Rejeitada Pelo CEO - Aline Pádua
Rejeitada Pelo CEO - Aline Pádua
Rejeitada Pelo CEO - Aline Pádua
edição e ilustração, tornando-se um livro único. Espero que seja essa sua
primeira ou segunda experiência com eles, que ela seja incrível!
Boa leitura,
Aline
DEDICADO A
drama ou na leveza;
mais satisfatório;
chefe.
PRÓLOGO
CHIARA
certeza, não levava as coisas como Anne Liv Marini, mas aos poucos
sentia que nos ajeitaríamos. Cael Marini, irmão mais velho de minha ex
chefe, que viajou para fora do país. Além do nome diferente e bonito, era
guardado em minha memória, desde que nos vimos pela primeira vez há
felizmente, sobrevivi.
Sorri, sabendo que aquele era um bom dia para comemorar. Não
feira era que uma nova experiência se iniciou. Apenas conseguia pensar
tantos anos vivendo ali, apenas aceitei que minha mente já sabia antes de
Virei o olhar devagar e logo, encontrei o azul dos seus. Ele já não
forcei um sorriso, tentando disfarçar que ele não me afetava ainda mais
fora da empresa. Quatro anos trabalhando no mesmo lugar, e pela
primeira vez, encontrava-me tão informal ao seu lado. O mundo parecia
conspirar.
como seria chamá-lo de tal forma. — Posso lhe chamar de Chiara? Digo,
fora do trabalho?
bebida.
olhar azul mais ameno poderia significar. Só sabia que o simples toque
de seus dedos nos meus, causara-me algo que me fez querer focar apenas
na bebida. Não podia deixar meus pensamentos e ações irem para outro
lado.
Ledo engano.
Mal sabia que acabaria parando diretamente na cama de Cael
Taylor Swift
CAPÍTULO I
CHIARA
Cerca de dois anos depois...
embalada por seu toque. Não estava sendo um bom dia. Sentia-me
engolfada por sentimentos e sensações que nunca imaginei, não para com
ele. Mas a quem queria enganar? Cael Marini era a definição de pecado
e problema no dicionário. Poderia até mesmo conferir. O pior de tudo,
A cada dia ficava mais difícil fingir que não sentia nada e que
aquele acordo firmado há cerca de dois anos era o bastante. Não era. Pelo
menos, não mais. O que doía, era saber que para ele funcionava. Então,
algum dia da semana passada com outra ou até mesmo, outras. Às vezes
apenas me indagava do porquê me sujeitava a tal situação.
mente de uma mulher que se apegou ao primeiro que deu um pouco mais
sanidade. Indicação de sua irmã mais nova, Anne Liv, que viajou para
fora do país um longo tempo. Foi assim, que caí no colo de Cael. Não
Sua voz soou rouca, e sabia que pensava a respeito de meu diferente
modus operandi.
série, e que terminava com nós dois nus, entre bebidas e beijos, no chão
situação.
entender. Não estava nos planos ir para a cama com meu novo chefe e
CEO da empresa, uma semana depois de começar a ser sua assistente.
divertir nesse tempo, o que acha? Anne sempre me contou que é uma
ótima profissional, então, apenas separaremos esses dois mundos e...
o seu. Não tinha porque negar, a não ser, o fato de poder ser demitida a
Apaixonar-me por Cael não era uma opção. Mas quem disse que sabemos
todas as opções em pauta quando fazemos uma escolha? Foi aí, que
que era uma mulher madura e de mente aberta para algumas questões.
Porém, percebi que os dias passaram a se arrastar nos últimos meses e
sequer conseguia estar com outro. Além de que estar próxima a Cael,
recebi o vento da madrugada, feliz por um lado, de que amanhã não teria
queda.
me ler durante todo aquele tempo. Sabia que era o meu trabalho, estar a
empresa, era sua assistente pessoal. Uma espécie de Pepper Potts, que fez
o meu salário triplicar, assim como, começou a destruir meu emocional.
O homem ao meu lado não era Tony Stark, muito menos, considerava-me
importante.
Sorri sem vontade e repensei meus vinte e sete anos. Já era uma
apartamento próprio na área que mais gostava da cidade que sonhei como
trabalho na Marini.
Porém, era apenas o jeito Cael de conseguir o que queria ou fingir certa
minha mente sonhadora com um CEO de livros e sua beleza. Ele era
controle.
surpresa, e senti que não dava mais para mentir para ele, e
conseguia.
meu, e que depois daquilo, seu coração se tornaria também. Porém, quais
as chances reais daquilo acontecer? Talvez 0,01%. Se tinha algo que
conhecia sobre Cael naqueles dois anos, era que em seus 36 anos,
envolver-se seriamente com alguém não era um objetivo.
— Você é meu chefe, e a gente fode o que? Uma a duas vezes por
Sua fala saiu tranquila e senti a bile vir a garganta. Não dava
roupas estavam jogadas. Apenas passei o vestido longo pelo corpo e vesti
a calcinha, focada em achar minhas meias e tênis em seguida.
Ali notei, que era como se ele tratasse de negócios, mesmo que
estivéssemos apenas nós, frente a frente. Fora a última noite em seus
lo. Porém, no fundo, era como se precisasse. Necessitava lhe mostrar que
nos trataria como ele fizera, um mero negócio concluído.
que queria jogar o tênis em sua cabeça. Isso é tudo o cacete seu imbecil
de merda, segurei-me para não gritar. Porém, apenas me virei e segui
para fora daquele apartamento.
CHIARA
de folga que tanto almejei, de repente, seria apenas a base para dormir o
dia todo, diante da ressaca causada por vodca, vinho e rejeição.
— Saúde as pobres almas apaixonadas por cretinos de terno e
Cael. O dia mal começou e apenas queria esquecer que de fato existia.
Melhor, esquecer que Cael existia. Porém, o maldito era a causa de estar
daquela forma. Ainda mais, por ser um insensível. Soltei o grito entalado
simplesmente, não era para ser. No meu caso, impossível. Assim como,
dispensei várias mulheres durante os dois anos trabalhando com ele, fui
apenas mais uma. Tão clichê e dramático, que de repente, me peguei
“Sei
E na cabeça deu um nó
Mas amei
Preocupa não
Preocupa não
Preocupa não
Que eu vou tomar vergonha na cara
Preocupa não
que nenhum deles tinha a mínima ideia de meu envolvimento com Cael.
cabeça deu voltas. — Sei que ele odeia esse tipo de coisa, festa com a
Andei até meu escritório, sem conseguir acreditar que andava tão
distraída. Abri o planner e me deparei com o que sequer imaginava ser
naquele dia.
sobre meu corpo. Sorri para Noctis, meu gatinho de apenas três meses,
fazer algo diferente para Cael, e bom, se ele estiver na putaria, não
teremos como.
— Anne... — engoli em seco, imaginando o quanto aquilo
poderia ser errado. — Não sei se posso fazer isso. Pode custar meu
emprego.
Anne Liv surgiu do outro lado da linha e tive que sorrir. Ela era o
tormento de Cael: fato.
— É.
Se ela soubesse...
por mais horrível que pudesse parecer, estava dando graças a Deus por
Anne Liv me deixar em paz. Ela foi uma ótima chefe e era uma ótima
amiga. Entretanto, não era o meu dia para conversa. — Obrigada pela
ajuda, perfeitinha.
Toquei seu sorriso perdido, que tanto pensei ser meu, e que
e momentos tão únicos, que duvidava que fosse de fato algo congruente
com o tamanho do sentimento. O problema era que encontrava amor
que bastar.
CAPÍTULO III
CHIARA
— Mil infernos!
silenciou.
chocolate com álcool naquele grau não foi muito inteligente, porém,
acabou sendo um ótimo calmante. Dormi, serenamente, sem sonho algum
algum gêmeo, não era possível. Resolvi que o melhor era confirmar
para colocar a cabeça para fora e cometi meu pior erro ao fazê-lo. Os
Ele era meu chefe e para estar ali, em um domingo, com certeza,
raras vezes. Também, nunca foi uma questão de onde estaríamos juntos.
sobrancelha.
com raiva.
O que?
Queria era colocá-lo para fora. Da mesma forma como, fui mandada para
— Não preciso, já que aposto que deve ter sido muito engraçado
no que ele pensaria. Ajudei uma amiga e ponto, nada mais. Talvez aquele
— Não trabalho aos domingos e veja só, aqui está meu chefe! Em
Ele franziu o cenho e notei que nada de bom passava por sua
mente.
informações da sua festinha para sua irmã, já que quer uma explicação. O
— Não tem direito de estar na minha casa a essa hora e nesse dia,
preguiça.
— Veio aqui para que, Cael? Ficar discutindo sobre algo que não
está sob meu controle? Sua irmã descobriria de todo jeito os números e
cancelaria sua festa de putaria, palavras dela. — rebati e ele me encarou.
Notei que sua expressão parecia ainda mais furiosa. — Vir a minha casa,
mudará isso.
de tirar tudo para dormir. Ou apenas dormir com uma grande camisa
Porém, aquela ali, foi tirada em meio ao porre, então, só poderia estar
espalhada.
fala.
imbecil!
imaginando que minhas maquiagens, mais uma vez, iam para o chão.
chama assim?
que não era sua culpa, mas sim, das coisas que de repente entraram na
frente dele. Olhei para o chão, e ali estava minha base que custou um rim
— Filho mau!
Ignorando-me por completo, pulou no chão e o vi passar entre
minhas pernas e ir em direção a porta, como se não tivesse feito nada.
Assim que me virei, deparei-me com a cena que não deveria ser
tão bonita assim. Noctis, filho mau, agora passaria a ser conhecido como
Passei a mão por sua barriga, querendo parecer brava, mas era
impossível. Aqueles olhinhos azuis eram meu mundo todinho.
vida.
alguém estava ali comigo. É bom estar do outro lado da moeda? Segurei-
me para não perguntar.
engoliu em seco, abrindo a boca para argumentar, mas não disse nada.
Aquela era uma das poucas vezes que o via sem palavras. As outras,
que ele realmente queria. — Ficar brincando de estátua não vai esclarecer
minhas dúvidas.
Tudo o que queria era tirar aquela camisa cinza e todo o resto de seu
corpo. Beijá-lo pelo resto da noite e boa parte da manhã. Se eu desse um
passo, ele me daria aquilo. Aí, seria sexo, como sempre. Sexo por sexo,
poderia ter em qualquer lugar. Com ele, eu queria mais. Infelizmente, o
presença de Cael a minhas costas. Abri a porta e lhe dei espaço para sair.
Seu olhar pareceu preso no meu por alguns segundos, e o encarei,
unir nossos lábios. Ele era alto, cerca de um metro e noventa, entretanto,
meus vinte centímetros a menos não eram grande empecilho. Um passo e
teria sua boca na minha. Porém, escolhi o que era correto daquela vez.
Ignorar aquela atração.
parecendo confuso.
— Boa noite, Chiara.
Precisava espairecer.
CHIARA
Liv me dera como ensinamento em meu primeiro dia a seis anos atrás.
Suspirei profundamente, lembrando-me de como tudo tinha se
poderia ser rejeitada por alguém que não ia me envolver? Os dois anos
travesseiro que não usava. Tão meu menino, que era realizou aquele
deveria sair no dia seguinte para não atrasar. Cerca de cinco minutos
depois de sair de casa, estou à frente da recepção da empresa. Dou bom
Levantei o olhar apenas o suficiente para desejar bom dia a pessoa ali
dentro, sendo recebida por um sorriso de Leonardo. Ele tinha uma aura
leve, diferente da maioria das pessoas que trabalhavam ali. Como o novo
assistente pessoal e executivo de Anne Liv, que voltou para o Brasil a
cerca de cinco meses, todos disseram que ele não daria conta por uma
semana. Até mesmo, cheguei a pensar que seria remanejada para o cargo
antigo, entretanto, contrariando todos, ele ainda estava ali e apenas ouvi
elogios a respeito.
virou, e pela primeira vez, em todo aquele tempo trabalhando com ele,
admitir. E por um longo tempo, foi apenas aquilo. Sexo depravado com
meu chefe, que além de tudo, eram um homem sexy como o inferno.
mesmo, aquele sentimento que sequer sabia dizer quando nasceu. Não
mulher livre para explorar o prazer que queria, e quando queria. Porém,
sempre me vinha voltando para seus braços. Assim como, ele vinha para
que fazíamos. Hoje, vejo que minha mente não enxergou tão cedo o que
Ali estava eu, apaixonada por alguém, que com toda certeza, não
Olhei para meu relógio e já eram exatas oito horas. O que significava
uma coisa: hora de começar o dia. Dei duas batidas na porta e adentrei o
grande espaço.
apenas uma camisa de cor azul clara, a gravata em outro tom de azul e o
perdemos ali dentro, e era um caminho que sempre preferi trilhar. Nada
fazer-me de invisível.
pouco mais de trabalho. Sempre preferi o papel para anotações por ser
Enquanto Cael acompanhava tudo em seu tablet, ali estava eu, com meu
planner executivo, repassando cada mínimo detalhe do dia. O trabalho
incomodado.
como já não existia nós fora do trabalho, o assunto não seria explanado.
Ou melhor, nunca houvera nós.
— Fale com Garcia, e peça para que Anne Liv vá. — Assenti e
Tony Stark. Por que diabos era tão fã de homem de ferro? Aliás, Cael
sequer parecia com ele. Estava mais para uma versão de Capitão
América, que com toda certeza, não aprovava. Como sempre, começava
a vagar por minha mente.
aquilo. Cael Marini era metódico, e sabia bem. Mais uma vez, ele me
tratava como um de seus contratos. Aquilo me doía, ainda mais, porque
tentava me blindar. Nada além do fato de não o ter respondido como de
costume mudara. O que vivíamos era fora. Mesmo assim, parecia ter
incomodado.
algo diferente no ar, e sabia que era o fato de meus sentimentos estarem
expostos há poucos dias. Se nem mesmo eu conseguia entendê-los, quem
em mente: trabalhar. Por mais que Cael fizesse parte de minha vida, o
deixaria no único lugar plausível dali por diante, como meu chefe. Em
CHIARA
horas de SP.
aconselhar, algo que raramente fazia. Tal assunto era código vermelho
entre nós. Ela falava sobre quando estava pensando demais ou em modo
sempre. O que sabia de fato era que ela terminou tudo entre eles. — O
Era meu horário de café, e como Cael tinha saído para um café de
passou despercebido.
lado. Por aquele motivo, sequer comentei com ela sobre o que aconteceu
com força, sentindo minha garganta doer. — É uma merda ser rejeitada.
sua pergunta foi como um tapa na cara. — Se liga, maninha. Posso ver
pelas suas fotos que não tem mais aquele brilho. Aliás, a forma como
tem parado de comer. Só faz isso quando parece sem vontade de nada.
frutas. Seria normal comer aquilo entorno das três da tarde, se não fosse
pelo seu chefe? — ironizou e sabia que vinha mais por ali.
caso com o chefe poderia dar certo? Ainda mais, assistindo Netflix
juntos? Qual é, Chia? Você já estava amando esse cara sem sequer
perceber.
— Ou seja, tudo criação da minha mente romântica. — Acabei
período.
apartamento, e me sentir mal, pela primeira vez por tal coisa. Poderia ser
meu ego? Minha imaginação fértil de romance com o chefe? Ele era o
mesmo tempo que sabia que tinha mais cinco minutos de meu intervalo.
direto para a sua sala, parando a minha frente. — Tenho que ir. Nos
então, não existia embasamento algum. Porém, olhar para ele, era como
completa maluca. Presa em um ciclo sem fim. Ainda assim era bom olhá-
lo, por mais que lembrasse a cada instante de nossa conversa na sexta-
Cael era homem que sempre fazia reuniões com diferentes advogados
grande porta atrás de si, soltei o ar que mal sabia que segurava nos
últimos segundos. Minha mente poderia até mesmo fantasiar alguma
ir para casa de minha mãe, fugir da selva de pedras. Era o melhor jeito de
me reencontrar de fato.
elevador.
Era uma boa tática para não pensar de fato no presente, e que Cael estava
tão próximo, que poderia sentir a tensão entre nós. Aquela atração mútua,
que provar tanto para mim quanto para ele, que nada mudaria. Meu
trabalho vinha em primeiro lugar, sempre deixei bem claro, e sabia que
escolhido dezenas de vezes por ser o local mais prático para que ele ou
Anne Liv fossem.
oposto do primo.
— O que faz perdido por aqui, Pablo? — indaguei, e ele piscou
e de sigilo. — Ele foi ao banheiro, mas logo deve voltar... Não sabe sobre
o teor da reunião? — indagou de repente, e neguei com a cabeça.
o.
Se tinha algo que Pablo Marini não fazia, era ficar quieto.
— Cael tinha que ter contado. Ele tinha que ter feito isso. —
pareceu ainda mais nervoso e passou as mãos pelos cabelos. — Eu vou
apertou minha mão com carinho. Pablo era um amigo, acima de tudo.
Pelos seis anos trabalhando na Marini, descobri nele, uma ótima pessoa.
Assim como foi com Cael. Infelizmente, com o último, atravessei uma
linha que não deveria.
Ali, tudo fez sentido. Caindo como uma bomba em meu colo.
sabe lidar sequer com o sentimento alheio. É bom apenas em fechar seus
negócios, senhor Marini. Então, saiba que acabou de fechar mais um. —
Levantei as mãos e bati palmas. Sabia que olhares se virariam para nós,
demito.
vezes, levei a boca, e senti o gosto suave. Cael não valia aquele vinho,
mas, era por uma causa nobre. Ao menos, para mim. Sorri e levantei a
taça, jogando todo o conteúdo em seu rosto no segundo seguinte.
CHIARA
por ser desumano. Tive que rir sem vontade de me minha ilusão. Escorei-
me contra a porta e me lembrei que não era do tipo que chorava sóbria.
Cael, e mais, custava o emprego que tanto amava. O emprego que tanto
cidade que sempre idealizei como lar, até o momento, em que São Paulo
empresa e ainda mais, manter minha vida ali. Senti algo macio passar por
minha perna e me permiti sorrir. Sentei-me no chão no mesmo instante, e
pena em minha vida – Noctis Moreira. Só poderia ser ele, pois era meu
filho, ainda por cima, felino. — Bom, lembra do cara no qual se esfregou
ontem? Então, ele queria nos mandar para outra cidade, longe da nossa
que ele não pode agir como um profissional, Noct? Ou quem sabe, como
um velho amigo, mesmo sabendo que não somos? Sei lá, acho que
esperava muito de Cael, mesmo que soubesse que seu amor era
esquecê-lo. Sabia quais eram os próximos passos, mas não queria pensar.
Assim que ela atendeu, nem lhe dei tempo de dar oi.
— Que tal ter sua irmã por um bom tempo ao seu lado? Tocando
deixar claro que iria até o inferno por mim. Infelizmente, sentia-me nele
naquele momento.
inferior. — Disse uma vez que ele era o melhor. Preciso de um bom
advogado agora, para me orientar no que fazer caso Cael não aceite meu
apagar em uma ótima noite de sono. Mas aquilo, seria, ao lado de Nina,
revendo minha família. Engoli em seco e então, comecei a ditar para ela
Por mais que fosse o certo, não queria encarar Cael pelo tempo do
— Então, pela primeira vez na vida, não vai agir como uma
profissional? — a indagação de minha irmã não foi uma surpresa.
daquilo. — Aliás, por que não fala com sua ex chefe? Anne Liv vai
— Anne Liv não tem nada a ver com isso. Não quero envolvê-la.
— Não quer que ela saiba, isso sim. — Revirei os olhos, mesmo
— Obrigada.
— Mas enquanto isso e não tiver resposta, porque não pensa no
feito isso.
nada tentar.
minha boca.
minha mente apena girava em torno do fato de que sempre dei meu
melhor para aquela empresa. Por que simplesmente, não poderia dar o
cara: porque tinha me apaixonado pelo chefe. O pior erro que poderia
cometer.
CAEL
— Cael.
Porque se apaixonou.
palavras saíram de sua boca. Foi como uma bomba ou choque, não
conseguia entender como ela poderia se apaixonar por mim.
com outros, nunca cobramos nada um do outro. Então como isso foi
acontecer?
aquilo.
Chiara sempre deu tudo de si nesse emprego, e ela não deixaria o que
sente por você falar mais alto.
Só pensei que seria melhor para ela, não quero que ela sofra por ter que
me ver ou...
mesmo era pensando em si. Não sabe lidar com o fato de que Chia é
apaixonada por você, e resolveu, simplesmente, a mandar para longe. É
ela deu algum indício de que sentia algo em algum momento. Você que é
cego demais, só pode.
de Chiara foi diferente. Isso não justifica a magoar, mas me assustou pra
caralho. — Confessei, e vi seu semblante mudar. — A considero uma
amiga.
— Olha, vou dizer isso uma vez e espero que entenda, ok? —
assenti, sabendo que Pablo era como um irmão mais velho para mim.
Não existia possibilidade de seguir conselho de outra pessoa que não
fosse ele. — Talvez o que viu no rosto de Chiara seja realmente diferente,
porque o que ela sente é real. Diferente das outras mulheres que se
perceber.
Sem me dar tempo para responder, ele saiu. Encarei o outro lado
da mesa vazio, e foi impossível não me lembrar de todas as reuniões que
Moreira era a junção de tudo o que mais admirava. Percebi que tinha
cometido um grande erro. Infelizmente, foi preciso levar vinho na cara
para perceber e pior, magoando-a ainda mais. Suspirei, cansado de toda
Eu te amo e não posso fingir que consigo te dividir com o mundo dessa
forma. Porque eu não posso.
Talvez Pablo estivesse certo, e não soubesse lidar com aquela declaração,
e ainda mais, com a verdade estampada no rosto de Chiara. Ela me
amava. Por algum motivo, pela primeira vez, não repudiei tal sentimento.
Era como se na verdade tentasse entendê-lo e mais, o medo me atingisse
com força.
CHIARA
Para curar minha falta de sono apenas uma boa maquiagem, que
meu reflexo, e notei que estava, aparentemente impecável. Por que não
Colocar aquele papel a frente de Cael e torcer para que não se negasse a
me dar o que pedia. No fundo, sentia que ele não o faria. Já que me
queria o mais longe dali, com toda certeza, não me ter durante o aviso
prévio seria um alívio.
rapidamente meu relógio de pulso. Oito horas, e com toda certeza, Cael
suficiente para poder levar o que fosse necessário. Sem cena dramática
de sair com uma caixa em mãos. Aquela parte, realmente, era
dispensável.
que quisesse agir como alguém que conseguia controlar tudo, não existia
chance de fingir que Cael não fizera aquilo. Ia além do fato de ele não me
amar, já era esperado. Porém, nunca esperei tanta falta de consideração.
Ao menos, pensei que meu lado profissional fosse algo importante para
ele.
tentava. Seu olhar desceu para a pasta que carregava. Notei então que em
naquela decisão. Não trabalharia mais com ele. Sem dizer absolutamente
nada, ele parou a frente de sua mesa e pegou a pasta em mãos, abrindo-a.
O silêncio perdurou, enquanto ele lia atentamente cada linha, e não pude
frio mostrado no âmbito do trabalho. Talvez aquela fosse uma das razões
para ter me apaixonado. Ele ter me mostrado uma parte de si, longe do
trabalho e além do sexo.
Sinto muito por ter agido daquela maneira, Chia. Sei que cometi um erro.
trabalho.
me chamar daquela maneira. Ele não tinha mais aquele direito. Abri a
boca para corrigi-lo, porém, ele foi mais rápido. — Talvez eu não esteja
sabendo lidar com isso e não quero que pague o preço. Nunca quis que
pagasse.
sairia dali sem ter aquela carta aceita. — Não preciso dessa merda na
minha vida, Cael. — Apontei o dedo em sua direção. — Sou uma mulher
que sabe o que quer, ao contrário de você. Portanto, apenas espero que
para longe e não saber lidar com o que sinto. — Enfatizei, e ele pareceu
perder a pose. — Talvez nem eu mesma saiba, quem sabe não abriu meus
processo, certo?
palavras. Longe de tudo, apenas nós. Talvez fosse daquela maneira que
Estendi-lhe a mão e notei seu olhar passar para a mesa. Ele então
apertou minha mão e aquela conexão gostosa que apenas sentira com ele,
percorreu cada célula de meu corpo. Queria ser puxada e tomada por seus
beijos. Assim como, afastar-me e nunca mais encarar seu rosto. Optei
respeitar que meu estado não era capaz de absorver uma conversa
naquele momento.
internamente.
levou até ali. Alguém havia lhe contado sobre o que aconteceu, e
claramente, não foi Cael.
CHIARA
Apenas ela sabia que chegaria naquele dia, e com toda certeza,
envolvida por ela dava-me paz. Fazia um longo tempo desde o momento
em que realmente passaria mais de um fim de semana com ela e minha
meu peito e dei de ombros. Sabia que Nina não se calaria a respeito, e
com toda certeza, dispensou mil maldições sobre Cael para nossa mãe.
— Mas quero sua versão dos fatos, Nina tende a ser um pouco...
aproveitei para trazer Noctis para cima. — Aliás, que saudades do meu
netinho favorito.
gato.
de Noctis e entrar.
Voltei até o carro, parado à frente da casa onde cresci. Sempre era
final de ano. São Paulo era meu sonho e lar desde muito jovem, porém,
ali, sempre seria uma parte de minha alma, e poder ficar por um longo
período, mesmo por motivos não muito felizes, fazia-me ao menos, ver o
do lado de fora, tentando tirar a mala que poderia pesar uns trinta quilos
facilmente.
tempo parar. Meu vizinho, amigo, primeiro beijo e até mesmo, primeira
vez. Ele era o mar de emoções máximas que poderia ter vivido naquela
indagou, e tive que sorrir, assim que ele colocou a mala no chão.
Bateu em minha testa, para provocar. — Aliás, ao que devo sua ilustre
assunto de Cael. Apenas minha família sabia a respeito, e por mais que
confiasse em Lúcio, não era um assunto que gostaria de tratar com ele
naquele momento. — E você? Não deveria estar no trabalho nessa hora?
que...
diferente.
acredito que Lúcio Alves está apaixonado. — Apontei para seu coração,
tentar.
suas bochechas com força. Gesto que ele odiava, mas adorava vê-lo
Tente não se matar com as malas. — falou, assim que se dirigiu para a
sorrindo.
estar, paralisei diante da cena que me recebeu. Minha mãe estava deitada
no sofá, com Noctis sobre sua barriga. Ela com certeza caíra no sono, e
cobrindo suas pernas. Poderia até imaginar o porquê de estar tão cansada.
Ela acordava todos os dias com as galinhas, como a mesma diria. Aquilo,
surpreender minha irmã no trabalho. Com toda certeza, ficaria puta por
não a ter avisado que chegaria hoje, entretanto, seria um bom esporro,
com um imã e segui para fora de casa. Assim que encarei a rua mais uma
vez, senti que estava onde deveria. Pela primeira vez, em meses,
aquela página.
que aquele lugar resumia nossa mãe por inteira. Ela foi a mulher que
batalhou contra tudo e todos para dar a mim e Nina a oportunidade de
rosa e branco que lhe caía superbem. — O que gostaria de provar hoje?
nome.
dizer onde Nina está? — indaguei, assim que colocava o sonho sobre um
prato e em seguida, a minha frente, no balcão.
quem sabe, onde minha irmã estaria, vi-a descendo. Ela não me notou de
imediato, claramente, falando com alguém no celular. Aguardei então,
que ela seguisse o caminho, e a pararia assim que passasse ao meu lado.
— Eu sei que não está tudo bem, mas mesmo assim... Obrigada.
— Sua voz soou baixa assim que se aproximou e notei seu olhar perdido.
Era um assunto que a afetava, e com toda certeza, forçaria aquele túmulo
a se abrir.
Assim que ela parou ao meu lado, praticamente pulei a sua frente,
conversa.
altura de Nina. Porém, nunca vira uma mulher mais linda que ela. Abri os
braços e sorri abertamente.
nada, e mais... O que veio fazer aqui se disse que ia atrás de emprego?
CHIARA
reclamar. Era irritantemente perfeito para mim. Sabia que logo mais,
algum funk iria estourar pelo local todo. Aí sim, me deixaria levar por
completo.
Duas doses de tequila foram colocadas a nossa frente, assim
como limão e sal. Olhei para minha irmã e sorri. Amávamos aqueles
quando fazia o mesmo com Cael. Dois completos malucos que adoravam
A bebida não era solução para nada – fato. Porém, era uma boa
em que Nina desceu até o chão. Fiz o mesmo no segundo seguinte, sem
me importar com nada. Sentia-me triste pelo que acontecera, mas nada
minha cara.
Aguenta, vai!
em tal horário.
Ela não era nem um pouco fã de sutileza. — Aliás, pode ir nos contando
sobre o encontro enquanto procuramos algo para comer e te
sertanejo, e poderia jurar que era alguma perseguição para que lembrasse
líquido preto a boca, que só poderia ser café. Notei Lúcio com uma
Nina, aproveitando o teor da conversa. — Sei lá, por mais que a queira
lado.
Acompanhei-a, e Lúcio não se fez de rogado. Ele poderia até ter
dito que não rolou algo, mas ali, entregue como nós, sabia que os três
estavam na mesma.
Ô ô ô, ô ô ô
CAEL
dedos tocando meu ombro, como se para chamar atenção. Mal sabia ela,
ignorar.
jeito fosse ir para casa beber, e não me encontrar com meu primo. Sequer
la para casa. Entretanto, ali estava eu, sem conseguir foder com alguém,
nada e que realmente não era uma boa noite. Ela não a melhoraria. Acho
meu primo, que trazia seu semblante sereno de sempre. Muitas vezes
sorridente, entretanto, nunca foi meu forte. Não era bom em muitas
contasse.
— Um uísque duplo. — Ele pediu ao barman, que logo o serviu.
Seu olhar virou para o meu, assim que se sentou ao lado. — Então, como
está?
— Sério que me pediu para vir aqui para saber sobre bem-estar?
atenção. — Sei que não tenho que me meter nas brigas de vocês, mas
vimos mais. Fazia apenas uma semana em minha conta, e não conseguia
dentes, por isso, já esperava tal reação. E já imaginando que Chiara não
falaria abertamente sobre o que aconteceu e acabou de sair dali, só
daqui? Não se esqueça que sou tão dona quanto você dessa empresa! —
Faça-me o favor, irmão. Chiara devia ter quebrado a taça em sua cabeça
de merda!
mais perdido.
revidei.
amarras e tudo mais. Sou como você, afinal. Mas, sempre vi os olhares
entre vocês que existia algo diferente. O que você não viu, ou ao menos,
— Anne...
houve e o que ele sabe... Mas se alguém diz que te ama, ao menos, tenha
respeito.
me perdido.
que foi?
— Essa semana foi ferrada na empresa, não é? — indagou e
casa de Ulisses?
aquilo.
Chiara era uma amiga e eu ferrei com isso. Não queria ter feito, e não sei
além de me informar que não poderia subir, soltou depois de muita lábia,
que ela estava de férias. — Admiti sem vontade.
— Acha mesmo que ela era uma amiga? Simples amiga? —
massacrante dela era apenas pelo fato de termos passado os últimos dois
anos lado a lado. Seja na empresa ou em uma cama. Porém, Chiara nunca
foi apenas uma foda, sempre a considerei uma amiga. Por que não
queria me redimir por aquilo. Não porque esperava que ela voltasse para
minha cama ou até mesmo como minha assistente. Não sabia nem o que
esperar. Entretanto, doía saber que fui o responsável por colocá-la
daquela maneira para fora de minha vida. Chiara até então era uma
constante.
— Já parou para pensar que pode estar sentindo o mesmo que ela
e por isso correu? Optou por afastá-la? Com medo do que você sente? —
indagou e o encarei sem a mínima vontade.
— Eu não...
com muitas mulheres, primo. Mas se tem aquela para qual sempre volta,
é melhor se preparar.
mesmo.
voltaria ao seu lugar, e que a falta de Chiara em meu dia e dia, e noites,
não seria tão massacrante. Ledo engano. Era apenas o começo de meu
martírio.
CAPÍTULO XI
CHIARA
Semanas depois...
— E outra, já faz quase um mês que não piso em casa, preciso começar a
enviar currículos e mais, terminar a decoração. E não quer dizer que vou
esbarrar em Cael em alguma esquina.
— Mas com certeza vai esbarrar com ele no aniversário da irmã.
Preciso superar Cael, e estar frente a frente, pode me dar a chance de não
o ver como antes.
assunto, caso não insistisse. — Por que não vai a festa de Anne Liv
— Chia! — ralhou.
sofrer pode socar a cara de Cael. De toda forma, eu passo próximo final
de semana aqui. Não vai ser o fim do mundo.
— Você joga baixo. — Reclamou, e gargalhei.
Agora, deixa eu tentar separar Noctis da nossa mãe. Nunca vi tanto amor
pelo neto.
paralisar. Desfiz o sorriso e engoli em seco. Não, não poderia ser aquela
ar de repente.
no outro.
a essa festa?
olhos, odiando aquele gesto. — Por mais que queira cuidar de mim, sei
fazer isso. Se estivesse grávida... Bom, seria isso e ia pirar um pouco.
quarto em seguida.
se deu bem com crianças, e sequer pensava em ter filhos. Com toda
certeza, ao me ver focar tanto no trabalho quanto ela, mamãe já
imaginava que não teria netos. Nunca parei para pensar de fato,
suspirei.
sentia falta de São Paulo, do meu apartamento, dos meus amigos de lá...
família, sentia que já era hora de voltar, e de quebra, encarar Cael Marini
mais uma vez. Acho que aquele reencontro era inevitável, porém, estava
No fundo, apenas torcia para não sentir nada. Mesmo que fosse
apenas minha pobre mente querendo enganar meu bobo coração. Ele
banda favorita de minha mãe: saudade que eu sinto de tudo que ainda não
vi.
apartamento.
porta do apartamento.
o quanto o porteiro era astuto, e com toda certeza, existia boletos e algo
mais para pegar na portaria. Deixei tocar até que desistisse, e decidi que
mais tarde, desceria de uma vez e resolveria o que fosse. Ainda não era
uma volta de fato para minha vida normal. Porém, o aniversário de Anne
me dera o impulso que precisava para finalmente voltar e colocar a vida
no lugar, antes de trazer minhas malas de volta. Ir e ficar mais tempo que
de costume, fez-me perceber que deveria dar mais espaço em minha vida
por alguns instantes. Apenas conseguia pensar por onde começar ali. De
eram desse teor, me remetiam a ele, porque era o que fazíamos juntos
quando não se tratava de trabalho ou prazer. O que me fazia lembrar de
outro.
fizera, não éramos para ser. Minha declaração soou como uma bomba
entre nós, abrindo uma cordilheira.
CAEL
quando se tratava de seu aniversário, ela não deixaria por menos. Era o
mesmo que ela fosse a pessoa mais irritante que conhecesse. Olhei ao
diretamente pela cozinha. Assim que pisei no gramado coberto por algum
material que facilitaria a disposição das mesas e o fluxo de pessoas,
Notei que se virou e disse algo para nossa mãe, e já até poderia imaginar.
estava. Contudo, não tinha como resolver aquilo sabendo que Chiara
ultrapassar uma linha, e temia, magoar ainda mais aquela mulher. Chiara
a tempos, mas... Uma trégua, por favor? — indaguei e notei que ela
mas como seu irmão mais velho, a conhecia muito bem. A pouca
percebi o quanto sinto falta dela, que esteve tão presente nesses últimos
dois anos, que é como se... Não soubesse o que estou fazendo sem ela.
Não sei como resolver essa situação. As vezes penso que o melhor é
deixá-la me odiar, do que me amar. Mas sinto que não posso deixar tudo
acabar assim, como se a tivesse tratado como um negócio.
acontece?
me sinto perto dela novamente, assim como, não a machucar mais. Não
um homem a tiracolo.
extasiado por sua presença. No outro, senti que ali estava a resposta para
coração.
— Aquele é Leonardo, meu assistente. — O tom surpreso de
como, estive com outras mulheres desde que começamos nosso caso.
Porém, ver aquela cena a minha frente, com ele a guiando pelo salão, fez-
apartamento. Aquela porra doía, ainda mais, porque seu olhar sequer
vazia com outro e tudo se passava em minha mente, até mesmo o álcool e
seu olhar, via o misto que o meu se encontrava. De alguma forma, era
trás do jardim, onde a música não era tão alta, e apenas encontrei um
encontro e que com toda certeza, era com um velho amor. No dia do meu
perdidas.
— Sei o que faz aqui e o jogo que quer, mas eu não vou cair
escondido sob a árvore, e com toda certeza, não me via a poucos metros.
— Não sou o mesmo idiota de antes, Nina.
Aquela cena, fez-me perceber que nunca tivemos tais momentos fora de
sentia falta de algo que sequer tivemos. Por que nunca fizemos aquilo?
poderia ser tarde demais para conversar com Chiara, e quem sabe, tentar
nos entender. Tentar entender como ela chegou a se apaixonar, e como eu
festa. Vi o caminho livre, e não pensei duas vezes em chegar ao seu lado.
Quando faltava pouco para alcançá-la, notei sua postura mudar, e o
momento.
CHIARA
por ficar. Terceiro: minha bunda parecia boa demais dentro do vestido
fosse. Não sabia ler astros, então, de três, optei por duas, e estava
anos, sempre te chamei para vir, mas nunca apareceu. Por que dessa vez?
banco do carona. — Qual é? Você odeia vir a São Paulo, sempre deixou
claro. Não é por cuidado, tenho certeza.
e percebi o quão fora sério o que aconteceu entre eles. Mas ainda assim,
não sabia onde ela queria chegar. — O nome dele é Pablo Marini.
isso, e não vou desistir por nada. Meu Deus! Pablo... Como nunca
interliguei?
fazer o mesmo.
— Aquela foi uma noite difícil e percebi de fato que era tarde
presente.
perguntar sobre como você poderia prosseguir caso Cael não aceitasse a
Nem faz essa cara, não tinha como saber que era justamente o cara do
Enfim, ele me ajudou, e no fim, fez questão de me contar que está noivo.
segundo, imaginei que fosse algo armado pela família Marini ou até
lo, mas fui eu quem nos colocou nesse patamar. Pisei no coração de
quando Nina decidia algo, ninguém lhe tirava da cabeça. Então se ela
decidira que ficaria com Pablo, seria bom ele estar certo sobre o tal
que ela se apressou a adentrar o local, sem sequer olhar para trás.
Ali soube que minha irmã conhecia os Marini muito além do que
eu imaginava.
— Chiara?
Virei meu olhar e me deparei com Leonardo, que sorria
amistosamente, como sempre. Não pude deixar de notar que ele estava
requinte da festa. Nunca entenderia como Anne Liv não se sentia atraída
por ele. Na verdade, a entendia, porém, no meu caso, era por meu
Coração ridículo!
— Ei, Leo! — fui até ele, e nos abraçamos. — Acho que sumi. —
bestificada, mais uma vez, com a beleza do lugar. Ainda mais, com o
bom gosto de Anne Liv para suas festas. O lugar estava lindo. — Como
Malu está? — indaguei, e o sorriso em seu rosto foi tamanho, que sua
covinha apareceu.
solteiro, e pelo pouco que sabia, ela era seu mundo todo. — A cada dia,
aparece com uma nova vontade para o futuro.
— Juro! — sorriu. — Essa semana ela disse que quer ser modelo,
e aposto que semana que vem será algo como bióloga.
sabendo que aquele era o jeito Anne Liv de ser, ao menos, para as
pessoas que considerava como suas.
força.
Notei o olhar de Anne Liv mudar, e ela aceitou seu toque, apertando mão.
— É um presente simples, mas, espero que goste.
— Obrigada, Garcia.
champanhe, sabia bem. Assim que levei a taça a boca e senti o sabor, fora
como uma explosão de lembranças ao lado de Cael.
Saí de perto dela com Leonardo a tiracolo, e pude jurar que o ouvi
soltar o ar assim que estávamos a passos suficientes de distância.
— Vou fingir que não vi e nem senti nada rolar entre você e Anne
Liv. — comentei, assim que nos encontramos perto das lindas roseiras
diria. Seu lema sempre foi: viver o momento. Podia ver nos olhos de
Leonardo que ele poderia até querer algo com ela, mas já a conhecia o
salvar, Chiara.
percebi ali, que não precisava da lista de fatos para amá-lo. Apenas o
olhei e fora suficiente para entender o quanto aquele sentimento era
esmagador.
Não escolhi amá-lo, mas aconteceu. Porém, não o deixaria sair
por cima. Nunca mais. Nem que precisasse mentir em voz alta que não
sentia absolutamente nada.
CAEL
— Oi, Chia! — minha voz saiu empurrada e notei que ela apenas
me encarou, sem demonstrar qualquer outra coisa com o olhar. — É bom
te ver.
forma por alguém e não sabia como deveria agir. Porém, não podia
que...
Apenas me escuta, tá? — assenti e ela abriu um leve sorriso. Porém, temi
pelo que viria a seguir. — Acho que a primeira pessoa a ficar confusa fui
— Sei que deve ter sido uma pressão da sua irmã, primo e até
conheço essa parte da sua família há seis anos, e sei como são insistentes.
Ela então deu um passo à frente e levou a mão livre até meu
ombro.
— Acredite, logo acordará desse falso sentimento. — Piscou e
Como se fosse engolir aquela sua leitura barata sobre o que eu sentia, e
mais, sobre o que ela dizia não sentir. Chiara não era daquela maneira,
tinha plena certeza em meu âmago. Não a deixaria ir daquela forma. Nem
mesmo, sair sem saber realmente ouvir o que precisava ser dito.
CHIARA
para aquilo. Seus olhos azuis não se afastavam do verde dos meus, e senti
como fora naquele bar há dois anos, quando bebemos juntos a noite toda
e depois, fomos direto para sua cama. Fora a única noite em que curtimos
desnecessárias na empresa.
daquela forma.
penteados para trás. Porém, o que chamou minha atenção fora a forma
que parecia querer confessar algo. — Medo dos seus sentimentos por
mim. — Complementou.
Bufei e tentei manter meu coração a uma distância segura dele.
Precisava sair dali. No final das contas, fora uma péssima ideia vir aquele
aniversário.
— Nunca mentimos um pro outro, Chia. Acha mesmo que vou acreditar
que a mesma mulher que se declarou de uma maneira que me deixou sem
em seu olhar quando disse que estava apaixonada, e mais ainda, o fato de
incrédula. — Minha teoria de que você surtou nos últimos tempos deve
dois?
— Não. — Abriu um sorriso sem dentes, e aquele era o retrato do
homem carinhoso que conhecera. Não pense sobre, Chia! — Os dias sem
simplesmente sair dali. — O que quer, Cael? Que volte a ser sua
assistente? E daí, do nada, você decide que não sou uma profissional
Minha voz soou um pouco mais alta, e senti a raiva correr por
meu corpo. Estava farta daquilo, e principalmente, do que ele me fazia
sentir. Por mais que tudo que tentasse fosse esquecê-lo, estar tão perto,
apenas me lembrava que precisava encerrar aquilo de alguma maneira.
me permitir vacilar.
— Tive tempo para pensar no que fazer, Chia. Tive todo esse
tempo longe para entender porque agi como agi, e mais, a forma como
que brinque! Já fez isso uma vez, tentando me mandar para outro estado,
sem qualquer consideração. Acha mesmo que vou permitir que o faça de
novo?
sabia de tal coisa, assim como, meu corpo correspondia. Porém, ainda era
o mesmo pensamento de que sexo por sexo, eu encontrava em qualquer
lugar. Com ele era diferente. — Não quero ouvir ou discutir sobre,
apenas seguir em frente. Meus sentimentos por você foram apenas algo
perdido de minha mente, aceite.
— Não. — Seu hálito fresco tocou meu rosto, mas não me movi.
Era uma briga de cachorro grande, como mamãe diria. — Pode tentar
mentir para si mesma, mas eu sei que sente. Assim como, eu sinto. Tive
que descobrir da pior maneira, te mandando para longe da minha vida,
mas não vou deixar com que isso continue.
poderia me envolver.
como, querer socar sua cara por brincar comigo daquela maneira. Ele
sabia que eu sentia, por mais que tentasse esconder e mentisse segundos
atrás.
— Se sente o mesmo que eu, sabe que não foi do nada. — Seu
hálito fresco tocava meu rosto e boca, como uma leve carícia. Tentava
manter o foco, mas era impossível. Precisava me afastar. Cael Marini era
perigo, e sabia muito bem daquilo. Ele tinha destroçado meu coração em
poucos dias. — Tivemos dois anos para isso, Chiara. Só nos bastou
enxergar de fato, que por mais que existissem outras pessoas em nossas
vidas, sempre voltamos um pro outro.
Cael. Aceite como eu que não damos certo além da cama, e acabou aí.
voltar atrás.
que Cael pareceria tão firme em sua decisão, assim como, deixara-me
ainda mais vulnerável para si. Troquei minha taça vazia por uma cheia, e
entendi que o melhor jeito, era circular por algum tempo, e esperar os
parabéns de Anne Liv. Estar ali era sufocante, ainda mais, porque não
campeonato.
CAPÍTULO XV
CHIARA
Esperava qualquer coisa, Nina. Qualquer coisa mesmo, menos que Cael
— Não sei ao certo como vocês eram no dia a dia, mas pelo que
eu só... Não quero me iludir e pensar que ele realmente vai lutar por mim.
— Fiz aspas com as mãos e notei o olhar surpreso de Nina. — Que foi?
— O resumo da ópera foi esse. Tentei mentir que não sinto nada e
que me confundi sobre nós, e no fim, ele apenas insistiu que me queria.
grande suficiente para não nos esbarrarmos mais, mas vir a festa...
ama, isso eu sei. O problema não é esse. Não quero que passe pelo
mesmo e fique se remoendo no fim.
desfeitos. — Pensei que o encarar seria fácil, que tinha entendido como
isso funcionava...
— Você se preparou pro cara que te queria fora de sua vida, não
para o que quer conversar e te manter. — Olhei para Nina, buscando nela
algum Norte. — Se quer ouvi-lo, por que não? Não precisa ser agora,
mas... Dê o seu tempo de ter essa conversa. Não precisa se julgar por
você. Nesses dois anos, a única coisa na qual sempre o defendeu foi
sobre ele ser um homem sincero. Então, por que, de repente, ele não o é?
voltar atrás.
fato de que ele ia negar esse sentimento de todas as maneiras. Bom, ele
bem, por que ele ia insistir nisso agora? Justo em um assunto encerrado?
— Tenho algo para te dizer, irmã. Aquele homem seria louco por
sentindo-me mais leve. — Acho que preciso voltar a rotina, e quem sabe,
por fala sobre, mas ainda assim, não conseguia estar totalmente à vontade
com aquilo. Sentia que precisava ouvi-lo, mesmo que aquilo custasse
por lá, então... Vou lá tentar a sorte de ser chamada para uma.
— Boa sorte, maninha. — Nina sequer abriu os olhos e se virou
quando ainda estava envolvida com a Marini. Seria um bom lugar para
recomeçar e viria com tudo na sexta-feira.
nos rostos. O que não podia deixar de lembrar, era que dividimos uma
noite meses atrás. Ou melhor, sua cama. Sequer conseguia pensar direito
Bom, Heitor já era uma exceção, mas não contava pois aconteceu
surpresa.
— Chia!
Olhei-o incrédula, pois imaginava que diria algo como: Bom dia,
como vai? Fingindo que íamos recomeçar daquela forma. Porém, por
alguns momentos parecia tão relapsa, que me esquecia que Cael era
daquela forma. Ele não mentia. O que me fazia temer ainda mais o que
— Ok.
CHIARA
mesma coisa. Não estava ali como sua assistente, muito menos como
amiga. Sequer conseguia rotular o que fato acontecia. Eu e minha
tentando não parecer tão vulnerável como de fato me sentia. Ele tinha um
Sem ainda entender qual era o objetivo. — Eu fiquei puto, Chia. Mas não
pelo fato de que tinha cancelado tudo, sabia que era coisa de minha irmã.
Mas sim, porque sequer se lembrou do meu aniversário ou me levou um
Mal sabiam eles que meu encontro foi com bebida e filme romântico.
Mais com a bebida. — Isso me quebrou, porque não conseguia entender
acolchoado. — Eu não soube como agir, e quando vi, estava na sua casa.
Sempre soube que tinha outros, fomos sinceros sobre, mas... Desde a sua
cansada de sentir que não encerramos esse assunto e quero fazer isso.
Quero muito. Vamos seguir em frente, sem mais nos prendermos a isso.
dentro de casa, porque parecemos dois velhos. Mas eu quero mais que
me perdida.
— Primeiro, quero conseguir seu perdão por ter agido tão baixo
me fez querer pular em seu pescoço e o tirar dali a força. — Só torço para
— Isso é loucura.
Como sempre. Eu... Nunca procurei amar alguém. Muito menos pensei
vida e vi que mesmo sem querer, o amor também veio. Me apaixonei sem
perceber, Chia. E precisei te perder para entender de fato o que tanto nos
ligava.
direção, e podia ver celulares gravando aquela cena. Por Deus! Em que
Ele sorriu e poderia jurar que ouvi algumas pessoas gritando para
que dissesse sim. Porém, apenas via um homem ainda mais confuso que
alta. Passei por ele, sem querer olhar para o que deixava. Entretanto,
que não entendia porque queriam descer, senti meu corpo ser puxado
levemente, e logo dei de cara com o homem que sequer deveria estar me
seguindo.
— O que deu em você? — perguntei, sabendo que nos
aprendi com ela. — Paralisei diante de seu tom amoroso, e sabia que por
mais que tenha pisado em seu ego ao sair, ele ainda estava ali.
seu colo e sinto muito se agi feito um louco. Desde que me deixou, tenho
ficado a cada dia mais insano. O não eu já tinha, e admito, não sabia o
que esperar.
peito. Senti seu coração bater rapidamente sob minha palma, e sabia que
afastei. — Isso não vai dar certo, Cael. Como te disse naquele dia, não
de tentar compreender seus atos. — Quero estar com você. Só com você.
toque, fez-me querer estar ainda mais perto. — Sabe que pode ser um
desastre, não é?
de seu rosto. Logo senti sua outra mão tocar o meu, como se entendesse
que podia avançar. — Apenas uma chance para o seu perdão e sermos
mais.
Franzi o cenho e perguntei a mim mesma, o que meu lado
malévolo faria. Poderia mandá-lo se ajoelhar e ordenar: implore, querido!
riscos. Ainda mais, por estar ao seu lado e depois de todos aqueles dias
infinitos, sentir-me perfeitamente colocada ali.
sabia o que queria e que por mais maluca, gostava de ser daquela
maneira. Sem pensar duas vezes, subi minha mão até sua gravata azul, e
seu toque parecia uma necessidade para cada célula de meu corpo.
para mais perto, fazendo-me segurar com força em seu cabelo. Percebi ali
o quanto sentia falta de estar com ele. Apenas com ele.
— Talvez.
Foco, Chiara!
— Por ser única.
CAPÍTULO XVII
CHIARA
vez, e pouco me importei com o fato de que poderia estar trocando os pés
Não tinha como descobrir se aquele amor daria certo se não desse a
chance. Como nós dois queríamos, era o que precisava para me sentir
pertencente aquilo.
Meu celular vibrou na bolsa, mas não conseguia pensar direito em
como desfazer aquele beijo e atender, ainda mais imaginando que seria
minha mente apaixonada. Seus olhos azuis estavam nublados e ele puxou
movimento.
— Sim.
quero que tome cuidado e... Traga o chocolate quente assim que voltar.
— Só quero que seja feliz, nada mais. Se ele vai ajudar nisso,
veremos.
estranhei o fato de ter ficado tanto tempo longe. Parecia que fora ontem
tela.
estariam fazendo.
instante.
mais, porque eu sabia da verdade. Não era questão de pisar ou não, muito
mais uma vez, soube, apenas queria ser amada, assim como ele.
corpo dolorido, devido as últimas horas, perdida em seu corpo. Não foi
possível fingir que não queria estar sob ou sobre ele depois de
beijos sendo espalhados por minhas costas, até chegar em meu rosto e
boca.
— Posso ser o que quiser. — Virei meu olhar para ele, e notei o
sorriso em seu rosto, assim como, o desejo em seu olhar. — Temos muito
Sorri, e seus lábios desceram nos meus. Sabia que era apenas o
nos encontramos no meio do caminho. No meio de tudo que não era para
ser, mas acabou sendo. Eu e ele, em meio ao caos que nos tornamos em
CHIARA
conhecia há dois anos e era um fato que não mudava apenas com um
rótulo.
confortável. Vestia uma roupa simples, shorts jeans e uma blusa preta de
porém, nunca me pareceu tão real. Não era pelo rótulo, tinha certeza.
Mas sim, pelo olhar que ele me entregava, assim como, as palavras
abertas de repente.
Ele me amava.
e senti o carinho que nunca imaginei que de fato teria. Não dele.
Mas será que sabia ser amada por alguém? Nunca fizera tal coisa e pelo
que sabia, Cael muito menos. Como poderíamos passar de um caso para
milhão de coisas.
segundos. Ele era lindo e o via claramente há seis anos. Porém, ali, via
além. Não era apenas o físico que me tirava o fôlego, era a forma como a
minha maluquice parecia combinar com sua mesmice. Cael era o meu
correto.
pessoas. Ele era bom socialmente, mas aquela versão despojada e sem
qualquer escrúpulo fora da cama, era algo que me deixava perdida. Uma
versão que sentia que ele entregava aos poucos, e em dois dias, o vi tão
mais relaxado que senti que acabei aceitando namorar o homem que
estava escondido dentro de si. Sem ao menos saber. Talvez foi aquele
além que enxerguei sobre ele, que me fizera cair tão perdidamente.
Confesso que pensei que as coisas não seriam diferentes. Mas é tão louco
como tudo pareceu mudar depois que percebi que sou apaixonado por
você. A sensação de te amar é algo que não sei explicar, e gosto disso,
Chia.
estávamos ali, só eu, você, o mar, as pedras e as estrelas, como de costume. Ficamos ali,
admirando o céu em silêncio durante um tempo, como de costume. E de repente, você mais uma
vez usou a sua boca para proferir as palavras que estavam no meu pensamento, como de costume.
A certeza de querer somar, de querer compartilhar momentos, de ser feliz junto, era mútua. Por
isso, nos rotular, não era mais uma questão. Nunca antes um rótulo me soou tão libertador. E
seguimos assim, livres para ser, ou deixar de ser, o que a gente quiser.”[3]
Agatha Moreira
CAPÍTULO XIX
CHIARA
Alguns dias depois...
Pânico.
pessoas dizia que a vida toda poderia passar por sua mente em um
milésimo de segundo na hora da morte, no meu caso, acontecia ao
até meu carro e agradeci por meu primeiro dia no novo trabalho ter sido
uma pilha de nervos desde quando fizera aquele exame, logo de manhã, e
mesmo sabendo que sairia no mesmo dia, a espera se tornou uma tortura.
evidente, mas acreditava que não, a base que usava ainda fazia alguns
casa de minha mãe... Tudo pareceu me deixar dentro de uma bolha, sem
que me tocasse em como minha menstruação ainda não tinha dado as
caras.
que Cael poderia ser um bom pai para ele, pelos olhos da mesma cor. O
quão maluca era aquela divagação? A realidade, era que isso me dera
um estalo, e foi quando percebi que o mês já tinha virado e passou do dia
destino e estar com mais gente em casa, então, sempre o trazia. Ele
Era estranho ter alguém para quem voltar, mesmo que há tão
completamente de me ver seguir outro rumo que não fosse ao seu lado na
Marini. Entretanto, não era uma discussão aberta. Além de tudo, Cael
sabia que não abria mão daquilo que queria. Se queria trabalhar em outra
ações, ainda me atormentavam. Era uma chance para nós, porém, nada
carro ou em algum sonho nada apropriado. Uma conversa com meu gato,
Ninguém sabia sobre o que fazia ali, nem mesmo comentei com
clínica e já marquei o exame para o horário mais cedo. Ali estava eu, de
frente para o papel que parecia um trator preparado para passar sobre
meu corpo.
Não saberia dizer o que mais me assustava em tudo aquilo. Se o
bebido tudo e todas naquele período. Como pode sentir culpa sobre a
vida de alguém que sequer tinha certeza que realmente estava em mim?
quilos nos últimos tempos, mas acreditei que se devia ao fato de passar
mais.
que tentaria ficar calma e não pirar com todas as probabilidades que
surgiriam.
Desdobrei o papel, ainda sem encará-lo, e percebi que precisava o
fazer quando segurei com força demais, e senti um pedaço de sulfite sair
POSITIVO
Talvez pânico ou felicidade, quem sabe uma mistura dos dois. Minha
começava, a não ser, que estava a um passo de pirar por completo. Não
era algo que esperava, nem mesmo no plano de cinco anos futuros de
minha vida. Porém ali estava, o meu piscar de olhos que mudou
Foi ali que soube qual seria a segunda parte mais difícil depois de
Existiam tantas coisas se passando por minha mente, ainda mais, o fato
dias, sequer estávamos nos falando e pensei que nunca mais o faríamos.
fosse de outro homem. Por mais que pudesse querer socar sua cara se me
pedisse um teste de DNA, sabia que ele tinha tal direito. Porém, no
fundo, torcia para que minha palavra fosse o bastante. Afinal, se ele não
confiasse no fato de que nos últimos dois meses juntos não dormi com
ninguém mais, como poderíamos ficar juntos?
Muitos meses!
A caixa de metal finalmente parou e as portas se abriram. De
relance, consegui ver Anne Liv e Leonardo, claramente, iriam adentrar
ali. Dei-lhes um aceno com a cabeça, mas não consegui falar nada.
Absolutamente nada saiu de minha boca. Com certeza, estranharam a
forma como passei como furacão dentre os dois e rumei em direção a sala
de Cael. Se fosse para surtar, ele o faria comigo.
Andei até ele, e parei à frente da mesa, abrindo a boca para falar,
mas nada saiu. Parecia ter ficado muda momentaneamente.
tempos.
— Disse que não ia aparecer aqui porque isso nos daria ideias...
— o tom provocativo de Cael não me passou despercebido, e suspirei, no
forçando-me a encará-lo.
grávida!
conseguir articular algo além das semanas que não entendia. Porém, senti
meu corpo fraquejar. Era o que acontecia quando tentava misturar
— Eu vou...
CAEL
assinados. O dia não podia estar pior, mas felizmente, a sua presença o
melhorava.
meus dedos até seu queixo e o toquei, levantando-o levemente, para que
me encarasse.
alguns instantes. Ela não ia querer terminar em tão pouco tempo? Ou ia?
— Estou grávida!
tudo que esperava sair de sua boca, nem de longe, imaginava aquelas
Desci meu olhar para sua barriga ainda sem sinal de alguma
tempo, feliz com a notícia. Ser pai sempre fora um sonho, e pretendia
de suas mãos pairou sobre meu peito. Seus olhos ainda fechados e notei o
— Eu vou...
que fora obrigado a fazer por minha irmã, teve alguma valia.
correu para Chiara. Tu, tu, tu... a ligação ainda não era atendida, e levei a
instante que minha ligação fora direto para caixa-postal. Não pensei duas
era que não sabia o que fazer. Chiara estava grávida e desmaiada em meu
sofá. Nunca esperaria uma reviravolta tão grande ao fim de uma tarde de
estresse na empresa. O que se passava por minha mente era o quanto
aquilo poderia prejudicar o bebê, e ainda mais, a forma como ela parecia
perdida.
— Ela...
— O que aconteceu?
encontrava.
apareceu do meu lado e se sentou com Chiara, que parecia analisar tudo
ao redor.
profissional. Porém, sabia que a parte humana, que todos temos, que
Anne Liv saiu em seguida, mas não sem antes apertar a mão de
controlado.
queria aquele filho, por mais inesperado que fosse. Ainda mais, porque
era nosso. Nunca pensei que amaria alguém e que seria recíproco, muito
ela tem mudado e mandado nas cartas a mesa, sem a mínima noção.
gargalhar alto. Era fácil tirar minha irmã do sério, porém, ter sua raiva
por um motivo plausível era raro. — Quis quebrar a cara dele no mesmo
instante.
— Ele nunca mais vai olhar para os peitos de uma mulher antes
de seus olhos, acredite. — Não tinha dúvida daquilo. Se existia algo que
ela virou o rosto, ao mesmo tempo para ajeitar a bolsa, e sua beleza me
atingiu por completo. Queria aquela mulher – um fato. E pela primeira
vez, em meses, torci para que alguém não fosse contratado como novo
assistente na Marini.
conseguira de fato entendê-la. Se ela não tivesse dito com todas as letras
que me amava, jamais suspeitaria. Porém, ali, Chiara parecia não fazer
descontando em você. — Riu sem vontade e levei uma mão ao seu rosto,
exatamente no momento em que uma lágrima desceu. — Então, acho que
espinha.
outro homem.
levantando-se. — Eu...
existia outra forma de lhe indagar sobre. Ela se virou e todo o pânico
demonstrado em suas ações e estampado em seus traços, deixaram-me
ainda mais aflito.
CHIARA
Eu tinha surtado!
palavras. Enquanto estava afogada nelas e temendo com sua reação, Cael
parecia implorar com aquela imensidão azul para que abrisse a boca e
outro apenas chorar. Nunca fui boa em lidar com surpresas. Um bebê era
— Percebi, Chia. — Tocou meu rosto com uma das mãos, e tentei
tentando me proteger. O problema era que não sabia lidar com aquilo.
deixando claro que Cael mal sabia o que fazia comigo, muito menos o
quero na minha vida, Chia. Nunca pense que me forçou a algo ou que
estou confuso sobre nós. — Suspirei, vendo que ele parecia me ler por
completo. — E tudo bem não saber lidar com uma notícia assim, nenhum
com medo de ir ao médico, Cael. Bebi mais que o normal nos últimos
tempos, não me alimentei bem e... E se tiver algo errado com ele? Se for
boca. — Vamos ao médico assim que sairmos daqui e vai ficar tudo bem.
Ou melhor, está tudo bem! — sua voz determinada, fez-me buscar tal
fala, fez-me sorrir pela primeira vez desde que entrei ali.
Em seu colo via-me tão repleta de nós, que era como se nenhum
outro lugar do mundo faria mais sentido. Corri para ele no momento que
descobri porque ele era o pai, porém, existia mais. Corri para ele porque
queria dividir aquilo com alguém que amava. Era estranho fazer tal coisa
em voz alta.
— Se veio contar, sabia que era meu. — Puxou meu rosto para o
seu, dando um leve beijo em minha boca. Senti uma de suas mãos sobre a
algo que temos e não quero perder, é confiança. Não tenho motivo algum
para duvidar da sua palavra.
— Merda! — reclamei, quando senti outra lágrima descer. Nunca
pareceu-me perfeito. Pela primeira vez, senti-me bem por parecer estar
Cael, que trazia o mesmo sorriso sereno no rosto. Por um segundo, quis
que sua tranquilidade fosse passada através daquele simples toque. — Ali
pequeno na tela que fez meu coração disparar. Uma lágrima desceu e não
Não esperava ser mãe, não tão cedo. Era apenas uma mãe de gato,
que mal sabia dar ordens ao filho. Porém, ali estava a prova de que
Noctis teria um irmãozinho ou irmãzinha dali alguns meses, e teria que
arregalei os olhos.
— Olhei para minha médica e constatei que ela nunca fora nem um
pouco formal comigo. Por dentro, entendi perfeitamente que aquele
com ela. Ela era nova, em uma idade em torno dos quarenta, e
claramente, sorria além da felicidade de estar trabalhando por uma
tomar a dianteira.
mais alto, e ela pareceu acordar de sua encarada para com Cael. Enfatizei
nosso de forma que parecia estar realmente com ciúmes. Odiava aquilo,
uma parte minha pulasse para fora. Sorri, deixando com que qualquer
insegurança morresse por alguns segundos. Permiti-me ficar feliz por
aquela experiência, e ainda mais, por ser uma parte minha e de Cael.
— Obrigado, carinho.
CHIARA
minha vida.
De repente, vi-me lembrando dos partos que assistia no Youtube,
fim, sabia que existiam “n” motivos para o parto decorrer de alguma
— Temos muitos meses pela frente ainda, você vai fazer tudo
certo. — falei, sem saber ao certo se para ele ou para mim mesma. Era
aprender.
poder puxá-lo para um beijo e não nos permitir quebrar aquela bolha em
a pensar no porquê de fato me apaixonei por ele. Cael era dentre muitos
de ser meu chefe, então, proibido estava sinalizado em sua testa. Porém,
Os minutos passaram e finalmente, ele parou a frente de meu
de ombros. — Noctis tem cuidado muito bem de mim desde que chegou
estados diferentes.
e ele uniu nossas testas. — E não quero ficar longe hoje à noite e nem na
trilhava.
— O que está querendo dizer? — perguntei, incomodada por
aquela vontade repentina dele. Na realidade, não era tão assim, já que
desde que nos acertamos pouco nos largamos. Entretanto, ainda existiam
apartamentos entre nós, assim como, a realidade. Cael Marini era meu
Não era pelo fato de ele me querer todas as noites consigo. Ia além.
— Por que não diz de uma vez? — indaguei, tentando não soar
conhecia bem aquele meu traço e se existisse uma taça de vinho a frente,
receoso, porém, sabia que estava decidido. — Sei que pode parecer
ralo. Era uma reviravolta e sabia que era questão de segundos para nos
Temia porque me conhecia muito bem e não era uma pessoa fácil
de lidar. Um gênio forte de uma virginiana, que vinha com uma carga de
loucuras repentinas e vontades sem motivo. Não era como Nina que
onde queria me meter. Infelizmente, sabia que não ia dar um passo atrás
com Cael, não com aquela insinuação. Como diria mamãe: um boi para
que fiquemos juntos? — indagou e seu tom mudou para claro desgosto.
querendo dizer com não querer ficar longe, e já que que não quer dizer
gravidez? — tentei parecer mais diplomática. Ele assentiu, mas notei que
segundo seguinte tentei consertar o que queria de fato dizer. — Sei que
muda muito em nossas vidas, mas ainda assim, não vamos pular fases por
conta do bebê.
vai dar certo! — seu olhar azul mudou, e sabia que ele não concordava
com nenhuma de minhas palavras. — Não estamos mais no século 19 e
contragosto. — Não queria falar sobre isso aqui e agora, mas... Me sinto
tão eufórico com tudo que não consigo fingir que não quero isso.
— Quer se casar ou simplesmente está seguindo um protocolo de
merda imposto pela sociedade? — rebati e fora como se desse um tapa
soltei. O olhar de Cael mudou e sabia que era um caminho estreito pelo
que seguíamos. Porém, não sabia mentir e fingir o que pensava.
Casamento, para mim, ia muito além. O amor era parte, mas não todo o
conjunto. Muito menos uma gravidez deveria ser o motivo. Existia muito
mais. Um mais a explorar com ele.
— Ainda não entendeu o que quis dizer e não vou insistir. — Seu
tom soou mais baixo e por um segundo, senti-me mal por aquele
momento. Na realidade, sentia-me mal por todo ele.
— Ei! — chamei-o, e toquei seu queixo, trazendo-o para perto. —
Vamos só viver aos poucos, ok? Como já estávamos fazendo.
abraçá-lo, e não o deixar ir. — Sei que pode ter parecido arcaico o que
disse, mas apenas me provou que temos percepções diferentes sobre o
futuro.
fim para aquele dia, que nos trouxera descoberta. Uma descoberta toda
nossa.
confusão em sua mente, e me tornava ainda mais maluca aos seus olhos.
Era complexa demais e com certeza, o trabalho ruim de minha psicóloga.
discussão, Chia.
maluca.
CHIARA
homem que dormia tranquilamente. O mais doido de tudo, era que desde
o momento em que começamos de fato a sermos apenas nós, era a
primeira vez que não transávamos. Nós e uma cama, sempre fora a
combinação perfeita para tal resultado. Aquela noite era uma exceção.
precisava estar longe por alguns instantes e até mesmo, tomar um pouco
de água.
ter uma mãe que me proporcionou o melhor, e sempre fez, o seu melhor.
Indagava-me de como eu seria. Desde agora não tinha como não fazer
exato momento em que percebi meu pai não mais voltaria. Que suas
repente, sequer estavam lá, foram levadas por ele. Não era uma viagem
surpresa, muito menos, uma viagem em família. Era sua viagem de
adeus. Aprendi que o amor poderia não dar certo, e minha mãe, pareceu-
sua fachada. Ela fora ferida, mas nunca nos mostrou. Ela apenas focou
em Nina e eu.
entendi que ele sequer conhecera o amor conosco, e não fazia questão de
o ver novamente. Nunca mais. Ele não me amou o suficiente para ser pai,
e eu, muito menos, estaria aberta para amá-lo daquela forma. Tive mãe e
Era uma parte de meu ser que sempre evitava. Com o tempo,
amenizou, e aos vinte e sete anos, não era algo que me machucava. O
mãe nunca fora uma questão, se acontecesse, pensei que teria tudo sob
segundo dos problemas e focar em outras coisas, agradecia por ser desta
forma.
buscando em meu interior o que faria dali por diante. Acabei de entrar
em um emprego e teria que falar com meu novo chefe a respeito. Acabei
entender no fim das contas. Resolvi levar a garrafa de água para o quarto
para mais tarde. Assim que passei pela porta, acabei parando. Meu
sendo sua assistente até quando conseguisse. Mas a vida tinha suas
dividindo um espaço que antes era apenas meu, entretanto, que eles
Onde diabos pendurei a chave para que eles a tivessem com tanta
facilidade?
tornou parte de nós. Suspirei, ao lembrar da música que cantei pela casa
foto. Apenas a luz da televisão que ficou ligada após apagarmos juntos
aquele momento.
Mesmo sabendo que no fundo, estar tão exposta para alguém era o que
me apavorava. Viver com a rejeição parecia muito mais fácil do que estar
vou te chamar de amor... — sorri, ao entender que não era aquilo. — Ok,
vou ser ainda pior... baby.
CAPÍTULO XXIV
CAEL
como, mesmo que nossas ideias pudessem abrir uma longa discussão, era
com seu corpo praticamente sobre o meu, sabia que era aquilo que
necessitava. A conexão e intimidade que nunca senti com nenhum outro
alguém. Ela sempre fora diferente. Chiara fez-me quebrar regras pessoais
pelos quatro anos que trabalhou apenas com minha irmã, mantendo o
mesmo lugar. Era como se Noctis tentasse protegê-la, assim como eu.
aquela mulher me marcou desde que demos o primeiro passo para mais.
aplicativo da Uber. — Meu motorista vem me pegar, e acho que pode ser
diante do ar.
calça.
sua fala. Ela falava sobre bebidas. Forcei um sorriso, e tentei me focar
no teor da conversa.
— Anne Liv não fica muito atrás, mas sempre mantém a pose. —
comparação.
tornou próxima de minha família por sua amizade com minha irmã, mas
enlouquecendo?
nem mesmo de filiais. Era uma regra auto imposta. Porém, ela me fazia
repensar tudo.
louco por ela. — Mas não dá pra fingir que não nos queremos.
— Tô achando isso muito esquisito. — Sua voz doce me tirou das
lembranças e sorri, levando meu rosto até o seu, sem tirar minha mão do
até mesmo nos momentos complexos. Chiara parecia mais leve, e ouvi-la
me chamar por um apelido, em vez de me fazer sentir um adolescente,
fez-me sentir seu.
sabendo que as coisas entre nós ainda estavam na gaveta. — A não ser
que esteja esperando por alguns orgasmos. — Provoquei, e ela gargalhou,
seu. — Mesmo assim, vamos deixar claro que outras pessoas estão fora.
— falei, pois, a insegurança em meu interior se aflorava perto dela.
Ainda mais, por saber como nossa relação fora construída. Confiava em
Chiara, mas temia, que em algum momento, não fosse o suficiente.
Olhei-a intrigado e assim que ela voltou para mais perto, sorri ao
encarar o que ela tinha como plano de fundo no celular. Uma foto minha
e de Noctis, completamente adormecidos. Sorri, e desviei minha mão de
sua barriga para o pequeno gato que já ronronava em sua barriga.
CHIARA
Cael tinha reuniões e mais reuniões naquele dia. Assim como eu,
deveria falar com meu chefe a respeito da gravidez, além de, cumprir
todas minhas funções. Porém, antes mesmo de começar a me arrumar
para ir ao trabalho, sabia que teria o tempo suficiente para conversar com
nunca para encontrar uma meia. Aquela velha busca sem fim pela meia
perdida durante o sono. Não me atrevi a tentar ajudar, pois aquilo sempre
Ele sabia jogar e não conseguia resistir a tanta fofura. Sabia bem, que
metade, ou até mesmo, cem por cento das conversas, expressões e
terra, ao menos, o meu mundo, sabia que era preferível ser a louca.
falei, mas ele continuou a passar por minha perna e dar leves arranhões.
Era impossível quando queria. — Noct, ainda nem passou das sete! —
reclamei, mas fui até o sofá, jogando-me, e pegando-o com a outra mão.
Sem ao menos reclamar, ele se aconchegou em meu colo,
sossegando.
seu irmão. — Passei a mão por minha barriga, e revezei entre ela e
filme Aladdin, era quase impossível não parar para ver quando podia. A
minha irmã. Só conseguia pensar o quão terrível seria para meu coração
dali algum tempo, quando o live action de Rei Leão entrasse em cartaz.
“Visões inacreditáveis
Sentimentos indescritíveis
— Até mesmo, Nina... Quando ficou aqui, sempre levei algum susto,
olhos azuis ainda refletiam a pose magistral. Como ele conseguia mantê-
senhor Marini.
Ele sorriu, e aquela versão despojada me tirava ainda mais do
eixo. Conhecer Cael mais a fundo, era bem diferente do raso que
que criamos nos últimos dias, parecia ter tornado as horas em meses.
seu rosto mudou por completo, e notei sua tensão. — Ei! — ele então se
apenas um fato. Não tem como fingir que não o fez. — Pisquei, sorrindo,
para que entendesse que não o julgava por aquilo. Ao menos, não mais.
atormentava.
— Sinto-me mal por isso. — Confessou e toquei seu queixo,
— Fica tranquilo. Nosso filho saberá tim tim por tim tim, e daí,
cabelo. Era incrível como aquele assunto tinha se tornado mais fácil
encarou com interesse. — Não vou me casar agora, pode ter certeza. Mas
também, não quero que leve isso para o pessoal, Cael. Temos que ser
muda do que conversamos ontem? Sei que não quer se casar, Chia.
ponto!
Mas... Eu realmente quero ficar com você, Chia. Pensei que o casamento
fosse a...
vida, Cael. Casamento, acima de tudo, tem que ser além de amor para
mim.
principalmente, vi minha mãe ser abandonada pelo homem que lhe jurou
amor e o mundo todo. — Ele abriu a boca para me parar, mas o impedi
com os dedos. — Sei que não é como meu pai! Acredito nisso, mas ainda
assim, por mais maluca que seja, eu carrego esse passado. Além de que,
tenho consciência do que quero. Minha mãe se casou por estar grávida.
Claro, era do homem que amava, mas mesmo assim...
deixar claro que casar não é um passo a se dar no momento. Temos nós
dois, um filho a caminho, famílias loucas por um bebê ao redor que logo
assenti, mais aliviada. — Vou trazer algumas roupas para cá e você, vai
fazer o mesmo. — Gargalhei, ao notar que enquanto eu dava um passo,
Cael queria dar três. — É um bom começo para vermos como
funcionamos juntos. — Sugeriu e sabia que era exatamente por ali que
devíamos seguir.
carinho. Uniu nossas testas, e sorri para como tudo parecia se encaixar.
o seu sim.
Neguei com a cabeça, não como uma resposta, mas por ele ser
impossível. O que me fazia pensar que Noctis realmente era seu filho
gato perdido.
CHIARA
previsto.
deixando uma pasta sobre a mesma. — Preciso que leve isso até Glenda,
toda em reuniões e sequer conseguimos falar sobre o que queria. Pode ser
agora?
olhar que por mais que já tenhamos nos envolvido, Heitor parecia
pessoas que usavam seus cargos como desculpas para não poderem se
— Sei que isso não constava nos documentos que assinei, e no que
Inesperado, certo?
de vir para cá. Então, não pense que teremos algum problema por isso.
— Não sei nem o que dizer. — Soltei o ar que mal sabia que
que arrumei a postura. — Sei que é boa em sugestões. Cael sempre lhe
teceu elogios.
sorriso no rosto. Não conhecia aquele lado dele e mal sabia que falava
sobre mim no meio profissional.
aborrecido.
— Obrigada.
felicitação. Ainda não tinha entrado em contato com minha família, nem
com a pasta na outra. Era uma fase diferente em minha vida, e de alguma
mesa.
sabendo que aqueles cinco minutos poderiam se tornar dez, até mesmo,
vinte.
veemente.
chegaram.
ele não me julgava, mas sim, parecia querer entender mais. De alguma
forma, era como se as perguntas não fossem exatamente para mim.
Talvez eu fosse um ensaio para o que ele tivesse para resolver em sua
própria vida.
alguns e-mails com resultados dos exames feitos, e a médica alegar que
estava tudo ok, um oferecimento da influência e dinheiro dos Marini,
Na realidade, eu estava.
Mas acho que não existe uma pessoa que não viu o vídeo do CEO da
Marini sendo rejeitado. — Arregalei os olhos e ele sorriu ainda mais.
amava que me queimava. Olhei por cima do ombro e pude notar o olhar
de Cael em nossa direção, ele tentou disfarçar, vendo que poderia soar
CAEL
Sentir não era uma área fácil. Ao menos, não para mim.
presenteado com o sorriso dela também. Ele era apenas mais um dos
caras do nosso convívio que já haviam me dito que a levariam para sua
empresa, pelo motivo de ela ser realmente boa no que fazia. Bom, de
alguma forma, ele tinha conseguido. Porém, não era aquilo que me
incomodava.
não permitir que o ciúme me cegasse. Confiava em Chiara e sabia que ela
jamais agiria pelas minhas costas. Conhecia-a a muito tempo, o que
tornava nossa relação, mesmo que recente, com um passado para se
basear. Nunca mentimos um para outro, um fato que me impedia de
simplesmente surtar por ter descoberto por outra pessoa que ela já
transou com Heitor. A grande questão, que poderia ser apenas grande em
minha mente era: aquilo realmente importava?
Para meu medo de a perder, com toda certeza. Para ela, era algo
Poderia ver apenas por sua expressão. Sorri de imediato, mesmo que por
dentro, fosse uma grande confusão. Queria-a em minha vida, não podia
negar e nem esconder mais. Saber que ela poderia sair correndo, e que
não enxergava um futuro assim como eu, deixavam-me inseguro. Porém,
o simples olhar que me fora lançado, poderia ser suficiente para aplacar
aquela dor que me tocava.
ouvida entre Pablo e sua noiva não era nada demais, mesmo que tenha
me desestabilizado. Chiara parou a minha frente, sentando-se. Minhas
mãos coçaram para poder tocá-la, mas sabia que não era o momento.
nossa ligação.
falava quando mais jovem, talvez fosse a frase mais romântica que a
ouvira declarar por aí. Contudo, fazia completo sentido comigo e Chiara.
Levei minha mão até a sua, dando um leve aperto sobre a mesa.
também.
Heitor, e por um segundo, o ciúme não parecera tão forte. Acenei com a
cabeça em sua direção, ao mesmo tempo que entendia – meu amor por
Chiara, era muito maior. Até mesmo, que minhas inseguranças.
CAPÍTULO XXVII
CHIARA
fato de que ele realmente não fora para sua casa, nem mesmo, para tomar
um banho e depois voltar. Aquilo era ser cuidada por alguém? Fazia um
longo tempo desde que tivera algo assim em minha vida. Alguém tão
presente e que queria realmente estar. Suspirei e aquela pergunta
prova de que mesmo um dia intenso no trabalho não era suficiente para
nos desgastar a ponto de não querer estar um com o outro. Era estranho
ter alguém daquela forma. Uma descoberta nova a cada dia desde seu
pedido inusitado.
seu olhar, que passou de meu rosto para aquele local enquanto me
completa sobre nós. Éramos tão bons juntos que chegava a ser
assustador. Agarrei-me a sua camisa e percebi que era difícil lidar com
baby.
Aquela interação entre eles era tão genuína que meu ciúme pela forma
para receber.
corpo do homem que parecia reduzir todo o ambiente a ele. O que diabos
acontecia?
— O trabalho é diferente?
me queria, teria que aceitar cada pequena parte, até mesmo, a mais
gargalhei também, parando. Andei até o seu lado, dando um leve beijo
em sua boca e afagando a cabeça de Noctis, que estava sobre seu colo, já
cabeça.
tratava, mas era uma nova pauta. — Parece fugir de algo ou não querer
falar sobre.
meus.
por que se tornou presente entre nós. Minha mente entrou em combustão,
como se todas as peças se encaixassem. A forma que Cael me encarava,
forma.
me era relevante. Pois, realmente, não o era. — Por que essa questão?
mesmo olhar perdido. Deixando a garrafa de lado, toquei seu rosto com
carinho.
chefe. — dei de ombros, e ele apenas assentiu. — Por que isso parece ser
um grande incômodo para você?
Porém, era bom não encontrar repreensão. Cael parecia incomodado e até
mesmo, enciumado, mas não a ponto de me cobrar sobre algo que nos
transei com Heitor? Sim! Os seus outros casos, que posso afirmar, foram
vários, mesmo quando as reencontra em algum lugar, te fazem pensar
sobre?
bordões que ele utilizava para deixar claro o que queria. Nunca entendi
de fato porque não o usou comigo. Talvez no fim, porque chegaríamos no
vamos por partes. Primeira, como soube sobre Heitor? — indaguei, sem
mais conseguir conter minha curiosidade. — A segunda, realmente se
senti que ia parecer um idiota. Mesmo sendo verdade, sei que não é algo
de agora. Confio em você. — Seu olhar se perdeu do meu. — Acho que
no fundo, posso ser muito bom para lidar com várias coisas, mas com a
insegurança, ainda estou aprendendo. Nunca me senti dessa forma.
Era bom ver que era apenas mais uma imposição da sociedade,
que não deixava de ser uma verdade para muitos casos. Porém, era
extremamente gratificante, ver aquele estigma ser estraçalhando. Homens
sentem, assim como mulheres. Todo mundo chega a ser vulnerável e tem
de buscar força em si mesmo. E a sinceridade entre duas pessoas, assim
mim. Assim como, todos os outros caras antes de ficarmos juntos. — Fiz
questão de pontuar e ele assentiu. — Nunca te pedi uma lista de suas
te tocavam e eu...
tempo depois que entendo que pareça estranho se importar agora. Mas
vamos simplesmente viver isso, e bom, talvez seja o nosso tempo.
Acho que está tudo bem, já está até me provocando. Mas pode deixar,
permito que fique com cinco por cento da parte maluca dessa relação.
— Não esqueçamos que pode vir uma criança com seu gênio, em
CHIARA
do corpo de Cael com apenas uma toalha preta na cintura. Algumas gotas
de água ainda escorriam pelo seu peitoral e senti meu corpo arder. Era
de sedução, como se para me deixar louca por ele. Aquele era o tipo de
joguinho que Cael realmente gostava, no qual, eu sempre acabava bem
pensamentos pecadores.
todos. Até ele ter a ideia de um jantar na casa de seus pais, com a
contar a todos sobre o real motivo. Era uma boa ideia, apenas não sabia
se funcionaria como planejávamos.
ela é. Se a tal noiva de Pablo estiver lá, nosso plano de ser o destaque da
trazendo arrepios para cada parte de minha pele. — Ainda mais, que
preciso falar com Pablo e entender porque Bruna estava falando sobre
você.
quanto uma simples palavrinha mexia com sua cabeça, e bom, o resto de
seu corpo.
Cael!
antes de me provocar.
negar o prazer. — Seus lábios desceram para meu colo, traçando uma
linha de beijos molhados por todos meus seios e seguindo para baixo. —
Não consegui falar mais nada, pois ele sequer me deu tempo para
além do carnal e da atração. Era como se todo meu interior gritasse por
seu toque.
Quando ele me tocava, sabia que era exatamente ali que queria
estar.
CAEL
parecer que tinha tudo sob controle. Olhei para os papéis mais uma vez,
tentei entender, como poderia estar tão perdido no que tanto amava fazer.
quatro da manhã, apenas para que quando ela acordasse, pudesse passar o
resto do dia ao seu lado. Portanto, tinha das quatro até o horário que ela
casa, mas se tornara, quase que uma rotina. Chiara conhecia esse meu
deles, ela era quem me tirava, trazendo-me para sua teia de sedução.
a nosso filho que carregava no ventre, além de seu gato, que viera como
brinde para passar o domingo comigo. Não queria ser a pessoa que deixa
quem ama de lado pelo trabalho, mas também, ainda era difícil conciliar
semana fossem mais longos, mas queria ter um dia livre, e curtir aquele
momento. No qual, construía algo que imaginei nunca chegar a ter. Não
por medo do amor ou falta do mesmo. Pelo simples fato de nunca ter
Rumei até o quarto e assim que abri a porta, esperando encontrar Chiara
Os cabelos loiros estavam revoltos, assim como minha camisa que ela
usou como pijama naquela noite. Ela sorria, ao mesmo tempo que fazia
caretas para a barriga. Aquela inteiração era algo que nunca gostaria de
perder. E não precisava ser um gênio para saber que ela passou mal, e em
alguns passos para perto, e ela parecia já ter notado minha presença. —
Quando nascer, vai vomitar a vontade em cima do seu pai. — falou e
seus olhos verdes de voltaram para os meus.
Sorri, e ela fez o mesmo, mas podia notar o quanto seu semblante
parecia cansado.
— Vem cá!
CHIARA
sua análise.
ofendida. — Chiara!
Constatei.
— Nina! — tentei pará-la, mas sabia que minha irmã não era uma
Moreira?
propósito.
sabia como era, ele tinha que atender. Entendia, melhor do que ninguém,
como seus horários e o trabalho eram malucos. Antes que pudesse falar
algo, ele veio até mim, e enlaçou minha cintura, dando um leve beijo em
meu pescoço.
cair pela risada, enquanto via a confusão nos olhos de Cael, que os
arregalou em seguida. — Ainda precisa pedir a minha bênção para ficar
então, Nina. Pode deixar, vou pedir sua benção. — brincou e piscou para
— Ok, depois de ter que ver essa melação toda... — fingiu ânsia e
sorriu em seguida. Sabia que ela estava feliz por mim, mesmo com o pé
atrás sobre Cael. Entretanto, ainda não existiam outros motivos para ela
me querer longe dele. A cada dia, tinha surgiam prós, e ela sabia. Já
pareceu não se importar. — Mas enfim, Lúcio tem um motivo muito mais
sabia que ele queria que ela ouvisse. Encarei-o interessada, pois nunca
em sinal de rendição. — Ele é como um irmão mais velho para mim, mas
sei que está fazendo merda. Sei basicamente tudo o que ele teve com sua
irmã... Digamos que quando ele bebe, não existe outro assunto. Enfim, o
que posso dizer é que ele vai surtar ao ver Nina levando outra pessoa.
isso.
Aquilo era estranho, ainda mais, vindo de Nina. Ela era uma
pessoa que não desistia facilmente do que queria, nem mesmo, pensava
em desistir. Algo acontecera na festa de Anne Liv. Algo que ela não me
contara.
indelicada e cômica. — Vou falar com nossa mãe, mas com certeza
de surtar por não contar para minha família, assim como Cael. Por um
segundo quis apenas esquecer o jantar e gritar para ela que seria titia.
desse certo.
quase perder o tom de autoridade. — Por que a gente não pode sair e
correr por aí?
— Porque ela é apenas alguns minutos mais velha que você e mal
completaram 15 anos! — repreendia-a. — Além de que, temos um
programa em família hoje.
Carinho, acorda.
Poderia?
colo, abraçando-o com tanta força que sequer conseguia entender o que
acontecia.
segundo seguinte. Sem que esperasse, ela fez o mesmo comigo, só que
com mais cuidado. — Como está? E por que armaram o jantar? Por que
— Anne Liv, deixa ela respirar. — A voz de Cael soou mais séria,
e ele praticamente arrancou a irmã de mim, que pareceu não se importar.
Um: sempre fui a pessoa que os via como casal e torcia por isso. Dois:
fui eu quem vi você desmaiada e depois disso, dizer que era só a pressão
caiu perfeitamente!
agora, posso ajudar a deixar tudo ainda mais misterioso. — Olhei para
sua animação, e por um segundo, sua frase me pegou.
— Pera aí... Como assim, conversou com “o Leo” ...— fiz aspas
Sorri, e acenei para Cael, que foi até a cozinha. Existia algo
ultrapassaram a linha, assim como eu e Cael. Aquilo poderia dar uma boa
história, e estava louca para ouvi-la. O que me ajudava a esquecer o sono
CHIARA
por terra. Não era mais algum assunto ou evento de domingo que fora
em seu ombro, assim que ela sorriu amplamente. No fundo, era bom ela
— Vamos lá, gata! — Lúcio falou, vindo até mim. Puxou-me para
e encarei a tela.
daquilo. Se meu gênio e de Nina eram o diabo, o dela, com toda certeza,
de entrar.
suspiro ao fundo.
então... Não tem mais tempo a perder, não é? — indaguei, de forma que
— Ok.
poderia jurar que estava de quatro por Nina, assim como, ela por ele.
fez minha mãe soltar um “uau” baixinho, e eu sorrir. Pablo Marini vinha
em nossa direção e sabia que devia existia um ótimo motivo para Cael
mas nunca imaginei que teria tal intimidade. A história de Nina e Pablo
ainda era um grande mistério. Olhei de canto para minha irmã e pensei
entretida em fingir que Pablo não existia. — Quanto tempo, não é? — ele
mim. De repente, tudo o que queria fazer era chorar. Não sabia sequer
explicar o porquê.
surgir do chão. Ele me abraçou por trás e senti um leve beijo em meu
rosto.
Ela o conhecia, de algumas vezes que viera a São Paulo e ela fora até
meu trabalho. Entretanto, era a primeira vez que ele não era meu chefe
minha irmã, Lúcio e Pablo estarem em uma bolha clara, assim como,
minha mãe e Cael. Suspirei, e apenas mudei minha atenção quando a voz
para o jantar e já devem estar chegando. Vamos todos entrar, que tal? —
minha mãe, que sorria abertamente, com Noctis ainda no colo. — Posso
pareciam se encaminhar. Cael veio até mim, e me puxou para seu corpo,
abraçando-me de lado. No fundo, era como se ele me protegesse de mim
Comecei a perceber o quão sério era o que estávamos fazendo. Cael veio
abraço que me deram era mais do que convidativo, e poderia ver que suas
mentes trabalhavam a todo vapor para saber o real motivo daquele jantar.
apostava alto em uma aliança em meu dedo anelar esquerdo, assim como,
no de Cael.
que fizessem parte daquele momento. Nem mesmo a tal noiva de Pablo
aparecera, e poderia apostar que existia dedo de Cael. Não tinha
absolutamente nada contra a mulher, porém, não lhe tinha apreço para
que fizesse parte daquilo. Vimos, enquanto pensávamos na maneira de
Poderia ser algo desnecessário para muitos. Entretanto, para mim, depois
de pirar e refletir sobre o que era ser mãe, percebi que queria começar ali.
ouvida, e o olhar de Pablo passou para ela, que estava em outro sofá ao
lado de minha mãe e Lúcio. Os dois se encararam, presos a si, e segurei
sorrir. — Mas é uma escolha apenas deles. Casamento pode ser apenas
um nome para algumas pessoas, mas é um compromisso sério. Tem gente
que vive exatamente isso, sem ao menos perceber. Não há papel ou
celebração que valha mais do que o dia a dia.
enlaçou minha cintura. — Bom, temos uma outra notícia para dar, além
do compromisso. — falei alto, e todos se voltaram para mim, como se
tudo que comera pela tarde. Cael estava ali, segurando meus cabelos.
Assim que terminei, suspirei fundo, e ele me ajudou a levantar. Sorri para
me a recompor. — Ou filha.
que, ouvi alguns gritos e até mesmo choro. Ao meu lado, Cael era
abraçado pelos pais, que com toda certeza, eram os responsáveis pelo
meu ser.
NINA
apareceu.
Longe de qualquer circunstância com Pablo e todo tormento
copo com uísque. — Quando vai me contar o que de fato aconteceu entre
minha garganta, mas com toda certeza, era a forma que ajudava a me
acalmar. Até mesmo, me recompor e voltar para minha irmã. Queria estar
ao seu lado, e mais, saber como foi tudo desde o início. Mudei meu olhar
pudesse contorná-la.
não soar tão ácida quanto antes. Entretanto, nunca soubera disfarçar meus
incômodos.
entender.
e o encarei.
certo.
Deixava para trás muito além de palavras, mas um homem, que um dia
CHIARA
Semanas depois...
Meu coração estava angustiado, ainda mais, por saber que seria
de Cael. Era algo novo em nossa rotina e sabia que teríamos muito mais.
Assim como, eu partiria dias depois que ele chegasse em São Paulo
instante, Noctis passou por suas pernas. — Mas a nossa vida era assim
antes, e não temos como mudar.
unindo nossos lábios. — Apenas não me acostumei a não te ter por perto,
em todos os sentidos.
— Sem usar seu charme barato para tentar me seduzir e ser sua
Lucas tem feito um ótimo trabalho e sei disso pelo que me fala, aliás, já
tenho um emprego.
— Sei que não vai ceder a isso, mas não pode me culpar por
tentar.
pequeno detalhe de seu rosto. — Que eu ainda tenho que trabalhar hoje.
ao mesmo tempo que me derretia por suas palavras e toques. — Vou ver
mesma, enquanto ele afagou a cabeça de Noctis, que assim como eu,
vez, tive a certeza, que mesmo com a distância entre nós, existia
nunca imaginei me pertencer, nos puxou para perto de forma a não querer
soltar. Não era pelo bebê. Nunca o fora.
Sabia daquilo pelo dia a dia. Pelas horas perdidas e ganhadas
juntos. Pelas escolhas feitas antes mesmo de sabermos que seríamos pais.
Pelas ideias mirabolantes e o carinho descomunal que ele criou pelo meu
poderiam existir.
cada instante, assim como a sua. Não existia espaço entre nós para sofrer
por algo imaginado ou pelo que nos fora causado. Ele não era como o
homem que abandonou minha mãe, e por mais que minha mente gritasse
“Algumas pessoas vivem para a fortuna
não me aterrorizava o fato de que Cael entrou em minha vida apenas para
somar. Para ser parte de minha paz.
CAPÍTULO XXXII
CHIARA
impossível não sorrir. Nina não conseguia disfarçar seu desconforto por
algo. Ainda mais, a minha negação de tê-la comigo ali. — E mais, nossa
a mim mesma.
No fundo, ainda sentia um medo incalculável toda vez que vinha
livros que li, destacavam que mães de primeira viagem tem o medo como
falou e notei seu tom mais sério. — Cael também está preocupado e até
me ligou para falar sobre. Tem que ficar calma. O bebê está bem, já
fizeram infinitos exames. E mais... Vamos descer logo desse carro que eu
apenas no nascimento.
— Cael acha que sim, mas pelo que li e conversei com a médica
por telefone, talvez hoje, possamos descobrir. — comentei e Nina
levantou a mão no segundo seguinte. — Não, não vamos falar sobre isso!
— Eles ainda nem tem uma data! — falei, e Nina desviou o olhar,
era difícil para ela falar sobre. Todos os dias, tentava adentrar aquele
assunto e ela fugia. Queria ser para ela, nem que fosse um por cento, do
sexo dessa criança, para que eu possa começar a fazer o bolão com
nomes.
braço sobre meu pescoço e sorri, sentindo-me cuidada. Era algo que
minha família, queriam me proteger até de mim mesma. Era fato que
tudo mudava quando se descobria uma gravidez, mas nunca imaginei que
e ele me fez prometer que narraria toda a consulta após sair da mesma.
Poderia até ser um áudio imenso para que ele pudesse ouvir assim que
saísse das reuniões. Sorri, sabendo o quanto ele gostaria de estar ali. Se
mesmo instante.
até o nascimento. Fiquei divagando muito sobre aquilo, ainda mais, pelo
frente. Não de forma que a outra pessoa não desconfiasse. Sei disso pelos
era um fato. — Se conseguir ver o sexo, acha que vai se conter e não
— Ainda bem que tem uma irmã mais velha perfeita que pode te
ajudar. — Piscou e levou uma de suas mãos para minha barriga. — Aqui
sorri abertamente.
Minha irmã era um exemplo de pessoa com autoconfiança.
Aprendi com ela a ser daquela forma, mas nunca, chegou ao patamar que
ela conseguiu. Era como se Nina jogasse todas suas inseguranças para
debaixo do tapete, e nunca as retirasse de lá. Sabia que era tão humana
quanto eu, quanto qualquer um, entretanto, admirava a força que ela
— O que foi?
conhecer.
— Pronto!
minha cara. Nina fez a plena, como se não acabasse de declarar seu não
amor pela outra mulher, e tentei fingir que estava focada na tela ainda em
semanas.
mesmo sabendo que quando se tratava da gravidez, com certeza, não era
mais de exatas. — Então, vão querer mesmo saber mais sobre o bebê? —
indagou e abri a boca para responder, mas não soube o que dizer.
O que Cael e eu conversamos e combinamos com ela antes, era
sempre saber apenas se o bebê estava bem. Nunca falamos abertamente
e encarei a tela, com os olhos marejados. — Mas algo que nunca indiquei
e percebi na última ultrassom foi que ele cobria o outro, não dando a
Tum tum tum... Dois sons praticamente iguais ecoavam pela sala.
Ora uma, ora outra. Meu coração quase saía pela boca. E em minha
mente apenas repassava que não existia surpresa maior que aquela. A
CAEL
Casa.
para sua casa. Sabia que onde ela estivesse, poderia chamar de lar. Era
estranho, porque nunca imaginei que em tão pouco tempo tudo estaria
assim. Porém, se transformara.
Todos os dias era o que tentava transparecer, e sentia que ela fazia
o mesmo. Não era pelo filho que esperávamos, existia o nós em toda
o quanto sempre quis algo e nunca percebi. E o quanto, era valioso o que
semanas longe apenas reafirmaram o que já tinha plena certeza: não era
pelo sexo. Não teria como ser. Era sua presença. Seu abraço e seu laço
momento em que meus olhos bateram nos seus há seis anos. Talvez o
para cumprimentá-la.
Apenas sorri, pois sabia que aquele era seu jeito de me chamar, nada
mala, e vou te vendar. Aí, vou abrir a porta e depois, Chiara vai te guiar
pelo apartamento.
acontecia, mas se poderia esperar algo de Chiara, sabia que era bom.
Qualquer coisa, por simplesmente tê-la por perto, seria-me o suficiente.
— Ei, baby.
Sua voz baixa chegou a meus ouvidos e ela tocou meu rosto com
saudade que sentia, apenas contribuía para que minhas mãos a puxassem
para mais perto. Assim como, toquei sua barriga, sentindo-me próximo
virar aqui, já que sabe o trajeto de cor, mas... Vai entender depois. —
— Bom, temos duas coisas a sua frente e... Ok, não sou boa nisso,
minha.
seguida.
— Palavras fofas não vão te ajudar aqui. — Transformou-se em
aprontando?
— Vou pegar algo com a colher e daí, você tem que experimentar
Chiara, que levava o escrito: aqui batem dois corações. Em seu colo, ela
sorrisos que eram gigantes entre nós. Nunca me imaginei naquele exato
momento, mas sabia, que não existia outra pessoa no mundo, com a qual,
CHIARA
Meses depois...
mais intenso.
estável e um gato para chamar de meu. Tudo parecia em seu lugar, até
meu coração acelerar pelo que não deveria. Meus sentimentos gritaram,
ao mesmo tempo que os dele se descobriam. Pela primeira vez,
momento que as levaria dali. Sabia que não demoraria muito, entretanto,
era ansiosa demais para me conter. Faziam algumas horas que vieram ao
mundo, e mesmo em uma cadeira de rodas, devido à exaustão, ali estava.
minha bochecha.
tivesse esbarrado com Cael naquela exata manhã na AIA, e toda a cena
sucederia depois daquilo, caso não tivéssemos nos unido antes, não tinha
ideia. Porém, toda minha mente apenas conseguia focar que era naquele
possível. Sua mão estava em meu ombro, como se para me apoiar. Sabia
o quanto os meses passaram em um estalar de dedos, e a forma como
tentávamos a todo custo conciliar nossas vidas. Sua carreira o levava para
Cael voltou a falar sobre casamento, e como aquilo, tocou meu coração.
mesma.
— Parece que elas crescem o dobro a cada dia. — comentei, e
Cael sorriu, sentado do lado de fora, ainda com a roupa do trabalho. Ele
declarado.
— Tirando o fato da dor nas costas e que não sei mais em que
como abordar tal assunto, mas os poucos minutos que fiquei sozinha no
seu escritório, devido a simples curiosidade. Sabia que ele tinha coleções
foi justamente em sua coleção especial de games, que encontrei algo que
não deveria.
que escondi. — Mordi o lábio inferior, e ele tocou levemente meu queixo,
forçando-me a olhá-lo. — Foi em um momento na viagem, meses atrás.
resposta.
a frente.
— Chia...
— Sei que temos um bom tempo para isso. Um bom tempo para
pirarmos com duas bebês recém-nascidas e nos adequar à nova vida. Mas
tem um quarto delas no meu apartamento, assim como no seu. Só
consigo pensar que Nina precisa de um lugar em São Paulo e... Bom, não
que tremiam.
— Temos que treinar ele para esse momento. Ou até mesmo, uma
entendi que era aquilo que queria. Era como ele nos definiu algumas
semanas atrás, naquele banheiro.
Pode parecer sem porquê, mas para mim, tem significado. Marcar o
momento, como fazemos nos mais simples. Não me importa se vai estar
— Talvez.
Uniu nossos lábios e sabia que era nosso momento. Algo apenas
único. Aquele era o romance que no resumia. Uma história que teria
NOTA
esteja animada para outros livros dessa família. Não se esqueça de deixar
sua avaliação, dizendo o que achou de Chia, Cael, Noctis e mais dois
pacotinhos.
Aline
Contatos da autora
Instagram: @alineapadua
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Twitter: @alineapadua
[4] Sam Lowry Hunt é um cantor americano country, compositor e ex-jogador de Futebol
[6] A Whole New World" (“Um Mundo Ideal") é uma música do filme de 1992 Aladdin
da Disney, composta por Alan Menken e escrita por Tim Rice. Fonte: Wikipédia.
[8] Take Your Time " é uma canção co-escrita e gravada pelo cantor americano Sam
[9] Alicia Augello Cook, (Manhattan, 25 de janeiro de 1981) mais conhecida como Alicia