17 - Uma Experiência Músico-Centrada em Uma Instituição para Adolescentes e Adultos Especiais - R
17 - Uma Experiência Músico-Centrada em Uma Instituição para Adolescentes e Adultos Especiais - R
17 - Uma Experiência Músico-Centrada em Uma Instituição para Adolescentes e Adultos Especiais - R
Resumo
Este trabalho apresenta a experiência musicoterapeutica encontrando a
teoria musico-centrada como suporte para a análise e a compreensão dos
fatos clínicos ocorridos nas sessões de musicoterapia em grupo, realizadas
no PEPA durante o primeiro semestre de 2008. As análises foram feitas com
o auxílio de filmagens clínicas, gravações em áudio e anotações após as
sessões, compiladas para a interpretação das demandas dos participantes no
processo musicoterapêutico. Os resultados das análises indicaram condições
favoráveis para a utilização do musico-centramento como base teórica e
prática para nosso projeto futuro.
Palavras-chave: Musicoterapia, Musicoterapia músico-centrada,
desenvolvimento pessoal, auto-atualização
Abstract
This paper presents a Music Therapy experience in connection with the
Music-centered theory as a support for the comprehension and analysis of
the clinical datas that occur in a group Music Therapy sessions, done ate
PEPA, during spring-summer 2008. The analysis of the group were done by
clinical filming, audio recording and after session logs helping the
interpretation of the clinical needs of the group members on their music
Introdução
A musicoterapia desperta sensações e emoções, além de novas possibilidades de
leitura sobre os mesmos fenômenos sonoros e musicais. A musicoterapia quando
aplicada, nos transporta para o universo da „liberdade sensorial e criativa‟, da liberdade
do improviso musical, através do qual encontramos novos caminhos para a
comunicação e a expressão humana. A música é uma fonte inspiradora de vários
ambientes. É mensagem que não pede licença nem sofre bloqueio, comunica-se
diretamente com a essência. O contato entre o trabalho musicoterapêutico desenvolvido
no PEPA e o músico-centramento se deu de forma natural. Durante a graduação são
apresentados os seus pressupostos teóricos e práticos, mas podemos dizer que somente a
prática, através dos estágios, dos relatórios, da supervisão e da atuação profissional
podemos nos aproximar da realidade clínica, o contexto real onde devemos construir
nosso setting, nosso território, e então iniciar um processo que sabemos implicar em
vários estratos existenciais e relacionais.
2
culturais, além de um jantar e uma apresentação artística, quando são realizados os
espetáculos de música, dança e teatro produzidos durante o ano.
2 Roda de tambores é uma prática em grupo onde pessoas participam tocando tambores e outros
instrumentos musicais de percussão, com o propósito comum de fazer música juntos. (Suzuki, 2008, p. 9)
4
apud Pereira de Queiroz, 2003) são resilientes e porosos. A “music child” é a essência
de cada um em música, ao passo que a “condition child” é um momento existencial em
que o organismo está em constante desequilíbrio „nocivo‟ ou sofrendo contra a sua
saúde, isto acontece mesmo quando estamos resfriados, onde o sistema autônomo
cerebral produz várias alterações no sistema hormonal para promover o re-equilíbrio
harmônico das funções vitais do organismo. Concordamos com a escola de Nordoff e
Robbins quando nos diz que e a musicalidade é de natureza inata, universal, o ponto
central de uma construção existencial. Aigen também cita Aldridge quando relaciona o
corpo a uma orquestra (Aigen, 2005, p. 183) e sua dinâmica. Pensamos que esta sinfonia
existencial cria espaços e tempos para um encontro harmônico promovendo beleza e
bem estar para o indivíduo na prática musical. O tempo como espaço, força, e
movimento em música (ibid., p.192). Para Aigen (ibid., p.257), em um contexto
musicoterapêutico a música deve ainda, „expressar as emoções do cliente‟ e „ser
expressiva de uma emoção diferente da que é expressa‟.
Conforme Aigen (2005, p.274):
“A essência transformacional da música está presente na
ampla gama de escalas e formas musicais, dentre frases
específicas, e em algo do conceito de Zuckerkandl”, e mais, “há
uma coexistência de oposições e paradoxos na música que são
homólogos às verdades da vida humana. Similaridade, nosso
nascimento como seres humanos representando o início de
nossas vidas em nosso primeiro passo em direção ao nosso fim,
nossa morte.”
Nordoff e Robbins (1972, p.141 apud Aigen, 2005, p.307), afirmam que “um
músico que decide entrar na carreira de musicoterapeuta vai encontrar novas dimensões
para a vida, novos horizontes e profundidades na arte musical em si mesma, ao invés de
na composição musical. O que ele descobre quando experiência a arte da música como
terapia vai derramar nova luz sobre ele em toda a música”. Segundo Aigen, o que vale é
a viagem, o movimento, e não o destino. A voz foi o instrumento principal utilizado
pelos participantes. Como nos diz Queiroz; “O poder da canção vem da dupla realidade
gerada pela linguagem verbal e pela música, realidade dupla que, ao final de contas, é
uma só: objeto, sujeito e sua integração.” E mais: “O poder terapêutico da canção vem
dessa soma de qualidades, da música e da linguagem verbal.” (Pereira de Queiroz, 2003,
p.84-85). A análise parcial das sessões realizadas até agora demonstrou que o
5
compartilhamento do mesmo repertório pelos grupos facilitou a integração e a
sociabilidade dos participantes, criando uma atmosfera construtiva, em que todos
cantavam as canções do repertório da musicoterapia durante a realização de outras
atividades na instituição. Este fato foi notado pelos profissionais como um fator positivo
para a integração e o equilíbrio das relações interpessoais dos grupos.
O repertório musical
Quanto ao repertório musical, foram considerados os seguintes critérios:
1 – músicas trazidas pelos participantes
2 – músicas surgidas nas sessões
3 – músicas trazidas pelo musicoterapeuta
A idéia era que as canções do repertório deveriam proporcionar um espaço para a
expressão e para o compartilhamento de emoções, vivências, e experiências individuais
e grupais entre os participantes.
O vídeo síntese
O vídeo anexo a este trabalho apresenta uma síntese com os resultados práticos
dos primeiros elementos identificados no processo musicoterapêutico. Através deste
processo foi analisada parte da produção do primeiro semestre e os dados coletados
inicialmente estão sendo utilizados na montagem de uma metodologia de pesquisa em
musicoterapia músico-centrada.
Considerações finais
A musicoterapia numa abordagem musico-centrada nos fornece um arcabouço
teórico rico em diversidade, da filosofia à matemática, presentes na clínica, numa leitura
do universo musical das pessoas. O ser humano é música, como nos diz Zuckerkandl, e
a música torna-se o ser humano através de sua criação. Para nós, esta unicidade
transforma-se em universidade, em musicoterapia, em relação transpessoal e
experiência de vida única, presente. O tempo não existe durante uma sessão de
musicoterapia, pois o espaço e o tempo se confundem na experiência existencial
musical. Nos ensinamentos dos teóricos encontram-se instrumentos para o tratamento
da alma, aquela que perpetua os sentimentos, a que realmente importa, o corpo, é pura
experiência, é realização presente de condição, („condition child‟) humana, plena de
intensidades e deslocamentos. A transformação positiva nas relações sociais e
intrapessoais é visível nos participantes do projeto (ver vídeo anexo), pois à medida que
as músicas são realizadas pelo grupo, o ambiente musical da instituição se expande e a
musicoterapia tem um efeito residual durante o período da semana em que não há
sessões. Os participantes cantam as músicas e se relacionam através delas durante toda a
semana.
10
Referências bibliográficas
ANEXO:
DVD: PEPA – Projeto Especial para Adolescentes e Adultos - 2008
11