

— Vai colocar essa cabeça no lugar e fica tranquilo. —

Concordo e ele me aperta em um abraço. — Vai ficar tudo bem.

— Me liga a qualquer hora. — Sussurro.

— Vou ficar aqui também. Vai descansar e cuidar da sua

mulher e dos seus filhos. — Arthur sorri. — Sabe que o velho é duro
na queda, né!?

Mordo o lábio e ele bate de leve em meu rosto.


— Sei. — Assinto, sorrindo sem humor.

Beijo minha mãe e me despeço dos meus tios. Saio junto com

Diana pela saída de emergência, onde o motorista já está nos


esperando. Alguns repórteres ainda estão na porta do hospital, e

graças aos vidros escuros, não se aproximaram.

Fito Diana ressonar baixinho, deitada com a cabeça em meu

ombro, o corpo quase colado ao meu. Pego o cobertor, que fica no

banco e cubro suas pernas e a barriga.

Se não fosse por ela, eu ficaria lá, mesmo sem ter muita

utilidade e sem ter o que fazer.

Mas Diana está exausta e era nítido.

— Chegamos... — Sussurro assim que o carro estaciona. Ela

se remexe, abrindo os olhos lentamente. — Vêm.

Entro em casa, vendo-a em silêncio pela primeira vez na vida,

sinto um ardor em meu âmago.

Diana me abraça e pouso o queixo no topo de sua cabeça.

— Desculpa. — Sopro o ar devagar, limpando o rosto.

— Não tem por que estar pedindo desculpas, Lorenzo. — Fala

e acaricia meu rosto.


Beijo as pontas dos dedos, negando com a cabeça.

— Vamos descansar. Temos que estar bem pra quando ele

melhorar. — Sua voz soa baixa e concordo. — Está com fome?

Nego com a cabeça.

Não comi nada o dia inteiro, porque nada descia. Minha

garganta parece que está entalada.

— Vou fazer algo pra gente e você vai comer. Nem que eu

tenha que forçar você.

A encaro de cima à baixo, e foi inevitável não sorrir.

— Tem nem tamanho.

— Mas eu tenho força. E você vai comer. — Diz séria. —

Agora vai tomar um banho.

Estava séria, com as mãos na cintura e parece uma xícara, de

tão baixinha que é.

Além da barriga, que parece um balão...

O balão mais lindo que eu já vi na vida.

Subo as escadas, tirando a camisa e paro no meio do corredor,

olhando o lugar em que o vi caído. Fecho os olhos, suspirando

enquanto algumas lágrimas descem rolando pelo meu rosto.


— Não deixe aquele velho morrer... Por favor... — Sussurro
para mim mesmo, me encostando na parede.

Abro a porta enquanto seguro a pequena bandeja nas mãos,

peguei poucas coisas, mas o suficiente para fazê-lo comer. Ou ao


menos tentar.

Estou me sentindo exausta, a barriga pesando e os pés um


pouco mais inchados que o normal.

Ouço o barulho da água do chuveiro cair e deixo a bandeja na

mesa. Seu quarto foi arrumado, não está mais a bagunça da noite
anterior.

Estou preocupada e angustiada pela saúde frágil de sr.

Patrício. Que Deus o proteja. Mesmo com todos os seus defeitos,


sei que ele ama o Lorenzo.

E de um jeito errado, porque ele não consegue demonstrar,

mas é o jeito dele, ser fechado desse modo.


Me aproximo da porta do banheiro, que está um pouco aberta,
e entro devagar. Paraliso no mesmo lugar, vendo a cena que faz
meu peito apertar, me sufocando.

Lorenzo está de costas, uma das mãos apoiadas na parede, a

água morna descendo pelo seu corpo. A cabeça baixa e percebo os


ombros sacolejando.

Em total silêncio, retiro minha roupa, vendo-a fazer um

amontoado em meus pés, retiro os mesmos e caminho devagar.


Arrasto a porta do box, entrando no espaço molhado e morno.

Lorenzo não se vira em momento nenhum.

Pego o frasco de sabonete, colocando um pouco do líquido


viscoso em minhas mãos, espalhando-as.

Começo a ensaboar a sua costa devagar, sinto os músculos se


enrijecendo. Esfrego o peito, com ele ainda de costas. Passo os

dedos, brincando com abdômen trincado, Lorenzo é enorme. Em


todos os aspectos.

Tanto em altura, quanto no porte. Me sinto uma formiguinha

perto dele. É alto, braços fortes e peito largo.

— O que está fazendo, Diana? — Sua voz sai arrastada e ele


se vira.
A sobrancelha junta, em uma expressão angustiada.

— Te dando um banho. — Digo o óbvio, voltando a pegar o


frasco de sabonete. Dessa vez vou espalhando pelos braços fortes,

enquanto ele apenas me encara.

Contorno a tatuagem em seu braço, sem parar de encará-lo


um segundo sequer.

A água vai tirando toda a espuma e sorrio, acariciando a


barba.

— Minha Bruxinha... — Ele fecha os olhos, suspirando


enquanto desço a mão para o seu pau duro.

É como tocar em uma rocha.

Tento fechar a mão, mas é inútil. Não fecha.

— D-Diana...

Nego com a cabeça e deslizo a mão, ainda o segurando,

desço lentamente, e voltando a subir.

Fico na ponta dos pés, encostando meus lábios aos seus.

O amo tanto, que dói.

Dói olhar para os seus olhos assustados e não poder fazer


nada.
— O... que está fazendo? — Sopra o ar contra os meus lábios.

— Tirando sua tensão... — Os olhos brilham e sorrio,

balançando a cabeça.

— Diana... — A voz soa rouca e volto a passar o polegar pela


glande robusta, que brilha.

Beijo o canto dos lábios, que se abrem, e volto a acariciar sua

barba, sem parar de movimentar a mão, fazendo-o gemer baixo.

Preciso tirar o foco da angústia que continua estampada em


seu rosto.

Me afasto dos lábios e espalmo a mão em seu peito. Saio


espalhando beijos pelo peitoral, delicadamente. Sentindo-o se
arrepiar por inteiro.

— Bruxinha... — Percebo-o engolir em seco e o encaro.

— Fica quietinho, por favor... Deixa eu tirar essa... Angústia de


você. — Peço baixinho, com o coração palpitando.

Ele não reluta, apenas me encara em silêncio e sorrio,

beijando o pescoço, apertando os braços e voltando a beijar o


peitoral.

Me abaixo lentamente, não querendo abusar da pausa em que

as dores me deram.
Mordo o lábio, fitando o pau duro, que chega a assustar

olhando assim tão de perto, mas quando está dentro de mim, é uma
ida ao paraíso dos prazeres.

O toquei de leve, de cima à baixo, sem quebrar o contato dos

nossos olhos. Aproximo minha boca, beijando a glande, passando a


língua lentamente e rodeando-a. Vejo Lorenzo pender a cabeça
para trás no mesmo instante.

Aumento as carícias, sugando por inteiro, passando a língua


pela longa extensão e chupando lascivamente. Tento ao máximo
levá-lo a fundo, mesmo sabendo que não conseguiria.

— Diana, inferno! — Lorenzo grunhi, segurando em meus

cabelos, sem brutalidade, mas com firmeza. Ele puxa o pau,


deixando apenas a glande em minha boca. — Inferno...

Contorno a cabeça, que lateja em minha boca. Chupo com

todo o desejo e ânsia que existe dentro de mim.

Gemo com o pau completamente enfiando em minha boca.


Lorenzo geme enquanto continuo a chupá-lo, com todo desejo e

luxúria que existem dentro de mim.

A língua indo e voltando, o gosto do pré-sêmen se dissolvendo


em minha boca. O seguro pela base, abocanhando e vendo-o fechar
os olhos, com a cabeça tombada.

Ao mesmo tempo em que minha mão o masturba, minha boca


o suga, às vezes lentamente, às vezes mais rápido. E quando suas

mãos seguram em meus cabelos, eu acelero os movimentos.

O primeiro jato vem forte e quente, o segundo... E o terceiro.


Lorenzo geme meu nome, que sai como um grunhido rouco, me
fazendo continuar até sentir os espasmos cessarem em minha boca.

É tudo tão intenso, sem pudor, sem vergonha, somos apenas


sentimentos. Me ergo com sua ajuda, os olhos cravados aos meus.

Perdidos...

— Grite... Quebre esse quarto... Fale, brigue comigo... —

Sinto-o tremer o queixo, me olhando. — Eu prefiro que faça isso,


que coloque pra fora. Diga alguma coisa... Por favor, só diga alguma

coisa.

O polegar abre meus lábios, fecho os olhos, ouvindo sua


respiração ofegar.

— Se vire. — Pede, segurando em meu queixo, me beijando

rapidamente.

Me viro, apoiando as mãos na parede fria. Lorenzo se põe


atrás de mim, se encaixando entre o meio das minhas pernas. Uma
das mãos segura meu seio, a outra fricciona meu pescoço
levemente.

Minha boca se abre no exato momento em que ele me penetra

fundo. Meu interior molhado, rapidamente acomoda o pau que


lateja.

— Lorenzo... — Gemo entre uma estocada e outra.

O quadril se chocando fortemente, me fazendo soluçar de


desejo.

Sinto sua respiração entrecortada em meu pescoço, o barulho


dos nossos corpos se chocando um contra o outro. O pau ereto e

duro, me fazendo arfar em cada arremetida intensa.

Lorenzo entra e sai, lento, duro e forte. A mão apertando meus


seios, segurando os bicos enrijecidos entre os dedos grandes.

Mordo os lábios, me curvando para trás.

Uma das mãos descem, parando em meu ventre, acariciando


a barriga e voltando para os meus seios.

— Minha Bruxinha...

Fecho os olhos, sentindo-o estocar e gemer meu nome ao


mesmo tempo, minha carne se abrindo para recebê-lo mais fundo,
apertando-o.
Gozo estremecendo, sentindo minhas pernas fraquejando
enquanto Lorenzo me apoia, apenas para ganhar impulso e urrar,

gemendo e grunhido em meu pescoço.

Chegando ao limite do próprio corpo. Ao clímax do seu prazer.

Saio do banho enrolada na toalha felpuda, enquanto Lorenzo

está de pé próximo da janela, usando uma calça de moletom preta e


sem camisa.

Olho para a bandeja intacta e volto a encará-lo.

E sem eu esperar, ele desaba em um choro agoniado. Caindo

sentado na cama, com as mãos no rosto, soluçando desesperado.

— Meu amor... — Me aproximo, ficando em pé na sua frente.


— Te ver assim acaba comigo.

Ele me puxa, abraçando minha cintura. Acaricio os cabelos


negros como a noite enquanto ele encosta o rosto na minha barriga,
soluçando descontroladamente.

Sinto apenas os movimentos aleatórios se formarem em minha

barriga, os chutes vindos como nunca antes. São fortes e intensos.


Lorenzo ergue o rosto me encarando e sorrio.

— Sentiu? — Indago, não conseguindo conter as lágrimas que


descem pelo meu rosto. — Você não está sozinho, Lorenzo... Nós
estamos aqui com você.

Acaricio seu rosto e ele nega com a cabeça.

As lágrimas grossas rolam pelo rosto e ofego.

— Eu não mereço vocês. — Diz e fecha os olhos.

Seguro em suas mãos, colocando-as novamente em minha

barriga.

Os movimentos ainda estão fortes, fazendo meu coração saltar


de tanto amor.

— Merece... E eles querem dizer isso pra você. Que somos

nós cinco agora, Lorenzo. — Sorrio afagando seu rosto.

— Eu amo vocês... Eu amo muito vocês. — Ele declara,


encostando a testa levemente na minha barriga.

— A gente também te ama, papai. — Sorrio o olhando. — Vai

ficar tudo bem.


Me remexo e abro os olhos devagar, piscando algumas vezes.

Diana me encara sorrindo, com as mãos juntas no rosto. Me viro de


lado apenas para encará-la fixamente.

Está linda com o rosto amassado e inchado.

Desço a mão, acariciando a barriga, tentando entender a

sensação que toma conta de mim quando sinto os movimentos dos


bebês. Foi uma noite infernal, mas tudo pareceu sumir quando senti

os chutes fazendo a barriga se mexer, de um jeito que me causou


arrepios.

Estou me sentindo perdido, assustado, fodido...

Não estou me sentindo digno de absolutamente nada.

Mas aí veio aquela avalanche de sentimentos, capaz de me


deixar desnorteado, com o peito transbordando de amor.

O mais puro e sincero amor.

— Estão dormindo, ficaram mexendo quase a noite inteira. —

Ela sussurra e assinto.

— Eu sei. Dormi com a mão em sua barriga. — Confesso,

engolindo em seco.

Não dormi como deveria, mas consegui relaxar o suficiente,

sentindo os movimentos cessarem, a barriga de Diana se


movimenta, fazendo várias ondinhas. E assim consegui relaxar,

deixando meu coração mais calmo.

Mesmo com a mente distante.

— Os três estão agitados.


— Estão sentindo que o pai também tá. — Ela sussurra
enquanto a puxo para os meus braços, apertando-a.

Beijo sua testa, afastando os cabelos.

— Eu teria feito uma besteira se você não estivesse aqui

comigo. — Confesso.

E teria mesmo. Estava fora de mim. Com tanto medo e culpa,

que parecia que iam me sufocar, me matar.

— Eu disse que estaria aqui. Que sempre vou estar.

Beijo sua testa, entrelaçando os dedos aos seus.

— Eu te amo, Diana. Te amo muito. Te amo tanto... Que rasga


o peito de dentro para fora. — Apoio o queixo no topo de sua

cabeça.

— Eu também te amo, Lorenzo.

Afago seus cabelos, sentindo o cheiro delicado.

Queria ficar deitado com ela em meu peito e esquecer o resto

do mundo, mas não ia conseguir. Tomamos um banho rápido e

tentei engolir um pouco de comida com muito esforço.

O esforço se chama Diana, que quase empurra uma torrada

com geleia em minha garganta.


— Come. — Manda, empurrando o prato em minha direção.

— Estou sem fome.

— Por nós quatro. Por favor. — Diz, fazendo a porra do

beicinho mais lindo que já vi na vida.

Isso é tão fodido.

— Apenas um pedaço. — Levo a torrada a boca, mordendo

sem muito entusiasmo.

A mesa de café da manhã que sempre estava cheia de


pessoas, conversas e algumas discussões, está vazia. Encaro a
cadeira que meu pai sempre ocupava e franzo o cenho quando sinto

a mão pequena afagar a minha.

— Ele vai estar aqui daqui a pouco.

Levo a mão aos lábios, beijando a pele delicada.

— Eu te amo, sabia? — Indago, olhando-a levar o garfo a

boca.

Assente sorrindo.

— Sabia.

Eu sou louco nesse sorriso.


Pego as chaves do carro e saímos juntos para ir ao hospital,

continuo com aquele aperto sufocante no peito.

O medo de chegar lá e receber a pior notícia da minha vida me


paralisa.

Ninguém ligou. Não mandaram nem mensagem.

— As únicas peças de roupa que cabem em mim agora, são


vestidos. — Encaro-a quando sussurra assim que paro no sinal

vermelho. Franzo o cenho enquanto ela passa a mão pelo vestido


azul. — E estão apertados.

Sorrio, sabendo exatamente o que ela está fazendo.

Tirando meu foco das coisas ruins que rodeiam minha mente.

— Daqui a pouco as cortinas vão ser as únicas peças de


roupas que vão caber em mim.

— Ou você pode ficar nua... — Brinco e ela me encara


escondendo um sorriso.

Mas realmente não seria má ideia. Coloco a mão sobre sua

perna, apertando-a com firmeza. Não demoramos muito para chegar


ao hospital, já que o trânsito está tranquilo.

Passamos pela saída de emergência de novo, para evitar os


repórteres que estão à postos para saber de qualquer notícia.
Entrelaço os dedos ao de Diana, como se procurasse um
apoio, que vêm de imediato. Passo as mãos pelos cabelos entrando
no elevador, olhando os números no painel passarem. E assim que

as portas se abrem e aquele ambiente frio de hospital se instala,


meu coração falha.

— Mamãe... — Ela se ergue, me abraçando de imediato.

Tia Catarina faz o mesmo e me desvencilho enquanto Tio


Thomas me encara.

— Ele vai ficar bem. Patrício é teimoso demais para ser

vencido assim. — Sorri, batendo de leve em meu rosto.

— Cadê o Chris? — Pergunto e me sento na poltrona ao lado


de Arthur e Patrick.

— Saiu agora de manhã, foi em casa tomar um banho e já


deve estar voltando. — Patrick suspira. — Heitor e Bianca saíram

agora de manhã também.

— Espero que não estejam transando no meu sofá. — Arthur

resmunga e sorrio. — E você? Como está?

Dou de ombros, fitando Diana em pé, ao lado da minha mãe e


da minha tia.
— Se não fosse ela eu teria feito uma besteira. — Confesso
sorrindo, balançando a cabeça e aponto para a barriga. — Se não
fosse eles também.

— Anww... — Arthur faz um bico apertando minha bochecha.

— Já virou papai babão, olha só Patrick.

Meu irmão sorri, me puxando e deito a cabeça em seu ombro.

— Meu caçula cresceu.

Se não aprendemos no amor, aprendemos na dor. E

infelizmente os danos nos amadurecem.

Estou apreensivo igual a todos ali presente, mesmo sabendo

que não tem notícias diferentes da noite anterior. Estão fazendo

exames e ele continuava no oxigênio.

Chris chegou com Ágata agora pouco, e até Helena está junto

com eles.

— Diana, está linda! — Helena sorri nos olhando. — Sinto

muito por seu pai, Lorenzo, e parabéns pelos bebês.


— Obrigado, Helena.

— Já sabem o sexo?

Diana nega sorrindo.

— Ainda não. Mas vamos descobrir em breve.

— Eu acho que são todas meninas. — Arthur sorri e me olha.

— Eu também. — Heitor completa. — Três menininhas, lindas

como a mãe.

Chris sorri e franzo o cenho, os olhando.

Quase sai da minha boca um: Vão se foder!

Mas me contenho.

Eu nem sequer pensei nisso.

Sexo dos bebês.

Meu Deus.

Sinto meu coração disparar quando o doutor se aproxima, nos

fazendo levar.

— Doutor...

— Como ele está? — Mamãe dá um passo à frente,


suspirando.
A tensão recai, e sinto a mão de Diana rodear meu braço.

— Ele está em coma induzido, apenas para mantermos o

quadro estável até ele poder acordar. — Ele nos encara e sorri. — O
perigo já passou.

Solto o ar preso em meus pulmões, que estava me sufocando


há tempos.

Graças a Deus.

O fardo sai das minhas costas.

— Ah Deus! — Mamãe sorri nos olhando.

A abraço forte, e logo Patrick e Chris fazem o mesmo.

— Eu estava com tanto medo. — Ela sorri limpando o rosto.

— Ele já pode receber visitas. — O médico diz.

— Eu posso vê-lo? — Peço de imediato.

Mamãe assente, segurando em minha mão e engulo em seco,

com o coração disparado e apertado ao mesmo tempo.

— Esse momento é de vocês. — Patrick diz, batendo em meu

ombro.

— A gente vai depois. — Chris diz, me olhando.


Estou com um bolo formado em minha garganta, daqueles que

impedem de falar e agir. Solto um "volto logo" quase sem emitir som
algum. Beijo a testa de Diana, e ando em passos largos pelo

enorme corredor.

— O senhor Gonzáles tem uma força de vontade muito

grande. — Encaro o doutor, parando ao meu lado para abrir a porta.

Engulo em seco, fitando-o.

Meu pai, deitado na cama repleto de aparelhos.

E ali, vendo-o tão frágil, sinto a agulhada do remorso me

tomar.

Não é o temido Patrício Gonzáles que eu tentava a todo custo


desafiar apenas para chamar atenção, não é o homem que me fez

casar a força e ameaçou tirar tudo de mim.

Não é mais o meu "inimigo".

É o meu pai...

Ouço a porta fechar, em um anúncio que estamos só ele e eu

ali.

Me aproximo da cama devagar, me sentando em um banco ao

lado, escutando o barulho dos aparelhos, e suspiro devagar.


— Acho que nunca pensei que teria medo de te perder. Mas eu

tive. Tive tanto medo. — Sussurro, vendo-o completamente imóvel.

— Você não pode fazer mais isso... Não pode mais me fazer sofrer...

Eu fiquei com tanto medo.

Sopro o ar e afago os cabelos brancos com as pontas dos

dedos, deixando algumas lágrimas rolarem.

— Mas aliviado também. Por que vaso ruim não quebra, né

velho?! — Sorrio entre as lágrimas que rolam, e balanço a cabeça.

— Você deu um susto na gente..., Mas você tem que sair daí logo,
como que vai implicar comigo estando aí?

Fecho os olhos, sorrindo.

— Aquela casa não é a mesma sem você. E parece ser mais

chata que o normal. — Acaricio os dedos imóveis e limpo meu rosto.

Soluço, abaixando a cabeça naquela cama.

— Brigar com você era a única maneira de ter sua atenção...


Então sai logo daí. — Sorrio por entre as lágrimas. — Sai logo daí,

para mim... Eu...

Mordo o lábio devagar.

— Para eu dizer que... Eu acho que te perdoo. Mas só se você

sair daí e parar de ser chato. — Sorrio, mexendo em seus cabelos.


— O senhor tem que ficar bom logo... Porque daqui a pouco, vai

conhecer seus netos.

Sussurro baixo e as lágrimas fazem eu tropeçar nas palavras.

— Eles têm que conhecer o avô deles. Para eles terem orgulho
de você, assim como eu... Sempre tive.

Dou uma pausa, tentando controlar a voz embargada.

Mas é impossível.

Impossível não sentir o desespero em meu âmago.

— Porque meu orgulho era bem maior do que... O amor que

eu tenho por você. — Passo a língua pelos lábios, balançando a


cabeça. — Eu preciso do meu pai aqui... Eu preciso de você.

Aperto forte os dedos finos, sentindo aquele aperto no peito

me tomar por completo.

Fecho os olhos, falando pela primeira vez, em alto e bom

som... Algo que nunca admiti ou falei em voz alta.

— E-eu... — sussurro e fecho os olhos.

Tomo o ar, segurando em sua mão e levando ao meu rosto.

— Eu te amo, pai.
— Graças a Deus que ele está bem. — Ágata suspira com a

mão no peito, se sentando ao meu lado.

— Foi um susto gigante. — Esfrego uma mão na outra e sinto

um alívio imenso em saber que o senhor Patrício está fora de

perigo.

— É um alívio para todos. — Helena aperta o copo de água

nas mãos assentindo. — Lembrei do seu pai quando teve o infarto

Ágata.

— Aí, nem lembra. — Ágata balança a cabeça. — Entendo o

medo de Lorenzo. Saber que pode acontecer algo pior, ele não se
perdoaria.

— Ele estava bem desesperado. — Mordo o lábio, lembrando

da noite anterior.

Ver o desespero em seus olhos, a inquietude. Lorenzo que


sempre foi tão forte, estava tão perdido e assustado.

Meu celular vibra insistentemente na bolsa e pego-o, vendo o


nome de Enrique na tela.
— Meu irmão. — Me ergo, pedindo licença enquanto deslizo
meu dedo pela tela. — Enrique?

— Oi, Diana. Acabei de falar com a Bianca e ela me falou que


não tinha novidades do caso de Patrício, como estão as coisas por

aí?

— O médico acabou de nos acalmar, Enrique. O perigo já


passou.

O suspiro de alívio do outro lado demostra o que todos


sentiram.

— Fico feliz que ele esteja se recuperando bem. E você?

Como está? Os bebês?

Mordo o lábio, passando a mão pela barriga.

Estou sentindo um pouco de dores na costa, que está


começando a me incomodar.

— Estamos bem. — Minto. — Está em casa?

— Estou. Mas agora que sei que o senhor Patrício está bem,
vou a Seattle resolver uns assuntos. — Franzo o cenho. — Elliot vai
levar uns documentos para você assinar, apenas por garantia.

— Garantia? — Indago, mordendo o lábio e sentindo a


pontada intensa me invadir.
— Nada para você se preocupar. Te ligo quando chegar lá. Se
cuida.

— Te amo. Se cuida também. — E encerra a ligação.

Deve ser algo sobre Luttero.

Meu irmão sempre foi discreto em relação aos negócios, mas


confio nele de olhos fechados.

Volto a me sentar ao lado de Helena e Ágata, e agora Catarina

também estava. A inquietação novamente me toma, mesmo meu


coração estando em paz, por saber que meu sogro ia ficar bem.

Lorenzo voltou alguns minutos depois, o rosto ainda

avermelhado denunciando que ele chorou, mas parece bem mais


tranquilo do que estava antes.

Thomas desceu para falar com os jornalistas que o irmão está

se recuperando e vai ficar bem.

— Eu preciso ir agora. — Helena se ergue, olhando no relógio


de pulso. — Preciso trabalhar, tenho um evento hoje para organizar.

— Vá passar uma tarde lá em casa com a gente. — Ágata a

abraça sorrindo. — Estou morrendo de saudades.

— Prometo que vou, minha Loira. — Ela sorri e vem em minha


direção. — Você está linda... Prometo passar uma tarde com vocês.
— Ela sempre promete e me passa a perna. — Ágata franze o
nariz sorrindo.

— Dramática. A gente se vê depois meninas. Dê um beijo em


dona Clarisse por mim.

Acenamos enquanto ela sai, se equilibrando nos saltos altos e

finos. Os cabelos ruivos caindo sobre os ombros. Helena é a fiel


escudeira de Ágata, e melhor amiga.

Me sento e mordo o lábio, sentindo uma cólica fraca, junto de


algumas fisgadas bem em cima do meu ventre.

— Está tudo bem? — Assinto, olhando Ágata me encarar. —


Ficou pálida.

— Estou... bem. — Engulo em seco, respirando fundo.

Não quero fazer um alarde por pouca coisa. Essas cólicas

sempre vêm e vão. Talvez fossem as cólicas de treinamento.


Gravidez de trigêmeos são delicadas, isso é óbvio.

— Mamãe ficou lá? — Heitor pergunta, cruzando as pernas

quando se senta no sofá.


— Foi pra casa. Mas vamos voltar mais tarde,

estamos revezando. — Arthur suspira. — Patrick e papai que


ficaram lá.

— Cadê os pestinhas?

— Estão com meus pais. Henry e Clhoe ficam perguntando a

todo momento pelo avô, e pra eles não sentirem a tensão, deixei
eles lá. — Ágata explica e Chris assente.

Estamos na sala de estar, passamos a manhã no hospital, e

pela melhora do senhor Patrício, não precisava e nem teria como


ficar tantas pessoas.

Bianca está sentada ao lado de Heitor, me encarando

enquanto sorrio.

Não estou me sentindo tão mal quanto antes, mas a dor chata
persiste em me cutucar. Além dos bebês que mexem sem parar,

causando um redemoinho em minha barriga.

— Estou com fome. Não servem nem um lanchinho nessa


casa não? — Heitor indaga, passando a mão pela barriga.

— Esse moleque parece ter uma cratera nesse estômago. —

Arthur rebate, olhando o irmão.

— É magro de ruim. — Chris sorri.


— Magro de gostoso. — Heitor se ergue, passando a mão pelo
peito. — Não vão me servir lanche não?

— Não. — Os meninos dizem em uníssono e sorrio.

— Quando eu vou na casa do Caleb, me servem pão, bolo,

café e ainda saio com dois filhotes de cachorro no colo. — Heitor


cruza os braços.

Lorenzo torce o nariz, apertando minha perna que está em

cima da sua.

— Vai pra casa do Caleb, então. — Lorenzo dispara.

— Olha ele, em Arthur... Olha ele. — Heitor se ergue olhando


para Bianca. — Quer fazer um rango?

— Não, estou cheia.

— Vou é comer. OH RITAAAAAAAA! EU TÔ COM


FOMEEEEEE!

— Heitor vai me deixar surda! — Ágata exclama.

— Heitor é escandaloso. — Arthur dispara.

Bianca dá um gargalhada, balançando a cabeça.

— Que foi, Bia?

— Nada gente. Credo.


Ao menos o clima está ficando melhor na casa, mais leve.

— Está calada... — Lorenzo sussurra e nego com a cabeça.

— Só estou um pouco cansada. — Assumo fechando os olhos.

— Quer dormir um pouco?

— Daqui a pouco. — Sorrio enquanto ele me fita um pouco


sério.

Não quero preocupá-lo.

Fazer alarde por nada.

E com toda certeza, é apenas cansaço dos dias difíceis, que


estão nos sugando.

Me remexo no sofá assim que Rita aparece com o interfone

nas mãos.

— É uma visita para a senhora, o advogado do seu irmão.

Assinto me erguendo.

— Obrigado Rita. Pode liberar, por favor.

— Advogado? — Lorenzo me encara, assim como todos ali


presente.

— Enrique disse que ele viria, pra eu assinar uns papéis. —


Explico, voltando a me sentar no sofá.
— Arthur? — Me viro, enquanto Chris o chama.

Arthur franze o cenho, arqueando uma das sobrancelhas e

semicerrando os olhos azuis.

— É sobre o seu pai? — Lorenzo indaga e assinto.

— Sim. Não sei ao certo. — Explico enquanto leva minha mão


aos lábios beijando o dorso.

— Pode deixar Ritinha, eu atendo. — Bianca salta do sofá,


assim que a companhia soa.

Percebo Chris encarar Lorenzo, que encara Arthur, que

continua sentado com cara de poucos amigos. E eu não faço ideia


do motivo.

— Boa tarde. — Elliot entra sorrindo e nos encarando. — Sinto

muito por ter vindo nesse momento, mas preciso da sua assinatura
Diana.

— Tudo bem, Elliot. — Assinto e Lorenzo o encara fixamente.

Ágata me fita e Bianca coça a cabeça disfarçadamente.

Chris solta um pigarro e o cumprimenta rapidamente.

Por que eles parecem tão desconfortáveis?


Elliot é advogado de Enrique há uns meses, e cuida dos

negócios do meu irmão também. Não o conhecia diretamente, até a


gente começar a resolver o assunto da anulação do meu
casamento.

Arthur se ergue e Elliot o encara.

Os dois se olham fixamente.

Se Arthur tivesse visão a laser nesse momento, Elliot seria


apenas um monte de cinzas.

O clima é tenso e eles parecem se odiar de algum lugar.

E não estou me referindo da audiência.

— Arthur. — Elliot o cumprimenta sério.

Eles se conhecem?

— Elliot. — Arthur o fita de cima à baixo.

Tento encarar Lorenzo, que apenas acena com a cabeça.

Peço para ele se sentar e apenas Arthur e Chris ficam em pé.


Elliot se senta ao meu lado.

Os braços repletos de tatuagens coloridas, assim como o

restante do seu corpo.


Elliot chega a ser poucos centímetros mais alto que Lorenzo, e
é um loiro com olhos claros, faz o estilo bad boy.

Como sei disso?

Bianca levantou a ficha dele assim que soube que ele iria

advogar para mim e meu irmão.

— Bom... Não vou demorar muito, sei do momento delicado


que estão passando. — Elliot estende a pasta, tirando algumas

folhas de dentro dela. — Enrique já me mandou entrar com pedido


de medida protetiva para você, mas vamos também entrar com o
processo de abusos psicológicos.

Elliot me encara, e pego os papéis que ele me estende.

Tento disfarçar a dor que me toma de repente e respiro


devagar.

— Não foram poucas as coisas que ele fez. Então, você

precisa consentir para podermos dar entrada.

Mordo o lábio e Lorenzo me encara.

O mal-estar me tomando por inteira.

— É para garantir sua saúde mental Diana.

Engulo em seco, encarando os papéis na minha mão.


Sentimentos que estavam guardados, vêm à tona. Os gritos do
meu pai quando fazíamos algo que não o agradasse. As

humilhações disfarçadas de conselhos, a chantagem disfarçada de


carinho, coisa que nunca tivemos realmente.

— Posso? — Arthur pede e Elliot assente, então entrego os

papéis com as mãos um pouco trêmulas.

Sinto a mão de Lorenzo pousar em meu ombro, massageando-


o e fecho os olhos.

Arthur passa os olhos pelas páginas e nos encara.

— Concordo. Acho que você e seus irmãos têm todo o direito.

— Eudora jamais concordaria com isso. — Bianca cruza os


braços.

Elliot a encara.

— Enrique me falou.

— Mas eu quero tomar à frente do caso também. — Arthur


sorri. — Sou advogado da família Gonzáles, e prefiro ficar a par.

Chris o encara.

— Posso deixar uma cópia aqui. Você lê com calma e decide


Diana. — Elliot me fita e concordo.
Não estou conseguindo raciocinar direito, a cabeça pesa junto

com meu corpo.

Tantas informações.

— Esse sanduíche da Rita é igual um orga... — A voz de


Heitor ecoa por toda a sala e ele para abruptamente com o

sanduíche a caminho da boca.

Está petrificado no meio da sala.

Olhando para o...

— Elliot? É você? — Heitor indaga, colocando o sanduíche no

prato e entregando a Bianca, que o fita também, sem entender


absolutamente nada.

— Heitor?

— Ah meu Deus! Elliot! Caralho! Meu... Você... Cresceu para

cacete! — Heitor corre e Elliot sorri, apertando sua mão. — Caralho!


Velho... Meu Deus!

— Era só o que me faltava. — Arthur revira os olhos.

— Meu Deus! Você cresceu também... — Elliot sorri o olhando.


— Era um pirralho!
— Eu ainda sou... Olha minha carinha de neném! — Heitor

sorri, batendo em seu peito e nos encara. — Ele era meu melhor
amigo. Brincávamos feito doidos quando o Arthur namorava a Cami.

Arregalo os olhos, e Lorenzo coloca a mão sobre a testa no

exato momento.

Ah Deus!

Elliot é o irmão da ex noiva do Arthur!

O clima tenso se instala e Bianca apenas assiste, com os

olhos arregalados, comendo o sanduíche de Heitor.

Elliot encara Arthur, que não esconde o cara de ranço quando


o nome de sua ex é mencionado.

Tentamos ao máximo quebrar o clima que se instalou, é bem


pesado.

Passo a mão pelo pescoço, sentindo o suor descer por ele. A


noite está fria, e mesmo assim sinto o suor pingar do meu rosto.
Tomei um banho rápido, todos ainda estão na sala de estar.
Chegaram do hospital para descansar, mas fariam plantão até o
senhor Patrício acordar.

Minha barriga endurece no exato momento, e coloco a mão,


puxando o ar devagar. Fecho os olhos tornando a abri-los e uma dor
agoniante me invade.

— Diana... Lorenzo pediu para...

A encaro, sentindo a dor absurda me tomar.

Ágata corre, vindo em minha direção e arfo.

— Diana?

— Eu... — Tento falar, mas sinto tudo girar. — Ágata... Eu...

Balbucio as palavras e a dor me toma por inteira.

— Diana, calma... LORENZOOOOO!


L ...

Meus saltos ecoam pelo longo corredor, e paro em frente ao


enorme espelho, amassando os cabelos com as mãos.

Está magnífica. Vai dar tudo certo.

Digo para mim mesma, como um mantra.

A cada evento novo, eu me sinto eufórica e nervosa.


Como se fosse a primeira vez.

Pego a máscara preta de renda com pedras, colocando-a

sobre meu rosto a ajustando. Ela cai como uma luva, junto ao

vestido justo que uso.

Trabalhei o dia inteiro na produção desse evento

importantíssimo, em que o dono da boate foi rigoroso em cada

detalhe.

Eu amo o que faço.

— Faltam cinco minutos, senhorita Torres. — Minye diz e


assinto com a cabeça, lançando-lhe um sorriso.

Estou acostumada a planejar todos os tipos de eventos em


boates, já me sinto familiarizada com elas. Mas agora de outro

modo. Passo a mão pelo tecido, tirando qualquer vestígio de

amassado.

Caminho devagar pelo tapete vermelho estendido, observando


cada detalhe do meu trabalho. O lugar já é esplêndido por si só,

mas hoje... Está de parabéns.

Diferente do ambiente em que trabalhei por anos, e que fique

claro, nunca me envergonhei. Mas não havia garotas dançando, ou


qualquer outro tipo, pelo menos não aos olhos de todos. É
sofisticado, intrigante... Curioso.

A boate é toda visada para o BDSM*, o que está me deixando

mais nervosa ainda. Eu nunca planejei isso antes.

É um desafio, e eu nunca fujo de um.

A grande noite tinha recebido o nome de Secret Desire*

A noite do Desejo Secreto.

— O seu nome não foi recomendado atoa, senhorita Torres. —

Sorrio, vendo Anthony beijar minha mão. — Isso aqui está um

escândalo de magnífico.

Meu ego infla e sorrio.

— Eu espero que tenha atendido a todos os seus pedidos,

senhor Piazza.

Anthony é o dono da boate. Um homem na faixa dos trinta

anos, com uma elegância impecável. E gato, tão gato que dói
apenas de olhar.

Mas fuja de donos de boate, Helena. Fuja.

— Só preciso te pedir mais um favor. Meu sócio está

chegando, e ele odeia esperar ou ficar entre muita gente. Então


apenas o deixe passar, sem ele ser incomodado. — Seu tom é

suave e concordo prontamente.

Hummm. Esnobe.

— Sem nenhum problema, senhor. — Digo, ensaiando meu


melhor sorriso. — Seu sócio não será incomodado.

— Anthony. Pode me chamar de Anthony. — Acena sorrindo.


— A noite promete, senhorita Torres.

Mordo o lábio, vendo-o entrar no elevador com um sorriso

estampado no belo rosto.

Seguro o iPad nas mãos, virando de costas e soltando um

suspiro, verifico os nomes dos convidados, e se está tudo em seu


devido lugar.

Toda a tensão volta ao meu corpo enquanto caminho para o

bar.

— Você é de Nova York, né? — Olho para o lado, vendo a

moça do bar me encarar sorrindo. — Veio de tão longe?

— Não dispenso trabalho. — Digo sorrindo. — Com licença.

Sussurro e vou em direção a entrada, onde Minye sorri na


recepção, os primeiros convidados já se aproximam.
Todos mascarados e exalando uma elegância impecável.

— Eles são sérios, mas não mordem. — Minye diz sorrindo, ao

meu lado. — Ou mordem...

Reprimo um sorriso, a olhando.

— São bastante sérios mesmo. — Digo, olhando por cima do

ombro.

Todos aqui parecem fazer o chicote estalar.

São homens espetaculares, desfilando em ternos caríssimos,


super sérios e mal-encarados.

— Esses não chegam nem perto do Senhor Montgomery. —


Diz em um sussurro, me olhando como se contasse um segredo.

A máscara prateada deixando os belos olhos verdes, à mostra.

Minye deve ser alguns anos mais velha que eu, e parecia
conhecer cada sócio da boate com maestria.

— O sócio que não suporta gente? — Sorrio enquanto ela

assente.

— Anthony já deve ter te passado tudo. Pois é, ele intimida


qualquer ser humano. Gostoso, porém um arrogante.

Essa eu pago para ver.


— Ele vem sempre por aqui?

— Costumamos dizer que depende do seu humor. E todas elas

caem aos pés dele, como moscas. — Diz sorrindo e olha por cima
do ombro, me encarando. — Ava está me chamando. Me cobre

aqui, por favor? Volto em um minuto.

Ela sai rapidamente e encaro um casal se aproximar da


entrada, ensaio meu melhor sorriso assim que eles me passam seus
nomes e libero a entrada de imediato.

Aperto a caneta, mexendo-a nos dedos, para assinar no Ipad*

quando a mesmo escorrega feito sabonete por entre minhas mãos,


caindo no chão.

Reprimo um palavrão enquanto me abaixo para pegá-la.

Seguro a caneta nas mãos e paro, olhando os sapatos


ilustrados, que jurei que podia ver o meu rosto de reflexo.

— Senhor... — Vejo Minye sussurrar enquanto me ergo


rapidamente.

O par de pernas longas, vestidas em um terno impecável,

preto, assim como todas as peças que têm em seu corpo. Menos a
máscara, que é de uma prata reluzente, cobrindo metade de seu

rosto, o fazendo ficar ainda mais magnífico.


Olho para Minye, que sorri e abaixa a cabeça no mesmo
momento.

Fixo os olhos aos seus, semicerrando os mesmos.

— Senhor Montgomery. — Minye diz em um sussurro quase


inaudível.

Ele apenas lança um aceno de cabeça.

— Boa noite. — Digo, mas minha voz mal sai.

Ele para pôr um segundo, me olhando fixamente, o maxilar

cerrado e marcado.

Posso jurar que vi um quase sorriso se estampar em seu rosto.

Minye tinha razão, ele tem um poder de intimidar qualquer ser

humano.

— Boa noite... — A voz rouca me invade como uma corrente


de eletricidade. — Ele me encara e olha para o pequeno broche de

metal com meu sobrenome gravado. — Senhorita Torres.

O encaro, apertando o tablet em minhas mãos.

Qual é, Helena. Não pira.

Essa voz...

Onde já escutei?
— É um prazer recebê-lo, senhor. — Digo com a voz baixa.

Ele assente e se vira rapidamente.

Solto o ar devagar, olhando-o disfarçadamente, enquanto ele


entra no elevador.

Meu olhar encontra o dele e me viro sorrateiramente.

Ele não me é estranho... Não é.

Observo as portas se fecharem lentamente, e só então solto o


ar preso em meus pulmões.

Que homem é esse, meu Deus!

Que corpo.

— Por que não vai assistir? — Me viro, olhando Minye sorrir


maliciosa.

— Assistir o quê!?

A festa na lagoaaa, dããã!

— O quarto andar é só para membros, e tem salas de

voyeurismo. — Sussurra, olha para os lados e volta a me encarar.


— O senhor Montgomery escolhe uma mulher, que vai ser submissa

a ele por uma noite... E alguns convidados assistem.

Arregalo os olhos, a encarando.


— São salas reservadas, posso conseguir um cartão e você

consegue entrar numa boa.

Me mexo, desconfortável. Eu já ouvi falar sobre dominação e


submissão, só que apenas em livros. E internet.

Mas não passava disso.

A curiosidade me cutuca a todo instante.

— Estou trabalhando Minye.

— Todo mundo vai estar lá, Helena. Eu consigo dar conta de

tudo. Não é todo dia que se vê um homem daquele dominando


alguém.

Mordo o lábio, negando com a cabeça.

Não e não.

Isso é muito errado.

Só me dei conta da loucura, quando cheguei no quarto andar e

as portas do elevador se abriram. O corredor é extenso e com

espelhos por todo o local. Paro em frente a porta dupla espelhada,


passando o cartão de acesso, vendo a luz verde liberar minha

passagem.
As batidas do coração aceleradas. A adrenalina correndo em

minhas veias.

Ótimo. Estou excitada.

Olho as portas pretas com números em dourados, entrando

rapidamente.

A sala é ampla e bem decorada, uma poltrona vermelha em


frente a um enorme vidro fumê.

Me aproximo do vidro, vendo um quarto com luzes fracas, a


cama com dossel e várias amarras.

É como se eu estivesse dentro do quarto, e ao mesmo tempo

não. Espalmo a mão sobre o vidro, vendo os diversos tipos de


chicotes e cordas.

Uma espécie de poltrona no meio do quarto, então só aí


percebo uma mulher, de joelhos no canto do quarto. Ela está de

costas, completamente pelada.

Me afasto, cruzando os braços, embasbacada.

Como alguém pode sentir prazer com várias pessoas

observando?!

Isso é loucura.
Me afasto, pronta pra sair, só que a porta do quarto se abre.

Coloco a mão sobre a boca quando o senhor Montgomery

aparece, sem camisa, apenas de calça. A máscara ainda em seu


rosto. Me pego observando o peito, o abdômen.

Mas o chicote me chama a atenção. As veias do braço e mão


saltando.

— Erga-se! — A voz rouca diz em alto e bom som.

Observo a mulher se erguer e só então percebo as correntes

em seu tornozelo.

Coloco a mão sobre a boca.

Onde você se meteu Helena?!

Observo a pele alva se arrepiar, quando lentamente passo o

chicote de couro por toda extensão de sua costa, descendo até às

nádegas, tornando a subir.

— Ajoelhe-se.
—Sim, senhor... — Sussurra.

A bela jovem de cabelos castanhos, que caem como cascata,

ajoelha-se em minha frente, me fitando com um certo brilho nos

olhos, um misto de expectativa e tesão.

Mas no fundo, eu sei que o sentimento que desperto nela, é

medo.

E eu amo isso.

Eu provoco isso nas pessoas, pelo meu modo implacável,

tanto nos negócios, como na minha vida particular, que eu


mantenho guardada a setes chaves.

Porque ninguém conhece o verdadeiro Enrique.

Um gemido me desperta do devaneio, e automaticamente

bato nas nádegas de Karina, de uma forma tão forte que o vermelho

predomina a pele clara.

Massageio o local avermelhado enquanto percorro o chicote

por sua espinha.

O fato de saber que há pessoas por trás do espelho,

observando tudo, me dá uma ânsia de poder imenso.

— Na nossa última sessão, você gozou antes da hora Karina.

Eu não me esqueci disso. — Sem que ela espere, acerto outra


chicotada na sua nádega direita

— Perdão, senhor...

— Calada, eu não deixei você falar. — Acerto outra chicotada,

mais forte dessa vez.

O gemido sôfrego quebra o silêncio mais uma vez.

— Você está muito desobediente, Karina. — Dou a volta,

ficando em sua frente e fitando os olhos cor de chocolate. — Erga-


se!

Ela se ergue e me aproximo mais dela, segurando seu

pescoço com um pouco de força.

— Por isso, hoje esta sessão, vai ser única e exclusivamente...

Para o meu prazer. Entendido?

Ela assente.

— Entendido?

— Sim... Sim, senhor.

Um meio sorriso perverso se apossa do meu rosto enquanto

desço uma das mãos para os seios fartos, apertando-os, prendendo


o bico enrijecido entre os dedos.

Karina pende a cabeça para trás, soltando um gemido alto.


Abro lentamente suas pernas, erguendo o chicote e acertando
agora o meio de suas pernas.

— Eu não mandei você gemer. — Digo, olhando-a morder os


lábios, prendendo um gemido.

Prendo suas mãos na altura da cabeça, passando a língua


pelo queixo, descendo até o pescoço. Me afasto levando-a comigo
até perto da cama, ergo o braço, puxando a barra de ferro.

Prendo suas mãos, apertando-as com força acima da cabeça.

— Ohhh... — A respiração acelerada.

— Está me fazendo perder a paciência. — Digo, olhando-a.

Retiro as algemas de seus tornozelos, jogando-as em um lugar

qualquer do quarto.

Caminho lentamente até a gaveta, abrindo-a e pegando alguns


assessórios, me viro, olhando Karina retorcer as pernas e morder os

próprios lábios.

— Você vai ser castigada. Sabe o porquê, Karina? — Digo, e


vejo ela arregalar os olhos.

— S-sim... Sim, senhor. — Assente e percebo que está com o

queixo trêmulo.
— Quero que me diga. — Seguro o chicote com uma das
mãos. — Sem tremer.

Sorrio diabolicamente.

É indescritível a sensação de estar no controle. Eu não preciso


disso, eu necessito, estar no controle.

De todas as formas possíveis na minha vida.

— Não o saciei como o senhor queria.

Ergo seu queixo com o ponta do chicote, batendo de leve em


seu rosto, fazendo ele descer pelo seu pescoço, acertando um dos
seios, e desço pelo meio de suas pernas.

— Se você ao menos soltar um gemido, ou qualquer coisa


parecida... Garanto que vai se arrepender. — Sussurro em seu
ouvido, enquanto penetro dois dedos em sua carne macia.

Seguro o pequeno vibrador interno nas mãos, vendo o

desespero nos lindos olhos.

— Chupe-o.

Seguro o pequeno objeto entre os lábios, vendo-a sugar no

mesmo instante, a língua ávida, nervosa.


— Abra bem as pernas. — Mando e ela se mexe
desconfortável, abrindo as pernas.

Vejo-a morder os lábios e fechar os olhos quando introduzido o


vibrador. Karina se contorce, esfregando uma perna na outra.

O Desespero nem tinha começado. Me afasto, pegando meu

celular e passando o dedo pela tela dele. Observo o desespero


nítido em seus olhos. A vontade de gritar quase saindo pela sua
garganta. E eu estou louco para ela me desobedecer.

Pobre Karina.

Aumento a velocidade, passando o dedo pela bolinha do


celular, minuto descendo, minuto subindo.

As mãos ávidas seguram-se nas algemas acima de sua

cabeça, um filete de suor descendo pelo pescoço enquanto ela me


encara com súplica... Quase implorando.

— Vai me desobedecer novamente? — Pergunto,

intensificando a velocidade e olhando-a se contorcer.

— N-Não...

Me aproximo, segurando na parte de trás de seus cabelos.

— O que você disse?


Uma lágrima desce de seus olhos e ela me fita.

— N-não, sen-senhor...

Suspiro, desligando o vibrador e jogando meu celular sobre a


cama. Retiro o vibrador, sentindo o objeto escorregadio.

Só então decido acabar com o seu desespero. Seguro uma de

suas coxas, baixando o zíper da minha calça e me enfiando dentro


dela.

Gemo contra seu pescoço, ouvindo o grito de êxtase se

romper de sua garganta.

Puxo sua cabeça para trás, puxando os cabelos levemente, a


outra mão apertando o seio alvo.

— Ohhh meu... — Ela geme alucinadamente quando

tiro as algemas.

A coloco sobre o divã, deitando-a de bruços.

Eu já não sou mais eu.

A penetro fundo, sentindo cada centímetro de pele me engolir.

Abro as bochechas de seu magnífico bumbum, me enterrando


fundo, ouvindo o gemido de desespero me invadir.

É um prazer que não dá para controlar.


Os gritos de dor ecoando, estão sendo causados por mim.

Fecho os olhos, me deleitando do mais puro e insaciável


desejo.

Desligo o chuveiro, pegando a toalha enquanto minha testa

está colada na parede fria do box, me seco rapidamente e visto o


terno.

Me encaro no espelho, colocando a máscara novamente. O

êxtase está estampado no meu rosto. Solto o ar devagar, abrindo a


porta e saindo.

O enorme banheiro fica dentro da minha sala, não me privo

das regalias que meu trabalho me proporciona.

Me sento em minha cadeira olhando meu celular, pelo horário,


não quero atrapalhar o que eu tenho de mais precioso nessa vida.

A preocupação com minha irmã é a única coisa capaz de me

tirar de órbita em segundos.

Diana é a única coisa boa que tenho.


A luz no meio de toda escuridão que é a minha vida.

Deixo o aparelho na mesa, saio da sala e pego o elevador,


massageando suavemente as têmporas. Ser sócio majoritário de um

clube não é fácil, ainda mais quando se carrega uma vida dupla.
Mas quando se faz isso há anos, você acaba acostumando-se.

— O que deseja, senhor? — Me aproximo do bar e peço sem

rodeios.

— Whisky. Sem gelo. — Digo, me sentando no banco.

O bar está mais vazio do que o esperado, o barman me


entrega o copo e sorvo um gole generoso da bebida.

Estou ansioso e inquieto, sentindo a adrenalina ainda me


tomar.

Observo o ambiente bem decorado, e está impecável.

Realmente a promoter que Anthony falou é muito boa.

— Preciso de uma bebida. Forte.

Encaro a mulher ofegante parar quase ao meu lado e parece


não ter percebido minha presença aqui. O vestido preto colado ao

corpo curvilíneo é espetacular.

Os cabelos ruivos modelando a máscara que enfeita seu rosto.


Ela me olha e só então parece perceber minha presença.

— Ah meu Deus! — Sussurra.

— Sugiro Bourbon. — Digo, bebendo.

Ela me fita séria e olho para os seios fartos, meio escondidos


sobre o tablet que ela segura nas mãos.

— Conhecendo o clube? — Indago, colocando o copo sobre o

balcão.

Ela me fita. E meus olhos desviam pela boca rosada.

— Não... Digo, sim! — Diz, pegando o copo nas mãos e


bebendo o líquido de uma vez só. — Ah droga.

Me ergo, apoiando o braço no balcão e a encarando.

— Estava me olhando? — Digo sério, vendo-a piscar diversas


vezes.

— Por quê? — Indaga me olhando.

Observo o movimento de seus lábios.

— Sinto o cheiro de sua excitação daqui.

Ela se encosta no balcão, me olhando fixamente, sinto vontade


de arrancar aquela máscara, junto com a sua roupa.

Sorrio internamente.
Flertar não é muito meu forte e confesso não ter paciência.

— Isso realmente te excita? — Pergunta me olhando e me


pegando completamente de surpresa. — Prender as mulheres?
Deixá-las a sua mercê?

— No momento o que está me excitando é você.

Ótimo. Eu acabei de flertar com uma desconhecida.

Nem tanto. Porque eu posso jurar que já tenha visto ela.

— O que disse? — Diz em um sussurro.

Passo a língua pelos lábios, tomando o restante do líquido em

meu copo.

— O clube tem ótimos contratos. — Sussurro baixo. — Espero


que assine um deles.

Saio, deixando-a parada me encarando, enquanto subo as


escadas.

Abro a porta, olhando Anthony sentado, fumando um de seus


charutos.

— Hoje você está terrível, Enrique. — Diz se erguendo e


sorrindo.
Ele é um dos meus poucos amigos, o mesmo que me fez
entrar nesse mundo há 15 anos. É meu sócio também, e alguém em
quem eu confio.

— E sua irmã? Como está?

Me sento na cadeira a sua frente, olhando-o tirar a máscara


preta e jogar sobre a mesa.

— Vai ficar bem. Elliot já está movendo o processo contra o

velho. — Digo, tirando a minha máscara também.

— Ainda bem que você conseguiu vir.

— Sabe que não te deixaria na mão. Estava precisando

extravasar.

E estava mesmo.

Estão sendo meses loucos.

— Tudo vai se resolver. — Diz me olhando. — O que achou da

noite? Magnífica, não é? Os sócios ficaram loucos.

— Está tudo perfeito. Trouxe mesmo a promoter? — Indago e


ele sorri.

— Claro. É magnífica. — Se debruça sobre a mesa, pegando o

telefone. - Minye, peça para a senhorita Torres vir na minha sala, por
favor.

— Quero contratá-la fixamente, ela é excelente. Pedi para ela


te recepcionar.

— O que?! — Digo o olhando.

A porta se abre atrás de mim.

— Senhor Piazza. — A voz doce invade o ambiente.

— Quero te apresentar meu sócio e melhor amigo, Enrique.

Me viro, olhando-a tirar a máscara e me encarar, com os olhos


levemente arregalados.

— Helena, esse é Enrique. Enrique essa e a prometer da noite,

Helena.

Eu dispenso apresentação. Porque eu conheço esse rosto


muito bem.
— Amor...

Fecho os olhos, puxando o ar que parece não vir, meus olhos


lacrimejam de medo. Um medo tão grande e assustador que achei

que nunca seria capaz de sentir.

— Vai ficar tudo bem... Eu estou aqui.

Encaro Lorenzo, que está ao meu lado enquanto Chris dirige


com rapidez invejável. Eu não estou conseguindo falar muito, com
as dores, uma em cima da outra, sinto como se minha coluna fosse

se partir ao meio.

— Lorenzo... — Sussurro, o olhando negar.

— A gente está chegando... Calma... Por favor... Por favor... —


Sua voz soa baixa, enquanto as mãos rodeiam meus braços,

prendendo-me em seu corpo.

No rosto, estampado o mesmo desespero do momento que ele

entrou no quarto, quando Ágata berrou, fazendo todos entrarem de

uma única vez.

As dores absurdas fazem meus dentes trincarem, a

inquietação absurda me toma, e encaro Lorenzo entrelaçar os

dedos aos meus.

— Eu estou aqui, Bruxinha. Estou aqui. E vai ficar tudo bem.

Assinto mordendo o lábio. Fecho os olhos, sentindo lágrimas

rolarem devagar por minhas bochechas. O caminho parece mais


longo que o normal, uma demora que me faz tremer.

Sinto os braços me apoiarem enquanto fito o teto, as luzes

fluorescentes turvas e ouço apenas a voz de Lorenzo, tão distante e

tão perto ao mesmo tempo.


— Ela está grávida de trigêmeos... E passou mal do nada...
Dores... Eu não sei explicar...

— Calma, Lorenzo! — A voz de Chris ecoa, tentando soar

calmo.

É um burburinho de vozes, meus olhos pesando e o suor frio

tomando todo meu corpo. O desconforto nas costas, as dores


intensas em meu ventre.

Sinto a agulha perfurar meu braço, a sensação do soro frio em

minhas veias, que parecem queimar. Minha pressão é verificada e

vários aparelhos são ligados em minha barriga.

Viro o pescoço, encarando Lorenzo ao meu lado, meus olhos


pesando tanto, que mal consigo deixá-los abertos.

— A pressão está alta, vamos medicar sua esposa, para poder

baixar. Ela vai precisar fazer o máximo de repouso possível. —

Ouço o médico falar alto, enquanto retira o medidor do meu braço.

— Vamos ouvir o coração dos bebês..., Mas preciso de toda sua

dedicação para contornamos essa situação, senhora Gonzáles.

Assinto levemente, sentindo as lágrimas descerem devagar.

— Vai ficar tudo bem, não é doutor? Ela está se alimentando

bem. Eu mesmo vou cuidar de tudo... E deixá-la em repouso vinte e


quatro horas por dia. — Lorenzo se aproxima, cruzando os braços.

— Evitar os estresses e perturbações. Gravidez gemelar já não

é fácil, de tri gemelar, o cuidado tem que ser maior ainda. — Ele

explica nos encarando. — Descanse Diana, o remédio vai começar


a fazer efeito e você precisa relaxar. Aí então podemos ver como

estão esses bebês.

Pisco algumas vezes, sorrindo e sentindo as dores diminuírem


aos poucos.

Lorenzo se aproxima e beija minha testa.

— Você quer me matar do coração Bruxinha? Você acha que


eu aguento mais um susto desses? — Indaga e nego veemente,

sentindo meu queixo tremer o olhando.

— De-desculpa...

Ele nega, se sentando ao meu lado.

— Não foi culpa sua Diana. Mas você ouviu? Repouso...

Repouso absoluto, e não vai sair do quarto para nada, ouviu? —


Diz, engolindo em seco e apertando os dedos entre os meus.

— Fiquei com... Medo. — Confesso o olhando puxar o ar,

passando as mãos pelo cabelo.


— Eles nem nasceram e acham que podem me tapear desse

jeito? — Sorrio o olhando franzir o cenho.

A mão enorme pousa em minha barriga, acariciando-a


devagar.

— Vão ficar de castigo quando saírem daí... — Ele sussurra


sério e sorrio de lado. — Quanto a você, Bruxinha. Não vai sair da

cama, nem que eu tenha que te carregar no colo e te trancafiar no


quarto.

— Vai ficar comigo? — Indago, vendo-o sorrir enquanto

assente levemente.

— Até o fim da minha vida.

Mexo o braço com cuidado, observando o soro cair. Não

consegui pregar os olhos, ansiosa para saber como os bebês estão.

As dores já foram embora, mas ainda estou um pouco tonta e

com os olhos bem pesados. Sorrio, olhando Lorenzo em pé, perto


da janela, me encarando.
Estamos esperando o médico preparar os equipamentos para
fazer o ultrassom.

— Está nervoso? Vai vê-los pela primeira vez... Dentro de mim,


é claro.

— Estou ansioso. Apenas. Não é como se eu fosse chorar... —

Ele dá de ombros, passando a língua pelos lábios.

Escondo um sorriso, assentindo.

— Eu chorei quando ouvi os corações batendo pela primeira

vez. — Assumo, vendo-o passar as mãos pela barba.

Chorei tanto naquele dia, por não o ter comigo, ao meu lado.
De saudades. De medo. Bianca que estava comigo, e nem ela
conseguiu conter as lágrimas que escaparam.

— Acho que aos poucos está caindo a ficha que vamos ser

pais de três bebês... — Ele cruza os braços, balançando a cabeça.


— Aliás, ainda está caindo a ficha que vou ser pai.

— É louco, eu sei. Mas já sinto o maior amor do mundo.

Ele assente sorrindo, negando com a cabeça.

— São univitelinos... Vão ser idênticos. — Confesso baixo.


Lorenzo pisca diversas vezes, dando umas risadas de leve.
— Mesmo sexo?! Todos os três?!

Concordo com a cabeça, contendo uma risada enquanto o

encaro.

— Caralho! Eu vou ser pai de trigêmeos do mesmo sexo! —


Suspira e solta um longo sorriso me olhando, ele dá uma pequena

pausa e infla o peito. — Três garotões...

Ergo as sobrancelhas, o olhando.

— Podem ser meni...

— Meninos! Homens! Garotos! — Diz rapidamente. —


Certeza! Eu sempre soube que seria pai de menino... Agora vou ter

uma prole!

— Bobo... — Balanço a cabeça, engolindo em seco e me

remexendo devagar na cama. — Eu te amo. — Digo alto,

percebendo a surpresa em seu olhar, mesmo que eu já tenha falado

isso diversas vezes. — Eu te amo muito, te amei desde o primeiro


dia que te vi. Quando desci as escadas da casa do meu pai e você

estava lá, querendo me exterminar da face da terra.

Fecho os olhos pesadamente, e abro de novo, Lorenzo franze

o cenho, ficando sério.


— Te amei quando caminhei até você no altar, mesmo odiando

aquela situação. Te amei quando me entreguei a você pela primeira


vez, Lorenzo... — Sopro o ar devagar e a voz embarga. — E quando

a gente ama tanto alguém assim... O amor transborda, e eu

transbordo de amor todos os dias, com essas crianças aqui dentro.


Porque elas são um pedaço seu, que eu terei pelo resto da minha

vida.

A voz sai arrastada, se misturando as lágrimas e ele se


aproxima, beijando meus lábios com fervor e calmaria ao mesmo

tempo.

— Bruxinha... — Segura em meu queixo, arqueando-o. — Meu

amor... Eu que transbordo de amor por vocês. Eu que sou a porra

do homem mais completo e feliz, por causa vocês. Por vocês, meu

amor.

Assinto, colando a testa na sua.

— Nosso amor se triplicou, Bruxinha.

— Eu te amo. Te amo...te amo...te amo...

— Quatro "eu te amo"?

— Te amo, muito mais que isso.


EU QUERO GRITAR.

CARALHOOOOOOO!

Abro os primeiros botões da camisa, e encosto a porta do

quarto, deixando Ágata, Bianca e mamãe junto com Diana. Minha


mãe veio correndo, assim que soube que estávamos no hospital

com a minha Bruxinha.

Estava tão nervoso, que meu cu não passava nem um fio de

cabelo, e eu nem sabia ao certo por quê.

Primeiro, eu estava com medo por Diana e pelos bebês.


Depois eu fiquei preocupado. E depois, mais preocupado ainda.

E eu não entendo o por que esse sentimento em meu peito.

Mas é fodida essa inquietação do caralho.

— Você está pálido. — Arthur fala enquanto me sento no sofá,


onde ele e os meninos estão.

— Ela está bem, né?! — Patrick me fita e assinto.


— Deixa a alma dele voltar para o corpo antes. — Heitor sorri,

me olhando.

— Lorenzo? — Chris indaga e o encaro.

Fito os quatro, que me encaram atentos e suspiro.

— Lorenzo? — Arthur estala os dedos em meu rosto.

— Eu fiquei com medo... Caralho. Eu fiquei com muito medo.

— Confesso enquanto eles me encaram fixamente. — E eu estou

com medo ainda.

Estou com um medo do caralho.

— Mas Diana está bem Lorenzo. — Patrick me fita e Chris


assente. — Só vai precisar ficar em repouso e se cuidar, para daqui

a pouco os bebês estarem aí... Fortes e saudáveis.

— Vai dar tudo certo, caralho. — Heitor sorri. — Fica com

medo não.

É um medo diferente do que estou acostumado a sentir, como


se soubesse que algo pode acontecer e dar errado. Muito errado.

Diana vai ficar em repouso até esses bebês nascerem, nem


que eu a carregue no colo até o dia do parto.
— Vocês ainda podem transar? — Heitor dispara e o

encaramos.

Franzo o cenho.

— Acho que não... — Arthur franze o cenho.

— Se ela tem que ficar em repouso, você não vai poder molhar

o pirulito.

— O sexo nesse momento é o que menos importa para mim. A


saúde da minha mulher e dos meus filhos está em primeiro lugar.

Balanço a cabeça, quando Arthur e Heitor caem atônitos, no


sofá. Chris e Patrick estão petrificados, me encarando com olhos

arregalados.

— Ai meu Deus... Aí Deus... — Arthur arfa, com a mão no


peito, fingindo que suas mãos estão trêmulas.

Reviro os olhos.

— Ouviram isso? Ouviram? MEU DEUS! — Heitor ofega,

tremendo o queixo.

O drama está no sangue dessa família.

— É... Nosso irmão criou juízo. — Patrick sorri.

— Estou arrepiado. — Chris balança a cabeça.


Mordo o lábio, enquanto os quatro soltam altas gargalhadas.

Mesmo exalando tensão, eles conseguem me deixar mais

tranquilos, mesmo caçoando e tirando sarro da minha cara.

São uns paus no cu.

— Que horas vai ser a ultra, em? — Arthur dispara me

olhando.

— Assim que Diana melhorar um pouco. — Chris olha para o

relógio em seu pulso. — Daqui a meia hora, no máximo.

— Três bebês em uma única trepada... — Heitor diz me

olhando e dá batidas de leve em meu ombro. — Você está muito

fodido!

Finjo um sorriso o encarando.

— Eu ainda não estou acreditando que esse pau molenga, foi


capaz de fazer três bebês. — Arthur balança a cabeça, me

encarando.

— Inveja porque meu esperma é poderoso pra caralho! Eu sou

pica! — Digo, ajeitando minha camisa. — Vou ser pai de três! Três...

— Três meninas... — Heitor completa e estiro o dedo do meio


em sua direção.
Apenas em pensar nessa possibilidade, sinto o oxigênio do
meu cu faltar.

Existe a possibilidade? Existe.

Mas eu sempre fui uma pessoa boa. SEMPRE.

Tá bom, na maioria das vezes eu era um canalha do caralho,


mas eu mudei. Mudei.

Oi, Deus, sou eu de novo.

— Vão ser três garotões! As picas master, donos da porra

toda!

Todos começam a gargalhar, e a recepcionista faz o barulho

de shiiiii em nossa direção.

— Não importa o sexo, Lorenzo, o que importa é que estão

todos bem. — Patrick assente sorrindo.

— Com certeza.

Arthur sorri, enquanto abre a carteira e tira algumas notas.

— Quinhentos mangos, que são todas meninas! — Diz sério,

arqueando a sobrancelha.

— Ah caralho, eu amo uma aposta! — Heitor sorri.

— Arrombado, desgraçado! — Disparo o olhando. — Traidor!


— Eu coloco duzentos! — Heitor se manifesta.

— Só isso Heitor? — Arthur o encara.

— Eu não vou gastar meu suado dinheirinho!

— Eu coloco mais quinhentos! — Chris diz, balançando umas

notas.

— Vocês são os piores familiares que eu já vi na vida. Desejar


isso para mim?! — Digo com a mão no peito. — Não esquece que
você tem uma filha, Christopher! Clhoe vai crescer, e se puxar

Ágata, vai fazer muito marmanjo...

— Praga de urubu, pega no olho do seu cu, Lorenzo! — Meu


irmão dispara.

— Eu vou colocar quinhentos também. — Patrick diz sorrindo.

— Santo do pau oco! Tá todo mundo contra mim, é isso? —


Fito os quatro que estão rindo feito hiena.

Arthur abana a cabeça e bate em meu ombro. E Chris

completa:

— Todo mundo vai passar por isso um dia.

— Vai se lascar! Eu mesmo, não! Isola aí... — Arthur dispara,

apontando o dedo para Heitor. — Bate nessa madeira aí, caralho!


— Bate no meu pau! — Heitor gargalha.

Reviro os olhos, sobre a patética aposta dos quatro.

Engulo em seco balançado a cabeça e mordo o lábio devagar,

me remexendo no sofá, encarando-os.

— Preciso falar sério com você agora, Arthur.

— Fala.

— Quero que ligue para a Keyla e peça para ela ir até a

empresa amanhã, sem falta.

— Que Keyla? — Todos perguntam em um uníssono, me


olhando.

— Keyla, a safada que tramou contra você? — Heitor dispara.

— Essa daí mesmo.

— Maior gostosa, a bandida. — Heitor sorri.

— E o que você quer com aquela mulher, Lorenzo? — Chris


diz, balançando a cabeça. — Sabe que Diana não pode passar por

fortes emoções, ou raiva.

— Diana não precisa saber de nada, até que eu conte. — Me


afasto sob o olhar curioso de todos.
Eu já tenho tudo na minha cabeça, cada coisa feita, seria muito
bem pensada.

Estou alimentando meu lado mau desde que Elliot saiu da


minha casa, daremos uma rasteira maior do que aquele velho pau
no cu está esperando.

— Está aprontando alguma... — Patrick completa.

— O que vai fazer, Lorenzo? — Arthur semicerra os olhos, me


encarando.

— O pai da Diana vai se arrepender de mexer com a minha

família, com a minha mulher! Fazendo-a passar por momentos


inoportunos enquanto está em um momento delicado da gravidez!
— Digo com a garganta trancada, como se estivesse repleta de

cacos de vidro, tamanho o ódio que eu estou sentindo. — Quero


Luttero me implorando por misericórdia.

— Lorenzo malévolo está de volta! — Arthur diz baixo. —

Deixa comigo meu gostoso.

— Lorenzo justo, está voltando. — O corrijo sorrindo.

— Não faça nada que vá se arrepender depois, Lorenzo. —


Patrick aperta meu ombro.
— Não vou, Patrick. Não quero vingança, quero justiça! Luttero

sempre prezou pelo dinheiro, acima de qualquer coisa está o


dinheiro. — Passo a mão pela barba sorrindo.

Isso está rodando em minha cabeça, e eu só preciso pôr tudo

em prática. E vou precisar do Enrique também.

— Nada mais justo que o deixar... Sem absolutamente, nada.


Quero-o na miséria.

É raiva, o que corre em todas as minhas veias nesse

momento.

A raiva por ele ter feito tudo aquilo com a própria filha.

— Acho justo. — Arthur sussurra e me remexo, olhando

mamãe sair da sala.

— Patrício vai ficar feliz quando acordar... — Diz sorrindo e se


sentando ao meu lado. — Estava ansioso para saber se são
meninos ou meninas.

— Queria que ele estivesse aqui. — Digo e ela segura uma de


minhas mãos.

— Daqui a um pouquinho ele estará aqui, para comemorar

com todos nós meu amor.


Papai está se recuperando em seu tempo. Estamos no mesmo
hospital e tio Thomas não sai de perto dele por nada. Nem a gente
também.

Se eu me visse a alguns meses atrás, dizendo, ou até mesmo


pensando que diria essa frase, eu estaria me dando um soco nesse
exato momento, e um chute no saco, só para garantir. Ou até

mesmo que estaria vivendo essa emoção, casado e prestes a saber


o sexo dos meus filhos.

Caralho!

Eu vou ser pai!

Pai de trigêmeos!

É um misto de sentimentos, uma vontade de correr e ao


mesmo tempo de gritar, para todo mundo saber, mas a vontade de

correr prevalece. Admito.

— Vamos. — O médico aparece sorrindo. — Vamos conhecer


meus pequenos pacientes.

— Quem vai levar o bolão? — Heitor sorri, enquanto Arthur

bate em seu ombro.

Entramos na sala e os equipamentos de ultra estão sendo


trazidos, para evitar a locomoção de Diana. Engulo em seco,
virando o copinho de água que mamãe me ofereceu.

Está todo mundo aqui, e é todo mundo mesmo.

Ágata, Chris, Patrick, Heitor, Arthur, Bianca e minha mãe.

— Vão ficar aqui? — Brinco os encarando.

— São meus netos!

— Nem a pau, que eu vou perder de ver sua cara ao vivo! —


Ágata diz sorrindo.

— Daqui não saio, daqui ninguém me tira. — Arthur cruza os


braços, mostrando o celular enquanto sorri. — Vou filmar tudo, e
mostrar para as suas filhas no futuro!

O médico entra na sala e fuzilo Arthur com o olhar.

Diana sorri e ainda está meio pálida, com a barriga exposta e


me aproximo, ficando ao seu lado, entrelaçando a mão a sua.

— Está tremendo. — Diz sorrindo.

Nego, sentindo o suor descer pelo meu rosto.

Não vou chorar. Não vou chorar.

— Você que está tremendo aí. — A encaro, tentando não

aparentar o nervosismo.

Oi, Deus...
Oi, Deus...

Oi...

— Nunca vi um bebê por essa tela... Sinistro. — Heitor diz


pensativo.

— Para de ser tapado! Cala a boca.

— Não xinga o meu irmão não, seu babaca! — Arthur rebate

para Chris.

Que cabaré.

— Meninos, por favor!

Fecho os olhos, soltando o ar devagar.

Agora eu conheço aquele ditado que diz... O cu não passa um


fio de cabelo. E não passa mesmo.

— Senhor, eu sempre fui um bom garoto... Tá, nem tão bom


assim. Mas eu tinha boas intenções... Tá bom, nem tão boas assim.

Mas o que vale é o coração. Então não me faça pagar... Digo, não
me castigue. Eu não mereço... Amém.

Sussurro em pensamento, assim que o médico passa um

líquido pela enorme barriga, colocando o aparelho ali, mexendo de


lá para cá.
As batidas frenéticas no meu coração, quando uma imagem

surge no monitor. Estou vidrado.

— Anwww estão chupando o dedo... Olha!

Eu não consigo me mover, nem piscar.

Só consigo ver três coisinhas pequenas, um de cada modo,

em posições diferentes e se movendo.

Estou petrificado.

Pisco algumas vezes, tentando sumir com as lágrimas que se

formaram em meus olhos.

— Caraca! — Ouço a voz de alguém.

— Meu Deus...

Fito Diana sorrir, apertando minha mão e desvio o olhar do

seu, apenas para voltar a encarar os três minis ser humanos ali.

A gente que fez.

— Já dá para ver o sexo, doutor? — Arthur indaga.

— Com perfeição. — Ele diz sorrindo.

Engulo em seco, meu coração em um puro galope.

Eu sinto o suor descendo...

Minhas mãos tremendo...


CARALHO, EU VOU MORRER!

— Eu estou vendo a piroquinha ali, oh! — Heitor diz sorrindo


enquanto aponta para um determinado lugar na tela.

— Pirocona você quer dizer, né?!

Olho para Diana, com os olhos brilhando e sorrio.

— São meninos?

O doutor me encara e olha para onde Heitor aponta.

— Esse é o braço de uma das meninas. Parabéns. São três

mocinhas.

Olho para o doutor e olho para a tela.

Olho para a tela e olho para o doutor.

Olho para o doutor e olho para Diana.

Olho para Diana e olho para todo mundo, que está


comemorando aos risos e lágrimas.

E caio estatelado, sentado, sem reação alguma.

Meu Deus!

— Lorenzo! Há meu Deus! De novo não! Lorenzo!

Eu não consigo me mexer, estou paralisado.


— Fodeu meu irmão! Fodeu! — Arthur gargalha sonoramente
na minha cara.

— Eu vivi para ver esse dia, meu Deus! — Chris completa.

— Três menininhas! — Mamãe diz sorrindo.

Meninas!

Todas três!

Eu estou perdido. Fodido. Fodido de novo.

— Não vai desmaiar não, Lorenzo. Por favor!

Ensaio um sorriso como posso, só que nesse momento não é


muita coisa.

Puta merda!

Eu estou rindo de desespero!

Sangue de Jesus tem poder.

Oh meu Deus! Oh meu Deus!

— Vai ser papai, de três menininhas... — Arthur bate em meu


ombro, sorrindo.

— Esse momento é meu! — Heitor abre os braços.

— Três mini Diana... — Bianca limpa o rosto sorrindo. —


Enrique vai surtar.
— Eu disse que eram meninas! — Diana diz sorrindo enquanto

a abraça.

A voz nem sai direito.

Ainda estou em estado de choque.

Meu olho até treme.

O médico franze o cenho, nos encarando.

— Está tudo bem? — Mamãe indaga enquanto ele gira a


cadeira, nos fitando.

Sinto a alma sair do meu corpo enquanto o encaro.

— Uma das bebês está com o peso menor do que das outras

duas, o que é normal de acontecer. Porque elas dividem a mesma


placenta, o que ocorre na maioria das gestações de bebês idênticos.
— Ele indaga e franzo o cenho.

— Ela está com pouco peso? Mas ela está... Bem? — Diana
ofega e a fito.

— Pode ficar calma, Diana. Vamos monitorar para não trazer

nenhum problema para ela. As irmãs são um pouco maiores, e


acabam roubando os nutrientes para si.

— Tadinha da bichinha... — Heitor sussurra. — Ai, Arthur!


Engulo em seco, eu e Diana nos encaramos.

— Isso é grave? Ela pode recuperar o peso? Não é? — As


palavras saem em disparadas.

— Vamos monitorar, passar o dobro de vitaminas e cuidar.

Assinto, sentindo as pernas fraquejarem e o coração disparar.

— Olha ela aqui... Bem escondidinha no meio das irmãs. —


Ele aponta com o dedo na direção da tela.

Os detalhes são nítidos de ver, as mãozinhas pequenas no

rosto. Enquanto as outras duas agitadas, mexendo as perninhas de


um lado para o outro. Mas ela não... Tão pequenininha ali.

Uma lágrima desce rolando, e limpo o rosto rapidamente.

Meus três tesouros. Meus três corações fora do peito.

O choque está saindo aos poucos, ainda estou muito


traumatizado. Foram muitas revelações para um coração só. Eu não
vou aguentar.
Diana vai ficar em observação apenas por essa noite, já que a
pressão oscilou muito depois que fizemos o ultrassom. Meu coração
está apertado e sufocado, mas não quero passar o nervosismo para

ela.

Tia Catarina falou que é mais comum do que achamos,


aconteceu o mesmo com elas duas. E estão saudáveis e

maravilhosas.

— Eu estou feliz e preocupada. — Diana fala, colocando a

cabeça em meu ombro.

Me sento na cama, apertando-a.

— Vai dar tudo certo meu amor, as três vão ficar bem. —
Sorrio enquanto ela assente.

Ergue o rosto e o sorriso se expande nos lábios.

— Três menininhas.

— Três mini Bruxinhas. Eu vou enlouquecer. — Digo


sussurrando e ela solta uma risada.

A beijo devagar, afagando seu rosto e afastando os cabelos.

Meu Deus. Como eu amo essa mulher.


Seguro em seu queixo, olhando-a enquanto passo o polegar
pelas bochechas coradas.

— Você vai ser o melhor pai do mundo. — Murmura baixo

— Me diga isso quando eu estiver mandando nossas filhas

para um convento. — Digo sério.

Ela abre a boca, batendo de leve em meu peito.

— Lorenzo...

— Estou brincando Bruxinha.

Brincando nada. Falando super sério.

Ela entrelaça os dedos aos meus, e beijo sua testa suspirando


pesadamente. Não demora muito para Diana dormir profundamente
em meu peito, ressonando baixinho.

Pego a foto da ultra, passando os dedos pela imagem


congelada.

Sorrio igual um idiota, beijando-a.

— Lorenzo! — Olho para a porta, vendo Chris me encarar.

Fito Diana dormir e saio devagar, fechando a porta atrás de

mim.
— O que foi? — Pergunto, olhando-o me encarar e posso ver a
felicidade estampada em seus olhos.

Meu pai...

— Papai acordou.
A ...

— Vai demorar muito para elas nascerem, tio Lorenzo? Não


aguento mais esperar. — Clhoe cruza os braços, fazendo um bico.

— Falta umas semanas ainda, minha princesa. Elas precisam

ficar guardadinhas, porque ainda são pequenas. — Explico,


sentando-a na minha perna.
— Ah titio... Eu quero brincar com elas logo.

— E você vai minha pequena, só esperar um pouquinho.

— Igual eu espero o Papai Noel? — Ela indaga com os

enormes olhos azuis vidrados em mim. Os cabelos presos em um


rabo de cavalo lateral e um maiô cor de rosa destacando.

— Isso. Igual esperar o velho... — Balanço a cabeça e me


corrijo. — O Papai Noel.

Prendo a risada enquanto Arthur me fita.

— Elas vão vir de trenó tio Lorenzo?

Franzo o cenho e Arthur prende a gargalhada.

— Não... Elas vão vir de... De... De que, em Arthur? — Sorrio

sem jeito e ele me olha.

— Pela barriga... Porque são três bebês. — Arthur assente.

— Vão abrir a barriga da tia Diana?

— Sim, vão abrir apenas para tirar as meninas e depois fechar

de novo. — Explico e ela me encara.

Beberico a cerveja e Arthur faz o mesmo.

Crianças.

— E como foi que elas entraram lá tio Lorenzo?


Cuspo o líquido, tossindo diversas vezes e Arthur gargalha
sonoramente.

— Meu Deus!

Clhoe balança as pernas de um lado para o outro, nos olhando

como se dissesse "só saio daqui com minha resposta"

— Anjo... Mamãe está procurando você. — Chris aparece e

me ergo com Clhoe no colo e a entrego para ele.

— Pega tua filha!

— O que foi?

— Clhoe quer saber como os bebês da Diana entraram na


barriga dela. — Arthur fala, se acabando em uma gargalhada.

Chris sorri, a olhando.

— É papai. Como elas entraram lá?

— Anjinho, a Rita fez bolo de chocolate e seu avô está lá


embaixo comendo, mandou te chamar.

— Só vou se eu puder comer bolo de chocolate, com sorvete

de chocolate e cobertura de chocolate. — Clhoe diz e Chris assente

rapidamente.
— Você pode tudo. Agora vá amor. — Posso ver o suor

descendo pela testa do meu irmão.

— Jesus. Ela está mais terrível a cada dia que se passa. —

Arthur dispara, ainda rindo.

— Pelo menos, os dois não abriram a boca para falar o que


não deve. — Chris se senta, respirando fundo. — Clhoe ainda me

mata.

— Ela é fogo. Puxou a mãe. — Digo.

— Sem tirar nem pôr. — Chris tira os óculos de sol, colocando-


os sobre a mesa. — Uma mini Ágata.

Sorrio, encarando Arthur se espreguiçar.

— Criança boa, é a dos outros... chorou devolvo. — Diz


franzindo o cenho.

— Vou te deixar de babá quando as meninas nascerem. —


Brinco, vendo-o entortar os lábios.

— Vou mimar muito, mas como um tio. Filho é igual a peido,

cada um que aguente o seu.

Solto uma gargalhada o encarando e Patrick se aproxima,


falando no celular.
— Cadê as meninas? — Pergunto assim que ele se senta,

colocando o aparelho na mesa.

— Estão lá em cima. Eu estava falando com o Magno.

— E como ele está? — Chris pergunta.

Patrick sorrir de lado.

— Está bem. Mandou um beijo pra Clhoe.

Depois do término dele e Helena, ambos se distanciaram

muito. Magno saiu em uma viagem, que parece não ter mais fim.
Patrick é o único que ainda tem muito contato com ele, por causa da
amizade que os dois já tinham antes de tudo.

— Parece que tudo está voltando ao normal... — Chris aponta

com o queixo para nossos pais, que saem pela porta dos fundos.

O velho está se recuperando bem depois do susto que nos


deu, saiu do hospital há três semana, depois que acordou. Foram
vários sentimentos ao mesmo tempo, que se passaram por nós

quando o vimos acordado.

Não vai ter muitas restrições, mas deve levar uma vida mais
saudável, de agora em diante.

Ainda caminha com a ajuda de uma bengala e com um pouco


de dificuldade, mas fora isso, parece o mesmo Patrício de antes.
Estou feliz por vê-lo se recuperar, se esforçando a cada dia
que passa. Eu e Diana ainda continuaremos morando aqui, até os
bebês nascerem pelo menos.

Não vamos ficar aqui para sempre, é claro. Queremos ter

nossa vida, nos reconhecermos e tudo o que um


casal normalmente faria.

— Não vá comer nada que não possa, Patrício, lembre-se da


sua dieta. — Mamãe fala enquanto ajudamos meu pai a sentar.

— Ainda não estou inválido, nem surdo, Clarisse.

— Pois parece que está, às vezes acho que regrediu e está

pensando que é um menino.

Papai para nos encarando e escondemos um sorriso.

— Ouviram isso? Está me tratando como uma criança.

— Acreditam que peguei ele comendo pizza, escondido? —

Mamãe rebate.

— Papai... — Chris o encara. — Por Deus!

— Nos ajude a te defender, papai.

— Menino mau. Menino muito mau. — Arthur fecha o

semblante quando meu pai o encara sério. — Brincadeira tio.


O fito de relance, sorrindo de leve. Nossa convivência
melhorou bastante. Mas ainda tem uma barreira, e assumo que é da
minha parte. A barreira, no caso, é a vergonha. Não é um

arrependimento, porque eu realmente sentia aquela mágoa dentro


de mim, mas a vergonha pela forma que eu falei.

Mas mesmo envergonhado, não deixei de ir em seu quarto

quando ele acordou, e vi seus olhos procurarem os meus de


imediato.

Segurei o choro, vendo-o sorrir de leve.

— Não foi dessa vez que ficaram livre desse velho. — Fala

arfante.

Chris o encara limpando o rosto e Patrick balança a cabeça.

— Que pena. — Sorrio, sentindo meu queixo tremer e a voz

embargar, formando um bolo em minha garganta.

O encaro fechar os olhos pesados e uma lágrima descer pelo


rosto.

Nunca em minha vida, vi ele chorar.

— Pai... — Chris se aproxima e segura em sua mão. — Fique

calmo.
— Eu sinto... Muito orgulho de vocês... Três. — Diz baixo, com

a voz rouca. — Acho que nunca... Disse isso..., Mas eu tenho


muito... Muito orgulho, de vocês três.

Limpo o rosto com as costas das mãos.

— E espero que um dia os três me perdoem. — Ele nos

encara e Patrick nega veemente.

— Pai...

Ele me encara com os olhos lacrimejando.

— Espero que possa me perdoar, Lorenzo.

— Acho precisamos nos perdoar, pai.

Ele apenas confirma com a cabeça e aperto a mão entre a

minha.

— É bom te ver de novo.

O encaro agora sentado ao meu lado, falando o quanto


mamãe está o privando de comer suas comidas preferidas.

— Papai e mamãe chegaram. — Arthur aponta para onde tio


Thomas estaciona o carro.

— Saudades desses almoços de domingo. — Papai suspira.


Não demora muito para outro carro aparecer, de um amarelo

vivo e o som gritando alto, que custa nada mais e nada menos, que

uma cobertura de luxo.

— Amostrado. — Arthur franze o cenho, olhando o irmão

descer do carro sorrindo.

— O que essa praga tá fazendo aqui? — Gargalho e mamãe

acerta um tapa em meu ombro. — Ai mãe!

— Respeite seu primo.

—Bate nele, tia Clarisse! — Diz colocando a bolsa em cima da

mesa e nos olha. — Chegou o mais gostoso da família!

Chris franze o cenho, o encarando.

— Amor... — Tia Catarina se aproxima e beija Arthur. —


Mamãe estava com saudades.

— A gente se viu ontem mãe. — Arthur sorri.

— Que isso? — Aponto para o equipamento que Heitor tira da

bolsa.

— Vim tirar umas fotos. — O encaro, esperando continuar. —

Que foi?
— Pode tirar. — Arthur faz um bico e coloca as mãos na

cabeça.

Gargalhamos enquanto Heitor franze o nariz.

— Olha mãe, o Arthur querendo queimar minha câmera.

— Pai, olha o Heitor aqui! Se ela não quebra quando você tira

foto dessa sua cara feia! Sua câmera vai ficar abismada quando ver
um Deus grego igual eu.

— Parece que estão no fundamental. — Chris diz.

— Bebês, por favor. — Tia Catarina os fita.

— Coloca eles de castigo tia. — Patrick sorri.

— Olha quem vem aí. — Mamãe aponta e sorri.

— Olha essa barriga, que linda.

Viro o pescoço, que chega a dar um estalo, de tão rápido.

Quase caio da cadeira, pelo impacto que recebo, da visão de Diana


vindo em nossa direção, junto de Ágata e Bianca.

Está apenas de...

Biquíni.

B.I.Q.U.Í.N.I.

Eu disse: BIQUÍNI!
Ele tem as mangas caídas, parece uma miniblusa, deixando a

barriga exposta, que a propósito, parece ficar maior a cada dia que

se passa. Desço os olhos, parando na parte de baixo.

A porra do triângulo azul do tecido do biquíni cobria bem, e ao

mesmo tempo, marcava a...

Oh meu Deus. Oh meu Deus!

Diana ainda está de repouso, tomando todos os medicamentos

para suprir os nutrientes que duas bebês sugam de uma.

As dores nas costas aumentaram e o inchaço também, e com

isso, mais repouso.

Ela poderia ficar quieta? Poderia. Ela fica? CLARO QUE NÃO.

Junta o desejo, os hormônios e é como uma bomba de tesão


ambulante... Que quer explodir bem em cima de mim.

Semicerro os olhos assim que ela se aproxima e a barriga já


vira o centro das atenções, o que me deixa com muito ciúmes.

Sim. Eu tenho ciúmes da barriga.

A encaro sorrir enquanto segura o chapéu na cabeça.

Os seios estão chamativos e incrivelmente lindos, grandes...


Que dão água na boca, só de olhar.
— Pronta? — Heitor sorri a olhando.

Encaro Heitor e depois volto a olhar para ela.

— Pronta para o quê? — Pergunto enquanto ela sorri.

— Vamos tirar umas fotos de gestante. — Heitor pisca, me

encarando.

— Vai é? — Lorenzo sorri e assinto.

— Vou.

— Vai?

— Vou.

Escondo o sorriso que teima em aparecer enquanto ele me

encara. Ágata e Bianca não aguentam e caem na gargalhada.

— Está mais que certa, tem que mostrar o barrigão. — Dona

Catarina me encara.

— Concordo. Vovó está tão ansiosa para ver essas


menininhas. — Dona Clarisse acaricia minha barriga e sorri.
Percebo Arthur fitar Lorenzo, que está parado, me encarando
com o cenho franzido e sério. Muito sério.

— Podemos trocar uma palavrinha, meu amor? — Ele


pergunta, se erguendo e me olhando de cima à baixo.

— Ah não, Lorenzo. A gente vai tirar as fotos agora, por que o


sol está em uma ótima posição...

— Heitor, cala a boca e sai da minha frente. — Lorenzo

dispara.

Não estou fazendo para provocá-lo, talvez só um pouco. Estou

sentindo que ele está se afastando, então todas as inseguranças


possíveis se apossaram de mim.

Estou enorme, com os peitos maiores que eu. Meus quadris

estão largos, estou me sentindo um elefante de tão grande.

Sem contar no desejo absurdo que estou sentindo a cada


instante, enquanto ele nem sequer me beija direito. Pedimos licença

e enquanto saímos, ouvimos os burburinhos dos meninos rindo. Vou


na frente e sinto Lorenzo bem em minhas costas, andando em
passos largos.

Estou seguindo todas as recomendações do médico, fazendo


repouso e mal saio do quarto. A ideia das fotos foi de Ágata e
Bianca, de início até neguei, por achar que estou grande demais
para isso.

Mas acabei aceitando e amei a ideia de poder eternizar o


momento mais lindo que estou vivendo.

Fecho a porta atrás de mim quando entramos no quarto.


Lorenzo cruza os braços e repito o gesto, vendo-o me olhar de cima
à baixo.

— Acha pode sair assim?

— Assim? — Jogo os braços ao redor do corpo.

— Diana... Olhe para você. Meu Deus!

Franzo o cenho.

Ele deve estar me achando horrível, também.

— Pelo amor de...

— Estou me sentindo horrível, tá?! Não precisa ficar me


encarando como se... — Disparo, o olhando. — Estou inchada,

enorme. Meus peitos doem e parece que vão explodir, de tão


grandes que estão.

Ele para, arregalando os olhos.


— Estou sim, enorme. Mas isso não dá o direto de você me
falar que eu não posso sair, só porque estou grávida! — Coloco o
dedo em riste. — Deve ser por isso que você nem me procura mais,

nem me beija e foge de mim. Mas tudo bem, tudo bem.

Fungo, enquanto as lágrimas descem.

Ele continua parado, me fitando.

— Você deve estar me achando parecida com a Glória..., Mas


tudo bem! Saiba que essas mudanças no meu corpo, são por estar
carregando nossas filhas! Nossas!

Lorenzo arqueia a sobrancelha e percebo-o esconder um

sorriso, que teima em aparecer.

Estou furiosa.

Ele se aproxima, ainda sorrindo, acerto um tapa de leve em

seu peito.

— Ainda fica rindo de mim! Cretino! Cafajeste!

— Vêm cá. — Estende a mão e nego. — Vêm Bruxinha.

A mão se fecha na minha e andamos até o closet. Lorenzo

abre as portas e paramos em frente ao enorme espelho.

Ele se põe atrás de mim e o encaro, franzido o cenho.


— Você já se viu Diana?

— Estou vendo.

Lorenzo nega, afastando meus cabelos.

— Pois se olhe novamente, porque está se vendo errado. —


Sussurra em meu ouvido. — Não percebeu que não parece mais a
menina que se casou comigo?

Me olho no espelho, encontrando os seus olhos fixados aos


meus.

— Que você está ficando a coisa mais linda desse universo.

Que essa barriga está te deixando muito gostosa. — As mãos


grandes descem lentamente parando em minha barriga. — Até o
inchaço em você fica lindo.

Meus olhos continuam fixos aos seus pelo espelho, suas mãos

sobem devagar parando em meus seios, sem apertar, mas


segurando firme.

Meu coração dispara e arfo baixo.

— E esses peitos, meu amor, eu passaria horas, chupando-


os... — Diz e eu engulo em seco.

Os polegares roçam de leve nos bicos, que se eriçam pelo

toque.
A boca encosta em meu ouvido, me fazendo ouvir a respiração

lenta e quente.

Estava com tanta saudade...

— E eu amo essas mudanças, cada uma delas... Porque sei


que está gerando as coisas mais preciosas de nossas vidas Diana.

— Meu coração dispara e o fito sorrir. — E esse biquíni te deixou tão


gostosa, minha Bruxinha.

As mãos descem pelo meu corpo. Travo a respiração quando

a mão grande fica sobre minha boceta, mesmo que por cima do
frágil do tecido, a carícia me faz latejar.

— Lorenzo... — Me viro enquanto a boca captura a minha em

um beijo quente, a língua se enfiando em minha boca.

As mãos em meu rosto aprofundam o contato de nossas


bocas. Os lábios esmagando os meus com todo desejo.

— Amor... — Sussurra, mordiscando meus lábios devagar. —

Eu ardo de desejo por você, minha pequena.

Segura em minha mão, levando-a para o grande volume em


seu calção, duro e esticado.

— Então por que não apaga esse desejo? — Contorno o


membro rígido e ele sorri.
— Porque eu estou com... Não quero machucar vocês amor.
Sei que se entrar em você, eu faço um estrago nessa boceta
apertada. — Abro os lábios quando seu polegar passa, roçando e

abrindo-os. — Eu tenho que pensar em vocês agora.

— Lorenzo... — Gemo em súplica. — A gente está bem... Eu


não ando sentindo mais nada.

E é verdade. Só sinto as dores comuns, que toda grávida

sente.

— Mas não quero correr o risco Bruxinha. Amor, eu quero


proteger vocês, então pare de me provocar. — Diz trincando o

maxilar e me beija. — Esse biquíni vai me matar de tesão.

Sorrio mordendo o lábio.

— Achava mesmo que eu não sentiria tesão, vendo minha

mulher desse jeito? — Segura em minha mão, me fazendo girar.

— Achei que estivesse me achando uma ridícula. — Cubro o


rosto sorrindo.

— Só para matar minha curiosidade, quem é Glória? — Ele

indaga me fitando e sorrio, balançando a cabeça.

— É um hipopótamo de um desenho que Clhoe estava


assistindo. — Confesso, beijando-o e gargalha.
— Glória não é tão linda e gostosa. E não carrega três
princesas... Tenho certeza.

Sinto minhas pernas fraquejarem. Malditos hormônios.

— Agora pode colocar um vestido e descer para tirar as fotos.


— Diz sério e sorrio, arqueando a sobrancelha.

Me afasto, abrindo os braços.

— Você acabou de elevar meu ego Lorenzo. E vai comigo tirar

as fotos.

— Olha minha cara de quem faz fotos Diana? Negativo. Só vai


descer se colocar um vestido, e não vou tirar foto nenhuma.

Faço um biquinho, o olhando.

— Não vou. Nem por um caralho.

— Agora podem se olhar e sorrir um para o outro. — Heitor


pede, com a câmera em mãos.

Lorenzo me fita e sorrio.

— Animação Lorenzo. Animação.


Os flashs vêm enquanto nos encaramos sorridentes. Estamos
ao redor da piscina, onde já fizemos todas as posições, caras e

bocas possíveis, para um book de gestante.

Tiramos dentro da piscina e deitados no jardim, Lorenzo ao


meu lado, beijando minha barriga. Até seus pais participaram desse

momento, além de, óbvio, os irmãos e as meninas.

Clhoe e Henry fizeram questão de participar do álbum de fotos


das primas. Acho que nunca fiquei tão feliz. Ver que a três vidas que

eu gero, estão sendo tão esperadas e amadas.

Almoçamos na piscina, aos risos como sempre é, quando nos


reunimos. O senhor Patrício está cada dia melhor e já está quase

novo em folha.

Bianca sempre fica comigo quando pode. Além de Enrique,


que vêm quase todos os dias me ver. Não tive notícias dos meus

pais, e na verdade também não procurei saber deles.

Bem melhor assim.

A tarde chegou tranquila, igual como o dia. Todos já foram


embora e resolvi subir para tomar um banho relaxante.

Tiro o biquíni jogando-o no chão do banheiro, e meus seios


parecem queimar de tão quentes e pesados que estão, água morna
escorre me fazendo soltar um suspiro.

Lavo os cabelos que estão crescendo rápido. Acabo o banho e


desligo o chuveiro pegando a toalha.

Sinto a água morna ainda descer e seco meus seios, mas sinto

novamente o líquido morno.

Olho para baixo, vendo os seios gotejarem de...

Leite?

Coloco as mãos sobre os seios sorrindo.

— Virei uma vaca! — Exclamo sorrindo.

Estou chocada e feliz.

E não faço ideia do porquê.

Ainda é tão estranho, todas essas mudanças no meu corpo, ter


que se acostumar com cada descoberta.

Acaricio a barriga sorrindo.

— Acho que está ficando perto da gente se conhecer.

E isso me deixa extremamente ansiosa e nervosa.

Coloco uma roupa confortável e me certifico se meus seios


pararam de transbordar leite, então saio do quarto, andando

devagar e percebo a porta do escritório aberta.


Senhor Patrício está sentado, bebericando a xícara de café e
sorri, me olhando.

— O senhor está bem? — Pergunto e ele assente.

— Melhor do que nunca. — Sorri, apontando com o queixo

para a poltrona na sua frente.

Me sento devagar, o encarando com o semblante leve, mas


ainda meio cansado.

— E vocês? Como estão minhas netas?

Sorrio de leve.

— Crescendo a cada instante.

Sr. Patrício para, soltando o ar devagar e se remexendo na

poltrona.

— Achei que não ia poder conhecê-las. — Diz baixo,


segurando a bengala firmemente. — Quando Clhoe me chamou de

avô, eu... Eu não sei explicar o que senti, um amor tão singelo e
puro. E depois veio Henry... Foi como segurar Christopher nos
braços novamente.

O fito sorrir fraco.

— Imagino a felicidade que o senhor sentiu.


Ele assente, me olhando.

— Senti, muita, e daqui a pouco teremos três princesas para


completar a minha felicidade. — Diz segurando em minha mão e

apertando-a. — Obrigado por não ter desistido dele, por dar uma
família a ele... Assim como a que Clarisse me deu.

— Não precisa agradecer, eu amo seu filho.

— Eu sei, nunca duvidei disso. — Suspira, sorrindo de lado.

— Sabe que podem ficar aqui pelo tempo que quiserem e


precisarem.

— Obrigada. — Me ergo devagar e beijo seu rosto

rapidamente.

Ele para e abre o sorriso largo.

Saio do escritório, ouvindo o burburinho de conversas e desço

as escadas devagar. Enrique está sentado e se ergue, me olhando


assim como Lorenzo.

Mas não foram os dois que tomaram a minha atenção de

imediato.

Eudora se ergue rapidamente, me encarando.

— Eudora...
Ela coloca as mãos na boca, me olhando e sorri.

— Ah, minha irmã... — Suspira enquanto a abraço fortemente.

— Que saudades!
A abraço forte, enquanto ela me fita sorrindo, tão doce.

— Meu Deus! Olhe para você Diana, está linda. Linda. —


Segura em minhas mãos, me encarando.

— Como você está? Estava com tantas saudades Eudora. —

Acaricio seu rosto, afagando-o.

Os olhos de um tom mais claro que os meus, estão marejados


e brilhantes. Diferente de mim, Eudora parece muito mais com a
nossa mãe. Os longos cabelos dourados sempre foram sua marca

desde criança. Temos a mesma altura e o mesmo biótipo.

Só está bem mais magra, desde a última que a vi.

— Ela me ligou e pediu para vir te ver. — Enrique explica


enquanto beija minha testa. — Mas já está avisada sobre qual nome

não vai ser mencionado perto de você.

Eudora abaixa os olhos rapidamente e fito Enrique.

— Não precisa ser grosso com a nossa irmã Enrique.

Lorenzo solta um pigarro baixo e se ergue.

— Amor, porque não vai lá para cima com a Eudora. Vocês


vão conversar melhor.

— Estamos esperando o meu advogado, vou demorar um

pouco. — Enrique nos encara.

— Elliot? Por quê?

Os dois negam veemente.

— Nada com o que deva se preocupar. Vá conversar com sua

irmã. — Lorenzo sorri e me beija rapidamente.

Franzo o cenho e assinto, seguro na mão de Eudora e subo as

escadas. Entro em meu quarto e ela sorri de leve. Olha de um lado


para o outro, mexendo nas mãos nervosamente, como sempre faz.

— Enrique me disse que são três meninas. — Sussurra

sorrindo. — Fiquei tão feliz. Como você está? E elas? Estão bem?

Assinto, me sentando na cama e Eudora faz o mesmo.

— Estou tomando medicamentos, mas tá tudo bem. — Seguro


em suas mãos, apertando-as entre as minhas. — E você minha

irmã? Como está?

— Estou bem. Eu estava preocupada com você. — Diz,

mexendo a cabeça. — Soube que seu sogro sofreu um infarto, fiquei

sabendo agora a pouco.

Franzo o cenho a olhando.

— Faz um mês Eudora.

Ela me encara e abre a boca devagar, com a expressão triste

no rosto.

— Eu não sabia. — Se explica. — Sabe que lá em casa não


tem TV, eu nem sei mexer nessas coisas de internet. Aí vi em um

jornal que Hugo levou para casa.

Engulo em seco, sentindo um aperto no peito por ela.


Nosso pai nunca nos deixava ver TV ou mexer em qualquer

coisa que fosse ligado a tecnologia. Hugo faz o mesmo com ela.

— Ele viajou? — Pergunto, já sabendo o óbvio.

Ela assente se erguendo.

— Viajou hoje com papai. Aí mamãe me deixou ligar para o

Enrique e eu pedi para vir te ver.

— Eudora... — Ela se vira. — Minha irmã, você merece mais


que isso.

— Eu sou feliz Diana. Hugo é um bom marido, só gosta das


coisas do jeito dele e... Eu o entendo e respeito.

— Bom marido Eudora? — Pergunto a encarando. — Hugo é

um retrato do Luttero.

— Papai só quer nosso bem Diana.

— Ele é um monstro. É isso que ele é. E você vai ver isso

quando cair essa sua venda. O quanto nossos pais acabaram com o
nosso psicológico

Eudora se vira e muda o semblante no mesmo instante.

Nego com a cabeça, me aproximando dela e apertando as


mãos entre as minhas, a grossa aliança dourada em seus dedos
finos destacam de longe como uma coleira.

— Não vamos falar deles. Estou feliz por estar aqui. — Digo e

ela sorri, então a abraço.

Ela afasta meus cabelos beijando minha testa.

— Vou te mostrar as roupas das meninas. Vamos ficar aqui até

elas nascerem.

— E vão se mudar?

Assinto, mesmo não sabendo ao certo para onde vamos.

Entro no closet pegando as malinhas com várias roupas.

Escolhi a dedo cada peça do enxoval, que são de todas as cores.


Mostro tudo. Roupas, sapatos, carrinhos de bebês, berços, bebê

conforto e tudo em dose tripla.

Por eu não poder sair, a comodidade de escolher pela internet


é incrível. Eu, Ágata e Bianca passávamos horas em frente ao iPad,
escolhendo.

Lorenzo escolheu algumas coisas, como brinquedos e

chupetas engraçadas, que ele diz ser muito útil.

— E os nomes? — Eudora pergunta e ergue três bodys


brancos, com frases engraçadas. — Meu Deus! Tadinhas!
— Isso foi Bianca. — Aponto sorrindo e leio as frases. — Eu
não fui planejada. Nem eu. Eu muito menos.

— Tinha que ser. — Eudora sorri, olhando para as roupinhas


espalhadas.

— Ainda estamos escolhendo os nomes, porém não fazemos

ideia. — Seguro o sapatinho nas mãos colocando sobre a barriga.


— A titia está aqui... Deem um oi para ela.

— Posso? — Pergunta em um sussurro.

Estalo a língua, segurando em suas mãos e colocando-as em


minha barriga.

— Elas mexem o tempo inteiro.

— Oi... — Eudora sorri falando de leve.

O movimento vem fraco, porém intenso. Eudora arregala os


olhos e sorri.

— Elas gostaram de mim? — Sorri me fitando.

— Claro. Vai ser a titia mais babona do mundo.

Sorrio, sentindo as lágrimas queimarem meu rosto enquanto a


fito.
Mesmo sendo mais velha que eu, Eudora sempre demonstrou
ser mais frágil. Eu ainda tive Enrique e Bianca. Mas tem uma
grande ponte entre ela e o nosso irmão.

Às horas passaram tão rápido, que mal notei. Eudora está

mais sorridente, e parecendo mais leve do que quando chegou mais


cedo.

Seguro em sua mão descendo as escadas, lá embaixo estão o

senhor Patrício, dona Clarisse, Enrique e Lorenzo, todos


conversando, junto de Elliot, que está sentado.

— Temos que ir. Tudo resolvido Elliot? — Meu irmão indaga e

se levanta, enquanto ele ainda de costas faz o mesmo.

Sorrio, fitando minha irmã.

— Vou sentir saudades.

— Eu também.

— Promete que vai vir de novo?

— Prometo.

— Vamos Eudora?

Enrique a fita e Elliot se vira de imediato.


— Como vai Elliot? — O fito nos encarar e assentir levemente

com a cabeça.

— Acho que não conhecia minha irmã do meio. Essa é a

Eudora. — Enrique os apresenta.

Elliot a encara e Eudora o olha, da cabeça aos pés.

— Prazer, Eudora.

Minha irmã encara a mão estendida a sua frente e a ignora

completamente.

— Prazer. — Diz apenas o olhando. — Vamos Enrique?

Balaço a cabeça e Lorenzo sorri.

Me viro a abraçando.

— Te amo. Te amo muito. E sabe que estou aqui para tudo,

não é?

— Eu também te amo. Vou sentir saudades.

— Venho te ver amanhã. — Enrique diz e beija minha testa.

— Amo vocês dois. — Digo sorrindo.

— Vai com o Enrique? — Lorenzo pergunta e Elliot nega,

sorrindo.
— Vim de moto. — Explica, colocando a jaqueta de couro

preta.

Eudora franze o cenho.

— Olha o tipo de gente que nosso irmão se envolve, cheio de

tatuagem e com cara de assaltante de banco. — Minha irmã


sussurra.

— Ele é advogado Eudora, um dos bons.

Ela nega com a cabeça.

— Não tem cara de advogado, ainda por cima de moto. Isso é


coisa do demônio Diana. Do demônio.

Prendo a gargalhada enquanto ela solta um beijo e vai até

Enrique que entra no carro. Eudora sai quase correndo e se assusta


quando Elliot liga a moto, fazendo um barulho proposital.

Lorenzo se põe atrás de mim e me abraça.

— Eudora estava com medo do Elliot? — Pergunta rindo,

vendo minha irmã olhá-lo de soslaio.

— Acho que foi ódio à primeira vista.

Sorrio sentindo o beijo molhado em meu pescoço e as mãos


me apertando.
— Eu também odiei alguém à primeira vista e hoje sou um

escravoceta assumido. — Fala, passando o nariz no meu pescoço.


— Rendido aos pés de uma menina de dezoito anos e virgem.

Me viro, enlaçando as mãos em seu pescoço.

— Que menina sortuda essa. — Recebo um beijo, que me faz

sorrir.

— Eu que sou sortudo, em ter ela só para mim.

— Ah, o amor... — Dona Clarisse suspira nos olhando.

O sr. Patrício nos encara, balançando a cabeça.

— Vamos dar um passeio? — Lorenzo chama.

Paro, o encarando.

— Para onde?

— Está sentindo alguma coisa? — Nego.

— Então vêm. — Diz entrelaçando os dedos aos meus. —

Voltamos já.

Aceno para dona Clarisse, que sorri. Então saímos, andando


devagar.

Algumas luzes acesas iluminam o jardim da casa. O silêncio

está por todo o ambiente e o vento frio da noite espalhado por todo
lugar.

— Amava correr aqui a noite, quando era criança. — Lorenzo

sorri e me abraça.

A lua reluzindo no céu estrelado. O barulho da fonte na piscina

quebra o silêncio.

Beijo seu queixo e ele me puxa, erguendo meu braço e

rodeando minha cintura.

Me gira devagar, como se uma música imaginária estivesse

tocando.

— A que devo a honra dessa nobre dança inesperada, senhor

Gonzáles? — Indago, vendo o seu sorriso se expandir.

— Já disse que te amo hoje, senhora González?

Nego, enquanto ele estica o braço, nos desvencilhando e me

puxando lentamente, colando o corpo ao meu.

— Hoje não.

— Mentirosa. — Sussurra, beijando meus lábios. — Eu te amo.

— Eu te amo mais. — Fecho os olhos e afago seus cabelos.

— Prova. — Diz, ficando sério de repente.

— Como? — Franzo o cenho.


— Na hora certa, vai saber como provar. — Diz dando de

ombros.

Sorrio e dou um grito inesperado, quando ele me ergue rápido,

apoiando minhas pernas dobradas.

— Louco.

— Louco por vocês quatro! — Exclama e me deita na


espreguiçadeira, ficando ao meu lado.

Apoio a cabeça em seu peito, espalmando a mão sobre o

peitoral delicadamente.

Fixo os olhos aos seus e ele sorri.

— A gente não pode...

— Para fazer sexo, não precisa apenas penetrar. — Digo

mordendo o lábio, o olhando.

— Sério? Eu jurava que precisava. — Finge indignação e tomo

os lábios em um beijo casto.

Gemo contra sua boca pressionada na minha, sugando meus

lábios e minha língua ao mesmo tempo. Meu coração palpita e

enfinco os dedos em seu cabelo.


— Di... — Sussurra e mordisca meus lábios. — Eu quero
muito, muito matar esse desejo..., Mas eu estou usando a porra do

meu auto controle.

Sorrio, balançando a cabeça.

— Tão preocupado. — Beijo seus lábios rapidamente.

— Vocês são minha vida. Agora vêm... Vamos descansar.

Eu nunca imaginei que correria de sexo, em toda a minha vida.

DE SEXO!

SEXOOOOOO!

Oficialmente, fodido!

É por uma boa causa? Sim.

Mas eu estou com tesão. Com desejo. Com ânsia. Com tudo

acumulado.
Abro a porta da sala de Chris e ele me encara, junto de Arthur e
Patrick.
— Caiu da cama? — Arthur dispara.

— Aposto que foi chutado. — Chris sorri.

— Não estou de bom humor, então sugiro que se não


quiserem ouvir um palavrão...

Disparo sério e me sento.

— Dormiu mal? — Patrick indaga.

Eu saí da cama antes mesmo de Diana acordar. Aliás, antes


da casa inteira acordar. Já que não posso fazer sexo, eu tenho que

tirar a tensão e o tesão de dentro de mim.

Por isso fui correr.

Corri por mais de duas horas. Entrei, tomei banho e vim para a
empresa, apenas deixando uma mensagem que voltaria para o

almoço.

Ela ficou dormindo, linda e gostosa feito o próprio pecado.

E eu?

Eu me controlei para não me enfiar no meio daquelas pernas e

me acabar, matando a saudade daquela boceta maravilhosa.

— Você tá com uma cara de maníaco. — Arthur torce o nariz


me encarando. — Maníaco tarado.
— Falou o homem mais lindo do mundo.

— Eu sou maravilhoso, meu querido. Transo todo dia com uma


mulher diferente. — Diz sorrindo e me encara. — Em falar nisso,

peguei uma ruiva ontem meus amigos! Era a ruiva! Peitos fartos,
pernas grossas... Uma xoxot...

Viro o pescoço, o olhando.

— Cala a boca, Arthur!

Arthur para estático, me olhando com a boca aberta.

— Por que você não quer ouvir falar em xoxota? Está doente?

— Não quero ouvir. Simples.

— Xoxota. Xoxota. Xoxota.

Fuzilo Arthur com olhar. Arrombado. Pau no cu.

— O que houve?

Engulo em seco, encarando-os.

— Eu e Diana não estamos transando. — Digo, erguendo as


mãos exasperado.

— Como assim, não estão transando?

— Não está transando? — Chris indaga.

Os três me encaram como se eu fosse um ET.


— Não. Não estou. Estou fugindo da Diana, como o diabo foge
da cruz. — Digo, soltando um suspiro sôfrego.

Patrick semicerra os olhos me encarando, e Arthur me olha


como se eu fosse uma aberração da natureza.

— E por que diabos vocês não estão transando?! — Arthur

ergue os braços. — Vocês transavam como dois coelhos.

— Porque estou com medo!

— Com medo?! — Os três falam em uníssono e me olham.

— Cara, ela tá grávida! Com uma barriga enorme. Eu tenho

medo de fazer sexo e sei lá... Ela passar mal, acontecer algo com
as meninas... Não sei! Desde a última vez que ela foi para o
hospital, a gente não transa.

Chris me encara e Arthur explode em uma gargalhada sonora.

— Velho, que babacão! — Diz me olhando. — O médico disse


algo? proibiu?

— Não. Ele pediu repouso. Não perguntei se até do sexo teria

que repousar.

— Por algumas semanas, Diana não teve sangramento. —


Patrick dá de ombros.
— Você sabia que sexo ajuda bastante nesse período? —

Chris diz me olhando. — Se tivesse alguma restrição, o médico com


certeza teria dito alguma coisa.

Balanço a cabeça, me sentindo um tremendo de um babaca.

Mas eu estou com medo.

Com um puta medo.

Heitor entra na sala e nos encara sério.

— Tão rindo de quê?

— Lorenzo, sem transar... — Arthur diz me olhando e torce o

nariz. — Não rola nem uma punheta? Boquete? Chupada? Dedada?

— Dedada no cu do Lorenzo?! — Heitor dispara e estiro o


dedo do meio para ele.

— No seu cu! Arrombado!

— Deixem de ser maldosos. É super compreensível que você


esteja desse jeito Lorenzo. Por ser uma gravidez complicada... —
Patrick diz, enquanto folheia uma revista.

— Tem certeza de que esse babacão é da família? — Arthur


pergunta. — Compreensão de cu é rola.

— Cala a boca Arthur!


— Presta atenção. — Arthur me encara sério. — Mulher nesse
estado é frágil, se sente carente e é chorona pra caralho!

Olhamos para Arthur ao mesmo tempo e ele sorri.

— Já transou com alguma grávida?

— Graças a Deus, não! E nem vou! Mas eu li uma vez. Fiquei


assustado e joguei a revista fora.

Arthur é um babaca.

— Lorenzo, transar não vai prejudicar as meninas em nada,

nem a Diana. Se ela está bem, não está sentindo nada, não tem por
que não transarem. Eu e Ágata transamos muito quando ela estava
grávida de Henry. Muito mesmo.

Patrick abaixa os olhos e fitamos Chris.

— Transavam do mesmo modo que antes?

Chris se ergue e passa a mão pela barba, me olhando.

— Claro que não Lorenzo. Tem que ter controle.

— Eu e Diana antes fazíamos sem controle. — Me adianto.

Aliás, que saudade. QUE SAUDADE.

— Só que agora tem que ter cautela. — Chris diz me olhando.


— Não é pela quantidade de criança, nesse caso é... Mas pelo
estado da gravidez, também.

— Então nada de movimentos bruscos?

— Cara, deixa de ser boiola!

— Vai se foder Arthur! Ela está grávida! De três!

— Não tem como eu te explicar tudo, na hora você vai saber


até onde vocês podem ir. — Chris rebate. — Você vai ver até onde é
o limite... Intimidade, Lorenzo. Intimidade.

— Intimidade? — Franzo o cenho o olhando.

— Isso. Toques, carícias... Intimidade.

— Nem o Patrick passa tanto tempo sem afogar o ganso desse


jeito. — Arthur dispara. — Qual foi a última vez que você transou,

Patrikinho?

— Como você é engraçado, Arthur. — Meu irmão revira os


olhos e sorrio.

— Eu acho que você deveria transar sem dó. Matar esse


espírito possuído de atriz pornô que a Diana tá sentindo! — Heitor
diz, abrindo os braços. — Se ela quer transar, transa ué!

Explodo em uma gargalhada.


— Acho que Bianca tá te ensinando certinho em... — Disparo,
vendo Heitor me encarar sério.

— Bianca é uma vaca, desalmada sem coração! — Heitor diz


emburrado. — Ordinária!

— Heitor deixa de lamentação, que é só ela estalar os dedos

que você vai correndo. — Arthur diz. — Eu bem que vi ontem, você
deixando várias mensagens na caixa postal dela.

— Que vacilo Heitor. — Patrick sorri.

— Olha, você cala essa sua boca Arthur. Porque se eu

começar a falar de alguém que começa com Ca e termina


com Mille...

Arthur enrijece a mandíbula no mesmo instante, fuzilando

Heitor com os olhos.

— Fala em gente, seu imbecil! Desgraçado do caralho. O


assunto aqui e Lorenzo e o pau medroso dele!

— Podem parar! — Chris diz, batendo na mesa. — Temos

assuntos sérios para tratar agora. Contratos.

— Tô fora. Nem aqui eu trabalho. — Heitor salta da cadeira.

— E veio fazer o que aqui? Irmão da onça! — Arthur dispara.


— O que foi? — Pergunto, enquanto Heitor olha as unhas,

ignorando Arthur.

— Essa alma sebosa, que não desgruda daquele filhote de


cruz credo do Elliot. Falso do caralho!

— Elliot sempre foi meu amigo, a gente não tem culpa se você
e a irmã dele brigaram. — Heitor dá de ombros.

— Ah, vai tomar no cu! Quero saber dessa família de merda


não.

— Se eu gostasse de fofoca, ia te contar o que descobri. Mas


como eu odeio... — Heitor sorri, tamborilando os dedos na mesa de
vidro.

Chris coloca a mão no queixo, Patrick cruza os braços e eu me


remexo na cadeira.

Arthur nos encara e sorrimos os três.

— Ah, vão tomar no cu de vocês! Fofoqueiros do satanás! —

Se ergue raivoso, tirando Heitor da sala pelo braço. — Sai daqui!


Agora!

— Me solta Arthur!

— Conta tudo para a sua mãe Heitor! — Grito sorrindo.


— Vamos falar de trabalho, que agora você vai ter três bocas
para alimentar. — Arthur volta a se sentar e fico sério, de repente.

Chris começa a falar sobre a viagem que Patrick ou Arthur vão

ter que fazer para San Diego, para oficializar um contrato com os
novos advogados da empresa que papai faz questão de ser
resolvido.

Estou livre por estar de licença paternidade.

— Vou ligar para a Perrot, para ver os ajustes que eu quero. —


Giro a cadeira de um lado para o outro.

— Diana já sabe que comprou a casa?

Nego sorrindo.

— Vou fazer uma surpresa. Quero que ela faça do jeito dela,
do nosso jeito. Sem intromissão de ninguém dessa vez. — Rebato
apertando a caneta nos dedos.

A casa fica em um condomínio perto dos meus pais, mas um


pouco longe também, porque privacidade é tudo. Vou contar assim
que o negócio for fechado, quero deixá-la com nosso jeito e nossa

cara. Sem contar no espaço que eu quero para as meninas brincar.

— Senhor Gonzáles, o senhor Enrique Martin está subindo. —


A secretaria entra na sala e assinto.
— Obrigado.

— É aquilo lá, do velho Matusalém? — Arthur indaga e


concordo.

— Acha que deu certo? — Chris me fita.

— Estou contando que sim.

Eu estou ansioso como o inferno esperando Enrique chegar.

Colocamos tudo em prática.

Enrique não é o cunhado mais simpático do mundo, é sempre


de poucas palavras. Só que o carinho e amor que ele sente por
Diana é invejável. E eu o admiro muito por isso.

Tivemos uma conversa esclarecedora, um dia após Diana sair


do hospital e lá, tudo foi colocado às claras.

Juntou o ódio dele com o meu pelo Luttero.

E BUM!

Pau no cu do velho.

O encaro explicando cada detalhe do que estava planejando e


ele me analisava com cautela, apenas assentindo de vez em

quando.
Não queria nada do velho. Nada. Apenas queria tirar tudo que

o fazia se sentir superior.

— Não acho que ele vai cair tão fácil assim. — Ele morde o
lábio me fitando.

— Seu pai é ganancioso Enrique. Só enxerga o dinheiro em

sua frente.

Ele passa a mão pelo queixo e me encara segundos depois.

— Sempre foi o dinheiro. Meu pai só tem o que tem hoje, por
conta da minha mãe. Apenas. Se tirar o dinheiro de Luttero, estará

tirando tudo. Conte comigo. Meu pai desgraçou a minha vida, não
vou deixá-lo fazer isso com Diana. — Suspira e posso ver uma

névoa de lágrimas em seus olhos.

Sabíamos que não ia ser fácil. Arthur e Elliot ajudaram com


todas as papeladas.

O velho vai recorrer, com toda certeza. Mas Enrique tem muito

mais direitos que ele e só usamos isso a nosso favor. Enrique


herdou tudo da mãe e apenas metade foi passado para ele. Ele só
vai pegar de volta.

— Desculpem a demora, estava resolvendo uns assuntos. —


Diz, colocando a pasta sobre a mesa.
— Deu certo? — Pergunto o olhando.

Enrique sorri e me entrega os papéis.

— O pedido foi concedido. Luterro perdeu 50% das ações.


— Fujo de casamento como o diabo foge da cruz. — Bianca
diz e bebe o suco nos olhando. — Não gosto de grude. Comigo é

pega, mas não se apega!

— Nossa... Parece que estou ouvindo um dos meninos

falando. — Helena rebate.


— Mas é verdade gente. Tantos boys maravilhosos, gostosos,

dando sopa por aí. — Bianca diz e tira os óculos de sol. — E de


repente nós vamos nos prender a um só?! Estou fora.

— Bianca é uma devassa! — Digo sorrindo e coloco os óculos


no cabelo.

— Olha que Lorenzo também tinha um medo medonho de

casamento em Bianca... — Ágata sorri e damos gargalhada,


ouvindo as tossidas desesperadas que saem da minha prima.

Clhoe e Henry brincam no jardim correndo em suas bicicletas.


Estamos todas na piscina, aproveitando o fim de tarde que está

incrível.

— Achei que gostasse de mim Ágata. — Minha prima franze o


cenho a olhando.

— Você e Heitor? Não estão mais se pegando?

Bianca estala a língua, tomando todo o suco de uma vez só e


nos olha.

— Nos pegamos sempre, só que Heitor acha que por causa

disso ele tem algum direito sobre mim, eu hein. — Diz balançando a

cabeça. — É gostoso... Um puto muito do gostoso.

— Isso ele é. — Helena concorda sorrindo.


— Só que tem esse defeito, machista do caralho! Eu odeio
homem machista! Pegam todas as mulheres, mas se a gente beijar

mais de três em uma noite, somos vadias. Vão se foder!

— É de família Bianca. Chris não fica atrás. — Ágata diz me

olhando. — No começo era Christopher e sua arrogância

prepotente.

— Põe prepotente nisso. — Helena diz.

— Mas coloquei ele em seu devido lugar.

— Não preciso nem dizer nada né?! — Digo rindo e dou de

ombros.

Lembro da arrogância de Lorenzo no início, mas mesmo sendo

bem arrogante, nunca me privou de absolutamente nada que eu

quisesse fazer.

Dona Clarisse se aproxima junto da irmã, as duas vem

conversando animadamente.

— Lá vem as duas criadoras de cafajestes. — Ágata fala

quando as duas se sentam.

— Os mais lindos do mundo. — Catarina fala.

— Às vezes merecem um socão na cara. — Bianca cruza os

braços.
Arregalo os olhos, e depois caímos em uma gargalhada.

— Eles tomam juízo. Demora, mas tomam.

— Só que vou ter que falar, que os melhores cafajestes dão os

melhores maridos. — Dona Clarisse sorri. — Me casei com um e


tive três.

— Eu tive dois e me casei com um também. — Dona Catarina


suspira.

— Mas Patrick não aparenta ser tão cafajeste igual os outros

né?! Ele é puro cavalheirismo. — Helena solta o ar sorrindo.

Ágata brinca com os óculos em cima de mesa.

Sei do passado que eles tiveram. Lorenzo me contou

rapidamente. O quanto Chris e Patrick ficaram divididos. Acho que


não é fácil para eles relembrarem de tudo.

— Patrick é um verdadeiro gentleman, enquanto Chris e


Lorenzo se metiam em confusão, ele amenizava. Puxou mais a

mim.

— Mas também não deixa de ser um homão gostoso da porra!

— Bianca!

— É o sangue dos Gonzáles gente!


E que sangue. Sorrio, lembrando do início do contrato do meu

casamento, as brigas, os beijos... O quanto tivemos que


amadurecer.

Afago minha barriga e sinto as meninas mexerem

animadamente.

— Já escolheu os nomes? — Ágata pergunta animada.

— Estava vendo uns nomes, mas não sei ao certo. — Nego

com a cabeça. — Quero nomes simples e fortes... Igual a elas.

Já vi tantos nomes na internet, mas poucos me chamaram a


atenção.

Mesmo tendo um em mente, que eu tenho certeza de que vai


ser a homenagem mais linda.

_ Lembro quando engravidei do Lorenzo, torcia para ser uma

menina. Tinha quase certeza. — Dona Clarisse sorri, me olhando. —


Belo engano. Veio meu menino lindo.

— Como seria o nome dele, se fosse menina?

— Se chamaria Maya. — Ela sorri.

— Eu e Clarisse torcemos para ser mãe de meninas.

— Olha quem chegou.


Olhamos para o lado, no exato momento em que os cinco
carros param no jardim. Enrique desce primeiro, seguido de Arthur,
depois Patrick.

Lorenzo e Chris vem logo em seguida.

E segundos depois, o carro de Heitor para.

Helena solta um pigarro baixo.

— É muita beleza para uma família só, meu Deus. — Bianca


diz enquanto se abana. — Com todo respeito!

Os meninos param na nossa frente e encaro Lorenzo que me

olha.

Enrique beija minha testa e seus olhos rapidamente pousam

em Helena.

— Helena.

— Enrique. — Ela pigarreia rapidamente.

— Meu Deus... Como é possível ficar mais linda do que hoje

de manhã? — Lorenzo sussurra e beija meu pescoço quando o


encaro.

Gostaria muito de ter seu pau em mim. — Meu interior grita.

Está lindo e sexy.


Apenas de camisa social com as mangas dobradas até os
cotovelos e alguns botões do alto abertos revelando o peito.

Ficar perto dele é como acender o pavio de uma bomba, que


vai explodir a qualquer momento.

Os hormônios e todo o resto estão me matando.

O encaro sorrir, enquanto me beija rapidamente.

— Bobo.

Heitor fica sério, cruzando os braços enquanto encara meu

irmão e Bianca.

— Estavam falando sobre o que? — Arthur pergunta se

sentando.

— Nada que você possa saber. — Ágata rebate enquanto

Chris a puxa para sentar-se em seu colo.

— Já disse que você é um amor de pessoa Ágata?! — Arthur

pergunta.

— Já disse sim.

— Pois eu menti!

— Vim só te ver e saber como estão as minhas sobrinhas. —


Enrique beija minha testa rapidamente.
— Estamos ótimas. Estava com o Lorenzo?

— Sim, para coisas bobas. Vou ter que ir resolver uma coisa

agora, mas prometo que passo amanhã para te ver e conversar

melhor.

— Você me dá uma carona Enrique? — Bianca se ergue,

passando por Heitor que a encara carrancudo. — Eu te ligo Di!

Beijo!

Beijo Bianca, que sai rapidamente com meu irmão.

— Vai lá, com esse pau no cu!- Heitor franze o nariz e me olha.

— Foi mal aí Diana.

— Não quer descansar? — Lorenzo sussurra me olhando,


sentado ao meu lado.

— Vocês aproveitem para transar agora, porque depois que a


prole nascer...

— Cala a boca Arthur! — Lorenzo rebate!

— Tô falando! Não se transa todo dia depois que se tem filhos!

— Claro que transa! Acha que tive três filhos como? — Dona
Clarisse rebate.

— Mamãe, que horror!


— Eu transava horrores com Thomas!

— Mamãe, pelo amor de Deus!

— Vocês acham o que? Que a gente não pode transar? Por

Deus!

Patrick apenas sorri, enquanto beija dona Clarisse.

— Está tudo bem, amor?

— Patrick está com dor de cabeça. — Arthur fala na frente.

— Vou tomar um banho.

— Mamãe vai fazer um suco para você e dar remédio. — Dona

Clarisse se ergue rapidamente. — Vou cuidar do meu bebê número

dois.

— Annnwww que fofinho. — Heitor resmunga. — Depois eu

que sou o bebezão.

— Mas você é o bebezão da mamãe.

— Ah mãe, não me desmoraliza. — Heitor sorri. — Por favor!

Dona Catarina sorri e o beija.

— Crianças.

— Eu acho que essa coisa de transar todos os dias depois que

se tem filhos, é mito. — Arthur volta ao início da conversa.


Lorenzo aperta minha coxa e sorrio o olhando.

— Eu não concordo! Nós transamos todos os dias! — Chris diz

sério.

— Duvido! — Arthur dispara. — Duvido! — Repete.

— Amor, a gente não transa todo dia?!

Explodimos juntos em uma gargalhada sonora.

— Conseguem ser bem idiotas quando querem.

Subo para o quarto com Lorenzo, enquanto todo mundo

continua no andar de baixo. Sr. Patrício está na sala, brincando com

Henry e Chloe, que soltam diversas gargalhadas toda hora.

É maravilhoso ver que ele não ficou com nenhuma sequela, só

está tomando todo o tipo de cuidado com a saúde.

— Como foi seu dia hoje? — Lorenzo tira a camisa e franzo o

cenho, me sentando na cama.

— Como todos os dias. — Sorrio dando de ombros.


— Fiquei com as meninas, comprei algumas coisas que

estavam faltando para as bebês e fiquei conversando, esperando

você.

Ele acaba de tirar a gravata e desce a calça nas pernas

definidas.

Deito a cabeça, observando os músculos, a cueca boxer cinza

justa no corpo. Aquele abdômen definido e...

Gostoso!

— Diana?

Ergo a cabeça, vendo-o parado no meio do quarto.

O sorriso perverso estampado no rosto, para o meu delírio.

Estou com saudades de Lorenzo me abraçando e me beijando,

como sempre fazia, com ardor, com desejo, com paixão.

Sopro o ar, olhando-o parado, encostado na soleira da porta

com os braços cruzados. Eu estou quase explodindo com esse

desejo, meu corpo parece ter vontade própria.

— Bruxinha... Bruxinha.

Mordo o lábio inferior descendo os olhos pelo abdômen


trincado.
Arfo, sentindo o fogo me dominar por completo.

— Vamos tomar um banho? — Pergunta se aproximando.

Me ergo, soltando o ar e passando a mão pelo meu pescoço

— Acho que vai precisar me dar um banho.

Ele balança a cabeça sorrindo.

— Diana...

— Por favor. Não consigo alcançar alguns lugares. — Abaixo a


voz o olhando.

Realmente é verdade. Só que eu estou sorrateiramente me


aproveitando dessa situação.

Estar grávida não é fácil, ainda mais de três bebês.

Tudo triplicado.

— Apenas um banho.

Reviro os olhos, me levanto e desço as alças do vestido,

deixando-o cair, sob o olhar voraz de Lorenzo.

Meus dedos seguram as laterais da calcinha, mas obviamente

não consigo me abaixar mais, balanço as pernas até ela cair, sobre

meus pés.
Lorenzo me observa calado, capturando cada movimento que
faço.

Meus seios parecem que vão explodir, literalmente, de tão


cheios que estão.

Sua boca se abre e percebo-o engolir seco, olhando para os


meus peitos.

Meu Deus!

Virei uma depravada!

Uiii gostei!

Ele nega com a cabeça, semicerrando seus olhos, e os meus

descem pelo corpo, parando exatamente no ponto em que mais se

destaca.

O pau duro, marcando sua cueca.

Filho de uma mãe gostoso e quente.

— Vamos tomar um banho.


Amo tomar banho junto com ela.

Amo ver a água descer pelo seu corpo, molhando-o, a pele


arrepiando-se junto da minha. A maneira que as pernas se abrem
completamente quando minhas mãos esfregam a parte mais

sensível dela.

É a melhor parte do dia. Onde cuidamos um do outro.

Meus dedos brincam com a carne macia, passando entre os

lábios da boceta que parece se desmanchar com o toque. A


respiração ficando ofegante e intensa, baixa e ao mesmo tempo
rápida.

E os seios... Puta que pariu! Os seios estão... estão...

Eu nunca fiquei com tanta vontade de cair de boca, mas não é


com delicadeza não. É com desejo. Com fome. Com toda a ânsia de
tesão que existe dentro de mim.

Estão firmes e duros, os bicos sempre pontudos e sensíveis. É


apenas tocá-los para Diana gemer baixo, como se fosse derreter de
tesão.

Circulo-os com os dedos, roçando devagar, sua boca se abre e


o sorriso perverso se forma naqueles lábios em formato de coração,
que eu tanto amo.
— Lorenzo! — Arfa baixo e aperta meus ombros. — Por
favor...

— Por favor o quê? — Beijo o pescoço, ainda molhado pela

água que cai em seu corpo.

— Você sabe o que. — Diz e se vira me encarando fixamente.

— Meu amor...

— Eu não vou quebrar Lorenzo! Pode parecer que sim às

vezes, mas eu sou uma mulher. Sua mulher, e desejo tanto você...

— Acha que não desejo você Bruxinha? Acha? — Pergunto,


colocando as mãos sobre a parede fria.

Diana sorri, balançando a cabeça e a fito.

Cravo os olhos aos seus.

— Estou com medo. — Assumo, acariciando seu rosto e vejo-a


fechar os olhos demoradamente.

Caralho, isso é muita boiolagem. - O Lorenzo de antes diz.

Isso é o certo porra! É sua mulher e suas filhas! — O Lorenzo


sensato reforça.

— Com medo? Com medo de mim? — A voz sai em tom de


surpresa.
Balanço a cabeça e desligo o chuveiro, sem quebrar o contato
de nossos olhos.

— Diana, você sabe muito bem que quando a gente vai para a
cama... — Passo a língua pelos lábios. — Você não faz ideia o
quanto eu estou louco... Louco para foder você, de todas as

maneiras possíveis, o quanto eu sinto vontade de quebrar você ao


meio de tanto foder.

Ela arregala os olhos e sorri.

— Só que você está grávida! Grávida, de três bebês! E se

alguma coisa acontecer? Se eu te machucar? Se eu machucar as


meninas? Acha que posso me perdoar, por meu tesão ser maior que

o desejo de proteger vocês?

As mãos de Diana sorrateiramente passeiam pelo meu peito,


fazendo meu corpo instantaneamente arrepiar-se ao delicado toque.

Puta que pariu!

Puta que pariu!

Trinco os dentes sentindo-a descer, e a boca quente se cola na


minha rapidamente, a língua entra na minha boca faminta, ávida e
chupa um dos meus lábios.
— Diana... — Sussurro, sentindo a língua descer pelo meu

pescoço enquanto suas mãos seguram o meu rosto.

Mesmo sabendo que eu poderia me desvencilhar a qualquer


momento, eu não consigo.

Diana está linda, exalando tesão por todos os poros, me

enlouquecendo.

A mão se fecha sobre meu pau, que lateja em seus dedos, e


desliza sobre todo o eixo duro. Tadinho.

— Não posso fazer tudo que eu quero Diana. Mesmo


querendo mais que tudo.

— Você não vai nos machucar Lorenzo... Nunca o faria.

— Mas não vou correr o risco meu amor. — Beijo os lábios

demoradamente.

Ela respira fundo e assente, com uma expressão triste nos


olhos. Abre o box, pega a toalha e enrola no corpo saindo do

banheiro rapidamente.

Eu estou fazendo isso por elas.

Apenas por elas quatro.

Que inferno de mulher teimosa!


Está com a barriga cheia de gente e não me entende!

NÃO ENTENDE!

Descemos para jantar em um silêncio absurdo. Estamos


apenas eu, mamãe, papai e Diana. Chris e Ágata saíram e Patrick

está no quarto.

Remexo a comida no prato, comendo na força do ódio.

Apenas agradeço quando a sobremesa é servida. E mesmo

sendo apaixonado por torta de pêssego, eu não me animei tanto


assim.

Ou foi isso que pensei.

Observo Diana enfiar a colher na massa branca e colocar na

boca.

Nada demais certo?!

ERRADO!

ERRADÍSSIMO!

Ela fecha os olhos, fazendo os lábios se tocarem de maneira


provocante.

Que filha de uma mãe!


Aperto a colher entre os dedos e ela sorri, passando a língua
pelos lábios em um gesto inocente.

Que de inocente não tem nada!

Está me punindo, juntando as duas coisas que eu mais amo.

Torta de pêssego e os lábios dela!

Filha de uma mãe!

Meu pai pigarreia enquanto coloca a taça na mesa.

— Que silêncio. — O velho sussurra nos fitando.

— Não vai comer Lorenzo?

Fito Diana com os olhos semicerrados.

Sentiram o tom de safadeza exalando dessa safada?

Porque eu senti!

— Sua sobremesa preferida, amor. — Mamãe sorri.

Diana me encara com uma falsa inocência.

Ela está pedindo por uma surra de pau.

Assinto levemente, colocando a colher na boca. Meu pai entra


em uma conversa com ela e minha mãe, então apenas fico calado,

olhando-os.
Diana subiu para o quarto há alguns minutos e faço o mesmo,
mas antes passo pelo quarto do meu irmão, bato na porta devagar e

ouço ele falar para entrar.

Patrick tem sua independência, assim como todos nós. Mas


mesmo tendo, não só um apartamento, mas vários, ainda dorme na

casa dos nossos pais às vezes.

Quando nada está certo, é nosso lugar de refúgio. Mais dele,


do que o meu, admito.

Patrick está saindo do banheiro apenas de toalha e franzo o


cenho olhando-o.

— Não é uma visão muito agradável essa que estou tendo. —


Vejo-o balançar a cabeça e sorrir. — Está melhor?

— Estou. Enxaqueca terrível. — Diz dando de ombros.

Sorrio, me virando e olhando as fotos na sua prateleira. Patrick


sempre foi o mais organizado de nós cinco. Sempre. Pego a foto de

Clhoe, sorrindo com Henry recém-nascido em seu colo.

— O mini puto cresceu rápido demais. — Mostro a Patrick, que


assente sorrindo.

Já trocou a toalha por uma calça de moletom.

— E a Clhoe também. Lembra quando ela chegou?


— Como se fosse ontem. — Meu irmão suspira e o encaro. —

Com aqueles cabelos loiros, tão sapeca.

O fito sorrir e colocar as mãos nos bolsos.

Coloco o porta retrato no lugar e o encaro.

Patrick também não é muito de se abrir com a gente. Acho que

desde a infância ele é assim. Sempre achou que consegue lidar


com tudo sozinho.

— Está tudo bem mesmo? Sabe que se quiser conversar...

— É só uma dor de cabeça, mesmo. — Diz sorrindo.

— Sabe que se quiser chorar, eu te dou meu ombro. Mas se


babar em mim, eu soco você. — Sorrio.

— Você ainda é um idiota. — Diz sério. — Boa noite, Lorenzo.

Giro a maçaneta e me viro para encará-lo.

— Posso te falar uma coisa?

Patrick assente.

— Você tem uma cabeça muito grande.

Ele gargalha, pendendo a cabeça para trás.

É bom ouvir essa gargalhada.

— Te amo. — Sussurro o olhando.


Ele fica sério e balança a cabeça.

— Eu também te amo.

Fecho a porta ainda sorrindo.

Coloco os pés na mesa e abro e-mail com o projeto da casa, e

está perfeito para caralho. Só falta mesmo o toque de Diana, para


móveis e decoração.

Tudo do jeito dela.

Nosso quarto tem uma varanda incrível, com vista para a

piscina de borda infinita no jardim, teremos quarto ligado com o das


meninas. Para não ficarmos tão longe delas.

A casa é enorme, dois andares e sete quartos. Um deles vai

ser uma gigante brinquedoteca.

Estou sorrindo quando Arthur abre a porta e me encara.

— Tá vendo pornô?

— Não me chamo Arthur.


— Se chamasse Arthur, estaria vendo com certeza. — Ele sorri
e se senta na minha frente.

— O projeto está pronto. Falta apenas o toque final da

Bruxinha. — Viro o monitor e Arthur sorri.

— Está incrível. — Ele se diz, se debruçando sobre a mesa. —


Deixou um quarto para mim?

Franzo o nariz.

— Vou deixar um aviso na portaria para você nem entrar.


Cuzão. — Sorrio enquanto ele revira os olhos.

— E aí? — Arthur se ergue, vai até o frigobar e pega uma

latinha de refrigerante. — Você e a Diana já conseguiram escapulir?

Giro a cadeira, apertando a caneta nas mãos.

A resposta está bem na minha cara.

Não!

— Eu falei para ela que estou com medo e adivinha o que ela
anda fazendo?

Arthur franze o cenho.

— Me provocando Arthur. Ela virou o satanás!

— Que?
— Eu criei um monstro Arthur.

E criei mesmo. Voltei para o nosso quarto assim que sai do

quarto do Patrick. Troquei de roupa, ficando apenas de calção e ela


estava no banheiro.

Fiquei esperando como faço toda noite, achando que estaria

vestindo minha camisa, ou até mesmo uma camisola apropriada...

Ouçam bem.

APROPRIADA, PARA UMA GRÁVIDA!

Eis que Diana sai vestida com a mesma camisola que usou na

noite em que nos casamos.

Indecente e imoral.

E eu achando que a infeliz da camisola era indecente, caí do


cavalo. Ficou pior.

Quer dizer. Ficou melhor.

Ficou pequenininha por conta do tamanho da barriga, mal


cobrindo a porra dos bicos dos peitos.

Fiquei olhando para ela, como uma águia observando a presa.

Diana apenas andou até a cama e se deitou de lado. O tecido

subiu e a porra da bunda ficou à mostra.


Meu pau me deu uma cutucada e arfei.

Arthur gargalhou sonoramente em minha cara assim que


contei, então mandei em alto e bom som ele tomar no cu. Eu só
estou sendo sensato.

Mesmo desejando tanto ela, que dói.

Temos uma reunião, apenas para fechar uma carga de


petróleo que está sendo embarcada, então é coisa rápida.

Patrick vai passar no apartamento dele e Chris vai direto para

a casa dos sogros, então peguei o carro e acelerei, doido para


chegar em casa.

— Cadê a Diana? — Pergunto para mamãe, que coloca a

xícara na mesa de centro.

— Ela subiu. Chegou tarde hoje...

— Reunião. — Beijo sua testa e sorrio.

Subo os degraus e vou para o quarto, paro em frente do

mesmo quando vejo a porta trancada.

— Diana? — Bato levemente e encosto o ouvido na porta. —


Bruxinha?
Ouço a maçaneta girar e ela aparece, apenas com metade do
rosto.

— O que foi? — Indago, olhando-a morder os lábios. — Está

sentindo alguma coisa?

Os olhos estão fixos aos meus quando ela abre a porta.

Está apenas de calcinha.

— Está calor e estou irritada.

Desço os olhos e engulo em seco.

— O que você ia fazer Diana? — Pergunto, sabendo

exatamente o que ela vai responder.


Respira, Lorenzo. Respira. Respira.

Puxo o ar, sentindo minhas mãos tremerem.

Deus...

— Meu amor... — Fecho a porta, trancando-a. — Você quer

me enlouquecer? É isso? Quer que eu fique doido?

— Só quero meu marido, apenas. — Diz segurando a toalha

nas mãos. — Estou carente, esses hormônios estão acabando


comigo.

Sorrio de lado, engolindo em seco, sentindo as batidas

frenéticas do meu coração. Olho-a de cima à baixo, e beijo os

lábios.

— Espera aqui. — Ela assente e vou para o banheiro.

O banho é bem mais rápido que pensei. Saio alguns minutos


depois, apenas com a toalha enrolada na cintura. Algumas gotículas

de água ainda descem pelo meu peito. Diana está deitada de lado,

me olhando.

Estendo a mão e ela se levanta devagar. Me sento, abro as

pernas e ela se põe no meio delas.

Coloco as mãos em seus quadris e olho dentro de seus olhos.

— Eu sei que acha que vai nos machucar. Mas não vai. —

Sussurra, com as mãos enfiadas em meu cabelo. — Eu amo

quando você é esse Lorenzo carinhoso, que me beija na testa e


quer me proteger de tudo. Mas amo também quando me encara

com aquele olhar de tesão, como se fosse me devorar inteira.

Passa a língua pelos lábios e sorrio a olhando.

— Sabe que eu te amo né?

Ela assente e engulo em seco.


O peito acelera e encaro as pupilas dilatarem.

Minhas mãos apertam os quadris firmemente, a boca

espalhando beijos pela barriga.

— Deixa eu cuidar dessa sua carência então. — Sopro o ar

sorrindo e colo sua boca na minha.

Esmago os lábios que se abrem recebendo minha língua

voraz, mordisco-os e volto a beijá-la. Me ergo, segurando em seu

rosto, vendo a boca entreaberta clamar pela minha.

Diana geme e sorrio entre os lábios, sentindo a língua se

entrelaçar a minha. A deito gentilmente e apoio todo meu peso em

meus braços, para não chegar nem sequer a encostar perto dela.

— Vou chupar você todinha meu amor. — Sussurro, lambendo

seus lábios, a olhando se remexer.

Beijo o pescoço, descendo pelo vale dos seios.

Sinto o coração palpitar enquanto a encaro.

A boquinha linda entreaberta, o peito subindo e descendo,

fazendo os seios embalarem no mesmo ritmo.

E estavam tão... Tão... Convidativos.


Minha boca saliva e rodeio o polegar na auréola, sentindo-a

arrepiar-se mais ainda sob o toque.

As veias bem-marcadas na pele alva, minha boca enche

d'água.

Diana me fita e mordo o lábio, vendo os olhos brilharem.

Foda-se! Vou cair de boca!

Mas e se doer?

— Posso? — Indago e vejo os olhos brilharem.

Ela me encara, franzindo o cenho.

— Não sei... — Sorri meio sem jeito. — É... Coisas de grávida.

— Dói? — Indago, circulando-o com a ponta do polegar.

— Não... Er... Outra coisa. — Diz e morde o lábio devagar.

A encaro fixamente, tentando entender. Diana remexe as


pernas, me encarando e nega com a cabeça.

— Amor... — A chamo baixo e beijo os lábios, voltando a beijar


o pescoço, mordiscando-o de leve.

Desço a mão por entre as pernas, encontrando o tecido da


calcinha, meus dedos se enfiam entre a carne macia da boceta, que

está tão úmida, que escorre por entre meus dedos.


— Ah minha Bruxinha... — Ofego esfregando a própria

lubrificação em sua entrada.

— Lorenzo! — As mãos se enfincam em meus ombros


enquanto os gemidos ecoam.

Esfrego um dedo no clitóris inchado e volto a penetrá-la fundo.


Volto novamente, seguindo o ciclo vicioso, fazendo seu corpo tremer

e as pernas se abrirem ainda mais.

Meus lábios junto dos seus, as línguas unidas, assim como


nossos corpos.

A carne macia sugando meu dedo, apertando-o, fazendo ir


mais fundo. Com o polegar, esfrego-o e o indicador entra e sai.

— Ahhh...

— Goza meu amor, quero ver você se desmanchar em meus

dedos e depois em minha boca. Para quando eu entrar aqui... —


Um dedo a penetra e Diana arfa. — Você se sentir a mulher mais
desejada e bem fodida que sempre foi e sempre vai ser.

A encaro fixamente e sorrio.

— Minha mulher. — Sussurro entre os lábios.

E puta que pariu.


É a porra da sensação mais gostosa da minha vida.

Os gemidos soam baixos e intensos ao mesmo tempo. Apenas

sorrio vendo o desespero nos olhos claros, as pupilas dilatadas e o


desejo estampado no rosto.

Ela é toda minha. Eu sou todo dela.

Tiro os dedos completamente molhados e a encaro, meus


olhos ficam presos de imediato enquanto observo uma gotícula

branca escorrer do bico enrijecido.

Diana me fita e o rosto cora instantemente.

Estou hipnotizado, olhando a gotícula descer e deslizar pela


pele.

— Era isso? — Sussurro enquanto Diana me encara. — Meu


amor... Isso é a coisa mais natural do mundo.

— Lorenzo... — Fala quando amparo a partícula líquida que

escorre com o polegar. A encaro negar, o rosto ficando corado e a


respiração ofegante.

Levo diretamente a boca a olhando.

O gosto se espalhando em minha boca e sorrio.

— É uma delícia... Assim como tudo que sai de você.


Beijo o alto dos seios e ouço-a gemer e passo a língua pelo
bico entorpecido, fecho os lábios entre o mesmo e o sugo. Diana
arqueia as costas e continuo a sucção, lenta e firme ao mesmo

tempo.

Vou para o outro seio, sentido a mesma sensação indescritível.

A intimidade vai muito mais além do que qualquer outra coisa,


a confiança, o desejo, a sensação de pertencer a ela, como ela

pertence a mim.

Nada mais.

Passo a língua pelos lábios, sob seu olhar intenso, minha boca
úmida pelo líquido transparente e foda-se. É a melhor sensação da

vida.

As mãos de Diana seguram meu rosto e afunda a língua em

minha boca, desesperada, intensa e indescritível, assim é esse

momento.

Enfio os dedos no tecido da calcinha, descendo-a e tirando a

peça rapidamente. Fito a boceta inchada e sorrio, beijando-a.

Chupo os lábios, as dobrinhas úmidas pelo recém orgasmo.

Diana geme, se contorce e sorrio, enfiando meu rosto, a penetro


com a língua, circulando cada canto. Sugo o clitóris, e serpenteio de

cima à baixo, de baixo à cima.

Esfrego o nariz, voltando a chupá-la com força e vontade,

minha boca se enchendo da carne macia e quente. Minha língua


invadindo-a.

Diana geme segurando em meus cabelos, aprofundo a língua

e mordisco-a. Ela geme, se contorcendo enquanto os espasmos


saem, mordo o lábio e me ergo da cama.

— Lorenzo... Por favor. — Geme alucinada e sorrio.

— Me deixa fazer do meu jeito. — Peço baixinho e passo o

polegar pelos seus lábios. — Eu não quero machucar você.

Suspiro baixo. Eu nunca pensei que sentiria tanto medo assim.

Qual é, eu nunca tinha transado com uma grávida antes.

— Eu te amo. — Ela sussurra, me encarando com as mãos

paradas em minha cintura.

Meu Deus, como eu amo essa mulher. Cada parte daquele

corpo.

— Minha bebê devassa. — Sorrio

Eu estou eufórico.
Mantenha o controle. — Repito para mim mesmo.

Colo o rosto na barriga de Diana e sorrio sussurrando:

— Papai vai brincar um pouquinho com a mamãe de vocês,

sejam boazinhas e se comportem. — Meus olhos encontram os de

Diana, que me encara com um sorriso carregado de desejo. —


Agora é o momento da mamãe. Papai ama vocês.

Dou um Beijo rápido na barriga e me ergo

— Eu vou...

Paro, olhando-a passar a língua pelos lábios me encarando.

— Vai o que? — Pergunta com uma falsa inocência, me

olhando.

Como eu amo essa mulher, meu Deus!

— Acabar com sua boceta.

— Lorenzo... Por Deus. — Diz com o rosto a centímetros do

meu. — Eu preciso de você dentro de mim.

— Eu sei que precisa.

Sorrio sobre os lábios, olhando-a fechar os olhos. A boca abre

enquanto ela solta um gemido que me faz arrepiar até a espinha.

— Lorenzo...
Chupo seus lábios com volúpia, sentindo a língua quente em

luta com a minha.

— Ahhh porra, Diana! — Trinco os dentes sentindo a mão

quente me envolver.

Eu estou prestes a gozar em sua mão.

— Não acabe com a brincadeira... — Digo, a olhando morder o


lábio.

— Você não sabe o quanto...

Fecho os olhos quando sinto a mão quente me apertar, ela

delicadamente passa o polegar pela glande, acabando de lubrificar

a extensão.

Caralho.

CARALHO.

CARALHOOOOOOOO.

— Diana...

— Lorenzo...

— Se sentir alguma coisa... Eu juro que paro, certo? — Falo,

vendo-a assentir.
Seguro o pau, pincelando na abertura da sua boceta, vendo-a

se contorcer.

Está tão molhada.

As pernas abertas no canto da cama, e aperto sua cintura

enquanto vou me enterrando lentamente e completamente nela.

Deixando cada centímetro ser sugado pela boceta.

— Ohh Meu...

— Que saudade dessa boceta. — Sussurro enquanto a

penetro.

Afasto minhas pernas e solto um gemido rouco e alucinante,

fodendo intensamente. É como morrer e estar no paraíso.

— Meu amor. — Sorrio, entrando e saindo.

Olho a boceta me engolir, meu pau sumindo e aparecendo


novamente. Indo e voltando.

— Ahhh, Lorenzo! Não... Não para.

Controle, Lorenzo. Controle.

Seguro o pau pela base, dando batidinhas e a penetrando

novamente.
Sorrio, vendo seu olhar de desespero, me deito na cama, me

aninhando atrás dela, apenas para não a cansar ou prejudicá-la.

— Você vai me fazer perder o resto do controle que eu ainda

tenho. — Sussurro em seu ouvido.

— Perca o controle então. — As palavras saem com gemidos

alucinantes enquanto me enfio nela novamente.

O bumbum colado na minha barriga, as pernas um pouco

abertas e minhas mãos em seus seios.

— Puta que pariu Diana! — Gemo entre dentes.

Ela mesmo comanda os movimentos, se jogando para trás em

meus quadris com movimentos duros, beijo seu pescoço sorrindo.

— Eu te amo. — Sorrio e digo baixo.

Os movimentos vão se intensificando, não tem como ser


sensato uma hora dessas. A boceta deslizando, meu pau duro feito

rocha... São uma dupla sensacional.

— Goza amor... Para mim. Vai Bruxinha.

Diana geme e meu corpo responde de imediato ao seu.

— Ohh... — O corpo se convulsiona e a boceta de Diana

aperta meu pau, me fazendo gemer entre dentes, de tanto tesão


pela sensação de ser esmagado por ela.

O mais perfeito orgasmo na minha frente.

A aperto em meu peito, sentindo meu pau se retrair enquanto

gozo alucinadamente dentro dela. O suor desce de seu rosto, a

respiração ofegante junto da minha.

— Você ainda vai me matar. — A puxo para o meu peito,

enquanto ela deita a cabeça no mesmo, beijo o topo de sua cabeça.

— Podemos fazer de novo... E de novo... E de novo.

Estreito os olhos sorrindo, encarando-a.

— Bruxinha... Você está realmente me tentando?

Ela se senta na cama, ainda nua e me olha sensualmente.

— São desejos de grávida, você não pode negar. — Diz séria.

Se me contassem que eu estaria me negando a fazer sexo, eu

mesmo me daria um soco.

E seria no saco.

— Po

r que não vamos tomar um banho?

— Vai me dar um banho? — Diana pergunta, mordendo os


lábios.
— Você está insaciável. — Digo, beijando seu ombro.

As mãos passeiam por minhas coxas enquanto a água escorre


por minhas costas. Estamos enroscados na banheira cheia de

espuma. Lorenzo atrás de mim, me molhando devagar.

— Sabe que eu sempre tive um desejo insaciável por você. —


A voz rouca me invade e Lorenzo me puxa para seu peito. Viro o
pescoço o encarando.

É incrível o quanto ele fica ainda mais lindo.

Os cabelos molhados caídos sobre a testa.

— Está sentindo alguma coisa? — Pergunta, acariciando


minha barriga.

Amo as mãos grandes em cima de mim, amo sentir essa


proteção que exala dele.

— Estamos ótimas... Estão bem quietinhas. — Sorrio,

passando os dedos pelas pernas longas e definidas. — Você fica


um tesão com essa expressão de preocupação.
— Você fica um tesão de todos os modos.

Ele sorri, me dando um beijo rápido nos lábios.

— Acho que decidi um dos nomes. — Sorrio o olhando.

— Hummm... — Me encara curioso.

— Sabe como seria seu nome se fosse uma menina? — Vejo-


o franzir o cenho.

O sorriso se expande em seu rosto e os olhos brilham de

imediato.

— Mamãe te convenceu? — Indaga ainda sorrindo.

Nego devagar o encarando.

— Vamos fazer uma surpresa para os seus pais.

— Maya. — Ele repete com o sorriso aberto. — Maya Martín

Gonzáles.

Sinto meu coração se aquecer e o encaro, assentindo.

— Vai ser a primeira que tirarem. — Digo quando ele beija


meus cabelos.

— Vamos escolher os nomes de acordo com o nascimento?

Concordo sorrindo.

— Para não ter brigas. A primeira vai ser a Maya.


— Ok.

Lorenzo continua me olhando

— Quero te fazer um pedido.

— O que quiser minha vida.

— É sobre o nome da segunda bebê. — Sorri. — Eu


quero fazer uma surpresa para o Enrique.

Vai ser um presente ao meu irmão.

— Então a segunda vai ser a...

— Eva. — Completo sorrindo. — Eva Martín Gonzáles. A


terceira bebê você escolhe o nome.

Lorenzo me encara, arregalando os olhos.

— Vai deixar essa responsabilidade para mim? — Indaga me


fazendo sorrir.

— Irá me surpreender que eu sei. — Suspiro pesadamente,

sentindo os lábios se encostarem em meu pescoço.

— Eu amo você.

— Eu te amo muito mais. Te amo por três. — Sorrio enquanto


ele me ajuda a virar e ficar em seu colo.
Mesmo a barriga estando enorme e eu não conseguir ficar tão

à vontade como antes, mas o suficiente para ficar com o rosto


colado ao seu.

Acaricio a barba, sentindo as mãos apertarem meus quadris.

— Para Tu amor lo tengo todo Desde mi sangre hasta la

esencia de mi ser y para tu amor que es mi tesoro Tengo mi vida


toda entera a tus pies

Franzo o cenho, ouvindo-o cantarolar baixinho em meu ouvido.

Ele está tão sério, com a voz rouca cantando em um perfeito


espanhol.

—... Y tengo también um corazón que se muere por dar amor

Y que no conoce el fin

Um corazón que late por vos

Sorrio, sentindo toda minha pele se arrepiar.

O coração disparado.

— Por eso yo to quiero tanto que no sé como explicar lo que


siento

Yo te quiero porque tu dolor es mi dolor Y no hay dudas yo te


quiero...
Meus olhos nublam e o beijo, segurando em seu rosto.

— Eu te amo. Eu te amo tanto. Eu te amo tanto, que dói. —


Sussurro contra seus lábios.

— Con el alma y con el corazón te venero hoy y siempre

Gracias yo te doy a ti mi amor Por existir...

Ele sorri acariciando meu rosto.

— Minha pequena.

Uma lágrima desce e sorrio, batendo em seu peito.

— Não se faz isso com uma grávida. — Fungo baixo e limpo o

rosto. — Acabei mesmo de ganhar uma serenata do meu cafajeste?

Ele assente sorrindo.

— O cafajeste, virou homem de família.

Tomo o rosto nas mãos, o beijando com todo o amor e desejo

do mundo, as mãos apertando meu bumbum e a boca colocada a


minha.

Gemo contra seus lábios, suspirando. O coração batendo


descompassado no peito, de tanto que dói por ele.

— Amor... — Ele suspira sorrindo e balançando a cabeça.

— Lorenzo, eu estou bem... Estamos bem.


Sorrio gemendo e me perdendo em seus lábios.

A boca indo em meu pescoço, lambendo a carne que se


arrepia de imediato, abro a boca sentindo as mãos abrirem as

bochechas do meu bumbum.

Arfo, o encarando mordiscar meu lábio inferior.

— Eu ainda vou foder você, bem aqui... — Engulo em seco,

sentindo o dedo rodear o buraquinho enrugado. Nego veemente e


ele sorri.

— Enfiar uma joia é uma coisa... Você me partiria ao meio. —


Digo o óbvio, sentindo os olhos brilharem de desejo.

— Você vai implorar para eu comer seu cu meu amor. Ou não


me chamo Lorenzo.

Captura meus lábios, me deixando sem fala.

Saímos da banheira devagar, ainda molhados. Meu corpo


ainda ansiava pelo seu toque, assim como ele pelo meu.

Dessa vez não houve pressa, não que da primeira vez tenha
tido. Mas Lorenzo foi lento quando deslizou para dentro de mim,

arrancando um gemido baixo e intenso, a boca procurando a minha.

As mãos em meus seios e em minha barriga, as carícias me


deixando mais leve. O pau entrando e saindo lentamente, mas
intenso ao mesmo tempo. Os gemidos e apenas o barulho dos
nossos corpos se chocando é o que quebra o silêncio da noite.

O tesão desenfreado quando ele captura meu seio, lambendo-


o devagar. Indo para um, depois para o outro.

A posição de lado é a mais confortável e ele a faz com

maestria, foi assim com nossos corpos colados, que chegamos ao


clímax do prazer, tendo a certeza do que já sabíamos a muito
tempo.

Somos mais um do outro, do que de nós mesmos.

Mordo o lábio devagar, passando o dedo pela tela


do ipad, estamos vendo os últimos detalhes da reforma feita em
nossa casa, está faltando poucos ajustes na decoração para ficar

pronta. Finalmente.

Estou me sentindo exausta e três vezes maior do que duas


semanas atrás. Achei que não ia ficar mais. Mero engano.

Ainda estou tomando as vitaminas e a margem do peso da


bebê ainda está abaixo das outras. Por isso a cesariana já está
marcada para as 34⁰ semana de gestação, para não ter maiores

complicações. Elas vão ficar na incubadora do mesmo modo, mas


se fosse abaixo das semanas estabelecidas, o nível de complicação
seria muito mais grave.

Estou aflita, ansiosa e com medo. Com muito medo.

Mas consigo ficar aliviada em saber que daqui a menos de


quinze dias, as três vão estar aqui.

Estou ficando mais em repouso, não subo nem desço as

escadas. Fico sempre no quarto, mas nunca sozinha. Bianca vem


todos os dias, junto de Ágata e até Helena.

Eudora conseguiu vir uma vez. Enrique está todos os dias

aqui, parece tão nervoso quanto...

Não. Ninguém está mais nervoso que Lorenzo.

Liga de cinco em cinco minutos para o meu celular e para o

telefone residencial da sala de estar, por que tem medo de que eu


esteja escondendo algo dele.

Olho para o quarto repleto de presentes, ursos de pelúcia


quase do meu tamanho e muitas, muitas flores.

Sim, todos eles presentes do meu marido.


Montamos um quarto provisório onde é o antigo quarto de
Lorenzo. O quarto mais lindo que já tinha visto.

Todo na cor rosa, os três berços pequenos com dossel

dourado e coroa.

Digno de três princesas.

Como Lorenzo sempre fala.

A mão espalma sobre minha barriga e sorrimos quando um

leve chute faz uma onda em minha barriga.

— Estão mais agitadas. — Lorenzo me encara e assinto


sorrindo.

Ele chegou mais cedo do trabalho e acabamos ficando

deitados na cama, não estou conseguindo comer, de tanto enjoo


que estou sentindo.

— Eu já escolhi o nome. — Diz sorrindo e suspiro.

O encaro morder os lábios.

— Não vai me dizer qual? — Pergunto baixo, sentindo os


dedos acariciarem meu rosto.

Ele nega com a cabeça.

— No dia, você vai saber.


— Lorenzo!

— É surpresa. Agora vem dormir. — Beija minha testa e me


puxa para seu peito.

— Amor...

— Dormir, Bruxinha. Dormir.

Abro os olhos, tentando me acostumar com a luz do sol, que


entra em meu quarto. Me sento e percebo que Lorenzo não está na

cama.

Tento me sentar e sinto um desconforto terrível.

— Ai! — Trinco os dentes e sinto a cama molhar rapidamente.

— Lorenzo!

Um grito forte escapa da minha garganta, com uma dor aguda.

Me rasgando de dentro para fora.

— Lorenzo! — Trinco os dentes quando sinto uma pontada


forte me invadir. — Lorenzo!

Vejo-o sair do banheiro e me encarar, parando estático.


— Eii... — Ele se aproxima e me remexo. — Amor? Eu estou

aqui.

Sinto o líquido quente descer por minhas pernas. Meu coração


acelera e minhas mãos ficam trêmulas.

— A bolsa... Ela...

Coloco os dedos e vejo o sangue.

— Ah meu Deus! Ah meu Deus, Diana!

— Eu estou em trabalho de parto, Lorenzo!

Ele me fita e abaixo os olhos, vendo o sangue descer por

minhas pernas.
— O que é isso? — Lorenzo me encara, segurando em meu
braço. — Você está... sangrando?

Eu não consigo falar absolutamente nada. Apenas a dor

dilacerante me rompendo, algo que eu nunca tinha sentido.

Meus gritos ecoam e ele me encara pálido.

— Lorenzo...
— Ágata! Ágata! — Lorenzo grita desesperado. — Mãe! Fique
calma. Fique calma, amor... Eu estou aqui... Estou aqui.

— O que aconteceu? — Ágata aparece na porta do quarto. —

Ah meu Deus, Diana!

Um grito se rompe da minha garganta e aperto a mão de


Lorenzo.

Eu vou morrer.

Eu estou morrendo.

— O que vamos fazer?

Fecho os olhos, sentindo as lágrimas descerem copiosamente.

A dor fazendo eu me contorcer.

— O que está acontecendo?! — Ouço a voz de dona Clarisse


na porta do quarto.

— E-eu vou morrer. — Digo em fio voz. — Nossas filhas,


Lorenzo...

— Não vai não. Está ouvindo? — Lorenzo aperta uma de

minhas mãos. — Não repete mais isso Diana! Está me ouvindo?


Pare com isso!
— Calma, respira e solta! — Ágata me encara e trinco os
dentes. — Ela precisa ir para o hospital agora Lorenzo! Agora!

— Estamos aqui, Diana. Vai ficar tudo bem!

Tudo acontece tão depressa, meus olhos ficam pesados e

minha cabeça roda. A dor ainda está ali, me dilacerando.

— Nossas filhas... Lorenzo.

— N-não fala nada, você vai ficar bem. — Diz segurando em


meu rosto. — Ouviu? Elas estão bem.

Quero gritar, falar, mas nada sai. A voz está presa na garganta.

A dor me deixa desorientada e fecho os olhos.

— Diana, olha para mim! Só olha para mim! — Lorenzo me


encara, segurando em meu rosto. — Só olha para mim! Por favor
meu amor... Vai ficar tudo bem.

Sinto as mãos frias segurando meu rosto e as lágrimas


descendo.

Tudo está me deixando sufocada.

Eu não estou conseguindo falar, eu quero gritar que estou


tentando ficar forte, mas não consigo. Fecho os olhos, soltando um
grito ensurdecedor, quando uma pontada mais forte que a outra me
invade.

— Bruxinha, a gente já está chegando.

O encaro, vendo o rosto distorcido, o pânico estampado em


seu rosto e uma lágrima desce de seus olhos.

— Amor... Fica acordada, por favor! — Pede, me olhando.

Eu estou tentando. Eu juro. Mas já não ouço, nem vejo mais

nada.

Sinto sua mão apertar forte a minha e meus olhos procuram os


seus, mesmo estando turvos pelas lágrimas que descem

copiosamente.

Sou levada rapidamente, vendo as luzes fluorescentes do teto


do hospital, as contrações me fazendo gemer em meio a gritos, uma

dor tão dilacerante.

— Eu estou aqui. Eu estou bem do seu lado, minha


Bruxinha... E eu não vou sair daqui, por nada, ouviu? Você é forte.
Você é mais forte do que pensa. Eu amo você. Eu amo tanto você.
Puxo a respiração presa entre meus pulmões enquanto vejo
Diana sendo carregada por vários enfermeiros, o médico toma a
frente, pedindo para se afastarem. Meu coração falha uma batida
enquanto passo as mãos pelos cabelos.

Ofego, andando de um lado para o outro.

Estou paralisado pelo medo.

Posso fechar os olhos e ver o sangue ali, em suas mãos.

Tinha decidido tirar o dia de folga apenas para ficar com ela,
aquela necessidade intensa de estar ao seu lado me cutucando.

— Chris está vindo para cá. — Ágata diz, desligando o celular


e me olhando. — Liguei para o Enrique e ele também está vindo
com a Bianca.

Me viro, passando a mão pelo rosto.

Isso não pode estar acontecendo. Não pode.

— Vai ficar tudo bem, Lorenzo. Vai ficar tudo bem. — Ágata
passa as mãos pelos meus ombros e a encaro.

— Amor, vai ficar tudo bem. — Mamãe diz, parando ao meu


lado. — Suas filhas estão vindo ao mundo.
Ela tenta sorrir, mas eu sinto que algo não está certo.

Ela tem que ficar bem.

— Se acontecer algo com ela mãe? Ou com as meninas?

— Não vai. — Mamãe me encara. — Não vai, ouviu?

Estou sufocando. A angústia no peito me aperta. É culpa

minha.

Meu Deus.

Afrouxo o nó da gravata, sentindo o peito sufocar, apertado.

Me ergo, negando com a cabeça.

— Eu vou entrar naquela sala e saber o que está acontecendo!


Agora!

— Lorenzo, se acalme!

— Onde ela está? — Me viro, olhando Enrique chegar junto de

Bianca.

— O que aconteceu? Como ela está?

— Levaram ela... Ela estava sangrando. — Digo soltando o ar.


— E-ela estava bem e do nada... Do nada ela começou a gritar e a
bolsa estourou.

— Ah meu Deus!
Enrique se senta e percebo a palidez em seu rosto. Bianca
tapa a boca com as mãos e o desespero toma conta.

Ela está bem. Ela está bem.

Me sento com a mão sobre o peito, olhando a todo instante o


corredor, esperando por qualquer pessoa que venha me trazer a
notícia que está tudo bem.

Mesmo sabendo que não.

Sinto as lágrimas descerem pelo meu rosto e fecho os olhos.

— Viemos assim que Ágata ligou. Já tem notícias? — Chris


pergunta vindo em passos largos.

— Eii... Fica calmo. — Arthur se põe ao meu lado.

Balanço a cabeça, tentando controlar a porra das lágrimas que


teimam em descer, e aquele entalo preso na garganta.

Aquele maldito entalo.

Por favor... Proteja minhas meninas. Por favor. — Fecho os


olhos em súplica. — As quatro... Por favor... Por favor...

— Eu preciso de notícias. — Enrique se ergue, andando até a


recepção.

— Faz tempo que ela entrou?! — Patrick indaga.


Ouço os gritos de Enrique ecoarem pela recepção.

Não estou com forças nem para falar.

— Entrarei em contato com o doutor Mendes... E ele mesmo

virá quando tiver notícias da paciente.

Enrique passa as mãos pelo cabelo.

Estou sem saber que rumo tomar, ou como agir.

Eu só quero minha Bruxinha bem.

— Não fica assim Lorenzo, gravidez é coisa delicada mesmo.


Daqui a pouco a Diana vai estar aqui e junto com as meninas. —
Chris aperta o meu ombro. — Vai ficar tudo bem.

— Eu não posso perdê-las.

— Não vai Lorenzo. — Diz me olhando.

— Gravidez múltiplas são assim Lorenzo, vai ficar tudo bem.


Você vai ver. — Patrick sorri apertando minhas mãos

É o que eu espero.

Estou impaciente e descontrolado, meu peito parece que vai

se romper de tanta dor e agonia.

É tudo junto e misturado.


— Patrício... O que está fazendo aqui? Você não pode... — A
voz de mamãe ecoa e o encaro.

— Não deu para segurá-lo. — Tio Thomas diz.

— Acha que eu ia ficar em casa, sabendo que minhas netas


estão vindo ao mundo? Jamais.

Sai tão depressa, apenas querendo correr contra o tempo e


trazer Diana o mais rápido possível, o peito destroçado e a mente
turbulenta.

— Parentes de Diana Gonzáles.

Eu já não tenho mais forças para me erguer.

— Como ela está doutor? O que aconteceu?

— Ela vai passar por uma cesariana de emergência, está


perdendo líquido e a pressão está muito alta.

Solto o ar devagar.

— Elas são muito pequenas... — Mamãe se ergue.

— Só conseguimos ouvir o batimento de duas bebês...

Me ergo, sentindo o ar faltar de meus pulmões.

— Não doutor... O senhor deve ter se enganado! — Digo com


um fio de voz. — Não... Não...Não...
— A terceira bebê está ficando sem oxigênio. Elas vão para a

UTI neonatal e...

— Faça uma ultra, um exame, qualquer coisa... Não pode ser!


— Enrique dispara.

— Não temos tempo, senhor.

Não. Não pode ser. Não. Não.

— Estamos preparando-a para a sala de cirurgia, o senhor


pode acompanhar o parto.

E ali, parece que meu mundo desaba.

O chão acaba de se abrir, diante dos meus pés.

— Lorenzo... — Encaro minha mãe que ligeiramente me


abraça.

— Não, mãe... — Soluço em seu ombro, sentindo as mãos


afagando os meus cabelos. — Não.

— Lorenzo, meu filho... — Meu pai me fita e nego com a


cabeça. — Vai ficar tudo bem. Você precisa ser forte, tem que ser
forte por Diana e pelas meninas.

Está doendo. Me arrasando por dentro.

— Pai...
— Estamos aqui. Sua família está toda aqui. — Ele me encara
e balança com a cabeça. — Seu pai está aqui, meu filho.

Soluço baixo, o abraçando e sentindo minha garganta rasgar.

Tem que ser mentira.

Tem que ser mentira.

As lágrimas descem copiosamente enquanto eu só quero


rasgar minha garganta de tanto gritar.

— Ela não vai aguentar... — Enrique sussurra. — Deve ter sido

um engano. Tem que ser um engano.

O encaro pela névoa de lágrimas formada em meus olhos,


limpo-as rapidamente, colocando a mãos sobre os olhos. Apenas

desejando acordar dessa merda de pesadelo.

É culpa minha. E é castigo.

Eu não acompanhei a gravidez do início, eu estou me


amaldiçoando nesse exato momento.

Eu reneguei minhas próprias filhas!

Meu Deus.

— O senhor Gonzáles pode se preparar. Ela já está no centro


cirúrgico.
Me ergo, limpando o rosto rapidamente. Sinto meu coração
falhar várias batidas.

— Vai dar tudo certo, tem que dar. — Bianca fala entre

lágrimas. — Diz para ela, que eu a amo muito.

— Vai ficar tudo bem meu amor. — Mamãe diz me olhando. —


Você vai trazer nossas meninas lindas, as três.

— A gente ama você.

Eu já não falo mais, as lágrimas impedem completamente.

Sou levado rapidamente para colocar as roupas especiais de


entrar no centro cirúrgico. Odeio hospitais e odeio ainda mais o fato

de me sentir incapaz, de não pode fazer nada.

Entro no centro cirúrgico e paraliso, vendo Diana de olhos


fechados. Os aparelhos em todos os lugares do corpo. Me sento ao

seu lado e aperto sua mão firmemente.

— Ela está ouvindo. Estamos monitorando tudo. — O médico


diz, me olhando.

Assinto com a cabeça, voltando a olhar pra Diana.

Beijo sua testa demoradamente e ela abre os olhos, que


lacrimejam.
— Oi, minha Bruxinha. — Tento sorrir vendo seus olhos

procurarem os meus.

O medo estampado no rosto pálido.

— Vai ficar tudo bem... — Sussurro em seu ouvido, apertando


sua mão. — Me perdoe meu amor, me perdoe por ter sido um idiota
com você... E com elas...

É como um filme passando por minha cabeça.

Minha reação vendo-a chegar no fórum. A raiva.

Acaricio o rosto com o polegar.

— Shiii... — Silencio os lábios com os meus. — Estou onde


nunca deveria ter saído. Do seu lado.

Eu não posso perder minha filha.

Ela me encara e nego com a cabeça, encostando os dedos


nos seus.

Por que isso dói tanto?!

Colo minha testa na de Diana e suspiro. Peço durante minutos


incontáveis, que desse tudo certo, porque tem que dar certo.

Eu deveria ter percebido algum sinal, minha mente fervilhando


a mil por hora. A sala cheia de médicos e enfermeiros. Meu coração
bate acelerado, quase pulando para fora do peito.

As lágrimas descem molhando meu rosto. Aperto as mãos


entre as minhas, beijando-as.

Suspiro, afagando seu cabelo quando um chorinho preenche a

sala.

Meus olhos nublam a visão, quando o doutor a ergue, quase


cabendo na palma de sua mão.

A coisa mais linda que meus olhos já viu na vida.

As palavras presas em minha garganta.

— Ah meu Deus... — Digo baixo.

Ele rapidamente passa a pequena para os braços de outra


médica que rapidamente a leva. Eu já não sinto mais absolutamente
nada. Minhas mãos apenas tremem e tremem. Ouço outro chorinho
e olho rapidamente quando o doutor segura a outra bebê minúscula
em seus braços.

Tento respirar, mas é como se o ar faltasse em meus pulmões.

Minha cabeça gira.

É tudo muito rápido.

— A... Outra? — Indago, encarando o médico a minha frente.


— Senhor Gonzáles...

O encaro fixamente.

— Ela não morreu! Eu sei que não! Tire ela daí!

— Senhor Gonzáles, por favor... — Uma enfermeira toca o

meu braço e me desvencilho.

— Por favor, doutor! Eu sei que ela não morreu! Por favor...

Ele coloca a mão novamente sobre a barriga e tira a terceira


bebê, só que dessa vez eu não ouvi nenhum choro.

Nenhum movimento.

— Não! Não! Não! Não!

Ele e a entrega rapidamente para a outra médica, colocando-a


em vários aparelhos.

— O senhor precisa se retirar, agora! Por favor!

Minha cabeça gira enquanto eu sinto meu coração quase


parar, me sufocar.

— NÃO! EU NÃO VOU SAIR DAQUI SEM ELAS!

— Senhor Gonzáles, por favor, o senhor precisa se acalmar!

— Por que ela... Ela não chorou? Por favor...

— O senhor precisa de retirar!


Nego veemente e sou arrastado para fora da sala.

Eu não consigo mais me conter, estou tomado por lágrimas


incontroláveis, que descem me queimando.

Retiro a touca cirúrgica, sentindo todo meu corpo convulsionar,


num choro estrondoso. De medo. Culpa. Raiva.

É desesperador.

É sentir a porra do coração sendo arrancado para fora do


peito, com unhas grandes e afiadas.

Causando um estrago imenso.

Agora sei qual é a sensação que Chris descreveu quando

Henry nasceu às pressas.

O medo.

O medo terrível que nem em meus piores sonhos imaginariam


sentir.

Tiro a roupa, descartando-a e ouço as vozes vindo do corredor,


ando em passos largos, com o coração acelerado e a porra da
minha respiração falhando.

— Isso é culpa sua! Você acabou com a vida dela! — Enrique


grita em plenos pulmões.
Minha raiva me cega completamente quando encaro o pai de
Diana em pé. Enrique é segurado por Chris e Patrick.

— Por favor, não Lorenzo! — Arthur diz, segurando em meu


braço, mas me desvencilho rapidamente.

Meu punho acerta em cheio a cara de Luttero, que cai no chão,

eu só ouço os gritos e várias mãos tentando me segurar.

Só que meu ódio é maior.

— VOCÊ FEZ ISSO COM ELA! A MERDA DA CULPA, É


TODA SUA!

Acerto seu nariz mais uma vez, sentindo o sangue sujar


minhas mãos. E bato novamente.

Tentando de algum modo, aliviar a dor da porra que eu estou

sentindo.

— Pare, Lorenzo! Já chega! — Patrick me puxa.

— Você vai me pagar! Reze Luttero, para não acontecer nada


com a minha filha! Você reze! — Grito alto, com o dedo em riste. —
Porque a culpa é sua! A CULPA É TODA SUA!

— Tire esse homem daqui! Você acabou com a minha vida, e


acha que vai acabar com a dela também! Não, não vai! — Enrique
dispara.
Minha voz sai esganiçada enquanto Arthur me segura pelos
braços.

— Ela é... Minha filha! — Ele diz e só consigo gargalhar.

— Vá a merda, seu desgraçado do caralho!

— Tirem esse homem da minha frente, antes que eu esqueça


que ele é meu pai!

— Vocês não... Tem direito algum de proibir! ELA É MINHA


FILHA!

— Vá para o inferno! Saia daqui! — Enrique grita o olhando.

— Por favor Enrique... Por favor, pare! — Bianca súplica o


olhando. — Saia daqui Luttero. Saia!

Meu punho dói, não tanto quanto a dor que me mata por

dentro.

— Ela não chorou... Ela nem se mexia! — Abro a boca


tornando a fechar. — Ela não se mexia, mãe... Ela não se mexia...

— Meu filho. — Ela me encara e segura em meu rosto, me


fazendo encará-la. — Calma. Meu amor, calma!

A respiração falta e balanço a cabeça repetida vezes.

Tudo dói.
— Toma isso daqui, Lorenzo. — Patrick me entrega um
comprimido com um copo de água.

— Não quero.

— Você precisa se acalmar.

— Eu não quero ficar calmo! Diana vai precisar de mim...


Nossas filhas precisam de mim!

— Precisam sim, mas de você bem. — Arthur diz me olhando.


— Com a cabeça quente você não vai poder... Ouviu?

Encaro Arthur com os olhos marejados.

— Eu quero as três aqui... Eu não posso...

— Elas vão estar aqui... Você vai ver.

— Luttero não vai mais pôr os pés aqui. — Chris se senta ao


meu lado, me olhando. — Agora, por favor, se acalma. Pense nas
suas filhas e na Diana, que vai precisar de você mais que nunca.

— Agora toma. Por favor. — Patrick estende o comprimido e


seguro, jogando na boca e bebendo a água.

É uma dor aguda, que me quebra por dentro... Como se mil


agulhas perfurassem o meu peito.
— Que merda é essa... Patrick. — Meus olhos ficam pesados
e minha mente já não funciona muito bem.

— Vai ficar tudo bem...

— Doutor, como elas estão? — Ouço uma voz de longe, não


conseguindo mais identificar de quem é.

— A... terceira...bebê...

Não. Não. Não.

— Fizemos...tudo...que estava...

Não. Não. Não. Não.

Meus olhos pesam e rapidamente sou tomado pela porra do

frio e a escuridão.
Minha cabeça pesa, meus olhos parecem não obedecer aos
meus comandos. Absolutamente nada do meu corpo me obedece.

Nada.

Eu apenas sinto um peso enorme em todo meu corpo e mente.

Abro os olhos lentamente, sentindo as pálpebras pesadas,

semicerro os olhos, tentando mantê-los abertos. Mexo o braço,


percebendo só então o soro que pinga lentamente.
Arthur se ergue, assim que me sento na maca o olhando, o

rosto está vermelho e inchado.

— Que bom que acordou. — Sussurra.

Fecho os olhos, apertando as mãos sobre eles.

— A-Arthur... - Digo em fio de voz— Que in...ferno...

Eu estou com medo.

Com tanto medo.

Arthur baixa os olhos, apertando o meu ombro firmemente.

— Diga que não... Por favor, Arthur... Diga que não... —

Suplico o olhando. - Por favor...

— Lorenzo... — Ele segura em meu ombro e nego com a

cabeça.

— Me diga que ela não... Por favor! Me diga que não!

— Ela está sob aparelhos, os médicos estão fazendo tudo...

Tudo que podem. — Ele diz e abaixo a cabeça, balançando-a. — É

delicado Lorenzo... Muito. Ela é muito pequenininha.

As lágrimas descem copiosamente, me fazendo soluçar

instantaneamente.
— Diana precisa de você Lorenzo! Você tem que ficar bem! —
Arthur aperta firme o meu ombro.

— C-como ela está?

Eu já imaginava a resposta. Limpo o rosto, me erguendo e

arrancando a agulha e tudo mais do meu braço. O peito apertado,

aquela sensação sufocante.

— Eu preciso vê-la. —Falo, esfregando meu rosto.

Arthur assente e me abraça apertado, batendo de leve em

minhas costas.

—Ela precisa de você.

Ele sai ao meu lado e arfo, abrindo a porta. Heitor está sentado

junto de Bianca, que dorme em seu ombro. Patrick se ergue da

outra poltrona e vem em minha direção.

Chris está sentado junto de mamãe, que também vem em

minha direção.

— Vai ficar tudo bem. — Patrick fala e me abraça.

Eu confesso ter sentido poucos medos em minha vida. Em um

dia estava tudo bem, no outro tudo tinha desmoronado.

— Eu não vou aguentar Patrick. — Digo baixo.


Ele me olha fixamente.

— Vai ficar tudo bem Lorenzo! — Chris me fita.

Eu quero acreditar, muito. Mas metade de mim está morto.

— Thomas levou Patrício. Daqui a pouco devem estar por aqui


de novo. — Mamãe beija minha testa e a encaro. — Eu te amo.

Passo as mãos pelo cabelo, querendo entrar em desespero

novamente.

Assinto sorrindo, enquanto as lágrimas descem.

— Eu vou... Vou ver a Diana.

Passo pelo corredor cerrando o punho, eu não quero mais

desmoronar.

Eu não posso.

O entalo na minha garganta me faz perder a voz.

Encosto a testa na parede, sentindo o ar faltar. A coragem

falta, o medo se apossa de mim por completo.

E acabo chorando. Deixei todas as lágrimas descerem, com


força, queimando minha pele. Desejando que aquilo tudo passasse

de vez.

Porque está doendo. Me matando.


Me recomponho, bato levemente na porta do quarto e giro a

maçaneta.

Enrique está em pé e me olha rapidamente, eu não consigo


falar absolutamente nada.

— Ela está dormindo ainda. — Enrique sussurra me olhando.

Helena está no quarto, deitada no sofá dormindo ao lado da


cama de Diana.

— Ela já sabe? — Indago o olhando assentir.

Enrique abaixa a cabeça, passando a mão pelo rosto.

— Eu sinto muito... Muito Lorenzo. — Sussurra me encarando.

Me aproximo, beijando a testa dela e um soluço se rompe de


minha garganta.

Suspiro pesadamente e saio do quarto. Enrique vêm logo


atrás, parando ao meu lado, firmo os braços na janela de vidro.

— Eu não vou conseguir encará-la, Enrique. — Um fio de voz

sai da minha garganta. — Eu não vou...

— Eu sei o quanto está sendo difícil.

O encaro, negando com a cabeça.


— Você não imagina o quanto está doendo dentro de mim. —
Desabafo o olhando. —Eu daria a minha vida, Enrique, a minha vida
para não perder a minha filha!

Fungo baixo, olhando para frente, sentindo novamente a

angústia no peito.

— Eu daria tudo... Qualquer coisa... Para isso acabar. —


Sussurro.

— Diana é tudo que eu tenho, Lorenzo. — Passa as mãos pelo


rosto. — Você não sabe o quanto isso está acabando comigo.

É visível a dor estampada em seus olhos.

É um castigo.

Meu Deus.

É a porra de um castigo para mim.

Sei disso.

Limpo o rosto e volto novamente para o quarto, depois de

longos minutos. Helena se ergue e sorri de lado me olhando.

— As meninas são as coisas mais linda do mundo. — Helena


diz me abraçando. — Se parecem com ela.

— Já as viram? — Indago baixo.


Ela assente e Enrique suspira.

— De longe. — Coloca as mãos nos bolsos e assinto. — Vou

deixar vocês a sós. Vou tomar um café, me acompanha?

Ele encara Helena, que assente.

— Vocês vão precisar de um momento. — Helena fala.

A porta se fecha assim que eles saem.

Me sento na cama, olhando Diana dormir. Meu coração vai

apertando, enquanto seguro em sua mão a e beijo-a

demoradamente.

— Lorenzo... — Encaro os olhos se abrirem.

Minha voz não sai. Não saía nada.

Aperto a mão sobre o meu rosto, ouvindo seu choro baixo.

— Me diga que é apenas um pesadelo. — Pede baixo. — Por

favor, me diga.

Finalmente ergo os olhos a olhando. As lágrimas descem por

seu rosto em cascatas

— Me diga Lorenzo! Me diga que não... Por favor!

— Eu queria, meu Deus Diana, como eu queria que isso fosse

uma mentira! — Digo finalmente olhando-a. — Você não imagina...


Não imagina.

— Me diga que é mentira! Ela tem que viver... Eu não...

Lorenzo, por favor.

— Ela vai amor, ela vai. — A abraço forte, afagando os

cabelos. — Ela vai amor... Elas são fortes.

Diana soluça, em um choro compulsivo e desesperado. Apoio


o queixo em sua cabeça enquanto as lágrimas vão descendo.

A aperto em meus braços e ela enterra o rosto em meu peito,


chorando compulsivamente.

É nossa dor. É a nossa filha.

Nosso medo.

E isso está acabando comigo.

Não saio de perto dela um segundo sequer nessa noite

turbulenta, meus olhos secaram e não conseguia nem o

s fechar.

Sei que todos estão lá fora, o que é reconfortante.

Diana chorou a noite inteira, agarrada em meu peito e mesmo

sem forças, eu a acalmei. Vencida pelo cansaço e exaustão da

cirurgia delicada, ela dormiu.


A pressão está sendo monitorada a cada hora, junto com a

temperatura.

As meninas estão na UTI neonatal, respirando com ajuda de


aparelhos e por serem maiores, vão se recuperar bem. Já a outra,

vai ser um caso mais delicado, por ter que ficar em oxigênio e ser

bem abaixo do peso.

Toda equipe médica veio pela manhã, nos explicar, ou ao

menos tentar.

— Vocês podem ver as meninas, por enquanto o contato será

mínimo, mas é importante para a recuperação delas.

— Como está a...

— Ela está respirando por aparelhos, os médicos tentaram de

tudo... Agora é com a pequena.

Diana se descontrola, se sentando na cama.

— Diana...

Me aproximo, segurando em seu rosto.

— A senhora precisa se acalmar!

— Não! Não! Eu não aceito! Não!


Ela se debate descontroladamente e tento segurar seus

braços.

—Diana... Por favor!

—Eu quero as três aqui... E-eu preciso das três aqui - Grita

furiosa, me olhando. — Eu preciso Lorenzo!

Viro o rosto enquanto ela desfere vários tapas em meu peito,


desabando em um choro estrondoso.

— Eu quero... As três... Por favor...

A aperto em meus braços e ela enterra o rosto em meu peito,

chorando compulsivamente. Os gritos escapando de sua garganta.

Ela precisa colocar para fora, tudo que está sentindo.

— Olha para mim... — Peço, olhando-a balançar a cabeça

insistentemente. — Olha pra mim Diana!

— Ela não pode morrer! Não pode! — Diz repetidas vezes, me

olhando enquanto soluça descontrolada. — A nossa bebezinha...

Eu já não consigo mais me manter firme, não dá. A aperto em

meus braços, enquanto desabo novamente.

— Ah Lorenzo... — Fala entre soluços.


Não sei por quantas horas ficamos ali, apenas sentindo a dor

um do outro. Até as lágrimas cessarem e os soluços passarem. E

apenas assim ela parece se acalmar, agarrando-se firme em minha

camisa.

Em um silêncio ensurdecedor, porque nada mais precisa ser

dito.

A mão se entrelaça a minha e afago seus cabelos.

— Podemos ir vê-las. — Sussurro, vendo-a negar com a


cabeça. — Amor.

— Eu não consigo. — Diz baixo. — Eu quero... As três...

— Eu também quero as três, meu amor..., Mas elas duas

precisam nós Diana.

Me calo quando a porta se abre e Ágata entra junto com a

minha mãe.

— Vai tomar um ar. A gente vai ficar aqui com ela. — Minha

cunhada fala me olhando.

Diana apenas chora, abraçada a minha mãe.

Solto o ar devagar, segurando o copo de água entre as mãos.

Estou na recepção, junto com Arthur, Christopher e Patrick. Diana


acabou tomando outro calmamente e apagou novamente.
— O médico não disse mais nada? — Pergunto, olhando de

um para o outro.

Arthur nega com a cabeça enquanto Chris cruza os braços e

me olha.

— Sabe que qualquer novidade ele vem nos dizer Lorenzo. —

Apoio a cabeça nos braços.

— Eu nem tive tempo de escolher o nome dela. — Sussurro,

soltando o ar.

— Por que não vai vê-la? — Patrick morde o lábio e o encaro.

— Eu não tenho coragem... Eu não sei... - Digo por fim,

suspirando.

Eu realmente não tenho.

Não vi nenhuma depois do nascimento. O medo se apossa de


mim de todas as formas possíveis e impossíveis.

— Eu preciso ver a minha filha! — Ergo o olhar e vejo a mãe


de Diana parada na recepção.

— Por favor... Eu quero vê-la. — A irmã de Diana nos encara

fixamente.
Me ergo com o coração acelerado, enquanto Chris segura em
meu antebraço.

— Agora ela é sua filha? Agora? — Disparo, olhando-a.

Carllota ergue o queixo, me fitando.

Os olhos semicerrados me fuzilam

— No momento em que sua filha mais precisou de você, onde

estava?!

— Só precisamos vê-la! Por favor! — Eudora me encara. —Por

favor Lorenzo. É minha irmã.

— Pode se retirar daqui! — Falo para a velha.

— Ela é minha filha! — A mãe de Diana me fuzila com o olhar


e sorrio amargamente.

— Por favor... Eu preciso ver a minha irmã! Por favor.

— Eudora? O que está fazendo aqui? — Enrique passa a


minha frente.

— Papai nos falou que Diana não está bem! Eu preciso vê-la

Enrique! Por favor!

— Proíbam a entrada dessa mulher, não a quero perto da

Diana! — Enrique suspira, olhando sua madrasta. — Eudora,


apenas você vai entrar.

— Seu molequezinho insolente! Quem você pensa que é?!

— Eu sugiro que saia da minha frente! Agora!

— Isso não vai ficar assim. Ouça o que estou dizendo.

Ela lança um olhar fulminante, se vira de costas e sai furiosa.

— Não quero nem ela, muito menos meu pai aqui perto. —
Enrique me olha.

— Faço de suas palavras, as minhas.

Eu entendo muito bem a raiva que ele está sentindo.

A fúria de Enrique com seu pai e sua madrasta é algo que ele
não consegue esconder, é nítido.

Encaro meu pai se aproximar com meu tio, o semblante

cansando em seu rosto.

Ele meio que sorri e me aproximo o olhando.

Meio sem jeito.

E sem ao menos esperar, sinto o abraço.

Sem falar nada. Porque palavras ali já não são mais


suficientes, apenas o sentir.

Sentir meu pai, pela primeira vez.


Coloco as mãos nos bolsos da calça, parando em frente as
portas duplas fechadas. Um arrepio toma conta de todo o meu
corpo.

Puxo o ar, tornando a soltá-lo devagar.

UTI NEONATAL

Um bolo se forma na minha garganta, minhas mãos tremem,


ficando impossível de controlar.

— Olha ali... — Arthur coloca o dedo sobre o vidro, apontando


para um determinado lugar.

— Meu Deus. — Patrick sorri.

— Anwwww... Parece um coelhinho pelado.

— Heitor!

— Eu amo coelhinhos. — Heitor sorri me encarando. — Eu


amo coelhinhos, tá?

Nego com a cabeça levemente.


Tem várias incubadoras, quase todos os bebês estão
dormindo.

Sinto minhas pernas fraquejarem no exato momento em que


meus olhos pousam sobre as duas incubadoras, uma ao lado da
outra, dois bebezinhos minúsculos, ocupando o grande espaço.

Meu coração acelera de repente, parecendo virar de cabeça


para baixo.

— Vai lá... — Chris bate em meu ombro. — Papai.

Engulo em seco, sem conseguir tirar os olhos daquelas

pequenas partes de mim.

Tentei fugir desse momento temendo não conseguir, mas juntei


todas as forças, por elas.

Coloco a roupa descartável rapidamente, entrando na sala fria.

A enfermeira logo sorri parando ao meu lado.

— Sinto muito por sua esposa não querer vê-las, esse contato
é muito importante. — Diz me olhando. — Mas tudo em seu tempo.

Concordo, sem conseguir falar nada.

Fico ali parado, olhando aqueles dois seres indefesos


dormindo. Aparelhos ligados. Coloco a mão delicadamente,

acariciando um dos pezinhos minúsculos.


— Isso lá é tamanho de pé. — Sussurro, vendo-a se mexer

preguiçosamente.

Os cabelos negros das duas chama toda a atenção.

São tão pequenas. Tão miudinhas.

— E-eu... Eu posso ver a outra? — Digo em um fio de voz.

— Ela está na outra sala da UTI, as visitas têm que ser muito
rápidas. — Diz me olhando. — Ficamos monitorando-a.

— Por favor. — Digo quase em súplica.

Ela assente levemente e caminho em passos lentos,

acompanhando a enfermeira. Entramos em outra sala, que fica no


mesmo ambiente, cheia de aparelhos por todos os lados.

— É aquela ali, no leito 3.

As lágrimas nublam minha visão quando me aproximo da

incubadora.

Ela está ali, com aparelhos por todo corpinho. O bipe dos
aparelhos é o único som que se escuta.

Ela praticamente cabe na palma de minha mão.

Aquela angústia parece não querer sair de mim.


— Oi... — Sussurro, sentindo as lágrimas descerem rolando
pelo meu rosto. — Você precisa ser forte. Nós precisamos de você
meu amor.

Me calo e mordo o lábio, tentando engolir o choro que teima


em sair.

— Você precisa ficar bem. Precisa ficar com suas irmãs...


Comigo... Com a sua mãe. — Soluço baixinho. — Você tem que ser

forte. Por favor. Por favor... Minha filha.

Fecho os olhos e choro compulsivamente, é impossível


controlar. O medo. A culpa.

— Minha Liz.

Digo sorrindo e sinto as lágrimas descerem.

— Minha pequena Liz. A gente está esperando você.

Coloco o dedo, vendo a pequena mãozinha se mexer devagar.

Que sentimento é esse, Meu Deus!?

Que tipo de amor é esse?

Meu coração acelera rapidamente, quando olho para o


monitor, que pisca repentinamente.
— O que está acontecendo? — Indago para a enfermeira, que
corre em nossa direção.

— Preciso que o senhor saia, por favor! — Diz rápido.

Eu não consigo me mexer.

—Faça alguma coisa! Por favor! Faça alguma coisa!

— O doutor está vindo! O senhor precisa sair, imediatamente!

É minha vida, passando diante dos meus olhos.

— Senhor Gonzáles, por favor!

— Não! Eu não vou sair daqui!

É como se mil socos estivessem me acertando. Arthur


rapidamente me tira arrastado daquela sala, os gritos ecoando pelo

ambiente.

Estou perdendo a minha filha.


— Eu não consigo! — Disparo, sentindo a garganta fechar. —

Não consigo!

Coloco as mãos no rosto, um desespero agoniante me

tomando.

— Di, olha para mim. — Bianca pede e se senta ao meu lado e

segura uma das minhas mãos. — Tudo tem seu tempo, nós te

entendemos. Mas você precisa se alimentar.


Nego com a cabeça, sentindo novamente aquele bolo formado

na garganta.

— Diana, por favor! — Eudora me encara, se erguendo do sofá

e parando ao meu lado. — Eu sei o quanto é difícil, mas pelo bem


das outras bebês... Você precisa ser forte minha irmã. Por favor.

Fecho os olhos, deixando as lágrimas rolarem por meu rosto.

Eu sinto o vazio me dominar por inteira, como um buraco negro,


sem fim.

A dor golpeia, sem piedade alguma.

O desespero de não poder fazer nada.

— Eu não quero. — Digo em fio de voz.

Ágata está de braços cruzados perto da porta junto de Helena.

Bianca joga os braços e Eudora continua ao meu lado.

— Ao menos um suco, Diana. — Helena insiste.

Eu só quero minha filha.

Porque essa angústia está acabando comigo.

Nego com a cabeça, limpando meu rosto rapidamente. Eu não

sinto fome ou qualquer outra coisa. Só a enorme dor, que insiste em

me cutucar. Sempre avisando que está aqui.


— Posso ficar a sós com minha irmã, por favor? — Eudora
pede com um sorriso fraco.

— Claro. Estaremos na lanchonete. — Ágata diz e pega a

bolsa. — Fica bem Di.

Helena sorri nos olhando e Bianca acena, saindo logo atrás.

Ela se encosta na cama e me puxa para me deitar em seu

ombro, enquanto afaga meus cabelos devagar, assim como fazia

quando éramos crianças.

— Eu e-estou com tanto medo... Tanto medo. — Um soluço

escapa da minha garganta enquanto as lágrimas descem

rapidamente.

— Eu sei que está, minha irmã... Só que jamais devemos

questionar o por que de certas coisas acontecerem. — Passa o

braço por meus ombros, me aconchegando em seus braços. —

Você só tem que ficar forte e bem para cuidar delas.

Fecho os olhos, sentindo o choro feroz me dominar. Um misto


de medo e culpa, e dói. Dói muito.

— E se ela... Se ela não conseguir...

— Shiii... Ela vai sim. Assim como as irmãs são fortes, ela

também vai ser. — Afaga meu rosto e sorri. — Você foi abençoada
com três meninas lindas e fortes... Fortes por estarem lutando pela

vida Diana.

Fungo baixo, sentindo o aperto no meu peito.

— Tudo tem um propósito. — Diz baixinho e consigo perceber


sua voz embargar. — Nada nessa vida é por acaso. Seja para nos
amadurecer, ou entender que nem tudo é como queremos.

— Eu estou tentando. Só que está doendo tanto Eudora, tanto.

Eu preciso das três, aqui comigo... Eu quero ver as três... Eu quero


sentir as três!

— Eu sei... Eu sei. Eu juro que sei, minha irmã. — Ela respira


lentamente, dando uma pausa longa. — Ela vai ficar bem, você vai

ver.

A encaro por cima da névoa de lágrimas em meus olhos.

— Daqui a pouco estará com as três em seu colo... E será a


mãe mais feliz e realizada do mundo. — Ela passa o polegar pelo
meu rosto. Seguro firme em sua mão. — Eu sei que vai.

— Ah, Eudora! — Suspiro baixo e caio em um choro

compulsivo. Aquele medo me tomando novamente.

A sensação do vazio é a pior delas.


Saber que as três estavam protegidas dentro de mim e de

repente não estão mais.

Meu coração aperta, como se fosse me sufocar. Observo a


enfermeira chegar minutos depois e me aplicar um calmante. É o

que me faz esquecer por algumas horas o aperto e a dor.

Abro os olhos devagar, piscando algumas vezes. Viro o cabeça

e vejo Lorenzo sentado no sofá.

Os braços apoiados sobre os joelhos.

Ele ergue o rosto avermelhado, me encarando sério e o fito.

Dormi por horas e nem sei ao certo quantos dias estamos aqui.

Parecem dias de pesadelos contínuos.

— E-eu nunca vou... Vou perdoar você... Se acontecer algo


com ela... E você não for vê-las. — Diz por fim, me olhando.

Ele engole em seco e se ergue.

Aperto uma mão na outra, sentindo meu queixo tremer.


— Elas precisam da mãe! Elas precisam de você! — Dispara,
passando as mãos pelo cabelo. — Eu estou do seu lado! Estou aqui
para tudo. Tudo, Diana! Eu sou falho e talvez o homem mais

imperfeito do mundo, só que estou aqui!

Fecho os olhos, tornando a abri-los rapidamente.

— Estou aqui, mesmo sentindo metade do meu coração sendo


arrancado do meu peito, estou aqui ao seu lado! E estou implorando
para vir comigo. — Pede em súplica, enquanto várias lágrimas

descem pelo seu rosto.

Sinto o impacto de suas palavras. Engulo seco o encarando.

— Nossa filha teve uma pequena complicação... E eu estava


lá! — Ele ofega e fecha os olhos.

As lágrimas em meu rosto queimam.

Meu Deus...

São nossas filhas.

— E se... Eu. — Paro o olhando. — Não conseguir?

Ele nega com a cabeça e anda até mim.

— Eu não vou sair do seu lado! A gente tem que fazer isso

juntos. São nossas filhas! Bruxinha são nossas filhas!


Enterro meu rosto em seu peito e choro.

Eu confesso estar me sentindo fraca. Inútil. Desesperada.

As dores físicas não são tantas, como a emocional.

— Lorenzo...

— Por favor. — Os olhos me encaram. — Eu não vou sair do


seu lado, eu vou estar aqui.

Ele estende a mão para mim e fico encarando-o.

Solto a respiração lentamente, quando paro em frente as


enormes vidraças da UTI. Sinto o aperto dos dedos entrelaçados

aos meus.

Leva nossas mãos aos lábios, beijando-as e soltando o ar

preso, que parece me sufocar.

— Estão ali. — Aponta sorrindo. — Vêm.

Ando lentamente, sentindo as batidas do meu coração

falharem ao entrar na sala cheia de bebês.

— Deixa eu te ajudar. — Uma das enfermeiras me ajuda a

colocar uma a roupa descartável.

Minhas pernas demoram a entender o comando do meu corpo,


mas me aproximo da incubadora, sentindo as mãos tremerem de
um modo que nunca senti na vida. Eu posso jurar que meu coração

vai sair pulando do meu peito.

— Ohh... — Coloco a mão sobre a boca e sorrio. A primeira

bebê dorme tranquilamente enquanto chupa o dedinho.

Os aparelhos no corpinho pequeno. Os cabelos negros como a

noite, o rostinho pequeno.

Encaro Lorenzo que sorri, colocando a mão sobre o aparelho.

— Ela nasceu primeiro... A mais velha por 2 minutos. — Diz


sorrindo, se debruçando sobre a incubadora. — Oi papai...

É impossível conter as lágrimas que teimam em descer.

— Olha quem veio conhecer você. — Ele sussurra e sorrio,

limpando as lágrimas.

— Oi Maya... — Digo baixo, segurando no pequeno dedinho

do pé. — Mamãe está aqui amor.

— Olha quem acordou... — Lorenzo diz sorrindo e aponta para


a outra bebê, que nos olha atenta.

É uma sensação que não dá para explicar, apenas sentir.

— O papai está aqui de novo. — Diz sorrindo e me encara. —

Mamãe também está.


— Oi Evinha. — Lorenzo fala.

— Como podem ser tão lindas? — Digo baixinho.

— Estávamos animados. — Ele sorri e meus dedos tocam

aquele vidro.

Minha vontade é apenas de pegá-las no colo e sair daqui. As

lágrimas descem pelo meu rosto copiosamente.

— Me perdoem por não ter vindo antes. — Sussurro olhando-


as.

Eva pisca os olhos e abre a boquinha.

— Podemos...ver... a terceira bebê?

— A visita tem que ser rápida. — A enfermeira diz. — Fico feliz


que tenha vindo, sei o quanto é difícil, mas é muito importante.

Assinto sorrindo.

Me despeço das meninas rapidamente, com o coração

apertado e entramos na outra sala da UTI. Minha respiração falha.

— Eu estou bem do seu lado. — Lorenzo sussurra, me

apertando enquanto beija minha cabeça rapidamente.

— O estado dela ainda é frágil, muito frágil. — A enfermeira


fala.
Lorenzo sorri devagar e eu não consigo me mexer. Meus olhos

fixos no corpinho minúsculo e indefeso.

Meu Deus.

— Oi, minha bebezinha... — Digo baixo. As palavras mal saem

da minha boca, por causa da voz embargada.

— Liz. — Lorenzo sussurra e o encaro.

— Liz? — Indago o olhando.

— É — Ele assente. — Nossa Liz.

Sorrio, espalmando a mão sobre o vidro.

— Você precisa ficar bem Liz. Você precisa... — Soluço baixo.

— Por favor.

Sinto as mãos rodearem meus ombros e encosto a cabeça em

seu peito.

— Lorenzo.

— Ela vai ficar bem, ela vai.

O abraço, sentindo seus braços me rodearem.


— Não se preocupe, Chris e eu estamos dando conta da

empresa. — Patrick diz, cruzando os braços. — Não precisa se


preocupar com isso. Arthur está dando todo o suporte.

Balanço a cabeça enquanto coloco algumas roupas na mala


de mão de Diana.

— Ela está bem?

— Na medida do possível, as meninas ainda não tiveram alta,

mas estão ganhando peso. Liz ainda está sob cuidados especiais.

— Fecho a mala e passo as mãos pelo rosto.

Duas semanas que estamos nessa angústia desesperada.

Diana continua no hospital com a pressão alta.

Patrick se encosta na soleira da porta.

— Isso vai passar. Daqui a pouco elas vão estar em casa.

Sorrio o olhando.

Estou me apegando a isso.

Venho em casa apenas para tomar um banho e pegar algumas

coisas que Diana precisa. Nos revezamos em visitas todos os dias.


Mas eu prefiro sempre dormir lá.
Praticamente todo mundo se mudou para o hospital. Bianca

não sai de perto de Diana. Helena vai todos os dias junto com Ágata

Diana está se recuperando aos poucos, mas ainda precisa de

calmantes para dormir. As vezes acorda aos gritos, chorando, o que

acaba comigo, vê-la desse jeito.

— Papai está acordado?

— Está sim. — Patrick diz.

Assinto o olhando.

— Volto rápido. — Digo e saio do quarto.

Nos aproximamos muito esses dias, ele faz questão de visitar


as meninas, sempre que possível. Ele e mamãe choraram tanto

quando viram as meninas pela primeira vez.

Giro a maçaneta e abro a porta do quarto.

Ele vira o pescoço, me olhando e sorrio, colocando as mãos

nos bolsos da calça.

— Vim te ver, está tudo corrido no hospital... Só agora tive um

tempinho. — Digo por fim, me sentando a sua frente.

— E como elas estão? — Pergunta.

Coloco as mãos sobre os olhos e suspiro.


— Estou com tanto medo, pai. Tanto medo. — Resmungo. —
Um medo absurdo, que toma conta de mim todo o tempo.

— Eu imagino que sim. Mas elas estão se recuperando, são


pequenas grandes guerreiras.

Ergo os olhos, o encarando sorrir.

— E se não der pai? E se eu perder minha filha?

— Não vai. Eu sei que não vai. — Diz me olhando fixamente.

Estou exausto.

Ele me encara e bate no colchão, então me deito ao seu lado.

O encaro fixamente.

— Ah pai... Eu só quero que isso acabe logo.

— Vai ficar tudo bem Lorenzo.

É o que eu mais tenho pedido durante esses dias, que tudo


fique bem. Coloquei as bolsas no carro e saí alguns minutos depois.

— Diana não pode saber por enquanto. — Enrique sussurra,

me olhando. — Melhor a pouparmos.


Estamos na lanchonete do hospital, acabei de chegar e
Enrique já estava me esperando. Sorvo um gole de café sentindo
minha garganta queimar.

— A audiência vai ser daqui uns dias.

— Luttero deve estar com ódio. — O encaro e ele dá de


ombros.

Enrique aperta o copo entre suas mãos, me olhando

fixamente.

— O que interessa ao meu pai, é apenas dinheiro. — Enrique


arqueia a sobrancelha nos olhando. — Perder a metade das ações

da empresa, vai deixá-lo furioso. E isso é a melhor vingança.

— Não vai mesmo com a fuça do seu pai né?! — Arthur o


encara por cima da borda do copo.

Enrique nega com a cabeça levemente.

— Ficaria surpreso o quanto. Meu advogado está vindo para


deixar alguns papéis. — Enrique diz e pega o celular do bolso.

Arthur franze o nariz, com uma cara de ranço.

Solto um pigarro fraco, me remexendo desconfortável na

cadeira.
— Você também não parece ir muito e com a fuça dele, não é?
— Enrique pergunta e encaro Arthur.

— Nem com a fuça e nem com o resto. Sabe a irmã dele?

Camille?

— Já ouvi falar.

Enrique me encara e dou de ombros.

— É uma vaca! — Diz se levantando e sai. — Com licença.

— O que aconteceu? — Enrique indaga me olhando.

— Longa história. — Digo por fim.

Ficamos alguns minutos em silêncio até que Elliot chega e


entrega alguns papéis a Enrique, que lê atentamente.

— Eu preciso que mude umas coisas para mim Elliot. —


Enrique diz sério.

— Sem problemas.

— Quero que tire o nome da Eudora do processo.

Elliot o encara.

— Eudora vai continuar tendo direito, como herdeira do meu

pai.
— Mas você tirando os 50%, a empresa do seu pai ficará
praticamente falida. Sua irmã perde também.

— Vai deixar Eudora sem nada?! — Digo o olhando.

— Não. Mas minha irmã consegue ser influenciada


rapidamente por Hugo, e não o quero com o dinheiro da minha

família.

— Bom, você decide... Acho que consigo deixar tudo pronto


até o final da semana que vem. O processo de Hugo está correndo
rapidamente. — Elliot sussurra sorrindo.

Sim. Estamos fodendo todos eles, sem cuspe e com areia.

Hugo não vai ficar ileso dessa também.

— Está processando meu marido? — Eudora se aproxima


encarando Enrique. — De novo?

— Eudora por favor! Acha mesmo que depois de tudo que


Hugo fez junto com nosso pai para prejudicar a Diana, ia ficar por
isso mesmo? — Enrique rebate a olhando.

Ela está parada, com os olhos marejados e nos encara.

— Eu sei que eles erraram! Mas... Eu...

— Não tem nem mais, nem menos Eudora.


— Lorenzo, por favor... — Pede me olhando.

— Me desculpe Eudora. Mas seu marido é um verme! — Digo


olhando-a. — Se não fosse por ele e seu pai, tudo estaria bem.

Ela abre a boca, tornando a fechá-la.

— Está processando nosso pai! Não é o suficiente para você?

— Diz séria. — Vai fazer o que mais?! Me processar também?

— Enrique. — Elliot o encara cerrar os punhos.

Eudora o encara, fulminando-o com os olhos.

— Você está de complô com esse advogadozinho de porta de

cadeia...

Elliot se vira para encará-la.

— Mantenha a calma Boneca.

Ela o encara com desdém, de cima à baixo.

— Não me chame de boneca, seu rascunho do capeta!

Dispara, com ódio fulminando de seus olhos.

— Mamãe tem razão... Deveria ficar longe de você! — Ela diz


se virando e saindo como um foguete.

Passo a mão pelo rosto suspirando.


No fundo, eu tenho pena de Eudora, por ser tão cega com o
Hugo. É terrível a forma que ela se submete ao casamento.

— Acho melhor ir atrás dela. — Elliot o encara.

— Não. Não vou. Minha irmã precisa entender que o mundo

não é essa fantasia que ela acredita. — O celular de Enrique toca


insistentemente e ele se sai da mesa.

— Eudora é casada a muito tempo com o Hugo? — Elliot

indaga e o fito.

— Três anos mais ou menos. Conhece ele?

Elliot franze o nariz me encarando.

— Já tive o desprazer.

Não aprofundo muito o assunto. Acabo de tomar o café e me


ergo, indo ver Diana. Me aproximo do corredor e encaro Arthur se
aproximar em passos largos, vindo em minha direção.

— Lorenzo! Lorenzo! — Diz pegando em meu braço, quase me

arrastando.

— O que aconteceu?! — Digo o olhando.

— Vêm aqui... — Sussurra e o encaro sem entender.


Paramos em frente a sala da UTI, encarando o médico se
aproximar, meus olhos vão para dentro da sala e não consigo

enxergar mais nada.

— O que aconteceu? — Pergunto com o coração aos pulos.

Não seja o que estou pensando. Por favor.

— É a Liz... — Arthur diz baixo.

Minha cabeça gira e eu mal consigo sentir meus pés no chão.

Arthur me encara com um meio sorriso e fecho os olhos.

Por favor. Por favor.

— Pode ficar tranquilo, Lorenzo. — O doutor aperta meu


ombro me olhando.

— O-oquê?!

— Ela está fora de perigo.


Minha cabeça demorou a processar o que o médico falou, só
consigo sentir meu coração bater frenético no peito.

Minha cabeça gira e gira, coloco a mão no peito, arfando.

— Ela está fora de perigo! Foi um milagre, podemos dizer.

Solto o ar devagar enquanto Arthur aperta meu ombro e me

abraça.
— Caralho Lorenzo! Ela tá bem! Ela tá bem! — Repete

frenético. — Ela tá bem irmão!

Fecho meus olhos e sinto as lágrimas descerem.

Um misto de alívio, felicidade e emoção me invade.

Caralho.

Eu quero gritar. Gritar muito alto.

Olho para Arthur, que limpa os olhos me olhando.

— Não tô chorando, foi a porra de um cisco que caiu. — Diz

fungando.

— Arthur...

— Dane-se! Tô chorando sim. De felicidade seu arrombado! A

pequena está bem. — Diz suspirando.

Sorrio o olhando.

— Ela está bem! Meu Deus! Ela está bem! — Digo eufórico.

Eu não sei se corro ou grito de felicidade.

O médico sorri nos encarando.

— Liz vai passar mais uns dias na incubadora, agora junto com

as irmãs. Mas estão ganhando peso rapidamente. O que é

maravilhoso. — Sorrio aliviado


— Q-quanto tempo... ainda? — Indago.

— Maya e Eva devem sair primeiro. Mas o importante é que

Liz está bem.

— Graças a Deus.

— Eu preciso falar para a Diana! — Digo, olhando Arthur


assentir rapidamente.

— Tem sim, ela precisa ficar bem! Vai lá!

— Eu volto em um minuto! — Seguro em sua mão, apertando-

a demoradamente. — Ligue para todo mundo!

— Já avisei ao Heitor. Uma hora dessas, a boca grande já


espalhou para toda a família.

Sorrio e saio, quase correndo pelo corredor extenso. Meu

coração explodido em uma felicidade sem tamanho.

— Ágata? — Chamo quando a vejo parada. — Onde está o

Chris?

— Ficou estacionando o carro. O que aconteceu? — Indaga

me olhando.

— Ela está fora de perigo. — Digo e ela cobre a boca com a

mão, enquanto sorri demoradamente.


— Há Lorenzo! — Sussurra enquanto me abraça. — Graças a

Deus!

— Ela está bem... — Digo, sorrindo enquanto ela chora. —

Fala para o Enrique...

— Ele estava lá fora. Vou ligar para a Helena.

Sorrio, me virando e abro a porta do quarto. Em pensar nos


dias incontáveis de angústia, no medo que se apossou de todos

nós.

Diana dorme e me sento devagar ao seu lado, aperto sua mão


entre as minhas delicadamente. É impossível não chorar, um alívio
tomando conta de mim.

— Lorenzo... — Encaro os olhos semiabertos e a abraço,

apertando o corpo contra o meu, com toda a força do mundo.

— Diana... — Sussurro baixo.

— O que houve? — Diz me encarando fixamente. — O que

aconteceu? A Liz? Ela está bem?

Assinto enquanto ela me encara.

— Ela está bem? Lorenzo, ela está bem?


— Ela está fora de perigo, amor. — Digo segurando seu rosto

entre minhas mãos. — Nossa filha está junto com as irmãs agora.

Ela me abraça apertado, como se não acreditasse no que eu


acabei de falar.

— A nossa Liz está bem amor...

— Eu preciso ir vê-las! — Me encara entre sorrisos e lágrimas.


— Não posso acreditar... Eu pedi tanto... Tanto...

Passo o polegar por suas bochechas e a beijo rapidamente,

grudando minha testa a sua.

Nada no mundo pode tirar essa felicidade de dentro de mim.

A porta se abre e Bianca entra, junto com Helena, aos risos e

lágrimas. Chris vem logo atrás, com Ágata e Enrique.

— Eu disse que ia ficar tudo bem. — Bianca se aproxima e a


beija.

É nítido o alívio de todo mundo.


Chris me abraça e sorri me encarando. Mesmo sabendo que a
recuperação delas vai demorar um pouco, eu estou aliviado.

Soltei o ar preso, assim que o médico nos falou que podemos


segurá-las no colo pela primeira vez. O nervosismo aflorando, as

mãos suando e porra...

Não vou chorar. Não vou chorar.

Estamos em frente a UTI, esperando a enfermeira trazer as

meninas.

— Eu tô quase tendo um treco. — Arthur diz logo atrás da


gente.

— Isso porque não é o pai. — Chris diz sorrindo.

— Estou tendo emoções, porque são minhas sobrinhas lindas.


E eu não vou e muito menos quero ser pai. — Arthur rebate, ficando

sério. — Deus me defenda!

— Lorenzo também falava isso. — Patrick sorri. — Mas


também estou ansioso.

A enfermeira nos libera e rapidamente entro, junto com Diana.


Os dedos entrelaçados e olhando para as três incubadoras. Ela

aperta minha mão, enquanto ficamos ali, parados, olhando aquelas


três vidas juntas, fruto de um amor incondicional.
— Esse contato é muito importante. — A enfermeira nos
encara sorrindo. — Se chama Método Canguru. Colocamos o bebê
em contato com o peito da mãe ou do pai. Assim o vínculo se

fortalece e eles se sentem muito mais confortáveis.

Me petrifico no mesmo instante.

Sinto o suor descer e o nervosismo me faz tremer.

— Podem se sentar.

Diana sorri me olhando.

A enfermeira rapidamente destrava uma das bases da


incubadora e pega Maya com cuidado.

— Vamos colocar ela em contato com sua pele, pode relaxar.

— Eu... Eu nunca segurei um bebê. — Diana me encara.

— Apenas segure assim... — A enfermeira ajeita Maya com


cuidado nos braços de Diana, na posição vertical e ela rapidamente

se aninha.

Me aproximo, vendo aquela cena que fez meu coração virar de

ponta cabeça, sem saber expressar qual sentimento é esse.

Acaricio os cabelos com as pontas dos dedos.

Diana me encara, com os olhos nublados.


— Oi Maya. — Sussurro, vendo os olhos pequenos procurando

de onde vem a voz.

Sorrio entre lágrimas.

— Está confortável filha? — Diana indaga sorrindo. — Ela é

linda... Linda.

— Parecem com você. — Sorrio acariciando a mãozinha.

— Sua vez papai. — Sou pego de surpresa.

Deito-me na cadeira abrindo a camisa e Diana me encara.

A enfermeira me ajuda a deixar Eva confortável em meus

braços, ela rapidamente deita a cabeça em meu peito.

Minha garganta fica seca rapidamente e meu coração

acelerado.

Eu já tinha pegado Henry no colo, o mini puto amava dormir

nos meus braços.

Mas nada se compara com esse toque.

Como pude achar que não queria esse momento?

Quem nunca sonhou em ter isso na vida?

Passo os dedos devagar, pelo corpinho manhoso, sorrindo.


— Elas são as coisinhas mais lindas do mundo. — Diana

sussurra me olhando. — Meu Deus.

— Oi Evinha. — Sussurro baixo e os olhinhos dançam, ouvido


a minha voz. — É o papai meu amor.

Se eu não estivesse sentado, estaria de joelhos agora mesmo.


Sinto minhas pernas fraquejarem.

Meu peito acelera. Minha garganta seca.

Vamos demorar um pouco até poder segurar Liz também, mas

sei que vai ser a mesma sensação indescritível.

Diana balbucia algo inaudível, me encarando.

— Obrigado. — Sussurro baixo quando Diana se vira. —

Obrigado por me proporcionar um dos melhores momentos da


minha vida.

Ela sorri e cheira a cabeça de Maya.

— Você que me proporcionou isso Lorenzo.

Nego com a cabeça levemente, fitando-as.

— Sem você não. Eu não existiria, Diana, não sem vocês. —

Digo e sinto um entalo na garganta. — Eu te amo Bruxinha... Muito.


Você nem faz ideia o quanto eu te amo Diana.
— Eu te amo muito mais Lorenzo.

— Obrigado pelos melhores presentes. — Encaro Eva

adormecida em meus braços.

Beijo-a levemente, sentindo as falhas batidas do meu coração.

Estou realizado. Infinitamente realizado.

— Será que servem algum tipo de bebida alcoólica aqui? —

Arthur indaga, assim que nos sentamos na lanchonete do hospital.

Encaramos ele, que sorri nos olhando.

— Aqui é um hospital Arthur. Não um cabaré. — Chris dispara.

Ainda sinto meus olhos inchados, e a sensação de meu

coração disparado, ainda tentando me recuperar da emoção de

poucas horas atrás.

Não quero mais deixá-las. Quero sentir aquele contato pelo

resto da minha vida.

Enrique se senta logo após, com um sorriso largo no rosto.

Patrick me encara e sorrio.


— E esse sorriso de pai babão no rosto. — Meu irmão me

encara.

— Essa emoção, pulando para fora do peito é magnífica. —


Chris diz sorrindo, bebericando o refrigerante no copo. — Quando

Henry nasceu, eu quase desidratei de tanto chorar.

— Me lembro. — Digo, gargalhando sonoramente. — Lembro

do medo que você tinha também, de segurar o mini puto nos braços!

— Quem não tem esse medo? É um mundo novo. — Chris


sorri.

— Eu morro de medo! — Arthur sussurra. — Tanto medo, que


meu saco chega contrai.

— E quando for sua vez Arthur? — Enrique diz o olhando.

— Não pretendo ser pai. — Diz, dando de ombros e franzindo

o cenho. — Não me vejo com um catarrento.

— Enrique? Me desculpe atrapalhar vocês, só que recebi uma

ligação importante e não poderia deixar de passar para você. —

Elliot se aproxima.

— Pode sentar-se Elliot. O que houve?

Aquele clima chato do caralho se instala na mesa.


Arthur nem disfarça o encarando.

— Camille acabou de me ligar e falou que mandaram os

últimos documentos. O juiz concedeu ao seu pedido.

Encaro Arthur, que empalidece no mesmo instante, apenas em


ouvir o nome ser mencionado. Chris percebe também.

— Isso não pode ficar melhor. — Enrique sorri e me olha. —


Conseguimos.

Sorrio, sentindo ao menos um pouco de alívio.

Velho pau no cu, vai comer o pão que o diabo amassou.

O celular de Elliot vibra e ele se ergue rapidamente.

— Minha irmã.

— Sinto vontade de pular no pescoço dele. — Arthur sussurra,


apertando o copo sobre as mãos. — Pau no cu!

— Arthur! — Patrick o repreende.

— Me desculpem. — Elliot diz se sentando de novo e encara

Arthur. — Quanto tempo Arthur. Como está?

— Melhor que isso, só nascendo de novo. — A voz de Arthur

soa com puro deboche.

Elliot sorri o encarando.


Fito Patrick que coça o queixo.

É incrível o quanto Arthur se transforma só de ouvir o nome da

ex amada.

— Que bom que suas filhas estão bem, Enrique me falou. —

Diz me olhando. — Fico feliz. É uma dor muito grande, e só quem


passa por isso sabe.

— E você já passou? — Arthur o encara.

Elliot assente e respira fundo.

— Posso dizer que sim.

— Obrigado. É um alívio gigantesco. Estou mais calmo agora.

Só esperar a recuperação delas.

Entramos em outro assunto rapidamente, e que agradeço, pois

sinto que Arthur estava prestes a pular no pescoço do seu ex-


cunhado.

— Eu tenho medo de outra gestação da Ágata, por causa de


tudo que passou na de Henry. Ele e Clhoe já me deixam realizados.

— Acho que meu coração está ótimo com minhas três minis
Bruxinhas apenas. — Digo sorrindo. — Quando elas estiverem com
17, estarei de cabelos brancos.
— Se tivesse sido pai na adolescência, seria um pai gostoso.
— Arthur rebate sorrindo.

— Deve ser um barato.

Arthur arregala os olhos, me encarando.

— Deve ser uma desgraça! Credo! Imagina, um moleque do


seu tamanho te chamando de pai!

Arthur nega, franzindo o nariz.

Elliot o encara.

— Pior ainda ser for mulher. Nossa, Deus me livre.

— Diana tem idade para ser sua filha Arthur. — Brinco


sorrindo. — Você estaria sendo avô nesse momento.

— Aí, vira essa boca pra lá! Isso é achismo... Não fui pai na

adolescência!

Elliot rapidamente tem uma crise de tosse e o encaramos.

— Tudo bem Elliot?!

Ele assente, ainda tossindo.

— Me engasguei.

— Morre. — Arthur sorri. — Vamos isolar esse assunto aí,

porque o sangue de Jesus tem poder!


— Amém. — Respondemos em uníssono, gargalhando
sonoramente, porque finalmente tudo está voltando ao normal.

D ...

— Ansiosa? — Lorenzo pergunta.

— Vamos buscar ela. — Solto o ar preso, encarando Maya e


Eva dormirem no bercinho. — Vamos buscar a irmãzinha de vocês.

Ainda não estou acreditando que finalmente vamos trazer Liz


para casa, para junto das irmãs, com a nossa família. Foram dois
meses indo todos os dias ao hospital, tive alta antes delas e uma

semana depois Eva e Maya estavam com a gente.

Foi indescritível a sensação de trazê-las para casa, mas ao


mesmo tempo uma aflição, por ter que deixar a nossa outra

pequena sozinha. Eu e Lorenzo fomos todos os dias visitá-la e


voltávamos com o nosso coração em pedaços.
Mas precisamos ser fortes, pelas duas, elas ainda precisam de
todo o cuidado. Não é fácil, mas ver nossa frágil e pequena Liz com

tanta força de vontade para viver é o que nos motiva.

Beijo as mãozinhas de Eva, que dorme tranquila junto com


Maya, então eu e Lorenzo descemos.

— Não acredito que ela está vindo. — Dona Clarisse fala


empolgada.

— Nossa pequena Liz. — Sr Patrício sorri.

— Vamos cuidar das duas. Podem deixar. — Ágata bate

palmas sorrindo.

— Vamos buscar a outra parte do nosso coração. — Fito


Lorenzo, que beija minha testa.

— Vamos.

Estou nervosa e ansiosa ao extremo. Encaro Bianca e sorrio


assim que ela me abraça.

— Conseguiu falar com a Eudora?

— Tentei Di. Mas sabe como aquele pau no cu do Hugo é, o

cão em forma de gente.


Desde o hospital que não vejo Eudora, e não ter notícias da

minha irmã me deixa aflita.

— Me sinto triste pela Eudora não querer acordar, viver


sempre com aquela venda nos olhos. — Bianca diz torcendo o nariz

me olhando.

— Ela é tão vítima nessa história quanto você Diana... —


Ágata suspira me encarando. — Uma vítima do seu pai.

— Eu queria poder tirá-la dessa situação... Eudora é cega por

Hugo. — Desabafo fechando os olhos. Eu odeio, mas tenho que


concordar.

Depois que Enrique me falou que está processando Hugo, não

tive mais notícias da Eudora. Fora o processo que conseguiu ganhar


do nosso pai, tirando as ações dele.

Solto o ar devagar, passando a mão no cabelo.

Sei que Luttero está uma fera, isso deve ter respingado na

minha irmã.

Mordo o lábio pegando a bolsa e colocando os óculos de sol.

— Vamos? — Lorenzo indaga e concordo.

— Cuidem das minhas meninas. — Sorrio enquanto Ágata e

Bianca dão uma piscadela sorrindo.


As duas estão estranhas e mais sorridentes do que o normal.
Entrelaço os dedos nos de Lorenzo e saímos rapidamente. Ele sorri
de lado beijando o dorso da minha mão.

— Sei que está preocupada com a Eudora amor. Mas


infelizmente sua irmã parece não ver o que está em sua frente. —
Lorenzo me fala e respiro fundo.

— Queria que ela acordasse e enxergasse o quanto aquilo que

ela vive, não é vida e sim uma prisão. — Encaro a janela e engulo
em seco.

— Mas ela vai. — A mão aperta minha perna e afago a mesma

com meus dedos.

É incrível o quanto estamos mais unidos, o quanto nos


entendemos em todos os aspectos e jeitos. O quanto nossas filhas

chegaram para somar ainda mais na nossa vida.

Lorenzo se dedica tanto a elas quanto a mim, com cuidados,


carinhos... Além de dar banho, trocar fraldas e principalmente, dar

mamadeira. Não consegui amamentar como achei que conseguiria,


mas elas tiveram o contato da amamentação e foi surreal.

Não me frustrei em não poder amamentar em livre demanda,

elas estão saudáveis e crescendo a cada dia.


Paramos em frente ao hospital, passamos pelas portas de
vidro olhando o ambiente em que foi o nosso martírio por meses.

— Olha quem está pronta para ir para casa. — A enfermeira

sorri, segurando Liz no colo.

O alívio me toma quando seguro ela, prendendo-a em meus


braços, de onde nunca mais ela vai sair.

— Oi princesa. Papai e mamãe vieram te buscar, meu amor. —


Sussurro e sorrio entre as lágrimas que teimam em descer.

Lorenzo suspira e segura a mãozinha minúscula.

O laço cor de rosa em seus cabelos negros, junto com a

roupinha da mesma cor, é tão pequena e tão grande ao mesmo


tempo.

— Oi papai... A gente veio te levar para casa. — Ele sussurra e

acaricia o rostinho.

Liz resmunga, abre a boca e nos encara.

O fito sorrir, segurar em meu queixo e me beijar.

— Finalmente. — Diz.

Assinto, deitando a cabeça em seu peito.

— Finalmente, vai ser nós cinco, juntos.


— Por que está estacionando aqui? — Indago, assim que
Lorenzo estaciona o carro na frente de casa, não no jardim, como

sempre faz.

Ele sorri, balançando a cabeça e franzo o cenho.

Liz dorme no bebê conforto, e Lorenzo rapidamente a pega.

— É uma surpresa. — Ele a segura nos braços e saímos do

carro.

Praticamente já nos mudamos para a nossa casa, estamos


apenas esperando alguns móveis chegarem. Mesmo amando estar

entre família na casa dos pais de Lorenzo, saber que teremos a


nossa, é surreal.

Lorenzo se põe ao meu lado segurando Liz e sorrio assim que

entramos.

Estão todos reunidos na sala.

Tudo decorado com balões cor de rosa e flores. Muitas flores.

Fito Lorenzo, que me encara e balanço a cabeça.


— Meu Deus! Como fizeram isso? — Abraço Ágata e Bianca,

que estão com Eva e Maya no colo.

— Não íamos deixar esse momento especial passar em


branco. — Ágata me entrega Maya. — Elas merecem.

— Oi mamãe. — Lorenzo fala e eu sorrio, olhando-a.

— Meu Deus, como ela é linda Diana.

— Você sabia? — Encaro Lorenzo com Liz e Eva nos braços e


ele assente.

— Tudo para as quatro mulheres da minha vida.

Liz vira o centro da atenção de todos. Clhoe vem correndo ver


a prima, ansiosa para saber quando vai poder brincar com as três.
Ela e o irmão são um grude com as meninas.

Está tudo incrivelmente lindo.

— Helena organizou tudo. — Bianca fala.

— Eu fiz o meu melhor. — Diz me abraçando e beija a


cabecinha de Maya. — Elas merecem o melhor.

— Obrigada por tudo Helena.

— Não vai me fazer chorar, mais do que já chorei!

Sorrio a abraçando.
— Tem alguém que quis vir nesse momento também... — Ela
diz sorrindo e encaro Eudora vir em nossa direção.

Meu coração dispara e ela me abraça sorrindo.

— Estava preocupada com você. — A encaro balançar a

cabeça.

— Eu estou bem. Me desculpe irmã, eu não estava bem.


Assim que recebi a ligação de Bianca, não poderia deixar de ver

minhas sobrinhas. — Ela sorri me olhando.

Segura a mãozinha de Maya, mas os olhos estão tristes.

Eu realmente estou feliz, como nunca estive em toda minha

vida. Só que ver Eudora desse modo, me destrói em partes.

— Vai conversar com sua irmã. — Lorenzo fala e assinto,


entregando Maya a Arthur.

— Oi fofinha do titio mais lindo.

Saio com Eudora, Enrique apenas nos observa enquanto


conversa com Bianca. Vamos direto para a sala de TV, onde vamos
ficar mais à vontade.

— Eudora...
— Papai está arruinado, Di. Fico muito mal vendo-o daquele
jeito. É nosso pai. — Aperto suas mãos entre as minhas, a olhando.

— Enrique processou até o meu marido...

A encaro morder os lábios e a fito.

— Não quero estragar esse momento, que é tão importante


para você Diana.

— Você não está estragando nada Eudora... Você é minha


irmã. — Mas não posso dizer que me sinto mal por Luttero. Olhe
tudo que ele fez Eudora. Comigo, com Enrique e o que fez com

você...

Conheço Eudora muito bem, eu sei exatamente o que ela vai


me pedir.

— Hugo pode ser preso Diana! E eu não posso perder o meu

marido! — Sussurra com a cabeça baixa. — Eu sei de tudo que ele


fez, mas ele foi obrigado. Hugo não é ruim.

— Eudora...

— Eu sei que você não acredita! Eu sei, mas eu sou sozinha


Diana! Eu só tenho o Hugo!

— Você tem a mim Eudora! Você sempre teve a mim!


— Nosso irmão me odeia, Enrique nem olha na minha cara! Eu

só tenho o Hugo...

Nego com a cabeça levemente.

Eu nunca vou entender essa paixão cega e absurda que


Eudora sente por Hugo.

Vejo as lágrimas rolarem em seu rosto copiosamente e meu


coração fica apertado por vê-la tão frágil.

— Enrique te ama, tanto quanto eu, Eudora.

Ela nega com a cabeça e suspira pesadamente.

— Eu não tenho ninguém Diana e nunca vou ter. Nem filhos eu


posso ter.

— O que?

Meus olhos se arregalam enquanto coloco a mão sobre a boca

— Eu... Eu não posso nem ter filhos Diana.

— Como assim você não pode?

Ela nega com a cabeça e aperto sua mão entre as minhas.

— Não posso ter filhos... Não posso. E você sabe que um filho

é a base para um casamento feliz, se Hugo ainda me quer depois


disso, é porque ele me ama.

— Um filho é a soma de uma felicidade Eudora... Não pense


assim só porque nossa mãe nos ensinou.

— Di, eu sou vazia. E eu não quero ser mais sozinha. Eu só

tenho ele.

Fecho os olhos e a abraço fortemente. Sinto o quanto ela está


sofrendo. A solto encarando-a enquanto limpo seu rosto.

— Não fantasie o homem perfeito, que Hugo não é. Você

merece muito mais que isso. Você merece o mundo minha irmã, e
vai encontrar alguém que honre isso.

— Elas são a sua cara Diana. — Dona Catarina sorri.

— Graças a Deus não puxaram a cara feia do Lorenzo. —


Heitor fala e gargalha.

— São a minha cara sim. Olha as obras de artes que eu fiz.


Olhem isso? — Lorenzo sorri erguendo Liz e Maya, que estão em

seus respectivos braços.


— Fez sozinho? — Ele se aproxima e beija meus lábios.

— Foram feitas com muito capricho e dedicação. — Sussurra


sorrindo de lado.

— Bobo.

Estamos reunidos, conversando animadamente com as

meninas em nossos braços.

— Bom, aproveitando que estamos aqui, queremos falar umas


coisas para vocês. — Lorenzo morde o lábio sorrindo. — Foram

meses intensos, que me fizeram amadurecer de uma forma que


jamais pensei que aconteceria.

Sr. Patrício está sentado e sorri o olhando.

— Não posso deixar de agradecer aos meus irmãos. — Diz


encarando os meninos, não só Chris e Patrick, mas Arthur e Heitor
também. — A vocês cinco, que foram minha base.

Lorenzo respira fundo e o encaro.

— Aos meus pais, que me deram todo o apoio. Aos meus tios,

que nem preciso falar o quanto são incríveis. — Ele sorri. — Enfim,
vocês são o meu alicerce, de todas as maneiras possíveis.

— Ah meu bebê. — Dona Clarisse diz emocionada.


Encaro Enrique e Bianca e mordo o lábio.

— Todos vocês fizeram parte disso, então nada mais justo, que
nesse momento... — Solto o ar preso e vejo Lorenzo assentir. — A
nossa eterna gratidão a vocês, e aos meus irmãos.

Eudora sorri de leve e Enrique me encara, balançando a


cabeça.

— Você também Bianca. — A encaro soltar um beijo em minha

direção. — A você Ágata, que sempre esteve ao meu lado e ainda


me trouxe uma amiga.

Encaro Helena e tomo o ar.

Eu e Lorenzo conversamos sobre os padrinhos das meninas e


o quanto cada um tinha sido importante em nossas vidas, e nas
delas.

Lorenzo segura Maya nos braços, com uma manta amarelinha,


assim como todo o conjunto que veste.

— Então aproveitando o momento de emoção, eu não posso


deixar de entregar a minha primogênita... — Lorenzo sorri,
encarando a bebê em seu colo. — Para uma das pessoas que me
guiou, e sempre esteve ao meu lado. Essa honra não poderia ser de
outra pessoa, se não do meu irmão mais velho e minha melhor
cunhada. — Lorenzo sorri e entrega Maya a Chris, que o olha
embasbacado.

— Ah meu Deus Lorenzo! — Ágata exclama e sorri.

— Eu não estava preparado para isso! — Chris balança a


cabeça sorrindo. — Eu te amo.

— Também te amo. — Lorenzo abraça o irmão enquanto


Ágata faz o mesmo comigo.

Embalo Eva no colo, com seu vestido lilás. Então encaro


Enrique, com os olhos vidrados.

— Já eu, não poderia deixar de entregá-la a pessoa que

sempre cuidou de mim, que sempre me protegeu. — Sorrio, me


aproximando dele e de Bianca. — Sei que vai cuidar dela, como
sempre cuidou de mim... — Digo o olhando. — Eva não poderia ter
padrinhos melhores que vocês.

— Diana... — Enrique me encara emocionado.

— Ahhhhhhhh! Eu vou ser madrinha!

Lorenzo segura Liz nos braços, sorrindo para Arthur, que está
parado, nos olhando fixamente.

— Não preciso nem dizer nada né? Para alguém que sempre
esteve presente em todos os momentos, eu sei que Liz vai ter o
melhor padrinho do mundo! — Lorenzo diz o encarando.

— Vai me fazer chorar seu arrombado! — Arthur sussurra


sorrindo. — Ah meu Deus, não posso mais falar palavrão, sou um
padrinho responsável!

Eudora me encara e sorrio, a olhando.

— Sei que Liz vai ter a melhor madrinha do mundo também.

Ela sorri me olhando e Arthur segura Liz nos braços, que


dorme tranquilamente.

As palmas ecoam e encaro Lorenzo me fitar sério.

— Acho que falei sobre todas as pessoas presentes, mas não

falei da mais importante. — Ele me encara e franzo o cenho.

— Lorenzo... — Sopro o ar devagar.

— Você me mostrou um mundo, do qual eu jurei que nunca ia


querer, você me fez literalmente, ficar de joelhos e implorar para não
me deixar. Porque ali eu vi que não conseguiria mais viver sem você
Diana.

Os olhos estão vidrados em mim enquanto sorri daquele modo


que me faz tremer da cabeça aos pés.
— Eu prometi que não ia desistir dessa vez, e eu não vou. —
Lorenzo sorri, enfiando as mãos no bolso e me olhando.

Coloco a mão sobre a boca, assim que seu joelho dobra e ele
a estende em minha direção.

— Dessa vez vai ser do jeito certo Bruxinha.

Estão todos paralisados nos encarando. Ele sorri, olhando as


meninas e me encara, ficando sério por um instante.

— Casa comigo Diana?

Arregalo os olhos.

— Dessa vez sem contratos, sem prazo. — Sorrio o olhando.


— Apenas com uma condição...

Ele dá uma pausa e sorri.

— Ficar comigo para o resto da sua vida!

— Você ainda pergunta? — O encaro balançando a cabeça. —


Sim. Mil vezes sim. Pela segunda vez.

— E que seja a última, minha Bruxinha.


Me sento, abaixando a cabeça e esfregando as mãos

enquanto Hugo anda de um lado para o outro, passando as mãos


pelos cabelos.

— Aquele miserável desgraçado! — Sobressalto quando ele


esbraveja alto, batendo com as mãos na mesa.

— Hugo, por favor — Me ergo e me aproximo dele. Ele se vira


me olhando e paraliso quando vejo seu rosto completamente
transformado. — Eu falei com a Diana...

— Cala a merda da sua boca! — Se desvencilha do meu braço

e se afasta. — Isso é tudo culpa daquela vagabunda da sua irmã!

Aquela vadia!

Paro estática o olhando.

— Não fale assim dela — Digo baixo, vendo seus olhos


cravarem aos meus.

— Eu já mandei você calar a merda dessa sua boca, ou não

me ouviu? — Trinca os dentes, me fuzilando com os olhos. — Agora


sente nesse sofá, eu não quero ouvir a merda dessa sua voz

irritante!

Me sento, me calando rapidamente.

Eu entendo que ele está furioso. Muito na verdade. Continua

andando de um lado para o outro praguejando.

Eu odeio vê-lo desse jeito, me parte o coração.

Está assim desde que soube tudo que Enrique fez com ele e

nosso pai, não entendo direito sobre o processo, mas sei que é bem

grave.

— Se eu for preso... Eu vou matar aquele merda do seu irmão!


— Para na minha frente, fechando os olhos enquanto cerra o punho.
— Ele não sabe com quem está lidando, Eudora! Ele não faz ideia
de quem sou eu.

— Ele não vai... — Me calo rapidamente quando Hugo segura

em meu braço, apertando forte enquanto me ergue. — Escute...

— Eu mandei você calar a boca inferno! — Grita,

intensificando o aperto.

— Está me machu... — Caio assim que ele me empurra no

sofá novamente, e joga o copo de bebida na parede, os cacos se

estilhaçam por todo o lado e me encolho, vendo-o completamente

transtornado.

Não revide Eudora.

Ele está nervoso. Apenas isso.

— ISSO TUDO É CULPA SUA EUDORA! — Se Aproxima de

mim, colocando o rosto a centímetros do meu.

— Não Hugo... Não é culpa...

— Eu sinto vontade de estrangular você! — Reprimo as

lágrimas, sentindo a mão rodear o meu pescoço e apertar. —

Vontade de acabar com você Eudora! PORQUE ISSO É CULPA

SUA! SUA!
— Hugo... Por favor... — Seguro sua mão, o olhando. —

Eu...amo você...

Ele sorri me olhando.

— Claro que ama. Eu sei que ama. — Diz baixo, acariciando


minhas bochechas. — Muito, não é meu amor?

Assinto levemente, o encarando e ele rapidamente passa as


mãos pelo meu rosto.

— Sabe que odeio fazer essas coisas com você Eudora. —

Coloca uma mexa de cabelo atrás da minha orelha, me olhando. —


Só que você me tira do sério, sabe que odeio né? E isso é tudo sua
culpa... Sua culpa, eu ficar assim, eu te tratar assim. Não sabe?

Assinto com a cabeça rapidamente.

— Então meu doce, não me deixe com mais raiva. Porque eu

não respondo por mim quando estou bravo. Você já sabe como
funciona.

— Sabe que não quero te ver bravo. — Digo assim que ele se
senta e me ajoelho, tirando seus sapatos.

Hugo não é ruim como acham, ele só é nervoso e eu tenho

que compreender meu marido.


— Limpe essa bagunça. Quando acabar, me traga uma bebida

forte. — Diz baixo com uma mão sobre o rosto.

Balanço a cabeça rapidamente e me levanto.

— Não, não faça nada. Vou sair.

— Vai para onde?

Ele estreita os olhos me encarando.

— Para onde eu não precise ouvir sua voz! — Ele se ergue e

sai batendo a porta com um estrondo forte.

Me sento no sofá, encarando a sala da minha casa, que

sempre está impecável agora toda desarrumada. Vou até a cozinha,


pego a pá e vassoura para limpar tudo. Eu mesma faço todo o

serviço de casa, amo ver o meu lar bem cuidado.

E amo o meu marido.

Amo Hugo com todas as forças que existem dentro de mim, é

algo que eu não sei explicar. É muito mais forte que eu.

Vou para o meu quarto e abro o guarda-roupa, pegando um


vestido rosa rodado. Calço minhas sapatilhas pretas, pois não sei

usar saltos e mamãe sempre diz ser de mulheres vulgares. Amarro


os cabelos em um rabo de cavalo.
Mamãe sempre me disse que deveríamos nos vestir da forma
que nosso marido mandasse, é nossa obrigação os servir e agradar.

E eu vou agradar meu marido.

Não posso deixá-lo infeliz.

Vou falar com meu irmão.

Minha relação com Enrique sempre foi diferente, desde muito

pequena. Já com Diana não. Sempre fomos muitos próximas. E


estou muito feliz pela minha irmã.

O pedido de casamento feito por Lorenzo no dia anterior

arrancou lágrimas de meus olhos em vê-la tão feliz.

Que ela tenha um casamento tão bom quanto o meu.

Abro a porta de casa e olho a rua, não tenho o costume de

andar sozinha, Hugo não deixa. Mas é por uma boa causa.

Estendo a mão e o táxi para, entro falando o endereço do


prédio de Enrique. Seguro a pequena bolsa entre as mãos,
respiro fundo enquanto o carro sai.

Eu não tenho celular, nem qualquer tipo de eletrônico na

verdade. Essas coisas corrompem a cabeça de uma mulher casada.


O porteiro me deixa subir, pois sabe quem eu sou. Paro em
frente ao elevador, sentindo minhas mãos trêmulas. Eu preciso fazer
Enrique mudar de ideia. Subo na caixa de metal e o senhor

simpático aperta o botão rapidamente.

Bato de leve na porta do apartamento e o silêncio permanece,


o que não é estranho, pois Enrique odeia tumultos.

Giro a maçaneta e a porta se abre.

— Enrique? — O chamo da porta. — Enrique?

O silêncio permanece enquanto entro, percebo o apartamento

totalmente desorganizado, com embalagens de comida por toda a


sala.

— Meu Deus, que horror!

Digo afastando as roupas espalhadas.

Calças jeans, jaqueta e...

Botas?

Enrique jamais usaria uma atrocidade dessas.

O apartamento está um nojo, o que é horrível até para Enrique,

que é extremamente organizado.

— Enrique?
Vou em direção a cozinha, dando um grito fino quando vejo um

homem parado.

— Ah meu Deus! — Disparo fechando os olhos. — Ah meu

Deus, um tarado!

O ser humano está coberto apenas por uma toalha em sua

cintura.

— Quem?! — Ele dispara e me viro de costas.

— Se cubra, em nome de Jesus!

— Calma Boneca! — Só então percebo o apelido horroroso,

dito por aquela voz horrenda.

— Seu tarado! Você... Invadiu o apartamento do meu irmão!

Vou chamar a polícia! Seu...seu... — Minha voz corta de

imediato. — Onde está o meu irmão? O que diabos você está


fazendo aqui? Por Deus!

O patife cruza os braços me encarando.

As tatuagens por todo o corpo, fazendo-o parecer um gibi.

Monstruoso.

— Vai me deixar falar? — Indaga, me mostrando os dentes

brancos estampados em um sorriso.


— Se vista, por tudo que é mais sagrado! Ou eu... Eu...

Ouço a gargalhada sonora e franzo o cenho. Os olhos azuis

me encaram fixamente.

— Aurora, né isso? — Indaga, passando ao meu lado e

ficando na minha frente descaradamente.

O sangue de Jesus tem poder.

— Eudora. — O corrijo, erguendo o queixo. — Onde está o


meu irmão? — Pergunto firme.

Ele é extremamente alto e grande, muito grande.

Parece um gigante.

Pobre de mim, ficar em frente a esse brutamontes.

— É extremamente uma falta de respeito, você estar apenas

de toalha, perto de uma senhora casada. — Digo entre dentes, e ele


sorri abrindo os braços.

— Você que invadiu o apartamento, eu estava aqui numa boa.

— Seu petulante. Prepotente. — Disparo fuzilando-o. — A

casa é do meu irmão. Onde está o Enrique?

— Saiu Boneca.

Engulo seco, o olhando.


— Não-Me-Chame-De-Boneca!

Ele continua sorrindo.

O infeliz tem tatuagem até no rosto, espalhada pelo pescoço,


assim como por todo o corpo.

Se Hugo ao menos imaginar que eu estou aqui, com um outro

homem vestido assim, ele vai pedir o divórcio.

— Eu vou embora, agora! — Digo, dando as costas.

— Calma Boneca. Ele já deve estar chegando. — Diz sorrindo.

— Se me chamar de boneca novamente...

— Vai fazer o quê?

— Chutar a sua canela.

O prepotente se senta no sofá pegando o controle da TV.

— Quer se sentar? — Diz sorrindo.

— Estou muito bem aqui em pé. — Cruzo os braços, fechando

o semblante.

Meu Deus.

Meu Deus.

É só o que me faltava.
Cruzo as pernas na altura dos tornozelos na mesinha de

centro. Olho pelo canto do olho Eudora parada de braços cruzados

na porta da cozinha.

Eu sei que Enrique vai demorar mais do que eu disse a ela.

Não poderia deixar de me divertir.

— Pode se sentar, eu não mordo. — Digo apontando com o

queixo para a poltrona vazia ao meu lado.

Só se você pedir...

E ela está acuada como um bichinho assustado, e ao mesmo

tempo em posição de defesa, como se eu fosse atacá-la.

— Fique à vontade...

— Ficarei à vontade quando o senhor se vestir

adequadamente. — Dispara desviando o olhar do meu.

Sorrio balançando a cabeça.

Ah Eudora...
Eu sei algumas coisas sobre ela. Tá bom, tá bom, sei muito

sobre a vida dela.

Inclusive sobre o marido, o qual sinto um ódio que me

consome.

Os olhos claros e incrivelmente lindos, fazem harmonia com o

rosto. Realmente parece uma boneca. Não posso negar que ela é

perfeitamente linda.

— Se isso for te deixar confortável, eu vou vestir uma camisa.

— Pego a peça de roupa vestindo-a rapidamente.

— A parte de baixo também, por gentileza. — Resmunga mal-

humorada.

Eu estou adorando provocá-la, a irritação é visível em seu

rosto.

A deixa ainda mais linda.

Pedi a Enrique para ficar uns dias em seu apartamento, somos

amigos há alguns anos e como precisava resolver uns assuntos, ele


prontamente liberou o apartamento.

Pego uma calça de moletom me erguendo do sofá.

— Você não vai trocar de roupa aqui, não é?! — Indaga

exasperada e dou de ombros. — Isso é assédio! Atentado ao pudor!


Que tipo de advogado mal caráter é você?

Gargalho sonoramente olhando-a.

— Calma Boneca... Eu estava brincando. — Provoco-a com

um sorriso.

Realmente estou me divertindo com essa situação.

— Quando eu me virar, por gentileza esteja vestido. — Diz e

vira-se de costas.

Se ela não se vestisse e agisse como uma senhora do século

passado, até teria me dado tesão.

Mentira. Mesmo assim ela me deu.

Hugo não a merece.

— Me desculpe, mesmo. Eu não sou sempre assim. — Digo


assim que visto a calça. — Pode se virar.

— Posso confiar em sua palavra que não está pelado?

— Claro Aurora. — Provoco-a sarcástico.

Ela se vira com o rosto emburrado e sorrio. Está visivelmente


vermelha, e confesso que ela fica muito mais linda.

— Enrique vem logo? Meu marido está vindo me buscar daqui

a pouco. — Fala impaciente, olhando no pequeno relógio em seu


pulso.

Marido. Canalha.

— O golpista? — Pergunto, enquanto me sento no sofá.

— Enrique não sabe absolutamente nada do meu marido.

Muito menos você, sugiro que o respeite. — Rebate indo para perto
da janela.

Eu sei mais sobre o Hugo, do que ela imagina.

Pobrezinha.

— É casada a muito tempo, não é? Foi por contrato?

Ela se vira e a luz do sol reflete em seu rosto, me permitindo


ver melhor os olhos magníficos dela.

— Não interessa a você. — Sussurra, voltando a ficar de

costas.

Observo a nuca perfeita, em um traço de pelos ralos que


descem, sumindo pelo tecido do vestido.

E mesmo sendo largo, posso ver as curvas por baixo, tem

belas pernas.

Um sorriso escapa dos meus lábios assim que ela se vira. Fica
parada por uns segundos me olhando fixamente.
— O que está olhando? — Ergue o queixo em desafio.

— Admirando. — Coloco as mãos nos bolsos da calça.

— Admirando?

— Sim.

— Admirando o quê?

— Você, Eudora. — Digo sério.

— Eu sou uma mulher comprometida, muito bem-casada. Não


estou dando esse tipo de liberdade a sua pessoa!

Sorrio balançando a cabeça.

— Admirar não arranca pedaço.

Esse jogo é sensacional.

— Muitas mulheres desejariam estar no seu lugar, apenas para

serem observadas por mim.

— Imagino o tipo de mulheres que fariam isso... — Ergue a

sobrancelha. — Que se envolveria com você... Pessoas da sua laia.

Me aproximo dela em passos largos, vendo os belos olhos se


arregalarem quando fico com o rosto a centímetros do seu.

— Pessoas da minha laia? — Encaro os olhos amedrontados.

A respiração acelera e a fito de cima à baixo.


Ela é incrivelmente linda.

— Saia de perto de mim! — Ela trinca os dentes me fazendo

sorrir.

— Repita o que acabou de dizer... Estou esperando.

— Imagino o tipo de mulher que se envolve com você, devem


ser umas...

— Umas? — Indago sorrindo e colocando os braços ao lado


de sua cabeça. Prendendo-a.

— Me solte! Agora! Seu troglodita! Rascunho do diabo!

— Vou te falar o tipo de mulheres que eu saio. — Sussurro

mordendo o lábio lentamente, a olhando. — Mulheres sedentas...


Que gozam horrores quando estão cavalgando enlouquecidas no
meu pau. Mulheres que chupam, fodem, trepam. Sabe o que é isso?

Corpo a corpo, pele com pele, onde as pernas tremem e te fazem


gozar horrores até perder a consciência.

Ela está petrificada. Sorrio diabolicamente e saio de perto dela.

— São esses tipos de mulheres... — Cruzo os braços. — E


você, com certeza, com esse mau humor terrível, não deve
conhecer.

Sinto o estalo da mão em meu rosto de imediato.


— Demônio! Filho de satanás! Saia de perto de mim! Maldito!

Sorrio pelos palavrões dirigidos contra mim e a encaro.

Corada. Ofegante.

A porta se abre e me afasto, quando Enrique aparece e nos


olha.

— Eudora? O que está fazendo aqui?

Ela continua parada, sem falar absolutamente nada.

— Preciso falar com você, Enrique. Em particular. — Sussurra


depois de um logo tempo em silêncio.

Passa por mim como um foguete em disparada.

Por dentro eu estou me sentindo como ela.

Excitado ao extremo.

Me despedi de Enrique assim que Eudora saiu. Meu voo já


estava marcado e não podia ficar mais tempo. Sorri, aliviado por
estar em casa novamente, mas sinto que seria por pouco tempo.
Paro em frente ao escritório e sorrio, tirando o óculos e
enganchando na gola da camisa.

— Elliot! Estávamos com saudades! — Ítalo me encara. —

Trouxe novidades?

— Muitas. Mas antes, me traga todos os documentos e


arquivos de Hugo Dantas. — Bato na mesa mordendo o lábio.

— Voltou com a corda toda. — Fala sorrindo. — Assim que eu

gosto. Me deixe levar esses papéis e te trago tudo.

Sorrio assentindo.

Dobro a camisa até os cotovelos.

Acho que finalmente Hugo vai pagar por tudo que fez.

— El Víbora acabou de chegar, cuidado Elliot. — Ítalo bate em


meu ombro sorrindo. — Ela está afiadíssima hoje.

Reviro os olhos ouvindo os saltos altos ecoarem pelo corredor,


o vestido vermelho curto e justo ao corpo, enquanto os cabelos

castanhos caem sobre as costas.

El Víbora é o apelido delicado e amoroso de Camille.

Minha amada irmã.


— Resolveu dar as caras Elliot? — Resmunga enquanto passo
o braço pelos seus ombros beijando seu rosto.

— Quase morri de saudades. — Digo entrando em sua sala.

— Mentiroso descarado. — Me abraça e a ergo do chão. —


Como está Nova York?

Me sento na sua frente, estalando a língua e a olhando.

— Como sempre. Uma confusão. — Digo, olhando-a erguer as

sobrancelhas.

Camille é a minha metade. Alguns anos mais velha que eu,


mas sempre tivemos uma ligação surreal um com o outro.

— O que foi? Está estranha.

— Quero que analise uma proposta comigo. — Levanta e se


encosta na mesa de vidro.

Me ergo a encarando boquiaberto assim que ela me conta

absolutamente tudo que estava planejando.

— Camille...

— Eu sei que parece loucura, eu acho também. Mas a

proposta é boa. Imagina o nosso escritório reconhecido por aquela


empresa?
Ela me encara, apertando o pingente entre os dedos, como faz
sempre que está nervosa.

— O Grupo Gonzáles, Cami?

— Elliot, passado é passado! — Dispara, andando de um lado


para o outro. — Não acho que seja tão ruim.

— Arthur trabalha lá! — Digo e ela me encara. — Você está

realmente disposta a trazer tudo à tona? Pois saiba que estou do


seu lado, seja qual for a sua decisão!

Ela se cala voltando a sentar na cadeira, virando-se de um

lado para o outro enquanto aperta a caneta entre os dedos.

— Ele me odeia né?! — Indaga me olhando.

Assinto, vendo-a entortar os lábios.

— Ele te flagrou praticamente na cama com Greg um dia

depois de te pedir em casamento!

Ela fecha os olhos, suspirando.

— Desculpa. Sério. Não deveria ter falado isso.

— Tudo bem. — Diz me olhando e balança a cabeça.

— O que vamos fazer agora?

— Não sei Elliot, eu vou pensar em algo. — Revira os olhos.


— Sabe que há segredos e coisas que não voltam mais

Camille. Tem coisas que devemos guardar trancados há sete


chaves. — Me viro olhando-a. — Infelizmente, muita gente pode sair
magoada disso.

— Eu sei... — Camille morde o lábio, passando as mãos pelos


cabelos.

— Estou indo em casa, vou trocar de roupa e comer algo. —

Digo rápido. — E o campeão? Está em casa?

O sorriso de Cami se expande e ela assente.

— Sim. Está perguntando o dia inteiro por você. Avise a ele


que talvez eu não jante em casa. Tenho umas reuniões. Quero ele

antes das dez na cama, amanhã tem aula.

— Eu sou um tio responsável, Cami. Deixa comigo.

Solto um beijo e fecho a porta atrás de mim.


— Elas são muito a minha cara. — Digo abrindo um sorriso
largo.

— O importante é que tem saúde.

Fecho o semblante e Arthur gargalha.

— Vai tomar... — Faço a mão em concha e termino em um

sussurro. — No teu cu!


— Não fala palavrão perto da minha afilhada! — Arthur diz,

enquanto se vira com Liz nos seus braços. — Né, picutucha do


Dindo? Cara, como foi que você fez coisinhas tão lindas? Que

vontade de apertar meu Deus!

Franzo o nariz o olhando.

E acabo sorrindo.

Estou mais feliz que pinto no lixo.

Estamos todos em frente à igreja, em um dia ensolarado de

domingo para o batizado das meninas. Tudo está finalmente


voltando ao normal.

Chris se aproxima com Henry no colo, enquanto Ágata segura


Maya nos braços.

O mini puto sorri e me encara.

— Quer beijar? — Ergo Eva, que balança os braços e Henry a


encara. — Chris, olha o que eu ensinei para o mini puto. Henry o

que você vai fazer com as meninas?

— Poteger.

— Esse é meu garotão! — Sorrio batendo em sua pequena

mão. — Agora beija a Evinha.


O mini puto encosta os lábios na cabeça de Eva e solta uma
risada gostosa.

Chris sorri nos olhando.

— Heitor não vêm?

— Heitor é um pau no cu do caralho! — Arthur diz baixo. —


Está com o modo despeitado ainda. — Arthur revira os olhos e

entrega Liz para Helena, que se aproxima.

— Ele ainda não superou o fato de a Bianca ser o par do

Enrique? — Ágata sorri.

— Não. Ele te xinga todo dia. — Arthur diz me olhando. — Foi


maior quebra pau lá no meu apê.

— Ele é meu cunhado gente!

— Eu sabia que Heitor não ia agir com maturidade com o fato

de Bianca ser madrinha da Eva junto com o Enrique. É coisa de

momento até ele me desculpar.

— Eu falei que ia ter um churrasco na casa da tia Clarisse.

Mas ele só deu de ombros. — Arthur completa.

— Pelo visto, ele e a Bianca acabaram de vez. — Patrick diz

— Acho que juntou uma coisa com a outra.


— Heitor é um babacão do cacete!

— Alguém viu a minha irmã? Ela já deveria ter chegado. —

Diana se aproxima.

Está com a porra de um vestido branco colado naquele corpo


divino e escultural, as pernas torneadas bem equilibradas nos
sapatos de salto alto.

Ela me encara e sorrio.

— Já deve estar chegando, Di.

— Falta uns vinte minutos ainda amor. — Olho no relógio.

Ela beija a mão de Eva que sorri, e meu coração quase parte
de tanto amor.

— Eudora chegou! — Enrique diz se aproximando e

guardando o celular no bolso do blazer.

— Mamãe e papai já estão lá dentro. — Patrick sorri.

— Vamos. — Sussurro a olhando.

Eudora sobe as escadas rapidamente nos olhando.

— Me desculpem pela demora.

Entrelaço os dedos aos de Diana, que me encara assim que

entramos na igreja. Sorrio no exato momento.


— Há pouco mais de um ano atrás, estávamos entrando aqui

para nos casar a força. — Ela me fita. — E agora estamos indo


batizar nossas filhas.

— O destino nos prega peças às vezes. — Beijo sua mão, a

olhando assentir.

Entrar na mesma igreja, depois de mais de um ano, mas agora

em outra circunstância, é surreal. Muito surreal.

Os três casais se juntam, lado a lado, enquanto cada um


segura as meninas, que dormem tranquilamente.

Encaro meu pai, sentado na primeira fileira de bancos, ele sorri


abertamente. É visível o orgulho estampado nos seus olhos, e eu

estou feliz. Pela primeira vez em anos, eu estou feliz em ver que ele
está orgulhoso de mim.

Começa um pequeno sermão, em que sentimos a emoção em

cada palavra dita.

Meu Deus, eu estou me sentindo a porra do homem...

Perdão Deus.

Eu sou o homem mais feliz desse mundo.

— Que Deus sempre permaneça na vida de cada uma... Que


Maya, traga sempre felicidade e sabedoria. — O sacerdote diz,
molhando a testa de Maya, que está nos braços de Chris. — E que
você, Eva, seja sempre iluminada por coisas boas. — Ele sussurra,
fazendo do mesmo modo em Eva. — E que você Liz, seja sempre o

caminho de Luz.

— Está feliz? — Diana pergunta, me olha e encosta a cabeça


em meu ombro.

— Mais do que imaginei que seria. — Seguro em seu queixo e


os olhos me fitam.

Diana está incrivelmente linda.

Madura. Dona de si. Forte.

Não parece nem de longe, a menina que se casou comigo.

— E você? Está feliz Bruxinha?

— Eu tenho o melhor marido do mundo... Três filhas lindas e


perfeitas... Então sim, estou feliz. Muito. — Beijo a mão que está

entrelaçada na minha.

Mordo os lábios, sorrindo quando a cerimônia acaba, eu não

poderia ter escolhido padrinhos melhores.

— Ah meu Deus! Que orgulho do meu bebê! — Mamãe se


aproxima e me beija.
— Te amo dona Clarisse.

— Eu que amo mais.

Paramos sorrindo enquanto Clhoe se aproxima correndo.

Os cabelos soltos e os longos cachos dourados balançando de

um lado para o outro.

— Eu posso segurar elas agora? — Olho para baixo vendo


Clhoe de braços cruzados. — O vovô falou que assim que

acabassem, eu poderia...

— Sabe que elas são muito pequenininhas né?! — Ágata diz


sorrindo.

— Mas eu sou uma mocinha mamãe... — Clhoe diz chorosa.


— Não sou papai?

— Não é não. Você ainda é um bebê. — Chris diz a olhando

cruzar os braços.

— Papai, eu sou uma mocinha! — Diz batendo o pé e fita meu

pai. — Não sou vovô?

— É sim princesa. Uma mocinha. — Papai diz a olhando.

— Senta que o titio te ajuda a segurar elas. — Patrick diz e


pisca me olhando.
— Só tio Patrick me entende. — Clhoe se senta rapidamente.

— Não vai com a gente Helena? — Ágata diz de repente.

Helena para em alguns degraus da escada e se vira.

Estamos indo para casa, vamos comemorar em família como

sempre fazemos.

— Ela vai comigo. — Enrique diz sério.

Diana encara o irmão e me fita, enquanto escondo um sorriso.

— Hummmmm... — Arthur se aproxima. — Acho que Heitor

não precisa mais se preocupar com o Enrique.

— Tu é fofoqueiro né Arthur?!

— Negativo. Fofoqueiro espalha a conversa, eu apenas capto


a energia no ar. Aprenda irmão. Aprenda.

— Você vem com a gente né? — Diana pergunta a Eudora,

que até então estava quase muda.

— Não sei Diana. Não posso demorar muito.

— Manda o Hugo ir catar coquinho na casa do caralho Eudora!


— Bianca aparece do nada batendo o pé. — Aquele satanás!

Eudora a encara.
— Bianca, estamos na frente de uma igreja e você chamando

palavrão! — Eudora rebate.

— Que Deus me perdoe, mas é verdade! Inferno! Você vem


sim. E vem com a gente! Aquele pau no cu do caralho!

— Bianca é pau de dar em doido. — Arthur gargalha.

— Heitor que se cuide.

— Pode me ajudar a tirar o vestido? — Diana afasta os

cabelos das costas.

A fito de cima à baixo e a encaro pelo espelho, cruzando os


braços. É incrível o quanto a maternidade caiu bem nela. Ela está

magnífica.

Desço o zíper do vestido, deixando-o cair sobre seus pés e beijo


seu ombro.

Os seios incrivelmente lindos, ainda me dão calafrios de tesão.

Subimos para trocar de roupa e deixamos as meninas lá

embaixo, mas sabemos que assim que começarmos a nos pegar

algo acontece.
Maya chora. Eva chora. Liz que é a mais tranquila e dorme

mais que as irmãs, chora.

Não que estejamos sem transar, a gente transa, e gostoso.

Mas sempre com intervalos.

Da última vez, estava no bate quadril, Diana louca, gemendo,

mordendo meu ombro e me abraçando com as pernas. Meu pau

duro feito rocha, entrando e saindo dela como uma britadeira.

E aconteceu o quê?

O QUÊ???

As meninas acordaram! As três!

AS TRÊS, JUNTAS EM UM BERREIRO QUE SÓ JESUS NA

CAUSA!

Nossa transa foi para o beleleu.

— Elas devem estar sentindo alguma coisa. — Diana suspirou

se vestindo.

Estalo a língua olhando meu pau por baixo do lençol.

— Coloca as três de castigo! Agora! — Digo sério me

erguendo.

Fui direto para o banheiro, tomar uma ducha rápida.


Nem transar eu posso, meu Deus?!

Fiquei muito puto. Muito puto. Muito puto, mesmo.

Mentira.

Voltei para o quarto e lá estavam as três, deitadas em nossa


cama, com o lençol cheio de coisinhas cor de rosa. Diana deitada de

lado conversando com as três.

Aquilo era meu ponto fraco.

— Elas não queriam ficar sozinhas... — Diz sorrindo, e me

deitei do outro lado, deixando-as no meio.

Liz com as mãozinhas na boca, aérea. Maya e Eva

balbuciando palavras desconexas.

Sorrio fitando Diana.

— Que amor é esse? Que dói só de olhar para elas. — Digo a


encarando.

— Amor de pais. E é o amor mais lindo e puro do mundo.

A viro de frente sorrindo, colando o corpo ao meu. Diana

apenas de... Encaro o pedaço de pano, enfiado na bunda dela pelo

espelho e a fito.
— Isso é tamanho de calcinha Diana? Você estava assim na

igreja? Meu Deus! Que safadeza é essa em Diana? Ficou doida


minha filha? Perdeu o juízo?

Ela sorri mordendo o lábio.

— Você ama colocar coisas na minha bunda.

— Perdendo a noção do perigo Bruxinha? — Pergunto


segurando em seu queixo. — Não quero minha noiva saindo assim

não.

— Não quer? E vai fazer o quê, se eu quiser sair?

Afasto uma mecha de seu rosto e uma de minhas mãos

afundam nos cabelos, a boca sugando a minha com um desejo


desenfreado. A língua lutando contra a dela.

As mãos espalmam em meu peito descendo para a barriga

puxando a camisa. Gemo entre seus lábios, sentindo o tesão me


dominar por completo.

— Você só vai usar calcinha assim, quando eu pedir amor...


Fora isso não.

Diana ergue a sobrancelha, me olhando.

— Lorenzo... Quando eu sou boa, eu sou muito boa. Mas

quando eu decido ser ruim... Meu amor, eu sou maravilhosa.


AI MEU SACO!

Ela passa a língua por seus lábios me olhando.

— Eu te amo mulher! — Tomo seus lábios em um beijo. —

Vamos dar uma rapidinha.

Diana já mete a mão, descendo o zíper da minha calça.

— Caralho, que saudade dessas loucuras!

Aperto a coxa, que se enrosca na minha cintura, já sinto o pau

babar de tão rígido.

A encosto na parede, cobrindo-a com meu corpo, ouço-a


gemer baixo e afasto a calcinha para o lado.

Dedilho a boceta de cima à baixo, ela geme, é só o tempo de


baixar a cueca e a penetrar fundo, sentindo a carne quente me

prender enquanto me deslizo para dentro dela, a beijo sôfrego e ela


sorri.

— Puta que pariu Diana! — Sugo seus lábios com força.

Rapidinhas são a porra do meu ponto fraco.

— Ahhh... — Diana abre a boca e seguro em seu pescoço,


vendo os olhos revirar quando a fodo forte.
A perna rodeando minha cintura e a boca mordendo meu
ombro.

— Meu amor...

— Lorenzo, seu... — A porta se abre em um solavanco e a voz

de Arthur ecoa. — AI CARALHO!

— Ah meu Deus! — Diana exclama.

— Caralho Arthur, seu arrombado! — Exclamo vendo-o de


costas.

Diana com as mãos no rosto e agradeço imensamente por ela


ser menor e eu conseguir cobrir ela.

— Isso é hora de trepar? Não! — Diz em alto e bom som. —

Que inferno!

— Que foi? — Ouço a voz de Christopher logo atrás.

— Eu vi o Lorenzo trepando! Eu estou cego! Cego! Cego!

—Fecha o caralho dessa porta! — Grito o olhando, enquanto

Diana explode em uma gargalhada.

Que situação.

— Acho melhor vocês descerem, temos visitas. — Chris diz


batendo a porta.
— Meu Deus! — Diana me encara ainda gargalhando.

— Vou matar o Arthur! Que inferno! — Arfo irritado.

— Calma... Essas aventuras são incríveis.

Diana enlaça meu pescoço e sorrio.

— Criei um monstro.

Tudo que eu mais quero é quebrar a cara de Arthur ao meio.

Atrapalhou a minha foda, meu pau baixou completamente.


Estou com uma raiva do caralho.

— Atrapalhei sua foda né?! — Diz assim que desço para o


jardim.

— Não fala comigo, seu arrombado do capeta! — Aponto o

dedo em sua direção.

— Nossa, ele tá nervosinho! — Diz dando de ombros.

— Foder com a porta aberta, é pedir pra ser atrapalhado,


Lorenzo! — Chris diz batendo em meu ombro enquanto corta o bife.

— Ágata não te colocou de regime? — Patrick pergunta.


— É mesmo. Você estava comendo só mato. — Arthur se
ergue e aponta com o queixo.

— Por que ela te colocou de dieta? — Indago olhando meu


irmão nos encarar.

— Cuidados para o pau não parar de subir, depois dos 40 é

fogo.

Explodimos em uma gargalhada enquanto Chris estira o dedo


do meio o olhando.

— Chris estava com a pressão um pouco alta. — Patrick diz.

-— Ágata é exagerada. — Ele diz revirando os olhos. — Eu


como o que eu quiser, na hora que eu quiser!

— Come é? — Arthur diz sorrindo. — ÁGATA! OH ÁGATA!

— Cala a boca arrombado!

— Tá com medinho né?! — Arthur provoca sorrindo.

Ágata se aproxima, junto de Bianca e Helena.

— Diana está lá dentro?

— Ficou dando mamadeira as meninas. Mamãe e Eudora


ficaram ajudando. — Digo enchendo o copo de vodca.
— Oi Helena. — Arthur sorri, se debruçando sobre a mesa. —

Está gostosa em Ruiva.

— Sempre fui. — Helena sorri

— Vamos tomar um drink um dia desses?

— Sai fora Arthur!

— Atirando para tudo quanto é lado em Arthur! — Rebato


sorrindo.

— Somos solteiros, livres e desimpedidos Heleninha.

Helena franze o cenho o encarando.

Sabemos que é só mais uma das brincadeiras de Arthur.


Helena se tornou uma grande amiga nossa.

— Aquele ali não é o carro do Heitor? — Patrick aponta com o


dedo para o portão que se abre.

— Aquele fresco disse que não viria.

— Fodeu. — Arthur exclama e me sento.

Ele simplesmente desce acenando, e logo depois, duas


mulheres saem logo atrás com dois microvestidos.

Heitor no meio, com uma em cada lado penduradas em seu

braço.
— Sentiram minha falta? —Diz sorrindo e nos encarando.

— Qual o " a festa é de família", que você não entendeu


maninho?

— Que radical Arthur. Só vim dar uma passadinha. — Diz

sorrindo.

Patrick aponta com o queixo, e observo Bianca cruzar os


braços e olhar de cima à baixo.

— Heitor não precisava disso.

— Heitor... — O chamo vendo-o me fuzilar com os olhos.

— Fica na sua que eu ainda não tô falando com você, seu


primo da onça do caralho!

Reprimo uma risada o olhando.

— Podemos beber algo? Estou morta de sede. — A morena


diz se abanando e encara Christopher.

— Pode virar as costas e sair daqui. — Ágata rebate. — As

duas! Agora!

— Ágata! — Chris a encara.

— Estou falando sério, muito sério. Isso aqui é coisa de


família, então vão circulando. — Ágata abana as mãos olhando as
meninas sérias. — Estão surdas?

— Heitor caralho, se tia Clarisse chegar e ver esse cabaré,


você tá muito fodido.

Estava tudo calmo demais para ser verdade.

♡ POV Heitor ♡

Eu estou mesmo sendo possuído pelo ritmo ragatanga.

O ódio filha da puta me corroendo.

— Cadê o infeliz? — Digo virando o pescoço de um lado para


o outro. — Aquele magricelo pau no cu!

— Você está mesmo procurando encrenca com o Enrique? —

Chris diz me olhando. — Pelo amor Heitor!

O fuzilo com o olhar.

Raiva? Sim.

Despeito?

Ciúmes?

Nunca.

Só tenho ciúmes do meu carro. Único e exclusivo.


— Ah Heitor, amadurece vai. A Bianca não tem mais nada com
o Enrique há muito tempo. — Ágata estala o dedo cruzando os

braços em seguida.

— Por favor Heitor, hoje é um dia especial! — Patrick dá de


ombros.

— Tô louca pra cair na piscina... — Iana diz sorrindo.

— Eu também Heitor...

— Fiquem à vontade lindas. — Digo sorrindo, vendo minhas


duas companhias saírem desfilando em seus mini vestidos.

— Isso é uma puta falta de respeito Heitor! — Arthur me


encara e dou de ombros. — É a festa de um batizado, não um
cabaré.

— Tentando fazer ciúmes na Bianca? — Ágata diz, soltando


uma gargalhada estrondosa. — Perca de tempo Heitor. Grande e
imensa perca de tempo.

Vamos ver se aquela condenada não se morde de ciúmes.

Reviro os olhos, dando de ombros.

— Eu vou entrar para dar banho no Henry. — Ágata diz e


encara Chris. — Se você, ao menos olhar, ou respirar perto

dessas...
Dá uma olhada nas meninas, que já estão na piscina.

— Eu mato você. — Concluí, sorrindo.

— Eu já disse que amo essa mulher? — Chris diz sorrindo


enquanto Ágata sai desfilando.

— Me convidaram porque quiseram. — Digo dando de ombros

e me sento. — Vocês são todos falsos, nenhum presta.

— Você queria que eu fizesse o quê Heitor? Bianca é a melhor


amiga da Diana. Nada mais justo que ser par com o Enrique! —

Lorenzo me entrega um copo e pego bruscamente de suas mãos.

— Pimenta no cu dos outros é refresco né?! — Exclamo


virando o líquido de uma só vez. — Quando era o Caleb... Sorte sua

ele estar viajando...

— Você não desceria a esse ponto. — Lorenzo me fita.

— Pagaria para ver?

Meu primo me encara e me remexo na cadeira.

Quem cala consente, seu pau no cu.

Mas o problema aqui é outro.

É aquela demônia.

Bianca.
Que testa a minha paciência e meus limites de todas as formas
possíveis.

— Acho que vai ter que usar outro método para chatear a

Bianca. — Arthur diz virando o pescoço. — Lá vêm ela, com um


biquíni...

Ele não termina a frase, e já sinto meu coração falhar

miseravelmente.

Bianca desfila quase pelada em nossa direção, com uma micro


calcinha preta que deixa muita coisa à mostra.

Eu estou tendo a porra de um infarto!

Eu estou morrendo!

Eu vou morrer!

Logo atrás, o babaca alma sebosa do Enrique se aproxima


com Helena e Diana.

— Se quiser, eu te levo para o hospital. — Lorenzo sorri


apertando o meu ombro.

Sorrio falsamente sentindo meu corpo ser possuído.

— Vai tomar no meio do teu cu!


— As meninas dormiram? — Lorenzo indaga, puxando Diana
para o seu colo.

Meus olhos estão fixos em Bianca que conversa

animadamente com Helena.

— Pode passar protetor nas minhas costas Enrique? — Bianca


pede, estendendo o frasco para o magricelo que pega.

Trinco os dentes a olhando.

Eu ouço os murmúrios atrás de mim. Chris prende uma


gargalhada junto de Patrick e Arthur.

Bando de pau no cu!

Tô com ódio. Ódio.

— Vou tomar um sol. — Bianca diz sorrindo. — Vamos


Helena? Sei que Diana não vai mesmo.

— Eu preciso de sol também. — Diana sorri se erguendo. —

Vou só chamar a Eudora. Volto em um instante.

Helena sai junto com Bianca e ficamos apenas nós homens. O


Enrique alma sebosa, está sentado, falando algo com Chris e

Patrick.
— A Helena está um escândalo de biquíni. — Arthur diz

sorrindo.

O alma sebosa o encara.

— Magno disse que vai vir para a festa da Clhoe. — Patrick


diz.

— Ele está melhor?

— Mais ou menos.

— Quem é Magno? — Enrique nos encara.

— O ex-namorado da Helena. Eles chegaram a morar juntos

né?! — Arthur tenta lembrar.

— Por uns meses... — Patrick diz.

Estreito os olhos, apenas fixando o olhar nele.

Diabo, do meu ódio.

— Acabaram há muito tempo?

— Tá pegando a Helena? — Disparo o olhando.

Todo mundo na mesa o encara e ele me fita.

— Tá ou não? — Insisto o olhando.

— Heitor! — Lorenzo me encara.


— Porque se você tiver, vá em frente, só assim pra você

desapegar da Bianca!

— Eu não tenho nada com a Bianca. — Diz com uma calma


irritante.

Franzo o nariz o encarando. Quero socá-lo.

Esse espirro de grilo.

— Vou cair na piscina. — Me ergo e saio pisando firme.

Bianca está deitada em uma espreguiçadeira junto de Helena,

Diana está sentada com a irmã. E minhas duas companhias na


piscina, eu simplesmente tiro a bermuda, caio na piscina e me junto
às duas.

Eu não sou de provocar ciúmes ou sentir. Só que é mais forte


que eu. Muito mais.

— Meu biquíni soltou Heitor... — Luana diz me olhando,


enquanto cobre os seios com o braço.

Pelo canto do olho eu posso ver Bianca nos encarar.

— Eu posso tirar o resto, se quiser... — Sussurro sorrindo e


vou até ela, amarrando a peça.

Apenas ouço a exclamação exorbitante vindo.


— Ah meu Deus Bianca!

Me viro rapidamente, vendo Bianca simplesmente tirar a peça


do seu biquíni e jogar o mesmo na piscina.

Os seios completamente à mostra.

Eu parei de raciocinar. Meu cérebro bugou.

Ela não fez isso.

— Bianca do céu! — Diana exclama.

Saio da piscina pela borda, em uma rapidez que eu mesmo


não conhecia.

— Perdeu a porra do juízo? — Exclamo parando na sua frente.

Ela apenas abaixa os óculos de sol sorrindo.

— Não. Estou relaxando.

— Tem homens ali Bianca. Meus primos e irmão! — Exclamo


gritando.

— Peitos. Todo mundo sabe o que é. — Sorri.

Pego uma toalha qualquer jogando em cima dela e a pego pelo


braço.

— Vai me tirar a força daqui? Me solte! — Diz enquanto a


seguro firmemente.
A raiva me domina por completo e eu não enxergo nem ouço
mais nada, de tanto ódio.

— Me solta!

— Vou soltar um caralho! Perdeu a porra do seu juízo? —

Exclamo olhando-a.

Estamos parados do lado que tem menos gente na casa e


foda-se se todos ficarem nos olhando.

Eu estou muito puto.

Ela dá de ombros cruzando os braços. Bianca é capaz de me


levar do céu ao inferno em questão de segundos.

— Você que perdeu o seu. — Coloca o dedo em meu peito me

empurrando. — Achou que eu ia ficar chupando dedo, enquanto


você esfregava suas amiguinhas piranhas na minha cara? Acha que
sou idiota Heitor? Você acha?

— Pior é você, que vive andando de um lado para o outro com


aquele idiota do Enrique! — Disparo com o dedo em riste. —
Aceitou ser madrinha junto com ele!

— Eu não ia recusar um convite só porque você acha

conveniente. Por favor Heitor!

Passo as mãos pelo cabelo a olhando.


— Você não vale nada Bianca! — Digo olhando-a dar de
ombros.

— Não valemos Heitor. Me poupe!

A encaro passar por mim e puxo seu braço colando a boca na


minha, deixando a toalha cair.

— Cretina! — Falo entre dentes, segurando em seus cabelos


enquanto minha língua afunda em sua boca.

— Desgraçado! — Geme entre meus lábios enquanto sugo os


seus com todo o desejo e raiva que existe dentro de mim.
— Aposto que Bianca colocou Heitor no chinelo. — Arthur diz
cruzando os braços e gargalhando.

— Ele encontrou alguém pior que ele. — Christopher diz o


acompanhando na estrondosa gargalhada.

— Bianca é realmente bem difícil de lidar. — Digo balançando

o líquido no copo.

— Vocês namoravam né? — Patrick pergunta me olhando.


Ergo o olhar.

— Passamos um bom tempo juntos. — Digo apenas.

— Acabaram por quê? — Arthur indaga.

— Gostos diferentes.

Mordo o lábio dando de ombros. Mas não deixa de ser


verdade.

Levo o copo à boca, tomando um gole do whisky enquanto

eles entram em uma conversa aleatória.

Me sinto um pouco deslocado ainda, mas agora consigo me

dar melhor com pessoas diferentes de mim.

— Quer segurá-la? — Fito minha irmã, que sorri enquanto me

entrega Eva nos braços.

Estamos todos na sala de jantar. A família de Lorenzo é

completamente diferente da qual fui criado. São todos animados e


receptivos, o carinho é visível em toda parte.

Eva.

Pronunciar o nome de minha mãe ainda me causa uma dor no

âmago, mas foi um dos presentes mais lindos que Diana poderia ter

me dado.
— Ela e Maya são mais agitadas. Liz é a calmaria das três.

— Liz é como você quando era bebê. — Digo olhando-a sorrir.

É incrível ver a felicidade da minha irmã, ver que ela construiu

uma linda família, me deixa aliviado. A felicidade dela é a minha.

— Você leva jeito com crianças. — Eudora sorri balançando


Liz nos braços. — Quero saber quando vai me dar sobrinhos

também.

Me retenho no lugar, a encarando.

— Eudora tem razão Enrique. Eu quero ter sobrinhos também.

— Estou muito bem sendo tio. — Digo por fim. — Obrigado.

— Todo mundo precisa ter alguém Enrique, até você. —

Eudora sorri.

— Melhor sozinho do que com alguém igual o Hugo do lado.

Não acha Eudora?

Ela me fita e sorrio, assim que ela se cala.

— Enrique. — Diana me fita. — Por favor.

Eudora e seu mundo de fantasias.

Olho de relance, vendo Helena sorrir enquanto conversa com

Arthur e Patrick.
Os cabelos caindo feito uma cortina nas costas. Travo o

maxilar sentindo um incômodo.

Ainda me sinto desconfortável em está perto dela. Não por

medo, pois o que via na boate, ficava na boate.

— Posso pegar a minha pequena? — Lorenzo fala sorrindo e


Eudora o entrega Liz. — Maya adormeceu nos braços de papai.

— Ah, depois do colo do Lorenzo, o segundo que Maya mais

ama é do seu avô Patrício. — Diana diz sorrindo.

— O seu primeiro, né Bruxinha. — Ele a encara sorrindo.

Entrego Eva rapidamente a Eudora e saio quando vejo Helena

entrar na cozinha.

— Helena? — Ela se vira me olhando assim que a chamo. Os


cabelos caem sobre seu rosto, algumas mechas ainda molhadas a

deixam muito atraente. — Fugindo?

— Não. — Diz sorrindo sem me encarar.

Ela não me olha nos olhos.

Parece ter medo de mim, ou algo do tipo.

O que faz minha mão pinicar.


— Não me deu uma resposta. — Me aproximo vendo-a engolir

em seco.

— Eu preciso pensar. — Diz finalmente me encarando. —


Preciso pensar mesmo.

Helena tem algo que consegue prender minha atenção. Desde


a noite na boate eu senti. Eu não sou um homem de romances,

detesto por sinal.

Não sou o príncipe encantado.

Estou mais para uma fera.

E fui claro a ela quanto a isso.

— Como quiser. — Digo olhando-a morder a ponta do lábio.

— Eu tenho um contrato com a boate.

— Pode ter um comigo se quiser. — Disparo e ela engole em


seco.

Vamos. Morda a isca Helena.

Os olhos fixos aos meus e ela suspira pesadamente.

— Preciso pensar. Com licença Enrique.

Fecho os olhos dando espaço para ela passar.


Eu não ia forçá-la a assinar um contrato, mesmo desejando
muito.

Volto para a sala de jantar, onde percebo o olhar de Eudora


sobre mim.

Viro o rosto e Bianca se aproxima, de mãos dadas com Heitor.

Ambos rindo como se nada tivesse acontecido.

São realmente feitos um para o outro.

Encho um copo de vodca e vou para o jardim. Lugares muito

cheios ainda me dão calafrios e faz eu me sentir sufocado.

— Ficar em lugar com muita gente ainda te incomoda né?! —


Ela fala baixo e só assinto.

— Eu só estou um pouco sem ar. — Afrouxo a gravata


suspirando.

— Está se sentindo bem? — Bianca me encara e balanço a

cabeça.

— Estou sim. Aonde Eudora foi?

— Disse que tinha uma surpresa pra Diana. — Diz sorrindo. —

Só tô imaginando o que seja... Eudora é péssima com surpresas,


lembra que ela me deu um kit de limpeza de presente no Natal?
Balaço a cabeça.

— Sabe que se quiser ir...

— Só estou tomando ar. Apenas. — Sorrio bebericando o

líquido que desce rasgando minhas entranhas.

Como se prevendo que algo fosse acontecer.

— Vocês se casam daqui a alguns dias né? — Patrick fita


Lorenzo que assente.

— Sim. Quem diria que estaria nervoso e ansioso para esse

dia.

— E a lua de mel? — Arthur pergunta e Lorenzo me encara.

Ele sorri e continuo o fitando.

— Não sabemos ainda, as meninas são muito pequenas.

Não preciso saber dos detalhes.

— Olha quem chegou de viagem Diana! — Eudora aparece na

porta sorrindo.
Arregalo os olhos rapidamente sentindo o ar faltar nos meus

pulmões.

Sinto o sangue fugir e por um instante, parar de correr em

minhas veias.

— Ah meu Deus tio Derek? — Diana exclama se erguendo.

Meu coração bate freneticamente no peito fazendo o ar sumir.

Um calafrio se apossa do meu corpo.

Não. Não. Não.

— Enrique?

Estou petrificado.

O monstro dos meus pesadelos acabou de ficar real.

E está na minha frente.

— Enrique...

Ele se aproxima sorrindo e abraça Diana, com um sorriso largo

no rosto.

— Enrique! — Bianca sussurra. — Enrique por favor!

Minha voz não sai.

Está presa.
Eu sinto alguns olhares sobre mim, só que eu não consigo me

mover.

— Enrique? Como vai? — Dereck me encara com aquele


sorriso imundo no rosto, me causando nojo.

Um nojo grande.

— Mamãe me pegou de surpresa! — Eudora diz sorrindo. —

Olha tio... As meninas!

— Eu posso pegar?

— Não encoste nelas! — Digo entre dentes.

Meu coração aos saltos batendo desenfreado no peito e o ar

faltando.

— Enrique? — Diana me encara.

Todo mundo se cala instantemente, cerro o punho o encarando


sorrir.

— Enrique... Sou eu. Seu tio.

— Você não é o meu tio! — Digo mais alto do que eu gostaria.

— Não encoste nelas, Dereck!

Bianca tenta segurar em meu braço, mas é como se fosse


brasa me tocando.
— Não me toque. — Digo sério e a voz sai rasgando.

A falta de ar persiste, e eu só preciso sair daqui o mais rápido

possível.

— Por Deus, Enrique! — Dereck sorri. — O que está

acontecendo?

— Saia de perto das minhas sobrinhas! AGORA!

A fúria corre em minhas veias, meu coração aperta e me

sufoca ao mesmo tempo. Diana me encara sem entender


absolutamente nada.

— Vêm comigo... Por favor Enrique! — Bianca pede me

olhando e me afasto.

— Não o deixe chegar perto delas Diana, por favor. — Peço

ofegante. — Por favor.

Eu não consigo dominar os meus instintos, eu só preciso sair o

mais rápido possível.

— Enrique! Por Deus, Enrique, pare! — Bianca pega em meu

braço me olhando.

— Não encosta em mim! — Disparo rispidamente.

Ela apenas me encara.


O nojo presente em cada arrepio que dá em meu corpo. Saio

disparado, ouvindo as vozes me chamando a todo instante. Entro no

carro e saio arrancando com o mesmo. Meus olhos nublados por

lágrimas que descem desenfreadas, a falta de ar persistindo em me


sufocar.

Está tudo presente na minha cabeça.

Tudo que eu quis esquecer está aqui.

Entro no meu apartamento tirando a camisa com força,


rasgando o tecido e jogando-a sobre o chão. Seguro o copo de vidro

entre as mãos jogando-o contra a parede.

Passo as mãos pelo cabelo.

Fecho os olhos e vejo a cena se repetir na minha mente, várias

e várias vezes.

— Nojo. Eu sinto tanto nojo. Tanto nojo... Meu Deus... Que

nojo....

Não.

— Enrique?

Me viro, ouvindo a voz de Helena soar baixinho.

— Sai daqui.
Não me viro. Apenas ouço os passos percebendo que se

aproximam de mim.

— Eu estou mandando você sair daqui! — Digo firme e me

viro.

Os olhos estão saltados enquanto me encara.

Está pálida.

— Não... Não posso deixar você assim. O que houve?

Me afasto quando ela tenta segurar em meus braços.

— Você não... Não era para estar aqui Helena. Você não me

conhece. Digo olhando-a. — Você não me conhece.

Ela umedece os lábios e se vira, fechando a porta atrás de si.

— Talvez não...

— Foi burrice vir! Saia daqui Helena! Saia daqui... Agora!

Ela nega firme me olhando.

— Helena.

— Eu sei quem você é.

— Não. Não sabe. Você acha que sabe.

— Então me mostre Enrique. — Diz erguendo o queixo. — Me

mostre quem é você de verdade.


Engulo em seco a encarando. Suspiro pesadamente, fechando
os olhos e tornando a abrir.

— Ajoelha.
♡ POV Arthur ♡

Um silêncio perturbador se instala na sala.

— Caralho, o que foi aquilo? — Viro de lado olhando Heitor

com a boca aberta. — Ele surtou?

— Pelo visto sim, e não foi coisa bonita não. — Me viro

olhando Bianca com o celular na mão, enquanto a outra esfrega a


testa.

— Helena saiu! — Ágata diz me olhando. — O carro dela não


está na garagem.

— Isso tudo é culpa sua! Culpa sua, seu desgraçado, filho de


uma puta do caralho! — Bianca exclama, partindo pra cima do tio de
Diana.

— O que aconteceu com o Enrique? — Diana exclama

enquanto Lorenzo segura em seu braço. — Por Deus! O que

aconteceu?

Algo muito sério aconteceu aqui. Disso eu tenho total certeza.

— Vá embora daqui! Agora! — Bianca diz em alto e bom som.


— Seu filho de chocadeira! Cretino!

— Bianca por Deus! Pare! — Eudora diz a olhando espantada.

— Tira esse homem daqui! Agora! — Heitor a segura enquanto

ela freneticamente tenta se desvencilhar.

— Diana pare! — Lorenzo exclama segurando em seu braço.

— Por que esse ódio de Enrique? Tio Dereck?

— Porque é um garo...

— Tira esse verme da minha frente! Agora!

— Acho melhor o senhor se retirar! — Christopher fica na sua

frente o olhando. — Agora!

O tal Dereck apenas se vira, saindo na mesma velocidade que

entrou.

Do nada.
— Eu preciso ligar para o Enrique por favor! — Diana pede
passando as mãos pelo cabelo.

— Ele não atende! — Bianca exclama.

— Muito menos a Helena!

— Acho melhor respeitar o tempo dele. — Patrick diz dando de


ombros. — Seja lá o que for, o deixou muito perturbado.

— Concordo. Sei que é difícil Diana, mas dê um tempo pra ele.

— Digo por fim, a olhando. — Não acho que ele vá atender agora.

— Mamãe me avisou que ele viria para cá, eu só não imaginei

que ia causar isso tudo. Eu sinto muito.

— Vindo da sua mãe, podemos esperar sempre o pior Eudora!

— Bianca rebate. — Você sabe o quanto Enrique sempre o odiou!

— Não Bianca. Não achei que ia causar... Eu sinto muito. —

Ela pede abaixando os olhos enquanto se abraça.

Observo a marca avermelhada logo acima do seu antebraço


esquerdo, e fito Patrick, que parece ver a mesma coisa que eu.

Eu sinto uma pena enorme por Eudora. Sei que o pior

sentimento para se ter por alguém é: pena. Mas sinto mesmo assim.
— Sinto muito por sua mãe ser tão cruel em relação as filhas.

— Tia Clarisse diz abraçando Eudora.

Bianca está parada, sem falar absolutamente nada, o que

prova que a coisa é mais séria do que pensávamos. Lorenzo sobe


com as meninas, descendo minutos depois em total silêncio.

— Mamãe sabe de algo. — Diana diz por fim se erguendo. —

Eu nunca vi meu irmão naquele estado! Nunca!

— Claro que sabe Diana, sua mãe não presta! — Bianca diz
suspirando. — Me desculpe, mas é a verdade! Sua mãe sempre
odiou o Enrique! Sempre!

— Ela é pior do que pensei... Meu Deus!

É um assunto pessoal e delicado para se tratar.

Meu celular vibra insistentemente no bolso, pego o aparelho e

vejo qual é o nome estampado na tela.

— Volto em um segundo. — Sussurro e saio.

— Sentiu saudades? Eu quase morri.

Reviro os olhos sorrindo.

— Que dramática Romana.


Sorrio abertamente conversando, só que o sorriso vai se

esvaindo rapidamente do meu rosto quando vejo Hugo se


aproximando.

E parece disposto a brigar.

— Eu te ligo já meu doce. Vou resolver um assunto. — Desligo


o aparelho e fito Hugo que me encara. — Abriram as portas do

inferno? Foi isso?

— Onde está minha mulher?

— Acho que ela não cabe nos meus bolsos. — Cruzo os


braços. — Cabe?

Eu sou o rei do deboche e da ironia.

Hugo sorri me encarando.

— Eudora! Eudora! — Ele esbraveja alto me fuzilando.

Continuo parado o encarando.

A pessoa mais de boa depois de Patrick, sou eu. Tá nem tanto.

Mas pra me tirar do sério é bem complicado. Eu funciono


maravilhosamente bem com meu deboche. E vou fazer Hugo

morder a língua com isso.

— Eudora inferno! — Ele esbraveja novamente. — EUDORA!


— Grita mais alto, pra ver se rasga a garganta. — Digo
sorrindo.

— Estou sem paciência hoje. — Diz e passa por mim pronto


para subir os degraus.

— Você sabe que ninguém aqui te suporta. E que eu saiba, a

sua entrada aqui não é extremamente proibida? Por que está aqui?
— Seguro em seu braço parando-o.

— Ninguém me suporta? Vou ficar sem dormir por isso!


EUDORA!

Eudora aparece pálida o olhando.

— Hugo! Achei que ia vir me buscar mais tarde.

— Cala a merda da sua boca! — Ele literalmente voa em cima


da garota apertando seu braço.

— Hugo... O que aconteceu? Está me machucando...

— Solta o braço dela! — Digo com uma calma que


desconheço.

— Você cala a boca e se meta com a sua vida! Da minha

mulher cuido eu! — Fala, puxando o braço de Eudora mais uma vez.

— Eu não vou repetir. — Digo o olhando.


— Que merda é essa? — Chris diz descendo os degraus.

— Pronto. Todo mundo reunido. Que maravilha. — Hugo

rebate sorrindo e encara Eudora. — Era isso que você queria


Eudora? Causar um escândalo?

— Esse arrombado está quase arrancando o braço da garota!

— Disparo irritado.

— Ela é minha mulher, eu faço com ela o que bem entender.


— Diz e empurra Eudora.

— Na minha frente não, seu cretino desgraçado!

— Ou vai fazer o quê? Me diga.

Eu sinto os braços de Christopher ao meu redor.

— Arthur.

— Bate em mim seu filho da puta! Bate em mulher não, seu


cuzão do caralho! — Eu vou arrebentar a cara dele.

— O pobre corno traído, os boatos que ouvi condizem muito


bem com você, Arthur... — Ele me encara e sorri abertamente. —

Traído e enganado.

— Arthur caralho!

— Me solte Christopher!
— Solte o corno Christopher! Deixe o liberto, vamos ver do que

esse... — Me encara de cima à baixo.

— Não vale a pena. Você não vale a pena!

— O que esse desgraçado está fazendo aqui? — Lorenzo

pergunta descendo as escadas.

— Pronto. Chegou quem faltava.

— Eu vou socar a sua cara! — Digo sentindo a minha garganta

arranhar.

— Greg tinha razão... Conseguiu te passar a perna e comeu

sua noiva!

E é o estopim para o caos acontecer.

Me desvencilho de Christopher em questão de segundos,


seguro Hugo pelo colarinho socando-o com toda a força que existe

dentro de mim. Não foi apenas um.

Foram dois.

Três.

Quatro.

Cinco socos seguidos.


Sinto as mãos tentando me tirar de cima dele, mas a raiva

predomina. O infeliz acerta meu queixo e cambaleio para trás.

— Arthur!

— Eu vou matar você! — Acerto seu nariz e ele se vira com a

mão sobre o rosto ensanguentado.

Mãos seguram meus braços, e eu não faço ideia de quem é.

Eu só quero matá-lo.

Sinto minha mão queimar tamanho o soco direcionado em seu

queixo.

— Arthur caralho! — Chris me segura firmemente enquanto

Patrick se põe ao meu lado.

— Não bate no meu irmão seu boca de bosta! — Heitor

dispara e Lorenzo o segura pelo braço junto com Bianca. — Me

SOLTA!

— É o... seu...melhor? — Hugo pergunta sorrindo.

O sangue desce pelo seu nariz enquanto Eudora o encara com


a mão sobre a boca.

— Eu sei tudo sobre cada um... De vocês! — Diz, limpando o


nariz ensanguentado.
— Me solta desgraça! — Peço com ódio.

— Vamos embora, Hugo. Por favor! — Eudora pede o olhando

e ele rapidamente a empurra. — Por favor!

— Eudora! — Diana desce em disparada.

— Chegou ela. — Hugo encara Diana e rapidamente o

semblante dele muda completamente.

— Eudora entra! — Bianca pede entre dentes.

— Eu vou arrebentar essa sua cara de merda! Me solta,

Christopher caralho! Me solta!

— Solte-o! — Hugo gargalha sonoramente.

Eu não acredito em possessões malignas, mas nesse

momento eu estou mesmo possuído.

— Fica calmo Arthur! — Patrick dispara me olhando e me

desvencilho de suas mãos.

— Eu tentei... Juro que tentei fazer você se separar desse

estúpido, mimado de merda do Lorenzo! — A raiva de Hugo agora é

toda direcionada a Lorenzo.

— Falhou miseravelmente! — Lorenzo o encara furioso. —

Achou que ia ficar com o meu dinheiro?! Achou mesmo?


— E quem disse que eu estava atrás da merda do seu

dinheiro?! Quem disse?

— Manda esse arrombado tomar no cu! Deixa ele cagar pela


boca, esse boca de merda! — Heitor o encara.

Bianca está ao lado de Diana, enquanto Eudora entra na casa


junto de Ágata aos prantos.

— Eu sempre, sempre quis você Diana! — Hugo diz a olhando

friamente. — Eu sempre te desejei, era eu quem deveria estar


casado com você! Eu!

Chris segura Lorenzo que bufa irritado.

— Eu vou arrebentar você!

— Não segura ele não. Esse pica fina merece apanhar até
perder a consciência. — Digo cerrando o punho.

— Você é doente! Um doente Hugo!

— Porque eu sempre desejei você Diana! Sempre! Você é, e

sempre foi o meu desejo mais insano! Eu quem deveria ser o pai

das suas filhas! Eu quem deveria ter mostrado o prazer a você! EU


Diana!

Eu posso ver a veia do pescoço de Lorenzo saltando de tanto


ódio.
— Foi você que eu quis, desde que pus os meus olhos... —

Ele diz freneticamente enquanto Chris segura um Lorenzo


enlouquecido. — Não sabe quantas noites te observei dormir.

Louco, alucinado pra foder você!

E de repente, eu só vejo Lorenzo pular no pescoço de Hugo.

— Não! Ninguém vai tirar! — Digo alto olhando Chris. — Deixe

Lorenzo matar a sede de socá-lo!

Eu nunca tinha visto Lorenzo tão fora de si, louco. O punho

batendo várias e várias vezes em disparada. Hugo completamente

desacordado.

— Já chega Lorenzo! — Patrick diz o retirando.

— Chegue perto dela mais uma vez, e eu vou te matar com

minhas próprias mãos! Seu imundo! Nojento! — Lorenzo dispara se

virando. — Tira esse verme da minha frente.

É ódio correndo em nossas veias.

Não achei que depois de dezesseis anos, ia sentir a merda da


dor de feridas que achei que estavam cicatrizadas.

Têm coisas que devem ser mantidas na merda do meu

passado. E ficar lá.


Engulo em seco mordendo o lábio e parando em frente ao

prédio enorme.

— Preciso falar com o Enrique. — Digo tirando o cinto de

segurança enquanto Bianca estaciona o carro. — Dei três dias e ele

não deu notícias.

Ela apenas assente.

— Há coisas que você precisa saber Diana. — Diz me olhando


fixamente. — Acho melhor vocês conversarem sozinhos.

Apenas concordo com a cabeça mordendo os lábios.

— Quando quiser voltar me liga. — Diz sorrindo.

— Eu pego táxi. Cuida das meninas pra mim por favor. — Digo
a beijando e descendo do carro.

Três dias infernais se passaram desde o batizado das

meninas, dia que planejamos para dar tudo certo, mas foi uma
catástrofe.

As palavras nojentas de Hugo rodearam minha mente por

noites, a raiva de Lorenzo estampada. Sinto tanto nojo daquele


homem. E me desespera saber que minha irmã não enxerga a
verdade.

O que faz Eudora continuar presa com aquele verme?

Coloco os óculos e subo no prédio. Não vi Enrique e nem

sequer nos falamos. Ele está me evitando. Esperei ao menos uma


ligação, mas sei que ele estava precisando de um tempo. E eu o
dei. Mas agora acabou.

Entro rapidamente assim que o porteiro me libera, vejo seu


carro estacionado a poucos metros. Ótimo, ele está em casa.

Meu coração está apertado, uma angústia gigante me

atormentando.

Pego o celular que vibra e sorrio, vendo uma foto das meninas
estampada na tele principal.

Te amo. Estou com saudades.

Sorrio lendo a mensagem de Lorenzo.

Estamos em uma fase inexplicavelmente deliciosa, eu não


esperava ser tão feliz quanto estou.

Eu tenho minhas três filhas, perfeitas e saudáveis. E tenho o

Lorenzo.
O meu maior porto seguro.

O homem que me acalma, que me dá forças... Meu marido.

As portas do elevador se abrem e paro frente a porta.

Eu tenho uma ligação com Enrique, que não sei como explicar

direito. Esses três dias foram como se mãos enormes estivessem


apertando meu coração.

Toco a campainha diversas vezes não obtendo reposta

alguma.

Toco novamente, espero, mas nada acontece.

Mordo o lábio fechando os olhos e digito a senha ouvindo

o click da tranca se abrir.

— Enrique?

A sala completamente revirada, como se um furacão tivesse


passado ali.

Ele está sentado em uma poltrona de frente para as enormes


janelas de vidro, e não se move.

— Enrique? — Sussurro, me aproximando em passos lentos.

Só que ele não se move. Continua parado, as mãos sobre os


braços da poltrona. Está sem camisa, descalço, apenas com uma
calça jeans. Os cabelos desgrenhados.

— Enrique? — O chamo novamente e ele se vira me olhando.

O rosto transformado. Completamente diferente do que

sempre vi.

— Eu vim...

— Vá embora Diana. — Sussurra, passando as mãos pelos

cabelos.

Mordo o lábio fechando os olhos enquanto ele volta a virar de


costas.

Meu coração está apertado, eu nunca vi Enrique desse modo.

Nunca. É sempre forte, temido, sempre pronto para lutar.

Só que agora não.

Dou a volta na cadeira, me ajoelhando na sua frente, os olhos

encontram os meus e ele apenas suspira pesadamente.

— Eu sou sua irmã e não vou sair daqui. Não vou. Até você
me contar o que ele fez a você Enrique! — Disparo o olhando.

Só que ele não fala absolutamente nada.

— Enrique, por favor... Sou eu! A sua irmã. — Digo já não

podendo conter as lágrimas. — Eu preciso que me fale... Eu


preciso... Enrique, por favor!

Ele fecha os olhos, tornando a abrir e pela primeira vez em


toda minha vida, eu vi os olhos de Enrique encher de lágrimas.

Isso está doendo de uma forma inexplicável.

Fecho os olhos sentindo a mão afagar o meu rosto, enquanto o

polegar limpa uma lágrima que desce.

— Você foi a única coisa boa que me aconteceu, depois de


anos... — Suspira baixo. — Quando sua mãe chegou com você nos

braços, tão pequena... Eu senti que era a minha obrigação proteger


você de tudo e de todos.

O encaro fechar os olhos, como se lembranças invadissem a

sua mente.

— Minha menininha... — Sussurra me olhando. — Eu não


poderia deixar nada te acontecer nunca. Nada... Porque eu nunca,
nunca ia me perdoar se te acontecesse algo Diana.

— Enrique...

— Eu era só uma criança! — Diz e suspira pesadamente.

Prendo a respiração tentando conter um soluço que teima em


escapar. Enrique coloca as mãos sobre a cabeça prendendo-as ali

fortemente.
— O que ele fez Enrique? — Pergunto sentindo as lágrimas
descerem copiosamente.

Ele se ergue colocando as mãos sobre o rosto.

— Ele abusava dela na minha frente... Eu a ouvia pedindo pra

parar! Eu ouvia os gritos... — Ele para fechando os olhos. — Mas


ele não parava... Ela implorava... Só que ele não parava!

Abro a boca tornando a fechá-la. Enrique se contorce, com o

rosto transtornado. As batidas do meu coração frenética, as


lágrimas descendo.

— Enrique...

— Ela, doente... Sangrando... — Ele prossegue pesadamente.

— O monstro que se escondia em meu armário era sempre ele...


Sempre ele Diana!

Me ergo rapidamente limpando o rosto.

Eu não lembro muito da minha infância, sei que a mãe de


Enrique faleceu, mas meus pais nunca entraram em detalhes.

E agora eu entendo o porquê.

— Ele a levava para lá. O Luttero deixava.... Ele sabia... — Diz

pausadamente, enquanto para, de olhos fechados. — Ele me


transformou em um monstro!
— Não Enrique! Não!

Ele sorri amargamente jogando os braços.

— Ele me tirou a minha mãe Diana! — Grita exasperado. —

Ele tirou... Tudo de mim! Tudo! Tudo!

Eu sinto meu rosto ser banhado pelas lágrimas que descem


intensamente.

— Aqueles dois acabaram com a minha vida! Eu sou o que

sou... Por causa deles! Passei metade da minha vida em um colégio


interno, porque ele não conseguia me encarar!

— A Eudora... — Coloco a mão sobre a boca ofegando.

Meu Deus...

Enrique nega veemente.

— Eudora nasceu pouco depois. — Ele suspira. — Luttero


conseguiu destruir tudo de bom que havia em mim... Ele me

transformou em um... Monstro.

— Não. Você é bom! — Me aproximo o encarando e ele se


afasta. — Você não é um monstro Enrique. Você é meu irmão! Você

é a pessoa que eu mais amo...


— Você não sabe quantas vezes ele... — Ele para e já não
consegue falar absolutamente mais nada.

O choro o domina.

Me aproximo o abraçando fortemente.

Está doendo em mim. Muito. Em pensar nele tão


desamparado, sem ninguém. Eu posso sentir a dor que aquilo

estava causando a ele.

— Eu só queria... Arrancar essas lembranças horríveis de


dentro de você. — Digo o olhando. — Eu só queria te fazer

esquecer... Eu juro Enrique...

Ele balança a cabeça e limpa o rosto.

— Eu sinto tanto... Tanto... — Digo em um fio de voz o

olhando.

— Eu tenho você, tenho as meninas... — Diz baixo enquanto


enterro a cabeça em seu peito.

— Sempre. Sempre.

Eu já não consigo mais falar, apenas fiquei o abraçando por


incontáveis minutos, tentando ao menos fazer aquela dor amenizar
em seu peito.
A raiva predomina dentro de mim de um jeito descomunal. Vê-

lo naquele estado... A raiva me cegou. O ódio por aqueles que me


colocaram no mundo.

— O que eu vou dizer a Lorenzo se ele ligar? — Bianca me

encara séria.

— Diga que vim resolver algo. — Digo apertando os dedos


firmemente sobre a bolsa.

— Diana. — Bianca me encara e ergo o rosto.

— Vou ficar esperando aqui, não tenho estômago para entrar


nessa casa. — Bianca suspira e desço do carro impaciente.

Apenas passei em seu apartamento peguei uma de suas

roupas emprestada, tomei um rápido banho e me arrumei.

Me equilibro nos saltos alto finíssimos, a roupa justa e o batom


vermelho nos lábios.

Entro de queixo erguido naquela casa, onde fui tão oprimida,

tão manipulada.
Toco a campainha e fecho o semblante no mesmo instante.

Faz apenas poucas horas que saí do apartamento de Enrique,


e ainda estou tentando processar tudo que ele me falou.

A maquiagem serve para camuflar meu rosto avermelhado por

causa do choro.

Eles não vão me ver para baixo. Nunca mais.

— Diana? — Minha mãe me encara de cima à baixo e

estampa sua cara enojada em minha direção. — Está parecendo


uma prostituta.

— Que bom te ver também. — Digo sarcástica. — Mamãe.

Ela me fuzila e entro.

Meu pai se ergue rapidamente junto de tio Dereck.

— Lembrou que tem pai? — Destila o veneno me olhando. —


Até que enfim veio nos visitar, não me diga que seu marido te deu

um pé na bunda! Não vou aceitar filha divorciada dentro de casa.

— Olhe o modo que ela está vestida! Parecendo uma mulher


vulgar, da vida!

— Como vocês são hipócritas. — Digo rapidamente

balançando a cabeça. — Vim apenas dar um aviso a vocês.


— É assim que ela nos trata, depois de tudo. — Meu pai diz,
tomando todo o líquido do copo. — Fiz de tudo pra te dar uma vida

digna, com dinheiro... Já sabe o que aquele infeliz do seu marido


fez?

— Hugo está no hospital Diana! Por causa daquele...

— Não fale do meu marido! — Disparo séria. — Eu não admito

que nenhum de vocês falem mal do Lorenzo, vocês não têm moral
alguma!

— Olhe o jeito que fala comigo Diana!

— Ou vai fazer o que senhor Luttero? Me matar? Como


fizeram com a mãe do Enrique? — Disparo e vejo-o empalidecer.

— Você enlouqueceu!?

Me viro olhando meu tio parado, sem falar absolutamente

nada.

— Eu sei o que você fez, e eu tenho um nojo absurdo de você.


— Digo me virando para o meu pai. — Como pôde ser tão cruel com

seus filhos?

— Eu dei tudo a vocês! Tudo! O mínimo que eu merecia era


consideração e respeito!

Sorrio balançando a cabeça.


— Você ainda se acha no direito de falar em respeito?

Parabéns pela coragem, porque noção não tem. — Disparo os


fitando. — Que tipo de monstros sem coração são vocês?

— Quem é você, que eu não reconheço? — Minha mãe diz


séria.

— Eu que não os reconheço. Eu sou mãe agora. Mãe de três


meninas lindas. Encantadoras. — Digo pausadamente. — E vim
aqui dizer que eu não quero nenhum de vocês perto delas, nem de

mim! Muito menos do Enrique!

— Diana...

— Eu quero distância de vocês! — Digo os encarando. — E

vou fazer Eudora acordar assim como eu acordei! E eu


juro papai... Quem um dia, o senhor vai implorar pelo nosso perdão,
de joelhos. Por tudo que nos fez... Por tudo!

— Não vai acabar com o casamento da sua irmã! Não vai!

Sorrio amargamente.

— Não se pode acabar o que não existe. E ela vai enxergar


isso. — Os encaro respirando fundo. — Eu vou fazer Eudora

acordar dessa vida miserável, e dessa doença que vocês colocaram


em nossas cabeças desde que nascemos! Vocês acabaram com a

nossa mente...

Engulo em seco apertando as mãos.

— Sua menina tola e imbecil! Acha que aquele seu marido vai

te querer para sempre? Sua idiota!

— Eu não quero mais ouvir falar de vocês. Eu não quero mais


ver vocês. Eu estou matando os dois dentro de mim, estou me

curando de vocês. — Respiro fundo. — Meu advogado entrará em


contato.

Me viro pisando firme, com o coração aos pulos.

Eu tinha me libertado oficialmente deles, daquela prisão que

tomava conta de mim.

Estou pronta para tudo.

E não vou fraquejar nunca mais. Nunca mais.


— Não quer dormir? — Encaro os pequenos olhos azuis
piscarem diversas vezes e sorrio. — Tudo bem Liz, papai vai

respeitar a sua vontade.

Cheiro sua testa e ela segura em meu dedo o apertando.

— Sabia que o papai ama você? — Digo baixinho a colocando

em pé sobre o meu peito. — Ama muito, muito, muito.


Seguro o corpinho pequeno sobre meu coração, ela ama ficar

nessa posição e eu sinto como se estivesse segurando o mundo em


minhas mãos, e realmente estou.

— Não conta pra mamãe que eu deixei você acordada... Ou


vai ficar sem a sua mamadeira.

Abaixo a cabeça sorrindo observando o ser minúsculo, que faz

meu coração saltitar de tanto amor.

— Tentando trapacear Lorenzo? — Me viro e vejo Diana

sorrindo encostada na porta.

— Olha quem estava ouvindo a nossa conversa Liz. — Digo e

faço uma falsa cara de bravo.

— Não acredito que você convenceu o seu pai a não dormir

Liz.

— Quem resiste a esse pacote de amor?

Realmente é a coisa mais difícil do universo resistir. Eu estou

me saindo um pai mais babão que o normal.

Não me julguem, eu tenho três mini Bruxinhas que são as

coisas mais lindas do mundo.

— Maya e Eva dormiram? — Diana indaga, pegando Liz nos


braços.
— Dormiram no colo do meu pai. — Digo sorrindo, e vejo
Diana apontando para Liz que dorme tranquilamente.

— Nossa, que traidora! — Aponto horrorizado.

— Vou colocar ela no quarto. Elas amam tirar essa soneca da

manhã.

— Tinham que dormir assim de noite.

Ainda moramos temporariamente com meus pais, mas já

estamos de mudança. Depois do casamento vamos para a nossa

casa.

Viro o pescoço rapidamente, olhando Diana voltar sorrindo.

— Estou com saudades... Arranha meu peito e sorrio, beijando

a curva de seu pescoço.

— Criei um monstro viciado em sexo?

— Insaciável por sinal... — Brinca.

Beijo o bico formado em seus lábios a olhando fixamente.

— Estou me guardando para depois do casamento. — Digo

sério. — Sou um homem puro agora.

Sim, vamos nos casar daqui a 48 horas.

Eu estou prestes a explodir de felicidade, é sem tamanho.


48 HORAS, MEU DEUS!

— Acho que posso persuadir o meu noivo a ter uma última

noite de solteiro... — Sorri entrelaçando os braços em meu pescoço.

— Já disse que te amo?

Faço uma cara pensativa negando com a cabeça.

— Eu te amo. Muito. Incondicionalmente.

Mordo os lábios sorrindo.

— Acho que agora merece uma trepada sacana. — Mordo


seus lábios e ela solta um grito fino quando a ergo rapidamente. —
Eu também te amo Bruxinha.

— Acho melhor fechar a porta. — Diz sorrindo enquanto a

beijo ferozmente.

— Eu juro que a primeira pessoa que bater nessa porta, eu


vou matar com requintes de crueldade.

A coloco sentada sobre a mesinha de canto, tiro a blusa


rapidamente, as mãos ansiosas voam para dentro da minha calça.

— Filha da mãe, desgraçada, gostosa do caralho!

A boca captura a minha com uma fome avassaladora, meu pau


se retorce na calça. Travo o maxilar sentindo a mão quente se
fechar sobre meu pau.

A gente não perde mais tempo não.

Qualquer oportunidade, é creu.

— Vou te foder até perder a consciência. — Sussurro


prendendo os lábios.

— Vou acabar com você.

— Puta que pariu Diana!

Entrelaço meus dedos entre seus cabelos arqueando o


pescoço para trás. Passo a língua pelo seu pescoço, ouvindo o

gemido baixo.

Diana é a oitava maravilha do mundo quando está com tesão.

— Ah Lorenzo...

Sorrio e enfio dois dedos nela, movimentando-os lentamente.

— Estou me deliciando. — Digo perto do seu ouvido, enquanto

a safada movimenta meu pau com uma maestria.

Gemo. Puta merda!

— Lorenzo! Lorenzo!

— Tá de brincadeira com a porra da minha cara! — Bufo


irritado.
— Não pode ser. — Diana cola a testa na minha.

A decepção estampada em nossos rostos.

Caralho.

CARALHO!

MIL VEZES CARALHO!

— É a sua mãe? — Diana esconde um sorriso.

— Lorenzo meu amor, Chris pediu pra você ir à


empresa. — Mamãe diz do outro lado da porta. — É importante.

Eu estou oficialmente, muito puto.

Não bastava Arthur. Minha mãe também é empata foda!

Valeu mundo, por não conspirar para a porra do meu favor!

Cu.

Caralho.

Porra.

— Vou ligar para ele mamãe! — Grito e fito Diana que ainda
me encara. — Meu pau está chateado. — Sussurro e Diana coloca
a cabeça em meu peito.

— Prometo que vamos curar essa chateação. — Diz sorrindo.

— E vai valer a pena.


— Vou lá ver o que aquele pica fina do Chris quer. — Digo
beijando seus lábios. — Mas antes... Você não me escapa.

Saio do banheiro enrolado na toalha e Diana com o roupão.

— Quero te falar uma coisa.

Semicerro os olhos a encarando.

— O que foi Bruxinha?

Ela morde os lábios e dá de ombros.

— Heitor me ofereceu um emprego!

Diz rápido e a fito.

— Emprego?

— Lá no estúdio de fotografia dele e do...

— Mas nem por cima do meu cadáver Diana!

Pisco algumas vezes e torço o nariz.

— Não agora é claro. Eu ainda tenho que acabar o curso. Só

que eu achei uma boa ideia. — Diz vindo até mim.


— Esqueceu que temos três bebês? Você não precisa

trabalhar! — Disparo sério.

Meu pau que eu deixaria Diana trabalhar com aquele seboso!

MEU PAU!

— Eu quero me sentir útil! — Diz jogando os braços. — Não

vai ser agora amor...

Não vai ser nunca!

— Promete que vai pensar?

— Já pensei. Não.

— Lorenzo! Eu não estou pedindo permissão.

Emburro a cara, me virando.

— Estou te falando que será bom eu trabalhar amor. Só isso.

— Trabalha em casa, ué. Ágata faz isso, qual o problema?

Ela para e cruza os braços.

Ciúmes é a pior desgraça que existe na face da terra. E eu sou


movido a isso.

Sinto muito. Muito. Mas muito mesmo.

Ah, qual é?!


Diana é jovem e gostosa! E eu sei que aquele seboso do

demônio arrasta asa para a minha Bruxinha. Mas nem por cima do

meu caralho.

Faço ele conhecer Jesus mais cedo.

— Amor... Vai ficar com ciúmes?

— Vou. — Fecho o semblante, vestindo o terno e ela sorri se

aproximando.

— Você fica lindo com essa cara emburrada.

— Não vêm não Diana. Estou puto. Muito puto. — Franzo o


cenho a olhando.

— Quando você voltar a gente conversa.

Beijo seus lábios rapidamente e saio. Abro a porta do quarto

das meninas que ainda estão dormindo.

— Papai vai sair só um pouquinho... — Beijo os pezinhos de

cada uma. — Se comportem. Amo vocês.

Desço as escadas, vendo mamãe conversar algo com Diana e


Bianca.

— Não sei se volto a tempo para o jantar. — Suspiro beijando


mamãe rapidamente. — Chris falou algo sobre o que é?
— Não meu amor. Só te pediu para ir.

Assinto levemente.

Espero que seja algo muito importante para Chris me tirar de


casa, sendo que eu falei que não ia para a empresa.

O motivo?

Eu vou me casar! Preciso me preparar.

Não é todo dia que Lorenzo Gonzáles se casa.

E PASMEM...

PELA SEGUNDA VEZ.

Com a mesma mulher.

Além de ser gostoso, eu sou sortudo.

Meu Deus.

— Pronto chegou o cara de cu! — Arthur diz, assim que entro


na sala de reuniões.

— Atrapalharam a minha foda de novo! — Digo me sentando.


— Tô ficando puto, em. Desembucha logo caralho!

— Eu falei que depois que tem filhos, não fode mais. — Arthur

bate com a caneta na mesa me olhando.


— Pronto Chris. Pode mandar a bronca. — Patrick diz ao meu

lado.

— Papai está entrando em acordo com um escritório de


advocacia. — Chris começa. — São ótimos advogados, mas ele

fechou apenas com uma.

— E o Arthur?

— Arthur vai continuar onde está, vai auxiliar.

— Que caralho — Arthur dispara. — Não vou auxiliar ninguém.

Que merda!

— É uma advogada conhecida como A Víbora. — Chris diz

girando na cadeira de um lado para o outro.

— Víbora. — Repito.

— Aposto que é megera, feia, rancorosa e mal-comida. Olha o

apelido. — Arthur torce o nariz. — A Víbora!

— Tenebroso. — Digo o olhando.

— Patrick vai viajar para outra cidade para fechar os últimos


detalhes do acordo, no contrato com ela.

— Tio Patrício conhece? — Arthur indaga.


— Papai me disse que ouviu um amigo falar sobre esse

escritório e está sendo bem conhecido. — Patrick suspira,


apertando a caneta entre os dedos. — Não deu muito detalhes.

Franzo o cenho.

Eu sinto muito medo do meu pai quando vem com essa coisa

de não deu muito detalhes

Sinto o arrepio na espinha e encaro Chris.

O velho está armando.

— Depois me passa o nome, para eu dar uma pesquisada.

— Se interessou Arthur? — Bato em seu ombro sorrindo.

— Pau no seu cu! Preciso conhecer o território inimigo. — Diz

por fim. — Tô cheio de fome, a gente pode comer agora?

— Eu também não almocei.

— Eu tô com fome, mas é de outra coisa. — Disparo sério e


ouço as gargalhadas.

Mordo o lábio pensativo.

Para que diabos meu pai quer contratar uma advogada lá da

casa do caralho para empresa?


Temos uma equipe jurídica muito boa, além de Arthur, que é o
nosso advogado do diabo.

— Prefere cu ou boceta? — Arthur indaga com uma batata na


mão.

O fito cortar o bife.

— Os dois. — Chris diz, dando de ombros. — Não dá para

escolher.

— Só pode um. Se Ágata te pedir para escolher, você quer

qual?

Arthur tem sérios problemas.

Mas eu amo.

Estamos na lanchonete da empresa almoçando. E caralho,

podíamos estar falando sobre tantas coisas.

— Cuceta. — Digo sério.

— Arrombado! — Arthur sorri. — Nunca me decepciona! Ainda


não acredito que vou perder meu companheiro de suruba para

sempre. — Diz pegando em meu ombro, fazendo uma voz chorosa.

— Sai! Não sei nem onde que colocou essa mão! — Retiro sua
mão do meu ombro. — Patrick tá solteiro.
— Patrick não consegue comer duas ao mesmo tempo! —
Arthur joga uma batata em direção ao meu irmão. — Diz que sexo é
para ser único e blá blá blá...

— É sério Patrick? — Chris o encara.

— Vou te internar Arthur, sério. — Patrick dispara. — Só


conversa merda! Otário!

Arthur torce o nariz o olhando.

— Tem certeza de que você não é gay?

— Ai Arthur! Eu só não sinto vontade, sexo é para ser a dois...

— É gay!

Reviro os olhos sorrindo.

— Prefere as virgens ou as experientes? — Arthur pergunta

novamente.

Parece mais um burro falante.

— Virgem. — Digo sorrindo.

— Agora, né?! — Arthur bebe um gole de cerveja. — Eu gosto


das experientes. Tenho paciência de ensinar ninguém não!

— Diz isso agora né Arthur?! — Chris o encara e ele fecha o

semblante.
— Pau no seu cu Christopher! — Arthur o fuzila. — Você é um
escravoceta do caralho. Faz tudo que Ágata pede. Sem falar que ela
te colocou no chinelo rapidinho.

— Ela é minha esposa! — Chris diz sorrindo. — Isso se chama


conexão.

— Isso se chama ser pau mandado! Escravoceta. E agora

Lorenzo virou um também!

— Tem que colocar o meu na reta né Arthur?!

— Ágata tem um poder de sedução, que é quase inevitável


dizer não. — Chris sorri.

Patrick se remexe na cadeira e o vejo baixar os olhos para o


prato há sua frente.

— Eu sei o poder de sedução que você está falando. — Arthur

diz

— O almoço está ótimo, mas eu tenho que assinar uns papéis


ainda. — Patrick diz se erguendo.

— Eu vou com você. Vou ligar para a Diana.

— Vão me deixar aqui mesmo? Ouvindo as asneiras do


Arthur?
— Vai tomar no teu cu Christopher caralho! VOCÊ ME AMA!

— Fique aí ouvindo o almanaque do Arthur! — Caio na

gargalhada e saímos juntos.

Chris e Arthur ainda ficam na mesa e Patrick e eu entramos no


elevador. Ele fica em silêncio e com as mãos nos bolsos, mais

calado que o normal.

Ele rapidamente entra em sua sala e vou junto. Vejo-o sentar


na cadeira e me encarar.

— Ainda gosta da Ágata né? — Pergunto assim. Rápido. Na

lata.

Patrick ergue os olhos me olhando.

A resposta está bem ali, escrita em seus olhos. Mesmo ele


tentando agir e dizer ao contrário, é perceptível.

— Do que está falando Lorenzo? — Diz se erguendo e passa


por mim.

— Que você ainda gosta da Ágata. Não é?

Patrick se remexe desconfortável e não me encara.

Sei tudo que ele passou quando se apaixonou perdidamente


pela Ágata. É estranho voltar com isso novamente, porque até
então, Patrick parecia bem. Ou finge muito bem.

— Patrick...

Ele passa as mãos pelo cabelo e me olha.

Abro a boca tornando a fechá-la.

— Irmão, eu estou aqui.

Estou em dívida com Patrick. Porque mesmo sabendo de tudo

que ele passou em relação a história de Chris e Ágata, nunca


conversamos sobre.

A história só foi arquivada e ponto.

Mas a cada dia que se passa, eu vejo como Patrick está se


distanciando.

Ele nega com a cabeça.

— Patrick... É sério. Ninguém consegue ser forte o tempo

inteiro.

Ele me encara e os olhos azuis brilham.

— Eu não deveria sentir mais isso, não deveria Lorenzo. É


louco, é horrendo. — Ele balança a cabeça me encarando. — E eu
juro, juro por tudo que é mais sagrado... Que não quero sentir isso.
— Diz soltando um longo suspiro. — Eu tento não gostar dela,
porque ela é minha cunhada! Meu Deus!

A voz soa com desespero e o fito.

— Eu não a perdi, eu sei disso! Não dá para perder o que

nunca se teve Lorenzo! Mas isso ainda está aqui! — Ele se ergue
balançando a cabeça e apontando para o peito. — E eu não sei
como me livrar disso. Porque eu não quero e nem posso mais sentir

isso! Ela está feliz, Chris está feliz! Eu não tenho direito de sentir
isso!

Me sento o olhando, está desesperado. Engulo seco. Patrick

está vivendo com essa angústia há anos.

— Por que nunca falou isso para a gente Patrick?

— Para quê, Lorenzo? Para destruir o casamento do meu

irmão? Eu jamais, jamais faria qualquer coisa para prejudicar a


família deles! Isso é meu Lorenzo. O que sinto, é problema meu!

— Não Patrick... Eu sinto muito por você se sentir desse modo,


mas desabafar às vezes, faz bem. — Ele nega.

— Isso me destrói Lorenzo. Mas me destrói sozinho. É como


um inferno dentro de mim, que queima e dói.

— Você não tem culpa! — Digo o olhando.


— Claro que eu tenho, é claro que eu tenho! Christopher é
meu irmão, meu Deus! Que tipo de pessoa eu sou.

— O tipo que é um ser humano, Patrick! — Digo sério e ele

vira de costas. — Você não tem culpa de sentir isso. Você se corrói
por dentro, por algo que não é sua culpa!

— Ela é a mãe dos meus sobrinhos, ela é a esposa do meu

irmão!

Passo as mãos pelo cabelo. Eu não estava preparado para


ouvir tal revelação. Porque Patrick sempre foi o mais centrado de

todos nós, e vê-lo assim, desmoronando em minha frente, é horrível.

É uma sensação de culpa por não ver o que estava ali na


minha frente.

Que ele ainda sofre com tudo isso.

— Eu não quero jamais imaginar o que está sentindo, Patrick.

— Eu não posso sentir isso Lorenzo. Não posso! — Dispara.


— Eu não posso... E eu não quero mais sentir isso por ela. Eu não

quero...

— Eu sei Patrick. Só que ninguém manda no coração! —


Mordo o lábio o olhando. — Isso não é culpa sua... Entende?
— É claro que é. Chris a ama, ela o ama! Eles têm uma família
juntos! E eu... Eu não posso, nem devo gostar dela desse jeito! —

Percebo a voz embargar e Patrick passa as mãos pelo rosto.

— Patrick, preste atenção...

— Eu juro que eu tento Lorenzo. Eu sou feliz por eles dois.

Chris se transformou por ela. — Ele para e suspira limpando o rosto.


— Mas é uma luta, porque eu não quero! E não posso mais amar a
Ágata!

Percebo os olhos marejados e ele os fecha.

— Patrick...

Ele para estático e me viro de imediato.

Ágata está parada em frente a porta nos encarando.

Caralho!

— Me desculpem. Eu... vim... er... — Ela nos encara. — Achei


que o Chris... Estivesse aqui...

O silêncio perturbador se instala. Patrick e até eu fico sem

fala.

— Ele está na lanchonete com o Arthur.

— Ele já subiu. Me falaram lá embaixo. — Ágata nos fita.


Ai meu Deus.

O que eu faço agora?

Encaro os dois.

Patrick nem ergue os olhos.

Ágata nos encara.

Fodeu.

— Amor? — Chris chama aparecendo na porta.

Agora fodeu mesmo.

— Oi, vim te ver. — Ágata sorri e Chris a beija.

— Já não vê todo dia em casa? Que melação! — Arthur

aparece os olhando. — Diz a verdade, que você veio foi me ver


Ágata...

— Ah, vim ver você Arthur. Óbvio.

Dá para ver a cara de desconcerto que estamos.

Encaro Arthur e olho para Patrick, que está sentado mexendo

no computador. Ele parece entender perfeitamente o que estou


querendo dizer.

FODEU MEU IRMÃO!


— Patrick, você leva o relatório para minha sala depois? —
Chris indaga.

Patrick apenas assente.

— Vamos amor?

Ágata concorda nos encarando.

— Tchau meninos.

Por pouco não houve uma briga catastrófica.

Desço do carro e fecho a porta devagar. Passo as mãos pelo


cabelo, decidido a dar meia volta para minha casa.

Lorenzo ainda não chegou, nem Chris. Ficaram na empresa

para resolver uns contratos, já que ele vai se casar daqui a 48 horas
como ele fala a cada trinta minutos. Estou feliz por sua empolgação
dessa vez.

Fito o carro de um vermelho chamativo estacionado, já

sabendo bem a quem ele pertence.


— Tio Patrick! Tio Patrick! — Sorrio assim que abro a porta e
Clhoe vem correndo para se jogar em meus braços. — Você

chegou...

— Oi, minha princesa. — A ergo no colo vendo-a enlaçar meu


pescoço.

— Estava com saudades. Mamãe me deixou pegar a Maya no

colo hoje, de novo. Estou ficando uma mocinha né tio?

Assinto sorrindo e aperto seu nariz.

— Uma linda mocinha.

Clhoe está a cada dia mais parecida com Ágata, a semelhança

é gritante.

— Olha mamãe... Tio Patrick disse que estou mesmo virando


mocinha, papai que ainda acha que sou um bebê titio... Acredita?

Ágata vem da cozinha com Henry no colo e me encara.

— Acredito amor. — Coloco Clhoe no chão, tentando não fitar


Ágata.

— O senhor vai brincar com a gente agora?

— Clhoe, seu tio acabou de chegar...


— Titio tem umas coisas para resolver, prometo que brinco

com você assim que puder, fechado?

Ela sorri assentindo.

— Fechado. Vêm Henry, vovó falou que podemos tomar


sorvete antes do jantar. Mas só um pouquinho. — Ela sai arrastando

o irmão e sorrio encarando os dois.

Chris tem sorte em tê-los.

Me ergo e Ágata me encara fixamente.

— Mamãe, onde...

— Estão na cozinha. — Diz. — Diana está arrumando as


meninas... E...

Ela esfrega as mãos, me olhando.

Ágata continua a mesma.

Os mesmos olhos doces, a forma que ela sorri, faz todos os


outros sorrisos serem banais.

— Fala pra minha mãe, que estou no escritório vendo umas


coisas da viagem. — Digo rápido, sem esperar pela reposta e subo

os degraus apressadamente.

O coração bate acelerado e a garganta está seca.


Eu não posso sentir isso. Eu não quero mais sentir isso.

Ando de um lado para o outro mordendo o lábio. A garganta


trancada de um jeito, que impede a respiração de passar.

Nego veemente.

Isso é a pior das burrices. De todas.

Porque eu não quero mais sentir, isso.

Eu não quero mais...

— Patrick? — Me viro rápido, a olhando entrar no escritório. —


Er... Eu...

— Ágata, você não precisa falar nada. — Digo e suspiro. — Eu


sei que ouviu e peço desculpas, não era para ter ouvido aquela
conversa.

Ela me fita e concorda rapidamente.

— Me desculpe. Me desculpe por ter ouvido aquilo. Eu... Sinto


muito, de verdade.

— Confesso que fiquei surpresa. — Diz engolindo em seco e

mordendo o lábio.

Abaixo os olhos não conseguindo encará-la.

É vergonhoso.
— Patrick, eu sei que... Eu errei no passado e eu sinto muito.
Muito mesmo, por tudo...

Fecho os olhos sorrindo.

— Não mandamos no coração Patrick.

— Não precisa disso Ágata. Já foi resolvido. — A encaro

colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorrio. — Eu


precisava colocar aquilo para fora e saiu, mas não se preocupe, eu
jamais faria qualquer coisa para prejudicar você e o Chris. Jamais.

Ela assente.

Sorri de um jeito, que dói de uma forma inexplicável, que eu


não queria que doesse mais.

Mas ainda dói.

Meu Deus, como isso doí.

— Mas meu coração sempre vai ser seu... — Seria hipocrisia


falar que não é, depois de tudo que ouviu. — Ele é seu para
quebrar, destruir... — Sussurro a encarando.

— Patrick, não faça isso. — Ela nega com a cabeça. — Eu


peço desculpas, pelo passado... Por tudo, mas...
— Mas sempre foi o Chris. — A voz embarga enquanto ela me
encara.

— Sempre! Eu amo o seu irmão Patrick. Amo o Chris, como


nunca amei ninguém nessa vida. Sempre foi ele...

— Eu também o amo. — Digo engolindo em seco, enquanto


ela limpa o rosto rapidamente. — E eu só desejo a vocês toda a
felicidade do mundo, me perdoe pelo que ouviu.

Fecho os olhos, sentindo as lágrimas nublarem a minha visão.

— Christopher te ama muito. Vocês têm dois filhos


magníficos... Vocês são uma família linda. — Forço um sorriso e
abro os olhos, a encarando parada.

Os olhos brilham e sinto uma dor que sufoca.

— Patrick...

— Eu sempre te guardei como um segredo. Daqueles que não

fazem mal a ninguém. Só a mim mesmo. — Sorrio e a fito. — Vocês


merecem ser muito felizes Loira. Muito.

— Você também merece Patrick.

Seguro sua mão apertando-a de leve.

A aliança dourada brilha.


— Chris tem muita sorte de ter você. Vou me trocar para
descer.

Eu vou continuar pedindo o que sempre peço todos os dias.

Tirar esse sentimento absurdo de dentro de mim. Porque eu não


aguento mais.

Mesmo sabendo que nunca a perdi... Porque ela nunca foi

minha.
— Não acredito que essas coisinhas gorduchas e lindas são

suas Lorenzo. — A mãe de Arthur diz, com Maya nos braços.

— Também custo a acreditar titia. — Lorenzo sorri

entrelaçando os dedos aos meus.

— Louca para ter netos. Pelo visto terei que me contentar em

ser tia avó. — Dona Catarina diz sorrindo.


— Se depender de mim, vai demorar mil anos mamãe... —

Arthur diz, sorvendo um gole da bebida. — Já tenho minhas


sobrinhas postiças, criança é o que não falta aqui.

— Quando você e seu irmão vão tomar jeito?

— Eu tô muito bem, obrigado papai. — Arthur rebate, sorrindo

sem mostrar os dentes.

— Eu não cuido nem de mim, não preciso falar nada mais que

isso. — Heitor suspira.

— Doido para te levar lá pra cima e te foder. — Lorenzo finge


arrumar os meus cabelos enquanto sussurra em meu ouvido. —

Arrancar esse vestido...

Sinto meu rosto queimar e mantenho a pose.

— Meu pau tá se retorcendo... — Continua.

O encaro por cima do ombro e ele finge que nada está


acontecendo.

É muito fingido.

Estamos precisando matar a ânsia que nos atormenta.

— Está passando bem, Diana? Tá meio pálida! — Dona

Clarisse diz e a encaro.


— Ah, estou sim! É só o calor...

Embaixo da minha saia. — Meu interior quase grita.

Estamos reunidos na sala. Patrick calado, com um copo de

whisky nas mãos. O senhor Patrício conversando com ele, que

parece distante.

— Bianca está vindo. — Heitor aparece com o celular nas

mãos.

— Onde está a Ágata, Chris? — Indago

— Ágata não está se sentindo bem, está com dor de cabeça.

— Dá ombros, nos olhando.

— Estão mesmo fechando um contrato com uma empresa de

advocacia? — Seu Thomas pergunta.

— Sim, Patrick vai viajar para acertar alguns detalhes.

Sorrio, saindo sorrateiramente e indo até a cozinha. Lorenzo

se aproxima, me olhando fixamente.

Está lindo. Cheiroso.

— Sabe do que estava me lembrando... Daquele jantar, em

que te levei para o quarto dos fundos. — Sussurra, beijando meu

pescoço.
— Lorenzo, tem gente na sala! — Seguro nas lapelas do seu

casaco, sorrindo.

Minha pele se arrepia e o encaro.

— A primeira vez que gozou nos meus dedos... — A voz rouca


me invade e sorrio o olhando. — Bem que poderíamos fugir um
pouquinho...

Sorrio baixo, o olhando.

— Eu adoraria...

— Diana... Diana... Se eu te pegar, eu vou fazer um estrago!

— Quando as visitas forem embora! — O beijo rapidamente.


— Eu que vou fazer um estrago em você.

Saio rapidamente, ouvindo seu gemido de frustração.

A impaciência me toma por completo, odeio ser indelicada,


mas desejei tanto que as visitas fossem embora, como nunca.

O jantar ocorreu em paz e com descontração. A ansiedade

para o casamento também toma conta, e dessa vez estamos


ansiosos para isso.

— Nem acredito que Lorenzo vai se casar, e pela segunda vez.


— Arthur diz sorrindo.
— Dessa vez, por livre e espontânea vontade. — Lorenzo sorri

me beijando.

— Porque da outra vez, foi por livre e espontânea pressão, né


tio Patrício? — Arthur gargalha.

— Arthur!

— Ai mãe! — Arthur sorri acariciando o braço.

— Um brinde ao senhor Patrício então... — Ergo a taça e ele


em encara sorrindo.

Acabo gargalhando junto com todo mundo.

Olho por cima do ombro e vejo Lorenzo entrar no quarto das


meninas.

— Acabaram dormindo. — Digo baixo, pois Liz dorme em

meus braços.

— Agora eu posso dizer que sou o homem mais realizado da

face da terra.

— Somos.
— Papai agora vai deixar os amores da minha vida dormir. —
Beija Liz rapidamente. — Vou tomar um banho rápido.

— Eu vou daqui a pouco. Vou só colocá-la no berço.

Coloco Liz calmamente, beijando a pequena mãozinha.

— Mamãe ama vocês. — Sussurro.

E como amo. Amo tanto que dói.

Entro no quarto e fecho a porta que dá acesso ao quarto das

meninas e sorrio, já descendo o zíper do vestido e deixando-o cair


sobre meus pés. Me sento na cama pronta para tirar o sapato,

quando a voz rouca faz meu corpo se arrepiar.

— Não tire os sapatos.

Semicerro os olhos, quando vejo Lorenzo parado na soleira da

porta, com os braços cruzados.

O corpo coberto apenas por uma indecente cueca box branca.

Mordo o lábio o encarando.

— Quero foder você assim... De salto, e mais nada.

Eu quase gemi de tesão por causa daquelas simples palavras.


Lorenzo tem o poder de me fazer desmanchar em segundos.

— Fique em pé, Diana! — Diz com autoridade.


Sinto-o se aproximar quando me ergo, a boca em meu
pescoço enquanto as mãos passeiam por minha barriga.

— O mundo pode desabar, mas eu só vou sair daqui, quando


te fizer gozar até perder a noção do tempo.

Sorrio o olhando por cima do ombro.

Minha pele se arrepia quando suas mãos passeiam por todo

meu corpo.

— Tire a calcinha Bruxinha. — Ele pede com um sorriso,

enquanto aperta um dos meus seios entre as mãos.

Prende um dos bicos entre os dedos grandes.

Engulo seco.

— Tira você. — Peço ofegante.

Meu coração bate descompassado e frenético, quando as


mãos ávidas percorrem todo o meu corpo.

A boca beijando a curva do meu pescoço, cheirando,


lambendo, chupando...

— Que saudade! — Fecho os olhos, sentindo a boca colada

em meu ouvido.
O encaro por cima do ombro sorrindo enquanto os dedos

entrelaçam no meu cabelo, arqueando o meu pescoço, que ele


gentilmente aperta.

— Vai gozar para mim... Nos meus dedos... Como na primeira


vez.

Mordo os lábios o olhando.

— Seja uma boa menina.

Solto a respiração, quando ele literalmente encaixa o seu


quadril no meu. Eu odeio o fato de ser baixinha nessas horas,

Lorenzo tem todo o controle.

Mentira, eu adoro.

São um 1,92 de pura gostosura colado ao meu corpo, o

homem é uma máquina ambulante de sexo.

Meu homem.

Encosto a cabeça em seu peito, ainda de costas. Sua mão em


meu pescoço, enquanto a outra espalma um dos meus seios.

— Minha devassa. — Sussurra em um misto de gemido e


sorriso.
Som algum saí da minha boca, apenas gemidos abafados.

Minhas pernas fraquejam, a posse e domínio que Lorenzo tem

sobre mim são o que me mantém de pé.

Prendo os lábios quando a mão desce sorrateiramente, os

dedos me dedilhando.

— Abre as pernas, Diana. — A voz rouca me invade. — Vai

Bruxinha...

Meu corpo obedece ao simples comando, afasto as pernas e


encaro o espelho na minha frente.

Os olhos encarando os meus.

O rosto parece ter sido esculpido a mão, de tão perfeito que

ele é.

— Ah Lorenzo... — Pendo a cabeça para trás quando o dedo

me invade me fazendo arfar.

Sinto a pressão da carne se abrindo com os dedos.

Gemo balançando a cabeça freneticamente, os dedos indo e

vindo.

Inferno.
— Acho que aguenta mais um. — Sorri em meu pescoço, me

olhando enquanto me invade com três dedos.

Meu corpo convulsiona, os gemidos afobados saem sem que

eu perceba.

Então ele tira. Só para colocar novamente. Tira. Coloca.

Intensificando cada movimento, os dedos deslizando. Seguro


em seu punho, em um pedido silêncio e ele parece entender, pois o

movimento se torna mais intenso e brusco.

Eu sinto que estou prestes a explodir. E vou.

— Só goza Bruxinha... — Pede em um gemido baixo.

E foi o suficiente para eu me desmanchar em um gozo

alucinante, encharcando seus dedos.

— Ah Lorenzo... Seu filho da mãe. — Pendo a cabeça para

frente sorrindo.

— Eu falei que ia te foder até perder o juízo. — Ele se abaixa


ficando de joelhos. — Se segura amor.

Apoio as mãos na parede, Lorenzo começa devagar,


segurando em meus tornozelos, subindo as mãos por minhas

pernas e afastando-as.
— Ohhhh. — O som abafado sai da minha boca, assim que as

mãos abrem as bochechas do meu bumbum.

Abro a boca, sentindo a língua passear por toda a extensão


úmida e sensível, de baixo à cima.

Me contorço ferozmente, abrindo mais a boca, ao sentir a


língua me invadir.

Que língua é essa, meu Deus!

Não Diana. Não chama por Deus, que é pecado!

Que língua do caralho é essa!

— Ah... Lorenzo, inferno! — Solto um grunhido baixo,

mordendo os meus lábios com força, sentindo a língua serpentear.

É uma dança lenta e sensual. Quente como o inferno.

A mão espalmada em meus quadris, eu tomada pelo desejo,


começo a rebolar em seu rosto.

— Filha da puta gostosa do caralho!

Um sorriso brota em meus lábios quando sinto a língua

afundar em mim. O polegar rodeando meu ponto mais sensível e

meus quadris não param, tem vida própria.


— Bruxinha... — Sorri antes de sugar meu clitóris para dentro

de sua boca. Chupando-o, sugando-o, mordiscando-o...

Lorenzo abre meu bumbum e apenas sinto um arrepio quando

a língua percorre o buraquinho enrugado, e puta merda.

— Lorenzo! — Um gemido escapa dos meus lábios quando ele

estala um tapa firme e forte no meu bumbum.

— Estou exercitando... Porque não vai fugir de mim quando ele

estiver pronto. Nunca vou me cansar disso. — Sussurra sorrindo,

enquanto brinca com os dedos em minha entrada. — Esse tesão

desenfreado que você me dá... Essa loucura...

Meus músculos enrijecem imediatamente e suspiro pesado,

enquanto Lorenzo continua me chupando de cima para baixo, de


baixo para cima...

— Eu... vou...

— Vai...vai sim. Vai gozar na minha boca!

Os espasmos vêm me tomando por inteira, fazendo seu nome


sair da minha boca em um gemido rouco e alucinante.

Sinto as pernas dobrarem e Lorenzo me ampara, sorrindo.

Isso é loucura.
Se ergue, segurando em meus quadris, sem me virar. Com
uma mão segura meus cabelos, arqueando meu pescoço e voltando

a esfregar meu clitóris inchado.

Captura minha boca em um beijo avassalador, o meu gosto se

misturando ao beijo.

Lorenzo arfa e me encosta na parede, o corpo colado ao meu.

Sinto o pau duro nas minhas costas e sorrio.

— Eu te amo. — Sorri. — Se segura firme amor. Vou entrar em

você com força.

Prendo a respiração o olhando sorrir.

Devasso.

Meu cafajeste.

— Vou te foder!

Sinto meus pelos se eriçarem e firmo os pés, abrindo as


pernas, os saltos me deixam mais alta, mas nem tanto. Lorenzo
afasta as pernas e abaixa a cueca.

O pau magnífico salta para fora, rígido como uma rocha, com a
glande brilhando.

Puta que pariu! Eu sou muito sortuda!


Ele sorrateiramente pincela aquela obra divina em minha
entrada, em uma brincadeira devassa, fazendo meu interior pulsar.

— Lorenzo... Por favor... — Clamo em um gemido.

— Me diga o que quer, Bruxinha. — Diz pincelando, colocando

apenas o suficiente para me enlouquecer e retira novamente.

— Lorenzo...

— É só pedir... Como uma boa menina.

Trinco os dentes, o olhando por cima do ombro.

O sorriso estampado em seu rosto.

— Eu preciso...

— Precisa?

— Me foda! Com força... Por favor! — Peço, engolindo em

seco e vejo-o morder os lábios.

— Essa é minha Bruxinha...

— Ahhh! — E sem aviso algum, ele se enterra em mim.

Puxa meus cabelos fortemente e beija meu pescoço.

Eu já não obedeço mais a minha mente, apenas ao meu corpo.

Meu quadril encaixado ao seu, em um entra e sai furioso, me

rasgando. Eu sinto minhas carnes acomodando-o, engolindo cada


centímetro.

Os gemidos se misturam, os corpos colados, em uma sincronia


perfeita.

A mão em meu pescoço, o quadril batendo no meu, o barulho


dos nossos corpos se chocando, é de arrepiar.

— Preciso foder você de todas as maneiras. — Lorenzo urra,

me segurando firme. Me vira e me pega nos braços rapidamente.

Sorrio quando me joga sobre a cama, retiro os sapatos, os


jogando em um lugar qualquer do quarto.

Seguro no lençol, em uma forma de não me desmanchar

totalmente, quando ele se abaixa e abocanha meu seio, suga o bico


enrijecido, com uma fome inexplicável.

Arqueio as costas, sentindo a língua percorrer, e ir para o outro

seio, a barba por fazer roça na pele, deixando-a avermelhada.

Abro as pernas quando o corpo se gruda ao meu, minhas


unhas cravadas em seu ombro enquanto a boca engole a minha.

A mão entrelaçada na minha quando me penetra fundo.

Os nossos corpos unidos. Em um misto de tesão e ansiedade


inexplicável.
Começa a entrar fundo. Saindo e entrando de novo, enquanto
a boca captura um dos meus seios, depois me beijando.

O suor desce pelo meu corpo, juntando-se ao seu.

— Eu... Oh caralho, Lorenzo! — Suspiro quando ele se vira,


me puxando e me sento em seu colo.

— Bruxinha... — Segura firme em minha cintura.

Minhas pernas flexionadas, eu simplesmente desço e subo


enlouquecida. Rebolando intensamente, sentindo pontadas no fundo
do meu útero.

Vou morrer.

Mentira. Vou nada.

Lorenzo fecha os olhos, tensionando os músculos e acelero os


movimentos. Rebolo, desço, subo. Beijo-o com força.

Lorenzo me ergue e me agarro a ele com as pernas e braços,


e ele fode. Sinto as bolas batendo firme, aquele barulho de tesão e
gemidos ensandecidos.

Um grito fino tenta escapar da minha boca e ele me cala,

enfiando a língua na minha boca. Lorenzo arfa e os músculos


enrijecem no mesmo instante.
Sinto o pau se contrair em meu interior e explodimos juntos,

em um orgasmo alucinante, entre gemidos e beijos.

Colo a testa na sua, tentando controlar a respiração. Meu


coração palpita. fortemente.

— Você ainda vai me matar. — Lorenzo sorri me olhando,

enquanto coloca uma mexa de cabelo para trás da minha orelha. —


Eu te amo... Te amo mais que tudo nessa vida, Diana.

Sorrio o olhando e beijo seus lábios rapidamente.

Caímos tombados na cama. Me deito sobre seu peito,


enquanto ele afaga os meus cabelos.

— Eu também te amo. Muito. — Entrelaço meus dedos aos

seus, os beijando.

— Nunca vou me cansar disso... De nós dois. — Coloca o


queixo sobre o topo da minha cabeça e suspira.

Ergo a cabeça, o olhando e sorrio.

— Podemos fazer de novo?

Semicerra os olhos e gargalha.

— Acho que criei um monstro, devassa viciada em sexo. —


Gargalho quando ele rola para cima de mim.
— Uma parceira de cama ideal para um cafajeste insaciável...

Passo as mãos pelo cabelo, estalando a língua.

— Nós não podemos deixar Eudora sem nada, Enrique! Ela é


nossa irmã! — Digo exasperada, vendo Enrique me fitar.

— Eudora é casada em comunhão de bens com o Hugo. Por


tanto, tudo que estiver no nome dela, aquele infeliz vai ter direito!

— Eudora não ficará sem nada Diana. Ela tem a parte do


papai.

Lorenzo está calado, de braços cruzados e encostado na


porta. Estamos nós quatro no escritório. Elliot sentado, com
documentos espalhados por toda a mesa, apenas nos encara, sem

falar nada.

— Quando Eudora se divorciar de Hugo, ela terá direito a tudo


novamente, Diana. — Elliot diz depois de uma pausa. — Enrique

está precavendo a sua irmã.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, mordendo o lábio.


Aquela manhã está sendo uma tremenda correria, eu vou me
casar em menos de 24 horas e estou enlouquecendo.

Tiramos do meu pai, tudo aquilo que ele sempre almejou.

Dinheiro.

É a vingança perfeita.

Mesmo tendo a parte do meu pai, sabemos que não é nada.

Eudora está sem nada, praticamente.

— Sabemos que Eudora faz tudo que o Hugo pede. — Enrique


fala e se senta. — Eu me encarregarei de cuidar de tudo para ela.
Jamais ia deixar nossa irmã sem nada.

Cruzo os braços o olhando.

— Confie no seu irmão, Bruxinha... Eu acho mais que


prudente. — Lorenzo aperta meus ombros.

— Eu concordo. Ela vai ter uma segurança, se lá na frente


acontecer algo. — Elliot diz, fechando a pasta. — Os papéis podem
ficar prontos na semana que vem, até lá, vocês vão ter tempo de

pensar com calma.

Ele dá de ombros sorrindo.

— Uma garantia para Eudora mesmo.


Eu sei mais do que ninguém, que é mais provável o céu
desabar, do que Eudora se divorciar de Hugo. É uma paixão cega e

doentia que ela sente por ele.

O que me deixa triste.

— Diana? — Me viro, olhando Dona Clarisse parada, nos

olhando. — Seu pai está lá embaixo.

Encaro Enrique, que parece que já estava esperando por isso.

— Quem deixou essa praga entrar aqui?

— Calma, Lorenzo. Não sei o que ele quer, mas implorou para

falar com você, Diana.

— Onde estão as meninas? Quero minhas filhas longe dele. —


Digo firme.

— Estão com Ágata e Helena. — Dona Clarisse diz nos

olhando.

A casa toda está repleta de gente por todos os lados. Os


preparativos do casamento estão a todo vapor.

Respiro fundo enquanto desço as escadas, segurando no


corrimão. Logo o vejo de pé, com o rosto transformado em puro e
gritante desprezo. Lorenzo e Enrique descem na frente, junto com

Elliot.
— Tenho que confessar que dessa vez me surpreenderam.

Usaram um golpe de mestre. — Diz se sentando e nos encara,


sorrindo.

— Sugiro que se levante e saia da minha casa, agora! —

Lorenzo esbraveja alto.

Ele engole em seco, nos encarando.

— Quem diria. Você se parece mais comigo do que pensou,


Enrique!

— Não me compare a você, é um insulto! — Enrique rebate.

— Vai deixar seus pais e sua irmã na sarjeta, Diana? Como


tem coragem? — Seus olhos, cheios de ódio se viram contra mim

agora.

Ergo o queixo.

— Eudora jamais ficará desamparada. — Digo firme.

Ele bate palmas, nos olhando.

— Sabem que isso não vai ficar assim, né? — Se ergue,

ficando extremamente sério. — Não vai. Por que eu juro... Juro...


Que eu vou tocar onde mais dói em você, Diana.
— Se encostar um dedo dessa sua mão imunda em uma de
nossas filhas... — Lorenzo começa e aperto seu braço, o olhando.

— E você, Enrique...

— Eu sugiro que você vá embora agora da minha casa,

Luttero. Ou eu não respondo por mim. — Sr. Patrício desce as


escadas o olhando.

— Vocês não perdem por esperar.

Dois seguranças aparecem na porta e ele apenas se vira, me


encara com desprezo e sai.

— E se ele fizer algo contra a Eudora? — Indago, apertando

minhas mãos.

— Não, não vai. — Enrique suspira, me olhando. — Ele está


blefando.

Mordo o lábio, não querendo mais ouvir nada daquela

conversa, a preocupação batendo em meu peito furiosamente.

Luttero nunca mais vai me oprimir, ou me amedrontar.

Nunca mais.
— Eii... Não precisa ficar assim, Eudora está bem. — Lorenzo
se senta ao meu lado e segura em minha mão.

— Eu não vou deixá-lo fazer nada com a minha irmã. —


Sussurro, deitando a cabeça em seu ombro.

— Ele não vai, meu amor. — Beija meus dedos, sorrindo

enquanto me olha fixamente. — Estou aqui, pronto para te defender


em qualquer circunstância.

Respiro fundo, afagando seu rosto.

— Sabe que daqui a algumas horas, vamos estar oficialmente

casados? — Diz sorrindo.

Assinto rapidamente, o olhando.

— Sem contratos? — Arqueio as sobrancelhas e ele sorri.

— Sem contratos. — Diz por fim. — Vai ser a noiva mais linda

do universo.

Reviro os olhos, o beijando.

— Eu já fui uma noiva.

— Vai se atrasar? Eu acho um charme noivas que se atrasam.


— Lorenzo suspira me olhando.
— Para quem não gosta de casamentos...

— Não gostava. — Me corrige sério. — Agora que eu tenho

três mini Bruxinhas e uma Bruxinha devassa, eu até gosto de


casamento. Um pouquinho...

Bato em seu ombro.

— Ágata vai vir me buscar cedinho, então eu e as meninas


vamos ter um dia espetacular. — Sorrio, passando a mão pelo peito
másculo.

— Eu vou estar lá, te esperando ansioso — Me beija

demoradamente.

— Eu vou ser a de branco.

Lorenzo gargalha.

— Ah, minha Bruxinha...


— Está nervoso, caralho?

Encaro Arthur através do espelho, que passa com um copo de

whisky nas mãos e solto um suspiro, ajeitando a lapela do blazer.


Estou de terno preto, assim como todos os padrinhos

— Tô nervoso para um cacete. — Digo e tomo o copo de suas

mãos, virando todo o líquido de uma única vez.


— Calma cara, você já fez isso antes. Vai conseguir. — Diz

batendo em meu ombro e sorrindo.

Solto o ar devagar.

Estou nervoso. Só que diferente da primeira vez, é um


nervosismo com um misto de ansiedade sem igual.

Sinto minhas mãos trêmulas, uma inquietação.

Eu mal consegui pregar o olho esta noite. Não sei se pela falta

de Diana cama, ou o que. Ágata apareceu repentinamente e a levou

pra casa dela, para não estragar o dia da noiva.

Passei a noite inteira encarando o teto do quarto e olhando as

fotos das meninas, tentando assimilar tudo que se passou.

Dessa vez, não houve uma despedida regada a bebida e sexo.

— Está com vontade de ir ao banheiro? Eu quando tô nervoso

quero logo soltar um barro.

— Cala a boca, Arthur!

Ele dá de ombros, gargalhando.

— Estou orgulhoso de você. Triste porque perdi meu

companheiro de suruba, mas feliz. — Diz me olhando. — Sabe que


tudo que eu mais quero é, que você e a Diana sejam felizes. Vocês
merecem.

Aperto sua mão o puxo para um abraço.

— Eu te amo. Obrigado por tudo. — Vejo-o sorrir.

— Tá, agora para de boiolagem! — Diz se desvencilhando. —


Isso faz muito mal para a minha reputação.

— Está tudo magnífico. — Chris diz quando entra no quarto. —

Já está bebendo, Arthur?

— Álcool e sexo, não tem horário!

Chris sorri me olhando.

— Nunca imaginei que ia te ver casando. Pela segunda vez,

então... — Me encara e aperta minha mão.

— Segunda e última vez. — Ajeito o colarinho do blazer. — No

próximo casamento, eu serei apenas convidado. Ou o padrinho, né

Arthur?!

Arthur tosse repetidas vezes, gargalhando.

— Pega essa praga e enfia dentro do seu cu!

— Todos nós falamos isso... E olha onde acabamos. — Chris

ergue a mão esquerda, mostrando a grossa aliança.


— Nem sob tortura meu bem. Nem sob tortura. — Arthur

gargalha e para por um segundo, olhando o relógio no pulso. — Vou


fazer uma ligação rápida. Não se atrase, Lorenzo pau no cu! Esse

papel é da Diana!

Arthur sai e fica apenas eu e Chris no quarto.

— Como seu irmão mais velho, eu posso dizer que estou feliz

por você estar feliz. — Se ergue, parando na minha frente. — Eu


mais do que ninguém, sempre soube que você e Diana foram feitos

um para o outro.

— Desde o primeiro dia. — Olho para a porta, vendo meu pai

parado na soleira.

Chris bate em meu rosto levemente e aperta minha mão


enquanto sai do quarto.

Encaro meu pai caminhar em minha direção lentamente, ele


para a centímetros de mim, sem falar absolutamente nada. Apenas

me observando.

Eu prometi não chorar.

— Eu sei que errei feio com você, por toda uma vida.

Engulo seco, o olhando abaixar a cabeça.

— Papai... — O fito sorrir de lado.


— Quando te obriguei a casar por um contrato, foi um tiro no

escuro. Eu sei o quanto é teimoso e impulsivo, Lorenzo... Porque


você é idêntico a mim. — Os olhos encontram os meus e ele suspira

pesado. — Em uma conversa que eu tive com a Diana há uns


meses, quando ela revelou que te amava... Ali eu vi, que tinha feito

a coisa certa. Errei, admito. Mas eu faria tudo de novo, para te ver
radiante como está agora.

Solto o ar devagar, dando um meio sorriso o olhando.

— Eu agora posso morrer em paz e feliz. Sabendo que você


construiu uma família linda.

— Você não vai morrer, pai. — Digo sorrindo. — Vaso ruim não
quebra.

Ele sorri, balançando a cabeça e o puxo para um abraço

apertado.

Sinto meus olhos marejarem.

— Eu peço que me perdoe, meu filho, apenas o seu perdão. —

Diz firme.

O encaro sorrindo.

— Eu já te perdoei, papai.
Meu coração precisava daquilo, se libertar de toda aquela
angústia que eu sentia.

— Não vai se atrasar. — Sorri segurando em meu rosto e


depois se vira, saindo do quarto.

— Papai? — O chamo, ele para na porta e se vira.

— Oi?

— Obrigado.

— Eu que tenho que agradecer, não?

Nego com a cabeça, o olhando.

— Obrigado por ter colocado a Bruxinha na minha vida.

Solto o ar pesado assim que piso na entrada do jardim, onde

um arco com flores vermelhas e brancas decoram todo o lugar.


Dessa vez, decidimos nos casar no jardim de casa, não teria as
pompas da igreja. Mas está tudo impecável.

Suspiro, andando em passos firmes e rápidos até o altar.


— Está lindo. — Mamãe sorri ajeitando a minha camisa,
seguro sua mão e a beijo. — Ah meu amor...

— Prometi não chorar, mãe... — Suspiro e limpo o rosto.

— Chora, vai. — Heitor sorri com a câmera nas mãos. — Eu


vou fotografar.

— Idiota.

Estão todos aqui. As pessoas mais importantes da minha vida.

Não falei com Diana e isso está me matando.

Patrick se aproxima sorrindo.

— A noiva chegou.

Olho para cima e suspiro. Eu não vou chorar. Qual é? Eu já

casei antes.

Ágata entra e vejo Maya, que dorme em seus braços. Bianca


vem ao seu lado, com Eva.

Sinto o entalo no peito e beijos as duas rapidamente.

— Olhem para a frente, meus amores... A mamãe está vindo.

— Sussurro.

Eu sinto os olhares voltados para mim. Mamãe e papai ao meu


lado, assim como os padrinhos.
Meu coração bate frenético.

Eu não vou chorar. Mas então ela surge. Como um raio de luz,

iluminando toda a escuridão.

As lágrimas descem pesadas, sem eu esperar. Liz está em

seus braços e Diana segura no antebraço de Enrique, caminhando

lentamente em minha direção.

Já não enxergo mais nada ao redor, meus olhos ficaram

nublados pelas lágrimas, que descem copiosamente.

A voz embarga e a fito.

O vestido longo e justo ao corpo, o véu arrastando no chão

atrás dela.

— O-oi, meu amor... — Digo a olhando sorrir.

— Oi... — Sorri me encarando.

Beijo Liz rapidamente, a entregando para Enrique. Diana me

beija rapidamente.

— Cuide dela. — Enrique sorri e me encara, ficando sério por

um segundo. — Ou eu mato você.

— Também gosto muito de você, Enrique. — Rebato

sarcasticamente.
Puta que pariu! Estou me casando com a mulher mais linda do

universo.

O cerimonialista começa a falar, e meus olhos buscam os de


Diana a todo estante.

Eu estou feliz. Como nunca estive antes em toda a minha vida.

— Lorenzo, aceita Diana como sua legítima esposa, para amar

e respeitar, até o fim dos seus dias?

Seguro as mãos delicadas, olho para todo lado, e respondo

sorrindo.

— Sim. — Digo firme e solto o ar.

— Diana, aceita Lorenzo como seu legítimo esposo, para amar

e respeitar, até o fim dos seus dias?

Diana me encara e assente rapidamente.

— Sim. Claro que sim.

Eu quase a beijei de tão eufórico.

Olhamos para frente, sorrindo quando Clhoe e Henry

apareceram de mãos dadas, segurando uma cestinha com as

alianças dentro.

— Papai disse que são importantes. — Henry diz sorrindo.


— Obrigado, mini puto. — O beijo rapidamente

Seguro a aliança delicada entre meus dedos, não me

aguentando, com um sorriso de orelha a orelha fitando-a.

— Eu não sei nem o que falar. — Começo baixo e sorrio,

dando de ombros. — Eu poderia passar o resto do dia, só falando o

quanto te conhecer foi a melhor coisa que poderia ter acontecido

comigo... E nunca vou me cansar de dizer isso.

Dou uma pausa, tentando controlar a voz embargada.

Mas não dá.

— Você me transformou, Diana. Me deu três razões para viver

e lutar todos os dias. Me fez um homem realizado, em todos os


sentidos. — Seguro a mão delicada entre a minha. — Você foi a

melhor coisa que apareceu em minha vida, e eu me refaria todos os

dias, para você... Então com essa aliança, pela segunda vez, mas
sem prazo de validade, eu te quero para sempre em minha vida. —

Coloco a aliança dourada em seu dedo anelar e beijo.

— Eu te amo, Bruxinha...

Ela repete o gesto enquanto segura em minha mão sorrindo.

— Eu também não sei o que falar, então só posso dizer o que

meu coração está sentindo nesse momento. — Respira fundo e


sorri. — Você entrou em minha vida como um furacão, Lorenzo

Gonzáles. O furacão mais lindo e teimoso que se pode existir. Eu

não transformei você meu amor, você só colocou para fora, o que

sempre foi. Um homem maravilhoso, e um excelente pai. Obrigada


por fazer os meus dias mais felizes, por me preencher, por me

amar...

Ele para pôr um segundo e posso ver as lágrimas

transbordarem dos olhos.

— Eu te amo, e quero mais que tudo, ser sua para sempre.

Esperamos as palmas cessarem e balanço a cabeça a

olhando.

— Eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Aperto Diana em meus braços, afastando uma mecha de seu


cabelo que está caída sobre o rosto, então a beijo demoradamente,

sentindo as pétalas de rosas serem jogadas sobre nós.

Todo mundo grita eufórico, aplaudindo. Eu nunca pensei que ia

ser tão feliz.

Mais feliz que pinto no lixo.

Improvisamos uma incrível tenda para comemorarmos. O flash

da câmera sendo disparado quando seguro sua mão, assim que a


primeira música ecoa pelo ambiente.

A rodopio e a seguro firme em meus braços.

— Eu sou completamente apaixonado por você, Diana

Gonzáles. — Sussurro a beijando.

— Eu sou mais, muito mais. — Espalma a mão em meu peito.

— Você não espirrou dessa vez...

Pendo a cabeça, em uma sonora gargalhada.

— Deveria?

Ela nega e encosto a testa na sua.

— Está linda... Linda... — Digo contra seus lábios.

— Eu amo você. Amo muito. Por todos os dias da minha vida.

— Ahhh, inferno de mulher que eu amoooooo! — A ergo no

colo, sorrindo abertamente.

— Eu vou colocá-las no quarto. Liz está ficando irritada com


esse barulho. Volto já. — Diana diz, pegando Eva e Liz nos braços.
— Nós voltamos rapidinho. — Bianca sorri com Maya quase
adormecida em seus braços.

Balanço o copo de bebida nas mãos, me aproximando da


mesa onde os meninos estão bebendo.

Já dançamos, bebemos horrores e a festa está bem longe de


acabar. Dessa vez, eu e Diana somos os que mais comemoram.

Entre beijos e danças.

— Lá vêm o mais novo pai de família! — Arthur diz e ergue o

copo.

— Parabéns, irmão! — Patrick sorri me olhando.

— Quem diria que meu bebê, ia se tornar esse homem

honrado e lindo? — Arthur abre os braços, me olhando.

— Não liga, não. Ele está alcoolizado. — Chris rebate sorrindo.

— Quem chamou esse cuzão do caralho para cá? — Arthur


entorta o nariz quando Elliot se aproxima, junto de Enrique.

— Dois cuzões do caralho! — Heitor corrige tomando todo o

líquido de uma só vez.

— Parabéns novamente, Lorenzo. — Elliot aperta minha mão.

— Obrigado.
— Elliot veio a negócios, o chamei aqui. Espero que não se
importe. — Enrique diz me olhando.

— Claro que não...

— Eu me importo. Você é um seboso do caralho, Elliot! —

Arthur rebate com o dedo em riste.

Prendo a gargalhada que teima em escapar dos meus lábios.


Arthur não consegue controlar a língua ferina.

— E a Lua de Mel? Ansioso?

— Não queríamos ir agora, mas estamos precisando de um


tempo, as meninas estão bem e vão ficar em boas mãos. — Me
sento sorrindo.

— Qual o destino? — Chris me fita.

— Surpresa. — Ergo o copo e pisco.

Vamos passar apenas três dias viajando. Diana ainda está


aflita e confesso que eu também, por deixar as meninas. Mas

mamãe, tia Catarina e todos, vão cuidar muito bem dos meus
tesouros, e vai ser muito rápido.

Uma viagem apenas para nós dois.

— Vou atender. Só um minuto. — Enrique sai e nos sentamos.


— Depois que se casa e tem filhos, não se transa mais em
todo lugar, né Chris? — Arthur alfineta sorrindo.

— Eu ia adorar ficar pra ouvir os relatos de vocês, mas eu

tenho um vôo marcado. — Patrick levanta e se despede.

— Patrick vai viajar para conhecer a alma sebosa que vai


trabalhar com a gente. — Arthur resmunga, colocando o dedo na

boca fingindo um vômito.

— Boa viagem, irmão.

— Feliz Lua de Mel, novamente. — Diz sorrindo e o abraço.

Patrick vai ficar responsável pelos fechamentos do contrato

com o novo escritório de advocacia.

— Comigo não tem essa de tempo ruim para sexo, nem local...
Deu vontade, é creu! — Heitor diz pegando a garrafa de vodca e

enchendo seu copo.

— Falou o pica fina que geme mais que a Bianca!

— Vai tomar no cu, Arthur!

Pendo a cabeça para trás, quando Elliot vira o pescoço de

imediato, olhando Eudora passar e nos encarar de olhos levemente


arregalados.
— Oi, Bonequinha. — Elliot se ergue e para na sua frente.

Minha cunhada o fita.

Está vermelha e a respiração ofegante.

— Ih, ó cara ó! — Heitor diz sério.

— Saia da minha frente. — Eudora rebate séria. — Demônio!

Elliot parece se divertir, a olhando enquanto Eudora o fuzila,


furiosa.

Não pode ser.

— Acho melhor esperar o inferno congelar, se você acha que


ela vai te dar bola. — Digo assim que ele se senta.

Elliot sorri e balança o líquido âmbar no copo.

— Não espero que ela me dê. Só acho ela meio gostosinha. —


Diz dando de ombros.

Chris me encara e sorrio o olhando.

— Eudora é alucinada pelo pau no cu do Hugo. Só tem olhos


pelo imbecil! — Arthur diz sério. — Então desce do cavalo...

— Mas que seria legal vê-lo com um par de chifres maior que a
cabeça, ah isso seria. — Heitor gargalha sonoramente.
Elliot vira o pescoço, a olhando novamente. Eudora está

sentada de costas, conversando com mamãe.

— Vou transar com ela. — Elliot diz sério.

Arregalo os olhos e Arthur tosse diversas vezes. Chris deposita


o copo com tanta força na mesa, que por muito pouco não quebrou

o mesmo.

Heitor simplesmente gargalha.

— Nem se você fosse o último homem da face terra, cara.

— Por quê? Acha que não?

— Quer apostar? — Heitor rebate.

— Não façam isso. — Chris os encara.

— O que você quiser. — Elliot sorri.

— Não faz isso, sério. — Chris aconselha o olhando.

— Me tirem fora dessa! — Ergo as mãos. — Real!

— Se você transar com a Eudora, eu te dou meu carro. Zero.

Novinho. — Heitor balança as chaves do carro, olhando Elliot, que


sorri.

Parecem dois adolescentes.

Eu só sei que isso vai dar apenas uma coisa:


Treta!

— Que merda é aquela ali? — Chris se ergue e encaro para


onde ele está apontando.

Meu queixo quase caí no chão quando eu vejo Diana, Ágata,

Helena e Bianca tirando os vestidos longos, em único puxão,


deixando apenas um micro vestido aparecendo.

— Estou tendo um infarto. — Coloco a mão sobre o peito,

arfando. — Estou tendo a porra de um infarto!

Arfo, soprando o ar.

Os vestidos extremamente curtos, as meias e apenas saltos


altos, são os looks das meninas, que dançam em uma sincronia

invejável.

— Isso só pode ter sido ideia da Ágata. — Chris suspira.

— Vou matar a Bianca! — Heitor diz sério.

Enrique para, cruzando os braços e o encaro.

— Meu Deus! O que elas estão fazendo? — Eudora exclama,


parando ao meu lado.

— Fizemos isso na festa de casamento. — Arthur bate em

meu peito sorrindo. — O doce sabor da vingança, Lorenzinho.


Diana está sexy como um inferno, de tão quente e gostosa que
está.

— Problemas na mão, Enrique? — Arthur pergunta o olhando.

Enrique está extremamente sério, esfregando uma mão sobre


a outra.

— Não.

— Eu tô me divertindo muito. — Elliot diz sorrindo.

Viro o pescoço em um giro de trezentos e sessenta graus,


possuído.

— Vou dar na cara dele. — O fito sério.

— Eu te ajudo. — Arthur gargalha.

Diana vira, segurando o buquê e o joga para trás


sensualmente. As meias apertando as coxas grossas, vão me tirar
de órbita.

Ela joga as flores vermelhas para trás e o buquê cai


diretamente nas mãos de Bianca.

— Repreende de todo mal, senhor! — Bianca segura o

mesmo, o chutando para longe. — QUEBRA!

— Joga esse caralho longe, Bianca! — Heitor grita.


— Ah meu Deus! — Eudora grita assim que o buquê cai
diretamente em suas mãos.

Elliot sorri e ela fecha o semblante no mesmo instante, o


olhando.

— Sai de perto de mim!

Me aproximo sorrindo, olhando Diana ofegante me encarar.

— Estou bem puto, Bruxinha... Bem puto. — Digo com um tom


falso de raiva.

— Era essa a intenção. — Sorri enlaçando meu pescoço.

A beijo ferozmente.

— Diana... Você não perde por esperar.

— Promete que vai ligar para mim se algo acontecer? Dona


Clarisse, por favor...

— Minha filha, pode ir despreocupada. Elas vão ficar bem. —


Minha sogra sorri e me abraça.
Lorenza está segurando Eva e Liz no colo e respiro fundo.

Beijo Maya e sinto meu coração pequenininho.

— Elas são tão pequenininhas. — Beijo Eva e Liz e sorrio. — A


gente volta logo.

— Quem sabe com algum irmãozinho? — Lorenzo diz

sorrindo.

— Olha ele, em... — Arthur sorri nos encarando.

— Papai ama vocês... A gente volta logo. — Lorenzo as

entrega, depois de beijá-las uma última vez.

Ágata e Bianca sorriem e as abraço.

— Vai lá aproveitar a sua segunda de mel, cunhadinha. —


Ágata pisca me encarando.

— Dessa vez eu não fiz sua mala. — Aperto Bianca em meus


braços. — Vai lá, boba. Senta muito no Lorenzo.

— Você não muda, né Bia?!

Ela dá de ombros e sorri.

— Quem sabe um dia, Di...

— Vamos, Bruxinha? Temos um vôo longo pela frente.


Aceno, Lorenzo abre a porta do carro e entro rapidamente, ele
dá a volta e se senta ao meu lado. Sorrio para as meninas e ele
segura em minha mão, apertando-a.

Elas vão ficar bem.

Lorenzo da partida no carro e saímos rapidamente. Um carro


repleto de seguranças, na frente, nos levará até o aeroporto. E de lá

vamos direto para Deus-sabe-onde, pois meu marido não quis me


contar qual o nosso destino.

Carrego apenas o casaco, enquanto Lorenzo leva o carrinho


com nossas malas, nossos dedos entrelaçados e meus saltos

ecoando. O sorriso largo e o peito transbordando de amor.

— Não é o que estou pensando, é? — O fito enquanto encaro


o nome no painel.

Ele apenas me lança um sorriso.

— Quanta curiosidade, Senhora Gonzáles.

— Amor... — O fito parar ao meu lado.

— Vamos aproveitar tudo... Tudo que não aproveitamos na

primeira vez.
Desço da lancha com ajuda de Lorenzo e abro a boca de
imediato.

Estamos nas Maldivas.

Seguro o chapéu que teima em voar e o encaro sorrir.

— Meu Deus! — Sussurro o beijando. — Estamos...

É um lugar completamente diferente de onde tínhamos ficado.

Não são bangalôs suspensos na água. É uma enorme mansão,


rodeada de águas cristalinas, literalmente uma ilha particular.

Lorenzo tira os óculos e conversa algo rápido com o rapaz,

que sai em seguida. Um grito fino escapa da minha garganta


quando ele me ergue no colo.

— Fazer do jeito certo. — Me beija demoradamente.

— Achei que íamos ficar no bangalô dos seus pais... — O

encaro sorrir.

— Eu tenho ótimas lembranças de lá, mas queria fazer


novas... — Me coloca no chão e aperta minha cintura. — Precisava

de privacidade. Então seja bem-vinda, a nossa ilha particular.

— O quê?! — Arregalo os olhos o encarando.


Ele abre os braços sorrindo.

— Aliás, corrigindo, seu presente de casamento. — Diz

apontando para a enorme ilha.

— Lorenzo... Você ficou doido? Isso não é presente de


casamento! Isso é... É... Meu Deus!

Quem diabos dá uma ilha de presente de casamento?!

— Você merece o mundo, minha joia. — Pulo em seu colo e o


abraço com as pernas e os braços.

— Seu louco! Louco!

— Louco por você, Diana Gonzáles!

— Maluco! — O beijo demoradamente.

A mansão é incrível, tão linda. Abro a porta, encarando as


pétalas de rosas espalhadas no chão. As paredes rodeadas de

vidros e a visão ampla de toda a praia na frente.

Dois andares de puro luxo, três quartos e uma incrível suíte,


que toma todo o andar de cima.

Uma banheira enorme no meio do quarto e apenas a paisagem

gritante na frente.
Lorenzo abre o champanhe e sorri, me entregando a taça e

segurando uma.

A aliança brilhando em seu dedo, me faz sorrir.

Meu marido.

— Começa aqui, os melhores anos de nossas vidas. — Diz,

brindando comigo.

— Te amo.

Enlaço o pescoço e o beijo.

O gosto do champanhe se mistura ao beijo enquanto Lorenzo

segura meu rosto.

— Vou te foder tanto, Bruxinha... Que vai esquecer de como se


respira.

— Estou contando com isso, senhor Gonzáles.

Desligamos a chamada de vídeo com as meninas, já está um

pouco tarde lá e elas estavam dormindo lindamente.


Fizemos alguns passeios incríveis pela ilha, nadamos juntos e
fizemos amor ao relento, na areia da praia. Exploramos cada lugar.

Escadas, banheira, chão.

Lorenzo desceu e sorrio, saindo da cama, abro minha mala,


pegando a caixa de presente e balançando a cabeça.

— Virei depravada. — Me ergo, indo até o banheiro e fechando


a porta.

— Amor? — Ouço as batidas de leve na porta e sorrio.

Giro a maçaneta e vejo Lorenzo arregalar os olhos, me fitando.

— Meu Deus....

Engulo em seco, fitando-a de cima à baixo.

De baixo à cima.

Puta que pariu.

Puta que pariu.


As pernas grossas, vestidas com meias pretas, saltos pretos e
a porra de uma cinta liga nas coxas.

A calcinha completamente enfiada na bunda e a porra de um


vestido transparente deixando tudo à mostra.

DIANA NÃO ESTÁ VESTIDA DE BRUXINHA SEXY, NA


NOITE DA NOSSA LUA DE MEL NÃO, NÉ?!

— Quer me matar do coração? — Seguro sua mão, para ela

dar uma volta. — Meu amor...

— Meu presente de casamento para você.

— Você é o meu presente. Você é... Me mata logo, Diana. Meu


Deus! — Sorrio arfando e estalo um tapa na bunda da infeliz.

Diana é o cão, tão gostosa.

Os peitos fartos, os bicos roçando no tecido da roupa.

— Diana... Diana... Você acaba de acordar meu lado mais puto


e sacana. — Digo com a voz grossa, a encarando.

Meu Deus.

Meu pau está duro. Tão duro que dói para caralho.

— É isso que eu quero. Seu lado mais sacana...


Seguro em seu queixo e a beijo. Aperto a coxa grossa,
espalmando a mão, então acerto um tapa na nádega e ela geme
baixo.

As mãos passeiam pelo meu peito, arranhando-o e sorrio,


quando ela me deita sobre a cama.

Meus olhos estão fixos nos seus quando abaixa minha cueca,

e passa a língua pelos lábios. Ah que boca perfeita.

Trinco o maxilar quando a língua rodeia a glande, que brilha.


Diana me encara e um gemido desgraçado sai da minha boca,

quando ela abocanha meu pau.

— Filha da... — Grunhi baixo, quando ela o segura pela base,


engolindo-o e ao mesmo tempo manuseando.

Meu pau se contrai e ela não para de me encarar em momento


algum.

Desce engolindo-o, e sobe sugando a cabeça, com muita


maestria.

A encaro e sorrio.

Sinto a garganta se fechar e ela força mais ainda. Gemo,


sorrindo ao sentir a boca quente me envolver.

Diana passa a língua pelos lábios e sorri.


— Desgraçada, gostosa... — Gemo entre os dentes, a
erguendo e segurando em seu rosto, tomando os seus lábios com

volúpia.

Fico por cima dela, passando a língua pelo pescoço, sugando


um dos

seios com força, depois indo para o outro.

— Amor...

— Fica aí. Quero que experimente uma coisa... — Me ergo e a


encaro ofegante.

Me aproximo da mesa de cabeceira, abro uma gaveta, pego


uma caixinha com uma mão, e uma garrafa de vinho com a outra e
a fito sorrindo.

— Vou te embebedar. — Sorrio a erguendo.

Os olhos fixos nos meus, com uma curiosidade sem tamanho.

Mesmo exalando tesão e com aquele corpo de mulher...

Diana é minha menina.

— Lorenzo...

— Shiii... — Calo os lábios com meus dedos.

Abro a caixinha, e vejo seu rosto corar e me encarar.


— Vai fazer uma coleção deles... — Sorrio, tirando o plug anal.

— Você e essa sua mania de me dar joias... Não vai me dizer


que vou enfiar uma pequena fortuna novamente dentro do...

— Desse cu lindo? Vai. — Assinto sorrindo.

— Esse é... Maior.

Apenas concordo com a cabeça.

É maior que os outros que já tinha dado, e muito mais caro,


com toda certeza.

— Não é maior do que vai entrar aí daqui a pouco... —


Sussurro enquanto a viro de costas.

Aperto a bunda assim que Diana sobressalta com o tapa que


acerto.

— Confia em mim, Bruxinha?

Me encara e assente.

Beijo o pescoço, sentindo o cheiro de sua pele viciante me


golpear, o desejo mais insano correndo em minhas veias.

— Não vou fazer nada que você não queira, Diana. Mas vou te
provocar até você querer.

— Eu quero. — Dispara, olhando para trás.


Meu peito e meu pau inflam de orgulho.

Essa é a minha garota.

Minha boca desce por sua costa e abro as bochechas da


bunda perfeita, esfrego um dedo devagar, ouvindo-a gemer baixo.

Esfrego a boceta, que pinga de tesão.

Volto a atenção para a pele intocável, e puta que pariu, que cu


lindo.

— Eu quero muito me enterrar aqui, mas vou te preparar para


ser tão gostoso... Que vai ficar viciada. — Digo, lambendo de cima à
baixo.

Diana geme alucinada e aprofundo a língua, rodeando-o.

Me ergo, segurando o plug e colocando em seus lábios, Diana


o chupa, molhando-o e me encara.

— Só relaxa... — Sussurro em seu ouvido. — Fica de quatro,


amor.

Ela obedece prontamente e afasto a calcinha minúscula, a


bunda empinada e piscando de desejo.

Penetro um dedo lentamente, tirando quando sinto a carne


prendê-lo, causando uma fricção insana.
Forço o plug no buraquinho, que se abre e lentamente vai
sumindo.

Diana geme, segurando-se nos lençóis como se fosse


desmanchar ali mesmo. Dedilho a boceta, massageando-a devagar,
sentindo o creme denso se espalhar e a penetro.

O plug todo enterrado é a coisa mais linda de ser ver.

Beijo as costas, a nuca e sem esperar, penetro a boceta


quente, ouvindo seu gemido rouco se espalhar. A fodo forte, rápido
com o desejo aflorando dentro de mim.

— Ahh... Lorenzo...

— Filha da mãe, gostosa de um inferno! — Solto um grunhido


rouco, a estocando forte.

Diana empina a bunda e acerto um tapa, a penetrando sem


parar, a boca capturando a minha e o desejo insano gritando.

— Goza, meu amor... Goza... Quero me enfiar dentro de


você... Em todos os buracos. — Beijo a boca a virando de frente
para mim.

Me sento na cama e seguro o pau pela base.

— Senta.
Pendo a cabeça para trás quando sinto a boceta quente me
engolir, sumindo em sua entrada e Diana rebola como nunca.

É o inferno, de tão quente e gostoso.

Seguro em seus cabelos, chupo seu pescoço e ela geme.

Seu corpo se convulsiva, enquanto me ergo com ela agarrada


em mim, sem parar de foder. As pernas bem abertas e quicando em
meus braços.

Gemo. Ela grita.

A coloco sobre a mesa, sem parar nem um segundo de foder.

Diana goza, gritando e gemendo descontrolada.

Seguro a garrafa de vinho nas mãos, colocando sobre seus


lábios.

— Beba. — Peço sorrindo.

Diana, dopada de desejo, abre a boca. Despejo o líquido


vermelho, vendo-a engolir, um filete de vinho desce pela garganta e
lambo rapidamente.

Arranco a roupa, deixando-a completamente nua, aberta.

Derramo novamente sobre seus lábios, deixando cair de

propósito. O líquido cai, molhando os seios e a boceta, então desço


com a língua, percorrendo todo o caminho feito pelo vinho.

Diana segura a garrafa, virando-a de uma única vez.

— Vai ficar bêbada?

— Só quero criar coragem... — Diz sorrindo.

A tomo nos braços novamente e a coloco na beira da cama.


Diana tomou o vinho todo de uma única vez.

— Lorenzo... — Segura em meus braços e sorrio, tirando o


plug devagar.

Ela fecha os olhos e pego o lubrificante, colocando dentro do

buraquinho vermelho.

— Vai doer um pouco..., Mas eu juro que vai ser a melhor


sensação da sua vida. — Digo e depois beijo seus lábios.

— Tudo com você é gostoso, meu amor. — Diz com a voz


arrastada e sorri.

Não sei se é o efeito do álcool ou do desejo.

— Só relaxa... — Peço baixinho.

Respiro devagar e entro nela devagar, meu pau pulsa lá


dentro, esticado com as veias saltando.

MIL VEZES CARALHO!


— Lorenzo! — Morde o lábio me encarando.

Eu realmente me transformo de tanto tesão. Estou todo dentro


dela. Completamente dentro dela.

— Ahh, Diana...

Um pequeno grito escapa do fundo da sua garganta, mais de


desejo do que dor.

Meu corpo inteiro se arrepia e gemo descontroladamente.

— Lorenzo, por favor...

— Meu amor... Você é deliciosa. — Gemo contra seus lábios e


começo a me movimentar.

Diana se abre, balançando a cabeça e gemendo.

A penetro lentamente, com movimentos quase imperceptíveis,

só que forte ao mesmo tempo.

Estamos desnorteados de prazer e luxúria.

Ela relaxa, o que me faz tremer de tesão.

É loucura. Insano. Delicioso.

— Ohhhh... — É o único som que sai de sua boca. Um dedo


entra e sai da boceta, a levando ao êxtase em segundos.

Uma dupla penetração incrível.


Tremendo convulsivamente, sinto-a me apertar, enquanto a
fodo ao mesmo tempo.

— Eu preciso gozar em você... — Gemo a olhando. — Você

aguenta?

Aperto a cintura e ela se abre inteiramente.

— S-sim... Aguento. Tudo de você...

— Eu te amo, Bruxinha...

Digo em alto e bom som e acabo de vez com qualquer vestígio


de sanidade em mim.

Sinto os músculos se enrijecerem e Diana morde o lábio. Não


evito o gemido que me escapa, enquanto gozo alucinadamente
dentro dela.

— Estou bêbada — Diana ri, balançando a cabeça. — E culpa


é sua!

A puxo para mim, coberta de espuma e incrivelmente linda.


— Você fica linda bêbada. — Mordisco os lábios e ela me

encara. — Você foi feita para mim, em cada detalhe. Está dolorida?

Ela me encara e nega com a cabeça.

— Não... Estou ótima. Vamos de novo?

Gargalho a encarando.

— Quando esse efeito do álcool passar... — Sussurro,


segurando em seu rosto.

— Eu estou vivendo a melhor fase da minha vida, e quero viver


com você. E como você mesmo diz... — Diana se encaixa em meu
colo e sorri. — Cu de bêbado não tem dono.

Sorrio a olhando.

— Mas o seu tem. — Fico sério.

— Está esperando o quê, então?

Olho o sorriso aberto e gemo contra seus lábios.

O quanto amo essa mulher, meu Deus!

D ...
Abro a porta do carro, tirando os bebês confortos enquanto
coloco as meninas em seus respectivos carrinhos de passeio.

— Minha pequena Liz... — Seguro-a em meu braço sorrindo.

— Papai vai apresentar nossa nova casa para vocês.

Fito a enorme mansão, Diana segura Maya e Eva em seu colo,


que sorriem nos olhando.

— Acho que elas gostaram. — Eva está balançando os


bracinhos.

— E você, Maya? O que achou? — Pergunto.

Uma brisa forte nos faz sorrir, coloco as meninas novamente

no carrinho, empurrando ao lado de Diana pelo jardim gigante da


nossa nova casa.

Daquela que seria nosso incrível e lindo, recomeço.

— Se for um sonho, não me acorde, por favor. — Diz me


olhando.

Enlaço sua cintura e a beijo.

— Não é, meu amor...


— É o começo da nossa vida. Sem contratos. Sem segredos.
Apenas com um intuito: ficar juntos para sempre. — Enlaço os
dedos aos seus e ela me encara.

— Eu te amo, Lorenzo.

— Eu também te amo, Bruxinha...

Sorrio e ela entrelaça os dedos aos meus, enquanto


empurramos os carrinhos.

A minha redenção finalmente se cumprindo.

Fim...
A ...

— Tudo bem, Maya. Não precisa ficar brava. — Dou de

ombros, colocando Maya no tapete de atividades no chão da sala.

Incrível.

Falava que mulher nenhuma mandaria em mim, e agora tenho


quatro que me dobram.

Estão com seis meses e se acham as independentes. Maya e

Eva já se viram de bruços, e dão mini gargalhadas, que enchem

meu peito de amor.


Liz é a única que não acompanha as irmãs. É a mais calma e

odeia barulho, diferente das outras duas, que amam.

Ela tem o tempo dela, e está tudo bem.

E por mais que as semelhanças sejam gritantes, as


personalidades são diferentes.

Diana diz que Maya seria a minha cópia. Eu espero do fundo


do meu coração, que ela estivesse falando da minha simpatia.

Sorrio, olhando-a soltar uma de suas minis gargalhadas, a

pego e beijo-a.

Se eu soubesse o quanto é bom ser pai, teria sido antes.

— Achei que ela estivesse dormindo... — Diana desce as

escadas, com as mamadeiras na mão.

— Acho que não vai dormir tão cedo. — Suspiro, me erguendo

com Maya nos braços.

O interfone toca e Diana sorri, indo atender o mesmo.

— Você precisa dormir. A mamãe e o papai precisam brincar.

— Sussurro, vendo Maya sorrir.

— Chris e Ágata estão vindo. Marcaram algo?

— Não que eu saiba. — Digo, dando de ombros.


Quando Chris vem sem avisar, é treta na certa. Nunca vi cara
mais preguiçoso para sair de casa, na vida.

Nos mudados há alguns meses, mamãe e papai ficaram aos

prantos quando saímos. Só que eu e Diana precisávamos desse

espaço para nossa família.

Recebemos visitas de todos e eu amo.

Chris entra, junto de Ágata, que já corre pra tomar Maya dos

meus braços.

— Patrick não chegou ainda?

— Não. Por quê? — Indago o olhando.

— Ele disse que está vindo pra cá, pelo tom de voz, a coisa é

séria. — Chris suspira.

— Onde estão meus pestinhas?

— Foram pra casa dos meus pais. — Ágata sorri enquanto

Maya pula em seu colo, gargalhando.

Não passa muito tempo e Patrick entra, nos encarando.

— Que merda aconteceu? — Já disparo o olhando.

— A gente precisa conversar. Sério.

— É algo com a empresa? — Ágata indaga e Patrick assente.


— Fala Patrick, caralho!. — Rebato impaciente

Diana coloca Maya no bebê conforto, parece que ela entende

o que estamos conversando e fica nos olhando atenta.

— É sobre a nova advogada.

Patrick abre a pasta, tirando um papel e entregando a

Christopher.

— Eu só falei com alguns acionistas quando viajei, logo depois


do seu casamento, Lorenzo. Mas tive uma reunião agora com a

advogada que vai trabalhar com a gente.

Pronto.

Chris olha para o papel e encara Patrick. Olha para Patrick e

encara o papel.

Os olhos levemente arregalados.

— O que é, porra? — Disparo sério.

Chris me entrega a pasta e meus olhos vasculham tudo e, um

trecho me chama atenção.

Declaramos então por meio desse contrato, a inclusão de


Camille Castro Farfild, como advogada jurídica da Gonzáles
International Company.
Minha boca se abre e me sento no sofá, com mão sobre a

testa.

— O que aconteceu?

— Tá de brincadeira, né? — Indago, sentindo a garganta


fechar.

Patrick nega com a cabeça, nos olhando.

— Camille não é a tal ex noiva safada do Arthur? — Ágata diz


séria.

— Ela mesmo. Em carne e osso. — Patrick assente.

— Espera aí, deixa eu ver se entendi. Você quer dizer, que a


nova advogada que vai trabalhar lado a lado do Arthur... É a ex

noiva dele?

— É. Camille Fairfield.

Fodeu. Fodeu. Fodeu.

— Ela sabe? Sabe que vai trabalhar com o Arthur? —

Pergunto, olhando Patrick se sentar.

— Sabe, ao menos não ficou em choque quando me viu. —


Patrick sussurra, dando de ombros. — Ela tem um escritório
reconhecido na cidade. Ela e mais três advogados.
— Quem são?

— O irmão, uma tal de Suzanna Hastings... E Gregory. —

Patrick sussurra.

— Como você não sabia, Patrick? Como?

— Papai me deu documentos fechados, eu não sabia! Jamais


pensei que se trataria dessa Camille! Existem mil e uma no mundo!

— O Arthur vai ficar louco. — Diana me encara e passo as


mãos pelo cabelo.

— A gente precisa falar com ele.

— Não, Lorenzo. Enlouqueceu? — Chris se ergue, me


olhando. — Se Arthur ficar sabendo agora, vai ser pior.

Me ergo, o olhando.

— A gente vai esconder, então? Como? Um belo dia ele vai

chegar na empresa e dar de cara com a ex, sentada no lugar dele!


Enlouqueceu Christopher?! — Disparo sério.

Chris anda de um lado para o outro, e para nos olhando.

— Eu também acho que será melhor contar. — Diana fala.

— Não dá pra esconder isso dele pra sempre, amor.


— Ninguém vai contar nada disso pro Arthur. Vamos dar um
jeito. — Chris suspira nos olhando.

Sinto um arrepio desgraçado percorrer a minha espinha. Eu


lembro vagamente de tudo que Arthur passou, ficar cara a cara com

Camille, é trazer tudo à tona.

Mordo os lábios, me encostando na janela de vidro e Diana me

abraça pela cintura. Beijo o topo de sua cabeça, sorrindo.

— Não fica preocupado, vai dar tudo certo. — Murmura. —

Estou aqui.

Sorrio, beijando o topo de sua cabeça, a erguendo nos braços


e beijando-a.

Lembro do quanto Arthur sofreu com o término do


relacionamento, a traição de Camille.

Meu Deus. Isso vai ser uma catástrofe.

— Eu sei que vai, Bruxinha... Assim como você foi

minha Redenção. Arthur vai ser curar dessa Obsessão.


Diana me beija, enquanto fica de joelhos na cama tirando o

vestido.

— Que isso? Strip-tease? — Pergunto animado, a olhando.

— Nunca fiz antes... Tudo se tem uma primeira vez. — Sorri,

ficando em pé na cama.

Balanço a cabeça, a olhando.

Puta que pariu.

— Ah, minha Bruxinha devassa...

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