Saude Mental Na Atenção Basica
Saude Mental Na Atenção Basica
Saude Mental Na Atenção Basica
Ligia Rivero Pupo1, Tereza Etsuko Costa Rosa1, Arnaldo Sala2, Marisa Feffermann1, Maria Cecília
Goi Porto Alves1, Maria de Lima Salum e Morais1
DOI: 10.1590/0103-11042020E311
RESUMO Este artigo teve como objetivo descrever e discutir como se identifica o sofrimento em saúde
mental e como se organiza o cuidado em saúde mental nas unidades de Atenção Básica (AB) do estado de
São Paulo. Para isso, baseou-se em um estudo transversal quantitativo e descritivo, realizado por meio de um
inquérito telefônico em serviços de Atenção Básica à Saúde do estado. Os dados foram analisados segundo
o porte do município e a presença de profissional de saúde mental na unidade. Os resultados reiteram a alta
frequência com que aparecem demandas de saúde mental na AB e indicam: baixa proatividade na busca
de demandas em saúde mental; troca de receitas e uma perspectiva mais biomédica como relevantes na
identificação dos problemas; baixo planejamento do cuidado e pouca abrangência na articulação inter-
setorial. Também revelam a importância da presença de profissionais de saúde mental na qualificação do
cuidado e no fortalecimento de ações psicossociais. As unidades do município de São Paulo se mostraram
mais potentes na identificação, organização do cuidado, manejo psicossocial dos problemas e articulação
intersetorial. Os municípios pequenos se destacaram pela presença de profissionais de saúde mental e
pelo uso de visitas domiciliares por agentes comunitários de saúde para a identificação dos problemas.
ABSTRACT This article aimed to describe and discuss how mental suffering is identified and how mental health
care is organized in Primary Care services in the state of São Paulo. In order to do so, the study was based
on a quantitative and descriptive cross-sectional study, carried out through a telephone survey in Primary
Health Care services in the state. Data were analyzed according to the size of the city and to the presence of
at least one Mental Health professional in the services. The results reiterate the high frequency with which
demands for mental health appear in Primary Care services, and indicate: low proactivity in the search for
problems in mental health; exchange of prescriptions and a more biomedical perspective as relevant to the
identification of problems; low care planning and little coverage in intersectoral articulation. It also reveals
1 Secretariade Estado da
the importance of the presence of mental health professionals in qualifying care and strengthening psycho-
Saúde, Instituto de Saúde
(IS) – São Paulo (SP), social actions. The services in the city of São Paulo proved to be more potent in identifying, organizing care,
Brasil. psychosocial management of problems, and intersectoral articulation. Small cities stood out by the presence of
[email protected]
mental health professionals and by using home visiting by community health agents in identifying problems.
2 Secretariade Estado da
Saúde, Coordenadoria de
Regiões de Saúde – São
KEYWORDS Mental health. Primary Health Care. Health services needs and demand. Health survey.
Paulo (SP), Brasil.
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer
meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado. SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 44, N. ESPECIAL 3, P. 107-127, OUTUBRO 2020
108 Pupo LR, Rosa TEC, Sala A, Feffermann M, Alves MCGP, Morais MLS
Quadro 1. (cont.)
Tabela 1. Distribuição das Unidades Básicas de Saúde por presença de profissional de saúde mental, segundo o porte
populacional dos municípios onde as unidades estão localizadas*
por profissionais de saúde mental alocados em Família (ESF), sendo que 39,7% das UBS do
Caps e, posteriormente, também em Nasf18,23. município de São Paulo responderam não
Além disso, a ideia de trabalho em rede in- contar com equipes de Nasf (dados não apre-
centivou que as equipes de AB trabalhassem sentados em tabela). Por esse motivo, também,
em conjunto com as equipes da atenção es- é possível que as unidades tradicionais tenham
pecializada no cuidado em saúde mental43; e continuado mantendo profissionais de saúde
o processo de construção da Raps, focado no mental em suas equipes. Em contraponto, a
financiamento dos Caps, realocou parte im- maior presença de profissionais de saúde
portante dos profissionais de saúde mental dos mental, sobretudo de psicólogos (dados não
municípios para esses serviços especializados. apresentados em tabela) em municípios de
Embora se reconheça que houve um grande pequeno porte (até 25 mil hab.), provavelmente
passo na direção da desinstitucionalização deve-se à escassa presença de equipamentos
das pessoas com transtornos mentais severos, de atenção especializada nesses municípios –
não há evidências de que essa estratégia tenha ambulatórios de saúde mental (19,9%) , Caps I
sido a melhor em termos de resolubilidade e (19%) e Caps II (2%) –, o que pode ter tornado
efetividade no cuidado de pessoas com sofri- necessária a contratação/ manutenção de pro-
mento mental comum, de menor gravidade e fissional de saúde mental em unidades de AB17 .
mais prevalentes25,26.
Analisando a distribuição da presença de Identificação dos problemas e
profissional de saúde mental nas unidades demandas associados ao sofrimento
segundo o porte populacional dos municí- mental
pios, as diferenças são significativas, sendo
que 72,0% das unidades no município de São No geral, 50,7% das unidades responderam
Paulo possuíam profissional de saúde mental, que identificavam diariamente demandas
seguidas pelas unidades nos municípios peque- associadas ao sofrimento mental (tabela
nos (49,8%), pelos grandes (40,0%) e médios 2); e essas, somadas àquelas que responde-
(31,2%) (tabela 1). A maior frequência de pro- ram identificar semanalmente esse tipo de
fissionais de saúde mental no município de demanda, chegam a 80% de unidades. Tal
São Paulo pode ser devida às ações de saúde dado reforça a importância da atenção pri-
mental propostas por gestões anteriores do mária como espaço estratégico e oportuno
final da década de 1980 até início dos anos para identificação, acesso, cuidado e acom-
200022. Nesse período, privilegiaram-se polí- panhamento longitudinal dessas demandas.
ticas de incentivo à alocação de profissionais Entretanto, a frequência com que foram iden-
de saúde mental nas UBS de maior porte sob tificadas as demandas de saúde mental muda
a gestão do município de São Paulo, assim de acordo com o porte populacional do muni-
como aquelas sob gestão estadual, que foram cípio em que se localiza a UBS. Quanto menor
municipalizadas algum tempo depois. o porte do município, menor foi a frequência
As equipes das unidades tradicionais, bas- de resposta afirmativa a essa questão. Das
tante presentes no município de São Paulo unidades do município de São Paulo, 79,6%
(58,7%), contaram com menos Apoio Matricial, identificaram tais demandas diariamente, e
pois esse foi desenhado principalmente para isso ocorreu em apenas 38,2% nas unidades
o suporte às equipes da Estratégia Saúde da dos municípios pequenos.
Tabela 2. Percentuais de respostas afirmativas às questões relativas ao processo de identificação das demandas relacionadas com o sofrimento mental,
segundo o porte populacional dos municípios onde as unidades estão localizadas, e segundo a presença de profissional de saúde mental na unidade
Tema Questão Porte populacional do município % total N total valor de Profissional de SM total valor de
Até 25 mil 25 a 100 100 mil São “sim” p* Não Sim p*
hab. mil hab. hab. e + Paulo
Demanda diária de SM? 38,2% 43,6% 55,8% 79,6% 50,7% 446 0,000 43,5% 59,9% 50,6% 0,000
demanda em SM
Frequência da
Encaminhamento c/ Diag- 31,3% 25,6% 30,1% 31,2% 29,4% 258 0,528 26,5% 33,0% 29,3% 0,035
nóstico
Identificação dos problemas de SM na UBS
Encaminhamento s/ Diag- 21,2% 17,5% 21,8% 31,2% 21,5% 189 0,060 14,6% 30,4% 21,5% 0,000
nostico
Pedido de troca de receita 64,5% 70,9% 77,3% 58,1% 70,4% 619 0,000 76,2% 62,8% 70,4% 0,000
Demanda especifica do 43,8% 42,7% 47,2% 52,7% 45,7% 402 0,352 42,7% 49,7% 45,7% 0,037
usuário
Demanda específica do 42,4% 47,4% 40,0% 44,1% 43,0% 378 0,364 42,3% 44,0% 43,0% 0,615
acompanhante
Pelo comportamento do 24,9% 23,1% 21,8% 19,4% 22,6% 199 0,715 22,8% 22,3% 22,6% 0,834
usuário
Usuário em crise 18,9% 12,8% 7,5% 15,1% 12,5% 110 0,001 11,8% 13,4% 12,5% 0,497
No atendimento de outras 10,6% 19,2% 23,3% 25,8% 19,3% 170 0,001 16,8% 22,8% 19,4% 0,027
demandas
Na visita domiciliar 19,4% 13,2% 11,9% 15,1% 14,4% 127 0,101 16,8% 11,3% 14,4% 0,020
Queixas escolares ou pré- 55,3% 52,6% 66,1% 70,5% 60,3% 517 0,001 56,2% 65,5% 60,2% 0,006
-escolares
Conflito familiar/casal 54,8% 60,6% 72,7% 78,0% 65,6% 563 0,000 62,8% 69,3% 65,6% 0,047
Queixas Comportamentais 78,4% 77,8% 85,6% 90,0% 82,2% 702 0,010 79,2% 86,0% 82,1% 0,010
Demandas identificadas como problema de SM
Álcool e outras drogas 90,7% 89,3% 95,5% 100,0% 93,1% 813 0,001 90,5% 96,6% 93,1% 0,000
Perdas e situações traumá- 78,0% 78,4% 83,3% 93,4% 81,8% 705 0,006 77,6% 87,0% 81,7% 0,000
ticas
Depressão/ Ansiedade 98,6% 96,6% 97,9% 98,9% 97,8% 857 0,406 97,4% 98,4% 97,8% 0,298
Situações de violência 61,4% 58,3% 75,1% 94,6% 69,4% 594 0,000 64,3% 76,3% 69,5% 0,000
Psicose/ Surto/ Mania 86,9% 77,1% 85,5% 93,5% 84,4% 731 0,001 79,4% 90,7% 84,3% 0,000
Problemas decorrentes do 62,5% 55,9% 66,2% 83,3% 64,3% 550 0,000 58,1% 72,1% 64,2% 0,000
Trabalho
Somatizações/ poli queixas 78,0% 77,3% 82,3% 94,5% 81,2% 700 0,002 79,3% 83,3% 81,0% 0,131
Busca por receita de psico- 92,1% 94,9% 95,5% 97,8% 94,7% 829 0,164 95,4% 93,9% 94,8% 0,348
fármaco
Sofrimento emocional ines- 79,3% 74,1% 84,4% 94,6% 81,5% 703 0,000 76,8% 87,7% 81,5% 0,000
pecífico
Transtorno do desenvolvi- 62,6% 54,3% 74,2% 90,8% 67,8% 562 0,000 61,4% 75,7% 67,6% 0,000
mento
Tabela 2. (cont.)
Tema Questão Porte populacional do município % total N total valor de Profissional de SM total valor de
Até 25 mil 25 a 100 100 mil São “sim” p* Não Sim p*
hab. mil hab. hab. e + Paulo
Recepção/ Triagem/ Aco- 82,7% 91,5% 93,0% 89,0% 89,6% 779 0,001 90,1% 89,2% 89,7% 0,663
Momentos em que as demandas são identificadas
lhimento
Sala de Espera 38,3% 34,6% 42,5% 42,2% 39,3% 333 0,278 38,8% 39,9% 39,3% 0,753
Atendimento Médico 99,1% 99,1% 98,8% 100,0% 99,1% 867 0,760 99,4% 98,7% 99,1% 0,275
Atendimento de Enferma- 96,3% 95,3% 97,6% 98,9% 96,8% 843 0,273 97,0% 96,6% 96,8% 0,744
gem
Atendimento em Odonto- 29,6% 37,7% 53,4% 56,2% 43,6% 360 0,000 39,5% 49,0% 43,6% 0,006
logia
Atendimento de outros pro- 70,5% 54,4% 66,4% 94,6% 67,3% 576 0,000 44,1% 96,3% 67,1% 0,000
fissionais de nível superior
Atividades de grupo 33,0% 38,9% 55,2% 80,4% 48,2% 411 0,000 43,0% 54,5% 48,1% 0,001
Atendimento Domiciliar 81,2% 73,6% 70,6% 90,2% 76,1% 657 0,000 73,7% 79,2% 76,1% 0,059
Visita Domiciliar do ACS 82,7% 70,0% 67,2% 61,5% 71,1% 619 0,000 73,1% 68,3% 71,0% 0,120
o tamanho do município – sendo que, nos 100 mil habitantes, 45,5%; e no município de
municípios menores, há somente 36,8% de São Paulo, 61,3% – dados não apresentados
equipes de Nasf; nos municípios acima de em tabela.
Tabela 3. Percentuais de respostas afirmativas às questões relativas à forma de organização do cuidado e fluxos de atenção para atender às demandas em saúde
mental, segundo o porte populacional dos municípios onde as unidades estão localizadas, e segundo a presença de profissional de saúde mental na unidade
Tema Questão Porte populacional do município % total N total valor de Profissional de SM total valor de
Até 25 mil 25 a 100 100 mil São “sim” p* Não Sim p*
hab. mil hab. hab. e + Paulo
Reunião regu- P/ formulação de PTS 44,0% 30,5% 43,8% 77,6% 48,7% 149 0,000 46,2% 50,9% 48,7% 0,409
lar de equipe P/ condução de caso 50,0% 44,1% 56,2% 82,7% 55,9% 297 0,000 51,9% 60,9% 55,9% 0,037
de SM
P/ matriciamento 52,0% 51,7% 64,8% 87,0% 64,1% 246 0,000 58,7% 69,9% 64,1% 0,022
PTS no último Fez PTS? 18,2% 19,9% 35,9% 73,3% 31,3% 265 0,000 25,5% 38,8% 31,3% 0,000
ano
Matriciamen- Fez Matriciamento? 26,2% 42,7% 60,0% 86,0% 50,0% 429 0,000 44,6% 57,1% 50,0% 0,000
to no último
ano
Encaminha- P/ Caps 41,0% 77,4% 81,8% 93,5% 71,8% 631 0,000 69,7% 74,3% 71,7% 0,132
mentos mais P/ Nasf 14,7% 17,5% 29,0% 48,4% 24,5% 215 0,000 26,9% 21,2% 24,4% 0,053
frequentes
nos últimos 3 P/ Hosp. Psiquiátrico 23,5% 3,0% 2,4% 2,2% 7,7% 68 0,000 5,8% 10,2% 7,7% 0,015
meses P/ Amb. de Saúde 30,9% 42,7% 32,8% 10,8% 32,7% 287 0,000 34,9% 29,6% 32,6% 0,097
Mental
P/ Hosp. Geral 18,4% 6,8% 4,8% 6,5% 8,9% 78 0,000 7,2% 11,3% 9,0% 0,037
P/ Serv de Urgência/ 30,4% 15,0% 25,7% 12,9% 22,6% 199 0,000 20,6% 25,1% 22,6% 0,114
Emerg
P/ Caism 0,5% 2,1% ,9% 1,1% 1,1% 10 0,371 1,4% ,8% 1,1% 0,391
P/ Centro de Convi- 0,0% 0,0% 1,8% 9,7% 1,7% 15 0,000 0,4% 3,4% 1,7% 0,001
vência
P/ Comunid. Tera- 5,1% 1,7% ,6% 0,0% 1,9% 17 0,001 1,6% 2,4% 1,9% 0,421
pêutica
P/ Outros locais 12,9% 4,3% 6,9% 8,6% 7,8% 69 0,006 7,6% 8,1% 7,8% 0,784
Não foi encaminhado 0,9% 0,4% 0,6% 1,1% 0,7% 6 0,884 0,6% 0,8% 0,7% 0,742
* valor de p para chi quadrado de Pearson.
A presença de algum profissional de saúde pode indicar maior foco em questões de saúde
mental na unidade (assistente, social, psicó- mental devido à formação acadêmica, mas
logo, terapeuta ocupacional e/ou psiquiatra) também sugere que a presença de um pro-
está relacionada com um aumento de reuniões fissional da área favorece a gestão de casos
para execução de PTS, condução de casos em equipe, ou seja, mostra também que tais
de saúde mental e matriciamento, sendo que profissionais podem contribuir para o fomento
as unidades com esses profissionais também do trabalho interdisciplinar em saúde mental.
realizaram mais ações de PTS e de matricia- O apoio matricial tem demostrado ser
mento no último ano (tabela 3). Esse dado uma ferramenta importante para aumentar
a visibilidade e a legitimidade das demandas saúde mental (32,7%), que, embora postulados
de sofrimento mental na rede de AB e uma es- antes da Política de Saúde Mental estabelecida
tratégia potente para a qualificação da atenção a partir de 2002 com a Portaria nº 3367, subsis-
à saúde mental52. Uma vez que no Brasil o tiram ao lado dos Caps. Esse dado pode indicar
modelo do apoio matricial está relacionado um maior conhecimento, legitimidade e uso
com uma política de apoio e qualificação de dos serviços substitutivos criados a partir da
unidades com equipes de saúde da família e Reforma Psiquiátrica em relação aos serviços
considerando que a amostra pesquisada conta anteriormente utilizados (hospitais psiquiá-
com quase 70% de unidades com essas equipes, tricos e ambulatórios de saúde mental). Vale
justifica-se o maior número de unidades da notar que o Nasf foi relatado por 24,5% das
pesquisa realizarem reuniões de matricia- unidades como local para onde foram encami-
mento (64,1%). Embora não se tenha feito nhados os casos de saúde mental, o que pode
tal pergunta especificamente, nem todas as sugerir um uso equivocado dessas equipes de
ações de matriciamento devem ser realizadas apoio, como se fossem um serviço substitutivo
por Nasf, uma vez que o relato de cobertura – talvez em razão da própria deficiência de
de Nasf é menor do que o relato de ações de serviços mais apropriados no território ou da
matriciamento (43,9%). falta de maior potência da AB no atendimento
Vale salientar que seria esperado, pelo que a casos menos graves.
é proposto pela Política Nacional de Saúde No entanto, ainda foram encontradas 25,6%
Mental, que todas as unidades realizassem das unidades que encaminharam todos os
com certa frequência reuniões que indicassem seus casos de saúde mental, com variações
solução de casos por meio de discussão inter- segundo o tamanho do município; no muni-
disciplinar, intersetorial, considerando o terri- cípio de São Paulo, apenas 9,8% das unidades
tório de vida das pessoas, e com a participação encaminhavam todos os seus casos (dados
dos usuários. Dessa forma, nossos achados não apresentados em tabela). A saúde mental
corroboram vários estudos que mostram que ainda é compreendida, em muitos contextos,
a AB ainda tem uma frágil organização e um como uma ação que deve ser respondida por
fraco planejamento para o cuidado em saúde especialistas da área; e, como relatado por
mental nessa perspectiva17,27,29. outros estudos, alguns profissionais ainda
Em relação ao encaminhamento dos casos encaram a ampliação da oferta de cuidados
de saúde mental nos últimos três meses (tabela em saúde mental na AB como um acréscimo
3), observamos que os Caps são os principais de trabalho (que extrapola suas funções e seus
locais de encaminhamentos realizados pela conhecimentos ou que gera sobrecarga) ou
AB no estado de São Paulo (71,8% das UBS). como falta de responsabilização da atenção
Em segundo lugar, estão os ambulatórios de especializada27-29,52.
Tabela 4. Percentuais de respostas afirmativas às questões relativas às articulações com instituições/organizações/grupos externos à UBS, segundo o porte
populacional dos municípios onde as unidades estão localizadas, e segundo a presença de profissional de saúde mental na unidade
Tema Questão Porte populacional do município % total N total valor de Profissional de SM total valor de
Até 25 mil 25 a 100 100 mil São “sim” p* Não Sim p*
hab. mil hab. hab. e + Paulo
Articulação C/ Cras 95,4% 91,8% 97,6% 93,4% 95,1% 525 0,087 94,2% 96,2% 95,1% 0,287
com grupos/ C/ Escola/ Creche/ 76,4% 57,6% 80,7% 90,7% 75,5% 412 0,000 70,8% 80,3% 75,3% 0,010
instituições/ Universidade?
organizações
C/ Equipamento da 12,6% 7,8% 18,2% 34,2% 16,6% 89 0,000 12,1% 21,5% 16,5% 0,003
Cultura
C/ Equipamento de 26,0% 13,8% 27,1% 28,8% 23,9% 129 0,021 19,3% 28,9% 23,8% 0,009
Esporte
C/ Assoc. de Bairro/ 7,9% 14,7% 37,0% 52,0% 26,9% 145 0,000 24,3% 29,7% 26,9% 0,158
Moradores
C/ Grupos de Gera- 8,7% 1,5% 12,4% 23,3% 10,4% 56 0,000 8,5% 12,5% 10,4% 0,123
ção de Renda/ Coo-
perativas
C/ Associação de 27,8% 9,2% 19,9% 37,8% 21,6% 117 0,000 16,0% 27,8% 21,6% 0,001
Idosos
C/ Grupos de Ajuda 13,3% 22,9% 27,4% 19,2% 21,9% 119 0,022 20,8% 23,0% 21,8% 0,549
Mútua
C/ Igrejas 20,5% 22,0% 33,6% 53,4% 30,4% 165 0,000 27,8% 33,2% 30,3% 0,169
C/ Associações e 41,4% 34,9% 42,9% 59,5% 42,9% 233 0,008 37,4% 48,8% 42,8% 0,007
ONG
* valor de p para chi quadrado de Pearson.
busca ativa de experiências humanas refe- sua existência não garanta um cuidado de na-
rentes à angústia, ao sofrimento emocional tureza psicossocial e mais abrangente.
e psicossocial, sendo que a percepção desses As unidades do município de São Paulo se
problemas fica concentrada quando há pedidos mostraram bastante potentes na identifica-
explícitos de ajuda, sintomas mais graves ou ção, na organização do cuidado, no manejo
quadros clínicos mais clássicos, já diagnosti- psicossocial dos problemas e na articulação
cados. Nessa mesma perspectiva, a troca de com recursos da rede e do território, o que
receitas, a compreensão mais biomédica e psi- provavelmente se deve a estruturas mais ro-
quiátrica desses problemas e a medicalização bustas e complexas das unidades, tanto em
do cuidado em saúde mental ainda se mostram espaço físico e em gestão como em recursos
presentes nas unidades, o que dificulta uma humanos. O investimento em saúde mental
abordagem mais extensamente psicossocial por parte de gestões anteriores da Prefeitura
e territorial. Municipal de São Paulo pode também ser um
De forma geral, o planejamento e a gestão dos fatores que contribuíram para o desenvol-
do cuidado em saúde mental nas unidades vimento da área. Por sua vez, as unidades dos
de AB ainda são insatisfatórios, pois menos municípios menores (abaixo de 25 mil hab.)
da metade das unidades possui um espaço se destacaram também pela presença de pro-
interdisciplinar e multiprofissional regular fissionais de saúde mental e no uso de visitas
para definir, discutir e reavaliar o cuidado. de ACS para a identificação dos problemas, o
O apoio matricial se mostra uma estratégia que mostra a busca de alternativas próprias
significativa e promissora na organização das na ausência de equipamentos substitutivos e
ações, já que foi a ferramenta mais utilizada de uma rede estruturada.
pelas unidades para estruturar o cuidado. As Finalmente, vale a pena sublinhar a re-
articulações intersetoriais para o cuidado em levância da gestão municipal na formação
saúde mental ainda se concentram especial- permanente, no estabelecimento de espaços
mente nas organizações mais conhecidas de formalizados de interlocução entre as unidades
assistência social e em instituições de ensino. da rede, no deliberado posicionamento diante
Embora esses vínculos sejam indiscutivelmen- de um trabalho territorializado e psicossocial,
te importantes para um trabalho mais integral, no apoio à articulação intersetorial no nível da
outras possibilidades e recursos do território macro e da micropolítica, no fortalecimento
são ainda muito pouco explorados. dos pontos de atenção da Raps, na gestão do
A presença de profissionais de saúde mental processo de trabalho e no estabelecimento de
nas unidades pesquisadas mostrou-se um ele- diretrizes específicas para as linhas de cuidado
mento importante e diferencial na qualificação em saúde mental53.
do cuidado e na abrangência das ações de na-
tureza psicossocial. As unidades que contavam
com esses profissionais reconheceram uma Colaboradores
maior variedade de queixas e experiências
como associadas a problemas de sofrimento Pupo LR (0000-0003-0925-152X)* contribuiu
mental (e não apenas sintomas psiquiátricos), para a elaboração do artigo com as seguintes
utilizaram mais atividades de grupo para iden- atividades: concepção, análise e interpretação
tificação dos problemas, estabeleceram mais dos dados; redação e revisão do conteúdo in-
articulações com equipamentos diversos do telectual; responsabilidade pela garantia de
território e indicaram menor número de pro- exatidão e integridade do trabalho; aprova-
cedimentos de simples trocas de receitas. Tais ção final da versão a ser publicada. Rosa TEC
elementos mostram o potencial da presença (0000-0001-9285-0472)* contribuiu para con-
desses profissionais na AB, ainda que apenas cepção, análise e interpretação dos dados; para
revisão crítica do conteúdo intelectual; para da versão a ser publicada. Alves MCGP (0000-
aprovação final da versão a ser publicada. Sala 0003-4357-9473)* contribuiu para concep-
A (0000-0002-8941-8045)* contribuiu para ção, análise e interpretação dos dados e para
concepção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica do conteúdo intelectual. Morais
para redação e revisão crítica do conteúdo MLS (0000-0001-8791-2392)* contribuiu para
intelectual. Feffermann M (0000-0001-8039- concepção, análise e interpretação dos dados;
2152)* contribuiu para concepção, análise e para redação do artigo e revisão crítica do
interpretação dos dados; para revisão crítica conteúdo intelectual; para aprovação final da
do conteúdo intelectual; para aprovação final versão a ser publicada. s
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