Decreto Rio No 50.021 - 2021 - Código de Integridade Do Agente Público
Decreto Rio No 50.021 - 2021 - Código de Integridade Do Agente Público
Decreto Rio No 50.021 - 2021 - Código de Integridade Do Agente Público
Data: 16/12/2021
Título: DECRETO RIO Nº 50021
Página(s): a
PREÂMBULO
O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, no exercício do mandato conferido legitimamente pelo voto
popular, disposto a cumprir o objetivo precípuo de orientar as atividades da Administração Pública
Municipal para a efetivação da justiça social, o combate à desigualdade material e à promoção do
bem comum, numa sociedade acolhedora e inclusiva, reveladora do espírito dos cariocas, com
fundamento nos princípios expressos e implícitos da Administração Pública, no contexto do Estado
Democrático de Direito, no qual os agentes públicos, expressão física e parcela mais individualizada
do Estado, devem sempre valorizar as diferenças e a diversidade, assim como exercer as suas
funções com profissionalismo, responsabilidade, integridade, eficiência, respeito e harmonia,
porquanto destinadas à concretização dos direitos fundamentais e interesses da população carioca,
no exercício das atribuições que lhe confere o art. 107, inciso IV, da Lei Orgânica do Município do
Rio de Janeiro, e o art. 84, inciso IV, da Constituição da República Federativa do Brasil, publica o
seguinte DECRETO.
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso das atribuições que lhe são conferidas
pela legislação em vigor, e
CONSIDERANDO o Decreto Rio 48.349, de 2021 que dispõe sobre a criação do Programa Carioca
de Integridade Pública e Transparência - Rio Integridade, e dá outras providências;
CONSIDERANDO que a atuação ética na Administração Pública é dever de todo agente público; e
DECRETA:
Art. 1º Fica instituído o Código de Integridade do Agente Público do Poder Executivo Municipal, que
reger-se-á pelas normas estabelecidas neste Decreto.
CAPÍTULO I
Disposições Iniciais
Art. 2º O Código de Integridade do Agente Público do Poder Executivo Municipal é aplicável a todos
os agentes públicos dos órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo
Municipal e tem como finalidade disseminar os valores e os princípios éticos esperados dos agentes
públicos municipais, definindo os padrões de comportamento e de atuação desejáveis que
contribuam para a melhoria contínua dos serviços públicos municipais.
Art. 3º Os preceitos éticos inscritos neste código não substituem ou excluem os direitos, deveres e
vedações constantes do Estatuto do Funcionalismo Público do Poder Executivo Municipal,
Consolidação das Leis do Trabalho, estatutos de classe e outros dispositivos semelhantes.
§ 1º O não atendimento ao presente código importará nas sanções administrativas previstas em lei,
assegurados os direitos constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório.
§ 2º O atendimento dos requisitos éticos de seu cargo ou função será apreciado durante toda a vida
funcional do agente público, em especial, por ocasião da avaliação do estágio probatório, da
progressão funcional, das avaliações periódicas de desempenho, quando previstas em legislação
específica, e nas circunstâncias onde seja ponderado o merecimento do agente, ou, ainda, por
ocasião de processo administrativo onde haja arguição quanto a eventuais transgressões funcionais
cometidas pelo agente público municipal.
I - agente público: aquele que exerce mandato, cargo, função ou emprego na administração pública,
ainda que transitoriamente, com ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
convênio, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, inclusive os integrantes da
alta administração e de conselhos de administração, os estagiários, os residentes, e os congêneres;
II - fornecedor: é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços;
III - colaborador externo: é toda pessoa jurídica sem fins lucrativos, nacional ou estrangeira, tais
como as Organizações da Sociedade Civil - OSC, Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público - OSCIPs e Organizações Sociais - OS, que mantenham contratos de gestão, termo de
fomento, termo de colaboração ou qualquer outro instrumento com ou sem repasse financeiro da
Administração Direta ou Indireta; lembra as entidades do terceiro setor
IV - administração pública: administração direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, inclusive as entidades com personalidade jurídica de direito privado sob controle
do poder público e as fundações por ele instituídas ou mantidas;
VI - ato de corrupção: ato de induzir ou concorrer para assunção de vantagem administrativa ilegal
ou ilegítima seja ela econômica ou não, cometido por agente público, fornecedor, colaborador
externo ou cidadão, o qual atente contra a Administração Municipal, sua legislação, suas regras de
conduta, seus valores éticos e institucionais, e que de qualquer forma busque prejudicar por ação ou
omissão, a correta utilização dos recursos públicos, e/ou a adequada prestação de serviços
municipais à sociedade;
VII - ambiente ético: ambiente no qual todos aqueles que interagem com a Administração Municipal,
sejam agentes públicos, fornecedores, colaboradores externos ou cidadãos, conhecem seus direitos
e deveres, assumem compromisso de atuação transparente e ética, cumprem suas
responsabilidades com as normas vigentes, bem como seguem as regras de convivência e de boas
maneiras difundidas no município, de modo a perfazer local propício à urbanidade e ao respeito ao
cidadão;
VII I- presentes: itens tangíveis ou intangíveis com valor comercial, com ou sem marca institucional
de empresa ou instituição;
IX - brindes: itens tangíveis ou intangíveis sem valor comercial ou com valor de mercado irrisório,
distribuídos ou recebidos a título de cortesia ou divulgação habitual e que podem conter o logotipo
daquele que concedeu o brinde;
X - favor: receber ou oferecer serviço ou retribuição sem que haja necessidade de recompensa,
inclusive pecuniária;
XI - assédio: conduta manifestada, física ou psicologicamente, por palavras, atos, gestos ou outros
meios, dentro ou fora do ambiente de trabalho, cometida por outro agente público, cidadão,
fornecedor, colaborador externo ou quaisquer outros com os quais se relacione, em qualquer nível
de hierarquia ou vínculo com a administração, podendo se caracterizar como:
a) moral: se entende como a atuação de modo a expor, à situação humilhante, degradante ou
constrangedora, ou, ainda, proceder com qualquer ação, palavra ou gesto, que, praticado de modo
repetitivo ou não, tenha, por objetivo ou efeito, atingir a autoestima e a autodeterminação da pessoa,
sua imagem, sua honra ou sua intimidade pessoal.
b) sexual: conduta de natureza sexual, afetiva ou voluptuosa, manifestada fisicamente, por palavras,
gestos ou outros meios, de forma implícita ou explícita, proposta a alguém contra sua vontade,
causando-lhe constrangimento;
c) virtual: conduta de um indivíduo ou grupo de pessoas que utiliza das tecnologias de informação,
tais como redes sociais e aplicativos de mensagens, com o objetivo de observar importunamente,
ofender, hostilizar, intimidar ou perseguir outrem, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica,
restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua
esfera de intimidade, liberdade ou privacidade;
XIII - abuso: indica um comportamento inadequado, excessivo, contrário à harmonia que extrapole os
limites razoáveis da boa convivência nas relações interpessoais no horário de trabalho ou fora dele; e
XIV - informação privilegiada: a que diz respeito a assuntos sigilosos ou aquela relevante ao
processo de decisão no âmbito do Poder Executivo federal que tenha repercussão econômica ou
financeira e que não seja de amplo conhecimento público.
CAPÍTULO II
Da Conduta
Seção I
Dos Princípios
Art. 5º A conduta do agente público municipal deve reger-se pelos seguintes princípios:
I - boa-fé, no qual a ação do agente público municipal atende aos princípios da Administração
Pública e se coaduna com o interesse público, não tendo a intenção de buscar interesses e
benefícios ilícitos ou ilegítimos, diretos ou indiretos, próprios ou de terceiros;
II - honestidade, no qual o agente público municipal atua de maneira leal, honrada e verdadeira,
comprometendo-se a não mentir, omitir ou ludibriar quaisquer das partes interessadas em suas
manifestações;
III - legalidade, no qual a ação do agente público municipal observa o estrito limite dos normativos
vigentes no município;
V - moralidade, do qual se entende ser obrigação do agente público manter o equilíbrio entre a
legalidade e a finalidade na busca pelo interesse público, pautando-se pela transparência e
pertinência moral, bom senso e justiça;
VI - eficiência, do qual se espera a melhor utilização possível dos recursos públicos disponibilizados
ao agente público municipal, a fim de se alcançar o desempenho mais satisfatório de suas
atribuições para atender ao interesse público;
VII - publicidade, do qual se entende ser dever do agente público dar publicidade aos atos oficiais
emanados pelo órgão ou entidade, mantendo registro nos documentos oficiais respectivos,
ressalvados os casos previstos na legislação.
VIII - interesse público, por força do qual, no exercício da atividade administrativa, o agente público
deve atuar sempre visando à finalidade pública prevista, implícita ou expressamente, no
ordenamento jurídico vigente sem vislumbrar interesses privados.
IX - probidade administrativa, por força do qual o agente público deve atuar segundo padrões éticos
de honestidade, dignidade e retidão;
X - igualdade, segundo o qual o agente público não pode atribuir tratamento diferenciado aos seus
pares ou aos subordinados, a exceção daqueles em situação desigual, na medida de suas
desigualdades;
XII - efetividade, por força do qual os agentes públicos deverão desempenhar as atividades
administrativas com produtividade e competência de modo a gerar impacto positivo na sociedade;
XIV - motivação, segundo o qual os agentes públicos são obrigados a indicar expressamente os
elementos de fato e de direito que determinam as suas decisões.
XV - segurança jurídica, por força do qual os agentes públicos deverão adotar formas simples e
suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos cidadãos,
vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
XVII - proporcionalidade, segundo o qual o agente público não pode cometer excessos, impondo
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público.
XVIII - celeridade, segundo o qual os agentes públicos deverão zelar pela duração razoável do
processo administrativo, sem procrastinações, observados os prazos legais.
XIX - desenvolvimento sustentável, por meio do qual os agentes públicos, deverão buscar soluções
que compatibilizem o desenvolvimento econômico e a defesa do meio-ambiente, adotando práticas
que visem a continuidade dos serviços públicos prestados.
Seção II
Dos Direitos e Garantias no Ambiente de Trabalho
Art. 6º São direitos e garantias do agente público municipal - incluindo a alta administração - em
suas relações interpessoais:
III - ter garantida a inviolabilidade da liberdade de consciência e crença, sendo vedadas atividades
religiosas nas repartições públicas, salvo quando autorizadas pela autoridade competente e desde
que não interfiram no bom ambiente de trabalho;
VI- ter resguardado o sigilo das informações de ordem pessoal, nos termos da legislação vigente;
Seção III
Dos Principais Deveres do Agente Público
II - recusar-se a receber por seu trabalho ou atividade na administração pública municipal qualquer
vantagem pecuniária que não exclusivamente proveniente do erário, por meio do contracheque ou
outra forma de repasse direto pelo Tesouro Municipal;
IV - exercer suas atribuições com rapidez e eficiência, procurando respeitar a ordem de abertura do
processo ou do atendimento, ressalvadas as prioridades da legislação, principalmente diante de filas
ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas
atribuições, com o fim de evitar transtornos aos usuários;
V - ser íntegro, transparente, reto, leal e justo, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas
opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum, no relacionamento com subordinados,
colegas, superiores hierárquicos, parceiros, fornecedores, colaboradores externos e usuários de
serviço público;
VII - ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações
individuais de todos com quem se relacione, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção, tais
como de gênero, etnia, idade, estado civil, crença religiosa, deficiência física ou mental, orientação
sexual, identidade de gênero, classe social ou posição político - ideológica;
VIII - ser assíduo, pontual e frequente ao serviço, cumprindo a carga horária estabelecida para o seu
cargo, bem como o horário de trabalho acordado junto à chefia imediata, na forma da legislação
pertinente;
X - manter em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados para sua
organização, distribuição e segurança;
XI - cooperar com a implantação das iniciativas relacionadas à melhoria do órgão ou da entidade em
que atua;
XVI - preservar a imagem e colaborar para a reputação do órgão ou entidade que representa,
devendo atuar sempre respeitando e atendendo as diretrizes estabelecidas pela instituição;
XVII - participar de representação em reunião ou evento previsto para o qual foi incumbido,
informando previamente ao substituto e à chefia imediata caso esteja impossibilitado de comparecer;
XVIII - ser objetivo, claro e transparente, prezando pela qualidade e assertividade de suas
manifestações, inclusive técnicas, de modo a atenuar a possibilidade da ocorrência de diferentes
interpretações para o mesmo objeto reportado, permitindo, com isso, o mais amplo acesso à
transparência e ao controle social das decisões administrativas.
XXI - respeitar o sigilo inerente às informações obtidas decorrentes do exercício das suas atividades;
XXII - orientar devidamente o cidadão quanto às providências a serem adotadas para sanar possível
dificuldade, irregularidade ou inconformidade constatada durante o atendimento;
XXIV - comunicar ao órgão central de integridade, os atos aos quais tenha conhecimento que
contrariem as normas deste código ou que sejam contrários ao interesse público, garantido o sigilo,
quando a referida comunicação se der por meio dos canais próprios, de forma a preservar a
identidade do comunicante;
XXIX - conhecer, respeitar e cumprir regras, normas, legislações e diretrizes provenientes do órgão
central de recursos humanos; e
Seção IV
Da Alta Administração
Art. 8º Caberá aos integrantes da Alta Administração, além dos deveres anteriormente dispostos a
todos os agentes públicos municipais:
I - praticar, patrocinar e promover ações de disseminação dos princípios e valores previstos neste
código, fortalecendo a conduta ética no órgão ou entidade pelo qual responde, inclusive na
promoção de capacitações.
II - estimular o acesso a cursos de qualificação profissional aos agentes públicos sob sua ingerência;
e
III- comportar-se de modo a servir de exemplo ético aos agentes públicos subordinados,
fornecedores, colaboradores externos e cidadãos com os quais interaja;
IV - respeitar os limites de sua competência, de modo a não adentrar a área de atuação de outro
órgão ou entidade da Administração Municipal, salvo quando norma legal expressamente o autorizar,
resolvendo administrativamente eventuais divergências;
VII - promover o respeito e a aplicação dos princípios de segurança e saúde no trabalho, bem como
das Normas Regulamentadoras, nos ambientes de sua atuação na Administração Pública Municipal;
CAPÍTULO III
Das práticas que atentam contra a integridade pública
Seção I
Das vedações de caráter geral
I - valer-se do cargo, da função, da situação funcional, das facilidades, das amizades, do tempo, da
posição e da influência que adquiriu por intermédio da sua função pública para obter qualquer
favorecimento, vantagem ou benefício, para si ou para outrem, configurando ou não conflito de
interesses;
III - pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou oferecer qualquer tipo de ajuda, financeira ou não,
gratificação, prêmio, comissão, presente, brinde, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si,
familiares ou qualquer outra pessoa, para o cumprimento da sua missão, das suas atividades ou
para influenciar outro agente com o mesmo fim;
IV - fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito de seu serviço, em benefício próprio,
de parentes, de amigos ou de terceiros;
V - permitir ou concorrer para que interesses particulares prevaleçam sobre o interesse público,
inclusive os interesses que possam estar direta ou indiretamente relacionados à preservação de
mercados, monopólios e práticasanti-concorrenciais;
VI - atuar junto à Administração Municipal em interesse particular de terceiros, sejam pessoas físicas
ou jurídicas, para obter ou conceder quaisquer direitos ou vantagens que não a todos disponíveis, ou
diferentes do processo normal, bem como para facilitar ou agilizar atendimento;
VII - utilizar-se de seu cargo ou função para, em interesse material ou ideológico, próprio ou de
outrem, desrespeitar ordem ou fila de acesso a serviço público prestado pelo município em
detrimento dos demais usuários, salvo previsões legais de atendimento prioritário;
IX - usar de artifícios ilícitos ou mesmo aparentemente legais, mas imorais, para procrastinar, iludir,
ludibriar ou dificultar o exercício regular de direito ou serviço por qualquer agente público, fornecedor,
colaborador externo ou cidadão;
XII - retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer bem pertencente ao
patrimônio público;
XIV - atrasar-se, devendo previamente justificar todos os atrasos ou, em caso de força maior,
comunicá-los tão logo seja possível à chefia imediata para posterior compensação de horário;
XV - realizar atividades com caráter de representação institucional, sem prévia autorização do titular
do órgão ou entidade municipal onde atua, tais como publicar livros, artigos, colunas ou qualquer
texto opinativo, bem como conceder entrevistas, realizar palestras ou atividades similares com
divulgação de informações obtidas em decorrência do exercício do cargo, emprego ou função;
XVI - exigir submissão, constranger ou intimidar agente público municipal, fornecedor, colaborador
externo ou usuário de serviço público, utilizando-se do poder que recebe em razão do cargo,
emprego ou função pública que ocupa;
XVII - opinar anteriormente e de forma pública sobre o mérito de questão a ser a ele submetida, para
decisão individual ou colegiada;
XVIII - utilizar-se de materiais, bens, equipamentos e serviços públicos para fins pessoais, bem como
valer-se do ambiente de trabalho para praticar ou fomentar atividades estranhas ao serviço público;
XIX - acumular cargos públicos de modo remunerado, exceto quando permitido pela legislação;
XXI- desviar a si ou a qualquer outro agente público para atendimento de interesse particular, político-
partidário ou qualquer outro interesse diferente da finalidade pública do órgão ou entidade;
XXII - promover campanha política no ambiente de trabalho, valendo-se do aparato público, incluindo
bens, materiais e pessoal, de que dispõe em função do cargo ou emprego, garantindo exercício de
direitos políticos dos agentes públicos nos limites autorizados pela legislação eleitoral vigente;
XXIII - retirar, modificar ou substituir livros ou documentos da administração pública municipal, com o
fim de criar direito ou obrigação, ou de alterar a verdade dos fatos, bem como apresentar documento
falso com a mesma finalidade;
XXVI - prestar serviços ou desempenhar atividades particulares, como pessoa física ou jurídica,
dentro ou fora do expediente, decorrente de obrigações, procedimentos ou expedientes instituídos
pela Administração Pública que gerem conflito de interesse, bem como indicar quem o faça a
cidadão, fornecedor ou colaborador externo;
XXIX - ser conivente com erro ou infração a este código ou as demais normas vigentes;
XXX - o exercício de atividade política dentro da repartição pública, zelando para que suas
preferências políticas partidárias não interfiram nas relações de trabalho.
Seção II
Das formas de combate ao assédio, abuso e discriminação
Art. 10. É dever dos agentes públicos repudiar e atuar ativamente contra quaisquer práticas que
possam configurar, direta ou indiretamente, implícita ou explicitamente, assédio, abuso, ou
discriminação, sejam estes de natureza racista, misógina, xenofóbica, homofóbica, transfóbica, em
todas as suas formas, capazes ou não de ridicularizar ou menosprezar o indivíduo.
Parágrafo único. O poder executivo municipal irá desenvolver programas de combate a todas as
formas de assédio, abuso e discriminação no ambiente de trabalho, bem como criar canais para
facilitar a denúncia, a punição do autor e a proteção às vítimas.
Art. 11. É dever dos agentes públicos repudiar e atuar ativamente contra qualquer forma de
intolerância religiosa advinda de manifestação individual, coletiva ou institucional, de conteúdo
depreciativo, que ridicularize ou menospreze religião, concepção religiosa, credo, profissão de fé,
culto, práticas ou peculiaridades rituais ou litúrgicas.
Parágrafo único. O poder executivo municipal irá desenvolver programas de combate a todas as
formas de intolerância religiosa no ambiente de trabalho, bem como criar canais para facilitar a
denúncia, a punição do autor e a proteção às vítimas.
Seção III
Dos Presentes e Brindes
Art. 12. É vedada ao agente público municipal a aceitação de presente, brinde ou promessa de favor
ou vantagem ofertado por outros agentes públicos de qualquer ente federativo, fornecedores,
colaboradores externos ou usuários de serviço público, tendo ou não vínculo com a administração,
que:
III - mantenham relação comercial com o órgão ou a entidade a que pertence o agente público
municipal;
IV - representem interesse de terceiros, como procurador ou preposto daqueles a que alude o caput,
compreendidas as situações previstas nos incisos I, II, e III, deste artigo;
I - veículos automotores;
III - cartões de crédito ou débito, contas bancárias, numerários em espécie ou títulos de qualquer tipo
e afins;
VII - outros benefícios diretos ou indiretos para si ou para outrem que conflitem com os princípios e
regras estabelecidos neste Decreto.
Art. 13. É possível o recebimento de presentes e brindes quando ofertados por autoridades nos
casos protocolares, bem como em razão do exercício de funções diplomáticas e de representação,
devendo ser observado o seguinte:
a) o agente público que recebeu o bem deverá comunicar a situação ao titular da pasta a qual seja
vinculado;
II - não tendo os presentes e brindes a que alude o caput valor histórico, cultural ou artístico, bem
como representem bens materiais de consumo de uso não duradouro, pertencerão ao agente público
agraciado, não sendo necessária a sinalização ao titular da pasta e sua incorporação ao patrimônio
municipal.
Art. 14. Deverá ser dado o mesmo tratamento a que alude o inciso I, do art. 13, aos prêmios
recebidos em sorteio ou congêneres por agente público municipal, quando este estiver
representando oficialmente órgão ou entidade, e desde que sua participação tenha sido custeada
pelo Município.
Art. 15. Caracterizam-se como presentes de ordem pessoal podendo ser recebidos por agente
público municipal, desde que não gerem influência em suas decisões funcionais, bem como
interesses conflitantes:
IV - outros presentes que não detenham correlação com sua vida funcional, seu cargo ou órgão,
dizendo respeito apenas a sua vida particular.
§ 1º Entendendo o agente público municipal que o presente a ele ofertado tenha relação com a sua
vida funcional, deverá informar tal prática ao órgão central de integridade para apurar o
descumprimento a este código.
Art. 16. Caracterizam-se como brindes que podem ser recebidos pelos agentes públicos municipais
sem a necessidade de autorização do titular do órgão ou entidade, excetuando-se ao art. 12, aqueles
que atenderem cumulativamente os seguintes critérios:
I - não ultrapassem, no período de 12 meses, o valor comercial de R$ 100,00 (cem reais) ou sejam
distribuídos por entidade de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda, divulgação habitual
ou por ocasião de eventos ou datas comemorativas;
§ 1º Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial presumir-se-á que tenha e o agente público lhe
dará tratamento de presente.
§ 2º Enquadram-se no rol de brindes a que alude o caput, blocos de anotação, canetas, agendas
padronizadas, calendários, pastas e similares.
§ 3º o valor que alude o inciso I poderá ser anualmente reajustado mediante ato específico do órgão
central de integridade.
Seção IV
Da Participação em Eventos
Art. 17. O agente público municipal poderá, aprovado pelo titular da pasta, participar de atividades
externas de interesse institucional, tais como seminários, congressos, palestras, visitas ou atividades
técnicas, no Brasil ou no exterior, desde que não haja conflito de interesse com o exercício da sua
função pública, custeado pelo Município, caso haja interesse público na participação, ou as suas
próprias custas.
Art. 18. As despesas de transporte, estadia, taxas de inscrição e bem como outras despesas,
poderão, excepcionalmente, ser custeadas pelo patrocinador do evento, se este for:
IV - instituição que não tenha instrumento jurídico firmado com a Administração Municipal e que não
esteja sob a jurisdição regulatória do órgão a que pertença o agente público municipal, nem que
possa ser beneficiária de decisão da qual esse participe, seja individualmente, seja em caráter
coletivo;
V - instituição com a qual o órgão ou entidade tenha firmado instrumento jurídico, desde que tal
evento seja para apresentação de experiências do órgão ou entidade do qual o agente público seja
representante.
§ 1º O agente público municipal poderá aceitar, mediante convênio ou não, descontos de transporte,
hospedagem e refeição, bem como de taxas de inscrição, desde que se refira a benefício de prática
comum a outros participantes.
CAPÍTULO IV
Da Comissão de Integridade Pública
Art. 19. Caberá a Comissão de Integridade Pública estabelecer normas complementares à matéria
tratada neste código.
Art.20. Competirá à Comissão de Integridade Pública dirimir dúvidas acerca da aplicabilidade deste
código a qualquer agente público municipal, emitindo orientações, com o fim de harmonizar as
interpretações sobre a aplicabilidade do presente código.
Art. 21. Poderá a comissão ser consultada acerca da aplicabilidade deste código pelo responsável
pela sindicância ou processo administrativo disciplinar sobre balizamento de sua aplicação no caso
concreto.
CAPÍTULOV
Das disposições finais
Art. 22. Os Agentes Públicos Municipais deverão, no ato da posse em cargo efetivo, cargo
comissionado, função gratificada ou emprego de confiança no âmbito do Município, assinar o
documento Declaração de ciência e adesão ao código de integridade do agente público do Poder
Executivo do Município do Rio de Janeiro, objetivando expressa ciência a este código, à legislação e
à normatividade jurídica a que estão submetidos.
Art. 23. As condutas elencadas neste código, ainda que possam conter descrição próxima ou
idêntica à previsão constante de outras normas, com elas não concorrem nem se confundem.
Parágrafo único. Havendo norma jurídica de mesmo grau hierárquico que conflite com os dispositivos
presentes neste código, deverá este último prevalecer até que se tenha entendimento contrário.
Art. 24. Sem prejuízo do disposto no art. 22, poderão os titulares dos órgãos e entidades municipais
editar norma complementar específica a fim de regulamentar internamente a aplicação do presente
código, podendo incluir dispositivos necessários ao desenvolvimento de suas atividades, desde que
não colidam com o presente código.
Parágrafo único. A fim de padronização, a norma complementar a que alude o caput deste artigo
deverá ser publicada pelos órgãos e entidades municipais sob o título de Regulamento interno do
código, com nome do órgão ou entidade municipal.
Art. 25. Os esclarecimentos a respeito do cumprimento das normas deste código deverão ser
submetidos à Comissão de Integridade Pública, a qual deverá, no prazo de trinta dias, apresentar
parecer quanto ao caso reportado, admitidas prorrogações quando estritamente necessário.
Art. 26. Os órgãos e entidades da Administração Municipal ficam obrigados a afixar texto informativo
acerca da existência do presente código de integridade dos agentes públicos em local visível e de
fácil acesso nas unidades de suas repartições, bem como ficam obrigados a ter um exemplar do
presente Código em meio físico, disponibilizando-o para consulta sempre que solicitado.
Parágrafo único. O texto informativo de que trata o caput deve conter informações a respeito das
formas de obtenção do presente código por meio digital, a fim de ampliar a divulgação e
transparência da norma, bem como fortalecer o ambiente ético municipal.
Art. 28. Fica revogado o Decreto nº 13.319, de 20 de outubro de 1994, que dispõe sobre Normas de
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Municipal.
EDUARDO PAES