17 - Uma Experiência Músico-Centrada em Uma Instituição para Adolescentes e Adultos Especiais - R

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Uma experiência músico-centrada em uma instituição para

adolescentes e adultos especiais


PEPA – Projeto especial para adolescentes e adultos

Luiz Rogério Jorgensen Carrer 1

“O artista é o pedagogo da humanidade, pois sua arte provoca


nas pessoas mudanças profundas de mentalidade, atitude,
hábito e comportamento, que são o grande resultado de todo
processo educativo.”
Cesare de A. Recca (2000)

Resumo
Este trabalho apresenta a experiência musicoterapeutica encontrando a
teoria musico-centrada como suporte para a análise e a compreensão dos
fatos clínicos ocorridos nas sessões de musicoterapia em grupo, realizadas
no PEPA durante o primeiro semestre de 2008. As análises foram feitas com
o auxílio de filmagens clínicas, gravações em áudio e anotações após as
sessões, compiladas para a interpretação das demandas dos participantes no
processo musicoterapêutico. Os resultados das análises indicaram condições
favoráveis para a utilização do musico-centramento como base teórica e
prática para nosso projeto futuro.
Palavras-chave: Musicoterapia, Musicoterapia músico-centrada,
desenvolvimento pessoal, auto-atualização

Abstract
This paper presents a Music Therapy experience in connection with the
Music-centered theory as a support for the comprehension and analysis of
the clinical datas that occur in a group Music Therapy sessions, done ate
PEPA, during spring-summer 2008. The analysis of the group were done by
clinical filming, audio recording and after session logs helping the
interpretation of the clinical needs of the group members on their music

1Músico e Musicoterapeuta; Bacharel em Musicoterapia e professor de Psicoacústica pela FPA (Faculdade


Paulista de Artes) SP-2007;
1
therapy processes. The results demonstrated positive conditions concerning
the use of the Music-centered Music Therapy theory and practice as a
support to our future Projects.
Keywords: music therapy, music-centered music therapy, self development,
self actualization

Introdução
A musicoterapia desperta sensações e emoções, além de novas possibilidades de
leitura sobre os mesmos fenômenos sonoros e musicais. A musicoterapia quando
aplicada, nos transporta para o universo da „liberdade sensorial e criativa‟, da liberdade
do improviso musical, através do qual encontramos novos caminhos para a
comunicação e a expressão humana. A música é uma fonte inspiradora de vários
ambientes. É mensagem que não pede licença nem sofre bloqueio, comunica-se
diretamente com a essência. O contato entre o trabalho musicoterapêutico desenvolvido
no PEPA e o músico-centramento se deu de forma natural. Durante a graduação são
apresentados os seus pressupostos teóricos e práticos, mas podemos dizer que somente a
prática, através dos estágios, dos relatórios, da supervisão e da atuação profissional
podemos nos aproximar da realidade clínica, o contexto real onde devemos construir
nosso setting, nosso território, e então iniciar um processo que sabemos implicar em
vários estratos existenciais e relacionais.

Sobre a instituição PEPA


O PEPA é uma associação sem fins lucrativos que compreende uma equipe
multidisciplinar trabalhando em regime inter e transdisciplinar com o objetivo de
proporcionar o melhor desenvolvimento possível para a autonomia e a inclusão social
de seus participantes. Lá são produzidas várias manifestações culturais e pedagógicas,
além dos atendimentos individuais oferecidos por profissionais de diversas áreas das
artes e da saúde, como psicólogos, fisioterapeutas, professores de dança, teatro, e
capoeira, pedagogos e musicoterapeutas. Atualmente, o PEPA conta com 35
participantes entre adolescentes, acima de 14 anos, e adultos, com o mais idoso na faixa
dos 45 anos. Os trabalhos de musicoterapia são desenvolvidos semanalmente com o
atendimento de três grupos, e também com o atendimento individual. Durante todo o
ano são realizados bazares, onde é comercializada a produção das oficinas, e feiras

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culturais, além de um jantar e uma apresentação artística, quando são realizados os
espetáculos de música, dança e teatro produzidos durante o ano.

Da prática clínica musicoterapêutica ao músico-centramento


No final do ano de 2007 todos os envolvidos com a instituição foram
convocados para uma reunião onde cada profissional faria seu relatório oral e
apresentaria as propostas para o ano de 2008 a todos. Isto ocorreu após a saída da
musicoterapeuta Edmara Ozório, professora de música na instituição e responsável
juntamente com Carrer pelo processo de transição entre musicalização e musicoterapia
(que não excluiu o processo pedagógico) na instituição. Sendo assim, durante o
processo de estruturação do departamento de musicoterapia no PEPA em 2008 foi
decidido realizar uma palestra de esclarecimentos sobre as teorias e práticas
musicoterapeuticas para a equipe de profissionais e para os pais e responsáveis pelos
participantes do projeto. O próximo passo era construir uma estratégia prática adequada
às demandas da instituição, que solicitou experiências musicais específicas que
agregassem todos os participantes do projeto. A idéia era trabalhar com dois grupos
abertos, de modo que se algum participante não pudesse participar da primeira sessão
por algum motivo, ele poderia participar da outra sessão. As sessões teriam o mesmo
conteúdo musical de base. Foram formados dois grupos e o processo foi iniciado com os
participantes trazendo CDs para sugerir músicas para serem cantadas nas sessões. A
partir dos CDs trazidos foi montado um repertório básico que seria inserido
gradualmente nas sessões durante o processo musicoterapêutico, além dos exercícios
corporais e vocais. As músicas escolhidas por um grupo interagiam com as músicas do
outro. Aqui podemos verificar a formação do vínculo através das canções com a música
dos participantes pedindo contato (Brandalise, 2001, p.30). Ronaldo Millecco, um
musicoterapeuta reconhecido por seu trabalho com as canções nos traz uma definição
muito interessante de musicoterapia: “A musicoterapia pode ser definida como uma
terapia auto expressiva que estimula o potencial criativo e a ampliação da capacidade
comunicativa, mobilizando aspectos biológicos, psicológicos e culturais.” (Millecco,
2001, p.80).
A análise das gravações em áudio, e das filmagens com as primeiras construções
de sentido para o processo musicoterapêutico músico-centrado através das canções foi
realizada ao longo do processo. As idéias e conceitos de autores como Paul Nordoff e
Clive Robins envolvidos no saber acumulado em anos de experiência na utilização da
3
música como agente terapêutico e portador de bem estar e auto realização tornaram
possível a utilização de instrumentos de análise qualitativa que fornecem informações
ricas para a compreensão e o crescimento da prática clínica musicoterapêutica. A
transformação notada pela coordenação do projeto PEPA está também registrada no
vídeo que complementa este trabalho. Torna-se necessária uma avaliação contínua e
mais aprofundada dos fenômenos ocorridos durante as sessões, além do
compartilhamento destas informações entre toda a equipe nas reuniões
multidisciplinares. Durante os estudos realizados até agora, podemos colocar que nosso
foco principal foi na experiência musical dos participantes, onde os objetivos musicais
são objetivos clínicos, e onde o foco primário é na promoção de um maior envolvimento
do participante na música, quando há convergência entre o processo pessoal e o
desenvolvimento. (Aigen, 2005, p. 92-93) Ainda segundo Aigen, existem gratificações
intrínsecas na participação musical dos participantes quanto a: dimensões criativas,
processo expressivo, dimensões estéticas, dimensões comuns, dimensões transpessoais
(como na “Roda de Tambor” 2), ratificação intrínseca e categorias de experiência
(Aigen, 2005, p.95-100). A experiência do processo musical é a terapia; as intervenções
são guiadas por propriedades musicais; a música é uma forca clínica autônoma; a
análise musical pontua os processos clínicos; a terapia pode incorporar um foco no
desempenho e nos produtos; o processamento verbal deve acompanhar as experiências
musicais; a relação terapêutica é uma relação musical; o pensamento musico-centrado
envolve o holismo; a generalização de funcionamento não é um critério necessário para
a avaliação em musicoterapia. Brandalise nos apresenta um dos principais componentes
da „musicalidade clínica‟ como sendo a „liberdade criativa‟ e a „construção musical‟,
além de outros conceitos, onde o fazer musical traz a realização e a atualização do self
como relação integral. Podemos repensar música com respeito às suas „forças
essenciais‟, como terapeuta principal e co-terapeuta. Afinal, “Podemos nos tornar
„alquimistas de sons...‟ . O Paradigma musico-centrado é desenvolvido por vários outros
musicoterapeutas, dentre eles: Barbara Hesser, dizendo que a musicoterapia tem na
experiência clínica todos os elementos para a construção de sua teoria própria, partindo
da essência expressada na prática musicoterapeutica. (Brandalise, 2001, p.18-20) Para
nós, o conceito de “music child” e de “condition child” (Robbins, e Robbins, 1991

2 Roda de tambores é uma prática em grupo onde pessoas participam tocando tambores e outros
instrumentos musicais de percussão, com o propósito comum de fazer música juntos. (Suzuki, 2008, p. 9)

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apud Pereira de Queiroz, 2003) são resilientes e porosos. A “music child” é a essência
de cada um em música, ao passo que a “condition child” é um momento existencial em
que o organismo está em constante desequilíbrio „nocivo‟ ou sofrendo contra a sua
saúde, isto acontece mesmo quando estamos resfriados, onde o sistema autônomo
cerebral produz várias alterações no sistema hormonal para promover o re-equilíbrio
harmônico das funções vitais do organismo. Concordamos com a escola de Nordoff e
Robbins quando nos diz que e a musicalidade é de natureza inata, universal, o ponto
central de uma construção existencial. Aigen também cita Aldridge quando relaciona o
corpo a uma orquestra (Aigen, 2005, p. 183) e sua dinâmica. Pensamos que esta sinfonia
existencial cria espaços e tempos para um encontro harmônico promovendo beleza e
bem estar para o indivíduo na prática musical. O tempo como espaço, força, e
movimento em música (ibid., p.192). Para Aigen (ibid., p.257), em um contexto
musicoterapêutico a música deve ainda, „expressar as emoções do cliente‟ e „ser
expressiva de uma emoção diferente da que é expressa‟.
Conforme Aigen (2005, p.274):
“A essência transformacional da música está presente na
ampla gama de escalas e formas musicais, dentre frases
específicas, e em algo do conceito de Zuckerkandl”, e mais, “há
uma coexistência de oposições e paradoxos na música que são
homólogos às verdades da vida humana. Similaridade, nosso
nascimento como seres humanos representando o início de
nossas vidas em nosso primeiro passo em direção ao nosso fim,
nossa morte.”
Nordoff e Robbins (1972, p.141 apud Aigen, 2005, p.307), afirmam que “um
músico que decide entrar na carreira de musicoterapeuta vai encontrar novas dimensões
para a vida, novos horizontes e profundidades na arte musical em si mesma, ao invés de
na composição musical. O que ele descobre quando experiência a arte da música como
terapia vai derramar nova luz sobre ele em toda a música”. Segundo Aigen, o que vale é
a viagem, o movimento, e não o destino. A voz foi o instrumento principal utilizado
pelos participantes. Como nos diz Queiroz; “O poder da canção vem da dupla realidade
gerada pela linguagem verbal e pela música, realidade dupla que, ao final de contas, é
uma só: objeto, sujeito e sua integração.” E mais: “O poder terapêutico da canção vem
dessa soma de qualidades, da música e da linguagem verbal.” (Pereira de Queiroz, 2003,
p.84-85). A análise parcial das sessões realizadas até agora demonstrou que o
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compartilhamento do mesmo repertório pelos grupos facilitou a integração e a
sociabilidade dos participantes, criando uma atmosfera construtiva, em que todos
cantavam as canções do repertório da musicoterapia durante a realização de outras
atividades na instituição. Este fato foi notado pelos profissionais como um fator positivo
para a integração e o equilíbrio das relações interpessoais dos grupos.

As técnicas musicoterapêuticas utilizadas


Recriação musical com CD; recriação musical sem CD; audição e sensibilização
musical; relaxamento com música e consciência corporal; aquecimento vocal;
ressonância musical através da voz; leitura poética das canções com entonação; música
e imagem guiadas e não guiadas; música e artes plásticas; instalações sonoras;
ressonância sonora musical no corpo com a voz.

A ‘Roda de Tambores’ (drum circle), com Paulo Suzuki


Durante o processo musicoterapêutico no PEPA também foi realizada uma
„Roda de Tambores‟, prática já citada, com o musicoterapeuta especialista Paulo Suzuki
(MT Esp.), que proporcionou um encontro entre os dois grupos para uma prática que
envolveu tocar os tambores em sincronismo de diferentes instrumentos em um só ritmo,
e sincronicidade entre diferentes ritmos, surgiram várias células rítmicas e movimentos
em contraponto, culminando com a utilização da voz com os tambores e da flauta, com
breves temas vocais e percussivos.

Encontro de fechamento do primeiro semestre


Ao final do primeiro semestre, os dois grupos foram reunidos no salão principal
da instituição onde foram cantadas todas as canções realizadas nas sessões como
encerramento do semestre de forma coletiva. Nesse momento o grupo foi acompanhado
pelo musicoterapeuta com o teclado e a voz. A sessão foi filmada com o auxílio da co-
musicoterapeuta. Pode ser desnecessário lembrar sobre a importância das gravações das
sessões em áudio e vídeo (anexo), mas o registro do processo é de suma importância
para a análise musicoterapêutica músico-centrada, e para o planejamento do tratamento
e das próximas sessões. Através das gravações e das filmagens é possível perceber
detalhes importantes como movimentação, comunicação, intensidade, alterações na
dispersão de energia musical em dados momentos críticos na sessão, e também para
realizar uma auto-avaliação e saber como é trabalhada a comunicação musical dentro da
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sessão, e como esta pode ser melhorada em função dos objetivos terapêuticos e da
análise musicoterapeutica baseada nas evidências clínicas.

O repertório musical
Quanto ao repertório musical, foram considerados os seguintes critérios:
1 – músicas trazidas pelos participantes
2 – músicas surgidas nas sessões
3 – músicas trazidas pelo musicoterapeuta
A idéia era que as canções do repertório deveriam proporcionar um espaço para a
expressão e para o compartilhamento de emoções, vivências, e experiências individuais
e grupais entre os participantes.

Os instrumentos musicais utilizados


Piano; teclado; percussão (tambor, chocalhos de madeira e metal, triângulo,
pandeiro, caxixi); violão; tocador de CD; microfone; o próprio corpo; a voz; a canção e
a poesia.

Análise das sessões através das ‘fitas processo’


Nossa análise partiu das práticas musicais e sonoras, e das canções realizadas
durante o processo musicoterapêutico. Foi construída uma descrição fenomenológica e
existencial dos acontecimentos considerando a teoria do músico-centramento. Quanto
mais os episódios narrados através das canções apresentavam as vivências dos
participantes, mais compreendíamos as necessidades pessoais e musicais dos indivíduos
com os quais estávamos trabalhando. Foi notada também a importância do registro das
sessões para analisar em detalhes o processo musicoterapêutico. A câmera foi
introduzida no setting com cautela nas últimas sessões e observando o consentimento
dos participantes. A sessão apresentada no vídeo anexo a este trabalho refere-se à sessão
de encerramento do primeiro semestre de 2008 e a segunda sessão do segundo semestre
de 2008. Foi iniciada então a aproximação direta com as visões de Brandalise à cerca da
„musicalidade clínica‟, da „intuição clínica‟, da „intenção clínica‟, dos „Platôs‟, do
„fragmento de tema clínico‟, e do „tema clínico‟ (Brandalise, 2001, p.19-34), e com os
conceitos de „music child‟, „condition child‟, e „novo self‟, ou atualização do self
(Robbins apud Brandalise, 2001, p.44). A música produzida nas sessões tem a
possibilidade de romper com as diferenças e encontrar a singularidade dos participantes,
7
promovendo espaços para a ampliação do „music child‟ e facilitar a expansão do
ambiente musical levando ao „novo self‟, e isto é fato verificado ao longo do semestre,
após mais de dez sessões realizadas. Entendemos que para o músico-centramento, cabe
ao musicoterapeuta ajudar a pessoa a descobrir e desenvolver sua musicalidade
ampliando as possibilidades de se relacionar com o mundo, com mais qualidade de vida
e visando sempre a auto-realização e a autonomia. É necessário ensinar aos
participantes a caminhar com a música em suas vidas de forma consciente dos efeitos
desta no corpo e na mente. O quanto este conhecimento pode ajudar a transformar
situações ruins em oportunidades para aprendizado e humildade, enfrentando a
melancolia com serenidade e valorizando as alegrias.

O vídeo síntese
O vídeo anexo a este trabalho apresenta uma síntese com os resultados práticos
dos primeiros elementos identificados no processo musicoterapêutico. Através deste
processo foi analisada parte da produção do primeiro semestre e os dados coletados
inicialmente estão sendo utilizados na montagem de uma metodologia de pesquisa em
musicoterapia músico-centrada.

Objetivos principais realizados através dos elementos musicais e das


técnicas musicoterapêuticas
Sensibilização auditiva; ampliação das escutas; promoção da auto-percepção e
organização corporal; promoção da auto consciência global; desenvolvimento cognitivo;
desenvolvimento de potencialidades musicais; percepção e diminuição da ansiedade e
fobias; melhoria nos quadros de insônia; construção da identidade pessoal e grupal e
uma melhor qualidade de vida.

Perspectivas futuras para a pesquisa em musicoterapia músico-centrada


Colocamos aqui algumas sugestões surgidas na prática musicoterapeutica à cerca
de instrumentos possíveis para a análise na musicoterapia musico-centrada.
Apresentamos aqui alguns instrumentos de pesquisa, talvez como forma de colaboração
e necessidade de compartilhar os dados e mudanças significativas para com as equipes
multidisciplinares através de um protocolo híbrido de pesquisa quantitativa e
qualitativa. O intercâmbio entre os colaboradores aumenta a gama de instrumentos
possíveis na clínica musicoterapêutica, assim como a troca de experiências nos faz
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compreender melhor o contexto global da clínica para um melhor aproveitamento das
atividades de forma integrada.

Instrumentos possíveis de acompanhamento e avaliação do processo músico-


centrado:
o „INDICE DE POTENCIALIDADE MUSICAL (IPM)‟
Esta avaliação é baseada no teste “MUBS – Musical Behavior Scale” (Escala de
Comportamento Musical), que foi criado entre 1966 e 1972. A idéia era descobrir a
relação entre o comportamento musical e comportamento em geral dos indivíduos.
Foram testadas 137 crianças entre 7 e 11 anos de idade em uma escola da Noruega, e
interessantes resultados foram observados. Existe uma relação forte entre estes testes e
as funções sociais e linguísticas dos indivíduos participantes. Este teste pode ser
utilizado como instrumento de avaliação por musicoterapeutas, e a linguagem utilizada
é bastante clara para facilitar a comunicação do musicoterapeuta com a equipe médica e
os psicólogos responsáveis pelo tratamento. O teste MUBS também foi utilizado na
Finlândia em populações com retardo mental e que não tem relação com a música. Os
objetivos eram, primeiro, verificar se o MUBS poderia ser utilizado como teste de
avaliação do progresso do tratamento com musicoterapia, e segundo, se poderia ser
utilizado para conferir progresso no campo não musical. Foi observado um aumento de
70% nas funções do MUBS no grupo de teste, enquanto que o aumento foi de 18% para
o grupo de controle. Também foram observados dados de alta relevância nas funções
não musicais do grupo de teste em relação ao grupo de controle, principalmente na
sociabilidade e no contato. Também foi observado uma melhora no funcionamento das
funções linguísticas. (2008) Disponível em:
http://members.tripod.com/~quadrillo/MUBS/

o Ficha Musicoterapêutica (FM)


Esta ficha compreende a história sonora musical do participante, com o objetivo de
colher dados significativos da vida musical e sonora da pessoa e da família.

o „ESCALA VISUAL DE NÍVEL DE INTEGRAÇÃO MUSICAL‟ (EVNIM)


Este instrumento de avaliação está em construção, mas alguns parâmetros e categorias
significativos já podem ser descritos. Esta escala compreende os seguintes níveis:
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1 – ausente
2 – participando de modo incongruente
3 – participante ouvinte
4 – participante desintegrado
5 – participante parcialmente integrado
6 – participante integrado
7 – participante integrado e criativo
A análise dos resultados é representada através de tabelas.
o RELATÓRIOS DIÁRIOS DAS SESSÕES
o REGISTRO DAS SESSÕES EM VÍDEO
o REGISTRO DAS SESSÕES EM ÁUDIO

Considerações finais
A musicoterapia numa abordagem musico-centrada nos fornece um arcabouço
teórico rico em diversidade, da filosofia à matemática, presentes na clínica, numa leitura
do universo musical das pessoas. O ser humano é música, como nos diz Zuckerkandl, e
a música torna-se o ser humano através de sua criação. Para nós, esta unicidade
transforma-se em universidade, em musicoterapia, em relação transpessoal e
experiência de vida única, presente. O tempo não existe durante uma sessão de
musicoterapia, pois o espaço e o tempo se confundem na experiência existencial
musical. Nos ensinamentos dos teóricos encontram-se instrumentos para o tratamento
da alma, aquela que perpetua os sentimentos, a que realmente importa, o corpo, é pura
experiência, é realização presente de condição, („condition child‟) humana, plena de
intensidades e deslocamentos. A transformação positiva nas relações sociais e
intrapessoais é visível nos participantes do projeto (ver vídeo anexo), pois à medida que
as músicas são realizadas pelo grupo, o ambiente musical da instituição se expande e a
musicoterapia tem um efeito residual durante o período da semana em que não há
sessões. Os participantes cantam as músicas e se relacionam através delas durante toda a
semana.

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Referências bibliográficas

AIGEN, K. Music-Centered Music Therapy. Gilsum:Barcelona Publisher, 2005.

BRANDALISE, A. Musicoterapia músico-centrada: linda 120 sessões. São Paulo:


Apontamentos, 2001.

PEREIRA DE QUEIROZ, G. Aspectos da musicalidade e da música de Paul Nordoff: e


suas implicações na prática clínica musicoterapêutica. São Paulo: Apontamentos,
2003.

ROBBINS, C. Material utilizado no curso ministrado durante o Congresso Latino


Americano de Musicoterapia. Montevidéu, 2004.

SUZUKI, P. Roda de Tambores na Musicoterapia Como Técnica em


Potencial.(Monografia de conclusão de pós-graduação em Musicoterapia. São Paulo:
UniFMU, 2008.

ANEXO:
DVD: PEPA – Projeto Especial para Adolescentes e Adultos - 2008

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