39 Cartilha Do Codigo Florestal Brasileiro
39 Cartilha Do Codigo Florestal Brasileiro
39 Cartilha Do Codigo Florestal Brasileiro
Atenciosamente,
1ª Edição
Vitória (ES)
2015
Copyright©2015 por Guilherme Viana de Alencar
Capa
Yocaly Evelin Santos Dutra da Silva
Alexandre Antônio da Silva
Diagramação
Guilherme Viana de Alencar
Hélder Alves dos Reis
Impressão
Suprema Gráfica Editora Ltda.
Revisão de Texto
Lúcia Regina Melo – Bacharel em Engenharia de Pesca ( UFCe) e Licenciada em Letras Inglês
(UFES) e José Dionísio Ladeira - Licenciado em Língua Portuguesa (UFJF), Mestre em Letras
(PUC/RJ) e Doutor em Linguística (UFRJ)
Ilustração
Cleiton Cordeiro da Silva (Pintura com dedo em cerâmica), Alexssandro Mello Furtado (De-
senho do personagem Chico Florestal), Guilherme Viana de Alencar e Yocaly Evelin Santos
Dutra da Silva
313 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-917569-6-4
PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS
OUTROS
PREFACIADORES
Aldo Rebelo, atual Ministro da Ciência, Tec-
nologia e Inovação, ex-Ministro do Esporte,
ex-Deputado pelo PC do B-SP, foi o relator do
Código Florestal na Câmara Federal.
dadeira situação ambiental dos imóveis rurais e, com base neles, se estabelecerá
as medidas mitigadoras e compensatórias para adequar as propriedades às novas
exigências e critérios previstos na Lei, razão pela qual todos os esforços devem
ser envidados para agilizar o cadastramento das propriedades, para estimular que
o prazo estabelecido seja cumprido, evitando dar margem a uma nova crise em
relação à legalidade dos empreendimentos agropecuários.
É a implantação do PRA que vai exigir a entrada em cena dos meca-
nismos de uma política florestal, senso amplo. Neste aspecto, a nova Lei deixa a
desejar, na medida em que repete, em parte, os mesmo vícios de origem das Leis
anteriores, isto é, continua baseada quase que exclusivamente nos mecanismos
de comando e controle do Estado, sem instituir instrumentos reais e efetivos
de fomento para conservação, embora haja um capítulo inteiro tratando desta
questão.
Quando trata de controle e fiscalização, incluindo a obrigatoriedade do
CAR e do PRA, a Lei é mandatória e quando aborda a questão crucial dos incen-
tivos econômicos é meramente declaratório. Isto é, atenua as ações de controle
e fiscalização, mas não define com precisão os incentivos para recuperar o que
já foi detonado no passado, principalmente, para a agricultura familiar, fazendo
recair sobre os agricultores os mesmos ônus da legislação anterior. O agricultor
familiar que não tinha condições de recompor sua APP de 30m continuará sem
condições econômicas de recuperar a faixa de 15m ou de 5m.
O sucesso da implementação da Lei 12.651/12 vai depender da for-
mulação de uma vigorosa política florestal que seja capaz de encaminhar um
conjunto de soluções para que a recuperação das áreas antropizadas de APP
e de Reserva Legal, que não se enquadram na definição de áreas consolidadas,
possam ocorrer, inclusive criando oportunidades de geração de renda para os
agricultores. Nesse sentido, o Governo terá que estruturar instituições florestais
com capacidade de articulação com outras instituições, setor privado e o tercei-
ro setor encarregada de elaborar e implementar um amplo programa nacional de
florestas, visando organizar um serviço de coleta e armazenagem de sementes
florestais, incentivo à infraestrutura de viveiros, produção de mudas, financia-
mento, pagamento por serviços ambientais, silvicultura, manejo florestal, assis-
tência técnica, entre outras inciativas que não estão sendo sequer cogitadas,
mesmo depois de mais de 2 anos da sanção da Lei.
Sem mudas, assistência técnica e financiamento adequado não have-
rá PRA executado. Caso isto aconteça, um novo ciclo de crise será instalado,
por descumprimento da Lei, assim como vinha ocorrendo na situação anterior.
Guilherme Viana de Alencar 17
Ainda que com muita polêmica, a Lei 12.651/12 foi fruto de um processo de
pactuação, por isso tudo deve ser feito para evitar que o pacto seja rompido, com
infringência à Lei.
Se parte das APP e RL foram desmatadas com o financiamento do Es-
tado, como argui corretamente as lideranças do setor agropecuário, nada mais
natural que o Estado financie a recuperação destas áreas. Até porque, como bem
define a legislação florestal brasileira, desde 1934, as florestas e demais formas de
vegetação existente no território nacional são bens de interesse comum do povo.
Ora, se são bens de interesse coletivo, é justo que a coletividade participe dire-
tamente do esforço de recuperação que a incúria do passado legou às presentes
gerações e que se agravarão no futuro, se nada for feito na atualidade.
Na verdade, é o uso intensivo e predatório dos imóveis rurais no pas-
sado, sem observância da Lei e das práticas recomendadas de conservação do
solo e água, com cultivos e criações de baixa produtividade que criaram o qua-
dro de crise que estamos vivendo hoje. Os Vales do Rio Doce e Mucuri, regiões
tradicionalmente ocupadas com a pecuária, chegaram a suportar 2,8 unidades
animal por hectare, no auge da ocupação há 50 anos, e hoje, com a destruição
dos recursos naturais, incluindo a devastação da mata atlântica, a bovinocultura
atinge, em média, 0,6 unidade animal, no mesmo ha, isto é, uma redução de qua-
se 1/5. Neste caso, como é comum ouvir dizer que o meio ambiente atrapalha
a agricultura, é de se perguntar: quanto custa para a agricultura não proteger o
meio ambiente???
Portanto, a agricultura e o meio ambiente não são temas excludentes. O
desenvolvimento agropecuário depende dos recursos ambientais e o meio am-
biente pode e precisa se beneficiar de uma agricultura sustentável, que além de
produzir alimentos, pode produzir água e outros serviços ambientais essências
para a população. Por tudo isso é fundamental aplicar a legislação, visando har-
monizar os interesses da agricultura com os imperativos de proteção ambiental.
Neste contexto, a edição do livro “NOVO CÓDIGO FLORESTAL
BRASILEIRO: Ilustrado e de Fácil Entendimento”, de autoria de Guilherme
Viana de Alencar constitui iniciativa da mais alta valia para os profissionais do
direito, do meio ambiente, da agricultura e dos demais interessados nesta ques-
tão de enorme atualidade, que ganhou sentido de urgência com as mudanças
climáticas e seus efeitos nas áreas agrícolas e ambiental.
Belo Horizonte-MG, 16 de Dezembro de 2014
18 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
APRESENTAÇÃO
A dificuldade de se entender e interpretar na prática o novo Código
Florestal - Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012, por diferentes leitores como es-
tudantes, alunos universitários, produtores rurais, profissionais da área ambiental
e público em geral, foi o que me levou a escrever este livro.
Não se pretende, e nem este autor tem a presunção de esgotar total-
mente este assunto, pois o aprender é um processo contínuo, quer seja por meio
do conhecimento formal ou por meio do conhecimento empírico.
Utilizando ilustrações, fotografias, quadros, mapas, e o uso de uma lin-
guagem clara e de fácil compreensão, busco informar, fazendo uma abordagem
histórica da legislação ambiental brasileira desde a época da colonização até os
dias atuais, como também procuro dirimir dúvidas de todos os leitores sedentos
do entendimento de um Código Florestal que gerou muitas discussões na Câma-
ra Federal e no Senado, pela necessidade de se redigir um texto que conciliasse
os anseios de todos os segmentos da sociedade brasileira.
Embora o novo Código Florestal seja, como diria o ditado popular,
uma colcha de retalhos, pois foi construído com críticas e elogios dos defensores
do agronegócio, ambientalistas, cidadãos comuns, políticos, profissionais da área
ambiental e do público em geral, temos que ter consciência de que trata-se de
uma lei promulgada, portanto, cabe a nós, neste momento,entendê-la, aplicá-la e
nos empenhar pelo sucesso da mesma.
Com o intuito de criar um elo de compreensão entre autor e leitores,
bem como tornar a leitura deste texto uma tarefa prazerosa e de fácil entendi-
mento, idealizei a figura de um personagem fictício que denominarei de “Chico
Florestal”, conforme representado nas figuras a seguir, que estará sempre pre-
sente, gesticulando de diferentes formas, chamando atenção do leitor para cada
assunto abordado na discussão, artigo por artigo da Lei Federal nº12.651 de 25
de maio de 2012.
O Chico Florestal será o instrutor e professor desta longa viagem que
faremos para conhecer o novo Código Florestal de 2012.
Esta viagem terá inicio na época do descobrimento da Ilha de Vera
Cruz, primeiro nome atribuído ao Brasil no ano de 1500, até os dias atuais, onde
conheceremos desde as primeiras normas, regulamentos, regimentos e ordena-
ções que tratavam do meio ambiente, até chegarmos ao nosso primeiro Código
Florestal de 1934, o segundo Código Florestal de 1965 e, finalmente, ao tercei-
ro Código Florestal que aqui denominaremos de novo Código Florestal - Lei
30 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
1 CONHECENDO A LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL BRASILEIRA DESDE A
ÉPOCA DA COLONIZAÇÃO ATÉ OS DIAS
descreveu as belezas naturais e a riqueza de flora e fauna da nova terra, por ele
denominada de Ilha de Vera Cruz.
Deu-se inicio a uma era de colonização da terra, como também, con-
sequentemente, de exploração dos recursos naturais existentes, a exemplo de
madeira, que além de valiosa, era muito abundante, devido a ocorrência de vastas
matas e florestas na então batizada- Ilha de Vera Cruz.
Já naquela época, preocupados com a questão de superexploração de
alguns recursos naturais, dentre eles a própria madeira, os portugueses, no perí-
odo colonial, importaram suas primeiras leis ambientais de Portugal e Espanha,
compiladas das Ordenações Afonsinas, Ordenações Manuelinas e Ordenações
Filipinas, para ordenar e aplicar normas para a exploração dos recursos naturais
na colônia portuguesa. Dentre estas leis, podemos citar o corte deliberado de
árvores frutíferas como crime de injúria ao rei; a proibição da caça de determina-
dos animais tais como coelhos, lebres e perdizes; a proibição da comercialização
das colmeias sem a preservação das abelhas, e outras.
Muitos Atos se sucederam no Brasil Colônia voltados a uso controlado
dos recursos ambientais, até o surgimento do primeiro código Florestal Bra-
sileiro em 1934, já no Brasil República. Os principais Atos promulgados neste
período são citados a seguir:
1- Em 1605, foi criado o Regimento do Pau Brasil, assinado por Dom
Filipe III. Considerado o primeiro Ato genuinamente da Colônia, tinha como
objetivo proteger uma espécie da flora brasileira que já vinha sendo explorada há
várias décadas. Esta preocupação encontrava-se expressa no primeiro parágrafo
do Regimento, que dizia:
“Primeiramente Hei por bem, e Mando, que nenhuma pessoa possa cortar, nem
mandar cortar o dito páo brasil, por si, ou seus escravos ou Feitores seus, sem expressa licença,
ou escrito do Provedor mór de Minha Fazenda, de cada uma das Capitanias, em cujo destricto
estiver a mata, em que se houver de cortar; e o que o contrário fizer encorrerá em pena de morte
e confiscação de toda sua fazenda.” (Ramos, 2009, p. 90)
2- A Carta Régia de 13 de março de 1797, assinada pela rainha Dona
Maria I, estabeleceu a proibição de concessão de sesmarias próximas à costa
do mar ou à margem dos rios que nele desembocassem. Lembro que sesmarias
eram áreas de terra cedida pelo Rei de Portugal para os povoadores da Colônia
que tivessem o interesse de cultivá-las.
Neste momento já se estabeleciam restrições para o uso destas terras da
Colônia, na medida em que a Rainha declarava que eram propriedade da Coroa
todas as matas e arvoredos à borda da costa ou de rios navegáveis, expressando
Guilherme Viana de Alencar 33
Decreto Federal
nº23.793, de 23 de
janeiro de 1934
Lei Federal
nº4.771, de 15 de
setembro de 1965
Este Código Florestal apresentou grandes avanços em relação ao ante-
rior, entretanto, a falta de conexão com a realidade social, cultural e econômica
do país gerou no mesmo a tarja de “Código inaplicável”. Vejamos algumas ca-
racterísticas desta Lei, com seus vários “retalhos”, incluídos ao longo dos anos
por meio de Medida Provisória e Leis:
Inicialmente, esta Lei previa em seu art. 2º, que poderiam ser caracteri-
zadas como de preservação permanente, as seguintes florestas e demais formas
de vegetação natural localizadas:
a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d’água, em faixa margi-
nal cuja largura mínima será: 1 - de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10
36 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
(dez) metros de largura; 2 - igual à metade da largura dos cursos que meçam de
10 (dez) a 200 (duzentos) metros de distancia entre as margens; 3 - de 100 (cem)
metros para todos os cursos cuja largura seja superior a 200 (duzentos) metros;
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artifi-
ciais; lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, mesmo nos chamados “olhos d’água”, seja qual for a
sua situação topográfica;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equi-
valente a 100% na linha de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de man-
gues;
g) nas bordas dos taboleiros ou chapadas;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos
naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres.
Com o passar dos anos foram realizadas diversas alterações no texto
original deste instrumento legal, tornado-o inflexível e de dificil aplicação, prin-
cipalmente por aqueles que tiram o seu sustento da terra, a exemplo dos peque-
nos e médios agricultores.
As contradições entre a realidade do homem do campo e a aplicação da
Lei encontravam-se evidentes, principalmente, quando a Lei tratava dos dimen-
sionamentos das Áreas de Preservação Permanente - APP e da restrição do uso
das florestas situadas em domínio privado. As áreas de APP eram caracterizadas
como sendo:
a) nas margens ao longo dos rios e demais cursos d´água - APP que variavam de
30 a 500 metros;
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; nas
nascentes;
c) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
d) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a
100% na linha de maior declive;
e) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
f) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo,
em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; e
g) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetação.
Guilherme Viana de Alencar 37
Legal, sendo no mínimo 20% na propriedade e 15% na forma de compensação em outra área,
desde que localizada na mesma microbacia;
c) 20%, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vege-
tação nativa localizada nas demais regiões do País; e
d) 20%, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer
região do País.
Um outro aspecto relevante é que esta nova lei assumiu um contorno
jurídico mais rígido ao se referir a tipificação de várias infrações como contra-
venções penais, a exemplo de:
a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação perma-
nente;
b) cortar árvores em florestas de preservação permanente sem permis-
são da autoridade competente;
c) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de ve-
getação sem tomar as precauções adequadas; dentre outras.
As punições aplicáveis a estas infrações são tratadas no art. 26 desta
Lei, prevendo punições de três meses a um ano de prisão simples, ou multa de
uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou
ambas as penas cumulativamente.
Lei Federal
nº12.651, de 25 de
maio de 2012
O novo Código Florestal de 2012 foi fruto da participação popular,
discutido veementemente nas 33 audiências públicas realizadas em vários Es-
tados do Brasil, diferentemente dos Códigos Florestais de 1934 e 1965, onde o
nascedouro de suas normas não passou pelo crivo democrático popular.
Diante disso, a falta de uma participação popular nos antigos Códigos
Florestais de 1934 e 1965 foi o que contribuiu efetivamente para o insucesso dos
mesmos, haja vista a dicotomia existente entre o código florestal e a realidade
Guilherme Viana de Alencar 41
Figura 3. Deputado Aldo Rebelo e as Audiências Públicas realizadas pelo Brasil, ante-
cendendo a aprovação do projeto de lei no Congresso Nacional
O novo Código Florestal- Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, foi
oriundo do projeto de Lei nº 1876/99, criado pelo deputado Sérgio Carvalho, na
ocasião, membro da bancada ruralista na Câmara dos Deputados.
Ao longo dos seus 12 anos de tramitação na Câmara, marcados por
profundas polêmicas geradas entre ruralistas e ambientalistas, vários outros pro-
46 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
jetos foram apensados, até se chegar a um texto do projeto que atendesse aos
distintos interesses.
Em 2009, o deputado Aldo Rebelo foi nomeado relator do projeto,
quando em 2010, emitiu um paracer favorável á lei.
Em 2011, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto e encaminhou
o mesmo ao Senado Federal identificado como Projeto de Lei da Câmara nº 30
de 2011, que após algumas alterações, foi aprovado pelo Senado e devolvido à
Câmara dos Deputados.
Em 2012 a Câmara dos Deputados aprovou uma versão alterada do
projeto, beneficiando os interesses dos ruralistas.
Estando ainda em evidência a discussão de um tema muito polêmico
para a sociedade, que dividia opiniões de ambientalistas e ruralistas, a Presidente
Dilma Russef, em 2012, vetou alguns pontos da lei e propós alteração de alguns
artigos.
Em maio de 2012, o Congresso aprovou o novo Código Florestal,
identificado como Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
Antes deste Projeto de Lei, as vozes de contestação ao Código Flores-
tal vigente na época - Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, não apresentavam
eco significativo junto aos meios de comunicação de massa, restringindo a in-
satisfação de infratores, que não entendiam qual crime estariam cometendo por
estarem mantendo a propriedade rural produtiva.
A palavra infrator passou a ser utilizada indistintamente aos criminosos
do meio ambiente, tanto para o individuo que realizou a limpeza do solo em
área de pousio utilizada historicamente para a agricultura, como para o grande
empresário que desmatou uma vasta área para fins comerciais, sem a devida
autorização, ou mesmo ainda para aquele que desmatou para implantação de
pastagem destinada a criação de gado.
Neste contexto, o meio ambiente é tratado pela sociedade conforme
a vitrine exibida pelos meios de comunicação de massa e pela educação formal
difundida pelas instituições de ensino em seus diferentes níveis.
Além disso, observamos ONGs, ecologistas, naturalistas e várias outras
correntes ideológicas do ambientalismo, difundindo o caos ambiental para a so-
ciedade e defendendo um maior endurecimento da legislação ambiental. Estas
correntes esquecem porém, que a produção agrícola brasileira e, principalmen-
te, as altas produtividades, advém de um modelo agrícola adotado há décadas,
aprimorado pelas pesquisas científicas desenvolvidas em universidades e demais
órgãos de pesquisa, dentre os quais, não poderíamos deixar de citar a renomada
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e os Institutos de
Guilherme Viana de Alencar 47
Pesquisas Estaduais. Será que estas instituições não se preocupam com o manejo
e conservação do solo e da água em suas pesquisas, tendo como foco o desen-
volvimento de um modelo de uma agricultura sustentável?
Para tentarmos entender o porquê desta intolerância, destas diferentes
correntes ideológicas e do reflexo destes pensamentos na opinião pública, temos
que analisar esse contexto, buscando os fatos na história de nosso país, pois se
quisermos ser justos e imparciais na emissão de qualquer julgamento sobre o
atual panorama e modelo de desenvolvimento de nossa agropecuária, temos que
nos aprofundar no conhecimento desta verdade histórica.
O Código Florestal instituído em 1965 é um exemplo prático desta
situação, representando um conjunto de normas criadas desvinculadas com a
realidade sócio-econômica rural e urbana do país, gerando a instabilidade eco-
nômica e jurídica na sociedade.
Diante deste quadro, após 47 anos de vigência desse código pouco mu-
dou o panorama ambiental no Brasil, seja no que diz respeito ao aumento da área
de vegetação nativa nas áreas de preservação permanente, seja na quantidade de
imóveis agrícolas com reserva legal averbada em cartório.
Mas será que a ineficácia e inaplicabilidade do Código Florestal - Lei
4.771/65, inclusive o nosso primeiro Código Florestal de 1934, ocorreu apenas
por desobediência civil dos produtores rurais, ou será que o próprio governo
era um indutor para conduzir os produtores rurais para a ilegalidade através de
projetos tipo PROVARZEA, que era uma verdadeira afronta ao código florestal
vigente na época?
Podemos ir mais além deste exemplo, quando citamos os projetos for-
mulados pelo governo para ocupação da Amazônia, cuja concepção incentivava
cabalmente o desmatamento geral das áreas ocupadas pelos assentados.
Enfim, vários outros projetos foram criados no passado pelos gover-
nos Federal e Estadual, os quais deixaram grandes passivos nas “costas” dos
produtores rurais, que por sua vez foram tachados pelos ambientalistas como
infratores, desmatadores ou criminosos, discussão esta que foi bastante acirrada
na discussão da criação do novo Código Florestal.
Agora, vamos analisar, por meio de dados oficiais, se o Brasil está sen-
do todo desmatado e se a grande a vilã deste desmatamento é a agricultura.
A área territorial do país é de 8.515.767,049 km², o que equivale a
851.576.704,9 ha, segundo dados do último Censo Agropecuário (IBGE, 2006).
As florestas ocupam 61,5% desta área, o que equivale a 519,5 milhões
de ha, que dá ao Brasil o status de ser o segundo país do mundo em áreas de flo-
restas, perdendo apenas para a Rússia (SFB, 2009; FAO, 2010).
48 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Curiosidade...
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatístca
(IBGE), o Brasil colheu 192,8 milhões de toneladas de grãos na
safra 2013/2014. Para safra 2014/2015, a estimativa da Companhia
Nacional de Abastecimento (CONAB) é que o Brasil colherá 202,2
milhões de toneladas de grãos.
cidades gera a maior celeuma, o que demonstra que o Código Florestal tem
“dois pesos e duas medidas”.
A intervenção em área de preservação permanente no meio rural é pu-
nida pelo rigor da legislação ambiental, enquanto que nas cidades nada acontece.
É o mesmo que dizer que, nas cidades é permitido praticar crimes ambientais,
enquanto que na área rural é infração punível com multa, embargo de área e
responsabilização civil e criminal do produtor rural.
O que esperar, em termos de credibilidade do Código Florestal, dian-
te de situações incoerentes na qual a fiscalização ambiental multa uma pessoa
denunciada por estar construindo em área de preservação permanente em área
urbana enquanto que, ao lançar o olhar no local da infração, num giro de 360°,
verifica-se que todas as margens do perímetro urbano da cidade encontram-se
na mesma situação, com ocupação de edificações já concluídas?
Será que a Lei só vale para alguns, ou para todos? Se a Lei é para to-
dos, quantas e quais foram as Ações Civis Públicas movidas pelos Ministérios
Públicos Federais e Estaduais que tiveram êxito no Brasil, desde a publicação do
antigo Código Florestal - Lei nº4.771/65 e da Lei de Crimes Ambientais - Lei nº
9.605/98, que resultaram na demolição de todas essas edificações localizada em
Área de Preservação Permanente?
4 PA R E C E R D O D E P U TA D O A L D O
REBELO SOBRE O PROJETO DE LEI Nº
1.876/1999 E APENSADOS
O Parecer do relator, Deputado Federal Aldo Rebelo, emitido em 2010,
sobre o Projeto de Lei nº1.876/99 e apensados, representa um importante mar-
co na discussão da necessidade premente de alteração do Código Florestal - Lei
nº 4.771 de 15 de setembro de 1965. Este Parecer faz uma abordagem histórica
e contextual sobre o tema, e expressa os anseios dos diferentes segmentos da so-
ciedade brasileira, sendo fruto das contribuições provenientes de 33 Audiências
Públicas realizadas em Brasília e em vários Estados do país.
Lembro que a Audiência Pública é um espaço proporcionado á socie-
dade para expressar sua opinião sobre determinado tema. Portanto, trata-se de
um espaço democrático em que qualquer pessoa pode expressar sua opinião,
bastando apenas que esteja presente na audiência pública, se inscreva para falar
e registre sua opinião.
Observamos, pela leitura do parecer do Relator, Deputado Federal
Aldo Rebelo, que as audiências públicas realizadas contaram com a presença e
participação efetiva de agricultores, professsores universitários, ONGs, profis-
sionais da área ambiental, Secretários de Meio Ambiente, Ministros, etc., cada
um expressando sua opinião e experiência prática e histórica, argumentações
técnico-científica, decepções, críticas, e defesas do Código Florestal.
Foi por meio destas Audiências Públicas e do diálogo democrático
com as diferentes correntes favoráveis e contrárias as mudanças, que o Relator
da Comissão constituída para analisar a alteração do Código Florestal colheu os
subsídios necessários para emissão de juízo sobre a realidade do campo e das
cidades, que refletiram em seu Parecer Final, que foi votado e aprovado pela
Comissão constituída para esse fim.
Recomendo ao leitor que se propuser a conhecer a verdade, despida
de ideologias e preservacionismo exarcebado, que leia este importante Parecer,
pois subsidiará um julgamento justo sobre o Novo Código Florestal - se este foi
um avanço, um retrocesso ou se não acrescentou nada em relação ao Código
Florestal anterior - Lei nº 4.771/65.
O Parecer apresenta informações provenientes de depoimentos que
expressam a experiência de pessoas que vivenciam a realidade do campo e das
cidades, e que muitas vezes foram penalizadas por um Código Florestal que
“não pegou”.
Guilherme Viana de Alencar 55
5
COMO TIRAR O MÁXIMO DE PROVEITO DA
LEITURA DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL –
LEI Nº 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012.
Antes de iniciarmos a leitura do novo Código Florestal,
Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012, achei interessante, principal-
mente para aqueles que não têm formação ou conhecimento da
área de Direito, abrir um espaço para conceituar os termos básicos
utilizados em um instrumento jurídico tais como: artigo, caput,
parágrafo, inciso, alíneas, o que permitirá um melhor entendimen-
to do conteúdo da Lei.
É importante que se leia atentamente esses conceitos
para não gerar dúvidas quando da interpretação das normas con-
tidas no Novo Código Florestal.
Em seguida faremos a apresentação do novo Código Florestal Brasilei-
ro - Lei 12.651 de 25 de maio de 2012, e com o intuito de tornar a leitura mais
agradável e de fácil entendimento, cada norma estabelecida pelo Código será
discutida logo em seguida à sua apresentação, usando-se uma linguagem acessí-
vel e lançando-se mão, em vários momentos, de ilustrações, fotos e quadros que
retratem a situação real.
Os textos vetados do Novo Código Florestal serão transcritos neste
livro, pois, mesmo sabendo que houve o veto presidencial, é importante saber-
mos o que foi vetado e as razões que levaram ao veto. Atente para o fato de que
as lacunas criadas pelos vetos muitas vezes são preenchidas pela Lei nº 12.727,
de 17 de outubro de 2012, e pelo Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012.
Vamos agora aos principais conceitos de termos jurídicos de uso co-
mum neste livro:
-Alínea: É o desdobramento dos incisos ou parágrafos e são representados por
letras minúsculas, acompanhadas de parênteses. Um artigo também pode se des-
dobrar diretamente em alíneas representadas por letras. Ex: a)...; b)...; c)... Ex. o
art. 12 da Lei 12.651/2012 apresenta em sua alínea a : “80% (oitenta por cento),
no imóvel situado em área de florestas” para efeito de criação de Reserva Legal
na Amazônia Legal;”
-Artigo: É a unidade básica dos textos legais (leis, decretos, regulamentos, etc.)
que facilita a sua interpretação e a localização de qualquer informação dentro
do texto. É representado por números ordinais do 1o ao 9o. Em seguida, são
Guilherme Viana de Alencar 57
números cardinais (Ex.: 10, 11, 12...). Ex: Na Lei 12.651/2012, podemos citar o
seguinte artigo “Art. 2o As florestas existentes no território nacional e as demais
formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são
bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos
de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta
Lei estabelecem.”
-Caput: É a parte inicial, o título ou cabeçalho do artigo de lei ou regulamento.
Ex: Na Lei 12.651, temos o seguinte caput: Art. 5º. Na implantação de reservatório
d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público, é obrigatória a aqui-
sição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das Áreas
de Preservação Permanente criadas em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento
ambiental, observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros
em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em
área urbana. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
-Diploma Legal: É uma forma genérica quando queremos nos referir a uma lei,
decreto ou regulamento de qualquer espécie.
-Emenda: Reforma ou acréscimo que se faz, por intermédio de órgãos compe-
tentes, ao articulado em uma Constituição rígida (Guimarães, 2013). Ex: Emen-
da nº 164, aprovada na Câmara Federal referente ao Projeto de Lei nº1876/99.
-Inciso: É a divisão do artigo ou do parágrafo, conforme o caso. A representa-
ção é feita por algarismos romanos e são encerrados por ponto-e-vírgula, salvo
se for o último inciso, que termina com ponto. Ex: I -...; II - ...; III - ...; ....Ex.
O inciso I do art. 1º-A da Lei 12.651/2012, que trata dos princípios desta Lei,
apresenta o seguinte enunciado: “afirmação do compromisso soberano do Brasil
com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem
como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sis-
tema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras; (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012)”.
-Item: É o desdobramento da alínea. É representado por algarismos arábicos
seguidos de ponto final. Ex.: 1. 2. 3....Ex: o art. 48 (que trata da parcela do valor
do royalty que exceder a cinco por cento da produção), da Lei Nº 9.478, de 6
de agosto de 1997, alínea “d” (20% para constituição de fundo especial, a ser
distribuído entre Estados e o Distrito Federal, se for o caso, de acordo com os
seguintes critérios), em seu item 1 estabelece que: “os recursos serão distribuí-
dos somente para os Estados e, se for o caso, o Distrito Federal, que não tenham
recebido recursos em decorrência do disposto na alínea “a” dos incisos I e II
do art. 42-B da Lei no 12.351, de 22 de dezembro de 2010, na alínea “a” deste
58 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
7 O N O V O C Ó D I G O F L O R E S TA L
BRASILEIRO (LEI Nº 12.651, DE 25
DE MAIO DE 2012): LEITURA E
COMENTÁRIOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Texto vetado:
“Art. 1º. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, dis-
põe sobre as áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal,
define regras gerais sobre a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima
florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e a preven-
ção dos incêndios florestais e prevê instrumentos econômicos e financeiros para
o alcance de seus objetivos.”
Razões do veto:
“O texto não indica com precisão os parâmetros que norteiam a interpretação
e a aplicação da lei. Está sendo encaminhada ao Congresso Nacional medida
provisória que corrige esta falha e enumera os princípios gerais da lei”.
Mensagem nº 212, de 25 de maio de 2012, da Excelentíssima Senhora
Presidente da República, dirigida ao Congresso Nacional.
62 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Para sanar a deficiência deste artigo que foi vetado, a Presidente da República
estabeleceu novo conceito para este artigo, por meio da Lei nº 12.727/12, con-
forme pode ser observado abaixo no art. 1º-A:
Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vege-
tação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a
exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle
da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios
florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance
de seus objetivos. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Consulte o glossário...
E veja os conceitos de vegetação nativa e bioma.
64 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Consulte o glossário...
E veja os conceitos de procedimento sumário, sanção,
área embargada e infração ambiental.
§2º As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas
ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio
ou posse do imóvel rural.
IMPORTANTE !
O novo Código Florestal - Lei nº12.651/2012, apresenta no artigo 3º vá-
rios conceitos de termos empregados nesta Lei.
É importante que o leitor não confunda os conceitos descritos na Lei
12.651/2012 (art. 3º) com a delimitação do conceito (art. 4º), ou melhor, a abran-
gência que esta Lei estabelece para o referido termo. Ex: o conceito atribuído para
restinga no inciso XVI do art. 3º é muito abrangente, não havendo proteção legal
de fato para toda a área de ocorrência da restinga, haja vista que no art. 4º, inciso
VI, informa que a delimitação estabelecida para o enquadramento da restinga como
APP ocorre desde que “as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras
de mangues”. Portanto, muito atenção na leitura dos conceitos aqui adotados e a
aplicação (delimitação) destes conceitos.
Guilherme Viana de Alencar 69
ATENÇÃO !
Figura 05. Diferentes modalidades de APP, de acordo com os conceitos legais (Crédito:
Autor).
Atualmente, com o novo Código Florestal - Lei nº 12.651/12, é man-
tido o mesmo conceito de Área de Preservação Permanente especificado pela
Medida Provisória nº 2.166/67, havendo apenas o diferencial do estabelecimen-
to de algumas exceções ou situações especiais (áreas consolidadas), conforme
será discutido posteriormente nos artigos relacionados a esse tema.
Consulte o glossário...
E veja o conceito e a diferença entre conservação e pre-
servação, conforme estabelecido pela Lei Nº 9.985, de 18 de Julho
de 2000 .
Figura 07. Área consolidada em propriedade rural (área tracejada). Crédito: Yocaly
Evelin Santos Dutra da Silva
76 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Conhecendo a legislação...
Para conhecer o artigo art. 3º da lei nº 11.326, de 24 de
julho de 2006, consulte o Anexo III.
Foto 01- Demonstração de área com vegetação nativa, na foto a esquerda, e uso
alternativo do solo, na foto direita (Crédito: Autor).
ATENÇÃO!
Não desmate com a finalidade de realizar o uso alternativo
do solo para fins de agricultura, pastagem, etc., sem autorização do
órgão ambiental do seu Estado.
A autorização de desmate é um documento que você rece-
be do órgão ambiental competente e que deverá ser guardado com
todo cuidado, pois é a prova, ou seja, é o seu documento comproba-
tório de que você está seguindo a Lei.
Esta autorização de desmate deve ser apresentada a qual-
quer fiscal ambiental que apareça em sua propriedade questionando
o desmate que está sendo realizado.
Desmatar por conta própria é infração, é crime, e você
poderá ser multado (penalidade administrativa) e responder pela sua
ação no judiciário (responsabilidades civil e penal).
Procure o órgão ambiental do seu Município ou Estado
para obter informações sobre como solicitar a autorização de des-
mate.
Guilherme Viana de Alencar 79
IX - Interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação
nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da ero-
são, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena proprieda-
de ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, des-
de que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique
a função ambiental da área;
c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e
atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais
consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei;
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados pre-
dominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas conso-
lidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de
julho de 2009;
e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água
e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes
integrantes e essenciais da atividade;
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho,
outorgadas pela autoridade competente;
g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas
em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa
técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do
Poder Executivo federal;
XI - (VETADO)
Texto vetado.
“XI - pousio: prática de interrupção temporária de atividades agrícolas, pecu-
árias ou silviculturais, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso do
solo;”
Razões do veto:
“O conceito de pousio aprovado não estabelece limites temporais ou territoriais
para sua prática, o que não é compatível com o avanço das técnicas disponíveis
para a manutenção e a recuperação da fertilidade dos solos. Ademais, a ausência
desses limites torna possível que um imóvel ou uma área rural permaneça em
regime de pousio indefinidamente, o que impediria a efetiva fiscalização quanto
ao cumprimento da legislação ambiental e da função social da propriedade.”
Mensagem nº 212, de 25 de maio de 2012, da Excelentíssima Senhora
Presidente da República, dirigida ao Congresso Nacional.
[...] espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d`á-
gua, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominantemente
por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação
típica. (Resolução CONAMA nº 303/02)
Figura 13 - Representação de uma nascente e seu curso d’água (Crédito: Yocaly Eve-
lin Santos Dutra da Silva).
Atenção...
Curso d´água é o mesmo que rio, córrego, arroio, ribei-
rão, riacho.
Atenção...
A definição de nascente ou olho d´água estabelecida na
Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, que suscin-
tamente caracteriza em seu inciso II, do art. 2º: “nascente ou olho
d`água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma inter-
mitente, a água subterrânea”.
O Novo Código Florestal - Lei Nº 12.651/12, estabeleceu a
definição mais técnica e distinção destes termos, conforme se obser-
va nos incisos XVII e XVIII.
Figura 16 - Leito do rio na cheia e leito regular do rio, e suas respectivas medições de
APPs (Crédito: Yocaly Evelin Santos Dutra da Silva).
Figura 17 - Representação de uma área verde urbana (Crédito: Cleiton Cordeiro da Silva).
Figura 18 - Ilustração que mostra um panorama comum nas cidades brasileiras com
habitações ocupando a várzea de inundação ou planície de inundação, com destaque
para o nível normal do rio (lado esquerdo) e o nível de cheia, com residências atingidas
pela inundação, ( lado direito). Crédito: Cleiton Cordeiro da Silva.
Nas cidades que possuem habitações ocupando estas áreas, enquanto
não houver a implementação de um projeto efetivo de resolução do problema
através do deslocamento dos habitantes que aí residem para áreas mais altas e
seguras, se faz necessário a instalação de sistema de alerta para evitar que os
moradores sejam pegos de surpresa com a cheia do rio.
XXII - faixa de passagem de inundação: área de várzea ou planície de
inundação adjacente a cursos d’água que permite o escoamento da en-
chente;
Inserido no novo Código Florestal - Lei nº 12.651/12, a
faixa de passagem de inundação, representada na figura 19, tam-
bém representa um avanço na identificação destas áreas passiveis
de inundação. São áreas que o Poder Público deve ter a mesma
preocupação, principalmente no que se refere as medidas de se-
gurança relatadas no inciso XXI, quando se tem a ocorrência de ocupação hu-
mana.
Guilherme Viana de Alencar 97
Foto 07 - Relevo onduloso, onde se observa morros, morrotes e serras, com a ocor-
rência de áreas antropizadas (Crédito: Autor).
XXIV - pousio: prática de interrupção temporária de atividades ou usos
agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, para
possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do
solo; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
A foto 08-a, mostra uma área em pousio, com cobertura vegetal ca-
racterizada pela presença de vegetação nativa em processo de regeneração em
estágio inicial, enquanto que na foto 08-b observamos a mesma área sendo cul-
tivada com olerícolas.
Foto 08-a - Área utilizada que foi utilizada para agricultura e colocada em des-
canso (pousio) por mais de dois anos (Crédito: Autor).
Foto 08-b - Área utilizada para cultivo de olerícolas (cultivo de hortaliças), após
período de pousio (Crédito: Autor).
100 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Dica!
O produtor rural que adotar esse tipo de prática deverá
deixar registrado por meio de documentos e fotos quando a área
foi deixada em pousio. Estes documentos podem ser úteis por oca-
sião de uma fiscalização ambiental, pois representam provas de que
aquela área não é uma área que está sendo desbravada, ou seja; uma
área virgem. Se possível, providencie laudo de profissional habilita-
do que comprove a situação de pousio.
Cuidado!
Em municípios de ocorrência de vegetação do Bioma
Mata Atlântica, quando ocorrer o pousio das áreas agricultáveis,
de pecuária ou silvicultural, mesmo considerando o prazo máximo
de 5 anos estabelecido pelo novo Código Florestal ,como o limite
da temporalidade da suspensão das atividades, vá ao órgão am-
biental do seu Estado para saber se há necessidade de autorização,
para reiniciar o uso do solo com alguma das atividades citadas.
Por que o agricultor tem que se preocupar com essa
orientação? O problema é que mesmo o novo Código Florestal
permitindo o pousio até 5 anos, gera-se um problema com o art.
25 da Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que diz: “O cor-
te, a supressão e a exploração da vegetação secundária em estágio
inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica serão autorizados
pelo órgão estadual competente”. Ou seja, além do fator tempora-
lidade (até 5 anos de pousio) ainda se tem que observar a questão
do estágio de desenvolvimento da vegetação de mata nativa em
processo de regeneração.
CAPÍTULO II
DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
Seção I
Da Delimitação das Áreas de Preservação Permanente
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais
ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermi-
tente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em
largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Consulte o glossário...
Para ver os conceitos de faixas marginais, curso d´água
perene, curso d´água intermitente, e curso d´água efêmero.
Figura 23 - Área de Preservação Permanente -APP de cursos d´água com largura entre
10 metros e 50 metros (Crédito: Autor).
Figura 24 - Área de Preservação Permanente -APP de cursos d´água com largura entre
50 e 200 metros (Crédito: Autor).
Sabendo-se a largura do rio, e que esta largura esteja na faixa compre-
endida entre 50 e 200 metros, a medição da área de APP é simples: basta estirar
a trena até o ponto exigido para constituir a APP, ou seja; se a APP é de 100
metros estique a trena a partir do ponto da margem do leito normal do rio até
o ponto que der 100 metros. lembre-se que o mínimo exigido por Lei é de 100
metros para essa largura de rio, mas nada impede que o agricultor, se assim de-
sejar, deixe a faixa de APP maior do que esse valor.
110 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Figura 25 - Área de Preservação Permanente -APP de cursos d´água com largura entre
200 e 600 metros (Crédito: Autor).
Figura 26 - Área de Preservação Permanente -APP de cursos d´água com largura acima
de 600 metros (Crédito: Autor).
Guilherme Viana de Alencar 113
Relembrando 1:
A Área de Preservação Permanente –APP, existe tanto
em zona rural (campo) como em zona urbana (cidade).
Para cursos d’água natural a APP só existe em cursos pe-
renes que são aqueles que mantêm o fluxo de água durante todo o
ano e em cursos intermitentes , aqueles cujo fluxo de água ocorre
apenas em parte do ano. Os rios intermitentes são muito comuns no
nordeste, principalmente na região semi-árida.
114 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Relembrando 2:
Os rios efêmeros ficaram excluídos desta norma, não sen-
do considerados para efeito do parágrafo I deste artigo, haja vista
que a existência dos mesmos é apenas passageira, existindo apenas
durante e após alguns dias da ocorrência de uma chuva.
Importante!
Atentar para o fato de que o novo Código Florestal- Lei nº 12.651/12
manteve as mesmas dimensões da APPs em relação ao estabelecido pelo Código
anterior - Lei 4.771/65, diferenciando apenas quando ocorrer situações de áreas
consolidadas em APP.
Este tema será discutido posteriormente , nesta coleção sobre o novo Có-
digo Florestal Brasileiro.
Atenção!!
Quando se envolve empreendimentos de geração de ener-
gia ou abastecimento público d’água, o Art. 5º desta Lei faz um maior
detalhamento da norma.
118 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Cuidado!
Quando você for fazer alguma benfeitoria que envolva
o corte do talude de uma encosta ou em qualquer outra posição
topográfica, caso ocorra o surgimento de algum olho d´água que
você queira aproveitar para consumo, faça o registro minucioso
desta ocorrência (se possível, com laudo técnico de profissional
habilitado e anexando fotografias do local). Inclusive, se possível,
comunique o fato ao órgão ambiental do seu Estado ou Município,
para evitar que você possa ser multado por intervenção em Área de
Preservação Permanente .
Dica:
Para identificar se a declividade da encosta ou partes desta na sua pro-
priedade é Área de Preservação Permanente, você pode utilizar um equipamento
simples chamado clinômetro (é fácil de manusear, sendo necessário duas pessoas
para se fazer essa medição). Pode utilizar também um cavalete de madeira com um
Guilherme Viana de Alencar 121
Preste Atenção!
A realização da medição da área de APP do tabuleiro ou
chapada é simples: basta estirar a trena da borda da Chapada até o
ponto exigido para constituir a APP (100 metros).
Dica:
Para se identificar o topo do morro de sua propriedade para efeito de
caracterização da área de preservação permanente o ideal é contratar um topógrafo
para que ele faça o levantamento topográfico das áreas de APP de seu imóvel rural.
No caso específico do topo de morro, o topógrafo utilizará um equipamento chama-
do Nível Topográfico ou GPS Geodésico para realizar esse levantamento e produ-
zirá um mapa que será entregue ao proprietário com a localização correta das APPs
existentes em sua propriedade. É interessante quando o proprietário rural contratar
um profissional deste nível (topógrafo) solicitar para se fazer todo o levantamento
de todas as áreas de APP de sua propriedade. O mapa planialtimétrico gerado pelo
topógrafo é importante para se realizar qualquer planejamento agropecuário e am-
biental da propriedade rural.
Dica:
Para se medir a área de APP da vereda basta fazer a medi-
ção dos 50 metros a partir do término do espaço permanentemente
brejoso e encharcado.
Importante!
§ 3º (VETADO).
Texto Vetado:
§ 3º do art. 4º
“§ 3º Não é considerada Área de Preservação Permanente a várzea fora
dos limites previstos no inciso I do caput, exceto quando ato do poder público
dispuser em contrário, nos termos do inciso III do Art. 6o, bem como salgados e
apicuns em sua extensão.”
Razões do veto
“O dispositivo deixa os apicuns e salgados sem qualquer proteção con-
tra intervenções indevidas. Exclui, ainda, a proteção jurídica dos sistemas úmidos
preservados por normas internacionais subscritas pelo Brasil, como a Convenção
sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente como Habitat de
Aves Aquáticas, conhecida como Convenção de Ramsar, de 2 de fevereiro de 1971,
ratificada pelo Decreto no 1.905, de 16 de maio de 1996.
Esses sistemas desempenham serviços ecossistêmicos insubstituíveis de
proteção de criadouros de peixes marinhos ou estuarinos, bem como de crustáceos
e outras espécies. Adicionalmente, tamponam a poluição das águas litorâneas ocasio-
nada por sedimentos e compostos químicos carreados pelos rios. Por sua relevância
ambiental, merecem tratamento jurídico específico, que concilie eventuais interven-
ções, com parâmetros que assegurem sua preservação.”
Mensagem nº 212, de 25 de maio de 2012, da Excelentíssima Senhora Presi-
dente da República, dirigida ao Congresso Nacional.
Lembrete...
Inciso V do Art. 3º:
“pequena propriedade ou posse rural familia é aquela
explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e em-
preendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos
de reforma agrária, e que atenda ao disposto no Art. 3o da Lei no
11.326, de 24 de julho de 2006;”
§6º Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida,
nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática
da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde
que:
I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de
recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com
norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;
II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de ges-
tão de recursos hídricos;
III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;
IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.
V - não implique novas supressões de vegetação nativa. (Incluído pela Lei
nº 12.727, de 2012).
Os incisos I e II deste artigo tratam da Área de Preser-
vação Permanente em cursos d’água e de lagos e lagoas.
A prática da aquicultura e a estrutura necessária para o
funcionamento da mesma é permitida em imóveis rurais com até
15 módulos fiscais, desde que sejam adotadas práticas sustentá-
veis de manejo de solo e água e de recursos hídricos que: esteja de acordo com
os planos de bacia ou planos de gestão de recursos; seja realizado o licenciamen-
to ambiental; que o imóvel esteja inscrito no CAR; e que não gere supressão de
vegetação nativa.
Consulte o glossário...
E veja o conceito de aquicultura.
Guilherme Viana de Alencar 131
§ 7°. (VETADO)
§ 8°. (VETADO)
Textos Vetados:
“§ 7° Em áreas urbanas, as faixas marginais de qualquer curso d’água
natural que delimitem as áreas da faixa de passagem de inundação terão sua largura
determinada pelos respectivos Planos Diretores e Leis de Uso do Solo, ouvidos os
Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente.”
§ 8° No caso de áreas urbanas e regiões metropolitanas, observar-se-á o
disposto nos respectivos Planos Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo.”
Razões dos vetos
“Conforme aprovados pelo Congresso Nacional, tais dispositivos permi-
tem que a definição da largura da faixa de passagem de inundação, em áreas urba-
nas e regiões metropolitanas, bem como as áreas de preservação permanente, sejam
estabelecidas pelos planos diretores e leis municipais de uso do solo, ouvidos os
conselhos estaduais e municipais de meio ambiente. Trata-se de grave retrocesso
à luz da legislação em vigor, ao dispensar, em regra, a necessidade da observância
dos critérios mínimos de proteção, que são essenciais para a prevenção de desastres
naturais e proteção da infraestutura.”
Mensagem nº 212, de 25 de maio de 2012, da Excelentíssima Senho-
ra Presidente da República, dirigida ao Congresso Nacional.
Texto vetado:
“§ 9° Não se considera Área de Preservação Permanente a várzea fora
dos limites previstos no inciso I do caput, exceto quando ato do poder público dis-
puser em contrário nos termos do inciso III do Art. 6°.”
Razão do veto
“A leitura sistêmica do texto provoca dúvidas sobre o alcance deste dispo-
sitivo, podendo gerar controvérsia jurídica acerca da aplicação da norma.”
Mensagem nº 484, de 17 de outubro de 2012, da Excelentíssima Se-
nhora Presidenta da República, dirigida ao Congresso Nacional.
O que é o PACUERA?
O pacuera tem um importante papel no licenciamento
ambiental de empreendimentos destinados a geração de energia ou
abastecimento público, assemelhando-se ao mesmo papel que o pla-
no diretor tem para as cidades.
Uma das etapas de elaboração do pacuera é a audiência
pública, onde a população que mora no entorno do reservatório
tem espaço para dar sugestões, críticas, etc., podendo ser acatado ou
não pelo órgão ambiental competente.
§ 3° (VETADO).
Texto vetado:
“§ 3° O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reser-
vatório Artificial poderá indicar áreas para implantação de parques aquícolas e polos
turísticos e de lazer no entorno do reservatório, de acordo com o que for definido
nos termos do licenciamento ambiental, respeitadas as exigências previstas nesta
Lei.”
Razões do veto
“O texto traz para a lei disposições acerca do conteúdo do Plano Am-
biental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, atualmente
disciplinado integralmente em nível infralegal, engessando sua aplicação. O veto não
impede que o assunto seja regulado adequadamente pelos órgãos competentes.”
Mensagem nº 212, de 25 de maio de 2012, da Excelentíssima Senho-
ra Presidente da República, dirigida ao Congresso Nacional.
Seção II
Do Regime de Proteção das Áreas de Preservação
Permanente
CAPÍTULO III
DAS ÁREAS DE USO RESTRITO
Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo
florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem
como a manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimen-
to das atividades, observadas boas práticas agronômicas, sendo vedada a
conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública e
interesse social.
As áreas situadas entre as declividades de 25° e 45° po-
derão ser utilizadas para fins de manejo florestal sustentável e
desenvolvimento de atividades agrossilvipastoris. Permite-se a
manutenção da infraestrutura física necessária para estas ativida-
des, em conformidade com as técnicas agronômicas adequadas.
Não é permitida a conversão de novas áreas para esta finalidade, a não ser nas
hipóteses de utilidade pública e interesse social.
CAPÍTULO III-A
(Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
DO USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL DOS
APICUNS E SALGADOS
Art. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4o do
art. 225 da Constituição Federal, devendo sua ocupação e exploração dar-
se de modo ecologicamente sustentável. (Incluído pela Lei nº 12.727, de
2012).
§ 1° Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades de carcini-
cultura e salinas, desde que observados os seguintes requisitos: (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez por cento)
dessa modalidade de fitofisionomia no bioma amazônico e a 35% (trinta
e cinco por cento) no restante do País, excluídas as ocupações consolida-
das que atendam ao disposto no § 6° deste artigo; (Incluído pela Lei nº
Guilherme Viana de Alencar 141
12.727, de 2012).
II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e dos
processos ecológicos essenciais a eles associados, bem como da sua pro-
dutividade biológica e condição de berçário de recursos pesqueiros; (In-
cluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão ambiental
estadual, cientificado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-
cursos Naturais Renováveis - IBAMA e, no caso de uso de terrenos de
marinha ou outros bens da União, realizada regularização prévia da titu-
lação perante a União; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes e
resíduos; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, respeitadas
as Áreas de Preservação Permanente; e (Incluído pela Lei nº 12.727, de
2012).
VI - respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das comunidades
locais. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 2° A licença ambiental, na hipótese deste artigo, será de 5 (cinco) anos,
renovável apenas se o empreendedor cumprir as exigências da legislação
ambiental e do próprio licenciamento, mediante comprovação anual, in-
clusive por mídia fotográfica. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 3° São sujeitos à apresentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental
- EPIA e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA os novos empreendi-
mentos: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - com área superior a 50 (cinquenta) hectares, vedada a fragmentação do
projeto para ocultar ou camuflar seu porte; (Incluído pela Lei nº 12.727,
de 2012).
II - com área de até 50 (cinquenta) hectares, se potencialmente causado-
res de significativa degradação do meio ambiente; ou (Incluído pela Lei
nº 12.727, de 2012).
III - localizados em região com adensamento de empreendimentos de
carcinicultura ou salinas cujo impacto afete áreas comuns. (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 4° O órgão licenciador competente, mediante decisão motivada, po-
derá, sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis,
bem como do dever de recuperar os danos ambientais causados, alterar
as condicionantes e as medidas de controle e adequação, quando ocorrer:
142 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Consulte o glossário...
E veja o conceito de Zona Costeira.
linas, são as áreas onde podem ser desenvolvidas atividades de produção de sal,
desde que sejam obedecidos os requisitos estabelecidos no art. 11-A. O licencia-
mento destes tipos de empreendimentos é de competência do órgão licenciador
Estadual, cabendo apenas a cientificação do IBAMA.
No caso de terrenos de marinha ou outros bens da União, deverá ser
realizada a regularização prévia perante a Secretária de Patrimônio da União
(SPU).
Os empreendimentos implantados antes de 22 de julho de 2008, se-
guem normas previstas no § 6odeste artigo. Já os licenciamentos novos , implan-
tados a partir de 22 de julho de 2008, deverão apresentar o Estudo Prévio de
Impacto Ambiental (EPIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
CAPÍTULO IV
DA ÁREA DE RESERVA LEGAL
Seção I
Da Delimitação da Área de Reserva Legal
Vamos relembrar o conceito de reserva legal?
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas
sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes per-
centuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos pre-
vistos no art. 68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
144 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Figura 37 - Área a ser destinada para Reserva Legal no Brasil, conforme a localização do
imóvel rural (Crédito: Yocaly Evelin Santos Dutra da Silva).
Guilherme Viana de Alencar 145
Fique atento.
É importante observar que a Reserva Legal-RL é inde-
pendente da APP, portanto, para constituição da RL não se pode
computar (somar) a APP dentro dela. Exceção apenas aos casos
previstos no art. 15 desta Lei.
Lembrete !
A alínea “a” do inciso I do artigo 12 da Lei 12.651/2012
assim define o percentual mínimo de Reserva Legal para os imóveis
rurais localizados na Amazônia Legal:
Consulte o glossário...
Para entender os termos Unidades de Conservação da
Natureza de Domínio Público e Terras indígenas homologadas.
Consulte o glossário...
E veja o que é Zoneamento Ecológico-Econômico
(ZEE), também conhecido como Zoneamento Ambiental.
Consulte o glossário...
Para aprender e entender sobre as siglas PCH e UHE.
Conhecendo a legislação!!!
c) Zoneamento Ecológico-Econômico;
d) Outras Categorias de Zoneamento Ambiental; e
e) proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Per-
manente, Unidade de Conservação ou outra área legalmente protegida. Estes
critérios foram incluídos pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001.
Neste novo Código Florestal , Lei 12.651/2012, observamos que hou-
ve a inclusão de novos critérios para a escolha da localização da Reserva Legal,
além dos constantes no antigo Código Florestal, que são os incisos: IV - as áreas
de maior importância para a conservação da biodiversidade; e V - as áreas de
maior fragilidade ambiental. Entretanto, o critério para observação do Plano Di-
retor Municipal existente no Código antigo não foi mantido para o novo Código
Florestal.
A aprovação da localização da Reserva Legal do imóvel será efetuada
pelo órgão estadual integrante do SISNAMA, ou instituição por ele habilitada,
desde que o imóvel já esteja incluído no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Me-
lhores detalhes do CAR podem ser conhecidos no art. 29, Capítulo VI desta Lei.
No momento em que o proprietário ou possuidor rural protocolar no
órgão ambiental competente, a documentação para análise da localização da área
de Reserva Legal, não poderá ser imputada nenhuma sanção administrativa ao
mesmo, por qualquer órgão integrante do SISNAMA, pelo fato de não ter cons-
tituída a área de Reserva Legal.
Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente
no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que:
I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de
novas áreas para o uso alternativo do solo;
II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de
recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual
integrante do Sisnama;
III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do
imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei.
§ 1º O regime de proteção da Área de Preservação Permanente
não se altera na hipótese prevista neste artigo.
§ 2º O proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal
conservada e inscrita no Cadastro Ambiental Rural - CAR de que trata o
art. 29, cuja área ultrapasse o mínimo exigido por esta Lei, poderá utilizar
a área excedente para fins de constituição de servidão ambiental, Cota de
Reserva Ambiental e outros instrumentos congêneres previstos nesta Lei.
154 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Legal, o que representou um grande avanço para esses vários ‘brasis’ que temos
neste País.
Atenção!
Quando o proprietário rural constituir sua Reserva Legal,
computando na mesma a APP, lembre-se de que o regime de pre-
servação da APP continua da mesma forma que foi estabelecido
pela Lei, ou seja, o fato da APP estar incluída no cálculo da Reserva
Legal, não quer dizer que haja uma flexibilidade no uso destas áreas.
Utilizar a APP incluída no cálculo da Reserva Legal para
outro fim (supressão de vegetação, etc) caracteriza infração am-
biental, punível com multa, embargo e responsabilização civil e pe-
nal no judiciário.
II - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Texto vetado:
“II - 50% (cinquenta por cento) do imóvel rural nas demais situações,
observada a legislação específica.”
Razão do veto
“Ao contrário do previsto no inciso I do mesmo artigo, que regula uma
situação extrema e excepcional, este dispositivo impõe uma limitação desarrazoada
às regras de proteção ambiental, não encontrando abrigo no equilíbrio entre preser-
vação ambiental e garantia das condições para o pleno desenvolvimento do potencial
social e econômico dos imóveis rurais que inspirou a redação do art. 15, § 4o.”
Mensagem nº 484, de 17 de outubro de 2012, da Excelentíssima Senhora Pre-
sidente da República, dirigida ao Congresso Nacional.
Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou
coletiva entre propriedades rurais, respeitado o percentual previsto no art.
12 em relação a cada imóvel. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de
Reserva Legal poderá ser agrupada em regime de condomínio entre os
adquirentes.
Este artigo permite que várias propriedades rurais se
associem para constituírem a Reserva Legal em regime de con-
domínio ou coletiva entre as propriedades, desde que se respei-
tem os índices estabelecidos no art. 12, em relação a área de cada
imóvel.
156 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Relembrando...
Índices estabelecidos no art. 12 da Lei 12.651/2012:
1-Amazônia Legal com três percentuais diferentes, de acordo
com o bioma em que o imóvel está situado:
• 80% de RL, para a localização do imóvel em área de
florestas;
•35% de RL, para a localização do imóvel em área de cer-
rado;
• 20% de RL, para a localização do imóvel em área de
campos gerais, e
2- 20% de RL, para os imóveis situados nas demais regiões do
país.
Reflexão...
O avanço promovido pelo novo Código Florestal, Lei nº
12.651/12, neste artigo, é demonstrado pelos ganhos ambientais pro-
porcionados por esta norma que, em vez de engessar a localização da
Reserva Legal apenas dentro do imóvel rural, gerando uma colcha de
retalhos representada pelos inúmeros fragmentos florestais de cada
imóvel, permite, também, a possibilidade de condomínio na cons-
tituição das Reservas Legais de vários imóveis. Ou seja: permite-se
a criação de grandes áreas contínuas, que facilita o fluxo gênico e a
diversidade biológica e genética dessas matas.
Seção II
Do Regime de Proteção da Reserva Legal
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação
nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qual-
quer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1º Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal me-
diante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente
do Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20.
§ 2º Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena proprie-
dade ou posse rural familiar, os órgãos integrantes do Sisnama deverão
Guilherme Viana de Alencar 157
Fique atento!
Os proprietários, descritos no caput deste artigo, que desmataram uma
Reserva Legal, irregularmente, após 22 de julho de 2008, responderão a sanções ad-
ministrativas, cíveis e penais cabíveis, além de terem que iniciar o processo de recom-
posição da Reserva Legal, em até dois anos contados a partir da data da publicação
desta Lei. Tal processo deverá ser concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa
de Regularização Ambiental (PRA), de que trata o art. 59.
158 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental
competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo
vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qual-
quer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei.
§ 1º A inscrição da Reserva Legal no CAR será feita mediante a
apresentação de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das
coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração, con-
forme ato do Chefe do Poder Executivo.
§ 2º Na posse, a área de Reserva Legal é assegurada por termo
de compromisso firmado pelo possuidor com o órgão competente do Sis-
nama, com força de título executivo extrajudicial, que explicite, no mí-
nimo, a localização da área de Reserva Legal e as obrigações assumidas
pelo possuidor por força do previsto nesta Lei.
§ 3º A transferência da posse implica a sub-rogação das obriga-
ções assumidas no termo de compromisso de que trata o § 2o.
§ 4º O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação
no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data
da publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor
rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.
(Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
O § 8° do art. 16 do antigo Código Florestal, Lei
4.771/65, com as alterações incluídas pela Medida Provisória
nº 2.166-67/2001, estabelecia que a Reserva Legal deveria ser
averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no re-
gistro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua
destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou
de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. Essa exigência,
assim como todos os custos necessários para se constituir a Reserva Legal do
imóvel rural, representava um dos componentes inviabilizadores do cumpri-
mento desta norma. Um outro componente, era a inexistência de área de Re-
serva Legal ou existência de fração de mata nativa muito abaixo do necessário
para essa finalidade.
Conforme ato do Chefe do Poder Executivo, para se efetuar a inscri-
ção da área de Reserva Legal no CAR, é exigida apenas a apresentação de planta
com memorial descritivo contendo a indicação das coordenadas geográficas,
com pelo menos um ponto de amarração. A inscrição desta área no CAR de-
sobriga o proprietário de realizar a averbação da Reserva Legal no cartório de
Guilherme Viana de Alencar 159
Fique atento!
O novo Código Florestal revogou a exigência de averba-
ção da Reserva Legal, conforme ditames do antigo código, sendo
requerido apenas que a área de Reserva Legal seja inscrita no Ca-
dastro Ambiental Rural (CAR), registro criado pelo Governo Fede-
ral, e disponibilizado aos órgãos ambientais integrantes do SISNA-
MA, para geri-lo de acordo com sua competência.
Preste Atenção !
Mesmo sendo permitida a coleta livre de produtos flores-
tais, o novo Código Florestal, Lei nº 12.651/12, estabelece algumas
normais mínimas descritas nos parágrafos I, II e III do art. 21, para
evitar que haja exploração acima do limite suportável pela mata.
Guilherme Viana de Alencar 161
Fique atento!
Para pequena propriedade ou posse rural, o manejo flo-
restal eventual, sem propósito comercial, tem um tratamento di-
ferenciado, conforme citado no art. 56 deste Código Florestal. O
licenciamento, neste caso, será realizado de forma simplificada, não
existindo a necessidade de haver a reposição, quando a finalidade
for para consumo próprio.
162 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Art. 24. No manejo florestal nas áreas fora de Reserva Legal, aplica-se
igualmente o disposto nos Art. 21, 22 e 23.
Fora da área de Reserva Legal (e também fora da área
de APP, embora não esteja explicitado neste artigo, mas sabe-
mos nos artigos comentados anteriormente que não existe uso
da APP para outras finalidades, que não seja a preservação), o
proprietário do imóvel rural poderá realizar o manejo florestal
desde que cumpra as normas estabelecidas nos art. 21, 22 e 23. Entende-se,
neste caso que estas áreas que podem ser manejadas, excetuam-se as de Reserva
Legal e de APPs.
Relembrando...
Art. 21. É livre a coleta de produtos florestais não madei-
reiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se obser-
var: ... (incisos I, II e III).
Art. 22. O manejo florestal sustentável da vegetação da
Reserva Legal com propósito comercial depende de autorização do
órgão competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orienta-
ções: ... (incisos I, II e III).
Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal
eventual sem propósito comercial, para consumo no próprio imó-
vel, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo
apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a motivação
da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a
20 (vinte) metros cúbicos.
Seção III
Do Regime de Proteção das Áreas Verdes Urbanas
Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de
áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos:
I - o exercício do direito de preempção para aquisição de rema-
nescentes florestais relevantes, conforme dispõe a Lei no 10.257, de 10 de
julho de 2001;
As áreas verdes urbanas englobam parques, bosques,
jardins, dentre outras áreas, situados na área urbana dos municí-
pios. São essas áreas verdes responsáveis por proporcionar uma
melhor qualidade de vida à população, seja como opção para la-
zer, passeios, caminhadas, seja para proporcionar o aumento da
Guilherme Viana de Alencar 163
Conhecendo a legislação
Para saber o que a Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001,
diz sobre o direito de preempção, consulte o ANEXO VIII.
Consulte o glossário...
Para aprender e entender sobre os termos Plano Diretor
e Estatuto das Cidades.
CAPÍTULO V
DA SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO
ALTERNATIVO DO SOLO
Art. 26. A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo,
tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá do cadas-
tramento do imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia autorização
do órgão estadual competente do Sisnama.
Este artigo estabelece que, para o proprietário do imó-
vel realizar a supressão de vegetação nativa, com o objetivo de
fazer uso desta área para outras finalidades tais como agricultura,
pecuária, etc., é necessário que o imóvel esteja cadastrado no Ca-
dastro Ambiental Rural (CAR), que trataremos no art. 29, e ainda
que o órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), emita prévia autorização de supressão. Em outras palavras, o pro-
prietário do imóvel terá que ter o imóvel cadastrado no CAR, e ter em mãos a
autorização de supressão emitida pelo órgão ambiental competente, para realizar
essa supressão.
Guilherme Viana de Alencar 165
§ 1º (VETADO)
§ 2º (VETADO)
Textos vetados:
§§ 1º e 2º do art. 26
“§ 1º Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovação de que
trata o caput deste artigo:
I - nas florestas públicas de domínio da União;
II - nas unidades de conservação criadas pela União, exceto Áreas de Pro-
teção Ambiental;
III - nos empreendimentos potencialmente causadores de impacto am-
biental nacional ou regional.
§ 2º Compete ao órgão ambiental municipal a aprovação de que trata o
caput deste artigo:
I - nas florestas públicas de domínio do Município;
II - nas unidades de conservação criadas pelo Município, exceto Áreas de
Proteção Ambiental;
III - nos casos que lhe forem delegados por convênio ou outro instru-
mento admissível, ouvidos, quando couber, os órgãos competentes da União, dos
Estados e do Distrito Federal.”
Razão dos vetos
“As proposições tratam de forma parcial e incompleta matéria recente-
mente disciplinada pela Lei Complementar no 140, de 8 de dezembro de 2011.”
Mensagem nº 212, de 25 de maio de 2012, da Excelentíssima Senhora Presi-
dente da República, dirigida ao Congresso Nacional.
Art. 28. Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso alter-
nativo do solo no imóvel rural que possuir área abandonada.
A inclusão deste artigo pelo legislador, foi muito impor-
tante, pois impede que áreas nativas sejam desmatadas quando
houver no imóvel, área abandonada. Ou seja, se o objetivo do
proprietário do imóvel é ampliar sua área produtiva, sabendo-se
que existe área abandonada dentro deste imóvel, não se justifica
o órgão ambiental competente emitir autorização para desmatamento de área
nativa.
Seguindo-se o principio da preservação ambiental, o uso de área aban-
donada representa uma das formas de reduzir a pressão de desmatamento sobre
áreas virgens.
CAPÍTULO VI
DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sis-
tema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro
público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis
rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das pro-
priedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, moni-
toramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmata-
mento.
168 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Importante!
Este Ato Normativo foi publicado pelo Ministério do
Meio Ambiente, por meio da Instrução Normativa nº 2, de 5 de
maio de 2014. Portanto, a partir da publicação deste instrumento
legal, considera-se oficialmente o início da contagem do prazo de
1 ano.
Infelizmente esse prazo de cadastramento no CAR não
contemplou o grande universo de imóveis rurais existentes no Bra-
sil. Diante disso, a Ministra de Estado do Meio Ambiente, no uso de
suas atribuições que lhe confere os incisos I, II e IV do parágrafo
único da art. 87 da Constituição, e tendo em vista os art. 29, § 3º e
art. 59, §2º da Lei nº12.651, de 25 de maio de 2012, e a delega-
ção do Decreto nº8.439, de 29 de abril de 2015, resolve:
“Art. 1º Prorrogar o prazo de inscrição no Cadastro Ambien-
tal Rural - CAR por 1 (um) ano, contado de 5 de maio de 2015.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publi-
cação.” (Portaria nº100, de 4 de maio de 2015, assinada pela
Ministra Izabella Teixeira).
Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na
matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e
a localização da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao
órgão ambiental as informações relativas à Reserva Legal previstas no
inciso III do § 1º do art. 29.
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos ter-
mos do caput, deverá apresentar ao órgão ambiental competente a certi-
dão de registro de imóveis onde conste a averbação da Reserva Legal ou
termo de compromisso já firmado nos casos de posse.
Quem tiver Reserva Legal averbada na matrícula do
imóvel, no ato de inscrição do CAR, bastará apenas apresentar a
certidão de registro do imóvel que conste a averbação da Reserva
Legal ou termo de compromisso já firmado nos casos de posse,
considerando-se como atendidas as informações referentes à RL
solicitadas no inciso III do § 1º do art. 29.
CAPÍTULO VII
DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL
Art. 31. A exploração de florestas nativas e formações sucessoras, de do-
mínio público ou privado, ressalvados os casos previstos nos arts. 21, 23 e
24, dependerá de licenciamento pelo órgão competente do Sisnama, me-
diante aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS
que contemple técnicas de condução, exploração, reposição florestal e
manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbó-
rea forme.
O Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), tem
por objetivo a realização da exploração econômica e racional de
áreas de florestas, seguindo-se técnicas que garantam o uso pre-
sente dos recursos, sem comprometer o estoque dos recursos
florestais para as futuras gerações.
Relembrando...
Art. 21. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como
frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar:
I - os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos,
quando houver;
II - a época de maturação dos frutos e sementes;
III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e
da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós,
bulbos, bambus e raízes.
Art. 22. O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com
propósito comercial depende de autorização do órgão competente e deverá atender
as seguintes diretrizes e orientações:
I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação
da vegetação nativa da área;
II - assegurar a manutenção da diversidade das espécies;
III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que
favoreçam a regeneração de espécies nativas.
Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem pro-
pósito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos
órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental
Guilherme Viana de Alencar 173
CAPÍTULO VIII
DO CONTROLE DA ORIGEM DOS
PRODUTOS FLORESTAIS
Art. 35. O controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos
ou subprodutos florestais incluirá sistema nacional que integre os dados
dos diferentes entes federativos, coordenado, fiscalizado e regulamentado
pelo órgão federal competente do Sisnama. (Redação dada pela Lei nº
12.727, de 2012).
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-
cursos Naturais Renováveis (IBAMA), criou em 2006, o siste-
ma “Documento de Origem Florestal” (DOF) para substituir a
Autorização de Transporte de Produtos Florestais (ATPF). Este
novo sistema controla em tempo real o fluxo de produtos flo-
restais no Brasil, sistema que é compartilhado com todos os entes federativos.
devidas informações que serão utilizadas para o controle da origem destes pro-
dutos. O controle citado, refere-se á fiscalização realizada pelo órgão ambiental.
O IBAMA é o órgão federal responsável em coordenar o referido sistema.
§ 5º O órgão federal coordenador do sistema nacional poderá
bloquear a emissão de Documento de Origem Florestal - DOF dos entes
federativos não integrados ao sistema e fiscalizar os dados e relatórios
respectivos. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
CAPÍTULO IX
DA PROIBIÇÃO DO USO DE FOGO E DO
CONTROLE DOS INCÊNDIOS
Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes si-
tuações:
182 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
é explicado pelo fato de que quando se queima a vegetação de uma área ocorre a
disponibilização de muitos nutrientes, principalmente o fósforo, para a cultura que
ali será cultivada. Entretanto, é um feito momentâneo.
Consulte o glossário...
Para saber o significado dos termos Unidade de Conservação, Pla-
no de Manejo e Órgão Gestor da Unidade de Conservação, estabe-
lecidos na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000.
Consulte o glossário...
Para saber o significado do termo “Nexo causal”.
Figura 38 - Implantação de aceiro para proteção de área de mata (Crédito: Yocaly Evelin
Santos Dutra da Silva).
Consulte o glossário...
Para saber o significado do termo Plano de Contingência.
186 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
CAPÍTULO X
DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO
À PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE
Art. 41. É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo
do cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e incentivo
à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e
boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com
redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do desen-
volvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os critérios
de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de ação:
(Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribui-
ção, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecos-
sistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumu-
lativamente:
Guilherme Viana de Alencar 187
Vamos relembrar...
Recordando...
O Capítulo XIII trata das disposições transitórias da
Lei 12.651/2012. Já as alíneas de “a” a “e” do inciso II do art. 41,
citamos abaixo:
• Alínea “a” - obtenção de crédito agrícola, em todas as
suas modalidades, com taxas de juros menores, bem como limites
e prazos maiores que os praticados no mercado;
•Alínea “b” - contratação do seguro agrícola em condi-
ções melhores que as praticadas no mercado;
•Alínea “c” - dedução das Áreas de Preservação Per-
manente, de Reserva Legal e de uso restrito da base de cálculo
do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), gerando
créditos tributários;
•Alínea “d” - destinação de parte dos recursos arrecada-
dos com a cobrança pelo uso da água, na forma da Lei no 9.433,
de 8 de janeiro de 1997, para a manutenção, recuperação ou re-
composição das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva
Legal e de uso restrito na bacia de geração da receita;
•Alínea “e”- linhas de financiamento para atender inicia-
tivas de preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de
espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e
agroflorestal sustentável, realizados na propriedade ou posse rural,
ou recuperação de áreas degradadas.
Guilherme Viana de Alencar 191
Conhecendo a legislação...
Para saber o teor dos arts. 21 e 36 desta Lei nº 9.985/2000, que trata
do SNUC, veja o ANEXO X.
192 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Recordando...
Texto vetado:
“Art. 43. As empresas concessionárias de serviços de abastecimento de
água e de geração de energia hidrelétrica, públicas e privadas, deverão investir na
recuperação e na manutenção de vegetação nativa em Áreas de Preservação Perma-
nente existentes na bacia hidrográfica em que ocorrer a exploração.
§ 1º Aplica-se o disposto no caput, no caso de concessionárias de geração
de energia hidrelétrica, apenas às novas concessões outorgadas a partir da data da
publicação desta Lei, ou àquelas prorrogadas, devendo constar no edital de licitação,
quando houver, a exigência dessa obrigação.
§ 2º A empresa deverá disponibilizar em seu sítio na internet, ou median-
te publicação em jornal de grande circulação, prestação de contas anual dos gastos
efetivados com a recuperação e a manutenção de Áreas de Preservação Permanente,
sendo facultado ao Ministério Público, em qualquer hipótese, fiscalizar a adequada
destinação desses recursos.
§ 3º A empresa concessionária de serviço de abastecimento de água dis-
porá de 180 (cento e oitenta) dias, contados da data da publicação desta Lei, para
realizar as adaptações necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo.”
Razões do veto:
“O dispositivo impõe aos concessionários de serviços de abastecimento
de água e de geração de energia elétrica o dever de recuperar, manter e preservar as
áreas de preservação permanente de toda a bacia hidrográfica em que se localiza o
empreendimento e não apenas da área no qual este está instalado. Trata-se de obri-
gação desproporcional e desarrazoada, particularmente em virtude das dimensões
das bacias hidrográficas brasileiras, que muitas vezes perpassam várias unidades da
federação. A manutenção do dispositivo contraria o interesse público, uma vez que
ocasionaria um enorme custo adicional às atividades de abastecimento de água e
194 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Conhecendo a legislação...
Conhecendo a legislação...
Recordando...
CAPÍTULO XI
DO CONTROLE DO DESMATAMENTO
Art. 51. O órgão ambiental competente, ao tomar conhecimento do des-
matamento em desacordo com o disposto nesta Lei, deverá embargar a
obra ou atividade que deu causa ao uso alternativo do solo, como medida
administrativa voltada a impedir a continuidade do dano ambiental, pro-
piciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recuperação da
área degradada.
Embargar uma área é torná-la indisponível para utiliza-
ção, enquanto perdurar as causas que geraram esse impedimento.
Os servidores público que prestam seus serviços a ór-
gãos integrantes do SISNAMA, e que são nomeados em portaria
para atuar como fiscais ambientais, têm o poder de polícia admi-
nistrativa, podendo estabelecer sanções administrativas de embargo, multa, etc.
CAPÍTULO XII
DA AGRICULTURA FAMILIAR
Art. 55. A inscrição no CAR dos imóveis a que se refere o inciso V do art.
3º observará procedimento simplificado no qual será obrigatória apenas a
apresentação dos documentos mencionados nos incisos I e II do § 1º do
art. 29 e de croqui indicando o perímetro do imóvel, as Áreas de Preserva-
ção Permanente e os remanescentes que formam a Reserva Legal.
A inscrição no CAR dos imóveis que estão na categoria
de pequena propriedade ou posse rural, será realizada de forma
simplificada, sendo exigido dos mesmos apenas os seguintes do-
cumentos:
a) identificação do proprietário ou possuidor rural;
b) comprovação da propriedade ou posse; e
c) croqui indicando o perímetro do imóvel, as Áreas de Preservação
Permanente e os remanescentes que formam a Reserva Legal.
Art. 56. O licenciamento ambiental de PMFS comercial nos imóveis a
que se refere o inciso V do art. 3o se beneficiará de procedimento simpli-
ficado de licenciamento ambiental.
§ 1º O manejo sustentável da Reserva Legal para exploração flo-
restal eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo
no próprio imóvel a que se refere o inciso V do art. 3º, independe de auto-
rização dos órgãos ambientais competentes, limitada a retirada anual de
material lenhoso a 2 (dois) metros cúbicos por hectare.
§ 2º O manejo previsto no § 1º não poderá comprometer mais de
15% (quinze por cento) da biomassa da Reserva Legal nem ser superior a
15 (quinze) metros cúbicos de lenha para uso doméstico e uso energético,
por propriedade ou posse rural, por ano.
§ 3º Para os fins desta Lei, entende-se por manejo eventual, sem
propósito comercial, o suprimento, para uso no próprio imóvel, de lenha
ou madeira serrada destinada a benfeitorias e uso energético nas proprie-
dades e posses rurais, em quantidade não superior ao estipulado no § 1º
deste artigo.
Guilherme Viana de Alencar 205
Art. 57. Nos imóveis a que se refere o inciso V do art. 3º, o manejo flores-
tal madeireiro sustentável da Reserva Legal com propósito comercial di-
reto ou indireto depende de autorização simplificada do órgão ambiental
competente, devendo o interessado apresentar, no mínimo, as seguintes
informações:
I - dados do proprietário ou possuidor rural;
II - dados da propriedade ou posse rural, incluindo cópia da ma-
trícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis ou
comprovante de posse;
III - croqui da área do imóvel com indicação da área a ser objeto
do manejo seletivo, estimativa do volume de produtos e subprodutos flo-
restais a serem obtidos com o manejo seletivo, indicação da sua destina-
ção e cronograma de execução previsto.
CAPÍTULO XIII
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Seção I
Disposições Gerais
Texto vetado:
Razões do veto:
“Ao impor aos produtores rurais um prazo fatal de vinte dias para a adesão ao PRA,
o dispositivo limita de forma injustificada a possibilidade de que eles promovam a
regularização ambiental de seus imóveis rurais. A organização e os procedimentos
para adesão ao PRA deverão ser objeto de regulamentação específica, como previsto
no próprio art. 59.”
O que é prescrição?
Seção II
Das Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação
Permanente
Art. 61. (VETADO).
Texto vetado:
Art. 61
Razões do veto
§ 1º Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal que pos-
suam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo
de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respecti-
vas faixas marginais em 5 (cinco) metros, contados da borda da calha do
leito regular, independentemente da largura do curso d´água. (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
O módulo fiscal é variável entre os municípios (ver
ANEXO I). Imóveis rurais com área até um módulo fiscal terão
a obrigatoriedade de realizar a recomposição das respectivas fai-
xas marginais em cinco metros.
Observa-se a não obrigatoriedade do cumprimento dos
parâmetros estabelecidos no inciso I do artigo 4º desta Lei, nas áreas consolida-
das de imóveis rurais com até 1 módulo fiscal.
§ 2º Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e
de até 2 (dois) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áre-
as de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será
obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 8 (oito)
metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente
da largura do curso d´água. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Consulte o glossário...
Para saber o significado do termo Áreas Consolidadas, Atividades
Agrossilvipastoris e Ecoturismo.
Texto vetado:
Razões do veto
“A redação adotada reduz a proteção mínima proposta originalmente e amplia ex-
cessivamente a área dos imóveis rurais alcançada pelo dispositivo, elevando o seu
impacto ambiental e quebrando a lógica inicial do texto, que já contemplava adequa-
damente a diversidade da estrutura fundiária brasileira.”
Conhecendo a legislação...
módulos fiscais até 4 módulos ficais; superior a 4 módulos fiscais até 10 módulos
ficais e, por último, a categoria “Demais Casos”, que abrange todas as proprieda-
des que não se enquadram nas categorias iniciais.
Texto vetado:
Razões do veto
Relembrando
Texto vetado:
Razões do veto
Texto vetado:
Inciso III do art. 61-B da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, acrescido pelo
art. 1º do projeto de Lei de Conversão
“III - 25% (vinte e cinco por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com
área superior a 4 (quatro) e até 10 (dez) módulos fiscais, excetuados aqueles localiza-
dos em áreas de floresta na Amazônia Legal.”
Razões do veto
Consulte o glossário...
Para saber o significado dos termos nível máximo operativo
normal e a cota máxima maximorum.
Art. 63. Nas áreas rurais consolidadas nos locais de que tratam os inci-
sos V, VIII, IX e X do art. 4º, será admitida a manutenção de atividades
florestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, bem
como da infraestrutura física associada ao desenvolvimento de atividades
228 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Seção III
Das Áreas Consolidadas em Áreas de Reserva Legal
Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de
julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido
no art. 12, poderá regularizar sua situação, independentemente da adesão
ao PRA, adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente:
Este artigo trata da recomposição da Reserva Legal de
imóveis rurais que, em até 22 de julho de 2008, não possuíam
toda a área exigida por Lei destinada para esse fim. Com isso, o
proprietário ou possuidor de imóvel rural poderá regularizar a
situação de sua Reserva Legal, independente da adesão ao PRA,
de forma isolada ou conjuntamente:
I - recompor a Reserva Legal;
É o plantio de mudas com espécies nativas na área ne-
cessária para completar o percentual exigido por Lei, para cons-
tituição da Reserva Legal da propriedade. Exemplo: se o imóvel
rural com área de 100 ha estiver situado em floresta na Amazônia
Legal, onde o índice estabelecido por Lei para constituição da
Reserva Legal é de 80%, e o imóvel tiver apenas 60% da área para
efeito de Reserva Legal, em 22 de julho de 2008, então, o proprietário terá que
recompor os 20% que faltam para chegar ao índice exigido por Lei , que é de
80%. Estes 20% representam 20 ha, área esta que deverá ser realizada a recom-
posição da Reserva Legal.
Consulte o glossário...
Para saber o significado dos termos Espécies nativas, Espé-
cies exóticas e Plantio intercalado.
Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de
até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação
nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal
será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente
em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do
solo.
Os imóveis rurais, com até quatro módulos fiscais, que
detinham, em 22 de julho de 2008, remanescentes de vegetação
nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reser-
va Legal deste imóvel será constituída com a área de vegetação
nativa estabelecida nessa data, desde que não se realize novas
conversões para uso alternativo do solo.
Relembrando...
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vege-
tação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das
normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os se-
guintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados
os casos previstos no Art. 68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº
12.727, de 2012).
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de flo-
restas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área
de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de cam-
pos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cen-
to).
Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram
supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Le-
gal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão
são dispensados de promover a recomposição, compensação ou regene-
ração para os percentuais exigidos nesta Lei.
Este artigo estabelece a isenção da obrigatoriedade de re-
composição, compensação ou regeneração para os proprietários
de imóveis rurais que realizaram desmatamento de vegetação nati-
va, desde que na época tenham sido respeitados os percentuais de
Reserva Legal, previstos na legislação em vigor, naquela data.
238 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Importante !
A comprovação de situações consolidadas, a ser realizada pe-
los proprietários ou possuidores de imóveis rurais, poderá ser realizada
por meio dos seguintes documentos:
a) descrição de fatos históricos de ocupação da região;
b) registros de comercialização;
c) dados agropecuários da atividade;
d) Contratos e documentos bancários relativos à produção;
e) por todos os outros meios de prova em direito admitidos.
CAPÍTULO XIV
DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES E FINAIS
Art. 69. São obrigados a registro no órgão federal competente do Sisna-
ma os estabelecimentos comerciais responsáveis pela comercialização de
motosserras, bem como aqueles que as adquirirem.
Guilherme Viana de Alencar 239
Art. 70. Além do disposto nesta Lei e sem prejuízo da criação de unidades
de conservação da natureza, na forma da Lei nº 9.985, de 18 de julho de
2000, e de outras ações cabíveis voltadas à proteção das florestas e outras
formas de vegetação, o poder público federal, estadual ou municipal po-
derá:
I - proibir ou limitar o corte das espécies da flora raras, endêmi-
cas, em perigo ou ameaçadas de extinção, bem como das espécies neces-
sárias à subsistência das populações tradicionais, delimitando as áreas
compreendidas no ato, fazendo depender de autorização prévia, nessas
áreas, o corte de outras espécies;
II - declarar qualquer árvore imune de corte, por motivo de sua
localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes;
III - estabelecer exigências administrativas sobre o registro e ou-
tras formas de controle de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à
extração, indústria ou comércio de produtos ou subprodutos florestais.
Art. 72. Para efeitos desta Lei, a atividade de silvicultura, quando rea-
lizada em área apta ao uso alternativo do solo, é equiparada à atividade
agrícola, nos termos da Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, que “dispõe
sobre a política agrícola”.
Art. 75. Os PRAs instituídos pela União, Estados e Distrito Federal de-
verão incluir mecanismo que permita o acompanhamento de sua imple-
mentação, considerando os objetivos e metas nacionais para florestas,
especialmente a implementação dos instrumentos previstos nesta Lei, a
adesão cadastral dos proprietários e possuidores de imóvel rural, a evo-
lução da regularização das propriedades e posses rurais, o grau de regu-
laridade do uso de matéria-prima florestal e o controle e prevenção de
incêndios florestais.
Texto vetado:
Razões do veto:
Texto vetado:
Razões do veto
Art. 78. O art. 9º-A da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigo-
rar com a seguinte redação:
Guilherme Viana de Alencar 243
Art. 78-A. Após 5 (cinco) anos da data da publicação desta Lei, as insti-
tuições financeiras só concederão crédito agrícola, em qualquer de suas
modalidades, para proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos
no CAR. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Como forma de pressionar os proprietários de imóveis
rurais a se inscreverem no CAR, foi estabelecido o prazo de 5
anos a partir da publicação desta Lei, para que as instituições
financeiras só concedam crédito agrícola, em qualquer de suas
modalidades, para quem estiver inscrito no CAR. Ou seja, em
2017, a obrigatoriedade deste requisito será colocada em prática.
Art. 79. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar acrescida
dos seguintes arts. 9º-B e 9º-C:
servidão ambiental;
VI - a previsão legal para garantir o seu cumprimento, inclusive medidas
judiciais necessárias, em caso de ser descumprido.
§ 2º São deveres do proprietário do imóvel serviente, entre outras obriga-
ções estipuladas no contrato:
I - manter a área sob servidão ambiental;
II - prestar contas ao detentor da servidão ambiental sobre as condições
dos recursos naturais ou artificiais;
III - permitir a inspeção e a fiscalização da área pelo detentor da servidão
ambiental;
IV - defender a posse da área serviente, por todos os meios em direito
admitidos.
§ 3º São deveres do detentor da servidão ambiental, entre outras obriga-
ções estipuladas no contrato:
I - documentar as características ambientais da propriedade;
II - monitorar periodicamente a propriedade para verificar se a servidão
ambiental está sendo mantida;
III - prestar informações necessárias a quaisquer interessados na aquisi-
ção ou aos sucessores da propriedade;
IV - manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades da área
objeto da servidão;
V - defender judicialmente a servidão ambiental.”
Conhecendo a legislação...
O que diz o art. 186 da constituição federal?
“Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade
rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de
trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores.”
Guilherme Viana de Alencar 247
Texto vetado:
Art. 83 da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, alterado pelo art. 1º do pro-
jeto de lei de conversão
“Art. 83. Revogam-se as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de
14 de abril de 1989, e suas alterações posteriores, a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24
de agosto de 2001, o item 22 do inciso II do art. 167 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro
de 1973, e o § 2º do art. 4º da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.”
Razões do veto
“O artigo introduz a revogação de um dispositivo pertencente ao próprio
diploma legal no qual está contido, violando os princípios de boa técnica legislativa e
dificultando a compreensão exata do seu alcance. Ademais, ao propor a revogação do
248 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Dilma Rousseff
Mendes Ribeiro Filho
Márcio Pereira Zimmermann
Miriam Belchior
Marco Antonio Raupp
Izabella Mônica Vieira Teixeira
Gilberto José Spier Vargas
Aguinaldo Ribeiro
Luís Inácio Lucena Adams
P E RG U N TA S E R E S P O S TA S S O B R E O
CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR),
O P RO G R A M A D E R E G U L A R I Z A Ç Ã O
AMBIENTAL (PRA) E O PROGRAMA MAIS
AMBIENTE BRASIL(*)
8.1 CONCEITOS BÁSICOS
1. O que é o SICAR?
É o Sistema de Cadastro Ambiental Rural - sistema eletrônico de âmbi-
to nacional, destinado ao gerenciamento de informações ambientais dos imóveis
rurais.
2. O que é o CAR?
É o Cadastro Ambiental Rural - registro eletrônico de abrangência na-
cional junto ao órgão ambiental competente, no âmbito do Sistema Nacional de
Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA). É obrigatório para todos os imó-
veis rurais, e tem a finalidade de integrar as informações ambientais das proprie-
dades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento,
planejamento ambiental e econômico, e combate ao desmatamento.
3.O que é um Termo de Compromisso?
É o documento formal de adesão ao Programa de Regularização Am-
biental (PRA). Deve conter, no mínimo, os compromissos de manter, recuperar,
ou recompor as áreas de preservação permanente, de Reserva Legal, e de uso
restrito do imóvel rural, ou ainda de compensar áreas de Reserva Legal.
4.O que é uma área de remanescente de vegetação nativa?
É uma área com vegetação nativa em estágio primário ou secundário
de regeneração.
5.O que é área degradada?
É uma área que se encontra alterada em função de impacto antrópico,
ou seja, alterada pelo homem, sem capacidade de regeneração natural.
6.O que é área alterada?
É uma área que, após o impacto, ainda mantém capacidade de regene-
ração natural.
7.O que é área abandonada?
_____________________________
(*) Informações extraídas integralmente do Decreto Federal nº 7.830, de 17 de outubro de 2012;
Decreto Federal nº 8.235, de 5 de maio de 2014; e Instrução Normativa nº 2 do Ministério do
Meio Ambiente, de 5 de maio de 2014 e outras fontes.
250 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
em até 20 (vinte) anos, abrangendo, a cada 2 (dois) anos, no mínimo, 1/10 (um
décimo) da área total necessária à sua complementação;
c - A recomposição de que trata o item I, poderá ser realizada mediante
o plantio intercalado de espécies nativas com exóticas ou frutíferas, em sistema
agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 12.727,
de 2012): o plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies
nativas de ocorrência regional, e a área recomposta com espécies exóticas não
poderá exceder a 50% (cinquenta por cento) da área total a ser recuperada.
d - os proprietários ou possuidores do imóvel que optarem por recom-
por a Reserva Legal na forma das normas 2 e 3, terão direito à sua exploração
econômica, nos termos da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012;
e – a compensação de que trata o item III deverá ser precedida pela
inscrição da propriedade no CAR, e poderá ser feita mediante:
e.1) aquisição de Cota de Reserva Ambiental (CRA); arrendamento de
área sob regime de servidão ambiental ou Reserva Legal;
e.2) doação ao poder público, de área localizada no interior de Unidade
de Conservação de domínio público, pendente de regularização fundiária; ou
e.3) cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Le-
gal, em imóvel de mesma titularidade, ou adquirida em imóvel de terceiros, com
vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que loca-
lizada no mesmo bioma.
f - As áreas a serem utilizadas para compensação na forma do item 5
deverão:
f.1) serem equivalentes em extensão à área da Reserva Legal a ser com-
pensada;
f.2) estarem localizadas no mesmo bioma da área de Reserva Legal a
ser compensada;
f.3) se fora do Estado, estarem localizadas em áreas identificadas como
prioritárias pela União ou pelos Estados.
g - A definição de áreas prioritárias de que trata o item 6 buscará favo-
recer, dentre outros, a recuperação de bacias hidrográficas excessivamente des-
matadas, a criação de corredores ecológicos, a conservação de grandes áreas pro-
tegidas e a conservação ou recuperação de ecossistemas ou espécies ameaçados;
h - Quando se tratar de imóveis públicos, a compensação de que trata
o item III, poderá ser feita mediante concessão de direito real de uso ou doação,
por parte da pessoa jurídica de direito público proprietária de imóvel rural, que
não detém Reserva Legal em extensão suficiente, ao órgão público responsável
258 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
gularização fundiária;
c) as áreas que abriguem espécies migratórias ou ameaçadas de extin-
ção, segundo lista oficial publicada pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional
de Meio Ambiente - SISNAMA; e
d) as áreas identificadas pelos Estados e Distrito Federal.
45. O que acontecerá se eu não cumprir o Termo de Compromisso assi-
nado no PRA?
Os PRAs deverão prever as sanções a serem aplicadas pelo não cum-
primento dos Termos de Compromisso, como a retomada do curso do processo
administrativo, sem prejuízo da aplicação da multa e das sanções previstas no
Termo, e serão adotadas as providências necessárias para o prosseguimento do
processo criminal.
46. Como o órgão ambiental competente saberá que descumpri o PRA?
Os Programas de Regularização Ambiental implantados pelos Estados
e pelo Distrito Federal terão mecanismos de controle e acompanhamento da
recomposição, recuperação, regeneração ou compensação, e de integração das
informações no SICAR.
Da mesma forma, terão também mecanismos de acompanhamento
da suspensão e extinção da punibilidade das infrações de que tratam o § 4º do
art. 59 e o art. 60 da Lei nº 12.651/2012, que incluam informações sobre o
cumprimento das obrigações firmadas para a suspensão e o encerramento dos
processos administrativo e criminal.
O órgão ambiental competente poderá utilizar recursos tecnológicos
para verificar o cumprimento das obrigações assumidas pelo proprietário ou
possuidor rural no Termo de Compromisso
47. O Termo de Compromisso que firmei com o órgão ambiental pode
ser alterado?
Sim. O termo de compromisso firmado poderá ser alterado em comum
acordo, em razão de evolução tecnológica, caso fortuito ou força maior.
Quando houver necessidade de alteração das obrigações pactuadas ou
das especificações técnicas, deverá ser encaminhada solicitação, com justificativa,
ao órgão competente, para análise e deliberação.
48. Após cumprir as obrigações previstas no Termo de Compromisso do
PRA, que documento receberei do órgão ambiental competente atestan-
do esse cumprimento e a finalização do referido Termo?
O cumprimento das obrigações será atestado pelo órgão que efetivou o
Termo de Compromisso, por intermédio de notificação simultânea ao órgão de
Guilherme Viana de Alencar 261
9
COMO SE INSCREVER NO CADASTRO
AMBIENTAL RURAL (CAR) E COMO ADERIR
A O P RO G R A M A D E R E G U L A R I Z A Ç Ã O
AMBIENTAL (PRA)
Como vimos na discussão técnica do novo Código Florestal, Lei nº
12.651/2012, a criação no CAR foi a principal conquista da sociedade brasileira
sob a ótica da preservação ambiental e do cumprimento do art. 225 da Consti-
tuição da República Federativa do Brasil de 1988, que diz: “Todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Diferentemente do passado, agora o Brasil terá informações fidedig-
nas sobre Área de Preservação Permanente, Reserva Legal, Área de Uso Restrito
e Áreas Consolidadas que realmente possui, uma vez que todos os proprietários
de imóveis rurais terão que estar inscritos no Cadastro Ambiental Rural de seu
Estado, declarando essas informações.
O sistema nacional, adotado pelos Estados que não possuem platafor-
ma própria, terá o seguinte modelo, resumido abaixo, baseado nos artigos 29 e
30, do Capítulo VI, da Lei Federal nº12.651 de 25 de maio de 2012, e Decreto
Federal nº 7.830 de 17 de outubro de 2012:
1º PASSO:
O primeiro passo, que deverá ser tomado pelo produtor rural para ins-
crever o imóvel rural no CAR, é acessar o site do CAR referente a Unidade da
Federação (Estado ou Distrito Federal) onde a sua propriedade está localizada.
Uma das formas de descobrir se o órgão ambiental do seu Estado já
disponibilizou o CAR, é acessar o site do governo federal (http://www.car.gov.
br/). Neste site haverá vários links (bandeira de cada Estado) para você acessar
o CAR de qualquer unidade da federação.
Os Estados que já tiverem sistema próprio (MT, BA, ES, MG, PA, SP,
MS e RO), você será direcionado para o site do Estado, enquanto que os Estados
que não tiverem o seu sistema (hoje representa a maioria dos Estados), você po-
derá utilizar o módulo de cadastro ambiental rural disponível no SICAR. Clique
na bandeira de seu Estado no site do CAR.
2º PASSO:
Clique na bandeira de seu Estado. Caso o seu Estado não tenha sistema
próprio e tiver firmado termo de cooperação com o Ministério do Meio Am-
264 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
– INFORMAÇÕES).
7º PASSO:
A tela que aparece na sequência é referente ao formulário “IMÓVEL”,
onde você deverá preencher os dados do imóvel rural, ou seja, os dados de sua
propriedade.
Preencha os dados do imóvel: Nome do Imóvel (é o nome da fazen-
da, sítio, chácara etc. Exemplo: Fazenda Bem-te-vi) ; UF (Unidade da Federa-
ção, é o Estado onde está localizado o imóvel rural); Município; CEP (é o CEP
do logradouro, distrito ou localidade onde esta situado o imóvel rural; se não
houver, deixe em branco); Descrição de Acesso ao Imóvel (informe de forma
clara como chegar até o imóvel rural partindo-se de um ponto de referência
conhecido. Exemplo: indo pela BR-101, sentido Caruaru-Recife, no Km-122,
entrar na estrada à direta, percorrer 3 quilomêtros até o Distrito de Conceição,
seguindo em frente por mais 2 quilomêtros até a porteira de entrada da Fazenda,
que apresenta seu nome na frente); Zona de Localização (escolha a opção que
identifica se o imóvel rural está situado na Zona Rural ou na Zona Urbana);
Endereço de Correspondência (é o endereço que você deverá citar para receber
as correspondências encaminhadas para o seu imóvel rural. Não precisa ser ne-
cessariamente o endereço do seu imóvel rural, pois muitas vezes o proprietário
gostaria de receber as correspondências em outro local, tal como no Sindicato
Rural, endereço urbano de algum parente etc. Preencha os campos: Endereço,
Número, Complemento, Bairro, CEP, UF, Município, E-mail e Telefone. Em
seguida, clique em Próximo (lado direito inferior) ou clique no item “Domínio”
situado na Aba Superior.
8º PASSO:
Em seguida é apresentada a tela referente ao formulário “Domínio”.
Domínio são os dados do proprietário ou possuidor rural, pessoa física
ou jurídica (se o imóvel rural pertence a uma empresa, deverá ser preenchido os
nomes dos representantes legais do imóvel rural).
Caso haja mais de um proprietário ou representante legal, citar todos
os nomes.
Você preencherá para cada proprietário os seguintes dados: CPF, data
de nascimento, nome (do proprietário) e nome da mãe (obs: para cada nome de
proprietário citado, você clica na opção Adicionar). Se for Pessa Jurídica, pre-
encher os dados a seguir: CNPJ da Empresa/Instituição, Nome da Empresa/
Instituição e Nome de Fantasia.
Existe a possibilidade do Cadastrante (no caso, esse cadastrante seria a
Guilherme Viana de Alencar 267
pessoa habilitada que presta serviço para vários proprietários rurais) de preparar
uma planilha com todos os dados dos proprietários de imóvel rural, e na hora
de preenchimento deste item basta realizar a importação destes dados para essa
Aba do CAR (item: Importar Arquivos de Dados).
Observar que para cada proprietário/possuidor “Adicionado” constará
na relação citada na parte inferior da tela denominada “Proprietários/Possuido-
res Adicionados”.
Concluído esse formulário, clicar em Próximo (lado direito inferior), ou
clique no item “Documentação” situado na Aba Superior.
9º PASSO:
Nesta etapa é apresentado o item “Documentação”.
Primeiro preencher se o imóvel rural trata de uma propriedade ou pos-
se. Deve-se citar os dados que identificam a documentação da propriedade ou
posse rural, tal como: nome da propriedade; área (em ha); tipo de documento
(contrato de compra e venda; em regularização; escritura ou certidão de regis-
tro); dados do documento (no caso de documento que caracteriza a Certidão de
Registro, preencher: Nome da Matrícula ou Documento, Data do Documento,
Livro, Folha, UF do Cartório, Município do Cartório), Código no Sistema Na-
cional de Cadastro Rural (SNCR), Certificação do Imóvel no INCRA e informar
se o seu imóvel rural possui ou não Reserva Legal Averbada e/ou Reserva Legal
Aprovada e Não Averbada.
Logo abaixo haverá o campo para ser preenchido com o nome dos
proprietários (como já foi cadastrado anteriormente, basta clicar na setinha e
será exibido o nome de cada proprietário cadastrado; selecione um por um e
clique no sinal +).
Após preencher esses dados, observe que abaixo do campo “Proprietá-
rios” existem dois retângulos com os nomes LIMPAR e ADICIONAR. Clique
em “ADICIONAR” e os dados preenchidos lá em cima referentes ao nome da
propriedade e área serão transferidos para uma tabela na parte inferior da tela
denominada “Documentos Adicionados”. Clique em Próximo (lado direito in-
ferior), ou clique no item “GEO” situado na Aba Superior.
10º PASSO:
Nesta etapa, estaremos na tela referente ao item GEO para desenhar a
área total do imóvel rural e as áreas de interesse ambiental. Nesta tela é mostrada
5 modalidades de informações georreferenciadas (Área do Imóvel; Cobertura do
Solo; Servidão Administrativa; APP/Uso Restrito; e Reserva Legal) que teremos
que preencher desenhando em cima da imagem de satélite do município em que
268 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
( ) Sim ( ) Não
acima (Cadastrante-Imóvel-Domínio-Documentação-Geo-Informações)
e realizar a devida correção.
11º PASSO
12º PASSO
GLOSSÁRIO
Ambiente Lótico: É o ambiente aquático caracterizado por águas em movi-
mento ou formando correnteza. Neste tipo de ambiente é comum a presença de
peixes. Ex: rio com suas correntezas.
Ambiente Lentico: Diferentemente do ambiente lótico, o ambiente lentico tem
como caracteristica a presença de massa de água parada, sem movimento (sem
correnteza). Ex: lagos.
Aquicultura: É o cultivo de organismos que têm o ciclo de vida total ou parcial
em meio aquático. Essa atividade pode ser desenvolvida em água doce (conti-
nental) assim como em água salgada (marinha), ou estuarina. O cultivo de orga-
nismos em água salgada é denominada de maricultura. A Aquicultura tem dife-
rentes especialidades: piscicultura - criação de peixes; malacocultura - cultivo de
moluscos, como ostras, mexilhões, caramujos e vieiras; carcinicultura - criação
de camarão; algicultura - cultivo de macro ou microalgas; ranicultura - criação de
rãs e criação de jacarés.
Área embargada: “é uma sanção administrativa e/ou medida administrativa
cautelar (preventiva) que tem por objetivo propiciar a regeneração do meio am-
biente e dar viabilidade à recuperação da área degradada” (Fonte:http://www.
icmbio.gov.br/portal/servicos/infracoes-ambientais/areas-embargadas.html).
Áreas consolidadas: De acordo com o Código Florestal em vigor, são aquelas
áreas utilizadas pelo proprietário do imóvel rural com atividades de agrossilvi-
pastoris, de ecoturismo e de turismo rural, desenvolvidas em área de preservação
permanente desde antes de 22 de julho de 2008.
Atividades agropassilpastoris: Referem-se as atividades de agricultura, criação
de animais e exploração florestal.
Bioma: É um conjunto de seres vegetais e animais, constituído pelo agrupa-
mento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível
regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamen-
te, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em
uma diversidade de flora e fauna própria (IBGE, 2014 – Link: http://7a12.ibge.
gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-territorio/biomas). De acordo com o
IBGE, são 6 os biomas que existem no Brasil: Amazônia, Caatinga, Pantanal,
Cerrado, Mata Atlântica e Pampa.
278 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
Estatuto das Cidades: É uma Lei Federal nº10.257/2001, que determina como
deve ser feita a política urbana em todo o país. O seu objetivo é garantir o direito
à cidade para todos e, para isso, traz algumas regras para organizar o território
do município. É ele que detalha e desenvolve os artigos 182 e 183 do capítulo de
política urbana da Constituição Federal (Instituto Pólis, 2005).
Faixas marginais: São as margens do rio (margem direita, margem esquerda);
Impacto Ambiental: Segundo a Resolução CONAMA nº01/1986, “impacto
ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I-a saúde, a segurança
e o bem-estar da população; II-as atividades sociais e econômicas; III-a biota;
IV-as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V-a qualidade dos re-
cursos ambientais”.
Infração ambiental: É toda ação ou omissão que infrinja tanto as leis de pro-
teção quanto de recuperação do meio ambiente. De acordo com o Decreto nº
6.514, de 22 de julho de 2008, em seu art. 2º, infração administrativa ambiental
é “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente”.
Lago: “é denominação genérica para qualquer porção de águas represadas, cir-
cundada por terras, de ocorrência natural ou resultante da execução de obras,
como barragens em curso de água ou escavação do terreno” (IGAM, 2008). Já
Guerra & Guerra (2011) assim define esse termo: “depressões do solo produzi-
das por causas diversas e cheias de águas confinadas, mais ou menos tranquilas,
pois dependem da área ocupada pelas mesmas”.
Lagoa ou laguna: “pequenos lagos são denominados de lagoas ou ainda de
lagunas” (IGAM, 2008). Já Guerra & Guerra (2011) define esse termo como
“depressão de formas variadas – principalmente tendendo a circulares – de pro-
fundidades pequenas e cheias de água doce ou salgada” e complementa que “as
lagoas podem ser definidas como lagos de pequena extensão e profundidade”.
Mata Atlântica (estágios primário e secundário): A Deliberação Normativa
COPAM nº73 (Minas Gerais), de 8 de setembro de 2004, mostra definições bem
claras sobre esses estágios, as quais descrevemos a seguir: o estágio primário é
aquele de máxima expressão fitossociológica da vegetação, com grande diversi-
dade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não
280 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Atualizado de Acordo com a Lei nº12.727/12. Editora Atlas, São Paulo, 2013.
345p.
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Provas de Concursos. 2ª edição. Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2008. 254p.
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de Cadastro Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural, estabelece normas
de caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental, de que trata a Lei
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NUSDEO, A. M. O. Pagamento por Serviços Ambientais: Sustentabilidade e
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PERNAMBUCO (Estado). Projeto de Lei Ordinária Nº 1712/2013 – Assem-
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POLÍZIO JÚNIOR, V. Novo Código Florestal – comentado, anotado e compa-
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RAMOS, E. M. Direito Ambiental Comparado: Brasil-Alemanha-EUA: uma
análise exemplificada dos instrumentos ambientais brasileiros à luz ambiental
comparado. Maringá, Midiografi II, 2009. 259p.
SFB (Serviço Florestal Brasileiro). FLORESTAS DO BRASIL em resumo: Da-
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SUDAM. Histórico. Acesso em 02/02/2014: http://www.sudam.gov.br/
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WAINER, Ann Helen. Legislação ambiental brasileira: subsídios para a história
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290 Novo Código Florestal Brasileiro: ilustrado e de fácil entendimento
---------------------------------------------------------------------------------------
ANEXO I
b) esgotamento sanitário;
c) abastecimento de água potável;
d) distribuição de energia elétrica; ou
e) limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos.
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ANEXO V
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ANEXO VI
EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid
L.F.Cirne Lima
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ANEXO X
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ANEXO XI
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ANEXO XII
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 21, de 26 de dezembro de 2013
[...]
“Art. 9º Ficam dispensados de emissão de DOF e cadastro no respec-
tivo Sistema os produtos florestais oriundos de corte ou exploração de espécies
nativas em propriedades rurais cuja utilização seja integralmente dentro da mes-
ma propriedade.
[...]
Art. 19. Conforme previsto no § 5º do art. 36 da Lei nº 12.651/2012
(incluído pela Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012), consideram-se fora
do escopo do controle de fluxo florestal e, portanto, dispensados da emissão
de DOF para transporte, salvo legislação mais restritiva no âmbito estadual ou
municipal, os casos de:
I - material lenhoso proveniente de erradicação de culturas, pomares ou
de poda de arborização urbana;
II - produtos que, por sua natureza, já se apresentam acabados, em-
Guilherme Viana de Alencar 305
PRIMEIRA ORELHA
2ª ORELHA
BIOGRAFIA DO AUTOR