Estudo de Ecológico
Estudo de Ecológico
Estudo de Ecológico
Deniz Miguel
Edmilda Razão
Eufrazia Bene
Eugénia Dionísio
Eunice Luís
3º Ano/1º Grupo
Tete, 2023
Daniela Manache
Deniz Miguel
Edmilda Razão
Eufrazia Bene
Eugénia Dionísio
Eunice Luís
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
2. Metodologia de pesquisa.......................................................................................................... 2
Resultados ................................................................................................................................ 6
O presente trabalho versa sobre “Estudo epidemiológico descritivo – ecológico”, não se trata
de um enfoque cabal, mas sim, o mesmo aborda aspectos básicos sobre os temas supracitados.
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1.1. Objectivos da pesquisa
1.1.1. Geral
1.1.2. Específicos
2. Metodologia de pesquisa
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3. Revisão da Literatura
De acordo com Last (1995), os estudos ecológicos são relativamente rápidos e de baixo custo
porque dispensam etapas, tais como amostragem e coleta de dados por meio de entrevistas e
exames clínicos ou acesso a registros médicos individuais.
Os dados a serem analisados nessa modalidade de estudo geralmente são secundários. Três tipos
de dados ou variáveis podem ser utilizados: agregadas, ambientais e globais (Freire & Pattussi,
2018).
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As fontes de registos de dados rotineiramente, geralmente por sistemas e informações oficiais,
exemplo: banco de dados populacionais. (Last, 1995)
Os estudos transversais indicam a frequência com que a determinada doença ou outro efeito de
interesse ocorrem em uma determinada população ou área geográfica num determinado
momento. São feitas análises comparativas entre as variáveis ecológicas, geralmente por meio de
correlação entre indicadores de condição de vida e indicadores de saúde. Os estudos ecológicos
longitudinais usam vigilância em andamento ou estudos transversais frequentes para medir a
tendência das taxas de doença ao longo do tempo, em uma determinada população ou área
geográfica. Através deste último é possível determinar, por exemplo, o impacto de mudanças
populacionais (tais, como guerras, imigração, introdução de vacinas ou antibióticos) em suas
taxas de doenças (Freire & Pattussi, 2018).
Estudos ecológicos permitem obter respostas rápidas. Embora sejam uteis para a formulação de
hipóteses, nem sempre podem ser usados para testá-los, devido a algumas limitações que lhes
são inerentes (Ebrahim, 2006).
Freire & Pattussi (2018) referem que apesar desses problemas, os estudos ecológicos têm sido
uteis para descrever diferenças em populações e para planear ações em saúde pública.
O uso dessa modalidade de estudo em odontologia tem sido crescente e tem contribuído para
evidenciar a determinação social das doenças e agravos bucais (Last, 1996).
3.2.1. Características
Segundo Freire & Pattussi (2018), constituem características do estudo ecológico as seguintes:
Estudo com dados agregados, como idade, utilização de serviços de saúde, consumo em
geral;
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Serve para formular hipóteses, ex.: consumo de vinho e proteção contra DCV.
De acordo com Freire & Pattussi (2018), são vantagens do estudo ecológico as seguintes:
Simplicidade analítica;
Introdução
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outros, por factores determinantes da saúde individual e organização do sistema de Serviço
Nacional de Saúde (Pires, 2021).
Resultados
Conforme Pires (2021), durante o período em análise (2009-2017), foram notificados no total
87 696 novos casos de TB com baciloscopia positiva (BK+) nas três províncias das três
regiões do país, correspondendo a uma incidência de 346 por cem mil habitantes. Do total de
casos notificados, 2 243 (2,5%) eram em menores de 15 anos de idade e 85 453 (97,4%) em
maiores de 15 anos. A província de Maputo foi a que menos casos novos BK+ notificaram,
enquanto as províncias de Nampula e Sofala tiveram maior notificação em 2016 e 2017.
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Na análise da variação percentual de casos novos notificados com baciloscopia positiva
para os dois tipos de pacientes (menores e maiores de 15 anos), no estudo de Pires (2021)
verificou-se que, para as províncias estudadas, houve um aumento de casos novos
notificados. A província de Nampula foi a que apresentou maior crescimento de casos
novos notificados com uma variação percentual de 130% entre 2009 e 2017. Quando
analisada a variação percentual de casos novos notificados em pacientes com menos de 15
anos e daqueles com idade superior a 15 anos, era também em Nampula que se verificava o
maior crescimento de casos novos notificados, com 303% e 127%, respetivamente.
No que diz respeito aos casos de TB-MDR, nas três províncias em estudo, verificou-se um
aumento percentual elevado, com a província de Nampula em destaque. De realçar ainda
que foi em Maputo que em 2017 se verificou a maior proporção de casos de TB- MDR
entre todos os casos de TB (Tabela 2).
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Tabela 2: Número, proporção e variação percentual dos casos TB-MDR diagnosticados por
total de casos de TB por província, entre 2009-2017.
Maputo prov N
Ano Nampula N (%) Sofala N (%) (%)
2009 1 (0.0) 4 (0,1) 32 (1,5)
2010 6 (0,2) 4 (0,1) 24 (1,1)
2011 4 (6,2) 8 (1,3) 21 (1,0)
2012 10 (0,3) 14 (0,5) 47 (2,4)
2013 21 (0,5) 26 (0,7) 44 (2,8)
2014 9 (0,2) 58 (1,6) 104 (5,1)
2015 12 (0,3) 93 (2,6) 117 (6,7)
2016 82 (1,9) 58 (1,2) 109 (4,7)
2017 88 (1,4) 143 (2,9) 114 (5,0)
%Δ (2009-2017) 8700% 3475% 256%
A taxa de cura de TB (todas as formas) aumentou 1,9% em Nampula entre 2009 e 2016. No
entanto, em Sofala e província de Maputo, a taxa de cura piorou no período em análise.
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Discussão
Moçambique integra o conjunto de países com alta carga da TB, TB/VIH e TB-MDR e é, ainda,
um dos poucos países do mundo com uma incidência da TB acima de 500 por cem mil
habitantes. Entre 2015 e 2018, o número de casos diagnosticados e notificados no país cresceu
aproximadamente 52%.
A tuberculose infantil, isto é em menores de 15 anos, continua sendo uma preocupação para as
autoridades de saúde moçambicanas. O presente estudo revelou que há uma tendência crescente
de casos novos de TB notificados em menores de 15 anos. Embora esteja a se verificar este
aumento de casos novos notificados, a taxa de cobertura e disponibilidade da vacina BCG em
quase todas as unidades sanitárias com o Programa Alargado de Vacinação (PAV) é de 97%.
Ainda para esta população, foi na província de Nampula e de Maputo que se verificaram maior
número de novos casos. O aumento de número de casos, pode estar a reflectir o nível da doença
no seio das comunidades e a eficácia das medidas de controlo epidemiológico implementadas.
Por outro lado, a diferença observada entre províncias no que diz respeito aos novos casos de TB
em indivíduos com menos de 15 anos, pode resultar do contacto com adultos infectados, uma vez
que geralmente as crianças se infectam através de adultos doentes bacilíferos. (Pires, 2021).
Em relação aos novos casos BK+ em pacientes adultos, isto é, maiores de 15 anos, verificou-se
um aumento em todas as províncias estudadas e no tempo considerado.
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sanitárias da capital, onde, protegidos pelo anonimato, podem confirmar um eventual diagnóstico
e aí serem tratados (Pires, 2021).
Por outro lado, nas províncias de Nampula e Sofala, a existência em maior número de parceiros
dedicados às actividades comunitárias de diagnóstico precoce da TB comparativamente à
província de Maputo, pode, igualmente, explicar as diferenças observadas na incidência da
doença.
Houve um ligeiro aumento da taxa de cura em pacientes diagnosticados com TB para a província
de Nampula, o que pode estar relacionado com a toma correcta dos fármacos por parte dos
pacientes, acompanhados pelos serviços de DOTS institucionais e comunitários, com auxílio de
APES, que tem feito um acompanhamento directo aos pacientes, sobretudo ao nível comunitário.
Estes achados coincidem com o estudo retrospectivo realizado no Hospital Universitário de
referência de Dilla, no sul da Etiópia, que tinha como objectivo determinar o resultado de
tratamento em pacientes de TB e investigar factores associados ao insucesso do tratamento.
Outras pesquisas similares, também encontraram os mesmos achados.
Para Sofala e Maputo província houve uma redução na proporção dos curados ao longo dos anos
em análise. Este facto pode estar também relacionado com o número de pacientes que abandonou
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o tratamento da TB entre 2009-2016. As províncias de Maputo e Sofala, apresentaram uma
tendência crescente da proporção de abandono o que pode estar relacionado com o facto destas
duas províncias terem menor número de parceiros que apoiam o programa provincial de controlo
da tuberculose, comparativamente com a província de Nampula (6Pires, 2021). Esta província,
por seu lado, apresentou uma redução na proporção de abandonos. Um aumento da proporção de
abandono ao tratamento, vai influenciar na proporção dos curados, pois nem todos pacientes
inscritos para fazerem o tratamento, completaram. O abandono do tratamento pode ser
influenciado por vários factores, entre os quais, os sócio-económicos, o acesso às unidades
sanitárias, a falta de informação detalhada sobre a doença e seu tratamento ou os factores
culturais, entre outros.
A proporção de óbitos, no geral, diminuiu nas três províncias, o que pode estar relacionado com
algumas intervenções do programa como, por exemplo, a melhoria no acesso dos pacientes às
unidades sanitárias através da expansão dos DOTS comunitários, a intensificação de actividades
colaborativas TB/HIV, o aumentando do número de rastreados para essas duas doenças ou a
intensificação de palestras sobre a TB nas comunidades ou em locais de maior aglomeração
populacional.
Conclusão
A tendência crescente na notificação de casos de TB nas províncias em análise não pode ser vista
apenas sob ponto de vista do aumento do problema, mas também deve ser vista de um outro
ângulo – o da melhoria dos serviços de saúde junto das comunidades como, por exemplo, o
diagnóstico precoce da doença, palestras institucionais e comunitárias sobre a doença, expansão
de DOTS, bem como a melhoria da capacidade e qualidade de diagnóstico dos casos suspeitos de
TB.
A baixa notificação de casos de tuberculose extrapulmonar, não pode ser vista sob ponto de vista
de redução de casos, mas também como um desafio de diagnóstico correcto, pois o país ainda
enfrenta inúmeras dificuldades sob ponto de vista de capacidade técnica e laboratorial para o
diagnóstico deste tipo de tuberculose, sobretudo em zonas subservidas. Mais esforços
combinados são necessários para aumentar a taxa de cura e reduzir as taxas de abandono e de
mortalidade por esta doença.
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4. Considerações finais
Nos estudos ecológicos, compara-se a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde e a
exposição de interesse entre agregados de indivíduos (populações de países, regiões ou
municípios, por exemplo) para verificar a possível existência de associação entre elas. Em um
estudo ecológico típico, medidas de agregados da exposição e da doença são comparadas. Nesse
tipo de estudo, não existem informações sobre a doença e exposição do indivíduo, mas do grupo
populacional como um todo. Uma das suas vantagens é a possibilidade de examinar associações
entre exposição e doença/condição relacionada na coletividade. Isso é particularmente
importante quando se considera que a expressão coletiva de um fenômeno pode diferir da soma
das partes do mesmo fenômeno. Por outro lado, embora uma associação ecológica possa refletir,
corretamente, uma associação causal entre a exposição e a doença/ condição relacionada à saúde,
a possibilidade do viés ecológico é sempre lembrada como uma limitação para o uso de
correlações ecológicas. O viés ecológico – ou falácia ecológica – é possível porque uma
associação observada entre agregados não significa, obrigatoriamente, que a mesma associação
ocorra em nível de indivíduos.
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5. Referencias Bibliográficas
Ebrahim S. (2006). Principles of epidemiology in old age. In: Ebrahim S, Kalache A.
Epidemiology in old age. London: BMJ Publishing Group.
Freire, M.C.; Pattussi M.P.(2018). Tipos de estudos. IN: ESTRELA, C. Metodologia científica.
Ciência, ensino e pesquisa. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas.
Last J.M. (1995) A Dictionary of Epidemiology. 3rd ed. Oxford: Oxford University Press.
Sampier, R.; Collado, C. (2006). Metodologia de pesquisa. 3ª ed.. São Paulo: McGraw-Hill.
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